Novo Arquivamento Procedimentos Souza ABERTO
Novo Arquivamento Procedimentos Souza ABERTO
Novo Arquivamento Procedimentos Souza ABERTO
Revista do
Ministério Público
do Estado do Rio de Janeiro
nº 93 jul./set. 2024
Novo arquivamento de procedimentos criminais
Renee do Ó Souza*1
Caroline de Assis e Silva Holmes Lins**2
Ana Flávia Assis Ribeiro***3
Sumário
Introdução. 1. O fundamento do arquivamento por ausência de fundamento
para a ação penal. 2. A comunicação do arquivamento: autoridade policial, investigado,
juiz competente e vítima. 2.1. Comunicação à autoridade policial. 2.2. Comunicação ao
investigado. 2.3. Comunicação à vítima. 2.4. Comunicação ao juiz competente. 3. Juízo
de retratação da decisão de arquivamento. 4. Acionamento e papel da instância de
revisão. 5. A nova sistemática de arquivamento, os termos circunstanciados e as notícias
de fato. 6. A extinção da punibilidade na fase pré-processual. 7. Desarquivamento e
a nova sistemática do art. 28 do CPP. 8. Conclusões. Referências.
Resumo
A nova sistemática de arquivamento dos procedimentos criminais redefine os
papéis do Ministério Público (MP) e da vítima no processo penal. Este estudo analisa
a abordagem do CPP, decisões do STF e a Resolução CNMP 181/2017, destacando o
aumento da responsabilidade do MP e a redução da intervenção judicial no ato de
arquivamento dos procedimentos investigatórios. Conclui-se que a valorização da
vítima e o fortalecimento do MP, com menor participação judicial, configuram um
modelo mais eficiente e justo, demandando atuação criteriosa para aprimorar a
justiça penal brasileira.
Introdução
As alterações introduzidas no Código de Processo Penal pela Lei 13.964/2019
foram significativas, abrangendo também aspectos relacionados ao arquivamento
de inquéritos policiais e procedimentos correlatos. Essas mudanças visavam,
* Mestre em Direito. Pós-graduado em Direito Constitucional, em Direito Processual Civil, em Direito Civil,
Difusos e Coletivos. Promotor de Justiça do Estado do Mato Grosso. Professor e autor de obras jurídicas.
** Especialista em Direito Penal e Processual Penal e pós-graduanda em análise criminal e ciências criminais
e segurança pública. Promotora de Justiça do Estado do Mato Grosso.
*** Pós-graduada em compliance e direito corporativo. Promotora de Justiça do Estado do Mato Grosso.
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Como se observa, desde que o Ministério Público conclua que não há razões
para iniciar a ação penal, pode promover o arquivamento do caso. Esse poder abrange
as hipóteses tradicionais e permite um prognóstico mais amplo, compatibilizando a
atuação ministerial com um procedimento alinhado com medidas de política criminal
que busquem o alívio do sistema justiça, priorizando casos mais graves e de maior
relevância em detrimento de infrações menos significativas.
Essa abordagem permite ao Ministério Público exercer uma análise mais
qualificada, considerando não apenas os aspectos jurídicos em sentido estrito, mas
também diretrizes de política criminal e institucionais voltadas ao aprimoramento no
enfrentamento da criminalidade e à tutela penal qualificada de interesses públicos e
sociais relevantes. Ganha protagonismo a integração dos planos e diretrizes de atuação
da instituição, apta a elevar a atuação automatizada a uma que atenda às finalidades
valorativas do direito penal moderno. Nesta direção, aponta Paulo Busato (p. 118-119):
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1
GOMES, Décio Alonso. Política criminal brasileira e o papel do Ministério Público. Ministério Público e
políticas públicas. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, p. 23-46, 2009.
2
Sobre o tema, vale a leitura do texto: SUXBERGER, Antônio Henrique Graciano. A superação do dogma
da obrigatoriedade da ação penal: a oportunidade como consequência estrutural e funcional do sistema
de justiça criminal. Revista do Ministério Público do Estado de Goiás, edição 34, jul.-dez./2017, p. 35-49.
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Sobre a razão comunicativa e o direito de Jürgen Habermas, vale o estudo da obra: BITTAR, Eduardo
Costa Bianca. Curso de filosofia do direito. 12ª ed., São Paulo: Atlas, 2016.
