Revisao de Literatura

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Universidade Federal de Minas Gerais

Departamento de Sociologia

Disciplina: Metodologia IV

Professor: Bráulio Figueiredo Alves da Silva

Aluno(a): Caio Morais Sena

Matrícula: 2017055209

Incluir mais 2 artigos principais à sua seleção de textos e desenvolver um texto


no formato da seção de revisão da literatura (modelo de artigos) demonstrando seu
domínio sobre os principais debates teóricos da área de pesquisa.
Revisão de Literatura

As indagações e inquietações sobre os objetos no ambiente escolar não são


novas. Contudo, a abordagem de entender como eles se constituem e os efeitos que
causam na escola só aparecem em investigações contemporâneas (DUSSEL, 2019).
Como apontado pelos estudos da História da Educação, os objetos possibilitam
conhecer a dimensão da materialidade e das suas influências nos processos escolares
pela variedade de materiais a serem estudados e pela dimensão histórica que apresentam
(CORRÊA, 2013).
De modo contrário, a tradição de estudos antropológicos no Brasil parece não
dar a devida importância à discussão sobre Cultura Material, tópico de estudos que
recebeu atenção muito menor dessa área no Brasil 1. Por isso, torna-se importante
retornar às contribuições dos antropólogos que discutem sobre a materialidade e os
artefatos para melhor revisar a bibliografia necessária e este projeto. Esses estudos
entendem que as “coisas” aparecem de forma periférica, ainda longe de serem
consideradas em sua agência sobre o mundo ou construtoras de nós, como nós somos
reconhecidamente seus construtores. Por essas características, elas conseguem
contribuir na formação de nossa cultura e de nós enquanto pessoas (MILLER, 2013)2.
Para Miller (2013), “trecos”, “troços” e “coisas” seriam denominações dos
objetos, ou melhor, da materialidade que nos rodeia. Appadurai (2008), inspirado nas
teorias marxistas, afirma que todo objeto passa por sua fase de mercadoria e por isso
insiste na utilização do termo como conceito universalizado para se referir aos objetos.
Enquanto isso, Ingold (2012) propõe um uso mais alargado, utilizando os termos
“coisas”, “ambientes” e “materiais” que compõem e convivem no mundo. Tomando
esses três autores como referências das discussões sobre Cultura material e
materialidade, utiliza-se dos termos “objetos” e “coisas” como fundadores do que seria
a materialidade escolar, a ser abordada.

