4 Clinica em Freud

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Queixa, Demanda e Elaboração

Conteudista
Prof. Me. Hugo Tanizaka

Revisão Textual
Laís Otero Fugaitti
OBJETIVOS DA UNIDADE
• Facilitar a compreensão do processo de escuta clínica;

• Dialogar sobre narrativa e discursiva clínica;

• Estruturar a compreensão acerca do papel do analista em atendimento.

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O Fazer Clínico em Psicanálise
Não cabe à Psicanálise um lugar cartesiano, é o que afirma Garcia-Roza (2001)
em sua obra elementar, Freud e o inconsciente, de 1936. A Psicanálise não é
um construto exclusivamente racional e metódico, pelo contrário, ela produz um
ponto de vista que desloca a razão e a consciência de uma representação quase
sagrada que possuíam no campo científico e filosófico. Nas palavras do autor, a
Psicanálise não possui um lugar preexistente, pois, apesar de beber de fontes
diversas dos saberes voltados para a concepção de homem, esse foi um filho
gerado de forma solo para Freud. É por meio do grande conceito de Inconsciente
que esse filho dá seus primeiros passos para uma forma inaugural de entender o
sujeito; esse sujeito é um ser singular, e a Psicanálise, um campo teórico e prático
que se torna “uma das práticas mais eficazes de escuta do discurso individual”
(GARCIA-ROZA, 2001, p. 53).

No século XIX, James Braid tomou emprestados os pressupostos do mesmeris-


mo e deu a essa nova técnica o nome de hipnose; esta se tornou um campo de
interesse para muitos médicos psiquiatras, uma vez que o efeito hipnótico obti-
do possibilitava uma relação de controle de corpo-mente por parte dos médicos
para com os seus pacientes (GARCIAROZA, 2001).

Por meio desse feito, evocavam-se possibilidades de cura que logo interessaram
a Charcot e deram causa ao seu investimento dentro do trabalho com a histeria.
Freud, no seu encanto pela causa e sintomatologia das manifestações histéricas,
e pela curiosidade naquela técnica tão aludida por Charcot, passou a envolvê-la
em seus trabalhos clínicos e por meio da hipnose pôde atender a um número
considerável de mulheres. Foi a partir dessa aproximação com Charcot que Freud
pôde ter uma concepção mais ampla sobre o fenômeno da histeria e sua forma
de trabalhar com ela na clínica, algo de suma importância para os seus escritos
psicanalíticos posteriores. A histeria, para Charcot – e consequentemente, para
Freud, naquela época –, deixou de ser tratada como um estado de simulação e
passou a ser considerada uma doença funcional, de origem hereditária, afetando
tanto os homens quanto as mulheres (BELINTANI, 2003; GARCIA-ROZA, 2001).
Charcot, então, acreditava que havia um correlato orgânico nas manifestações his-
téricas, isto é, para ele a doença “se explicava pelo fato de que no interior da psiquê
do histérico reinava, dominava, um corpo estranho” (BELINTANI, 2003, p. 60).

Quando Freud publicou, em 1892, o artigo intitulado “Um caso de cura pelo
hipnotismo”, a influência teórica que o guiava já não eram mais as concepções
de Charcot, mas do médico austríaco Josef Breuer, com quem iria publicar o
texto “Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos: comunicação
preliminar”, de 1893, e depois Estudos sobre a histeria, de 1895. Nessa obra,

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Freud e Breuer apresentaram o caso que mais tarde se tornaria um dos mais
famosos da teoria psicanalítica, o “Caso Anna O.”, paciente tratada por Breuer
por meio da hipnose; a partir desse caso, ele desenvolveu seu método catárti-
co. Além disso, esse também foi o momento em que Freud começou a produzir
e a estudar de forma mais independente, o que o levou, consequentemente,
a abandonar a hipnose e desenvolver conceitos que logo se tornariam pilares
para sua técnica psicanalítica.

Como estudado anteriormente, até alcançarmos o que é concebido hoje como


Psicanálise e todas as suas vertentes, o processo de construção da clínica freu-
diana nos apresenta, sob a perspectiva de inovação e quebra de paradigmas
para o tratamento das neuroses, uma tentativa de se diferenciar dos métodos e
técnicas hegemônicos e, por vezes, arcaicos. O próprio Freud se aproximou e se
desfez de teorias que antecederam a clínica psicanalítica e o acompanharam no
início dos seus estudos, sendo a hipnose e o método catártico de Breuer alguns
dos mais importantes para os primórdios do pensamento psicanalítico.

