Antologia Da Poesia Paulista - Domingos Carvalho Silva, Oliveira Rebero Neto, Pericles
Antologia Da Poesia Paulista - Domingos Carvalho Silva, Oliveira Rebero Neto, Pericles
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This Volume
Presented to the Library
by
John A. Nist
1962
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PREFACIO
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JOSE DE ANCHIETA
A SANTA INES
I
Cordeirinha linda,
como folga 0 povo
porque vossa vinda
Ihe da lume novo.
Cordeirinha santa
de Jesu querida
vossa santa vinda
o diabo espanta
por isso vos canta
com prazer 0 povo
porque vossa vinda
Ihe da lume novo.
Virginal cabeca
pola fé cortada
com vossa chegada
ja ninguém pereca
vinde mui depressa
ajudar ao povo
Pois com vossa vinda
lhe dao lume novo.
também padeirinha
sois de nosso povo
pois com vossa vinda
lhe dais lume novo.
Nao é de Alentejo
éste vosso trigo
mas Jesu amigo
é vosso desejo
morro porque vejo
que éste nosso povo
nao anda faminto
déste trigo novo.
Santa padeirinha
morta com Cutelo
sem nenhum farelo
é vossa farinha
ela é€ mezinha
com que sera 0 povo
que com vossa vinda
tera trigo novo.
DA RESSURREICAO
(Ibidem)
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 13
ESTANCIA XXXV
Parte enfim para os serros pertendidos,
Deixando a patria transformada em fontes,
Por térmos nunca usados, nem sabidos,
Cortando os matos, e arrasando montes,
Os rios vadeando mais temidos
Em jangadas, canoas, balsas, pontes,
Sofrendo calmas, padecendo frios
Por montes, campos, serras, vales, rios.
(Obras Poétticas de Claudio Manoel da Cos-
ta — Tomo |! — Garnier — Rio — 1903)
14 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
ALEXANDRE GUSMAO
Alexandre Gusmdo nasceu em Santos, em 1695.
Diplomata e politico, prestou, junto ao govérno
de Lisboa, grandes servicos ao Brasil. Foi, em 1750,
um dos principais responsdveis pelo Tratado de Ma-
drid, que fizou os limites territoriais entre Portug
al
ea E'spanha, na América do Sul. Grande parte de
sua obra perdeu-se num incéndio; outra perma
nece
inédita. Gusmao, que foi irmdo do Padre Bartolo-
meu Lourenco, inventor do aerdstato, morreu
em
1753. Em 1841 foi publicado no Pérto um volume
do poeta santista, sob o titulo: “Colecdo
de Varios
E'scritos Inéditos Politicos e Literdrios’’,
ECLOGA
Pastora a mais fermosa e desumana
Que fazes de matar-me alarde e gosto,
Como é possivel que a um tio lindo rosto
,
Unisse o Céu uma alma tio tirana?
Tu cara Paulistana
Tu que gozando estas dos beneficios,
Regozijosa e ufana,
Entre faustos benéficos auspicios
De mais completo bem que inda te espera,
Dize quem mais em te exaltar se esmera?
As perfumadas minas
Pelo impulso das Aguas escavadas,
Cujas grossas ruinas
Sao hoje com dispéndio reparadas,
Que os passados descuidos manifestam,
E o teu melhoramento nos atestam.
FREI FELISBERTO
Felisberto Belém de Andrade, que também
usou 0 nome de Felisberto da Conceicéo Lara e Mo-
raes, nasceu em Sdo Paulo, em 1739. Recebeu or-
dens na Bahia e ocupou varias vézes o cargo de
prior. Adotou o nome religioso de Frei Felisberto
de Santo Anténio, que mudou mais tarde para Frei
Felisberto Anténio da Conceicéo Belém. Foi monge
beneditino e participou da Academia reunida em Sao
Paulo em 1770. Em 1798 foi eleito presidente do
Mosteiro de Sorocaba, onde morreu no ano seguinte.
Informacées biogréficas obtidas por intermédio de
D. Mauro Haag O. S. B..
ESTROFE 19
FRE! RODOVALHO
Antonio de Melo Freitas nasceu em Taubaté,
em 1740 ou pouco depois e, em 1762, professou no
Convento de S. Francisco, em S. Paulo. Participou,
como poeta, da Academia de 1770 e também da Aca-
demia de frades reunida no Rio para comemorar o
casamento do principe D. Jodo (mais tarde D. Joéo
VI) com a princesa Carlota Joaquina, realizado em
1785. Melo Freitas, que foi irmdo do padre incon-
fidente Carlos Correia de Toledo e Melo, adotou na
vida eclesidstica 0 nome de Frei Anténio de Santa
Ursula Rodovalho. Morreu em 1817.
DIALOGO
RECOLHE-SE O PASTOR ALCINO DA CIDADE PARA A SUA CABANA,
E DA NOTICIAS A GIL SEU COMPANHEIRO DAS FESTAS
CELEBRADAS NESTES DIAS
(EXCERTOS)
Alcino:
Ora gracas a Deus que sou chegado:
€ muito triste cousa andar por fora:
nao passei um sd dia sossegado.
Mas ainda assim eu nao me vinha embora ,
se os folguedos nao ficaram acabados:
quase oito dias tive de demora?
Mas quantos mereceram mil cuidados!
Tudo desconheco, tudo estranho,
até os campos parece estio trocados?
Que novas acharei do meu rebanho?
Eu suponho que tudo esta perdido;
ja sei, que as perdas sAo todo o meu ganho.
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Gil:
Alcino:
CANCAO
AROUCHE RENDON
UMA ANONIMA
A “huma Anonima, e Ilustre Senhora da Cida-
de de Sao Paulo” é atribuido o drama em versos
redondilhos — “Tristes Efeitos do Amor’, escrito
em 1797, para celebrar a tristeza da cidade pela par-
tida de Bernardo José de Lorena para Vila Rica.