1 Como exemplo, Daniel Miller, autor referência na área, só teve um de seus textos traduzido
para o português após o ano de 2010: Troço, trecos e coisas, de 1954. Embora tenhamos poucas
traduções especializadas, tal como Miller, a antropologia brasileira voltou-se para o debate em
torno dos temas ligados ao patrimônio, mais do que sobre o olhar dirigidos aos
objetos/artefatos/coisas.
2 Miller (2013) nos atenta para o conceito de “humildade das coisas” que expressa a capacidade
dos objetos de construir pessoas mesmo que suas contribuições e presenças passem
despercebidas.
Já na área da Educação, partilhando dessa perspectiva, Cordeiro e França (2020)
alegam que se aproximar da materialidade que constitui os ambientes escolares varia os
questionamentos investigativos sobre a escola. Além de que, quando encontradas
respostas para essas perguntas, é possível se atentar aos vestígios das atividades, das
práticas diárias realizadas e das identidades dos sujeitos que ali convivem. Desse modo,
é difícil refletir sobre espaços escolares e seus elementos, como saberes e práticas,
apartadas da materialidade das coisas, pois essa outra face da escola, muitas vezes
invisível aos olhares empíricos, nos apresenta aquilo que as distinguem, desde sua
estrutura física ao fazeres docentes que ali ocorrem (CORDEIRO & FRANÇA, 2020;
PERES & SOUZA, 2011).
Como forma de exemplificar o proposto, narro uma experiência própria: quando
em contato com a Educação de Jovens e Adultos (EJA), cheguei à uma escola propondo
aulas que partissem do diálogo e dos preceitos de emancipação dos meus interlocutores,
inspirado pela leitura de Paulo Freire (2000). Entretanto, ao entrar em contato com os
alunos percebi que um quadro cheio de conceitos fazia mais sucesso que uma
disposição de carteiras para uma roda de conversa. Em consequência, ponderei sobre o
distanciamento entre formação teórica e realidade prática, questão discutida por Tardif
(2002) e me perguntei: Qual encantamento tem o quadro para esses alunos que não tem
a roda de conversa? baseado no conceito de “encantamento" de Gell (2005). Buscando
respostas, comecei a entender que jovens e adultos retornam à escola em busca “do
resgate de um tempo perdido” (GALVÃO & DI PIERRO, 2007), por conteúdos e
conhecimentos atrelados ao professor, com uma noção de “aprender com quem sabe”
(CARLOS, BARRETO, 2005 p.65). Portanto, é possível perceber que objetos, nessa
situação, agenciam tanto as preferências dos alunos, quanto as reflexões feitas por mim,
para melhor adequar práticas de ensino às especificidades da EJA. Ou seja, uma cadeira
ou uma mesa no contexto escolar não são só cadeiras e mesas. Quando em relação aos
sujeitos, ela passa a ser, além de um móvel, uma ferramenta de organização da sala de
aula e das relações de ensino e aprendizagem. Ou seja, compõe o habitus dos
professores em sala e a cultura escolar (BENITO, 2018).
Ademais, cadeiras e mesas não são os únicos objetos de se analisar, quando o tema da
Materialidade escolar é posto em pauta. Existem outros objetos influentes na escola, e
nas práticas ali construídas. Entre eles é possível citar desde coisas de usos mais
específicos como a calculadora dos professores de matemática; os jalecos das
pedagogas; a quadra e as bolas das aulas de educação física e as tintas e o ateliê dos
educadores de arte; até exemplos de usos mais gerais como pincéis, quadros e
apagadores.
Assim, mesmo constantemente tendo seus sentidos e necessidades
resignificados, esses objetos colaboram na construção dos sentidos da profissão do
docente, na qual professores os manuseiam e reproduzem saberes, constituindo dessa
forma, uma “tradição do ofício” (BENITO, 2017). Com este exemplo, é possível
entender a proposição de Martin Lawn de que o entorno material que rodeia os agentes
escolares os constroem e condicionam formas de comportamento, exigindo que os
professores utilizem e revisem suas experiências profissionais e a própria perspectiva
sobre as atividades de ensino que desenvolvem (LAWN 2018 Apud CORDEIRO &
FRANÇA; 2020). Logo, é possível criar uma compreensão de práticas docentes
construídas por objetos nas esfera dos “saberes, léxicos, normas, mas, especialmente,
nos fazeres cotidianos na sala de aula” (CORDEIRO & FRANÇA; 2020 p.108).
Se neste trabalho pretende-se tratar sobre questões que constituem o ser
professor, é necessário discutir o que se entende por profissionalidade docente, pois é
por meio dela que professores expressam conhecimentos profissionais que possuem,
modos individuais de ser e operar como docente e a própria identidade profissional
(GORZONI, DAVIS; 2017). Desta forma, esse conceito baliza esta investigação por
contribuições teóricas que entendem o desenvolvimento profissional e a
profissionalidade docente de forma contínua, estendida ao longo das trajetórias de
formação e experiências de trabalho3, como apresentado por Morgado (2011). Além
disso, direciona este estudo à dimensão pessoal e subjetiva do docente, por entender que
processos biográficos se relacionam com a vivência de professores e com a construção
de suas práticas educativas, aproximando-se do estudo de Ambrosetti e Almeida (2009).
Ou seja, entender que a profissionalidade docente relacionada às questões de identidade
e de saberes da profissão é fundamental a este projeto (FERREIRA, 2009).
Consequentemente, esses referenciais nos permitem analisar a materialidade
escolar e as relações criadas entre professores-objetos por meio de uma perspectiva de
compartilhamento de vidas entre eles, de trabalhos que definem identidades
profissionais e possibilitam abordar com os sujeitos da pesquisa questões referentes ao
impacto cultural que esses objetos geram em seus caminhos docentes (CORDEIRO &
FRANÇA; 2020). Por isso, os autores anteriormente mencionados colaboram com os

3 Nas discussões do campo da Profissionalidade docente não há consenso entre os autores sobre quando
se dá o início dessa formação, sendo ela pontual ou contínua (GORZONI, DAVIS; 2017).
intuitos deste projeto ao sustentarem que professsores operam com a materialidade da
escola ao firmarem “uma relação dialógica com uma cultura material escolar e que esta,
não só é constitutiva do ofício docente, como também se constitui a partir dele”
(CORDEIRO & FRANÇA; 2020 p.108). Isto é, permite o reconhecimento de outros
atravessamentos como componentes do ser professor.

