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Direito Internacional Público


Universidade Autónoma de Lisboa

Professor das aulas teóricas……………..…Dr. José de Campos Amorim


Professora das aulas práticas………………………………Dra. Sónia Reis

(apontamentos e resumos das aulas, "cozinhados" por António Filipe Garcez José aluno n° 20021078)

Bibliografia
- Manual de Direito Internacional Público
André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros
Almedina 2001, 3ª edição

- Textos de Direito Internacional Público


Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

Programa do curso

I
Génese do Dt° Internacional Público
II
Teoria do Dt° Internacional Público
III
Vigência do Dt° Internacional Público no Dt° positivo Interno
IV
Incorporação do Dt° Internacional Público no Dt° positivo interno
V
Sujeitos do Dt° Internacional Público
VI
Responsabilidade Internacional
Iª Parte
Génese do Direito Internacional Público

Antiguidade clássica
Encontram-se regras morais e políticas que se aplicavam a relações entre
Estados, na Bíblia, nos textos dos filósofos, dos historiadores e poetas da
Antiguidade clássica.

Dt° Romano
O dt° Romano estabeleceu muito cedo a distinção entre…
"ius civile",
que só disciplinava relações entre sujeitos que gozavam da cidadania
romana, e …
"ius gentium",
que regulava relações entre cidadãos romanos e estrangeiros, ou entre
estrangeiros.
O "ius gentium" romano era um Direito Universal, e possuía aceitação
generalizada, porque se destinava a satisfazer necessidades comuns a
todos os homens.
O "ius gentium" era Direito Universal, mas era também Dt° privado, pois
regulava relações entre privados, possuindo no entanto algumas áreas
sensíveis ao Dt° Público, designadamente no que se referia à guerra.

Escola Clássica Espanhola do Direito Internacional Público


(Francisco de Vitória, Francisco Suarez)
O "ius gentium" já não designa normas reguladoras das relações entre
indivíduos, mas entre povos, e normas cuja validade deriva da própria
existência da Comunidade Internacional.
O "ius gentium" tem força de lei.

O Direito Internacional parte de uma base objectiva:

❖ existência de uma Comunidade Internacional, que transcende os


liimites da "Respublica Christiana".
❖ Ordem Jurídica da Comunidade Internacional, porque regula as
relações entre os povos que compõem aquela Comunidade

Suarez distingue o "ius intra gentes" do "ius inter gentes":

"ius inter gentes" O Direito que todos os povos e todas as nações


devem observar entre si. (Direito Internacional)
"ius intra gentes" O Direito que cada cidade ou reino observa dentro de
si própria. (Direito interno)
O conceito moderno de Direito Internacional nasceu com a Escola Clássica Espanhola

Definição do Direito Intenacional

Vários critérios:

1. Critério dos sujeitos do Direito Internacional


2. Critério do objecto da norma internacional
3. Critério da forma de produção da norma internacional

Critério dos sujeitos

até aos anos da década de 1930


Conjunto de normas jurídicas reguladoras das relações entre os
Estados soberanos.

Posteriormente à 2ª Guerra Mundial,


Conjunto de normas jurídicas reguladoras das relações entre os
sujeitos do Dt° Internacional.

Crítica a este critério - O critério dos sujeitos ou destinatários, não pode


ser aceite, pois vê o Direito Internacional, inteiramente separado da
Ordem jurídica interna.

Critério do objecto da norma


Conjunto de normas jurídicas que regula as matérias internacionais
por natureza.
(Este critério baseava-se no critério das matérias reguladas, ou seja, no objecto da norma)
.
!! Apesar deste critério não ter tido aceitação doutrinária, a sua utilização
pode ser indispensável para o estabelecimento do domínio irredutível da
soberania do Estado

Crítica a este critério - Também não pode ser aceite, pois a norma de
Direito Internacional, pode em princípio, regular qualquer matéria e ser
dirigida a qualquer entidade susceptível de personalidade jurídica.

