Unidade 1

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Unidade 1

Princípios do Empreendedorismo e da organização empresarial

No cenário atual de negócios observamos uma maior exigência de excelência em produtos e


serviços inovadores. Com o consumidor cada vez mais insatisfeito e voraz por mudanças, há o
desejo de muitas pessoas em criarem negócios; mas, na jornada do empreendedorismo,
pairam algumas dúvidas contumazes nos iniciantes:

Será que tenho dom para isso?

Será que nasci para empreender?

Muitos de nós já temos espírito empreendedor, mas não sabemos disso. Assim, apenas o
surgimento de uma oportunidade pode não ser suficiente. Não cito isso referindo-me apenas à
aquisição de conhecimentos ou técnicas, mas sim de comportamentos, características e fatores
pessoais. Nesse ponto, é importante percebermos que o empreendedor, além de criar um
negócio (empresa, produto, serviço etc.), deve também possuir competências na área de
gestão, pois não basta somente conceber o negócio, mas também se preocupar com sua
longevidade e isso abrange mercados-alvo, posicionamento de marca, propósito, planejamento
estratégico, dentre outras ferramentas. Nesse ponto, o conhecimento faz toda a diferença!

Objetivo

Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:

 Correlacionar os princípios do empreendedorismo e da percepção empreendedora


com a inovação, organização, informação e inteligência empresarial.

Conteúdo Programático

Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas:

 Tema 1 - Conceito de empreendedorismo e suas origens e evolução; comportamento


da mente empreendedora

 Tema 2 - Inovação e empreendedorismo, relações e interdependências

 Tema 3 - Organização empresarial: informação, inteligência e estratégia empresarial

Uma das características mais importantes (senão a mais importante) de um empreendedor é a


percepção, ou seja, conseguir enxergar oportunidades em cenários que passariam
despercebidos pela maioria das pessoas. A história do KFC desconstrói um mito que é visto
como verdade por muitas pessoas: “Existe idade certa para empreender.”

Porém, nunca uma afirmação se mostrou tão falsa!

Vamos assistir no canal Ler e Empreender, disponível no YouTube, ao vídeo: A história do KFC -
o frango frito mais famoso do mundo.
Tema 1Conceito de empreendedorismo e suas origens e evolução; comportamento da mente
empreendedora

Você acha que empreendedorismo é uma questão de sorte?

O empreendedorismo existe desde o início do Capitalismo no mundo. Na Idade Média, eram


considerados empreendedores aqueles que gerenciavam grandes negócios e projetos, mas
assumindo poucos riscos. No século XVII, o economista francês Richard Cantillon começou a
definir, de forma distinta, quem era capitalista e quem era empreendedor.

Se você, por exemplo, compra ações da Petrobras, sua única expectativa é com os lucros, mas
está ciente de que a perda financeira é possível, logo seu perfil é capitalista, pois assume
apenas riscos financeiros. Se você inicia um negócio, precisará se preocupar com todas as
estratégias, custos, stakeholders, qualidade, inovação etc. Assim é possível perceber que o
custo emocional é bem alto. Essa é a realidade de um empreendedor!

Ainda no século XVII, outro economista francês, chamado Jean-Baptiste Say, acrescenta mais
um atributo ao empreendedorismo, que é a responsabilidade com o aumento da
produtividade e sua importância no cenário econômico. Nesse mesmo período, o austríaco
Carl Menger cita outros atributos, que são:

 Capacidade de identificar cenários.

 Capacidade de prever ações futuras.

O conceito de empreendedorismo evolui com o passar do tempo, mas uma questão que vale
ressaltar é:

Todo empresário é empreendedor?

A resposta é: Não.

Os atributos necessários a um empreendedor são muito mais complexos, assim como a


expectativa sobre ele. Observe, no esquema a seguir, essa diferença.
O cientista político austríaco Joseph Schumpeter, já no início do século XX, foi o primeiro a
associar inovação e desenvolvimento tecnológico ao processo de empreendedorismo, sendo
amplamente uma referência hoje em dia. Deve-se a ele os conceitos atuais de
empreendedorismo e a constatação de que quem se dedica a exercer essa atividade é
chamado de empreendedor, sendo esses os instrumentos para a inserção da inovação na
sociedade e a eliminação de produtos e serviços obsoletos.

