Matéria de Contabilidade

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INDEPENDENTE

MATERIAL DE APOIO À DISCIPLINA DE

CONTABILIDADE
GERAL

Cursos:

GESTÃO E MARKETING

INFORMÁTICA E GESTÃO DE EMPRESAS

1º Anos

Lubango, Março de 2017


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INDEPENDENTE

MATERIAL DE APOIO À DISCIPLINA DE

CONTABILIDADE
GERAL

Docente: Samuel Pessela

Correio eletrónico: [email protected]

Contacto: 925 479354

Lubango, Outubro de 2021


Contabilidade Financeira

CAPÍTULO- I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CONTABILIDADE GERAL

A contabilidade torna-se cada vez mais importante na vida económica, assim,


ela é um meio e não um fim para o alcance do objectivo de qualquer
organização. Portanto, ao iniciarmos o estudo de qualquer disciplina, impõe-se
que a caracterizemos, que precisemos o seu objecto, que delimitemos os seus
actos e que anunciemos a sua problemática. Procuramos com este texto, fazer
uma síntese dos principais conceitos e teorias associadas a disciplina de
contabilidade Geral e, simultaneamente apresentar um leque variado de
exercícios práticos com o objectivo não só de ajudar os estudantes a
sedimentarem conhecimentos, mas também a desenvolverem a sua
capacidade de análise de diferentes temas nesta área.

Salientamos ainda que este texto de apoio ao estudante não substitui nenhuma
outra obra desta área. Portanto, no decorrer do estudo desta disciplina o
estudante deverá consultar outras obras, principalmente os constantes na
biografia desta obra.

1.2-Origem da Contabilidade

É difícil precisar exactamente como nasceu a contabilidade, mas ao fazermos


uma analogia com a humanidade, notamos que a contabilidade é tão antiga
quanto a origem da humanidade. As origens da Contabilidade estão ligadas a
necessidade sentidas pelo homem de preencher a s deficiências de memória,
mediante um registo processo de classificação que lhe permite recordar
facilmente as variações sucessivas de determinadas grandezas.

1.3-Evolução da Contabilidade
O surgimento e a evolução da contabilidade confundem-se com o próprio
desenvolvimento da humanidade. Nesse contexto os estudos sobre as
civilizações da Antiguidade nos mostram que o homem primitivo já “cuidava da
sua riqueza”, através, por exemplo, da contagem e do controlo do seu rebanho.

Porém, alguns estudiosos fazem remontar os primeiros sinais da existência das


contas e os primeiros exemplos completos da contabilidade, mesmo sendo
uma forma de contabilidade rudimentar, a aproximadamente 4000 anos a.C na
civilização sumério-babilonense (hoje Iraque).

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

A actividade de troca e venda dos comerciantes requeria o acompanhamento


das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de
bens e serviços eram seguidas de simples registos ou relatórios sobre o facto.
Mas as cobranças de impostos, na Babilónia já se faziam com escritas, embora
rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo
governo de seu país no ano 2000 a.C.

À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores,


preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de
aumentar as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização
quando já em maior volume, requerendo registos.

Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registos a fim
de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de
produção etc.

Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a


necessidade de controlo, que não poderia ser feito sem o devido registo, a fim
de que se pudesse prestar conta da coisa administrada.

A medida em que as operações económicas se tornam complexas, o seu


controle se refina. As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.)
já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas
compreendidas nos itens salários, perdas e diversões.

No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas


por governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo
Contabilitá.

Elaborado pelo professor Pessela


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NA BÍBLIA

Há interessantes relatos bíblicos sobre controlos contabilísticos, um dos quais


Jesus relatou em Lucas capítulo 16, versos 1 a 7: o administrador que fraudou
seu senhor, alterando os registos de valores a receber dos devedores.

No tempo de José, no Egipto, houve tal acumulação de bens que perderam a


conta do que se tinha! (Géneses 41.49).

Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo património foi detalhadamente
inventariado no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele
recupera os bens, e um novo inventário é apresentado em Jó, capítulo 42,
verso 12.

Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em 1º Reis


4.22-26 e 10.14-17.

Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o controlo de activos era
prática comum.

1.3-Noção, Objecto, Objectivo e Finalidade da Contabilidade


Neste sentido, existem várias definições de contabilidade, mas para o nosso
estudo vamos adoptar apenas uma delas, pois seria quase impossível utilizar
todas. Mas, salienta-se que o estudante deverá ir ao encontro de outros
conceitos para além dos aqui tratados.

A contabilidade é a ciência social que visa ao registo e ao controlo dos actos e


factos económicos, financeiros e administrativos das entidades.

Segundo Ribeiro (1997) define contabilidade como a ciência que permite,


através das suas técnicas, manter um controlo permanente do património da
empresa.

De forma resumida podemos defini-la de acordo com Masi, a contabilidade é a


ciência do Património.

Elaborado pelo professor Pessela


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1.3.1 Objecto de Estudo da Contabilidade


A contabilidade tem como objecto de estudo o Património das Entidades, sejam
elas de fins lucrativos ou não.

Entidade

A palavra Entidade na contabilidade tem sentido amplo. Logo ao conjunto de


todas as pessoas físicas ou jurídicas da qual a ciência contabilística estuda.
Assim, entidades são em linhas gerais:

• Todas as empresas (independentemente do tamanho);

• Todas as entidades filantrópicas como Ong’s, Fundações, Igrejas


etc;

• Cooperativas;

• Pessoas físicas.

1.3.2- Objectivo da Contabilidade


O seu objectivo é de permitir o estudo e o controlo dos factos decorrentes da
gestão do património das entidades organizacionais, permitindo aos usuários a
avaliação da situação económica e financeira da Entidade, num sentido
estático, como fazer inferências sobre suas tendências futuras. Podemos
descreve-los em:

• Registar todos os factos que ocorrem e podem ser representados


em valor monetário;
• Organizar um sistema de controlo adequado à empresa;
• Demonstrar com base nos registos realizados, expor
periodicamente por meio demonstrativos, a situação económica e
financeira da empresa;
• Analisar as demonstrações financeiras com finalidade de
apuração dos resultados da empresa;
• Acompanhar a execução dos planos económicos da empresa,
prevendo os pagamentos a serem realizados, as quantias a

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serem recebidas de terceiros e alertando para eventuais


problemas.

1.3.3- Funções da Contabilidade


Actualmente a contabilidade tem três funções fundamentais: Função de registo,
Função de Controlo e Função de Avaliação.

• Função de Registo – Trata-se da função básica da contabilidade,


uma vez que esta deve registar todos os factos patrimoniais (Tudo
o que provoca alterações no património). Para cumprir esta
missão a empresa deve possuir quatro livros obrigatórios, tais
como: O livro de Actas- é obrigatório para as sociedades e nele se
registam os factos ocorridos nas reuniões dos sócios. O Diário
selado – destina-se a registar cronologicamente todas as
operações que modificam o património da empresa. O Razão
selado – destina-se a registar todos os movimentos contabilísticos
por conta. O livro de Inventario e Balanços – regista todos os
valores activos e passivos empresa e os balanços a que a
empresa está obrigada.
• Função Controlo – A contabilidade deve possibilitar uma análise
sobre a maneira da obtenção do resultado da empresa no
exercício, assim como uma análise económica e financeira da
empresa, comparando os resultados obtidos pela mesma com os
das outras empresas do mesmo ramo de actividade.
• Função de Avaliação – A função de avaliação deve permitir:

1. Conhecer os custos pelos quais os bens ficaram à empresa;

Calcular preços de venda com base nos preços de custos;

2. Adquirir os bens necessários ao seu funcionamento no tempo


oportuno, em quantidade, qualidade e valor;
3. Analisar a produtividade dos trabalhadores da empresa.

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Em suma, Segundo (Fabretti,1997) “O fundamental é sem dúvida a função de


fornecer elementos para a correcta gestão do negócio, permitindo tomada de
decisões eficazes.

1.3.4 - Usuários da Contabilidade

Diversos são os usuários das informações contabilísticas, cada um,


especificamente, com uma necessidade informacional diferenciada.

Podemos destacar como principais usuários:

a) Usuários Internos: os proprietários da empresa, gerentes, diretores,


etc.
• Proprietários – necessitam de informações sobre: os resultados
globais da empresa (lucro ou prejuízo), o retorno do capital
investido, a geração de caixa, a eficiência da empresa na
utilização dos seus recursos, eficácia dos gestores na consecução
de objetivos traçados, grau de endividamento, etc.

• Gerentes e Directores – as informações necessitadas por esses


usuários referem-se à avaliação de desempenho dos seus
subordinados e à obrigação que esses usuários têm de reportar
resultados para os proprietários. A contabilidade para tais
usuários serve para o acompanhamento as operações da
empresa e controle sobre como atingir os objectivos traçados no
planeamento global.
b) Usuários Externos: os investidores (pessoa física ou jurídica que
adquirirem participações em outras empresas), fornecedores de bens e
serviços para empresa, clientes, instituições financeiras, sindicatos,
entidades governamentais, organizações não-governamentais (ONGS) e
outros.
 Investidores – precisam saber principalmente sobre o
retorno de seus investimentos na empresa e a distribuição
ou não de dividendos. Esses usuários usam a

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contabilidade como informação relevante para tentar


realizar previsões sobre os resultados futuros da empresa.
 Fornecedores – a eles interessa verificarem qual é a
capacidade de endividamento da empresa e qual seu
volume de vendas.
 Clientes - têm de saber se a empresa apresenta uma
situação económica e financeira equilibrada que permita a
continuidade de suas operações e possa permanecer
sendo fornecedora de produtos ou serviços
 Instituição financeira – é necessário que conheçam a
capacidade financeira e posição de endividamento de
qualquer empresa candidata à tomada de empréstimos ou
financiamentos.
 Sindicatos de empregados – é muito útil para os sindicatos
verificar a situação da empresa antes de reunir-se com a
mesma para negociar melhorias salariais para os
empregados.
 Entidades governamentais – ao Fisco interessa verificar se
a empresa está cumprindo os seus compromissos fiscais,
ou, ainda, ao Governo pode existir o interesse em
mensurar a necessidade de apoio governamental para
sectores estratégicos para o País.

De uma forma resumida os usuários da contabilidade são:

• Os bancos;

• Fornecedores;

• Sócios e Accionistas;

• Gestores. Etc.