Critério da forma de produção da norma internacional (proposto por


kelsen e adoptado actualmente)
Este critério não atende nem aos sujeitos do Direito Internacional, nem ao
objecto das suas normas, mas exclusivamente à sua forma de produção.
O…
Direito Internacional é…

O conjunto de normas jurídicas criadas pelos processos


de produção jurídica próprios da Comunidade
Internacional e que transcendem o âmbito estadual

Max Weber, considera que todos os grupos sociais, na sua


heterogeneidade, reconduzem-se a duas grandes categorias:

Comunidade
Grupos sociais
Sociedade

Comunidade
É um produto espontâneo da vida social, que se forma e se organiza
naturalmente.(Ex: a comunidade estadual, o Estado, onde o sentimento comum da unidade
nacional prevalece sobre tudo o que divide os seus cidadãos)

"na comunidade, os membros estão unidos apesar de tudo quanto os


separa" (Marcelo Caetano)

Sociedade
É um resultado artificial da vontade dos indivíduos, que se associam
para a prossecução de um dado objectivo. (Ex: todas as associações e fundações
que o Dt° Privado prevê).

"na sociedade os membros permanecem separados apesar de tudo


quanto fazem para se unir" (Marcelo Caetano)

A concepção (clássica) da Comunidade Internacional é "societária"

A Comunidade Internacional integra-se na categoria de "sociedade" e não


na de "comunidade", pois o individualismo internacional dos Estados,
fundados na soberania de cada um deles, traduz-se num potencial factor
de conflito, cujo efeito desagregador é mais forte do que o efeito
agregador dos interesses convergentes que aproximam os Estados.

O Direito Internacional só vigora na ordem interna dos Estados nos


termos e na medida em que a Constituíção de cada Estado o previr.
Falar-se-ia com mais rigor em "Sociedade Internacional" e não em
Comunidade Internacional, mas como a expressão "Comunidade
Internacional" é largamente dominante na Doutrina e como além
disso, se assiste a uma progressiva comunitarização de vários
domínios da velha e clássica "Sociedade Internacional", vamos adoptar a
expressão "Comunidade Internacional".
Vem-se assistindo, também, após a 2ª Guerra Mundial, a um crescente
número de áreas onde a solidariedade entre os Estados tem vindo a
predominar sobre o seu individualismo, aparecendo a soberania dos
Estados limitada pelo conjunto de regras internacionais, tais como os
Direitos do Homem, que fazem parte do "ius cogens", Direito imperativo
para a soberania dos Estados.

Resumindo:

…atendendo à evolução do Direito Internacional, podemos admitir a


hipótese de que um dia na Comunidade Internacional, considerada
na sua globalidade, os seus traços comunitários venham a sobrepor-
se às suas características societárias.

Alguns tópicos importantes

7 Os Estados
As Organizações Internacionais
Sujeitos de Os Movimentos beligerantes
Dt°. internacional Os Movimentos de libertação nacional
O Indivíduo
A Santa Sé
A Ordem de Malta
 O Direito Internacional pode regular qualquer matéria e ser dirigida a
qualquer entidade jurídica.

 Em 1923, o Tribunal Permanente de Justiça Internacional, concluía


que não era possível encontrar uma fronteira nítida entre Direito
Internacional e Direito Interno.

 Direito Internacional existe, segundo Francisco Suarez, porque


existe uma Comunidade Internacional.

 A Comunidade Europeia, veio efectivar a transferência de


competências nacionais para a esfera jurídica da União Europeia, que
tem competência sobre a maior parte das matérias.
 A Comunidade Internacional, revela-nos a existência de relações
entre os seus principais sujeitos, que transcendem o âmbito e a
vontade do Estado.

 Na Comunidade Internacional existe um número de áreas, onde a


solidariedade entre os Estados tem prevalecido e onde a soberania
estadual parece limitada pelo conjunto de regras internacionais.

 Na Comunidade Internacional, as relações de cooperação são


dominantes, no domínio da Paz, cooperação cultural, ajuda
humanitária, etc…

 O Direito Internacional Público não é um Direito homogéneo, mas


sim uma justaposição de regras de carácter geral e de natureza
especial.