Da mesma forma, é inevitável conceber que a histeria foi o grande destaque da


clínica freudiana e o quanto o trabalho com suas pacientes histéricas possibilitou
a Freud uma compreensão maior do funcionamento psíquico. Antes, seguindo o
raciocínio breueriano, Freud trabalhava sob o prisma de que a hipnose possibi-
litava a ab-reação de afetos, ou seja, a remissão de sentimentos que derivavam
de traumas e desencadeavam as manifestações histéricas no sujeito. Por meio
do caso clínico de Breuer, conhecido como Anna O., os conceitos de talking cure
(cura pela fala) e chimney sweeping (limpeza de chaminé) puderam ser vistos pela
primeira vez. Assim, a hipnose era o que poderia facilitar o acesso a essa memó-
ria traumática e patogênica (BARBOSA, 2014). Foi utilizando-a em inúmeras pa-
cientes que Freud certamente chegou a alguns impasses: percebeu na hipnose a
sua limitação como técnica e a ineficácia em algumas pacientes, o que o fez rom-
per com método e delinear, a partir disso, “noções extremamente relevantes,
como resistência, recalcamento, transferência e defesa” (BARBOSA, 2014, p. 114).

No entanto, esse caminho não seria possível se Freud não se desse conta de
uma das maiores ferramentas do processo analítico: a fala. Foi escutando suas
pacientes histéricas que Freud pôde tirá-las do local da loucura, como era de-
signado pelo olhar médico da época, bem como possibilitar que elas usassem a
palavra pela primeira vez para falar sobre os seus afetos e sobre si mesmas, a
partir da retirada importante do consciente/racionalidade como lugar de verda-
de absoluta e ascensão do Inconsciente.

Por meio da fala, é dada ao paciente a oportunidade de se conectar


com ideias recalcadas que produzem os sintomas atuais. Assim, ele
passa a ter uma nova compreensão desta memória. Supõe-se que,

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na medida em que o paciente mantém ideias recalcadas de eventos
ligados ao passado, este passado torna-se presente, uma vez que é
constantemente atualizado através dos sintomas. Quando a reação é
reprimida, o afeto permanece ligado à lembrança e produz o sintoma.
FOCHESATTO, 2011, p. 166

Vídeo
O Inconsciente é a Clínica Psicanalítica.

A Escuta Clínica
À medida que avançava em suas formulações teóricas, Freud foi construindo, mo-
dificando e reconstruindo concepções técnicas, de forma a garantir a validade da
Psicanálise como método terapêutico. Em seus artigos sobre a técnica psicanalítica,
podemos acompanhar seus dilemas. Como pensar “regras” para os procedimentos
psicanalíticos sem cair em uma esterilização da técnica? Como construir um método
– caminho a seguir – sem perder de vista a singularidade do encontro entre paciente
e analista? O risco era propor regras que passassem a ser tomadas como verdades
absolutas – às quais não caberia nenhum questionamento –, levando a um distan-
ciamento dos preceitos de autonomia, liberdade e singularidade da Psicanálise. De
fato, Freud sempre salientou que o domínio da técnica é alcançado principalmente
pela experiência clínica, que não diz respeito apenas ao atendimento de pacientes,
mas também, e fundamentalmente, à experiência clínica da análise pessoal. O
cuidado com a escuta de si mesmo aparece no texto freudiano como condição sine
qua non para a possibilidade de exercer uma escuta em relação ao outro.

São as aventuras clínicas, com seus fracassos e sucessos terapêuticos, e as aven-


turas da Psicanálise aplicada (1989) que vão conduzindo Freud a importantes for-
mulações teóricas. A introdução de conceitos como narcisismo e transferência e a
constatação do fenômeno da repetição foram decisivas para a evolução a um novo
tempo da técnica psicanalítica. Em Além do princípio do prazer (1920), Freud ana-
lisou essa evolução, salientando que no princípio a Psicanálise era, acima de tudo,
uma arte interpretativa (FREUD, 1996a). Isto é, o intento do psicanalista reduzia-se
a descobrir, decifrar, reunir e comunicar o material inconsciente do paciente, com-
batendo permanentemente as resistências imbuídas a esse processo.

Luis Hornstein (2003), psicanalista argentino, ao trabalhar as relações entre inter-


subjetividade e clínica psicanalítica, ressalta o quão importantes são os suportes

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teóricos do analista, uma que vez que caracterizam e sustentam a práxis. É desde
seus preceitos teóricos que o analista enxerga o paciente como ser psíquico e
sustenta sua escuta diante dele.