Uma cépia manuscrita do drama foi encontrada em
Lisiva pelo Sr. Anténio Soares Amora, que a divul-
gou no “Anudrio da Faculdade de Filosofia “Sedes
Sapientiae”’, em 1953. A leitura da peca convence
que esta fot escrita por uma poetisa habil e versada
nos conhecimentos gerais da época. E convence
também de que a autora de “Tristes Efeitos do
Amor” era brasileira de nascimento, e provavelmen-
te paulista, a nado ser que o copista tivesse desfigu-
rado o texto. Reproduz-se nesta Antologia um tre-
cho do didlogo que, no drama, travam a Prudéncia
e a Paulicéia.
JOSE BONIFACIO
José Bonifacio de Andrada e Silva nasceu
em 1765, em Santos. Feitos os primeiros estu-
dos, seguiu, em 1783, para Portugal, onde se graduou
(por Coimbra) em filosofia, direito civil e ciéncias
naturais. Viajou por varios paises e exerceu, tanto
em Portugal como no Brasil, cargos piblicos de relé-
vo. Apés a separacdo politica do Brasil, da qual fot
um dos paladinos, fot obrigado a exilar-se, tendo
entdo publicado, em 1925, em Bordéus, a primeira
edigéo das “Poesias de Américo Elisio”. Morreu
em 1838.
ODE A PRIMAVERA
SONETO IMPROVISADO
(Ibidem)
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 33
ANTONIO CARLOS
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado
e Silva nasceu em 1773, em Santos. Diplomou-se
em direito em Coimbra e foi magistrado. Envol-
vido na revolucéo republicana de 1817, foi préso.
Beneficiado pela anistia de 1820, pertenceu a Cons-
tituinte de 1823 e foi exilado para a Franca com
seus irmdos José Bonifacio e Martim Francisco de
Andrada e Silva. Regressou em 1828 e elegeu-se
deputado em 1835. Chefe do Partido Liberal, foi
ministro do Império. Em 1845 entrou para o Se-
nado, tendo falecido em dezembro do mesmo ano.
Deizxou um “Ensaio Biografico de José Bonifacio” e
outros trabalhos em prosa. Foi poeta ocasional.
a?
A LIBERDADE
ANTONIO MARIANO
Antonio Mariano de Azevedo Marques nasceu
em Séo Paulo em 17 de junho de 1797. Menino
ainda, foi nomeado professor dos mogos da Sé
Catedral, do que lhe adveio o apelido de “Mestrinho”,
que teve por téda a vida. Em 1822 foi nomeado
professor da cadeira publica de latim e retérica da
cidade de Sao Paulo. E, a partir de 1828, fot pro-
fessor de retérica da Faculdade de Direito da mesma
cidade. Féz o curso de direito até o quarto ano e
em 1835 abandonou o magistério. Foi deputado
provincial e vice-presidente da Provincia. Morreu
em 1844. Foi poeta ocasional, apenas.
ODE
(ESCRITA NO 1.0 ANIVERSARIO DA FUNDACAO DOS CURSOS JURIDICOS)
ODE
AO ALGOZ DE 24 DE MAIO DE 1833
A POESIA
VIEIRA BUENO
Francisco de Assiz Vieira Bueno nasceu em
1821 na cidade de Séo Paulo, onde estudou, ma-
triculando-se na Faculdade de Direito em 1837. For-
mado em 1840, recebeu o doutorado em 1841. Foi
Promotor Piblico, advogado, fazendeiro, politico e
banqueiro. Traduziu em versos a “Evangelina”, de
Longfellow. Autor do livro “Grinalda de um Poeta’’
(Sado Paulo-1852). Falecew em Campinas, onde
residia.
O PESAR
MARTIM FRANCISCO
Martim Francisco Ribeiro de Andrada. Nas-
ceu em Mussidan, arrabalde de Bordeaux, na
Franca, a 10 de julho de 1825, sendo filho do sena-
dor Martim Francisco Ribeiro de Andrada e sobrinho
neto do Patriarca da Independéncia. Bacharelou-se
pela Faculdade de Direito de Séo Paulo em 1845.
Foti promotor piblico em Sdéo Paulo, Juiz Municipal
em Itu, Deputado Provincial em 1850, Deputado
Geral em 1880. Foi Professor da Faculdade de Di-
retto de Sdo Paulo. Faleceu em Séo Paulo, a 2 de
margo de 1886. Escreveu um drama — “Janudrio
Garcia, ou o Sete Orelhas’’, que logrou grande éxito
(1848). Publicou “Ldégrimas e Sorrisos’, versos,
com muitas traducées de Lamartine e Musset (Sao
Paulo, 1847).
DOIS TEMPOS
(1885)
No deserto da vida, o caminheiro
Encontra dois oasis de bonanga:
Tem um as ledas cores da esperanga,
Outro lhe mostra o pouso derradeiro.
Um deixa-Ihe entrever, no amor primeiro,
Todo o supremo bem, que nao se alcanga;
Outro lhe mostra o porto, onde descansa,
Do vaivém da existéncia o marinheiro.
ADEUS DE GONZAGA
TEU NOME
SONETO
Se te procuro, finjo de evitar-te;
E se te quero, evito mais querer-te;
Desejo quase, quase aborrecer-te,
E se te fujo estas em t6éda a parte.
(Idem, ibidem)
MEU TESTAMENTO
Vem ca, traz a tua caixa de costura,
E, em vez de eee tira o teu rosario,
O caso é sério.
Pode causar-te riso...
Tu vais servir-me agora de notério.