 A vontade da Comunidade Internacional é de submeter todos os seus


sujeitos a um só Direito. (Ex: art. 53° da Convenção de Viena de 23 de Maio de 1969,
que reconhece a existência de normas imperativas de Direito Internacional, como sendo normas
aceites pela Comunidade dos Estados no seu todo)

 Regras especiais, no que diz respeito por exemplo ao modo de


vinculação do Estado às normas Internacionais no âmbito dos Direitos
Fundamentais, sendo que nenhum Tratado pode violar Direitos
Fundamentais .

 Todo o processo interno de vinculação às Convenções Internacionais,


obedece a regras especiais, particulares ao próprio Direito
Internacional.

3 tipos de ordens Jurídicas (intervenientes nas relações Internacionais)

1. Ordem Estadual
2. Ordem Supra - Estadual
3. Ordem Inter - Estadual

1. Ordem Estadual (relações de coordenação ou cooperação)


O Direito Internacional parte da vontade dos Estados (mas não só)
Aquela que se refere ao Direito interno de cada Estado. Nenhum Estado
se submete ao Direito Internacional contra a sua vontade.
2. Ordem Supra-Estadual (relações de subordinação)
O Direito Internacional resulta de uma ordem jurídica que tenta impor as
suas regras aos seus sujeitos. (ex: é o que resulta da Ordem Jurídica Comunitária, que
estabelece regras comunitárias obrigatórias para os seus Estados membros)

3. Ordem Inter-Estadual (relacões de reciprocidade)


(concepção adoptada actualmente pelo Dt.° Internacional)
O Direito Internacional resulta da vontade conjunta de vários Estados e
não só da vontade de um só membro da Comunidade Internacional; a
vontade de cada Estado seria respeitada como o Princípio da Igualdade
entre os diferentes Estados

A ordem jurídica comunitária é super-estadual, pois destina-


se aos Estados e aos seus sujeitos internos

A Ordem jurídica internacional é inter-estadual, pois


destina-se aos Estados e não aos seus sujeitos

Critério para caracterizar uma ordem jurídica:

1. Conjunto de normas jurídicas (Gerais, abstractas e coercitivas)


2. Elaboradas por certos órgãos (instituíções)
3. Dirigidas aos seus sujeitos (vários tipos)

 No caso da U.E. , os Estados membros transferiram e atribuíram


competências próprias para os órgãos comunitários.

 As Organizações Internacionais são organizações de cooperação.

 As Organizações da U.E. são organizações de integração.

 O Direito Internacional é uma Ordem Inter-Estadual

 O Direito Comunitário é uma Ordem Supra-Nacional


$ € $ € Tio Sam ! Parece que o gajo
tá a gozar contigo !! Não tá
?

A dificuldade está na aplicação das normas internacionais e das suas sanções contra os
infractores. As sanções são levadas a cabo contra os Estados mais fracos e não contra
as grandes potências.
A afirmação do Direito internacional

O Direito Internacional tem vindo a afirmar-se de várias formas:

Hugo Grócio (1583/1645), representante da Escola do Direito Natural,


apresenta-se a partir do séc. XVI, como o precursor do Dt° Internacional.

❖ Defende o princípio segundo o qual os Estados não se devem ignorar,


aceitando a ideia de uma sociedade internacional regulada pelo
Direito.

Francisco Vitória e Francisco Suarez (Franciscanos, eh oui !!)


Representantes da Escola Clássica Espanhola, retomam esta ideia de
Hugo Grócio.

❖ Vitória (1480/1546)
Considera que o Dt° Natural é superior ao Estado e admite que
a Comunidade Internacional é necessária para os Estados.

❖ Suarez 1548/1617)
Admite também a existência de uma Comunidade Internacional, sendo o
Dt° Positivo confinado ao Dt° Natural, numa posição de subordinação a
este.

❖ Vattel (1714/1768)
Defende também a força do Dt° Natural, mas considera que o Estado é
soberano e livre de fazer aquilo que entender. Considera que o Estado
pode interpretar eventualmente o Dt° Natural conforme os seus
interesses.