Referências bibliográficas

AMBROSETTI, Neusa Banhara; ALMEIDA, Patrícia Cristina Albieri de.


Profissionalidade docente: uma análise a partir das relações constituintes entre os
professores e a escola. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 90, n.
226, p. 592-608, set./dez. 2009.

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de; PLACCO, Vera Nigro de Souza. Processos
psicossociais na formação de professores: um campo de pesquisas em Psicologia da
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APPADURAI, ARJUN. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva
cultural Tradução de Agatha Bacelar - Niterói: Editora da Universidade Federal
Fluminense, 2008. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Setenta, 1979.

BARRETO,Vera; CARLOS, José. Um sonho que não serve ao sonhador. In:


Construção coletiva: contribuições à educação de jovens e adultos. Brasília: UNESCO,
MEC, RAAAB, 2005 p.63-68.

CASTRO, Marcelo Macedo Corrêa e Castro AMORIM, Maria de Almeida Rejane A


Formação Inicial E A Continuada: Diferenças Conceituais Que Legitimam Um Espaço
De Formação Permanente De Vida Cad. Cedes, Campinas, V. 35, N. 95, P. 37-55, Jan.-
abr., 2015

CORDEIRO, Andréa; FRANÇA, F. F. . As palavras dos professores e as coisas da


escola: materialidade escolar, mobília e fazeres docentes entre os séculos XIX e XX.
Revista Educação & Emancipação, V. 13, P. 94, 2020.

CORRÊA, R. L. T.Cultura, material escolar e formação de professores: como


disciplinar o corpo imagens e textos Educarem Revista,Curitiba,Brasil,n.49,p.183-
205,2013. Editora UFPR

DUSSEL, I. La cultura material de la escolarización: reflexiones en torno a un giro


historiográfico. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 35, n. 76, p. 13-29, jul./ago.
2019.

ESCOLANO BENITO, A. A escola como cultura: Experiência, memória, arqueologia.


Campinas, SP: Ed. Alínea, 2017.

ESCOLANO BENITO, A. Etno história e Cultura Material da Escola: a educação nas


Exposições Universais. In: SILVA,G.da,V.L.; SOUZA,G. de; CASTRO, C.A Cultura
material escolar em perspectiva histórica:escritas e possibilidades.Vitória:EDUFES,
2018, p. 93-118.

FERREIRA, Márcia Ondina Vieira. Discutir educação é discutir trabalho docente: o


trabalho docente segundo dirigentes da Confederación de Trabajadores de La Educación
de La República Argentina. Revista Brasileira de Educação, RJ, v. 14, n. 41, p. 281-295,
2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 35.


ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. 146p.

GALVÃO, A. M.; DI PIERRO,M.C. Preconceito contra o analfabeto. São Paulo:Cortez,


2007. GELL, Alfred. 2005A tecnologia do encanto e o encanto da tecnologia.
Concinnitas 6 p.41-63

GORZONI, Sílvia De Paula e DAVIS, Claudia. O Conceito De Profissionalidade


Docente Nos Estudos Mais Recentes. Cadernos De Pesquisa V.47 N.166 P.1396-1413
Out./Dez. (2017)

INGOLD, Tim Antropologia e/como educação Tradução Vitor Emanuel Santos Lima,
Leonardo Rangel dos Reis. Petrópoli,RJ: Vozes, 2020 (Coleção Antropologia)

INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo
de materiais. Horiz. antropol. [online]. 2012, vol.18, n.37, pp.25-44.