A ciência, em um primeiro momento, preconizava a possibilidade de predizer


toda a realidade do mundo, à medida que fossem estabelecidas as leis gerais de
funcionamento da natureza. Entretanto, a Física – ciência da qual Freud se vale
para suas formulações sobre o funcionamento do aparelho psíquico – passa,
desde a época freudiana, por transformações radicais em muitos de seus cons-
trutos, abrindo espaço para o quântico, o relativo, o complexo, o instável, o cria-
tivo. Transformações que levam ao questionamento da visão determinista do
mundo, ao renascimento da noção de imprevisto e à incorporação, pela ciência,
da noção de probabilidade. Transformações que levam à quebra do paradigma
do determinismo, que minimiza a criação e a liberdade.

Tais transformações e suas implicações conduzem ao terreno psicanalítico. É pos-


sível compreender o psiquismo como um sistema aberto e que tem uma organi-
zação determinada, mas que pode modificar-se e adquirir novas propriedades.
“Pensar o sujeito como um sistema aberto à intersubjetividade, não somente no
passado, senão na atualidade, exige refletir sobre as tramas relacionais e seus
efeitos constitutivos da subjetividade” (HORNSTEIN, 2003, p. 97, tradução nossa).
O que é da ordem da relação ganha destaque, sobretudo a partir de seus efeitos
sobre o sujeito, uma vez que essa concepção de psiquismo como sistema aberto
pressupõe um permanente intercâmbio e uma complexa rede de inter-relações
entre sujeito e objeto.

A busca pela historicização do indivíduo torna-se imprescindível. Freud sem-


pre manteve a aspiração de recuperar a verdade histórica a partir da narra-
tiva do paciente. Hornstein (2003) aponta para a possibilidade de articulação
dos acontecimentos históricos significativos com as montagens fantasiosas
que acompanham suas representações psíquicas, ou seja, encontrar rela-
ções entre circunstâncias reais e da fantasia e articulá-las com a interpre-
tação que o sujeito elaborou acerca do vivenciado. Historicizar implica con-
siderar que a história não é uma estrutura invariável nem um conjunto de
acontecimentos imprevisíveis.

Desde a primeira sessão a história oficial é confrontada com aquela


que o analista ajuda a construir, analisando as formações de com-
promisso. Os testemunhos do passado são os sintomas, as transfe-
rências, as repetições, as formações de caráter, os sonhos e também
as recordações.
HORNSTEIN, 2003, p. 102, (tradução nossa)

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Vídeo
Como Aprender a Escutar o Outro?

Justifica-se, então, a análise dos suportes teóricos que sustentam a práxis do ana-
lista; considerar o psiquismo como um sistema aberto, que o psiquismo produz e
reproduz continuamente efeitos de uma história, implica colocar a escuta em um
campo intersubjetivo, ou seja, no campo da transferência. Entretanto, ainda que
analista e analisando estejam incluídos no mesmo campo, não há entre eles uma
relação de simetria. É a capacidade de escuta do analista que garante a assime-
tria necessária ao processo. Escuta da pulsão, que insiste no alicerce de cada pa-
lavra. Escuta da pulsão evocada em cada palavra. Vivência pulsional reatualizada,
repetida, insistente na busca por satisfação. Escuta que mantém a transferência,
mas não se confunde com ela, não cede à convocatória constante do paciente.

O analisando se dirige ao analista como sendo o único destinatário


de sua palavra, o que não é mais que a tentativa que o analisando
faz de articular seu desejo a uma presença concreta. De atribuir ao
desejo um objeto para não reconhecer que o desejo, em sua impos-
sibilidade de satisfazer-se, implica em uma falta, em uma ausência.
ALONSO, 1988, p. 3

A escuta pressupõe a abstinência do analista, impedindo uma satisfação subs-


tituta do desejo e remetendo o sujeito às origens infantis de seu amor. Desejos
que, ao não serem satisfeitos, abrem a possibilidade de ressignificação.

A importância da escuta na Psicanálise vai se evidenciando à medida que per-


corremos os textos freudianos. As recomendações da técnica, assim como os
desenvolvimentos teóricos, apontam sempre para a preocupação de Freud de
que a Psicanálise não perdesse o que a diferenciava das demais possibilidades
terapêuticas: o valor dado ao autoconhecimento e à liberdade pessoal. O que
visa ser escutado na Psicanálise resulta em uma Psicanálise da escuta. Os lapsos,
os sonhos, as repetições, os sintomas, enfim, as formas de subjetividade – livres
de uma classificação ou de rótulos – abrem espaços de singularidade.