Resumindo:

Estes fundadores do Dt° Internacional, baseando-se na teoria do Dt°


Natural, reconhecem o papel fundamental do Estado soberano e admitem
a Igualdade entre os Estados. A Sociedade Internacional só pode ser uma
Sociedade Inter-Estadual e o Dt° Internacional parte do consentimento
mútuo dos Estados, destinando-se a regular as relações entre eles

Como é que se sai


desta teia?

A partir do século XVIII …


Os Estados tomam consciência da existência de interesses comuns em
vários domínios e vão tentar fazer prevalecer esses interesses comuns
sobre os interesses nacionais. Os Estados manifestam concretamente a
sua vontade de institucionalizar as suas relações internacionais, donde
resulta a criação de Instituíções Internacionais, capazes de resolver os
eventuais conflitos entre os seus membros e contribuir para um maior
desenvolvimento das relações políticas, económicas e sociais.

1817
Criação das Comissões Internacionais da Circulação Marítima

1907
Convenção da Haia, para a solução pacífica das controvérsias
internacionais

Após a 1ª Guerra Mundial …

1919
Criação da Sociedade Das Nações, na Conferência de Versalhes, com
o objectivo de manter a Paz entre os Povos.

1945
Criação da Organização das Nações Unidas. em substituíção da S.D.N..
Criação do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça, como parte
integrante da Carta das Nações Unidas
A O.N.U. passa a ter um verdadeiro poder de decisão sobre os Estados.
A O.N.U. vai assim contribuir para a afirmação do Dt° Internacional na sua
vertente Convencional, sendo assim criados progressivamente novos
ramos de Dt° Internacional, tais como o Dt° Internacional Marítimo, Dt°.
Internacional Económico, Dt° Internacional Humanitário, Dt° Internacional
dos Direitos do Homem, etc…

1948
Declaração Universal dos Direitos do Homem

1966
Pacto Internacional sobre os Dts. económicos, sociais e culturais

1969
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
Alguns tópicos interessantes …
❖ Hoje o Dt° Internacional existe na diversidade e heterogeneidade dos
seus sujeitos e domínios de aplicação.

❖ Hoje existe um Dt° Internacional composto de regras específicas e


regras gerais nos seus diversos ramos .

❖ Os Estados não podem deixar de respeitar o Dt° Internacional, sendo


as próprias Constituíções Nacionais a estabelecer a relação efectiva
que prevalece entre o Dt° Internacional e o Dt° Interno, fornecendo
assim uma base jurídica que deve servir para todos os agentes.

❖ Tradicionalmente, o Dt° Internacional regulava as relações entre os


Estados, mas…

❖ actualmente, o Dt° Internacional regula as relações entre os Estados,


também as relações dos Estados com os outros sujeitos de Direito
Internacional e as relações destes entre si.

❖ Muitas das normas Internacionais, têm um carácter obrigatório para os


Estados, sendo algumas consideradas "Erga Omnes".

❖ Não obstante a menor estruturação jurídica da Comunidade


Internacional, relativamente à Comunidade Interna, a norma de Direito
internacional também está dotada de coercibilidade, o que basta para
lhe atribuir natureza jurídica.

❖ "As sanções em Dt° Internacional são como uma espingarda apontada


ao infractor, ainda que descarregada" ironizava Carnelutti

Conclusão:
Soldado da G.N.R no Iraque

O Dt° Internacional é efectivamente, Direito, devendo


por isso ser respeitado na íntegra em todos os seus
elementos e por todos os seus sujeitos.

II Parte
Teoria do Direito Internacional público
Várias teorias para fundamentar a existência do Dt° Internacional
(Como conjunto de normas obrigatórias).

 problema do fundamento do Direito Internacional tem evoluído com o desenvolvimento da


Doutrina, da Filosofia do Direito Internacional e também com o impacto exercido por
factores, tais como a 1ª Guerra Mundial, que têm condicionado o seu progresso.