BARAO DE PARANAPIACABA
Jodo Cardoso de Menezes e Souza, Bardo
de Paranapiacaba, nasceu em Santos a 25 de
abril de 1827, tendo cursado a Faculdade de Direito
de Sao Paulo, onde se formou em 1848. Publicou o
livro “Harpa Gemedora” (Séo Paulo — 1840); “Jo-
celin’”? — poema de Lamartine, traducdo (Rio de Ja-
neiro — 1875); “Fdbulas de Lafontaine’ — tradu-
cao (2 volumes — ‘Rio de Janeiro — 1887); “Camo-
niana Brasileira” (1880); “Partida e Regresso”
(Rio — 1888). ‘
QUEM ME DERA!...
A BERENICE
LUIZ GAMA
Senhores do Govérno,
Que estais ai enxutos e quietos,
Na missao doce de zelar do povo;
Voés que sois filhos, netos e bisnetos
De grandes patriotas,
Olhai para éste inferno.
(O Polichinelo — 1879)
(Tradicdes e Reminiscéncias Paulistanas —
Afonso de Freitas — pag. 28)
ANTOLOGIA DA PoESIA PAULISTA 53
ALVARES DE AZEVEDO
Manuel Anténio Alvares de Azevedo nasceu
na cidade de Sado Paulo no dia 12 de setembro
de 1831 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 25 de
abril de 1852. Foi estudante da Faculdade de Direi-
to de Sdo Paulo e figura entre os seus matiores poe-
tas, tendo 0 nome gravado nas Arcadas da lendéria
Faculdade ao lado dos nomes de Castro Alves e Fa-
gundes Varela.
Em 1853-55 foram publicadas as “Obras de Ma-
nuel Anténio Alvares de Azevedo” (Rio, Tipografia
Americana de J. J. da Rocha), que lhe valeram ime-
diata consagracédo. Em 1862 foram publicadas, em
8 volumes, as “Obras de Manuel Antonio Alvares de
Azevedo” pela Livraria de B. L. Garnier, do Rio de
Janeiro, e em 1886 0 poema “O Conde Lopo’’, pelos
editéres Leuzinger, também do Rio.
SONETO
Palida a luz da lampada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
MEU SONHO
EU
O FANTASMA
O LENCO DELA
Quando a primeira vez, da minha terra
Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos timidos de pranto.
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 55
12 DE SETEMBRO
I
O sol oriental brilha nas nuvens,
Mais docemente a viragio murmura
E mais doce no vale a primavera
Saudosa e juvenil e toda em rosa
Como os ramos sem fdlhas
Do pessegueiro em flor.
Ergue-te, minha noiva, 6 natureza!
Somos sds — eu e tu — acorda e canta
No dia de meus anos!
II
Debalde nos meus sonhos de ventura
Tento alentar minha esperanga morta
E volto-me ao porvir...
A minha alma so canta a sepultura —
Nem itltima ilusao beija e conforta
Meu ardente dormir...
III
IV
Meu amor foi o sol que madrugava
O canto matinal da cotovia
E a rosa predileta...
Fui um louco, meu Deus, quando tentava
Descorado e febril nodoar na orgia
Os sonhos de poeta...
V
VI
VII
Eu vaguei pela vida sem conforto,
Esperei 0 meu anjo noite e dia
E o ideal nao veio...
Farto de vida, breve serei morto...
Nao poderei ao menos na agonia
Descansar-lhe no seio...
VIII
Passei como Don Juan entre as donzelas,
Suspirei as cangdes mais doloridas
E ninguém me escutou...
Oh! nunca a virgem flor das faces belas
Sorvi o mel nas longas despedidas...
Meu Deus! ninguém me amou!
~
IX
Vivi na solidio — odeio o mundo
E no orgulho embucei met rosto palido
Como um astro na treva...
Senti a vida um lupanar imundo —
Se acorda o triste profanado, esqualido
— A morte fria o leva...
x
E quantos vivos nao cairam frios,
Manchados de embriaguez da orgia em meio
Nas infamias do vicio!
E quantos morrerao inda sombrios
Sem remorsos dos loucos devaneios...
— Sentindo o precipicio!
XI
XII
Sao tristes déste século os destinos!
Seiva mortal as flores que despontam
Infecta em seu abrir —
E o cadafalso e a voz dos Girondinos
Nao falam mais na gloria e nao apontam
A aurora do porvir!
XIII
XIV
Fora belo talvez sentir no cranio
A alma de Goethe e reunir na fibra
Byron, Homero e Dante;
Sonhar-se num delirio momentaneo
A alma da criacio, e 0 som que vibra
A terra palpitante...
XV
XVI
AVE
XVI
(ibidem)
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA ~ 59
A MINHA ESTEIRA
SE EU MORRESSE AMANHA!
(Ibidem)
ANTOLOGIA DA PoESIA PAULISTA 61
DUARTE DE AZEVEDO
Manoel Anténio Duarte de Azevedo nasceu
em Itaborat, Provincia do Rio de Janeiro, aos 16
de janeiro de 1832, estudou no Colégio Pedro Segun-
do e matriculou-se na Faculdade de Direito de Sdo
Paulo em 1852. Foi magistrado em Séo Paulo e
Professor da Faculdade de Direito. Presidente das
Provincias do Piaui, Alagoas e Ceara sucessivamen-
te, Deputado Provincial e depois Deputado Geral por
Sdo Paulo. Grande jurista, publicou “Controvér-
sias Juridicas” e redigiu um projeto de Cédigo Civil
e Comercial para Sado Paulo. Faleceu como Pre-
sidente do Senado do Estado de Sado Paulo aos 9 de
novembro de 1912.