Inconsciente e Recalque
Sabe-se que Freud não foi o primeiro a falar em Inconsciente; entretanto, suas for-
mulações levaram propriamente a esse conceito e a uma teoria do Inconsciente

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cujas particularidades levam a uma distinção entre inconsciente simplesmente
dito e o que se chama de Inconsciente psicanalítico. Como explica o próprio Freud,
num artigo de 1938/1989 intitulado “Algumas lições elementares de Psicanálise”,
sua inovação não está no fato de falar de inconsciente, e sim de levá-lo a sério, dar-
-lhe um conteúdo novo, conhecer-lhe as características e as leis de funcionamento.

O fundador da Psicanálise fazia uma distinção em alemão entre o Inconsciente


como instância do aparelho psíquico e inconsciente como adjetivo para qualificar
algum acontecimento psíquico. Para instâncias do aparelho psíquico, as abrevia-
turas são: Inconsciente = Ics; Pré-Consciente = Pcs; Consciente = Cs. Assim, Freud
discrimina o que chamamos, em geral, de “inconsciente”.

Podemos utilizar a palavra inconsciente em um sentido descritivo para designar


uma representação (uma ideia, uma imagem) que está fora da consciência, mas
pode, sem esforço, tornar-se facilmente consciente por uma ação da vontade da
pessoa ao voltar sua atenção para essa representação. Dizemos que se trata de
uma representação inconsciente.

Quando, porém, nos referimos a representações (ideia, imagens, desejos) como


atos psíquicos que não são passíveis de se tornar, por um simples ato da vonta-
de, conscientes; dizemos que pertencem ao sistema Inconsciente e, nesse caso, a
palavra inconsciente é usada como substantivo (o Inconsciente) para denominar
o sistema que contém tais representações. Ele representa internamente o que lhe
é dado. Ideias, imagens, palavras representam realidades externas e internas à
consciência. Freud amplia a noção de representação de dois modos: 1) introduz a
noção de representações do Inconsciente; e 2) além de ideias, imagens e palavras,
concebe também os atos psíquicos como representações (FREUD, 1989, 1995).

Depois de 1920, Freud formulou a segunda tópica, explicando o funcionamento


do aparelho psíquico em termos de ego, id e superego; ele não abandonou a
primeira tópica. O id corresponderia à parte mais primitiva e inacessível da per-
sonalidade; o superego seria o índice do máximo de moralidade assimilado pelo
indivíduo; o ego seria um mediador entre o id e o superego, corresponderia ao
eu que tem consciência da realidade, mas que extrai sua força do id e segue o
superego em sua conexão da realidade.

Quanto ao recalque, Freud, em artigo de 1914 diz que a teoria do recalque é


a pedra angular em que se assenta todo o edifício da Psicanálise. Ora, esse
termo é usado muitas vezes por Freud com um sentido que o aproxima de
“defesa”, como um dos métodos de defesa utilizados pelo eu de cada indiví-
duo. É empregado para designar o destino das representações eliminadas
da consciência e que constituem o núcleo de um grupo psíquico separado
– o Inconsciente. E por isso diz-se que o recalque institui o Inconsciente. A

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essência do recalque, diz Freud em 1915, consiste apenas no fato de afastar e
manter a distância do Consciente.

Em 1915, um dos textos da metapsicologia de Freud foi dedicado ao recalque.


Nele, Freud apresenta uma teoria do processo de recalque na qual este se dá
em três momentos. O primeiro é chamado recalque “originário”, com o qual se
cria o primeiro núcleo inconsciente funcionando como polo de atração para os
elementos a recalcar; o segundo é o recalque propriamente dito, unindo a essa
atração uma repulsa por parte do eu do indivíduo; por fim, haveria o “retorno
do recalcado”, que aparece sob a forma de sintomas, sonhos, atos falhos etc. O
recalque é, portanto, descrito como uma operação dinâmica, em que está impli-
cada a manutenção de um contrainvestimento (uma força que mantém os con-
teúdos no Inconsciente) e sempre passível de ser posta em causa pela força do
desejo inconsciente que procura retornar à consciência e à motilidade.

Na clínica, aos poucos Freud foi descobrindo uma regressão das lembranças à
infância até chegar ao ponto de haver um desejo incestuoso fantasiado. É impor-
tante ressaltar que não existe uma questão genital que a criança fantasia, mas
sim algo relacionado ao sexual de maneira mais ampla, até porque a criança não
imagina o ato sexual em si. A diferença sexual adquire um valor e no final da ex-
periência edípica, a criança recalca isso que aparece como desejo incestuoso na
fantasia e se dirige a outros objetos. Reencontra essa fantasia na adolescência e
aí precisa reelaborar aquilo que viveu na infância.