 Numa primeira classificação, podemos reconduzir a dois grandes grupos, as posições


doutrinais que propõem encontrar resposta para o problema do …

fundamento da obrigatoriedade do Direito Internacional

Dt°. estadual externo (Hegel)


Vontade de 1 só Estado
Teorias voluntaristas da auto-limitação (Jellinek)
(Fundamentam o Dt° Internacional na
vontade do Estado) Vontade de vários Estados da vontade comum (Triepel)

T. normativista (kelsen)

T.sociológica (George Scelle, Léon Duguit, etc)

Teorias. Jusnat. católico (Louis Le Fur)


Anti-voluntaristas
(A vontade do Estado não é o funda- T. Jusnaturalistas
mento do Dt° Internacional) (H. Grócio)
Jusnat. dos valores(Verdross)

Tese voluntarista (Hegel, Jellinek Triepel,)

 Parte da ideia de que a existência e a obrigatoriedade do Direito


resultam sempre da qualidade da vontade que o cria. O Direito obriga
porque foi querido.

 Partindo da ideia de que o Estado constitui a mais alta encarnação do


espírito objectivo, Hegel considerava como impossível a existência de
uma Ordem jurídica superior ao Estado, logo o Dt° Internacional só se
podia fundar nessa vontade, a vontade do Estado. (afirmando o Estado
como entidade soberana e omnipotente, a tese voluntarista conduz à negação do
Dt°. Internacional)

Teoria do "Direito estadual externo" (Hegel)


Consiste na primeira e mais radical das teses voluntaristas que
fundamentam o Direito internacional na vontade exclusiva de um só
Estado
Vê no Direito Internacional um Direito Estadual externo. Enunciada
inicialmente pelo próprio Hegel, foi desenvolvida mais tarde pela "Escola
de Bona". Reconhece força obrigatória ao Dt° Internacional, a partir do
momento em que este é admitido no Dt° interno. Esta teoria assenta na
soberania absoluta e intangível do Estado..

Teoria da "auto-limitação" do Estado (Pütter, Jellinek)

Persiste nesta teoria a influência hegeliana, na medida em que se nega a


hetero-limitação do Estado soberano para se admitir só a sua auto-
-limitação. É o Estado que fixa as limitações do seu próprio poder absoluto
quer perante os seus súbditos quer perante os demais Estados com quem
estabelece relações.
Nenhum órgão ou instância internacional pode impôr as suas regras ao
Estado, que tem o poder de limitar a sua vontade, na aceitação ou não
aceitação das regras internacionais.
O Estado auto-limta-se uma vez que se sujeita ao cumprimento das
regras internacionais aceites livremente.

Teoria da vontade comum (Binding,Triepel)


Teoria da Vereinbarung ou do acordo colectivo
Segundo Triepel, há em Direito duas categorias de acordos de vontade:
o contrato e o acordo colectivo.

❖ No contrato as várias vontades participantes representam interesses


divergentes, gerando conteúdos distintos das respectivas obrigações.

❖ No acordo colectivo , as partes prosseguem interesses iguais e


comuns, gerando por isso, para todas as partes obrigações idênticas.

❖ O tratado seria uma manifestação de um acordo colectivo de


várias vontades com conteúdo idêntico. Era nesta reunião de vontades
com conteúdo idêntico (ou interesses converrgentes) que se fundamentaria a
obrigatoriedade da norma internacional, ao contrário do Direito interno,
que repousaria na vontade de cada Estado. O Direito Internacional é
criado pela vontade comum dos Estados.

Hoje é a Carta das Nações Unidas que melhor representa a vontade dos Estados
Críticas a esta tese:
1. Esta tese como as outras correntes voluntaristas, conduz à negação
do Direito Internacional, pois os estados são tão livres de chegar a um
acordo, seja qual for o seu conteúdo, como de se desligarem dele.