1.3.5 - DIVISÕES DA CONTABILIDADE

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Contabilidade Financeira

A contabilidade tem a flexibilidade de se adaptar à natureza da actividade que


a empresa desenvolve. Assim, a contabilidade está dividida essencialmente
em:

 Contabilidade Geral ou Financeira, também conhecida como


contabilidade externa, trata essencialmente de relatar a parte financeira
(posição financeira) da empresa através das demonstrações financeiras,
essa informação, que tem como principais utentes os accionistas,
investidores, fornecedores, clientes, Estado e os outros interessados. A
elaboração da contabilidade financeira é obrigatória por Lei, actualmente
normalizada pelo sistema de normalização contabilístico e tem por base
princípios contabilísticos geralmente aceites. A sua periodicidade de
apresentação pode ser mensal, trimestral ou anual consoante as
necessidades da empresa.
 Contabilidade Analítica ou de Gestão. Também conhecida como
contabilidade interna, tem como principal objectivo o controlo mais
directo e pormenorizado das actividades desenvolvidas pela empresa,
precisamente em termos de custos dos produtos vendidos e serviços
prestados. Assim como fornecer informações que não se encontram na
contabilidade financeira, por norma esta informação reporta apenas aos
directores e chefias, não chegando até aos accionistas. Não é uma
contabilidade obrigatória por Lei, nem estão definidos princípios
contabilísticos para a mesma, baseia-se essencialmente em relatórios
internos que têm como foco a estratégia e desempenho da empresa.

De forma resumida temos:

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CAPÍTULO II - INTRODUÇÃO A TÉCNICA CONTABILÍSTICA

3.1 - Património: Noção e Seus Elementos Constitutivos

3.1.1- Noção

A princípio, quando pensamos em Património, pensamos ser tudo o que a


pessoa tem, ou seja, nas posses. Porem, com a evolução das relações
comerciais, juntou-se ao património também os direitos e as obrigações das
pessoas.

3.1.2 – Classificação do Património

• Património Individual é o conjunto de bens, direitos e obrigações


pertencentes a um individuo, num determinado momento;
• Património Empresarial, é conjunto dos bens, direitos e
obrigações de uma empresa referidos a determinada data e
usados para atingir determinados objectivos.
• Património Público, é o conjunto de bens direitos e obrigações
pertencentes ao Estado.

Assim, podemos afirmar o seguinte, cada elemento de um dado património


denomina-se elemento patrimonial

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3.1.2 – Elementos Constitutivos do Património

O património de uma empresa é constituído por duas classes, as do Activo e


do Passivo. Por um lado os elementos que representam aquilo que se possui
ou que se tem a receber (Bens e Direitos), por outro lado aquilo se tem a pagar
(Obrigações).

Assim, resumidamente os elementos constitutivos do património:

 Activo Bens

Património Direitos

 Passivo Obrigações

O valor do património é determinado através da diferença entre o Activo e o


Passivo.

VALOR DO PATRIMÓNIO = Activo (BENS + DIREITOS) – Passivo


(OBRIGAÇÕES)

Os três elementos da equação fundamental do património, designam-se por


massas patrimoniais e podem ser apresentados resumidamente da seguinte
forma:

ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO

BENS

E PASSIVO

DIREITOS OBRIGAÇÕES

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Legenda:

 O Capital Próprio corresponde ao que resta depois de


pagar as dívidas;
 Direitos, corresponde ao que se tem;
 Obrigações corresponde ao temos.

De uma forma mais clara e objectiva temos:

1. Bens – são os elementos físicos que uma empresa possui num


determinado momento. Ou seja, são os elementos que podem ser avaliados
monetariamente e podem ser destinados a venda. Os bens possuem utilidade.
Em contabilidade estes podem ser:

• Bens Permanentes – São bens que possuem vida longa, e são


adquiridos para serem utilizados na empresa, ou seja, não são
destinados a venda. Ex: Veículos, máquinas, ferramentas etc.
• Bens de Consumo – São bens adquiridos para a utilização
dentro da empresa, e que serão consumidos a curto prazo.
Material de limpeza, tinteiros, torner, papel etc.
• Bens móveis – São bens susceptiveis de remoção sem causar
danos no seu estado físico e de utilização. Ex: Veículos, animais,
máquinas, móveis, equipamentos.
• Bens imóveis – Bens que não podem ser deslocados do seu
local de origem (Solo e subsolo) sem dano físico ou de utilização.
São aqueles se deslocados terão de ser total ou parcialmente
danificados. A casa, terreno, edifício, reflorestamento. Etc.
• Bens corpóreos (tangíveis) - São bens que constituem corpo
físico, ou seja, possuem matéria e podem ser tocados. Ex:
Veículos, animais, máquinas, móveis, equipamentos etc.
• Bens incorpóreos – São bens que não podem ser tocados. Mas
na contabilidade esses bens são passiveis de avaliação
económica e devem ser registados de acordo com o seu valor no
mercado. Ex: A marca, patente, Licença de direitos de autor e
trabalho prestado por terceiros. Etc.

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2. Direitos- São os elementos que representam os bens que estão em posse


de terceiros. Por norma estão a acompanhados da expressão “a receber”, a
compensar, a recuperar, a creditar. Ex. Contribuições a receber, títulos a
receber, adiamento concedido e ainda marcas, patentes e outros direitos
similares; etc.

3. Obrigações – É a responsabilidade de pagamento pelos bens


adquiridos ou despesas realizadas. São bens de propriedade de terceiros e
que estão em posse da empresa, ou as dividas contraídas em virtude da
realização de despesas. Assim, as obrigações em contabilidade recebem o
nome técnico de exigível. De forma resumida as obrigações são o conjunto das
dívidas que uma empresa tem para com terceiros.

Assim, a representação quantitativa do património de uma empresa chama-se


balanço patrimonial.

3.1.3 - Composição e Valor

Como já foi dito, o património constituído pelos bens, direitos e obrigações de


uma entidade numa determinada data, há que distinguir a parte positiva do
património e a parte negativa do mesmo. Como é lógico, os bens e os direitos
constituem a parte positiva ou activa do património, constituído assim o activo
da empresa. As obrigações constituem a parte negativa ou passiva, do
património, logo, o passivo da empresa.

Analisemos uma primeira divisão que é possível fazer do Activo da empresa.


Em primeiro lugar, há a considerar aqueles bens e direitos que se destinam a
permanecer na empresa por longos períodos de tempo, (mais de um ano). Não
se destinam a ser vendidos ou transformados porque são necessários ao
correcto funcionamento da mesma. A estes bens ou direitos damos o nome de
Activo não corrente. A par destes bens e direitos existem outros que se
destinem a ser renovados varias vezes durante o ano. Estes constituem o
Activo corrente.

Elaborado pelo professor Pessela


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O Passivo da empresa é constituído por dois tipos de obrigações, tais como:

 Dívida à terceiros a médio e longo prazo, quando o prazo para o


vencimento da dívida é superior a um ano;
 Dividas a terceiros a curto prazo, quando falta menos de um ano para
o vencimento da obrigação.
 Assim como o Activo, o Passivo também divide-se em Passivo Não
Corrente e Passivo Corrente.
 Passivo Não Corrente - são todas as obrigações da empresa vencíveis
num prazo superior a um ano;
 Passivo Corrente - são todas as obrigações da empresa vencíveis num
prazo inferior a um ano.

O património de uma empresa pode ser representado por duas formas

Representação Horizontal, quando se escreve à esquerda, no 1º


membro, o activo, e à directa, no 2º membro, o passivo.

Património de….em…/…/20…

Activo PL = Activo - Passivo

 Activo não Corrente Passivo


 Activo Corrente
• Passivo não Corrente
Total do Activo
• Passivo corrente

PL = Activo - Passivo

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Representação Vertical, quando se representa primeiro o activo e por


baixo o passivo.

Património de _________________________, em 31 de Dezembro de 20____

Activo

• Activo não Corrente


• Activo Corrente

Total

Passivo

• Passivo não Corrente


• Passivo corrente

Património Líquido

Património Líquido = Activo – Passivo. O património assume de qualquer


maneira as seguintes situações:

 Situação A ≥ P e P= 0 temos PL ≥0;


 Situação A ≥ P PL = 0;
 Situação A=P PL = 0;
 Situação A ≤P temos PL = 0.

3.2 - Inventário
A tarefa principal da inventariação é de revelar os fenómenos, factos e
operações económicas, que não se reflectem na documentação.

Desta forma, a inventariação contribui para que os dados da Contabilidade


sejam reais e correspondentes aos volumes efectivos dos meios económicos e

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das suas fontes. A informação sobre a existência de um ou de outro bem


material pode ser extraído directamente através de contas da contabilidade.

Mas, estes dados, como em geral, não correspondem completamente a


existência real, o que resulta de diversas causas:

• Perdas naturais;
• Erros no Cálculo;
• Furtos etc.

É precisamente na comparação entre os dados da contabilidade e a existência


real para a determinação dos saldos, excesso ou faltas, que consiste o objecto
principal da Inventariação.

3.2.1 - Definição

De acordo com o Decreto nº 196/79 – Define o inventário como sendo um o


arrolamento dos valores activos e passivos que constituem um património.

Para Borges 1990, define o inventário como um documento onde se encontram


inscritos os elementos patrimoniais de uma determinada empresa devidamente
valorizados e referidos a uma determinada data.

3.2.2 - Fases da Sua Elaboração

Na contabilidade procede-se a um inventário quando se analisam os elementos


patrimoniais de uma empresa, com vista a sua descrição e valorização. Pode-
se distinguir 4 fases na inventariação de um património, a saber:

1. A Identificação: que consiste em verificar os elementos patrimoniais


existentes;
2. A Classificação: que consiste em agrupar os elementos patrimoniais em
conta;
3. A Descrição: que consiste em distribuir os elementos patrimoniais pelas
contas já existentes;

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4. A Avaliação: que consiste em atribuir um valor monetário aos elementos


patrimoniais.

3.2.3 - Tipos de Inventários

Quanto ao âmbito, os inventários podem classificar-se em gerais e parciais. É


geral quando nele figuram todos os elementos constitutivos de um dado
património, quando reporta todos os elementos patrimoniais activos e passivos.
E diz-se parcial quando abrange apenas alguns dos elementos patrimoniais.

3.2.4 - Sua Apresentação

Quando a apresentação ou disposição os elementos patrimoniais podem ser


descritos sob a forma de inventário simples ou corrido (quando os elementos
patrimoniais aparecem sem qualquer ordem) ou sob a forma de inventário
classificado ou selectivo (quando os elementos patrimoniais aparecem
ordenados e classificados segundo a sua natureza, característica ou função).

3.2.5 - Periodicidade

Os inventários podem ser efectuados periodicamente (ordinário), ao passo que


os extraordinários são elaborados em consequência de condições excepcionais
nos seguintes casos:

• Quando da mudança de instalações;


• Quando da ocorrência de qualquer catástrofe de natureza, acidente ou
roubo;
• Para o controlo das actividades económicas e financeiras da empresa.

Obs.: Ainda quando ao período de elaboração os inventários classificam-se em


iniciais, intercalar (durante o exercício económico) e finais.