Vídeo
No Limite do Silêncio.

Fantasia e Realidade
Em sua clínica, Freud começou a perceber que as narrativas de suas pacientes
não correspondiam exatamente aos dados da realidade. Há a produção de uma
realidade psíquica tal como a pessoa consegue representar, marcada pela fanta-
sia, elaboração que não significa mentira, mas tem mais a ver com o modo como
cada pessoa cria uma realidade para si a partir do que se passou na sua vida.

Assim, no capítulo 7 de sua obra A interpretação dos sonhos, Freud nos diz:
“Se olharmos para os desejos inconscientes, reduzidos a sua expressão mais
fundamental e verdadeira, teremos de lembrar-nos, sem dúvida, que também a

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realidade psíquica é uma forma especial de existência que não deve ser confun-
dida com a realidade material” (FREUD, 1900/2019, p. 411).

A distinção que Freud fez entre realidade do pensamento/psíquica e realidade


externa é introduzida pela primeira vez no Projeto para uma psicologia cien-
tífica, mas é apenas no final do capítulo 7 que ele precisa essa noção de reali-
dade psíquica, ao afirmar que “O inconsciente é a verdadeira realidade psíquica;
em sua natureza mais íntima, ele nos é tão desconhecido quanto a realidade do
mundo externo” (FREUD, 1900/1996, p. 637).

Assim, na obra Totem e tabu, publicada em 1913, ele delimita a dimensão de


uma realidade que se contrapõe à realidade material existente, dizendo que “O
que caracteriza os neuróticos é preferirem a realidade psíquica à concreta, rea-
gindo tão seriamente a pensamentos como as pessoas normais às realidades”
(FREUD, 1913 [1912-1913]/1996, p. 160-161).

Ora, com isso podemos perceber que o material com o qual a Psicanálise irá tra-
balhar clinicamente é a realidade psíquica, por isso que Jorge (2022) lembra que
Lacan chegou a afirmar que o valor da Psicanálise está em operar sobre a fanta-
sia. Afinal, o sujeito cria uma realidade subjetiva de modo a lidar dialeticamente
com uma realidade externa.

Isso fez com que Freud abandonasse o que se chama “teoria da sedução” em
prol de uma teoria da fantasia. O psiquiatra austríaco deixou de acreditar na
neurótica, como revela na carta dirigida a Fliess, e abandonou a hipótese de que
a neurose seria proveniente de um trauma existente na realidade concreta do
passado de cada pessoa.

No texto “Uma criança é espancada” ou “Bate-se numa criança”, Freud então


abordou como essas fantasias que permanecem inconscientes e na análise
podem ser trazidas ao consciente são da ordem das fantasias incestuosas, como
resíduos do final da fase edípica. Em suas próprias palavras, “a fantasia de espan-
camento e outras fixações perversas análogas também seriam apenas resíduos
do complexo de Édipo, cicatrizes, por assim dizer, deixadas pelo processo que
terminou” (FREUD, 1926-1929/2014, p. 208).

Ou seja, quando se tem a conclusão do atravessamento da fase edípica, vemos


que as fantasias incestuosas – que são da ordem da imaginação em relação ao
sexo (sexualidade no sentido mais amplo), mas não dizem respeito às genitálias
– constituem o Inconsciente. E, com efeito, é justamente isso que marca a dife-
rença entre a neurose e a psicose, já que na psicose não há fantasia, mas sim
delírio, enquanto o neurótico de certa forma se protege do acesso ao real trau-
mático da realidade a partir da fantasia. Como afirma Freud: “Vemos, assim, que

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tanto na neurose quanto na psicose interessa a questão não apenas relativa a
uma perda da realidade, mas também a um substituto para a realidade” (FREUD,
1925b/1996c, p. 65).

A fantasia é o que dá enquadramento da relação do sujeito com a re-


alidade: sua janela para o mundo. É dela que o sujeito tira a seguran-
ça do que fazer diante das situações que a vida lhe apresenta. A aná-
lise, ao levar o sujeito a atravessar a fantasia, promove um abalo e
uma modificação, nas relações do sujeito com a realidade, levando-o
a uma zona de incerteza, pois ele é largado pela âncora da fantasia.
QUINET, 2002, p. 104

Recordar, Repetir e Elaborar


Na trajetória de vida do sujeito, sua relação com a memória é um fator intrínse-
co a processos cotidianos, de aprendizagem, cognitivos, afetivos e tantas outras
dinâmicas. Não se ignora facilmente tal princípio no trabalho sobre o psiquismo
humano, sendo essa uma atividade mental de extrema proeza, tampouco a im-
portância que os registros mnemônicos vão circunscrever na história de vida do
sujeito, de forma a ser tão distintos e singulares até mesmo em relação ao seu
par mais semelhante.