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tributárias realizadas pela Receita Federal que servem para instruir um determinado
procedimento investigatório não exigem essa comunicação.
No entanto, embora não seja exigível, essa providência é facultada,
especialmente porque pode servir para a troca de informações, evitar duplicidade
de esforços e contribuir para uma investigação mais eficiente e coordenada, sem
comprometer a autonomia dos procedimentos conduzidos por entidades distintas.
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Neste sentido: [...] Arquivamento promovido pelo membro do Ministério Público e determinado pela
autoridade judiciária. Interesse da vítima na propositura da ação penal. [...] O Ministério Público é o titular
da ação penal, cabendo a ele aferir a presença de justa causa, ressalvada a hipótese prevista pelo art.
28, do CPP. Na ação penal pública incondicionada, a vítima não tem direito líquido e certo de impedir o
arquivamento do inquérito. [...] (Recurso em Mandado de Segurança nº 44.025-DF, STJ, 5ª Turma, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 18.2.2014, publicado no DJ em 21.2.2014).
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https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2023/14122023-Primeira-Secao-
aprova-sumula-sobre-controle-jurisdicional-do-processo-administrativo-disciplinar.aspx
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ARAS, Vladimir. O novo modelo de arquivamento de inquéritos e o princípio da oportunidade da ação.
Revista Consultor Jurídico, 12 jan. 2020. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-jan-12/vladimir-
aras-modelo-arquivamento-inqueritos/. Acesso em: 30 jun. 2024.
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nova interpretação, o juiz não precisa mais proferir uma decisão formal caso concorde
com o arquivamento proposto pelo Ministério Público. Sua inércia, neste contexto,
implica a concordância tácita com a decisão do MP, permitindo que o arquivamento
se torne efetivo de maneira mais ágil e eficiente.
Essa abordagem tem vários benefícios. Primeiro, ela acelera o processo de
arquivamento, reduzindo o tempo que casos sem viabilidade penal permanecem no
sistema. Segundo, alivia a carga de trabalho dos juízes, permitindo que se concentrem
em casos que realmente necessitam de uma intervenção judicial. Terceiro, reforça a
autonomia do Ministério Público na condução da ação penal pública, alinhando-se
com a previsão constitucional de que o MP é o titular exclusivo dessa ação.
Trata-se de um arranjo mais condizente com o princípio acusatório (CPP, art.
3º-A), reforçado internacionalmente pela soft law, como os Princípios de Bangalore
sobre Conduta Judicial (2002) e os Princípios Orientadores Relativos à Função dos
Magistrados do Ministério Público, adotados pelas Nações Unidas durante a 8ª
Conferência para a Prevenção do Crime e o Tratamento de Delinquentes (Cuba, 1990),
que preconizam a imperativa separação de funções no processo penal.
Assim, na ausência de provocação por parte da vítima ou do juiz, o arquivamento
se configura como ato administrativo do promotor de justiça. Por outro lado, quando
submetido à instância revisional, adquire a natureza de ato administrativo composto,
envolvendo mais de uma manifestação de vontade, permitindo ao órgão revisor
estabelecer uma diretriz político-criminal dentro de cada Ministério Público (conforme
estabelecido pelo art. 19-D da Resolução).
Em todo caso, compete à instância de revisão ministerial proferir a decisão final
sobre o arquivamento realizado pelo promotor natural, reafirmando, simultaneamente,
o princípio acusatório e a resistência à ressurreição do processo penal inquisitorial.
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O professor Gustavo Badaró sustenta que, embora o inquérito policial seja um procedimento conduzido
sem contraditório, permite o exercício da ampla defesa, ainda que em situações pontuais como na assistência
do defensor ao acusado, na possibilidade de requerer atos de investigação à autoridade policial e na
impetração de habeas corpus, mandado de segurança, entre outros atos. (BADARÓ, Gustavo Henrique,
Processo Penal. 10ª ed. São Paulo: Thompson Reuters. 2022, p. 140).
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Neste sentido, ensina a doutrina que o magistrado exerce uma função anômala de fiscal do princípio
da obrigatoriedade: “Neste caso, ao juiz incumbia o exercício de uma inusitada função anômala de fiscal
do princípio da obrigatoriedade, algo que certamente levantaria dúvidas acerca da sua imparcialidade
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na eventualidade de o órgão superior ministerial de¬ liberar pelo oferecimento da denúncia nos autos
daquele procedimento investigatório, já que aquele mesmo magistrado responsável pelo indeferimento
da promoção de arquivamento seria, na sequência, o juiz competente para o processo e julgamento da
demanda”. (LIMA, p. 238).