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3.3 - O BALANÇO
3.3.1 - Introdução

No inventário de uma empresa estão representadas duas massas patrimoniais


gerais – o Activo e o Passivo. No Balanço estão representadas três massas
patrimoniais (as massas patrimoniais são constituídas pelo conjunto de
elementos que desempenham, as mesmas funções económicas ou financeiras
– massas patrimoniais gerais, Activo, Passivo e Capital Próprio) gerais – o
activo, o Passivo e o Capital Próprio.

Assim, o Capital Próprio de uma empresa é a diferença entre o Activo e o


Passivo dessa empresa numa determinada data.

Balanço de…. Em …./…/…

Capital Próprio

Activo +

Passivo

3.2.2 – Definição
Podemos definir o Balanço como é um mapa contabilístico com a
descrição do património num dado momento ou ainda como o conjunto de
bens activos e passivos devidamente ordenados, através de um quadro que
nos permite saber o capital próprio da empresa.

O Balanço é uma demonstração contabilística destinada a evidenciar,


quantitativamente e qualitativamente, numa determinada data, a posição
patrimonial e financeira de uma entidade. (Benzinho, 2000).

Ou ainda podemos defini-la como a peça fundamental, onde estão


representados o activo, o passivo e o capital próprio de uma empresa em
determinada data.

De outra forma, o Balanço é uma igualdade entre dos membros em que no


primeiro membro está representado o Activo (A) da empresa e no segundo

Elaborado pelo professor Pessela


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membro o Passivo (P) e o capital próprio da empresa, (CP) num determinado


momento e numa determinada data.

A=CP + P
3.3.3 - Composição do Balanço

Como é sabido o Balanço é uma igualdade entre dois membros representando-


se no primeiro membro o Activo e no segundo membro o Passivo e o Capital
Próprio, referidos a uma determinada empresa e uma certa data.

3.3.3.1 - Activo Não Corrente

Do activo não corrente da empresa fazem parte as seguintes contas principais

 Imobilizações Corpóreas – elementos patrimoniais tangíveis, móveis ou


imóveis, isto é, bens materiais. Ex. Máquinas, computadores, secretaria,
etc.,
 Imobilizações incorpóreas – são elementos patrimoniais intangíveis,
nomeadamente as despesas de constituição da empresa. Ex.
Trespasses,
 Investimentos financeiros – incluem nesta conta os elementos
patrimoniais que representam aplicações financeiras de médio e longo
prazo. Ex. Compra de acções, de quotas ou de obrigações com carácter
de permanência.

3.3.3.2 - Activo Corrente

Como os elementos patrimoniais circulantes são de várias ordens, isto é,


heterogéneos, o activo circulante foi primeiro dividido em rubricas e só depois
em contas.

No Activo Circulante há a considerar quatro rubricas:

Existências – englobam as seguintes contas – Mercadorias, Matérias –


Primas, e subsidiarias e de consumo, Produtos acabados, subprodutos,
desperdícios, resíduos e refugos.

Elaborado pelo professor Pessela


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Conta a Receber – são todos os terceiros que têm dívida para com a
empresa pelo facto de terem adquiridos bens e serviços, com excepção de
bens destinados ao imobilizado. A principal conta integrante desta rubrica é a
de Clientes.

Meios Monetários – as principais contas integrantes desta rubrica são


de títulos negociáveis, Depósitos a prazo, Depósitos á ordem e Caixa.

Outros Activos Financeiros – englobam investimentos em outras


empresas, investimentos em imóveis e outros investimentos financeiros de
curto prazo.

3.3.3.3 - Passivo

No passivo estão consideradas as dívidas a pagar a terceiros. Estas dívidas


dizem - se de curto prazo quando falta menos de um ano para o seu
vencimento, e a médio e longo prazo quando falta mas de um ano para o seu
vencimento.

As principais contas integrantes do Passivo são:

Empréstimos: Nesta conta registam-se todas as dívidas que a empresa


tem para com terceiros derivadas de fundos que obteve junto da banca ou
outras entidades;

Fornecedores: Nesta conta registam-se todas as dívidas derivadas da


aquisição de bens e serviços com excepção dos destinados ao imobilizado que
se registam na conta Outros Valores a Pagar;

Estado: Nesta conta registam-se as dívidas que a empresa tem para


com os entes públicos;

Outros Valores a Pagar: Nesta conta registam-se as dívidas da


empresa para com terceiras resultantes da aquisição de bens e serviços
destinados ao imobilizado, bem como encargos a repartir por períodos futuros.

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3.3.4 – Modelo de Balanço de Forma Vertical


Balanço em ___________________ Valores expressos

Designação Notas Exercícios


2017 2XXX-1
ACTIVO
Activo não Corrente
Imobilizações Corpóreas
Imobilizações Incorpóreas
Investimentos em sub. e associadas
Outros activos financeiros
Outros activos não correntes
Total do Activo não Corrente
Activo Corrente
Existências
Contas a Receber
Disponibilidades
Outros Activos Correntes
Total do Activo Corrente
Total do Activo
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital
Reservas
Resultados Transitados
Resultado do Exercício
Total do Capital Próprio
Passivo
Passivo não corrente
Empréstimo de médio e longo

Fonte: PGC N. 82/2001

Elaborado pelo professor Pessela


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3.3.4 – Modelo de Balanço de Forma Horizontal


Balanço em ___________________ Valores expressos

Designação Valor Designação Valor

ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO E


Activo não Corrente PASSIVO
Imobilizações Corpóreas Capital próprio
Imobilizações Incorpóreas Capital
Investimentos em sub. e associadas Reservas
Outros activos financeiros Resultados Transitados
Outros activos não correntes Resultado do Exercício
Total do Activo não Corrente Total do Capital Próprio
Activo Corrente Passivo
Existências Passivo não corrente
Contas a Receber Empréstimo de M/L Prazo
Disponibilidades
Outros Activos Correntes
Total do Activo Corrente
Total do Activo

3.3.5- EQUAÇÃO GERAL DO BALANÇO

Quando comparamos o activo com o passivo de uma empresa podem


verificar-se três situações:

• A> P é a situação normal. Temos A- P> 0, logo A=P+CPA;


• A = P é uma situação teórica em que não existe Capital Próprio, porque
A – P = 0;
• A <P é uma situação que não é desejável porque Activo menos Passivo
é menor que zero. A - P <0, logo A+CPP=P.

Da junção destas três hipóteses resulta a chamada Equação Geral do Balanço


que nos diz que:

A+CPP = P + CPA

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3.4 – CONTA

3.4.1 – Noção de Conta

As empresas, sobretudo as maiores, possuem milhares de elementos


patrimoniais. Não seria útil fazer um inventário em que se descrevessem todos
os elementos patrimoniais, porque seria impossível apresentar e avaliar o
património da empresa. O único caminho constitui em agrupar os elementos
patrimoniais semelhantes. A este agrupamento dá-se o nome de CONTA.

Assim, ao agrupamento de elementos patrimoniais com características comuns


dá-se o nome de conta.

Podemos ainda defini-la, como sendo um conjunto de elementos


patrimoniais com características semelhantes, expressos em unidades de
valores ou seja em moeda.

A conta reúne sempre os factos de características próprias, iguais pela sua


natureza e que sucedem no património.

3.4.2 – Partes Constitutivas da Conta


Toda a conta goza de três características fundamentais:

• Titularidade – toda a conta deve ter um título que evidencie claramente


quais os elementos patrimoniais que dela fazem parte.
• Homogeneidade – cada conta deve conter os elementos patrimoniais
com características comuns.
• Integralidade – todos os elementos que apresentam características
semelhantes devem fazer parte da mesma conta.

Vamos analisar quais são as principais contas que fazem parte das massas
patrimoniais parciais. Devido às suas características existem massas
patrimoniais parciais que ainda são subdivididas constituindo aquilo a que
chamamos Rubricas.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

3.4.3 - Classificação das Contas


As contas geralmente apresentam duas características:

• As contas patrimoniais – que são as contas do Activo representativas de


bens e direitos da entidade, e do Passivo representativas das
Obrigações e do Património Líquido da entidade;
• As contas de resultado – Representam as receitas e as despesas da
entidade.

3.4.4 - Função das Contas

A função das contas é de controlar as variações corridas no património,


mediante registo dos actos e factos nas entidades, bem como saber dos
resultados realizados em cada período de tempo.

Actos contabilísticos – São acontecimentos que não alteram o património,


por isso não são registados nos livros contabilísticos. Ex. Contrato.

Factos Contabilísticos – São aqueles que provocam a modificação do


património da entidade, sendo por isso, objecto de contabilização através de
conta patrimonial ou conta de resultado, pode por sua vez alterar ou não o
património líquido. Ex. Compras, vendas, Pagamentos, Recebimentos, etc.

3.4.5 – Representação Gráfica das Contas (Débito e Crédito)


Até este momento estivemos a fazer uma análise estática do património da
empresa.

A partir de agora veremos como se registam as operações que a empresa


realiza diariamente e como, partindo de um balanço inicial, se chega a um
balanço final, depois do registo das operações que a empresa realiza no seu
dia-a-dia.

O registo das operações, de natureza contabilística devidamente valorizadas, é


feito em contas. A sua representação gráfica é a seguinte.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Débito (Deve) Titulo de conta Crédito (Haver)

DIREITO
ESQUERDO

Toda a conta tem um título que é escrito a meio da sua representação gráfica
que apresenta a forma de um T. À parte esquerda do T dá-se o nome de Deve
e à direita dá-se o nome de Haver.

Por isso, quando fazemos alguns registos no lado esquerdo da conta diz-se
que estamos a Debitar a conta, e quando registamos alguma coisa no lado
direito da conta diz-se que estamos a Creditar a conta.

3.4.5.1 – Terminologia

 Debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia do lado debito
(esquerdo).

Débito (Deve) Titulo de conta Crédito (Haver)

15.500,00

 Creditar uma conta é efectuar o registo de um valor do lado do credito


(direito).

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Débito (Deve) Titulo de conta Crédito (Haver)

13.500,00

 A diferença entre o débito e o crédito de uma conta chama-se Saldo


dessa conta.

Ao balancear uma conta, ou seja, ao comparar o seu débito com o seu crédito
podem ocorrer três naturezas:

1. Se D > C; O débito é maior que o crédito e o saldo chama-se Saldo


devedor (Sd),

D Titulo de conta C

13.500,00
15.500,00

Saldo: 15.500,00 -13.500,00 =


2.000,00 Sd

2. Se D = C; O débito é igual ao crédito e o saldo chama-se Saldo nulo


(So). Diz-se que a conta está saldada;

D Titulo de conta C

1.500,00
1.500,00

Saldo: 1.500,00 - 1.500,00 = 0 Sn

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Contabilidade Financeira

3. Se D < C; O débito é menor que o crédito o saldo recebe o nome de


Saldo credor ( Sc).

D Titulo de conta C

500,00
350,00
Saldo: 500,00 -350,00 = 150,00 Sc

Assim, o saldo recebe sempre o nome do lado mais forte.