MILLER, DANIEL. Trecos, Troços e coisas: Estudos antropológicos sobre a cultura


material. 1954 Tradução: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. Tradução de:
Stuff
MORGADO, José Carlos. Identidade e profissionalidade docente: sentidos e
(im)possibilidades. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro,
v. 19, n. 73, p. 793-812, out./dez. 2011.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

- Texto 1 -
La cultura material de la escolarización: reflexiones en torno a un giro
historiográfico

Nome: Inês Dussel


Formação: Graduação, Mestrado e Doutorado em Ciências da Educação
Onde trabalha/pesquisa: México
Instituição: Universidad Del Coyoacán.
Quantidade/qualidade dos trabalhos publicados: Possui 60 Artigos publicados em
grande parte por revistas internacionais. A maioria dos artigos possui DOI e tem seu
fator de impacto quantificado no JCR e Web of Science.
Áreas de interesse dos autores do artigo: Desigualdades educacionais no mundo
Digital, Uso de Meios Digitais no ensino de Ciências sociais

Resumo Geral
Como primeiro artigo referência deste projeto de monografia, trago o texto
escrito pela autora Inês Dussel, no qual se analisa teorias e metodologias que
contribuíram para que a área da história da educação se voltasse à materialidade escolar.
Desse modo, com este trabalho se objetivou debater a importância da aproximação entre
a materialidade e a espacialidade escolar e o reconhecimento de que quando inscritos
em trajetórias, os objetos se movimentam junto a redes de relações humanas e não
humanas. Além disso, este texto nos atenta para a importância dos efeitos da interação
entre os pesquisadores, os objetos e o passado para a construção de pesquisas que tratem
sobre escola, história e materialidade. Partindo dessas ideias, a autora também utiliza de
reflexões sobre fotografias escolares como fontes históricas, ora para tratar sobre o
ambiente e seus sujeitos, ora sobre os uniformes, objetos e e outras questões pertinentes
ao mundo escolar e seu funcionamento mais geral.
A escola como espaço material
Em sua introdução a autora tenta questionar o conceito de "escola", retomando-o
historicamente e o que entendemos por ele na contemporaneidade. Assim, trás a ideia
dessa instituição como um espaço material devido a presença dos objetos e das práticas
escolares que vão além dos aspectos imateriais do ensino. Ademais, também questiona a
ideia de uma materialidade fixa e coloca que a escola não é constituída apenas por uma
estrutura física, como também por objetos móveis (como as vestimentas de alunos,
professores e funcionários) e por artefatos didáticos (como os livros, as carteiras e os
quadros das salas de aula).
Consequentemente, ela chega a conclusão na primeira parte do texto de que a
escola moderna implicou na conformidade de um espaço com objetos específicos, que
vem sendo apontados como importantes por pedagogas há algum tempo. Ou seja,
mesmo já sendo discutidos que os objetos são abordados de modo mais profundo pela
literatura atual. Escritos que vem se indagando sobre como essa materialidade escolar
se constituiu e que efeitos ela produz. Portanto, podemos traduzir como principal
questionamento do artigo a seguinte pergunta: De que se trata a virada teórico e
metodológica que se volta a escola desde um olhar que perpasse a cultura material
escolar?
Continuando a linha de pensamento do texto, a autora afirma que ao assumir
essa mudança de perspectiva sobre os materiais é possível variar os questionamentos
sobre a escola e romper com a visão normativa sobre os materiais e o próprio o
fetichismo a eles direcionados. Para a autora, tentar ver a escola por meio dos materiais
inclui entender que os objetos são participantes plenos das redes sociais que ali ocorrem,
não apenas atuando passivamente de nosso mundo, mas gerando efeitos sobre ele, assim
como esse mundo atua e constrói esses objetos. Ou seja, que essa materialidade
condiciona e cria outras relações no espaço em que se encontram.
Nas palavras da autora: "el giro material no busca animar lo inanimado (no es
que de pronto los objetos ‘cobren vida’), sino darles a los objetos un espesor y una
capacidad de acción no intencionada pero influyente en el curso de la historia humana.
Somos lo que somos por la interacción con los objetos, así como ellos lo son por esas


interacciones.