O TROPEIRO
PAULO EIRO
Paulo Emilio de Sales Eiré nasceu em San-
to Amaro, subirbio de Séo Paulo, a 15 de abril
de 1836. EHstudou em Séo Paulo, na Escola Nor-
mal e na Faculdade de Direito, matriculando-se nes-
sa em 1859. Abandonou o curso juridico e ingres-
sou no Semindrio Episcopal para fazer-se frade.
Nessa ocasido lancou ao fogo varias colegdes das suas
poesias. Faleceu no Hospicio de Alienados a 27 de
qunho de 1871.
Sua obra, que era vasta, se perdeu na maior
parte e déle foram publicados o drama abolicionista
“Sangue Limpo” e 65 poemas incluidos em “A Vida
de Paulo Hiro’, de Afonso Schmidt.
BEIJIO DE MAE
Quando meu peito continha
Um coragao inocente,
No regaco providente
De minha mae repousei:
Ela, entao, mal respirando,
Beijou-me, e eu acordei!...
NOITE FELIZ
PENAS DE CISNE
(Ibidem)
A TAMERLAO
TODO Y NADA
FAGUNDES VARELA
Luiz Nicolau Fagundes Varela nasceu a 17
de agédsto de 1841 no municipio de Rio Claro,
provincia do Rio de Janeiro, e faleceu em Niteroi a
18 de fevereiro de 1875. Matriculou-se na Faculda-
de de Direito de Séo Paulo em 1862, casando-se no
mesmo ano. Passou em Recife o ano de 1865, vol-
tou no ano seguinte para Sdéo Paulo, matriculando-se
no 4.° ano da Faculdade. Grande parte da poesia
de Fagundes Varela, ou pelo menos a melhor parte,
é paulista e em Séo Paulo o poeta viveu a maicr par-
te da sua vida.
Bibliografia: “Noturnas’’ — Séo Paulo, 1861;
“O Estandarte Auriverde”’ (Cantos sobre a questao
anglo-brasileira) — Séo Paulo — Tip. Imparcial de
J. R. de A. Marques, 1863; “Vozes da América” —
Sdo Paulo, 1864; “Cantos e Fantasias” — Séo Paulo
— Garraux, de Lailhacar & Cia., Livreiros Editéres,
1865; “Cantos Meridionais’” — Rio de Janeiro —
Eduardo & Henrique Laemmert, 1869; “Anchieta ou
o Kvangelho nas Selvas’? — Rio de Janeiro, 1875;
“Cantos Religiosos” — Rio, 1 878; e “Didrio de La-
zaro” — Rio, 1880. Suas “Obras Completas” foram
publicadas em 1886 no Havre, pela Livraria Garnier.
O FORAGIDO
(CANCAO}
Minha casa é deserta; na frente
Brotam plantas bravias no chao,
Nas paredes limosas o cardo
Ergue a fronte silente ao tufdo.
Cantareira — 1861
(Noturnas)
A SAO PAULO
Terra da liberdade!
Patria de herdis e berco de guerreiros,
Tu és o louro mais brilhante e puro,
O mais belo florao dos Brasileiros!
CANTICO DO CALVARIO
A MEMORIA DE MEU FILHO MORTO A 11 DE DEZEMBRO DE 1863
(Cantos e Fantasias)
RESIGNACAO
Sozinho no descampado,
Sozinho, sem companheiro,
Sou como o cedro altaneiro
Pela tormenta acoitado.
Gigante da soledade,
Tenho na vida um consolo:
Se enterro as plantas no solo,
Chego a fronte a imensidade!
(lbidem)
A FLOR DO MARACUJA
(Cantos Meridionais)
NOTURNO
(Ibidem)
80 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
CARLOS FERREIRA
Carlos Augusto Ferreira nasceu em 24 de ou-
tubro de 1844, em Porto Alegre, Rio Grande do
Sul. Aos 19 anos, com uma bélsa de estudos con-
cedida pelo Imperador, mudou-se para Séo Paulo,
mas nao chegou a ingressar na Faculdade: dedicou-se
ao jornalismo, no “Correio Paulistano”. Em 1871
transferiu-se para o Rio. Poucos anos depois en-
contrava-se em Campinas, onde trabalhou na “Gaze-
ta de Campinas” com Quirino dos Santos, Campos
Salles, Glicério e outros republicanos. Na literatu-
ra, dedicou-se principalmente ao teatro e & poesia.
Faleceu em 1918.
Bibliografia: “Cédnticos Juvenis”, Pérto Alegre,
1867; “Rosas Loucas’, 1868; “Alctones”, Rio, 1870;
“Redivivas”, Campinas, 1881; “Plumas ao Vento”,
Campinas, 1908. Em prosa publicou um livro de
contos, um romance e numerosas pecas de teatro.
PRIMAVERA
Foi-se o inverno!... Ao bosque adormecido
Desce um raio de sol! Nas frescas rosas
Tremem do orvalho as gotas fulgurosas
— Pérolas séltas de um colar partido!...
PERDOAR
BRASILIO MACHADO
Brasilio Augusto Machado de Oliveira nasceu
‘em Séo Paulo aos 4 de setembro de 1848. Féz
os seus estudos em Sao Paulo e matriculou-se na
Faculdade de Direito em 1868, bacharelando-se em
1872. Fot Promotor Piblico em Piracicaba, e de-
pois grande advogado e tribuno. Lente da Faculda-
de de Direito de Séo Paulo, Presidente da Provincia
do Paranda, Presidente do Conselho Superior do En-
sino. Faleceu em Sao Paulo aos 5 de marco de 1919.
Deixou dois livros de versos: “Madressilvas” (1876)
e “Perpétuas” (1882), além de vérios trabalhos juri-
dicos e discursos literérios.