3.4.5.2 – Fechar uma conta

Corresponde em somar as colunas dos valores do debito e do crédito, depois


de as saldar previamente e sublinhando com dois traços (trancando) cada
soma.

D Titulo de conta C

350,00 250,00
500,00 200,00
400,00 Sd
850,00
850,00

3.4.5.3 – Reabrir Uma Conta

Reabrir uma conta é inscrever o saldo na coluna dos débitos, se na conta


fechada o mesmo era devedor. Ou inscrever o saldo na coluna dos créditos, se
na conta fechada o mesmo era credor.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

D Titulo de conta C

SI: 400,00

3.4.6 – Regras de Movimentação das Contas

3.4.6.1 – Regras de movimentação das Contas do balanço

Quando uma empresa inicia a sua actividade ou o exercício económico, a


primeira actividade a desenvolver consiste em abrir as contas do Razão a partir
do balanço inicial.

Como no balanço, o valor da extensão inicial das contas do Activo está escrita
no primeiro membro, ou seja, no lado esquerdo, então, por analogia, a
extensão inicial do activo deve ser escritas no lado esquerdo das contas.

As contas do activo: são debitadas pela extensão inicial (saldo inicial) ou


aumentos e creditadas pelas diminuições. Saldo é sempre devedor.

Movimentação:

D Contas do Activo C

 Saldo inicial
 Diminuições
 Aumentos (+)

Saldo Devedor

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Contas do capital próprio e do passivo: No balanço inicial estas contas,


encontram-se registados no segundo membro. Então, por analogia, devem ser
creditadas pelos saldos iniciais e aumentos, debitadas pelas diminuições. O
saldo é sempre credor.

Movimentação:

D Contas Do Capital Próprio e Passivo C

 Saldo inicial
 Diminuições
 Aumentos (+)

Saldo Credor

Contas Mistas: Contas com carater misto, integrando os elementos de contas


de vários tipos chamados contas Activas e Passivas. São as contas da Classe
de Terceiros (34; 35; 36; 37 ,Etc). Nestas contas deve se apresentados
simultaneamente os dois saldos:

 O primeiro no debito (dívidas de devedores à empresa);


 O segundo crédito (dívida da empresa aos credores).

3.4.6.2 – Contas de Gestão (Custos e Proveitos)

Até agora estivemos a registar operações de natureza permutativa porque


apesar de serem indispensáveis para o correcto funcionamento da vida da
empresa não lhe provocam alterações no valor do património. No entanto, há
outras operações que provocam aumentos ou diminuições no valor do
património da empresa.

Às contas que registam aumentos definitivos no património da empresa damos


o nome de contas de proveitos e ganhos por natureza. Às contas que registam
reduções definitivas no património da empresa damos o nome de contas de

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

custos e perdas por natureza. Da comparação entre os proveitos obtidos e os


custos suportados verifica-se um resultado.

3.4.6.2.1 – Regras de Movimentação das Contas de Proveitos

As contas de proveitos por natureza devem ser creditadas pelos proveitos


(Vendas, Prestações de Serviços, Receitas de Aplicações Financeiras e Outros
Proveitos) e debitadas pelas eventuais anulações desses proveitos. O saldo é
sempre credor.

D Contas De Proveitos C

Anulações  Proveitos
Saldo Credor

Obs: As contas de Proveitos fazem parte da classe 6, de acordo com o


PGC.

Em resumo, podemos afirmar o seguinte, as contas são creditadas sempre que


se obtém um proveito;

3.4.6.2.2 – Regras de Movimentação das Contas de Custos

De seguida, verificamos como é que as contas de custos e como se


movimentam. As contas de custos registam definitivas no património da
empresa. Dá-mos o nome de contas de custos e perdas por natureza. Assim as
contas de Custos e perdas por Natureza devem ser debitas pelos custos
(71…..76) e creditadas por eventuais anulações desses custos. O saldo é
sempre devedor.

D Contas De Custos C

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Custos  Anulações
 Saldo Devedor

Obs: As contas de Custos fazem parte da classe 7, de acordo com o PGC.

Transferência: Os saldos devedores para os custos e os credores para os


proveitos são transferidos a débito para os custos e a credito para os proveitos
das contas de Resultados.

3.4.6.2.3 - Variações modificativas ou quantitativas

Se uma empresa realizar apenas operações que impliquem variações


permutativas, não obterá qualquer resultado e não atingirá os objectivos para
que foi criada, uma vez que no acto da sua constituição os sócios investiram
fundos no sentido de obterem uma determinada rentabilidade.

Para que haja um resultado (lucro ou prejuízo) é necessário que se realizem


operações que alterem não só a composição do património mas também o seu
valor, isto é, operações que conduzam a uma variação do capital próprio.

São provocadas por operações que modificam não só a composição do


património da empresa mas também o seu valor. Para que se verifiquem é
necessário que haja custos e / ou proveitos.

3.4.7- Método de registo Contabilístico

3.4.7.1- Método das Partidas Dobradas

O método das partidas dobradas, data do Sec. XV, há autores que afirmam que
o frade Fanscicano Luca Pacioli foi o seu inventor.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Segundo este método, todo debito numa conta origina um crédito noutra conta
ou vários créditos noutra conta e vice-versa de igual valor.

O princípio das partidas dobradas já foi respeitado aquando do apuramento da


influencia dos factos patrimoniais na equação fundamental da contabilidade, da
qual não se pode desligar. Qualquer facto determina a variação de duas ou
mais contas, cuja igualdade das somas dos débitos e dos créditos se pode
contatar pela manutenção da igualdade dada pela Expressão: A= P+ PL

Exemplo:

A Beta, Lda, iniciou a sua actividade com os seguintes elementos patrimoniais:

 Dinheiro em caixa -------------50.000,00;


 Dinheiro em banco------------500.000,00
 Mercadorias diversas 1000kg de Arroz ao preço 400,00 kz;

Operações realizadas pela empresa:

1. Levantamos do banco 100.000,00


2. Compra de mercadorias no valor de 180.000,00, nas seguintes
condições:
 35% Em numerário;
 O restante por transferência bancaria.
3. Venda de 350Kg de Arroz ao preço de 520,00 sendo:
 35% por transferência bancária;
 O restante a crédito.
4. Compra de material de escritório no valor de 10.000,00 e um
computador no valor de 75.000,00, tendo pago com cheque o valor
de 50.000,00 e o restante a prazo.
Pretende-se:
a) Balanço inicial;
b) Lançamento no Razão geral.

3.5 - Mapas Contabilísticos

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

3.5.1 - Balancete de Verificação

As empresas têm interesse em saber se o total das importâncias registadas a


débito é igual ao total das importâncias registadas a crédito e,
consequentemente, se a soma dos saldos devedores é igual à soma dos
saldos credores. A este balancete, o qual as empresas normalmente elaboram
mês a mês, dá-se o nome de balancete de verificação.

O Balancete de Verificação é um quadro recapitulativo de todas as contas


do Razão, onde a soma dos totais do débito e crédito deve ser igual e
consequentemente os totais das somas dos saldos devedores e credores
devem ser iguais.

O Balancete de verificação é um documento de onde constam:

 Os títulos de todas as contas utilizadas pela empresa no período;


 Os movimentos acumulados nas contas a débito e a crédito;
 Os saldos apresentados pelas contas utilizadas.

Chama-se de verificação porque:

 A soma de todas as importâncias nelas registadas a débito tem de ser


igual à soma de todas as importâncias nelas registadas a crédito;
 A soma dos saldos devedores tem de ser igual à soma dos saldos
credores neles registados.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Movimento Acumulado Saldos


Contas
Debito Crédito Devedor Credor

Totais

Obs: Débito = Crédito, Sados Devedor = Saldos Credor

3.5.2 – Apuramento dos Resultados

3.5.2.1 – Demonstração de Resultados

Uma vez movimentadas as contas durante o exercício, as empresas devem


laborar, mensal e anualmente, balancetes de verificação para conferirem se o
total das somas a débito é igual ao total das somas a crédito e se o total dos
saldos devedores é igual ao total dos saldos credores.

 Resultados Operacionais (Proveitos Operacionais – Custos


Operacionais);
 Resultados Financeiros (Proveitos Financeiros – Custos
Financeiros);
 Resultados Correntes (Resultados Operacionais ± Resultados).

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

3.5.2.2 - Balancete final

Tem por objectivo o apuramento de resultado, saldando as contas de custos e


de proveitos pela contrapartida da conta de resultados

O balancete final permite:

 Verificar se a soma dos valores apresentados a débito é igual à soma


dos valores apresentados a crédito;
 Verificar se a soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos
credores;
 Verificar se todas as contas de custos e de proveitos se encontram
saldadas;
 Saber qual o valor do resultado líquido obtido pela empresa no exercício
económico;
 Obter com facilidade o balanço final da empresa, a partir das colunas
dos saldos das respectivas contas.

Uma vez elaborado o balancete de verificação de Dezembro em que se verifica


a seguinte igualdade

D + Sc = C + Sd

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Procede-se ao apuramento do resultado, saldando-se as contas de custos e as


contas de proveitos por contrapartida da conta resultado líquido do exercício.

Em relação as contas de Custos as mesmas são creditadas, para ficarem


saldadas e debita-se a conta Resultado Líquido do Exercício. Quando às
contas Proveitos debitam-se para ficarem saldadas e credita-se a conta
Resultado Líquido do Exercício.

Contas Movimento Acumulado Saldos


Crédito Devedor Credor
Débito

Totais

3.5.2.3 - Processamento dos Salários

Estão sujeitas as contribuições para o sistema de segurança social os proveitos


que nos termos da Lei G.T, o trabalhador tem direito pela prestação do trabalho
e pela cessão do contrato, designadamente:

 Os salários;
 Os prémios;
 As remunerações adicionais em espécie;
 Outros subsídios;
 Trabalho extraordinário;
 Bónus de produtividade, assiduidade;
 Subsídio da Renda de Casa.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Por outro lado, não são considerados remunerações para efeito de


contribuições para a segurança social:

 Os subsídios de transporte;
 Ajudas de custos;
 A indeminização paga pela não concessão de férias ou período de
descanso;
 Subsídio de doença;
 Bolsa de estudo a favor dos filhos dos trabalhadores.

Os descontos obrigatórios que recaem sobre as remunerações são:


 A segurança social (INSS) 3% para os trabalhadores por conta
de outrem;
 Imposto sobre o Rendimento do trabalho (IRT) é variável o
mínimo 5% e o máximo 17%.
 O encargo da entidade patronal sobre as remunerações da
contribuição para o INSS é de 8%;

Ex: O Sr. Manuel Matias é funcionário da empresa “J,Lda” e aufere uma


remuneração mensal de 70.000,00 Kz.