O Trabalho com as fontes desde a perspectiva da virada material


Ao desenvolver seus argumentos a autora utiliza de suas experiências próprias
de pesquisa e conta um pouco sobre o tema das vestimentas escolares e o uso de
fotografias como registro histórico, desde uma perspetiva material. Para ela, o uso das
fotografias não é por acaso mas foi utilizado pois são uma das poucas fontes ainda
acessíveis e à própria relação da autora com as fotografias.
Debate que gera questionamentos como os seguintes: o que as fotografias
podem apresentar em relação aos uniformes escolares? Seriam essas fotos apenas
representações? Para a autora a resposta se encontra na capacidade da fotografia de se
constituir como um artefato, uma memória sobre o passado, formado por uma
materialidade própria e não apenas exercendo função representativa. Ou seja, ao discutir
sobre o surgimento da fotografia, suas funções e a sua utilização ao longo do tempo, a
autora conclui que as fotografias estão situadas e não podem ser lidas como fontes
autônomas e independentes de quem as tiraram e de quem as analisa posteriormente.
Como colocado por ela ao final deste tópico de discussão: "En mi caso, eso
implicó revisar mi vínculo con los uniformes y también con las fotografías escolares,
recuperando una memoria sensible sobre su producción y circulación que permeaba el
vínculo con esas fuentes y sometiéndola a revisión y crítica.”
Conclusões
Por fim, a autora reforça a necessidade de se atentar ao proposto pelos objetos,
com atenção direcionada às minúcias e vínculos gerados por eles. Para isso utiliza de
dois autores que foram cruciais à seu direcionamento aos objetos. Sendo eles: Walter
Benjamin e Michel Foucault.

Referência: DUSSEL, I. La cultura material de la escolarización: reflexiones en torno a


un giro historiográfico. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 35, n. 76, p. 13-29,
jul./ago. 2019.

Perguntas complementares
a) A montagem do título responde perguntas do tipo “O quê?” “Como?”
- Sim, pois o próprio título demarca o tema (Cultura Material Escolar) e o modo
de reflexão (Historiografia) mobilizado ao longo da escrita.
b) A introdução do artigo apresenta a ideia central do texto e os objetivos do
trabalho?
- Sim, a autora começa o texto deixando claro que a escrita que seguia tinha o
objetivo de discorrer sobre a importância de se investigar a materialidade
escolar, como fazê-la e os benefícios trazidos por essa perspectiva.
c) Qual é a pergunta principal do artigo (problema de pesquisa)?
- “De que se trata a virada teórico e metodológica que se volta a escola desde um
olhar que perpasse a cultura material escolar?”
· Referencial teórico e referências utilizadas pelos autores:
a) O referencial teórico apresenta as principais teorias e estudos da área de in-
vestigação?
Sim, são mobilizados ao longo do texto conceitos como Teoria Ator-Rede de
Latour; Objetos, Essência e Materiais e de Tim Ingold, Vida Social dos objetos
de Appadurai; Microfísica do Poder de Foucault;
b) A partir do referencial teórico, é possível identificar o estado da arte do
tema abordado?
- Por se tratar de um texto que questiona e discorre sobre os estudos da área da
História da Educação e Cultura Material, a autora utiliza de referências e estilos
de escritas que permitem retornar a diversas teorias e escritos do tema de estudo
abordado. Assim, apresenta um texto bastante completo em relação ao que ja foi
produzido, indicando caminhos possíveis de serem seguidos.
c) As referências contemplam estudos clássicos e atuais?
- Sim, utiliza de autores mais consolidados como Ingold, Latour e Daniel Miller,
que vem publicando sobre o assunto nas últimas duas décadas e também de
estudos mais recentes, realizados a partir do ano de 2017. Além disso, trazem
teorias mais antigas como as de Michel Foucault e Appadurai.

d) Possui referências estrangeiras e nacionais?


- O Artigo é estrangeiro, escrito em língua espanhola. Ademais, trás outros
aportes teóricos em inglês e português (Autores Ingleses, Norte Americanos e
Brasileiros).
e) Quais foram os tipos de veículo onde foram publicadas as referências
bibliográficas (revistas, congressos, web, relatórios internos)? A maioria dos
textos citados foram publicados em revistas acadêmicas ou fazem parte de
livros.
- Texto 2 -
O Conceito De Profissionalidade Docente Nos Estudos Mais Recentes