São as nossas lembranças que compõem, muitas vezes, aquilo que é da ordem
do que vivenciamos, que pertence ao passado e pode ou não incidir no presente
e futuro. O que se situa, portanto, no campo do esquecer e do lembrar? De que
forma tais dinâmicas são concebidas dentro da Psicanálise? O recordar, trabalha-
do por Freud desde os primórdios do seu método, é a relação do sujeito neuróti-
co com a sua memória? Freud utilizou o termo “recordar” quando trabalhou em
seu artigo sobre lembranças encobridoras (deckerinnerung), de título homônimo
e publicado em 1899, tema que também nos interessa nesta discussão.

Essa noção partiu de sua experiência clínica com as neuroses e a escuta frequen-
te de lembranças fragmentadas do período infantil, época da vida à qual ele dava
suma importância, sobretudo pela sua relação com conteúdos patogênicos. O
próprio Freud atentou-se aos conteúdos de sua infância, tendendo a recordar
conteúdos isolados e, muitas vezes, duvidosos, mas que acreditava terem lhe
causado profunda impressão para serem retidos na memória; no entanto, dizia
não se surpreender ao esquecer aquilo que julgava relevante ou se recordar de
algo supostamente sem importância.

Assim, quando percebeu a ligação entre a vida infantil e a histeria em sua experi-
ência clínica, Freud estabeleceu a diferença entre amnésia patológica e amnésia

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normal, compreendendo a primeira como a supressão de conteúdos que vão ser
percebidos por uma ligação íntima com a instalação de uma neurose, enquanto
a segunda seria o processo tido como um esquecimento natural das vivências de
uma tenra idade. Desse modo, Freud acreditava que duas forças distintas atuam
no mecanismo de lembranças do neurótico; enquanto uma procura lembrar, a
outra busca resistir e impedir a lembrança, sem que precisamente se anulem ou
se sobreponham uma à outra.

O que ocorre é um processo de conciliação, resultando na substituição de uma


imagem original por outra, ou seja, o que pode ocorrer no processo das lembran-
ças infantis é justamente a recordação de:

elementos não essenciais dessa mesma experiência […], um caso de


deslocamento para alguma coisa associada por continuidade; ou,
examinando-se o processo como um todo, de um caso de recalca-
mento acompanhado de substituição por algo próximo (seja no es-
paço ou no tempo).
FREUD, 1969a, p. 44

A repetição é vista como um dos conceitos mais importantes e discutidos da clíni-


ca psicanalítica. Diante da sua extensa elaboração, é possível discutir não só seus
efeitos dentro da análise, mas a função que possui na história de vida do pacien-
te, constituindo-se, inclusive, como parte de outros fenômenos que compõem as
técnicas psicanalíticas propostas por Freud.

Assim, nas memórias da Psicanálise, as descobertas sobre o funcionamento psí-


quico levaram Freud a fazer e desfazer laços com muitas teorias e conceitos, tor-
nando-se importante revisitar brevemente o salto migratório da teoria catártica
de Breuer para o método associativo de ideias proposto por Freud, uma vez que
a historicidade do conceito de repetição começou a ser desenvolvida ainda nos
primórdios da teoria freudiana.

Anos depois, no seu artigo intitulado “Recordar, repetir e elaborar”, de 1914,


Freud trabalhou de forma mais elaborada o conceito de repetição aliado à con-
cepção de resistência, sendo a repetição aquilo que não possibilita o recordar
(BARBOSA NETO, 2010). Logo no início do texto, Freud lembra justamente a im-
portância que o recordar possuía nos tratamentos hipnóticos, uma vez que pos-
sibilitava resgatar para o plano consciente as memórias inconscientes do sujeito,
sendo a hipnose a técnica que, na época, se acreditava ser a única que poderia
proporcionar esse acesso.

No entanto, Freud logo percebeu que o recordar possui algumas falhas: a primei-
ra se refere ao fato de ser impossível relembrar a totalidade daquele conteúdo

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esquecido, da mesma forma que só é possível ter acesso ao conteúdo manifesto
de um sonho, e não de todos os pensamentos oníricos sucedidos (FREUD, 2006,
2010); a segunda constatação trata do que Freud comunicou sobre o caráter do
recordar ser, na verdade, “a repetição do fato traumático em forma de atuação
(acting out)” (BARBOSA NETO, 2010, p. 74). Isto é, a repetição é a resistência que
impede o acesso à memória e surge como uma ação que tende a se repetir, sem
o que sujeito, muitas vezes, se dê conta de que está repetindo.