Vamos conhecer um pouco dessa história...

No Brasil, sempre houve empreendedorismo, mesmo que de forma mais tímida, porém foi no
final do século XVII que o país iniciou grandes projetos empreendedores. O Barão de Mauá
construiu a primeira ferrovia, que ainda pode ser vista no município de Magé, no Rio de
Janeiro, e inaugurou a primeira rodovia pavimentada no país, ligando Petrópolis a Juiz de Fora,
em 1856.

Para aprofundar seu conhecimento sobre esse conteúdo, sugerimos que acesse, pelo YouTube,
o canal Eduardo F, e assista ao filme Mauá - O imperador e o rei, que conta essa fantástica
história.

No início dos anos 1970, um novo olhar foi lançado para as pequenas empresas, pois, até
então, apenas as dificuldades financeiras eram consideradas. Nesse momento, os aspectos de
gestão passaram a ser notados como fatores intervenientes na longevidade das empresas.
Dessa forma, foi criado o Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena e Média
Empresa – Cebrae, com a missão de prover auxílio aos pequenos negócios nas áreas
administrativa, financeira, econômica e gerencial, com programas de capacitação tanto da
equipe operacional quando dos principais gestores.

Com o fim do regime militar no Brasil nos anos 1980 e com mudanças no cenário mundial
(globalização), o governo percebeu que o modelo do Cebrae era inadequado aos novos
tempos, e então, em 1990, criou o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas, que passou a fazer parte do Sistema S, juntamente com Senai, Senac, Sesi e Sesc.

Além de incluir o conceito de microempresa, a nova organização ganhou em agilidade e


recursos, viabilizando uma capilaridade em função de atuação em rede por todo o território
nacional. É muito importante ressaltar que o Sebrae foi fundamental para a disseminação e
consolidação de uma cultura empreendedora no Brasil nos últimos 20 anos.

Entre 2002 e 2012 o Sebrae teve diversas iniciativas para potencializar ainda mais o
empreendedorismo no Brasil Entre elas:
 Incubadoras de base tecnológica.

 A matriz de soluções educacionais.

 O desafio Sebrae.

 O programa de rádio e de TV: A gente sabe, a gente faz.

 Ensino a distância.

 Programa Brasil Empreendedor.

 Projeto Comércio Justo.

 O Programa de Estímulo ao Uso de Tecnologia da Informação em Micro e Pequenas


Empresas (PROIMP) e muitos outros.

Outro grande passo do Sebrae foi a criação do MEI, que é um modelo mais simples de empresa
para pessoas que trabalham por conta própria em atividades não regulamentadas por
entidades de classe. Ou seja, aquele que faz salgadinhos de festa ou bolos e quer vender para
empresas, basta ser MEI e poderá ter CNPJ, facilidades com a abertura de conta bancária, no
pedido de empréstimos e na emissão de notas fiscais, aposentadoria, entre outros benefícios.

As possibilidades e o cenário hoje são muito favoráveis ao empreendedorismo, mas, de fato,


ainda existem muitos mitos sobre essa atividade e vamos desmistificar alguns.

O empreendedor nasce pronto.

Falso – Ninguém nasce empreendedor e esse atributo não é hereditário, pois, mesmo que uma
pessoa herde uma empresa, não significa garantia de sucesso. Sabemos que algumas pessoas
possuem traços bem característicos quando jovens, basta observar na escola e nas atividades
lúdicas. Essas crianças demonstram uma postura empreendedora, que, se for desenvolvida
adequadamente, pode gerar grandes oportunidades. Porém, mesmo aqueles que não possuem
esses traços, podem tranquilamente desenvolvê-los, embora de forma mais lenta. Por isso, não
vamos nos iludir!

Os empreendedores sempre têm ideias revolucionárias que surgem do nada.