Nome: Sílvia De Paula Gorzoni e Claudia Davis


Formação:
• Silvia P. G. Graduação em Faculdade de Psicologia PUC/SP. Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
• Claudia D. Graduação, Mestrado e Doutorado na área de Psicologia
Onde trabalha/pesquisa:
Silvia P. G. - São Bernardo do Campo
Claudia D.- São Paulo
Instituição:
Prefeitura Municipal de S.B. do Campo
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Quantidade/qualidade dos trabalhos publicados:
• Silvia P. G. - Possui apenas dois trabalhos publicados. O lattes é bastante incompleto
e falta algumas informações importantes.
• Claudia D. Publicou 47 trabalhos em revistas científicas entre os anos de 1990 a
2020. Grande parte dos artigos possui DOI e tem seu Fator de Impacto medido pelas
plataforma JCR ou Scopus.
Áreas de interesse dos autores do artigo: Avaliação Educacional; Ensino-
aprendizagem; Formação de Professores; Processos Cognitivos;

Resumo Geral - A Profissionalidade Docente


O seguinte artigo reune os principais autores que discutem sobre o conceito de
“Profissionalidade docente” e possui como objetivo contribuir para uma melhor
discussão teórica sobre o conceito. A revisão bibliográfica reúne autores nacionais e
internacionais que publicaram nas 5 principais revistas na área da educação entre os
anos de 2006 à 2014. A partir deste estudo foi possível concluir que a profissionalidade
docente é associada pelos autores que vem discutindo o conceito ao conhecimento
profissional; à maneira de ser e atuar como docente; ao desenvolvimento de uma
identidade profissional; à construção de competências durante a formação inicial e/ou
continuada e às experiências de trabalho do professor.

Autores que tratam do Conceito de Profissionalidade docente


O conceito de profissionalidade docente como colocado pelas autoras é
polissêmico e pode trazer varias interpretações de acordo com os autores e parâmetros
utilizados para defini-lo. Deste modo, no capítulo introdutório do texto é proposto a
conceitualização do termo de acordo com diferentes perspectivas e posteriormente a
apresentação dos pontos de convergência e divergência entre os autores, anteriormente
expostos, sejam eles nacionais ou internacionais. Abaixo apresento alguns deles e as
discussões realizadas por esses autores, como forma de resumir o debate geral
proposto.
- Contreras (2012): Discute as contradições que rodeiam a ideia de profissional,
profissionalismo e profissionalidade ao desenvolver um estudo sobre autonomia
profissional. Para ele autonomia e profissionalidade Docente estão intimamente
ligadas às condições sociopolíticas de um contexto, pois "a educação escolar é
valorizada por sua importância cultural e social.” Segundo este autor o conceito de
profissionalidade docente pode ser traduzido como desempenho, valores e intenções
que condicionam o processos de ensino e o que se pretende desenvolver como
capacidades ao longo exercício da profissão, ou seja, o modo como um professor
pretende e vive o trabalho cotidianamente. Assim, as características que constituem
essa profissionalidade são originadas da forma como esse professor entende o sentido
da educação e as suas funções.

- Gimeno Sacristán (1995): Para esses autores o professor, sendo encarregado por
orientar os processos educativos que se dão no ambiente escolar, aparecem como
sujeitos centrais na cultura da escola. Entretanto, essa centralização da importância na
figura do professor quando atrelada a função da escola como resolutora central dos
problemas exteriores e interiores a ela repercute em uma indefinição dos papéis de
ambos, professor e instituição escolar. Desse modo, ao mesmo tempo em que a prática
docente diz respeito à questões individuais, ela também passa a ser condicionada por
questões coletivas e organizacionais. Por isso, esses autores entendem que a
construção da profissionalidade docente ocorre nos diferentes contextos práticos em
que esses professores estão inseridos e em relação aos conhecimentos e habilidades
que possuem.

- Roldão (2008): Já este autor tem seu foco no desenvolvimento do profissional


desenvolvido desde as etapas iniciais de formação e não só durante o
desenvolvimento prático em sala de aula de cada professor. Ou seja, que essa
formação se inicia desde as primeiras experiências formativas mas não termina com a
certificação dos professores como licenciados. Assim, esses autores definem a
profissionalidade docente como um processo, uma progressiva construção deste “ser
professor” que se desenvolve ao longo de toda a formação do professor, seja ela
inicial ou continuada.