A UM ROMANTICO
Tu és um poeta lirico,
Feito de espuma e luar,
Sabendo apenas amar...
Tu és um poeta lirico,
Mas, cuidado, o meio empirico
N&o mais te pode aturar;
Tu és um poeta lirico
Feito de espuma e luar.
As alavancas do Comte
Ja deslocaram a base:
Deus, familia mundo! — quase
As alavancas do Comte
Torceram, sdbre o horizonte,
A lua, fase por fase;
As alavancas do Comte
Ja deslocaram a base.
Aprumou-se no infinito
A escada da consciéncia ;
Frio, o punhal da ciéncia
Aprumou-se no infinito!
E em seu trono de granito
Degolou a Providéncia. ..
Aprumou-se no infinito
A escada da consciéncia...
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 85
TEOFILO DIAS
Teofilo Odorico Dias de Mesquita nasceu em
Caxias, no Maranhéo, em 8 de novembro de 1854.
Estudou na Faculdade de Direito de Séo Paulo
(1877-1881) e aqui se consorciou com D. Gabriela
Frederica Ribeiro de Andrada, filha de Martim
Francisco (II). Professor e diretor da Escola Nor-
mal de Sdéo Paulo; deputado provincial. Faleceu
em 29 de mar¢o de 1889.
Bibliografia: “Flores e Améres’’, Caxias, 1874;
“Lira dos Verdes Anos”, Rio, Evaristo Rodrigues da
Costa, editor, 1878; “Cantos Tropicais”, Rio, Livra-
ria de Agostinho Goncalves Guimardes & Cia., 1878;
“Fanfarras”’, Sdo Paulo, Editor Dolivaes Nunes,
1882; “A Comédia dos Deuses’”’, Sdo Paulo, Teixeira
& Irmao, 1887.
A MATILHA
Pendente a lingua rubra, os sentidos atentos,
Inquieta, rastejando os vestigios sangrentos,
A matilha feroz persegue enfurecida,
Alucinadamente, a présa_malferida.
Um, afitando o olhar, sonda a escura folhagem ;
Outro consulta o vento; outro sorve a bafagem,
O fresco, vivo odor, calido, penetrante,
Que, na rapida fuga, a vitima arquejante
Vai deixando no ar, pérfido e traicoeiro ;
Todos, num turbilhio fantastico, ligeiro,
Ora, em vértice, aqui se agrupam, rodam, giram,
E, cheios de furor frenético, respiram,
Ora, cegos de raiva, afastados, dispersos,
Arrojam-se a correr. Vao por trilhos diversos,
Esbraseando o olhar, dilatando as narinas.
Transp6em num momento os vales e as colina
s
Sobem aos alcantis, descem pelas encostas, ,
ESFINGE
No movimento discreto
Revelas, por entre gazes,
Todo um poema correto
Escrito em versos sem frases.
O LEITO
SAUDADE
A saudade da amada criatura
Nutre-nos na alma dolorido gézo,
Uma inefavel, intima tortura,
Um sentimento acerbo e voluptuoso.
OS SEIOS
Quando o descobres, no ar
Mérno calor se dissolve
Do aroma, em que éle se envolve,
Como em neblina o luar.
VENCESLAU DE QUEIROZ
BEATA BEATRIX
ATO DE CONTRICAO
(Escrito depois da leitura de uma poesia de
Santa Teresa de Jesus, quando esta carmelitana se
refere a Sata)
(T. DULAMON)
PLANTA MALDITA
VIRGEM SANTISSIMA
VICENTE DE CARVALHO
VELHO TEMA
VELHO TEMA
III
Belas, airosas, palidas, altivas,
Como tu mesma, outras mulheres vejo:
Sao rainhas, e segue-as num cortejo
Extensa multidao de almas cativas.
PALAVRAS AO MAR
Mar, belo mar selvagem
Das nossas praias solitarias! Tigre
A que as brisas da terra o sono embalam,
A que o vento do largo errica o pélo!
Junto da espuma com que as praias bordas,
Pelo marulho acalentada, 4 sombra
Das palmeiras que arfando se debrucam
Na beirada das ondas — a minha alma
Abriu-se para a vida como se abre
A flor da murta para o sol do estio.
Quando eu nasci, raiava
O claro més das garcas forasteiras:
Abril, sorrindo em flor pelos outeiros,
Nadando em luz na oscilacdo das ondas,
Desenrolava a primavera de ouro;
E as leves garcas, como fdlhas séltas
Num leve sdépro de aura dispersadas,
Vinham do azul do céu turbilhonando
Pousar 0 v6o a tona das espumas...
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 97
© velho condenado
Ao carcere das rochas que te cingem!
Em vao levantas para o céu distante
Os borrifos das ondas desgrenhadas.
Debalde! O céu, cheio de sol se é dia,
Palpitante de estrélas quando é noute,
Paira, longinquo e indiferente, acima
Da tua solidao, dos teus clamores...
Condenado e insubmisso
Como tu mesmo, eu sou como tu mesmo
Uma alma sObre a qual o céu resplende
— Longinquo céu — de um esplendor distante.
Debalde, 6 mar que em ondas te arrepelas,
Meu tumultuoso coracéo revolto
Levanta para o céu, como borrifos,
Téda a poeira de ouro dos meus sonhos.
ee db
100 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
A TERNURA DO MAR
OLHOS VERDES
A FLOR E A FONTE
* aK
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...
RODRIGO OTAVIO
Rodrigo Otdvio de Langgaard Meneses nas-
ceu em Campinas, em 11 de outubro de 1866.
Ministro do Supremo Tribunal Federal e professor
de Direito, no Rio de Janeiro. Fundador da Aca-
demia Brasileira de Letras. Faleceu na Capital da
Republica, em 1944.