2. O acordo das vontades, por si só, não cria Direito. A vontade, por si,
não gera efeitos jurídicos, apenas os determina, pois estes são
derivados exclusivamente da norma.

crítica geral a todo o voluntarismo:


Ao fundarem a obrigatoriedade da norma internacional num acordo de
vontades, só tentam explicar a força obrigatória do Direito Internacional
de fonte Convencional. O Costume que constitui a principal fonte do
Direito Internacional não é reconduzível á vontade dos Estados, o mesmo
se passando com os Princípios Gerais de Direito Internacional e de uma
maneira geral com todo o "Ius Cogens" que se impõe imperativamente
aos Estados

O traço mais marcante da profunda transformação que o Direito


Internacional tem vindo a sofrer depois da 2ª Guerra Mundial,
consiste no abandono pela Ordem Jurídica Internacional, do
princípio da soberania absoluta e indivisível dos Estados, como seu
fundamento.

Teses anti-voluntaristas

Tese Normativista (Hans Kelsen)


(Escola de Viena de Direito Público)

Segundo Kelsen, positivista lógico e claramente anti-voluntarista, a


obrigatoriedade da norma jurídica não depende da vontade, mas da sua
conformidade com uma norma superior, que regula as suas condições de
produção. Kelsen, concebe a Ordem Jurídica como uma pirâmide
escalonada, em que cada norma recebe força obrigatória na norma
superior. No vértice da pirâmide de kelsen situa-se a norma fundamental,
que confere unidade ao sistema e garante carácter jurídico às normas de
grau inferior. Kelsen propôs para norma fundamental, a regra "Pacta sunt
servanda" Kelsen considerava que se devia dar ao Direito Internacional,
primado sobre o Direito interno. A força obrigatória do Direito Internacional
decorre da regra objectiva "Pacta Sunt Servanda", que impõe aos Estados
o respeito pela palavra dada .
Crítica ao Normativismo
❖ A regra "Pacta sunt servanda" não conseguia fornecer fundamento
para a mais importante fonte do Direito Internacional, o costume;

❖ mesmo se Kelsen a substituiu no topo da pirâmide, pela regra


"Consuetudo est servanda", ficou sempre sem resposta a questão de
saber donde resulta a força obrigatória dessa norma fundamental, seja
ela "pacta sunt servanda" ou "consuetudo est servanda".

❖ A força obrigatória do Direito Internacional não pode derivar de uma


simples hipótese lógica, porque é função de princípios superiores de
valor objectivo, como a Justiça, a Equidade, a Moral; a norma
fundamental de kelsen manda sempre obedecer à ordem estabelecida,
seja ela qual for, convertendo-se deste modo num simples reflexo das
relações fácticas do poder, da força.

Tese sociológica (Léon Duguit, G.Scelle)

A norma jurídica tem como fundamento o simples facto da


convivência social.

❖ George Scelle
o facto social é a condição necessária e suficiente do fenómeno jurídico,
logo o fundamento para o Direito Internacional é a existência de
sociabilidade internacional.

❖ Santi Romano
O simples facto da existência da Comunidade Internacional como
instituíção, justifica a existência do Direito Internacional.

❖ Giuliano
A validade do Direito internacional resulta do facto de ele exprimir os
juízos de valor em dado momento vigentes na Comunidade Internacional,
não podendo ser procurada fora desta.

❖ Ago
Uma Ordem jurídica é uma realidade objectiva cuja existência se constata
na História, que cabe conhecer e não fundar sobre factos ou princípios
ideais.

Ago, nega a legitimidade do problema do fundamento do Direito


Internacional, pois sendo este heterogéneo, composto de Direito positivo
e de Direito consuetudinário, a investigação do fundamento do Direito
positivo consiste em reduzi-lo a uma regra de formação espontânea, que
confere aos Estados o poder de criar, por actos voluntários, normas
jurídicas

Crítica à tese Sociológica

Não é pelos simples facto de uma regra vigorar no grupo social que ela é
uma regra jurídica, ficando também por esclarecer qual o motivo da sua
obrigatoriedade.