- Ambrosetti e Almeida (2009) vão além ao não só dizer que a formação da


profissionalidade docente é continuada como definem que essa formação é realizada
desde escolarização básica deste professor, passando pela formação profissional e
chegando até mesmo à organização escolar na qual o educador se insere e exerce a
docência. Além disso, direciona seus estudos à dimensão pessoal e subjetiva do
docente, por entender que processos biográficos se relacionam com a vivência de
professores e com a construção de suas práticas educativas.
- André e Placco (2007): Definem o conceito de profissionalidade docente a partir dos
conhecimentos, comportamentos, habilidades, atitudes e valores que um professor
possui. Além disso, valorizam o fato de a formação docente propor a construção de
uma identidade profissional influenciada e desenvolvida nos contextos de trabalho.

- Libâneo (2015): Por outro lado, este autor aproxima os conceitos de profissionalidade
docente e identidade profissional pois para ele, ambas se caracterizam por valores,
conhecimentos, atitudes e habilidades a serem utilizadas por esses profissionais ao
realizar suas aulas, ao refletir sobre questões ensino e aprendizagem e colocá-las em
prática, constituindo o próprio trabalho docente.

Portanto, o artigo ao apresentar estes autores propõe o quão necessário é discutir


o que se entende por profissionalidade docente. Seja essa discussão balizada pelos
quesitos que a definem, seja pelo período em que ela está sendo construída, pois ainda
não existe um consenso sobre o termo e é por meio dele que professores expressam
conhecimentos profissionais que possuem, modos individuais de ser e operar como
docente e a própria identidade profissional.

Referência: GORZONI, Sílvia De Paula e DAVIS, Claudia. O Conceito De


Profissionalidade Docente Nos Estudos Mais Recentes. Cadernos De Pesquisa V.47
N.166 P. 1396-1413 Out./Dez. (2017)

Perguntas complementares
a) A montagem do título responde perguntas do tipo “O quê?” “Como?”
Sim, o título expressa que o artigo se propõe a fazer uma retomada sobre as
teorias mais recentes que tratam sobre a conceituação do termo
"Profissionalidade Docente”.
b) A introdução do artigo apresenta a ideia central do texto e os objetivos do
trabalho?
A Introdução do artigo começa com a apresentação dos principais autores do
tema e as dificuldades em se conceituar o termo. Desse modo, justificando a
importância de trabalhos que retomem e comparem as diversas perspectivas
presentes na área.
c) Qual é a pergunta principal do artigo (problema de pesquisa)?
- Como os autores mais recentes, que discutem sobre Profissionalidade docente,
conceituam este termo?
· Referencial teórico e referências utilizadas pelos autores:
a) O referencial teórico apresenta as principais teorias e estudos da área de in-
vestigação? O referencial teórico tem seu foque em discussões mais recentes
sobre o conceito de Profissionalidade docente. Entretanto, se utiliza de
referências anteriores para balizar a discussão e expor as dificuldades inerentes
ao debate.
b) A partir do referencial teórico, é possível identificar o estado da arte do
tema abordado? Sim, por ser um texto de revisão bibliográfica o estado da arte
do tema é abordado de forma expressiva.
c) As referências contemplam estudos clássicos e atuais? Devido ao recorte
feito pelo artigo são dispostas as teorias mais recentes sobre o tema.
d) Possui referências estrangeiras e nacionais? Sim, o texto possui referências
nacionais e internacionais, além de contrastar a contribuição de ambas as
literaturas.
e) Quais foram os tipos de veículo onde foram publicadas as referências
bibliográficas (revistas, congressos, web, relatórios internos)? A maioria da
bibliografia mobilizada foi publicada no Indexador Scielo como Artigos
Científicos .
- Texto 3-
As palavras dos professores e as coisas da escola: materialidade escolar, mobília e
fazeres docentes entre os séculos XIX e XX
Nome: Andréa Bezerra Cordeiro e Franciele Ferreira França

Formação: Ambas possuem Graduação em Pedagogia, Mestrado e Doutorado em


Educação
Onde trabalha/pesquisa: Curitiba
Instituição: Universidade Federal do Paraná
Quantidade/qualidade dos trabalhos publicados: A primeira autora conta com 7
artigos publicados enquanto a segunda 9 artigos publicados.
Áreas de interesse dos autores do artigo: História da Educação e da Cultura Material
na Educação, principalmente nos seguintes temas: arquivos escolares, história do
provimento material da escola Primária e Normal no início do século XX, história
editorial da literatura infantil, história da educação feminina e artes manuais.

