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Mercado de ações: como funciona?

Entenda tudo sobre

Como começar a investir em ações:


Passo a passo para quem está chegando
à bolsa
Guia completo de investimentos para iniciantes. Confira tudo que você precisa saber
para começar a investir em ações.

Você já conhece os fundamentos do mercado de ações, mas ainda não tomou


coragem para começar a investir? Talvez ainda esteja faltando entender como fazer
isso na prática.

Existe uma variedade de formas, métodos e estratégias para negociar no mercado


de renda variável, o que nem sempre é trivial.

Esse guia do InfoMoney procura apresentar alguns aspectos do cotidiano de quem


investe em ações. Você confere o que é preciso fazer para iniciar as aplicações e
que estratégias são as mais adequadas para cada investidor.

O que são ações?


O capital das empresas é dividido em centenas, milhares ou até milhões de
pequenas partes – e cada uma delas é uma ação. Parte das ações pertence aos
empreendedores, parte a outros sócios. Em alguns casos, uma terceira parte é
negociada na bolsa de valores, onde os investidores podem comprá-las e vendê-las.
Quem compra esses papéis no mercado se torna também um acionista.

Ao comprar ações de uma companhia aberta, os investidores em geral têm o


objetivo de compartilhar dos ganhos que ela obtém. Isso se dá, basicamente, de
duas maneiras. As empresas distribuem dividendos, que são parte dos seus
resultados. Eles são pagos aos investidores na proporção do número de ações que
cada um deles possui.

A outra forma de ganhar na bolsa de valores é com a valorização das ações. As


cotações variam com o tempo, conforme as companhias crescem e também de
acordo com os movimentos da economia e do mercado. Sai ganhando quem investe
em ações por um valor e se desfaz delas mais tarde, vendendo os papéis por um
preço maior.
Estratégias para investir em ações
Não existe um jeito só de investir em ações. Na verdade, há uma infinidade de
técnicas e estratégias diferentes de operar com renda variável. A escolha das mais
adequadas depende do perfil do investidor e seus objetivos, mas também do
momento e das condições do mercado. Conheça algumas das estratégias mais
comuns abaixo:

Day trade
É assim que são chamadas as negociações de curtíssimo prazo realizadas na bolsa
de valores. E o prazo é curtíssimo de verdade: um day trade é uma operação que
combina a compra e a venda de uma mesma ação em um mesmo dia, pelo mesmo
investidor, usando a mesma conta e na mesma corretora.

Por isso, a liquidação de um day trade é exclusivamente financeira. As ações não


transitam pela carteira de custódia do investidor. Muitas vezes, quem negocia lança
mão da alavancagem – operando um valor maior do que efetivamente possui –
numa tentativa de ampliar os ganhos.

O day trade costuma ter algumas características especiais em relação às outras


compras e vendas de ações. As corretoras, por exemplo, costumam praticar taxas
de corretagem mais baratas do que nas operações tradicionais. A tributação do day
trade também é diferente (leia mais na seção Quanto custa investir em ações?).

Curto prazo
De modo geral, investimentos com um horizonte de alguns dias, semanas ou meses
– até um ano – são considerados de curto prazo. No mercado de ações, uma
técnica comum para fazer aplicações desse tipo é chamada de swing trade. Mesmo
com a compra e a venda não sendo finalizadas no mesmo dia, às operações de
curto prazo ainda exigem um acompanhamento constante do mercado, pois se
baseiam em achar oportunidades de ganho em pouco tempo.

Esse tipo de negociação está entre os mais comuns na bolsa de valores, e mesmo
investidores não profissionais por vezes aplicam com esse horizonte de tempo em
mente. No entanto, é importante ressaltar que negociar visando o curto prazo tem
suas peculiaridades. É recomendável, por exemplo, optar por ações com liquidez
elevada, para conseguir se desfazer delas com facilidade na hora de encerrar o
investimento.

Guia: Tudo o que você precisa saber sobre empresas de capital aberto

Longo prazo
É bastante comum ouvir a recomendação de que ações são investimentos
interessantes para quem tem o longo prazo como objetivo. Existem algumas razões
para isso.

Ao comprar ações, o investidor se torna sócios da empresa e tende a ganhar junto


com ela conforme a receita cresce e os resultados aparecem. Isso, é claro, não
acontece de um dia para o outro. Demanda algum tempo de maturação.