Tese Jusnaturalista
(Hugo Grócio, Vattel, Louis le Fur, Verdross)

❖ Hugo Grócio (Jusnaturalismo racionalista)


O Direito internacional tinha fundamento no Direito natural, mas a sua
força obrigatória resultava tanto do Dt° Natural, como do consentimento
dos Estados. (teoria mista de jusnaturalismo com voluntarismo)
❖ Puffendorf
Fundador da Escola do Direito Natural nos fins do século XVII, defende
que a lei natural se aplica tanto aos indivíduos como aos Estados; logo o
Direito Internacional tem como único fundamento, o Direito Natural
❖ Escola Moderna do Direito Natural
Aparece com a crise do positivismo filosófico nos fins do século XIX e
defende que a juridicidade da norma de Direito Internacional Públiico,
resulta da sua conformidade com princípios suprapositivos que decorrem
de uma ordem normativa superior, cuja existência se admite (opção filosófica)
❖ Duas das variantes maiis significativas da Escola Moderna do Direito
Natural: a do jusnaturalismo católico e a do jusnaturalismo dos valores.

❖ Jusnaturalismo católico ou clássico(Louis Le Fur)


O problema do Direito Natural colocado no plano ontológico. Constitui a
forma clássica de jusnaturalismo, que entronca em Aristóteles e em S.
Tomás de Aquino, que foi reforçado doutrinalmente pelos clássicos
espanhóis Vitória e Suarez e que surge já no nosso século por …

❖ Louis le Fur
O Direito natural só pode ser apreendido pela "Revelação" e o Direito
internacional fundamenta-se em três princípios suprapositivos.

3 princípios suprapositivos fundamentantes do Dt° Internacional

1. "Pacta sunt servanda"


Os compromissos livremente assumidos, quando celebrados em conformidade com a Moral, têm de
ser cumpridos.
2. Obrigação de reparar todo o prejuízo injustamente causado.
3. Respeito pela autoridade

❖ Jusnaturalismo dos valores (Alfred Verdross)


O problema do Direito Natural é colocado no plano axiológico. O indivíduo
descobre-o através de uma progressiva participação da consciência
moral nos valores e não pela "Revelação"

❖ Verdross
Depois de ter defendido o positivismo Kelsiano, Verdross nos anos 2O
passa a conceber a norma fundamental como uma regra ética (e não só como
uma regra de fonte positiva), um valor absoluto e evidente. Todo o direito positivo
passa a fundar-se no valor absoluto da Justiça, . Diferencia-se dos
clássicos espanhóis afirmando que o Dt° Natural é conhecido atrravés de
uma progressiva participação da consciência moral nos valores e não
pela "Revelação".

Crítica ao jusnaturalismo dos valores

❖ Verdross defende que a adesão aos valores pela parte dos Estados
depende exclusivamente da vontade destes , logo não escapa às
críticas antivoluntaristas que já formumámos anteriomente.

❖ Com o aparecimento na Communidade Internacional de um grande


número de novos Estados (descolonização, fragmentação do império soviético, etc.)
diversificou-se profundamente a escala de valores éticos e tornou-se
muito difícil afirmar a existência de uma hierarquia de valores aceites
uniformemente por todos os Estados da comunidade Internacional

A forma clássica de jusnaturalismo, o jusnaturalismo católico de Louis


Le Fur, de inspiração Aristotélico-Tomista, é o que de forma mais
convincente explica o fundamento da obrigatoriedade do Direito
internacional.
É esta tese jusnaturalista que a
Comunidade Internacional adoptou
para fundamentar a obrigatorieadade
do Direito internacional.
Estou a fazer-me compreender ou não?
A grande expressão moderna do jusnaturalismo clássico, reside na matéria da protecção
internacional dos Direitos do Homem, domínio onde o Dt°. internacional mais tem progredido
Direito Internacional e Direito interno
Relações entre Dualista
Dt° interno e
Dt° internacional Monismo com primado do Dt° Interno
Radical (kelsen)
Monista
Monismo com primado do Dt° Internacional
Moderado (Verdross)
Tese dualista (Deriva do voluntarismo pluriestadual, Triepel )
Defende que a Ordem Jurídica estadual e a Ordem jurídica Internacional
são diferentes uma da outra, tanto no que respeita às fontes como aos
sujeitos e são independentes pois têm características jurídicas distintas.
FONTES - No Direito Interno a fonte é a vontade do Estado e no Direito Internacional é a vontade de vários Estados.
SUJEITOS - No Direito Internacional são os Estados e no Direito Interno são as pessoas singulares e colectivas.
CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS - A norma interna vale independentemente da norma internacional. A norma Internacional só
vale quando for recebida, isto é, transformada em lei interna

Tese monista
Defende que o Direito constitui uma unidade, de que tanto a Ordem
Jurídica interna e a Ordem Jurídica Internacional são manifestações,
resultando a validade das normas interna e internacional da mesma fonte
a elas comum.