Falso – O nome para isso é crença limitante, pois não leva em consideração que ideias simples
possam ser desenvolvidas. Por isso, muitas pessoas não iniciam seus projetos, exatamente por
achar que não irão dar certo. É bom lembrar que novos negócios não necessariamente
precisam ser inovadores ou únicos. As ideias não precisam vir de um insight, mas, mesmo se
vierem, precisam de um método estruturado e, principalmente, de disciplina.

O empreendedor sempre acerta em seus projetos.

Falso – O erro faz parte do processo de aprendizado. É só observar a trajetória dos grandes
empreendedores, pois muitos deles colecionaram diversos insucessos até conseguir êxito. A
derrota é um dos grandes medos de quem decide apostar em um projeto novo, contudo, é
uma consequência natural quando se assume um risco. Por isso, planejamento e estratégia são
fundamentais para diminuir as possibilidades de insucesso. Lembrando que diminuir não
significa eliminar, pois o risco sempre haverá.

Empreendedor não tem chefe.


Falso – Mesmo que a pessoa seja dono(a) de um negócio, o cliente sempre será seu chefe, não
no sentido de dar ordens, mas sim de sinalizar as mudanças de hábitos e necessidades de
novos produtos. Claro que o empresário pode simplesmente ignorar essas demandas, porém
irá colocar em risco o seu negócio. Um conselho: quanto mais a empresa estiver alinhada com
os desejos dos clientes, mais tempo ela sobreviverá.

Empreendedores não precisam de estudo.

Falso – É muito comum falarmos de empresários que ficaram ricos sem estudo algum. Sejamos
sinceros: é um erro pegar a exceção e criar uma regra. Nunca devemos gerenciar pela exceção.
Não podemos esquecer que, em uma sociedade em constante transformação, o conhecimento
é o insumo mais importante para a geração de novas riquezas.

Bem, nem precisamos falar que “o dinheiro por si só não garante sucesso” (outro mito), então
vejamos quais atributos e comportamentos são observados nos empreendedores, segundo
estudos da ONU e do Sebrae.

1. Busca de oportunidade e iniciativa: tem a ver com capacidade de antecipação. Ou seja, ver
oportunidades que são invisíveis aos outros e, com isso, criar produtos ou serviços
diferenciados.

2. Persistência: pode ser que não acerte na primeira vez. Reavalie o processo e faça os devidos
ajustes. Pode ser que o produto seja muito bom, mas o público-alvo pode ser outro.

3. Correr riscos: o risco é inerente ao processo de empreendedorismo, porém precisa estar


previsto e seu custo calculado.

4. Exigência de excelência: sempre busque superar os anseios e necessidades dos clientes


(atender expectativas é algo ultrapassado).

5. Comprometimento: significa sacrifício pessoal, parceria com funcionários e clientes. O


empreendedor deve assumir para si a responsabilidade por um eventual fracasso e dividir com
a equipe o sucesso.
6. Busca de informações: a atualização deve ser constante, pois, se o mercado muda na
velocidade da luz, a empresa não pode mudar na velocidade de um homem andando.
Considerou contratar uma consultoria? Um especialista em mídias sociais? Lembre-se de que
se cercar de pessoas com conhecimento é um grande diferencial.

7. Estabelecimento de metas: definir seus objetivos e metas tanto de curto quanto de longo
prazo. Assumir metas e objetivos que representam desafios e tenham significado pessoal.

8.Planejamento e monitoramento sistemático: fragmente seu projeto em fases e o


acompanhe periodicamente. Os objetivos estão sendo atingidos? E as metas? Dessa forma, é
possível fazer correções de rumo com maior facilidade.

9. Persuasão e rede de contatos: o networking é parte do processo de empreendedorismo. Já


pensou que muitos parceiros, funcionários, fornecedores etc. podem estar nas suas redes?
Família, amigos, colegas de universidade e tantos outros grupos dos quais você faz parte. Já
pensou quantos grupos você tem no WhatsApp? Quem sabe aí pode haver uma grande mina
de ouro!