Pretende – se:

1. O Cálculo da matéria colectavel.


2. O lançamento na razão.
Resolução
1º Passo: Descontos.

2º Passo: Processamento do Salário

Débito Crédito
Contas

36.1 Pessoal –Remunerações

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

34.4 Estado – IRT

34.9 – Estado – Outros Impostos Órgãos socias

34.9 – Estado – Outros Impostos

72.2Custos com o Pessoal- Remunerações. Pessoal

72.2Custos com o Pessoal- remunerações. Pessoal

Pagamento do Salário

Débito Crédito
Contas

36.1 Pessoal -Remunerações

34.4 Estado – IRT

34.9 – Estado – Outros Impostos Órgãos socias

34.9 – Estado – Outros Impostos

43/45 – D/O Caixa

3.5.2.4 - Lançamentos no Diário

Como já foi dito os factos patrimoniais são registados, por ordem de


datas no Diário e por ordem de contas no Razão, assim um diário é um registo
cronológico. Como tudo que se escritura no diário tem de constar no razão e
nos restantes livros, entende-se praticamente por lançamento a simples
contabilização no diário da empresa, visto que implicitamente tem de ser
transladado para outros livros, com o fim de se dispor do detalhe conveniente
nos livros.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Assim, podemos conceituar o Diário Geral, como um documento que


serve pra registar dia após dia por ordem de datas, cada um dos seus actos
que modifiquem ou possam modificar o património de uma entidade.

O caminho a percorrer na contabilização dos factos patrimoniais é seguinte:

 Factos patrimoniais -----Documentos ----Diário ---- Razão ----Balancetes

O traçado ou riscado do diário (modelo Clássico) é o seguinte:

a) b) c) d) e) f)

Legenda:
a) Número de ordem do lançamento.
b) Preposição a.
c) Descrição do lançamento.
d) Número dos fólios do Razão Geral referentes as contas movimentadas.
e) Coluna auxiliar das importâncias (a utilizar somente nos lançamentos
compostos)

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

f) Coluna principal das importâncias.

O Uso técnico do diário manda que no cabeçalho do lançamentos se inscreva


primeiramente a conta debitada e depois a creditada, esta numa linha
imediatamente inferior aquela antecedido o respectivo título da preposição a,
abreviada de “deve a “.

Dado que o mesmo facto pode originar movimentos (variações) em mais do


que duas contas, quando tal acontece, são os títulos das diversas contas
substituídos na descrição pela palavra “ Diversos”. OS TÍTULOS DESSAS
CONTAS.

Exemplo:

A empresa Alfa no dia 26 de Maio do Ano N, pagou 520.000,00 ao fornecedor


de mercadorias, nas seguintes condições: Através do caixa fundo fixo
120.000,00 e o restante através de um cheque.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Z ……26/05/N………
2 32 Fornecedores
a Diversos
Liquidação da Dívida
a 43 Depósitos à Ordem 120.000,00
a 45 Caixa 400.000,00 520.000,00

Um débito = Dois créditos

O Diário pode ser analítico se descreve os factos patrimoniais um a um, ou


sintético se reúne os lançamentos efectuados nos registos analíticos.

Devido ao elevado número de operações que ocorrem na generalidade das


empresas e por razões de operacionalidade, o diário ou diários com traçados
mais consentâneos com as novas necessidades de tratamento de informação.

3.5.2.5 - Estorno
A escrituração comercial é um meio de prova em caso de litígio por isso não
deverá necessariamente, apresentar irregularidades. Se houver cometido erro
ou omissão em qualquer assento, será ressalvado por meio de estorno.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Assim, o estorno é um lançamento destinado a anular ou retificar outro, ou a


preencher uma lacuna. Logo o estorno pode ser motivado por:

a) Omissão de lançamento- Consiste no lançamento omisso, mencionando

………………01/04/N……….………
37 Outros Valores a Receber e a
Pagar

a
43 Depósitos à Ordem 520.000,
Nota de Pagamento por 00
transferência bancária efectuado no
dia 20, por lapso não foi registado
nessa data

na descrição a data da respectiva operação.


Supor que no dia 01 de Abril do Ano N, não lançado o pagamento por
transferência bancaria da dívida à empresa que forneceu o mobiliário de
escritório, no valor de 520.000,00.

b) Duplicação de lançamento - Consiste na anulação do segundo


lançamento, pelo lançamento inverso.
No dia 10 de Abril do Ano N, foi feito o lançamento nº 135 referente ao
registo da recepeção de um cheque do cliente C2 no valor de
220.000,00, para pagamento da sua dívida. O mesmo registo foi
repetido no dia 15, lançamento nº 140. Situação detectada aos 20 de
Abril do Ano N.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

……20/04/N………
31 Clientes
31.1 Clientes Correntes

a 45 Caixa

Anulação do Lançamento nº 140,


efectuado no passado dia 15 por
ser duplicação do lançamento nº
135 220.000,00

c) Inversão de contas (debitar a conta que se devia creditar ou vice versa) -


Estorno na Inversão de Contas: Poderão seguir-se duas vias:
Supor que dia 30 de Maio do N, o pagamento da facura nº 420 do
fornecedor Alfa, no valor de 120.000,00 foi registado no diário,
lançamento nº 129, da seguinte forma:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….30/05/N…………..……
43 Depósitos à Ordem
43.1 Moeda Nacional

a 32 Fornecedores
32.1 Fornecedores Correntes 120.000,00
Pagamento da factura nº 420

Verifica-se que as contas foram inversamente movimentadas. Houve


uma saída de valores logo a conta Depósitos à Ordem deve ser
creditada. A dívida do Fornecedor diminuiu pelo que deveria ser
debitada.

A retificação pode ser de duas formas:


1. Anulação do Lançamento errado:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….30/05/N…………..……
32 Fornecedores
32.1 Fornecedores Correntes

a 43 Depósitos à Ordem
43.1 Moeda Nacional

Estorno do lançamento 120.000,0


0

2. Lançamento correcto a efectuar:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….30/05/N…………..……
32 Fornecedores
32.1 Fornecedores Correntes

a 43 Depósitos à Ordem
43.1 Moeda Nacional

Pagamento da factura nº 420 120.000,0


0

 Reunindo num único lançamento os dois anteriores:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….30/05/N…………..……
32 Fornecedores
32.1 Fornecedores Correntes

a 43 Depósitos à Ordem
43.1 Moeda Nacional

Estorno e rectificação do lançamento 240.000,0


nº 129 0

d) Substituição de contas (debitar e/ou creditar contas diferentes das que


se deviam ter debitado e/ou creditado)
O Estorno na substituição de contas: O Processo é idêntico ao anterior.
Exemplo: Pelo recebimento de um valor de 480.000,00 no dia 01 de
Junho, para a liquidação da divida do Cliente C1, efectuou-se por lapso
o seguinte lançamento:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….01/06/N…………..……
43 Depósitos à Ordem
43.1 Moeda Nacional

a 31 Clientes
31.1 Clientes Correntes

Liquidação da divida do Cliente C 480.000,0


0

Utilizou-se indevidamente a conta Depósitos à Ordem. A conta a debitar


seria a conta caixa.
Retificação seria:

1. Anulação do lançamento

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….01/06/N…………..……
31 Clientes
31.1 Clientes Correntes

a 43 Depósitos à Ordem
43.1 Moeda Nacional

480.000,0
Estorno do Lançamento nº 20 0

2. Lançamento correcto a efectuar

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….01/06/N…………..……
45 Caixa
45.1 Fundo fixo

a 31 Clientes
31.1 Clientes Correntes

Liquidação da Dívida do Cliente C


480.000,0
0

3. Substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

………….01/06/N…………..……
45 Caixa
45.1 Fundo fixo

a 43 Depósitos a Ordem
43.1 Moeda Nacional

Estorno e retificação do lançamento nº 480.000,0


20 0

e) Alteração de quantias (lançar uma importância diferente da variação


sofrida pela conta).
Mantem-se as vias referidas nas alíneas c) e d).
Exemplo: Pela compra a pronto pagamento (numerário) de computador
para o serviço da empresa, no valor de 110.000,00, fez-se o seguinte
lançamento:

A retificação poderá ser:


Primeira VIA
 Anulação do Lançamento errado:
 Lançamento correcto a efectuar:
Segunda VIA
 Substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

A empresa Alfa no dia 26 de Maio do Ano N, pagou 520.000,00 ao fornecedor


de mercadorias, nas seguintes condições: Através do caixa fundo fixo
120.000,00 e o restante através de um cheque.

CAPITULO IV – ABERTURA DE ESCRITA DAS EMPRESAS

4.1 - INTRODUÇÃO
A constituição de uma empresa consiste, no seu registo, isto é, tendo em conta
os seus aspectos constitutivos, tais como Registo no Ministério do Comércio e
no Registo Civil das Pessoas Jurídicas.

A classe 5 do PGC é constituída:

a) Capital inicial;
b) Reservas;
c) Prestações suplementares;
d) Resultados transitados;
e) Resultado líquido do exercício.

A conta Capital pode ser desdobrada em diferentes subcontas, de acordo com


o tipo de empresa que esteja a analisar: Assim, pode ser desdobrada em :

 Capital social – Quando se fala do capital nominal das empresas


referidas no Código das Sociedades Comerciais:
• Sociedades em nome colectivo;
• Sociedades em Comandita;
• Sociedades por Quotas;
• Sociedades Anónimas.
 Capital Individual;
 Capital Cooperativo – Quando se trata do capital das cooperativas;
 Prestações Suplementares – de acordo com o CSC artigo 231º;
 Reservas - São definidas como lucros não distribuídos, desde que a
empresa apresenta lucros.
 Resultados Transitados - Esta conta é destinada a receber o valor dos
resultados líquidos e dos dividendos do exercício anterior;

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

 Resultado Líquido do Exercício – conta destinada a apurar o resultado


final de determinado exercício.

4.2– Fontes de Financiamento das Empresas


As fontes de financiamento das empresas desdobram-se em:

 As contribuições dos sócios - podem ser de dois tipos:


• Contribuições inicias – São entradas feitas pelos sócios no
início da actividade da empresa, esta podem ser em dinheiro ou
outros bens, direitos ou obrigações
 As entradas dos comerciantes – Quando se trata de empresas em
nome individual;
 Lucros retidos – Resultante da não distribuição dos lucros obtidos pela
empresa num determinado ano económico;
 Doações - Apesar de ser menos vulgar, mas também é uma fonte de
financiamento, há que considerar as ofertas de equipamento e
maquinarias;
 Prémios de emissão – Resultam da diferença entre o valor de
subscrição das Acções emitidas pela empresa e o seu respectivo valor
nominal.

4.3- Abertura de Escrita das Empresas Em Nome Individual

4.3.1- Capital das Empresas em Nome individual


Neste tipo de empresa existe um único proprietário detentor do capital, por isso
recebe o nome de capital individual.