Monismo com primado de Dt° interno(deriva do voluntarismo uniestadual Jellinek)


En caso de conflito entre a Ordem jurídica interna e a Ordem jurídica
internacional, há prevalência da norma interna. (Esta tese não é mais do que a
negação do Direito Internacional)

Monismo com primado do Dt° Internacional (deriva das teses anti-voluntaristas e


é a corrente mais consentânea na Comunidade Internacional, Kelsen, G Scelle e Verdross)
Prevalência da norma de Direito Internacional, em caso de conflito entre
a Ordem jurídica interna e a Ordem jurídica Internacional. (O legislador nacional
não pode criar normas internas contrárias ao Direito Internacional).

Monismo com primado do Dt° Internacional radical (Kelsen)


Defende que em todo e qualquer caso, a regra interna contrária à regra
internacional é nula ou inválida (pressupõe uma Comunidade Internacional Federal).

Monismo com primado do Dt° Internacional moderado (Verdross)


Reconhece ao legislador nacional um campo bastante amplo de
liberdade de acção.

Conclusão:
Continua no próximo
episódio, ah! ah! ah! …

Reafirmamos a nossa adesão à concepção monista com primado do


Direito Internacional, pois ela traduz uma condição essencial da própria
existência do Direito Internacional e da vigência interna do Direito
Internacional, na ausência de disposições estaduais que a ela se refiram.

 Existem certas normas de Direito Internacional, que são


independentes da vontade dos Estados.

 Essas normas são superiores às normas de Dt° interno e revestem


uma força de obrigatoriedade para os Estados.

 A destacar, as normas e os princípios que constituem o património


colectivo da Humanidade, que são normas consuetudinárias,
universalmente aceites e os Princípios Gerais de Direito, reconhecidos
pelas Nacões civilizadas e que se impõem a todos os Estados.

 O Direito Interno deve-se conformar com as normas de Direito


Internacional; se o Estado não cumprir, Tonybrussel
o efeito não é necessáriamente
uma sanção, mas poderá incorrer em Responsabilidade.

A incorporação do Direito Internacional na Ordem jurídica Interna


Explícita (norma)
Da transformação Implícita (processo de aprovação)
Plena
Sistemas Da cáusula geral de recepção automática
Automática
Da cláusula geral de recepção semiplena

Sistema da transformação
Pelo qual o Direito Internacional só vigora na Ordem interna se e na
medida em que cada norma internacional for transformada em Direito
Interno. ( Este sistema é característico dos Estados que adoptaram a solução dualista nas relações entre o Direito
Internacional e o Direito Interno)

Transformação explícita Se a norma internacional é objecto de um acto normativo interno.

Transformação implícita Se no processo de aprovação internacional da norma, se inserem


actos de órgãos do Estado, passíveis de conferir eficácia interna à dita norma.

Sistema da cláusula geral de recepção automática plena


O Estado reconhece a plena vigência de todo o Direito Internacional na
Ordem Interna. (Constitui um corolário da concepção monista com primado do Direito internacional, das relações
entre o Direito Internacional e o Direito interno)
Recepção plena
Nesta vertente à formalidades a respeitar para a recepção do Direito
Internacional na Ordem interna.

Recepção automática
Nesta vertente, as normas internacionais são directamente aplicáveis na
Ordem jurídica interna sem necessidade de quaisquer formalismos

Sistema da cláusula da recepção semi-plena


O Estado não reconhece a vigência automática de todo o Direito
Internacional, mas somente sobre certas matérias. (Este sistema resulta da adopção
cumulmativa de concepções monistas e dualistas)

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