Bibliografia: (poesia, em portugués): “Paémpa-
nos”, Rio, Tip. G. Leuzinger e Filhos, 1886; “Poemas
e Idilios’’, Rio, Tip. e Litografia Moreira Maximino
& Cia., 1887; “Vera” (poema), Rio, Tip. Apolo,
1916; “‘Coragdo de Caboclo” (poema), Rio, Editéra
A Ilustragdo, 1924.
NA ALCOVA DA SULTANA
A RODOLFO PORCIUNCULA
FRANCISCO GASPAR
Francisco Gaspar Martins nasceu em Jacarei,
em 20 de outubro de 1869. Faleceu em 21 de
abril de 1921. Foi tipégrafo na “Casa Garraux” e
funcionadrio da Prefeitura de Séo Paulo.
Bibliografia: “Ninféias”’; “Florario”’; “Flutu-
antes”, Sido Paulo, Casa Vanorden, 1916; “Calvdrio
do Sonho”’, Séo Paulo, Casa Vanorden, 1920.
VILANCETES
IV
VOLTAS
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ZALINA ROLIM
Maria Zalina Rolim de Toledo nasceu em Ita-
petininga em 20 de julho de 1869. Dedicou-se ao
magistério. De seu sonéto “Pomba Ferida” decla-
rava Vicente de Carvalho, em 1901, que era uma
poesia “quase célebre’’.
Bibliografia: ‘“Coracdo” (poesias com carta-
prefacio de Ezequiel Freire), Edit. Hennies e Wini-
ger, 1893; “Livro das Criancas” — obra diddtica
— Sdo Paulo, 1898.
POMBA FERIDA
ALBERTO SOUSA
SONHO DE AMOR
FRANCISCA JULIA
Francisca Jilia da Silva nasceu em Xiririca
(atual Eldorado), em 31 de agésto de 1871. Morou
a maior parte da sua vida em Sado Paulo e casou-se
com Filadelfo Edmundo Munster, no dia de cujo
entérro (1.° de novembro de 1920) faleceu.
Bibliografia: “Mdrmores’”’, Sao Paulo, Belfort
Sabino, 1895; “Esfinges”, Sado Paulo, Bentley Jiu-
nior & Comp., 1903 (2.% edicéo, Monteiro Lobato,
1921), além de dois livros para a infadncia, um dos
quais em colaboracdo com Julio César da Silva.
MUSA IMPASSIVEL
PROFISSAO DE FE
Os superbum conticescat,
Simplex fides acquiescat
Dei magisterio.
ADAMAH
A JULIA LOPES D’ALMEIDA
NATUREZA
ESPERANCA
A ALARICO SILVEIRA
Setembro, 1920.
(Ibidem, pdgs. 167-168)
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 113
OUTRA VIDA
(A Cigarra, de 1.°-7-1919)
114 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
BATISTA CEPELOS
FRUTO PROIBIDO
RESIGNACAO
IRREMEDIAVEL
xX
XXIV
XLVI
LVII
ORLANDO TEIXEIRA
ORACAO AO DIABO
AO RAFAEL PINHEIRO
XACARA
AO COELHO NETO
AZUL
ANTONIO DE GODOI
Anténio de Goddéi Moreira e Costa nasceu em
Pindamonhangaba, em 23 de setembro de 1874,
Cursou a Faculdade de Direito de Séo Paulo de 1890
a 1894. Jornalista, Delegado auxiliar da Capital,
Chefe de Policia. Faleceu em 29 de abril de 1905.
Bibliografia: “Poesias”’, Tip. Brasil, Sao Paulo,
1906.
TROVAS
Tu me puseste quebranto,
sem ti n&o posso passar,
quero viver como um santo
no nicho do teu olhar.
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 125
HELADE HEROICA
NETUNO
A VALENTIM MAGALHAES
DO “MES DE MARIA”
A ALCANTARA MACHADO
MiSTICO
AMADEU AMARAL
Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Pen-
teado nasceu em 6-11-1875 na Fazenda Sdo Ben-
to, no atual municipio de Capivari, Estado de Sdo
Paulo. Feitos os estudos primdrios, mudou-se para
Sdo Paulo, onde se matriculou no curso anexo @ Fa-
culdade de Direito. Ingressando no jornalismo, tra-
balhou no “Correio Paulistano”, no “Sdéo Paulo’, no
“Comércio de Sado Paulo’, no “Correio de Séo Car-
los’, no “Estado de S. Paulo” na “Gazeta de Noti-
cias” do Rio. Mais tarde foi diretor do “Didrio Na-
cional” e redator-chefe do ‘Diario da Noite’, de Sao
Paulo, além de redator de numerosas revistas. For
um dos fundadores e presidente da Academia Paulis-
ta de Letras e membro da Academia Brasileira.
Morreu em Sao Paulo, em 24-10-1929.
Bibliografia: “Urzes’’ — Sdo Paulo, 1899; “Né-
voa”’ — Sto Paulo — Editéra Livraria Magalhdes;
1910; “Espumas” — Sdo Paulo, 1917; “Lémpada An-
tiga’? — Sédo Paulo, 1924; “Poesias’’ (edicéo pés-
tuma) — Sdo Paulo, 1936; “Poesias” (selecdo de M.
Cerqueira Leite) — Sdo Paulo, 1946. Publicou
ainda numerosos estudos de folclore, ensaios, ete..
SONHOS DE AMOR
CANCAO
Vivi outrora numa terra,
longe destas gandaras mas,
sonhando alegre com a guerra,
no seio da mais résea paz.
PERSEU E ANDROMEDA
Branca e pulcra, a estorcer-se, a um penedo encadeada,
geme Andromeda em vao. Seu alvo corpo, seu
pranto comovedor, sua beleza, nada
quebra a sentenca eril que do Olimpo desceu.