Desdobrando-se em:

• Capital inicial - Surgi com a constituição da empresa sendo


creditada pelos valores activos e passivos que o comerciante
efectou à sua actividade comercial.
• Capital Adquirido- Esta subconta regista os resultados que
ficam retidos pela empresa. Esta subconta é movimentada por
contrapartida de Resultado Líquido do Exercício.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

4.4- Abertura de Escrita das Sociedades

4.4.1 - Abertura de Escrita das Sociedades Por Quotas


O processo de abertura de escrita deste tipo de sociedade surge quando os
sócios assumem um compromisso de entrar para a sociedade com
determinados valores.

Uma segunda fase tem início quando os sócios entregam à sociedade os


valores com que se comprometeram no momento da escritura de constituição.
Assim, há que considerarmos duas fases na abertura de escrita deste tipo de
sociedade:

a) Subscrição do Capital – Quando os sócios assumem o


compromisso de entrar para a sociedade com determinado valor;
b) Realização do Capital - Quando os sócios entregam a sociedade os
valores subscritos.

4.4.2– Abertura de Escrita das Sociedades Anónimas


Formas de Subscrição das Acções:

• A subscrição Pública - Quando qualquer pessoa tem a


possibilidade de participar do capital social da empresa
subscrevendo um ou mais Acções.
• Subscrição Particular - Quando os sócios fundadores subscrevem
todo capital

Tipos de Acções:

a) Acções ordinárias - O proprietário deste tipo de Acções tem o


direito a:
• Uma percentagem no montante do lucro a distribuir que é
proporcional ao número de Acções possuídas.
• Participar nas assembleias gerais a eleger os corpos e
gerentes;
• Participar com frequência, em futuras aquisições de Acções
da empresa sempre esta aumente o seu capital.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

b) Acções preferenciais- Os detentores deste tipo de Acções gozam de


todos os direitos conferidos pelas Acções originárias bem como de
direitos prioritários sobre os acionistas ordinários. Tais como:
• Direito a receber dividendos antes dos accionistas ordinários;
• Direito de preferência na partilha dos capitais remanescentes
no caso de liquidação da empresa;
• Vantagens na contagem de votos em assembleia gerais;
• Direito a receber direito a receber dividendos.

Emissão de Acções

No momento de lançamento das Acções no mercado há que considerar o valor


pelo qual é emitida (valor de emissão) e o valor nominal da mesma (valor que
se encontra inscrito no título de crédito). Desta comparação pode resultar três
situações:

• Acções ao par - Quando ao valor de emissão é igual ao seu valor


nominal;
• Acções abaixo do par – Quando o valor do título é superior ao seu
valor de emissão;
• Acções acima do par – Quando o valor nominal do título é inferior ao
seu valor de emissão do mesmo.

CAPÍTULO V – ESTUDO DAS CONTAS

5.1- EXISTÊNCIAS

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

5.1.1 - Introdução
As existências são bens armazenáveis a serem consumidas no processo
produtivo da empresa, ou a serem objecto de venda, uma vez que há que
distinguir existências das empresas comercias das existências das empresas
industriais. Assim, da Rubrica existências constam varias contas:

 Compras
 Mercadorias
 Produtos Acabados e Intermédios
 Subprodutos, Desperdícios, Resíduos e Refugos
 Produtos e Trabalhos em Curso
 Matérias-primas Subsidiários e de Consumo
 Adiantamento por Conta de Compras
 Provisão Para Depreciação das Existências.

Com o estudo das contas relativas as existências pretende-se alcançar 4


objectivos essências:

1. Determinar o valor das existências em armazém;


2. Calcular o custo das existências vendidas e consumidas num
determinado período;
3. Apurar o resultado obtido com as transações efectuadas pela
empresa com as suas existências;
4. Fornecer informações precisas com vista a uma correcta e
necessária gestão de stock.

O tratamento do tema EXISTÊNCIAS por parte das empresas pode ser feito de
acordo com dois e todos de registo (Sistema Inventario Permanente e Sistema
de Inventario Intermitente). De seguida vejamos quais são as suas
características básicas.

5.1.2- Sistema de Inventário Permanente


Neste tipo de inventário é controlado diariamente a conta de mercadorias.
Assim este método dá-nos conhecer a margem bruta obtida pela empresa após

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

cada operação de venda, pois, ao mesmo tempo que se regista o proveito


resultante da venda, regista-se igualmente o custo suportado com a entrega da
mercadoria. Cada operação de venda dá igualmente a dois registos
simultâneos, um pelo proveito, outro pelo custo de venda. Pelo facto da
empresa saber permanente o resultado bruto das vendas, daí o nome
Inventário Permanente.

Assim, ao fazer uma compra dos bens adicionados das despesas inerentes à
compra, tais como: frete, seguro, direitos alfandegários. E, diminuído dos
descontos comercial.

Neste caso, são registadas pelo seu custo de aquisição que será igual ao valor
da factura.

Custo de aquisição = Preço de compra – Descontos e abatimentos de


natureza + despesas de Compra

O valor da factura recebida, resultante da compra efectuada é registado a


débito na conta compras, creditando-se em contrapartida, na conta Caixa/DO e
se foi efectuada a prazo é creditada na conta fornecedores.

Esquematicamente temos:

Compra a pronto pagamento

Débito Crédito
Contas

21 Compras

26 Mercadorias

43/45 Depósitos à Ordem / Caixa

Compra a prazo

Débito Crédito
Contas

21 Compras

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26 Mercadorias

32 Fornecedores

5.1.2.1- Descontos e abatimentos em compras


Os descontos materializam-se em reduções no preço base dos bens e
serviços. Concedidos pelo vendedor, têm como objectivo cativar, premiar ou
compensar o cliente, com vista a maximização das vendas.

De acordo com a sua natureza, classificamos os descontos e abatimentos em:

 Descontos comerciais – Estão relacionados com a quantidade e


qualidade dos bens transaccionados. Tais como:
 Desconto de revenda - feitos pelos produtores aos
armazenistas ou por estes aos retalhistas;
 Abatimentos (qualidade) – resultantes de atrasos ou da má
qualidade do bem entregue;
 Bónus – Concedidos porque o cliente ultrapassou um
determinado volume de compras.

Exemplo:

Descontos financeiros – relacionam-se com o pagamento da mercadoria. Tais


como:

 Pronto pagamento – quando na factura/recibo a uma compra, consta um


desconto de pronto pagamento, deve debitar-se a conta Compras pelo
valor da mercadoria adquirida e creditar-se a conta Caixa/DO pelo valor
líquido da factura e em simultâneo, a subconta Descontos de pronto
pagamento obtidos, pelo valor do desconto.

 Antecipação no pagamento – O comprador debita a conta Fornecedores


– Correntes pelo total da Nota de credito e credita a conta Descontos de
pronto pagamentos obtidos pelo valor do desconto.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Exemplo:

5.1.2.2- Devoluções de Compras


Quando chegam à empresa, as existências enviadas pelo fornecedor são
objecto de recepção e controlo de qualidade. Caso não se encontrem em boas
condições ou de acordo com a encomenda realizada, serão devolvidas total ou
parcialmente à origem, dando origem à emissão, por parte do fornecedor, de
uma nota de crédito, com a descriminação das existências devolvidas e o
respectivo valor. Isto é:

 O registo a débito na conta fornecedores correntes, porque traduz a


diminuição da dívida ao fornecedor;
 A Crédito da conta compras na subconta Devolução de Compras, na
medida em que existe uma redução ao valor das compras ou conta
Mercadorias.

5.1.2.3 - Descontos e Abatimentos em Vendas


Pode ser:

 Descontos comerciais, quando o desconto é concedido, torna-se


origem as seguintes operações:
 O valor dos descontos são registados a débito da subconta
descontos e abatimentos em vendas, indicando assim, a
redução do valor inicial da venda.
 Em contrapartida, o valor é registado a crédito da conta
Clientes - correntes, traduzindo-se na redução da dívida do
cliente.

5.1.2.4 - Descontos e Abatimentos em Vendas


Pode ser:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

 Descontos comerciais, quando o desconto é concedido, torna-se


origem as seguintes operações:
 O valor dos descontos são registados a débito da subconta
descontos e abatimentos em vendas, indicando assim, a
redução do valor inicial da venda.
 Em contrapartida, o valor é registado a crédito da conta
Clientes - correntes, traduzindo-se na redução da dívida do
cliente.

5.1.2.5 - Descontos financeiros


Dizem respeito a situações que não afectam o proveito obtido com as vendas,
pois constitui um custo financeiro para o vendedor.

Devoluções de Vendas

Após a recepção da factura, o cliente pode proceder à devolução de parte ou


da totalidade das mercadorias, se estas apresentarem características
diferentes relativamente à encomenda, tais como preço, tamanho, qualidade
etc. Compreendendo dois aspectos distintos:

 Pela diminuição do proveito, débito da Conta Vendas (devolução de


Vendas);
 Pela Custo da Mercadoria devolvida; A mercadoria devolvida volta a
entrar no armazém da empresa vendedora pelo valor do custo registado
no momento da sua saída para a venda. Contas a
 movimentar Crédito da conta Custo das Mercadorias a Débito da conta
Mercadorias.

5.1.3 - Método de Custeio das Existências


Neste método saber-se –a, a qualquer momento, qual o valor das existências
em armazém e, como tal, o custo das mercadorias vendidas.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

O custo das mercadorias vendidas pode ser determinado através dos métodos
de custeio: tais como: O Custo histórico, Custos específicos e Fichas de
Armazém.

As Fichas de Armazém – São utilizadas quando as existências não se


apresentam individualizadas, mas em lotes, pelo que o custo das existências
vendidas é determinado em função do custo de entrada, de e acordo com:

 O Custo do lote mais antigo – FIFO ( first in first out); segundo este
critério, o custo de cada requisição de existências identifica-se com o
custo do lote mais antigo, o que conduz a supor que as existências
se esgotam por ordem de entrada em armazém: só saem existências
dum lote, quando está esgotado o imediatamente anterior.

Exemplo: A empresa Beta, dedica-se a comercialização de diversos bens


alimentares, em 31 de Janeiro de N apresentava em armazém uma existência
de 1000Kg de carne a 100kz cada. Durante o mês de Março efectou as
seguintes compras:

 Dia 05 Venda a pronto pagamento 250kg a 40kz;


 Dia 20 Compra a pronto 4000kg de carne a 280kz;
 Dia 21 compra a pronto de 2000 kg de carne a 320 kz;
 Dia 28 Venda a pronto de 1250kg de carne a 400kz.

Considerado o método FIFO, calcule o valor das existências.