Também é importante lembrar que, embora reflitam os resultados das empresas, os


preços das ações também variam conforme as condições do mercado. É comum
que alguns acontecimentos transitórios causem euforia – ou desespero – no
mercado, o que pode ter um impacto direto sobre as cotações. Elas tanto podem
subir quanto cair de maneira repentina.

Uma declaração negativa feita por um governante, por exemplo, tem potencial para
causar efeitos desse tipo. De uma hora para outra, as ações que você possui podem
passar a valer 5% ou 10% menos.

Não significa que a empresa deixou de ser uma boa aposta, e sim que naquele
momento ela sofreu uma interferência externa no seu preço.

Se o investidor tem tempo para esperar, o provável é que a onda negativa passe e,
algumas semanas depois, os preços se recuperem. Já se precisar do dinheiro no
curto prazo, é possível que acabe tendo de embolsar o prejuízo.

Uma técnica bastante usada por quem opera no longo prazo é chamada de position
trade, em que as posições em ações são mantidas por mais tempo. É uma boa
pedida inclusive para quem não tem tempo de se dedicar todos os dias a
acompanhar os movimentos da bolsa.

Dividendos
Alguns investidores se interessam mais pelos dividendos distribuídos pelas
empresas do que propriamente pela possibilidade de ganhar com a valorização das
ações. É uma forma de viver de renda operando na bolsa de valores, em vez de com
títulos públicos ou outros papéis de renda fixa.

Normalmente, empresas bem estabelecidas, que tenham as suas receitas


crescendo de maneira constante e sem uma necessidade muito grande de
investimento são boas pagadoras de dividendos.

As empresas distribuidoras do setor elétrico são um dos exemplos mais citados.


Seu faturamento, que provém do pagamento das contas de luz, é reajustado
periodicamente. Como elas já atendem as principais localidades, também não
precisam realizar investimentos muito pesados na expansão das operações.
Conclusão: sobra mais dinheiro para os acionistas.

Os dividendos recebidos das empresas podem tanto servir como uma renda
recorrente do investidor, quanto podem ser reaplicados na compra de mais ações.
Tudo depende dos objetivos e interesses de cada um.

Long short
Quando se pensa em bolsa de valores, a operação mais tradicional é a compra de
ações, uma posição também conhecida como “long”. Porém, é possível realizar
outros tipos de negociações, baseadas na venda de papéis. Elas costumam ser
recomendadas para quem já possui alguma familiaridade com o mercado.

Operar vendido (ou “short”) é o mesmo que vender uma ação antes mesmo de
comprá-la. Numa operação tradicional de compra, o principal objetivo é conseguir
adquirir papéis por um preço mais baixo e, no futuro, desfazer-se deles a um preço
mais alto.

Já numa operação vendida, o raciocínio é exatamente o oposto: vender as ações e


recomprá-las mais tarde por um valor mais baixo, embolsando a diferença.

Operações short permitem ganhar quando o mercado está em queda. Para


executá-las, é preciso fazer um aluguel de ações. Assim, é possível vender as ações
que foram alugadas, recomprar os mesmos papéis e devolvê-los ao locatário. O
risco é o cenário imaginado pelo investidor – de queda do mercado – não se
concretizar. Se as cotações dos papéis subirem, o resultado será prejuízo.

Como escolher e analisar ações


Agora que você já entendeu os principais tipos de operações que podem ser feitas
na bolsa de valores, as perguntas são outras: que ações comprar? A que preço?
Quando? Com que perspectiva de retorno?

Para chegar a uma conclusão sobre isso, é preciso realizar uma análise de
investimentos. Ela serve para traçar cenários sobre os preços futuros das ações, o
que pode ajudar os investidores a fazerem suas escolhas. É com base na análise de
investimentos que as corretoras recomendam a compra ou a venda de ações, por
exemplo.

Existem dois tipos principais de análises aplicadas ao mercado de ações: a técnica


e a fundamentalista. Conheça os detalhes de cada uma:

Análise técnica
A análise técnica parte do princípio de que as informações relacionadas a uma ação
são expressas no seu gráfico de preços. Afinal, o valor pelo qual um papel está
sendo comprado ou vendido reflete a percepção que analistas, investidores
profissionais, pessoas físicas e todo o restante do mercado têm sobre ele. Assim,
observar as curvas do gráfico de cotações de uma ação permite identificar padrões
e estimar o comportamento no futuro.