EPISTOLA
A MANUEL CARLOS
CREPUSCULO SERTANEJO
CIRO COSTA
Nasceu em Limeira, no dia 18 de margo de
1879. Formado pela Faculdade de Direito de Sdo
Paulo, turma de 1902. Estudou na Suica e fot De-
legado de Policia no Rio de Janeiro. Eleito para
a Academia Paulista de Letras, nado chegou a tomar
posse, falecendo em 22 de junho de 1987.
Bibliografia: “Esteldrio’ — versos; “Terra
Prometida” — Ed. José Olimpio — Rio — 1938.
OS CATEQUISTAS
PAI JOAO
Do taquaral 4 sombra, em solitadria furna,
Para onde, com tristeza, o olhar, curioso, alongo,
Sonha o negro, talvez, na solidao noturna,
Com os limpidos areais das solidées do Congo...
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 133
ONTEM E HOJE
GUSTAVO TEIXEIRA
Gustavo de Paula Teixeira nasceu em 4-3-1881,
no municipio de S. Pedro, da entado Provincia de
Sdo Paulo, e onde exerceu, durante mais de trinta
anos, a funcdo de secretério da Camara Municipal.
Foi eleito para a Academia Paulista de Letras, mas
nao chegou a tomar posse. Morreu em 22-9-1937.
Bibliografia: “E’mentdario’”’, S. P., 1908; “Poe-
mas Liricos’” — 1925; e varios livros inéditos de
poesia.
CORACAO DEFUNTO
EM ESTAMBUL
BALADILHA
NOITE DE AMOR
RICARDO GONCALVES
Ricardo Mendes Goncalves nasceu na capital
do Estado, a 8 de agésto de 1883. Formou-se
pela Faculdade de Direito da Universidade de Séo
Paulo, em 1912. Orador e jornalista; féz parte do
famoso grupo do “Minarete”’ de Monteiro Lobato.
Faleceu no dia 11 de outubro de 1916.
Bibliografia: “Ipés’’ — Sado Paulo — Monteiro
Lobato & Cia. — 1921.
O BATUQUE
AQUARELA
A casa onde mora aquela
Menina cor de agucena,
E uma casinha pequena,
Casa de porta e janela.
138 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
A CISMA DO CABOCLO
A VALDOMIRO SILVEIRA
E um riso de matar.
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 139
MARTINS FONTES
nasceu em 28-
José Maria Martins Fontes
e em medicina, no
-6-1884, em Santos, e formou-s
1906 . Exer ceu nume rosos car-
Rio de Janeiro, em
rela cion ados com a medi cina e foi mem-
gos publicos
Letr as e da Academia
bro da Academia Brasileira de
bro corr espo nden te da Aca-
Paulista, além de mem
Ciénc ias de Lisbo a. Fale ceu em 25-6-1937.
demia de
1908;
Bibliografia (em verso): “Verdo” —
“Boé mia Galan te’ — 1920;
“Granada” — 1919;
cler” — 1923;
“As Cidades Eternas” — 1923; “Rosi
“Marabé” — 1923; “Prometew” — 1924; “‘Pasto-
val’? — 1925; — “Voli pia” — 1925; “VYulcaio” —
Céu Verde ” — 1926; “Sch ehar azade” —
1926; “O
1926; “A Fada Bombom” — 1927; “EH scarl ate’ —
Elvino Pocai — Sdo Paulo , 1928; “A Laran jeira em
Flor? — 1928; “Poes ias Comp leta s” — Soc. Huma -
nitéria dos Empregados do Comércio de Santos —
1936; e muttos outros livros em verso e prosa.
SONETO
AOS IRMAOS*RECLUS :
ELIE, ONESIME E ELISEE
BALADA IMORTAL
OFERTA
SERENATA
MANGA - CARLOTA
Manga-rosa, manga-rosa,
Delicia!
Saborosa, saborosa
Caricia!
Soltas a terebintina
Vivace,
E é como se uma menina
Passasse.
As multidées, as colmeias,
As turbas,
Abraseias, rebraseias,
Perturbas.
CREDENCIAIS
As estranhezas me consomem,
Dao frenesi.
Idealizei um gentil-homem,
Em travesti.
Um sensitivo, um requintado,
Tal como tu,
Trajando a moda do micado,
Ao gosto hindu.
146 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
(Escarlate)
ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA 147
MANUEL CARLOS
Manuel Carlos de Figueiredo Ferraz nasceu
em 25-2-1885, em Cajuru, Sdo Paulo, e diplomou-
-se em 1909 pela Fac. de Direito de Sado Paulo. Foi
promotor piblico, juiz de direito no interior e na
Capital do Estado, desembargador do Tribunal de
Justiga e procurador geral do Estado. Foi professor
de légica da Fac. de Filosofia, Ciéncias e Letras da
Universidade de Séo Paulo. E membro da Acade-
mia Paulista de Letras, sécio do Instituto Histérico
e Geogrdfico de Sdo Paulo, da Sociedade de Estudos
Filolégicos e de outras entidades culturats.
Bibliografia: “Poesias’”, S. P., 1984, e numero-
sos estudos juridicos em volumes diversos.
MARINHA
A VICENTE DE CARVALHO
INQUIETACAO
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150 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
xX
MEDO
XXVII
NUM BAILE
AFONSO SCHMIDT
CARAS SUJAS
ZINGARELLA
Certa noite, na Italia, quando eu vinha
Para meu quarto, achei-a junto a porta;
Era tao bela, mas tao pobrezinha!
De fome e frio estava quase morta.
Ela, palida e franzina,
Eu, de sobretudo roto:
— Buona sera, signorina!