Resumo Geral
O seguinte artigo tem como objetivo relacionar o fazer docente à materialidade
escolar, ao se aproximar dos elementos que constituem a escola, os sujeitos que dela
fazem parte e as práticas formalizadas nela realizadas e as materialidades que as
distiguem uma das outras. Consequentemente, o texto retorna ao mobiliario escolar em
meados em meados do século XIX e início do século XX como forma de investigar
essas questões analisando discursos docentes no Brasil e Argentina.

As coisas da escola: um olhar sobre a materialidade escolar


As autoras do texto começam a escrita abordando um pouco sobre o que se tem
produzido no campo da educação de da materialidade. Ressaltam que de fato como já
colocado pela campo de estudos da História da Educação "a escola não se faz sem
determinada materialidade”. Assim, de modo diversificado os objetos escolares foram
chamando a atenção, sendo possível mencionar muito deles como os espaços/prédios
escolares, de cadernos, de livros, de bancos, carteiras, armários, quadro, entre outros.
Esses trabalhos que relatam sobre a importancia dos materiais e objetos nas escolas vem
relatando as suas respectivas historias, questões ligadas a produção e inserção dos
objetos no ambiente escolar e até mesmo a circulação destes objetos dentro da escola.
Portanto as autoras partem do princípio de que a dimensão material escolar é
fundamental para pensar os saberes e práticas desenvolvidas neste espaço.
Por isso, ao longo do texto existe uma movimentação de aproximação desses
elementos constitutivos da escola, ao trazer relatos sobre o cotidiano escolar e a relação
entre os sujeitos e os objetos. Deste modo, por falar em materialidade o recorte temporal
é importante. O trabalho aborda o período compreendido entre meados do séc XIX e
início do Séc XX pois em ambos os países estudados- Brasil e Argentina- houve um
aumento expressivo “dos discursos e produções” da materialidade presente nas escolas e
da profissionalização docente, devido ao aumento do número de escolas e professores
atuantes. Ou seja, o trabalho dirige-se a materialidade da escola e aos discursos de
professores como forma de compreender os processos históricos formativos desses
ambientes, atentando-se aos relações entre pessoas e objetos no cotidiano e vida escolar.
Assim, as autoras vão construindo a relação entre os discursos e a materialidade.
Para elas os materiais estariam inseridos nas práticas dos professores e na cultura
escolar e ganham sentidos a partir das interações realizadas entre sujeitos e objetos. "Por
exemplo: - por exemplo - banco, para o professor, é ao mesmo tempo: uma classe, um
móvel da escola e um instrumento de organização da escola e do ensino.” Desta maneira
narrativas que entrelacem as questões mencionadas anteriormente demonstram como as
narrativas podem surgir como fontes de se entender a relação dos professores com os
artefatos e mobiliários escolares, pois além do sentido dado em sala e na relação mais
direta os professores e sujeitos escolares relacionam esses objetos também às visões
sobre ensino e aprendizagem, às funções escolares, as relações econômicas presentes
entre a ausencia ou presença de determinado material. Além disso, ao manusear esses
objetos, os professores podem traduzir seus saberes e expressá-los de formas que não
seria possível sem os materiais.
Como forma de dar suporte ao proposto pelas teorias as autoras utilizam do
exemplo da compra de cadeiras por uma escola e discorrem sobre as implicações que a
necessidade de novas mesas e cadeiras geram sobre os espaços escolares e seus sujeitos.

Referência:
Perguntas complementares
a) A montagem do título responde perguntas do tipo “O quê?” “Como?”
- Sim, o título por ser longo consegue dar informações suficientes sobre a relação
entre materialidade e discurso como forma de se entender a relação entre ambas
em dois contextos regionais e temporais específicos.
b) A introdução do artigo apresenta a ideia central do texto e os objetivos do
trabalho?
- A introdução insere o debate sobre cultura material escolar e traça as
importantes descobertas feitas a partir de uma perspectiva que se atenta aos
materiais

c) Qual é a pergunta principal do artigo (problema de pesquisa)?


- Como a materialidade escolar e os discursos dos professores colaboram para
um retorno a história das escolas?

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