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Isso implica que a mencionada sistemática deve ser aplicada aos Termos
Circunstanciados de Ocorrência (TCOs), procedimentos específicos para a formalização
da investigação preliminar que fundamenta a persecução penal nos Juizados Especiais
Criminais (JECRIM). A necessidade de aplicar essa sistemática de arquivamentos aos
Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) decorre do fato de que, embora sejam
narrativas simplificadas elaboradas pela autoridade policial para registrar elementos
informativos sobre crimes de menor potencial ofensivo, eles possuem natureza
apuratória e criminal. O TCO serve como instrumento de coleta de informações
suficientes para o avanço da persecução penal, e como tal implica direitos tutelados
pelas normas penais e direitos fundamentais dos cidadãos, sejam acusados ou vítimas.
Aplicar a nova sistemática de arquivamento garante os mesmos efeitos gerais presentes
nos demais casos de verificação de violações penais, assegurando um mecanismo de
controle sobre as decisões ministeriais que concluem pela falta de fundamento para
a responsabilização penal em um determinado caso.
A aplicação da nova sistemática de arquivamento aos TCOs assegura maior
coerência e uniformidade na condução das investigações preliminares, garantindo que
todas as peças de informação sejam tratadas com os mesmos critérios de avaliação e
rigor técnico, em conformidade com os princípios constitucionais e legais que regem
a persecução penal no Brasil. Ademais, ainda que sejam uma forma simplificada
de registro de informações sobre crimes de menor potencial ofensivo, os TCOs são
considerados procedimentos com potencial investigativo. Portanto, devem ser regidos
pela nova sistemática de arquivamento prevista na redação atual do art. 28 do Código
de Processo Penal.
A disposição do art. 19-H da Resolução não se aplica aos Termos Circunstanciados
de Ocorrência (TCOs), que exclui a aplicação dos dispositivos para arquivamento de
notícias de fato ou procedimentos não investigativos. Estes devem seguir a Resolução
174, de 04 de julho de 2017, do Conselho Nacional do Ministério Público. Esta disposição
específica refere-se exclusivamente aos procedimentos tratados naquela normativa,
como as notícias de fato, destinadas a ordenar demandas, documentos e postulações
em geral dirigidas aos órgãos do Ministério Público, mas desprovidas de conteúdo
investigativo ou fins apuratórios.
O art. 19-F da Resolução também estabelece que a nova sistemática de
arquivamento é aplicável a todos os casos de arquivamento de inquérito policial,
procedimento investigatório criminal ou quaisquer elementos informativos de mesma
natureza previstos na legislação penal e processual penal, inclusive aqueles afetos à
justiça eleitoral e militar.
Essa disposição evidencia claramente que a nova sistemática, decorrente da
redação atual do art. 28 do Código de Processo Penal e respaldada pela decisão do
Supremo Tribunal Federal (recuperar referência aqui), deve ser adotada em todos
os demais casos similares. Normas específicas, como aquelas contidas no Código de
Processo Penal Militar, no Código Eleitoral ou em leis especiais, devem ser interpretadas
como tacitamente revogadas pela nova norma.
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A nosso ver, essa nova disposição alcança até mesmo a antiga disposição do
art. 7º da Lei 1.521/51 (Lei dos Crimes contra a Economia Popular), que previa um
raro caso de reexame necessário na fase de arquivamento de inquéritos policiais,
providência que, doravante, deve ser considerada tacitamente revogada pelas novas
disposições legais do art. 28 do CPP.
Ademais, entendemos que a nova sistemática de arquivamento também
deve ser aplicada nos casos de autos infracionais, destinados à apuração de atos
infracionais praticados por adolescentes e regidos pelo art. 181 do Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA).
Essa interpretação busca assegurar uma uniformidade na aplicação das regras
de arquivamento, promovendo maior segurança jurídica e coerência nas decisões
ministeriais, independentemente da natureza específica do procedimento investigatório.
9
É a tese sustentada por Leonardo Barreto Moreira Alves: ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de
Processo Penal. 3ª ed. São Paulo: JusPodivm. 2023, p. 318.
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a duplo controle judicial ainda na fase inicial: rejeição da denúncia (CPP, art. 395, III)
ou absolvição sumária (CPP, art. 397, IV)10.