Os gráficos utilizados para realizar esse tipo de análise podem ser variados. Um
investidor que opere com day trade deve observar gráficos em que cada ponto
representa o comportamento da ação a cada 15 minutos. Já investidores que têm
um horizonte de longo prazo podem prestar atenção a gráficos semanais ou
mensais.

Nesses gráficos, os analistas técnicos procuram encontrar suportes e resistências,


que são dois conceitos importantes da análise técnica. Um suporte é um ponto de
baixa do papel que representa o momento em que uma virada – naturalmente em
direção a uma alta – tende a acontecer. Por isso, costuma ser encarado como um
bom ponto de compra dos papéis.
Já uma resistência e um ponto de alta da ação, em que historicamente os preços
param de subir e começam a cair. Pode representar um bom momento para vender
os papéis.

Análise fundamentalista
A análise fundamentalista se baseia no estudo das características financeiras de
uma empresa – perspectivas de crescimento, fluxos de caixa e risco – para
determinar o valor potencial das suas ações. O objetivo com isso é permitir ao
investidor escolher papéis que tenham uma boa perspectiva de ganhos no futuro,
evitando a compra de ações que já estejam cotadas a um valor muito próximo do
potencial.

Há duas abordagens principais de análise fundamentalista. A top down parte do


princípio de que o valor de uma ação sofre influência direta de fatores
macroeconômicos – como inflação, juros ou taxa de desemprego – porque eles
afetam o desempenho da empresa. Assim, as decisões de investimento deveriam
ser tomadas considerando informações amplas primeiro, e projeções detalhadas
depois.

Já na análise do tipo bottom up o ponto de partida são os fundamentos individuais


de cada empresa. Analistas com esse viés consideram importante avaliar fatores
como modelo de negócio, governança corporativa, além das perspectivas de
crescimento. Na visão deles, quanto melhores forem essas características, melhor
uma companhia poderia se sair – tanto nos bons momentos quanto nas épocas de
economia ruim.
Vantagens e riscos de investir em ações
Um dos principais objetivos dos investidores é obter um retorno elevado – e no caso
das ações, as possibilidades são de conseguir uma rentabilidade maior do que a da
renda fixa.

O que é preciso para que o retorno de um investimento em ações seja positivo? Em


primeiro lugar, que as empresas emissoras obtenham bons resultados nas suas
operações e, com isso, cresçam em escala e em participação de mercado.

Mas isso não basta. O desempenho da economia em geral, do setor em que a


empresa está inserida em particular, além dos humores do mercado acionário,
também influenciam os movimentos de cada papel específico.

Ao mesmo tempo em que podem ser mais rentáveis, as ações também envolvem
mais riscos do que outras modalidades de investimentos. Ao contrário de um papel
de renda fixa, em que o retorno é acertado com o investidor desde o início, uma ação
não tem qualquer tipo de garantia de rentabilidade. Dependendo da situação, os
investidores podem inclusive registrar perdas – pelo menos temporárias.

Outra característica do mercado de ações é a volatilidade. Os preços dos papéis


variam todos os dias, conforme as negociações realizadas na bolsa de valores.
Alguns investidores lidam bem com as oscilações. Outros preferem alternativas
mais estáveis.

Uma vantagem da bolsa de valores é o fato de que há ações de empresas de


diferentes setores, portes e características sendo negociadas. Assim, os
investidores podem diversificar sua carteira e diluir os riscos apostando em papéis
com perfis distintos. Os fatores que levam uma ação a subir ou a cair não são os
mesmos que influenciam outros papéis.

Por fim, vale destacar que, investindo em ações, você pode ganhar dinheiro com a
valorização dos ativos e com os proventos distribuídos entre os acionistas.

Quanto custa investir em ações?


É possível começar a investir em ações com valores relativamente baixos. Por
padrão, a maioria das ações são negociadas em lotes de 100. Para comprar um lote
de uma ação que custe R$ 30, portanto, seria preciso aplicar R$ 3.000. No entanto, é
possível adquirir quantidades pequenas de ações no mercado fracionário, onde elas
não são negociadas em lotes (mas sim, individualmente).

É preciso considerar alguns custos envolvidos na negociação. As corretoras de


valores, que fazem a intermediação das operações dos investidores na bolsa, são
remuneradas com uma taxa de corretagem, que é um valor cobrado cada vez que
alguém compra ou vende ações.