Em relação a isso, é válido ressaltar o objetivo da psicanálise com a concepção


do recordar; não se trata de se ater a um conteúdo empírico e cronológico, mas
de perceber as falhas que o ato de recordar possui e a importância de levar em
conta as representações que incluem “as fantasias, ressignificações e a necessi-
dade pessoal de justificativa para um fato histórico individual” (BARBOSA NETO,
2010, p. 76), para além da investigação do acontecimento traumático e da exata
cena primária.

A recordação, nesta perspectiva, é mediada pela linguagem, deman-


dando tempo para elaboração. O processo de simbolização, típico da
análise, se faz levando-se em conta dois aspectos: 1) a cena traumá-
tica esquecida nunca é recordada totalmente, mesmo porque o trau-
ma não se reduz a ela, mas também a outras cenas; 2) o recordar em
questão é no sentido da tomada de consciência, esta como lugar de
representação-palavra associada à representação-coisa. […] Já não se
trata de recordação enquanto lembrança.
BARBOSA NETO, 2010, p. 99

Desse modo, partindo para outra perspectiva mais à frente da teoria freudiana
sobre a repetição, verificamos no seu texto Além do princípio do prazer, de
1920, um novo olhar para o fenômeno do repetir (FREUD, 1996a). Não é o caso
de excluir as primeiras elaborações trabalhadas no artigo de 1914, mas de am-
pliar tal conceito (BARBOSA NETO, 2010), a fim de compreendermos do que se
trata a compulsão à repetição. Afasta-se a resistência como causa única da repe-
tição e o princípio do prazer como única instância que rege o aparelho psíquico;
parte-se, agora, para a associação do ato de repetir com o conceito da pulsão
de morte, ou seja, da “pura intensidade pulsional, excesso de excitação que, por
não ter representação, causa consideráveis transtornos ao funcionamento psí-
quico” (BARBOSA NETO, 2010, p. 88). Assim, explica-se o que leva os sujeitos a
repetirem, na maioria das vezes, experiências negativas, ligadas ao desprazer e
que causam angústias e sofrimento, por vezes até mesmo com consequências
diretas em suas vidas.

Existe, dessa forma, o que Freud (1996a) chamou de tentativa de retornar


ao inanimado, ao estado inorgânico; e na busca por dar conta do excesso de

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excitação causado pelo evento traumático, a força pulsional gerada tende a
se repetir de forma compulsiva, tendo como objetivo a sua satisfação plena e
total. Assim, “a repetição, nesta perspectiva, dá-se com o sujeito atuando: reto-
ma o sofrimento vivido na infância, revivendo-o como se ele fosse oriundo do
presente” (FREUD, 1996a, p. 111).

Resgatamos, portanto, a mesma pergunta que Freud fez em seu artigo e tende
a respondê-la: o que o sujeito repete e atua de fato? Nas palavras de Freud
(1914/2010, p. 96):

A resposta será que ele repete tudo o que, das fontes do reprimido,
já se impôs em seu ser manifesto: suas inibições e atitudes inviá-
veis, seus traços patológicos de caráter. Ele também repete todos
os seus sintomas durante o tratamento. E agora podemos ver que
ao destacar a compulsão de repetição não adquirimos um novo
fato, mas uma concepção mais unificada. Para nós se torna claro
que a condição doente do analisando não pode cessar com o início
da análise, que devemos tratar sua doença não como assunto his-
tórico, mas como um poder atual. Essa condição doente é movida
pouco a pouco para o horizonte e o raio de ação da terapia, e, en-
quanto o doente a vivência como algo real e atual, devemos exercer
sobre ela o nosso trabalho terapêutico, que em boa parte consiste
na recondução ao passado.

Saiba Mais
Na verdade, acontece de modo automático uma reedição de
todo trauma, esperando resultado diferente.

• O que ocorre são ações repetidas que causam o mes-


mo sofrimento, sem o indivíduo saber que está repe-
tindo. Por isso, a repetição é um conceito fundamen-
tal da Psicanálise;

• Se temos a capacidade de repetir, podemos levar o


processo ao consciente e obter resultados diferentes
sem sofrimento.