De todo modo, a regra contida no art. 19-K da Resolução 181/2017 estabelece
que a sistemática de arquivamento não se aplica às situações de extinção de
punibilidade, o que deve ser feito por meio de postulação do Ministério Público em
juízo para a declaração específica de tal extinção.
10
É a posição defendida por Rogério Sanches Cunha: CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrime: Lei
13.964/2019 – Comentários às alterações no CP, CPP e LEP. Salvador: JusPodivm, 2020, p. 119.
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Conclusões
A nova sistemática de arquivamento dos procedimentos criminais, modelada
pelo Código de Processo Penal (CPP), pela decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) mencionadas e pela
Resolução CNMP 181/2017, introduz inovações significativas que redefinem o papel
do Ministério Público (MP) e da vítima no processo penal. Esta nova abordagem
aumenta a responsabilidade do MP no ato de arquivamento e reduz a intervenção
judicial, configurando um cenário onde o protagonismo do MP é amplificado.
Um dos principais efeitos dessa mudança é a maior responsabilidade atribuída
ao MP, que, com a nova sistemática, pode desenvolver critérios sobre as prioridades
persecutórias e fortalecer sua capacidade institucional de atuar planejadamente como
protagonista da política pública de segurança pública, promovendo o arquivamento
de casos menos prioritários para esses fins.
Paralelamente, a intervenção judicial é significativamente reduzida. A nova
sistemática diminui a participação do juiz no processo de arquivamento, limitando
sua atuação à revisão, mudança que busca agilizar os procedimentos e desonerar
o Judiciário, permitindo que os magistrados concentrem seus esforços em outras
etapas do processo penal que demandem sua intervenção direta. No entanto, essa
menor participação judicial também impõe a necessidade de uma fiscalização mais
atenta e rigorosa por parte dos órgãos de controle interno do MP, para assegurar que
os arquivamentos sigam os critérios legais e normativos estabelecidos.
A inovação mais marcante, porém, reside no aumento significativo da
participação da vítima. A vítima, comunicada da decisão de arquivamento, é investida
do direito de impugnar a decisão. Este novo protagonismo da vítima reflete uma
valorização de sua posição no processo penal, reconhecendo sua importância e
oferecendo-lhe meios efetivos de participação e contestação.
Ao longo deste trabalho, exploramos as implicações e consequências dessas
novas interações. Observa-se que a maior responsabilização do MP e a menor
intervenção judicial têm o potencial de tornar o processo de arquivamento mais célere
e eficiente. No entanto, essa celeridade deve ser equilibrada com a necessidade de
garantir a transparência e a justiça das decisões. A participação ampliada da vítima,
por sua vez, representa um avanço significativo na proteção de seus direitos e no
reconhecimento de seu papel no processo penal.
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Referências
ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal. 3ª ed. São Paulo:
JusPodivm. 2023.
ARAS, Vladimir. O novo modelo de arquivamento de inquéritos e o princípio da
oportunidade da ação. Revista Consultor Jurídico, 12 jan. 2020. Disponível em: https://
www.conjur.com.br/2020-jan-12/vladimir-aras-modelo-arquivamento-inqueritos/.
Acesso em: 30 jun. 2024.
BADARÓ, Gustavo Henrique, Processo Penal. 10 ed. São Paulo: Thompson Reuters. 2022.
BITTAR, Eduardo Costa Bianca. Curso de filosofia do direito. 12ª ed., São Paulo: Atlas, 2016.
BUSATO, Paulo César. O papel do Ministério Público no futuro do direito penal brasileiro.
Revista de Estudos Criminais, ITEC–Instituto Transdisciplinar de Estudos Criminais, n.
05, 2002.
CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrime: Lei 13.964/2019 – Comentários às
alterações no CP, CPP e LEP. Salvador: JusPodivm, 2020.
GOMES, Décio Alonso. Política criminal brasileira e o papel do Ministério Público.
Ministério Público e políticas públicas. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, p. 23-46, 2009.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 8ª ed. Salvador:
Ed. JusPodivm, 2020.
SUXBERGER, Antônio Henrique Graciano. A superação do dogma da obrigatoriedade
da ação penal: a oportunidade como consequência estrutural e funcional do sistema de
justiça criminal. Revista do Ministério Público do Estado de Goiás, edição 34, jul.-dez./2017.
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