10. Independência e autoconfiança: o empreendedor tem um incômodo constante com a


situação atual do que lhe cerca e sempre busca mudanças e evoluções. É apaixonado pelo que
faz a ponto de tratar seu projeto como um filho.

Então, você já sabe qual é a sua missão como empreendedor?

Observe que o empreendedorismo é algo acessível a todos. Conhecendo ao menos algumas


premissas básicas, terá dado um grande passo. Porém o principal fator é perceber que as
dificuldades e limitações podem não estar no ambiente externo, mas no próprio
empreendedor.

Tema 2Inovação e empreendedorismo, relações e interdependências

Será que as empresas estão preparadas para a inovação?

Existe uma lógica que permeia a inovação, que é um conceito utilizado pelo consultor
Clemente Nóbrega: “inovação é geração de dinheiro novo”. Muitas pessoas, e talvez até você,
preferem falar “geração de valor”, “criação de valor agregado” etc. Porém tudo converge para a
questão financeira, pois, se o projeto não der resultado (lucro), não se justifica investir nele.
Podemos criar uma empresa, um novo produto, um novo projeto ou melhorar um processo
interno, tudo isso deve apontar para um dos dois caminhos:

 Mais entrada de dinheiro.

 Menos gastos.

Com isso, conseguimos saber a diferença entre criatividade e inovação. A criatividade está na
geração da ideia, a inovação responde a seguinte pergunta: “Como ganho dinheiro com isso?”.

A criatividade, como um processo cognitivo para geração de ideias, sendo uma etapa anterior à
inovação que transmuta essas ideias em algo rentável. Um grande mito acerca da criatividade é
que ela é um privilégio de poucos. Ora, todos nós já fomos crianças! E qual criança não é
criativa?! Isso também leva à ideia de que inovação é para poucos. Por mais que tenhamos um
modelo educacional que não estimule a criatividade, nossa capacidade criativa ainda existe,
embora possa estar adormecida.
O palestrante e consultor internacional em educação Ken Robinson aborda esse tema de forma
muito interessante. Acesse o vídeo no TED e assista a palestra: As escolas matam a
criatividade? (Lembre-se de ativar a legenda, pois ela não é automática).

Convergência entre inovação e empreendedorismo

Vamos conhecer a inovação por meio de quatro pontos de vista diferentes, segundo os
consultores Joe Tidd e Jonh Bessan, conforme citam no livro Gestão da inovação (2015). São
eles:

Inovação de Produto

Implica em novas ofertas de novas soluções que podem ser para os mesmos clientes ou não.
Imagine uma empresa de doces que cria uma linha de produtos veganos. Essa inovação servirá
tanto para clientes atuais quanto potencializaria novos clientes.

Inovação por Processos

A maneira pela qual os produtos são criados ou entregues é diferente da tradicional. Imagine
uma pizzaria em uma área na Região de Higienópolis em São Paulo que implanta um serviço de
entregar por drones. O produto continua o mesmo, mas o processo de entrega é diferente.

Inovação de Posição

Há uma mudança no posicionamento de uma marca/produto já estabelecido, de modo que


seja percebida de forma diferente pelos consumidores. As sandálias Havaianas, nos anos 1980,
eram um produto de baixo valor agregado e utilizado pelas classes C e D, mas depois de uma
grande campanha de reposicionamento, passou a ser um produto de luxo, com loja inclusive na
Rua Oscar Freire em São Paulo, considerada a mais luxuosa do Brasil.

A dimensão do Paradigma

Significa alteração na cultura organizacional, com mudança de modelos mentais que norteiam
a empresa. Por exemplo, uma empresa com problemas de organização, falta de procedimentos
e metas, decide implantar um planejamento estratégico com objetivos e metas definidas.
Fonte: Tidd e
Bessan, 2015. Adaptado.

Relativo ao grau de ineditismo, as inovações podem ser radicais ou incrementais.

 As inovações incrementais melhoram o que já existe, como as atualizações do


Windows.