Data Descrição Saídas

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Qt P.U Valor Descrição Qt P.U Valor


31 Jan. Existência I. 1000 100 100.000,00
05 Març. Venda 250 100 25.000,00
20 Març. Compra 400 80 32.000,00
21 Març. Compra 200 32 6.400,00
28 Març Venda 750 100 75.000,00
400 80 32.000,00
100 32 3.200,00

Total 1600 138.400,00 Total da Venda 1500 135.200,00


Saldo Final 100 32 3.200,00
Total 1600 138.400,00

Data Descriç Entradas Saída Existências


ão Qt P.U Valor Qt P.U Valor Qt P.U Valor

31/01/N E.I 1000 100 100.000 1000 100 100.000

05 /03/N Venda 250 100 25.000,00 750 100 75.000


20 Març. Compra 400 80 32.000,00 400 80 32.000
21 Març. Compra 200 32 6.400,00 200 32 6.400
28 Març 750 100 75.000,00
400 80 32.000,00
100 32 3.200,00
100 32 3.200

 O Custo do lote mais recente – LIFO (Last in first out); O último lote a
entrar em armazém é o primeiro a sair. Assim, os lotes saem pela
ordem inversa da sua entrada.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Data Descrição Saídas

Qt P.U Valor Descrição P.U Valor


31 Jan. Existência I. 1000 100 100.000,00
05 Març. Venda 250 100 25.000,00
20 Març. Compra 400 80 32.000,00
21 Març. Compra 200 32 6.400,00
28 Març Venda 200 32 6.400,00
400 80 32.000,00
650 100 65.000,00

Total 1600 138.400,00 Total da Venda 1500 128.400,00


Saldo Final 100 100 10.000,00
Total 1600 138.400,00

Data Descriç Entradas Saída Existências


ão Qt P.U Valor Qt P.U Valor Qt P.U Valor

31/01/N E.I 1000 100 100.000 1000 100 100.000

05 /03/N Venda 250 100 25.000,00 750 100 75.000


20 Març. Compra 400 80 32.000,00 400 80 32.000
21 Març. Compra 200 32 6.400,00 200 32 6.400
28 Març 200 32 6.400,00
400 80 32.000,00
650 100 65.000,00
100 100 10.000

 O Custo médio ponderado, calcula-se adicionando-se ao valor das


quantidades existentes o valor das quantidades entradas e dividindo
o valor obtido pelas quantidades totais.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Data Descrição Saídas

Qt P.U Valor Descrição P.U Valor


31 Jan. Existência I. 1000 100 100.000,00 Venda 250 100 25.000,00
05 Març.
20 Març. Compra 400 80 32.000,00
21 Març. Compra 200 32 6.400,00
28 Març Venda 1250 84 105.000,00

Total 1600 138.400,00 Total da Venda 1500 130.000,00


Saldo Final 100 84 8.400,00
Total 1.600 138.400,00

1ª Venda CMP
 VEx  VEt /  QEx  QEnt  100 .000,00  0 / 1000  0  200

2ª Venda

 VEx  VEt /  QEx  QEnt  84

No exercício resolvido o Resultado Operacional Bruto será :

 Critério FIFO ROB = Vendas – Custo das Vendas


510.000,00(250*40+1250* 400 = 510.000,00) – 135.200,00 = 374.800,00
.

 Critério LIFO ROB = Vendas – Custo das Vendas


510.000,00(250*40+1250* 400 = 510.000,00) – 128.400,00 = 381.600,00

 Critério FIFO ROB = Vendas – Custo das Vendas


510.000,00(250*40+1250* 400 = 510.000,00) – 130.000,00 = 380.000,00

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

5.1. 4- Sistema de Inventário Intermitente


Neste sistema não existe a possibilidade de se saber, em qualquer momento,
quer o valor das existências em armazém, quer o custo das mercadorias
vendidas, assim, desconhece-se o lucro obtido em cada venda. Tal acontece
devido as seguintes razoes:

 O saldo da conta Compras não é transferido para a conta Mercadorias;


 As vendas são registadas unicamente pelo preço de venda, isto é, so se
revela o proveito da venda, mas não o seu custo;
 O custo das Mercadorias vendidas no exercício apenas é registado no
final do ano;
 Ao longo do exercício económico na conta mercadorias apenas se
encontra registado o valor da existência inicial, sendo por isso
necessário no final do ano transferir o saldo da conta compras para a
conta mercadorias e fazer a inventariação directa das existências para
se determinar o valor das existências final;
 O valor das Existências Vendidas é calculado da seguinte forma:
CMV = Existência Inicial + Compras – Existência Final
Margem Bruta = Vendas - CMV

Exemplo:

A empresa Alfa, Lda. apresentava, no início do Ano n, uma existência inicial em


mercadorias no valor de 6.000.000,00. Durante o exercício comprou a prazo
30.000.000,00 de mercadorias e vendeu igualmente a prazo 40.000.000,00 de
mercadorias. No final do exercício existiam em armazém 5.000.000,00 de
mercadorias.

5.1.4.1 - Provisão para Depreciação das Existências


A provisão é criada para fazer face ao possível prejuízo que a empresa possa
vir a ter com a venda de existências, prejuízo este que só se concretizara no
futuro e cujo montante só então se conhecerá.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Apesar de só no futuro se conhecer o montante exacto do possível prejuízo a


empresa, de acordo com o princípio de prudência, deverá neste caso criar uma
provisão para tal fim. Contabilisticamente, só se deverá CONSTITUIR A
PROVISÃO PARA DEPRECIAÇÃO DAS EXISTENCIAS QUANDO SE
CHEGAR A CONCLUSÃO DE QUE O PRESUMÍVEL VALOR DA VENDA DAS
EXISTÊNCIAS IRÁ SER INFERIOR AO PREÇO DE AQUISIÇÃO OU DE
PRODUÇÃO DAS MESMAS. Assim, estamos perante a perdas não efectivas
mas que poderão concretizar-se em exercícios futuros.

O montante da provisão é calculado a partir do valor que as existências têm no


final do período ou seja em 31 de Dezembro. O valor das existências, para o
cálculo, é obtido a partir das seguintes parcelas:

 Mercadorias, isto é quer elas se encontre no armazém , em transito ou


em poder de terceiros:
 Produtos acabados – quer elas se encontrem em armazém ou poder de
terceiros;
 Produtos intermédios;
 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos;
 Matérias primas, matérias subsidiarias , matérias diversos e embalagens
de consumo;
 Produtos e trabalhos em curso.

5.1.4.2 - Contabilização das Provisões para Depreciação das


Existências.

Em 31 de Dezembro, ao inventariar as existências, a empresa Beta verificou o


seguinte:

 Quantidade em stock de mercadorias Alfa 1000 unidades;


 Custo de Aquisição 300Kz por unidade:
 Preço de venda 260Kz por unidade.

Neste caso, o montante das provisões para a depreciação de existências é:


1000*(300-260) = 40.000,00

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Constituição da Provisão, em 31 de Dezembro de N.

Débito Crédito
Contas
40.000,00
21 Provisão para Depreciação de existências
40.000,00
26 Outros Custos e Perdas não Operacionais

Supondo que no exercício seguinte se venderam, a prazo 600 unidades desta


mercadoria por 280 Kz. O registo contabilístico será:

Débito Crédito
Contas
168.000,00
31 Clientes – clientes Correntes
168.000,00
26 Vendas - Mercadorias

No caso de se trabalhar em sistema de inventário permanente, far-se-ia em


simultâneo o seguinte:

600 Unidades * 300 Kz = 180.000,00

Débito Crédito
Contas
180.000,00
71 Custos das Mercadorias Vendidas
180.000,00
26 Mercadorias

5.2- Imobilizações
5.2.1- Introdução
Qualquer empresa independente da sua natureza, necessita possuir o seu
património, de forma contínua e permanente, um conjunto de elementos que
garantam o seu respectivo funcionamento nas melhores condições.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Assim as imobilizações incluem todos os bens que a empresa possui com


caracter de continuidade ou permanência e que não se destinam a ser
vendidos ou transformados. Estes bens podem ser de propriedade da empresa
ou estar em regime de locação financeira. Inclui também a depreciação do
imobilizado e que contabilisticamente se designa por AMORTIZAÇÃO.

Da actividade regular da empresa fazem parte variadas operações, entre as


quais se encontra a aquisição de imobilizado, como, por exemplo os
equipamentos. Dependendo do fim a que se destina o imobilizado pode ser
considerado TÉCNICO ou de RENDIMENTO.

O Imobilizado Técnico é constituído por bens móveis ou imoveis tangíveis que


se utiliza no desenvolvimento da actividade.

O Imobilizado de Rendimento representa as aplicações financeiras de longo


prazo ou imoveis cujo objectivo é a obtenção de rendimento.

Assim, em resumo o imobilizado pode ser:

Técnico Definitivo Imobilizações Corpóreas


Imobilizações Incorpóreas

Imobilizado Em curso Imobilizações em Curso

De Rendimento Investimentos Financeiros

O imobilizado deve ser contabilizado segundo os critérios de valorimetria


aceites e que são os seguintes:

1. O activo imobilizado deve ser valorizado ao custo de aquisição ou de


produção. O custo de aquisição corresponde ao preço de custo dos
bens imobilizados, acrescido dos gastos directos e indirectos
indispensáveis para os colocar em funcionamento.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Custo de aquisição = Preço de custo + Gastos adicionais


2. Os bens imobilizados com um período de vida útil limitado ficam sujeitos
a uma amortização sistemática durante esse período.

5.2.2 – Imobilizações Corpóreas


De acordo com o PGC, a CONTA 11 IMOBILIZAÇÕES CORPÓREAS,
integra os bens imobilizados tangíveis, tais como moveis ou imoveis, que a
empresa utiliza na sua actividade diária e que não se destinam a venda ou
a transformação. Pois estes bens têm um caracter de permanência na
empresa superior a 1 ano. Esta conta integra ainda os valores
correspondentes a benfeitorias ou grandes reparações que contribuam para
aumentar o período de vida útil do equipamento. Quando as reparações não
aumentam o período de vida útil do equipamento, mas a empresa decide
repartir os custos por dois mais exercícios, estes de devem contabilizados
na conta Acréscimos e Deferimentos sendo anualmente transferida uma
percentagem para a conta Conservação e Reparação.

5.2.2.1- Movimento Contabilístico da 11 Imobilizações Corpóreas


Nas imobilizações Corpóreas segue as mesmas regras das contas da
classe que integram o Activo. Deste modo o movimento contabilístico
cumpre o seguinte esquema a Débito e a Crédito.

Débito Crédito
Conta

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Valor de do Devoluções ou anulações de


Aquisição
Imobilizado aquisições efectuadas.
imobilizado corpóreo
Corpóreo *Venda de Imobilizado
*Custo de aquisição do *Sinistros em Imobilizado
*Abates de Imobilizado
equipamento produzido pela
própria empresa
*Transferência das
imobilizações em curso.