Existem formas distintas de cobrança. Muitas corretoras têm uma taxa de


corretagem fixa, de R$ 10 ou R$ 20, por exemplo, cobrada a cada negociação.
Também há algumas que não cobram taxas de corretagem, como a Clear.

Outras adotam um sistema taxa variável, que equivale a um percentual sobre o valor
que o investidor deseja operar. Normalmente, ele se baseia na chamada “tabela
Bovespa”, que é uma referência para quem adota esse modelo.

Uma outra taxa – de custódia – também pode ser cobrada por algumas corretoras.
Ela remunera a instituição pela guarda das ações ao longo do tempo. Porém, já é
muito comum encontrar corretoras que isentam os investidores dessa taxa.

Há ainda o custo relacionado à tributação. Há incidência de Imposto de Renda sobre


os ganhos de capital obtidos pelos investidores. Assim, se uma ação foi comprada
por R$ 100 e vendida por R$ 200, o IR é aplicado sobre os ganhos obtidos – nesse
caso, de R$ 100. A alíquota é de 15% e o pagamento deve ser feito mensalmente por
meio o carnê Leão.

Existe uma possibilidade de ficar isento de Imposto de Renda ao investir em ações.


Não há cobrança caso o investidor faça vendas abaixo de R$ 20 mil por mês.

Passo a passo; como começar a investir em ações


Para finalmente começar a investir em ações, é preciso seguir alguns passos
básicos. Atentar a esses aspectos pode facilitar o processo e garantir que as
decisões sejam tomadas de forma consciente e segura. Confira:

1. Ter certeza de que esse mercado se encaixa com o perfil investidor


Antes de decidir comprar ações, pergunte-se: qual é seu objetivo com o
investimento? Seu perfil de risco é adequado para aplicar em renda variável?
Quais as chances de você precisar do dinheiro no curto prazo?

Uma ferramenta que pode responder essas questões é a Análise do Perfil do


Investidor ou Suitability, um questionário aplicado pelas próprias corretoras
para definir as características comportamentais dos clientes. Fazendo
algumas perguntas, elas conseguem identificar os produtos mais adequados
para cada um – e inclusive saber se as ações são uma boa alternativa para
eles.

2. Abrir conta em uma boa corretora de valores


Para negociar na bolsa, o investidor precisa ter conta em uma corretora,
instituição financeira autorizada a operar no pregão. Elas recebem as ordens
de compra ou de venda e executam as operações na B3 em nome deles.

Então, é preciso escolher uma corretora. Alguns dos fatores importantes a


avaliar são as taxas de corretagem, a facilidade de uso dos sistemas de
negociação, a disponibilização de relatórios e orientações sobre
investimentos, entre outros.

Em geral, para abrir uma conta é preciso enviar alguns documentos pessoas
de identificação para a corretora e preencher alguns cadastros. Com a conta
aberta, é possível realizar uma transferência (via TED ou DOC) para que os
recursos possam ser usados na compra de ações.

3. Escolher a melhor estratégia


De acordo com seu perfil de investidor, os objetivos que têm para seu dinheiro
e o momento do mercado, escolha a estratégia mais adequada para negociar
ações. Ela tanto pode estar focada nos ganhos de curto prazo quanto visar o
longo prazo. Tudo vai depender também de quanto tempo você estará
disposto a dedicar à bolsa de valores cotidianamente.
4. Decidir entre a mesa de operações ou o Home Broker
Normalmente as corretoras oferecem duas formas de negociação para os
investidores. O mais comum é o home broker, um sistema eletrônico em que
o próprio investidor cadastra suas ordens de compra e venda, podendo operar
diretamente. No home broker, a taxa de corretagem costuma ser de valor fixo.

Outra via de negociação é a mesa de operações. Nesse caso, o investidor se


comunica com um operador da corretora – por telefone, e-mail ou sistemas
de mensageria – e envia a ele suas ordens de compra e venda de ações. É
esse operador que realiza os negócios em nome do investidor. Esse modelo
costuma ser restrito a clientes de alta renda e, nele, as taxas de corretagem
normalmente seguem a tabela Bovespa.

5. Escolher as ações e começar a formar uma carteira


Chegou a hora de escolher as ações em que você vai investir. Você pode
optar por um método de análise – como a técnica ou a fundamentalista – e
decidir por conta própria. Ou também pode se valer dos relatórios elaborados
por analistas especializados no mercado de ações e seguir as
recomendações deles.

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