— Buona sera, giovanotto!
Ofereci-lhe o quarto de estudante,
De minha estreita cama fiz a sua,
E enquanto ela dormia palpitante
Eu vagava, sem teto, pela rua.
De manha, voltando a casa,
Perguntei o nome dela:
— Come ti chiami, ragazza?
— lo mi chiamo Zingarella.
Depois... Eu tinha vinte e trés janeiros,
Ela contava quinze primaveras.
Eram tao juntos nossos travesseiros...
Veio a paixao. Amamo-nos deveras...
Foi o quadro mais risonho
Desta vida fugidia:
— Zingarella, sei mio sogno:
— E tu sei la vita mia.
Mas um dia, ao voltar do meu estudo,
Cheio de magoas, de ansias e de frio,
Nao encontrei seus olhos de veludo:
O quarto estava gélido e vazio.
Grito embalde o nome dela,
Numa tristeza infinita:
— Dove sei 6 Zingarella?
— Dove sei 6 mia vita?
E a minha vida prosseguiu ingloria...
Fiz coisas de rapaz... Nao me envergonho
De recordar ainda aquela historia,
Quase desvanecida como um sonho.
Ela, palida e franzina;
Eu, de sobretudo roto:
— Buona sera, signorina!
— Buona sera, giovanotto!
(Ibidem — pags. 32-33)
154 ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA
OS QUE DORMEM
MOACIR PIZA
Moacir de Toledo Piza nasceu em 19-4-1891
em Sorocaba, Sado Paulo, e diplomou-se pela’ Fa-
culdade de Direito de Sado Paulo em 1915. Foi de-
legado de Policia e exerceu o jornalismo como reda-
tor de “O Estado de Sado Paulo”. Foi, com Julio
de Mesquita Filho, Olival Costa e outros, um dos
fundadores de “O Estadinho”’. Morreu trdgica-
mente em 25-10-1928.
Bibliografia: “Sdtiras’’ — Sdo Paulo, 1916; “Ga-
labaro” (em colaboracdo com Jué Bananére — Moa-
cir Piza usou o pseudénimo de Anténio Paes) —
Sdo Paulo, 1917; “Vespeira” (livro péstumo) — Sdo
Paulo — J. Vieira dos Santos, editor — 1924. Pu-
blicou também livros em prosa.
SONETO
PAULO SETUBAL -
Nasceu Paulo de Oliveira Setibal em 1.° de
janeiro de 1893, em Tatui, Estado de Sado Paulo.
Diplomou-se em ciéncias juridicas e sociais pela Fa-
culdade de Direito de Séo Paulo e foi deputado esta-
dual em duas legislaturas. Morreu em 1937.
Bibliografia: “Alma Cabocla’”’, poesias, 1920 (e
numerosas edicdes postertores, além de varios livros
em prosa, sébre temas histéricos.
FERIAS DE JUNHO
OS COLONOS
PAULO GONCALVES
Francisco de Paula Gongalves nasceu em 2-4-
-1897 na cidade de Santos, onde morreu em 4-4-
-1927. Foi inicialmente comercidrio e bancdrio e
depois jornalista, tendo trabalhado no “Didrio de
Santos’, em “A Tribuna’’, de Santos, em “O Estado
de Sdo Paulo” e outros jornais da capital. Foi tam-
bém professor.
Bibliografia : “Iara’’? — Santos, 1922; “Nirva-
na” — Sado Paulo, 1925; e, postumamente, “Obras
Completas” — Edicoes Cultura — Sdo Paulo, 1943,
incluindo téda a sua poesia e pecas de teatro.
AS ELEITAS
OS INCOMPREENDIDOS
AS FREIRAS
Em frente do oratério,
na penumbra e na paz da sacristia,
as freiras rezam, no final do dia,
pelas almas do inferno e purgatoério.
JORGE FALEIROS —
Jorge Faleiros nasceu em 3-11-1898 em Pa-
trocinio do Sapucai, Sdo Paulo, e iniciou a car-
retra eclesidstica no Semindrio Diocesano de Bata-
tais. No Semindrio Arquiepiscopal de Sdo Paulo
formou-se em filosofia. Deixou entéo o semindrio
e dedicou-se ao magistério e ao jornalismo. Morreu
em Sao José dos Campos em 19-11-1924.
Bibliografia: “Nirvana” (livro pdéstumo) —
Sdo Paulo — Graf. Edit. M. Lobato — 1925.
SAUDADE
A noite se debruca
medonha e calma...
Na atra sombra que vem do céu, se embuca
minha alma.
Naufraga o mar
na borda
do horizonte, onde o mar parece que transborda
Tudo convida a recordar.
— Recorda!
(Ibidem — pag. 5)
[INDICE
DES SEHD e eRe eH eR Oe HARD wo aw aleleig are 6 4 ere She we es Cll ee 6 ae wee
Ever reusperes elem Oe ANGTade 2. o.oo... oie nie occ clon ciersty where narewre 3
As Partes com que se féz mais Ilustre o Ilustrissimo Sr. General
meee MELONTUEE) Ce SOUS oe 50 See cial ipa (0 ale n,Ayp pence a aa ale Sele) ENS
Refere um Pastor a Outro o Misterioso Sonho, e Execuc&o déle
nas Pomposas Festas, com que o Ilmo. e Exmo. Senhor Colocou
a Sre. S. Ana, Convidando-o também para o Festejo ..........
OSG ATOHENe. CG -TOLEGO Remdom .o.s os. occ secu cin ced ornppleplifiee ns valence
MEeraATiGcdOSe (Me LiOTENA: .occ0. ac. oie 8 ded 20d owisle ee eee
A Bernardo José de Lorena — 3.° assunto ............
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