5.2.2.2- Principais Operações com Imobilizado Corpóreo


São variadas as operações que originam movimentos contabilísticos na conta
11, vamos estudar as principais operações com imobilizado corpóreo. Tais
como:

A. Compra de imobilizado
B. Produção de imobilizado pela própria empresa
C. Despesas com conservação e reparação do imobilizado corpóreo
D. Amortizações do imobilizado
E. Alienação do imobilizado
F. Sinistro do imobilizado
G. Abate do imobilizado
H. Reavaliação do imobilizado
I. Leasing

A- COMPRA DE IMOBILIZADO

A aquisição (compra) de imobilizado é uma operação realizada usa


usualmente pela empresa. Estas compras podem ser realizadas a pronto
pagamento ou a prazo, consoante os interesses da empresa e as suas
disponibilidades (Meios financeiros líquidos) de tesouraria. Os lançamentos
são os seguintes: a pronto utiliza uma conta de disponibilidades, a prazo
utiliza uma conta a prazo.

Assim resumidamente temos:

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

a) Compra a pronto pagamento (p.p)


Contas Débito Crédito
Valor do equipamento
11 Imobilizações Corpóreas
Valor total
43/45 Caixa/DO

b) Compra a Prazo

Contas Débito Crédito


Valor do equipamento
11 Imobilizações Corpóreas
Valor total
37.1 Out. Valores A R. e Pagar

B- PRODUÇÃO DE IMOBILIZADO PELA PRÓPRIA EMPRESA


Contas Débito Crédito
Valor do equipamento
11 Imobilizações Corpóreas
Valor total
65.1 Trabalho para a Própria empresa

Todos os materiais e despesas necessárias para a produção do imobilizado


foram anteriormente contabilizados numa conta de custos com contrapartida de
caixa, Depósitos à Ordem ou Devedores Diversos e Credores Diversos,
aquando, da sua aquisição.

C1- CONSERVAÇÃO E REPARAÇÃO DE VALOR REDUZIDO

Consideram-se despesas de valor reduzido as que se relacionam com a


manutenção do equipamento, lo, estas devem ser contabilizadas numa conta
de custos, uma vez que não vão aumentar o valor inicial do imobilizado nem
aumentar o seu período de vida útil.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Assim, a movimentação contabilística será a seguinte:

Débito Crédito
Contas
Valor da Reparação
75.2.26 Conservação e Reparação
Valor total
43 ou 45 Caixa/Depósitos á Ordem

C2- Conservação e Reparação de Valor elevado

No caso de a despesa de manutenção atingir um valor considerável (seguindo


o critério de razoabilidade) a empresa poderá diferir essa verba por um período
máximo de 3 anos.

Se assim for, terá de efectuar o registo na Conta 37.3 Acréscimos e


Deferimentos, transferindo anualmente uma percentagem para a conta de
custos.

Débito Crédito
Contas
Valor da Reparação
37.3 Acréscimos e Deferimentos
Valor total
43 ou 45 Caixa/Depósitos á Ordem

C3- Grandes Reparações ou Benfeitorias

As grandes reparações, também chamadas benfeitorias, são reparações que


não só contribuem para aumentar o valor de aquisição do imobilizado como
também aumentam o seu período de vida útil. Neste caso, neste cado o valor
da reparação deve ser registado na respectiva conta de imobilizações e ser
alvo de amortizações anuais.

D-AMORTIZAÇÕES DO IMOBILIZADO

A depreciação do imobilizado é inevitável, pois, com o decorrer do tempo o


imobilizado vai perdendo valor contabilístico devido à sua utilização. Esta perda
de valor deve ser contabilizada anualmente, seguindo os critérios fiscalmente
aceites.

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

A essa perda de valor ou desgaste do equipamento dá-se o nome de


AMORTIZAÇÃO ou DEPRECIAÇÃO, a que responde também a repartição do
custo do equipamento pelos exercícios abrangidos pelo seu período de vida
útil.

A contabilização das amortizações é efectuada segundo um dos dois métodos


existentes tais como:

1- Método Directo;
2- Método Indirecto.
1- Método Directo

Segundo o método directo, o montante correspondente à amortização anual


será creditado directamente da conta 11 Imobilizações Corpóreas

Débito Crédito
Contas
Valor amortizado
73 Amortização do Exercício
Valor total
11 Imobilizações Corpóreas

Com este lançamento, o balanço evidencia apenas o valor líquido do


equipamento.

Exemplo: A empresa Beta adquiriu um imobilizado por 550.000,00 a pronto


pagamento e o valor da depreciação sofrida no exercício foi de 150.000,00, eis
os registos a efecutuar:

a) Pela Aquisição do Bem


Contas Débito Crédito
500.000,00
11 Imobilizações Corpóreas

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

500.000,00
43/45 Caixa/ Depósitos à Ordem

b) Registo da Depreciação imputada ao Exercício


Contas Débito Crédito
150.000,00
73 Amortizações do Exercício
150.000,00
11 Imobilizações Corpóreas

As desvantagens deste método:

 Não possibilita o conhecimento imediato do número e o valor das


amortizações realizadas e acumuladas ao longo dos anos de vida útil
dos elementos imobilizados.
2- Método Indirecto

O método indirecto é aquele que se utiliza na prática contabilística pois permite:

 Evidenciar no balanço, o custo de aquisição do equipamento e o valor


das amortizações acumuladas;
 Conhecer o numero de amortizações já efectuadas;
 Calcular o valor actual do bem através da seguinte equação:
Valor actual = Valor de Aquisição – Amortizações Acumuladas

O montante da amortização é creditado na conta 18 Amortizações


Acumuladas. O registo contabilístico é o seguinte:

Débito Crédito
Contas
Valor amortizado
73 Amortização do Exercício
Valor total
18 Amortizações Acumuladas

Exemplo: A empresa Beta adquiriu um imobilizado por 550.000,00 a pronto


pagamento e o valor da depreciação sofrida no exercício foi de 150.000,00, eis
os registos a efecutuar:

c) Pela Aquisição do Bem

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Contas Débito Crédito


500.000,00
11 Imobilizações Corpóreas
500.000,00
43/45 Caixa/ Depósitos à Ordem

d) Registo da Depreciação imputada ao Exercício


Contas Débito Crédito
150.000,00
73.118 Amortizações do Exercício
150.000,00
18.1 Amortizações Acumuladas

A empresa pode calcular o valor de amortização recorrendo aos seguintes


critérios, tais como Critério das Quotas Constantes e o Critério das Quotas
Degressivas.

1- Critério das Quotas Constantes

Trata-se do critério mais simples pois consiste em repartir equitativamente a


massa a repartir pelos diferentes períodos de reintegração.

A quota de amortização (Qi) obtém-se dividindo a base de cálculo pela vida útil
do bem (n). A base de Cálculo corresponde à diferença entre o valor de
aquisição (Vo) e o valor residual desse mesmo bem (Vr). Assim:

Taxa de amortização = 1/tempo de vida útil

Quota de Amortização Qi= (Vo - Vn)/N

Exemplo: Um autocarro foi adquirido, em Janeiro do Ano N pela empresa Beta,


pelo valor de 88.000.000,00Kz, prevendo-se uma vida útil de 5 anos e o valor
residual de 10.000.0000,00

Anos Base de Cálculo Quota Amortizações Valor Contabilístico Taxa de


(Vo-Vr) Acumulada Amortizaçã
o

n 78.000.000,00 15.600.000,00 15.600.000,00 72.400.000,00 20%

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

N+1 15.600.000,00 31.200.000.00 56.800.000,00 20%

N+2 15.600.000,00 46.800.000,00 41.200.000,00 20%

N+3 15.600.000,00 62.400.000,00 25.600.000,00 20%

N+4 15.600.000,00 78.000.000,00 Vr = 10.000.000,00 20%


Valor Contabilístico = Valor Inicial – Amortização para
N= 88.000.000,00 – 15.600.000,00= 72.400.000,00
N+1= 72.400.000,00 – 15.600.000,00 ……

Amortização ou quota de amortização= Valor inicial /Tempo de vida útil

2- Critério das Quotas Degressivas

Utilizando o método das quotas degressivas, a quota anual aceite como custo é
calculada através da aplicação das taxas de amortização, corrigidos dos
seguintes coeficientes:

 1,5 se o período de vida útil for inferior a 5 anos;


 2,0 se o período de vida útil é de 5 ou 6 anos;
 2,5 se o período de vida útil é superior a 6 anos.

O valor da quota de amortização calcula-se recorrendo à seguinte fórmula:

Qi= (Vo –Vr- AAc)*i

Onde:
Qi = Quota de amortização
Vo = Valor inicial
Vr = Valor Residual
AAc= Amortização acumulada
I= Taxa
Taxa de amortização = 1/tempo de vida útil

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Quota de Amortização Qi= (Vo - Vn)/N

Exemplo: Um autocarro foi adquirido, em Janeiro do Ano N pela empresa Beta,


pelo valor de 88.000.000,00Kz, prevendo-se uma vida útil de 5 anos e o valor
residual de 10.000.0000,00.

Dados:

Preço de Aquisição (Vo) = 88.000.000,00

Valor Residual = 10.000.000,00

Vida útil (n) = 5 anos

Base de Cálculo = Vo – Vr

Soma dos anos = 5+4+3+2+1 = 15

Quadro de Amortizações

Anos Base de Quota de Amortização Quota da Amortizações Valor Contabilístico


Cálculo(Vo-Vr) Amortização Acumulada

n 78.000.000 78.000.000,00*5/15 26.000.000 26.000.000 62.000.000

N+1 78.000.000,00*4/15 20.800.000 46.800.000 41.200.000

N+2 78.000.000,00*3/15 15.600.000 62.400.000 25.600.000

N+3 78.000.000,00*2/15 10.400.000 72.800.000 15.200.000

N+4 78.000.000,00*1/15 5.200.000 78.000.000 Vr = 10.000.000,00

Valor Residual = Valor Inicial – Amortização

Quota de amortização = Base de Calculo*Soma de cada um dos anos /Total da


soma dos anos

Amortização ou quota de amortização= Valor inicial /Tempo de vida útil

Valor contabilístico = Valor inicial – Amortização Acumulada

Elaborado pelo professor Pessela


Contabilidade Financeira

Bibliografia

 Baptista da Costa, C. e Correia Alves, G.: Contabilidade financeira, Rei dos


Livros

 Borges, A.; Isidro, H.; Macedo, J.; Moreira, A.; Morgado, J.; PRÁTICAS DE
CONTABILIDADE FINANCEIRA, 3ª Edição; Áreas Editora, 2002, Lisboa.

 Gonçalves, Manuel Alberto, CONTABILIDADE GERAL, Plátano Editora

 Lousã. A. Contabilidade. RETEP: Luanda, 2009.

 PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE ANGOLANA.

Elaborado pelo professor Pessela

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