O trabalho da elaboração vem por essa via. Podemos compreendê-lo a partir


do que o próprio Freud nos lembra no texto central dessa exposição: a elabo-
ração é uma superação das resistências, do trabalho do analista em perceber
o conteúdo a que seu analisando resiste e sinalizá-lo, informá-lo, convocá-lo a

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deixar este lugar. É uma tarefa que, para os principiantes, se tornou a percepção
de uma piora, mas Freud tende a assegurar que não se trata de alcançar uma
cessação das resistências de forma imediata, tampouco dos sintomas, mas de
compreender a importante precisão de dar tempo a esse sujeito, um tempo que
ultrapassa uma única sessão. Dessa forma, é preciso permitir que o sujeito “se
enfronhe na resistência agora conhecida, para que a elabore, para que a supere,
prosseguindo o trabalho apesar dela, conforme a regra fundamental da análise”
(FREUD, 1914/2010, p. 91).

No surgimento da “neurose de transferência”, Freud marcou a importância das


intervenções do analista para o advento da mudança no caminho das repetições
do analisando, pois para que isso ocorra é preciso superar as resistências. O psi-
quiatra diz que “O analista deve revelar a resistência que nunca é reconhecida
pelo paciente e familiarizá-lo com ela” (FREUD, 1914/2010, p. 90). Por meio da
angústia que o sujeito apresenta em análise, é possível que o analista consiga
direcioná-lo a reconhecer suas resistências por meio do ato da repetição e, dessa
forma, proporcionar o movimento da familiarização das resistências, seguindo
com a análise.

A elaboração é uma forma de lidar com a resistência, que é proveniente da re-


petição que não foi simbolizada, ou seja, o sujeito, ao repetir por meio da atu-
ação, rememora eventos e reproduz situações não mediadas pela linguagem.
Contudo, quando ele consegue simbolizar o evento ocorrido pela repetição, ou
seja, pela atuação, este se torna consciente, podendo de alguma forma racio-
nalizar o ocorrido e, assim, elaborar a lembrança do ato de repetir simbolizado,
podendo ser articulada com outras ideias inconscientes.

Freud demonstrou em seus textos a preocupação em realizar a interpretação


das resistências como um método de simbolização à atuação de recordar, pois
enfatizava que era (e é) necessário manter a repetição dentro da esfera psíquica,
pois assim o sujeito não atuaria na repetição da neurose de forma automática,
sem antes refletir sobre suas ações. Dessa forma, o tratamento analítico se resu-
miria ao processo que se inicia na rememoração, no entendimento de conteúdos
que antes eram inconscientes e que passaram a ser conscientes para o sujeito.
Então, a partir desse ponto, o sujeito teria condições de dar um novo significado
aos acontecimentos e uma nova forma de ver os fatos, ou seja, esses conteúdos,
que são coesos no sujeito, fazem parte de quem ele é, mas em uma nova varian-
te, pois não causam mais dor.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LEITURA

Compulsão à Repetição e o Princípio de Prazer


Artigo de André Green para a Revista Brasileira de Psicanálise (v. 4, n. 41,
p. 133-141, 2007).
https://bit.ly/3teRdBP

LIVROS

As Perspectivas Futuras da Terapêutica Psicanalítica


FREUD, S. As Perspectivas Futuras da Terapêutica Psicanalítica. In: FREUD,
S. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard
brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1970.

Recomendações aos Médicos que Exercem a Psicanálise


FREUD, S. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. In:
FREUD, S. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição
standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 2006.

Sobre o Início do Tratamento


FREUD, S. Sobre o Início do Tratamento. In: FREUD, S. Obras psicológicas
completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro:
Imago, 2006.

“Recalque ou Recalcamento” e “Recalque (ou recalcamento) Originário


ou Primário”
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. Recalque ou recalcamento” e “Recalque
(ou recalcamento) originário ou primário. In: LAPLANCHE, J.; PONTALIS,
J. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
REFERÊNCIAS
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BARBOSA, M. T. Freud e a criação da técnica psicanalítica. Ayvu: Revista de Psicologia,


Niterói, v. 1, n. 1, p. 110-125, 2014.

BARBOSA NETO, E. O conceito de repetição na psicanálise freudiana: ressonâncias


clínicas na re-elaboração simbólica do repetido. 2010. Dissertação (Mestrado em Psi-
cologia Clínica) – Laboratório de Psicopatologia Fundamental e Psicanálise, Universida-
de Católica de Pernambuco, Recife, 2010.

BELINTANI, G. Histeria. PSIC, São Paulo, v. 2, n. 4, p. 56-69, 2003.

JORGE, M. A. C. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan–Vol. 2 (Nova edição):


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