 As inovações radicais criam um produto ou negócio totalmente diferente. Em alguns


casos, provocando revoluções no mercado. Isso ocorreu com a criação do Spotify, que
é um serviço de streaming de áudio via internet ou, conforme o próprio chefão da Sony
Music Suécia, Per Sundin, disse na série Som na Faixa (Temporada 1, ep. 2): “É uma
jukebox infinita!”.

Aliás, essa é uma outra dica de filme: na Netflix, está disponível a série Som na Faixa, que conta
toda a história da criação do Spotify. Acesse o YouTube e veja o trailer oficial.

Uma empresa não precisa ser eterna, mas, sim, permanecer mais tempo viva do que a
concorrência, pois todos os negócios têm seu ciclo de vida (uns mais curtos e outros mais
longos), sendo que a empresa precisa monitorar constantemente os anseios e desejo dos
consumidores, não apenas atendendo o que eles querem, mas o que precisam e ainda não
sabem. Isso define uma empresa sustentável. Esse objetivo somente é atingido inovando em
velocidade maior que os concorrentes e, em muitos casos, a simples observação do que há em
volta já é suficiente. Henry Ford criou a primeira linha de montagem observando uma operação
de corte de gado (no frigorífico, os cortes do gado é que se deslocavam pelos equipamentos,
enquanto os cortadores ficavam fixos nos seus postos).

Existem três elementos que o empreendedor deve considerar em um negócio e que precisam
estar equilibrados:

O que a empresa entrega ao cliente precisa estar alinhado aos valores dele (não apenas às necessidades). Existe
produtos semelhantes, preços semelhantes, tecnologia semelhante, mas o que fará o cliente comprar de você? Po
diferencial, pois esse é o início do fim.

A empresa precisa garantir que o produto chegue ao cliente no momento certo e no lugar certo . Hoje, todos os
produto não chega para o cliente no momento combinado, sua empresa perde credibilidade.

A empresa precisa ter DNA de inovação, pois de nada adianta ter os melhores profissionais sem a cultura voltad
definida, é possível ter inovação implementada na empresa, mesmo com pessoas medianas. Vamos ser honestos:
Gates ou Steve Jobs na sua empresa!

Uma vez que um desses fatores esteja desalinhado, dificilmente a empresa poderá inovar, o
que impactará diretamente nos seus resultados.

Tipos de empreendedorismo

Veremos agora quais tipos de empreendedorismo existem. Isso significa ampliarmos as


dimensões onde o empreendedorismo pode ocorrer, e que é muito maior do que a criação de
novas empresas. Os três principais tipos de empreendedorismo são:

Empreendedorismo de negócios

 Está relacionado à criação de empresas com foco em competitividade, conquista de


novos mercados, novos clientes e aumento de lucratividade.

 Nesse modelo o objetivo é identificar e atender uma demanda de mercado.

 É possível que esse objetivo seja alcançado inovando um processo que já existe.

Em 2011, o jovem Tallis Gomes participava de um programa de identificação de novas startups,


chamado Startup Farm, onde imaginou um aplicativo de ônibus que faria um mapeamento do
transporte público nas cidades, mas percebeu um grande concorrente: o Google. Após muito
tempo debaixo de chuva esperando um táxi, teve o insight de um aplicativo para aproximar os
taxistas dos clientes e percebeu que não haveria nenhuma concorrência. A partir daí, nasceu
o Easy Taxi, que hoje está em mais de 40 países com mais de 20 milhões de usuários.

Empreendedorismo social

 O principal objetivo do empreendedorismo social é causar impacto social, ou seja,


melhorar as condições de vida de uma determinada comunidade e para a sociedade
como um todo, gerando inclusão.

A Fonderie 47 é uma empresa que remove fuzis AK 47 de zonas de conflito na África e os


transforma em joias. Com isso, chama a atenção para a violência no local e cria produtos de
alto valor agregado. Estima-se que a empresa tenha removido mais de 70 mil fuzis de combate.

Intraempreendedorismo

 Ocorre quando criamos soluções a partir de projetos, novos negócios ou criação de


novos produtos ou serviços dentro de empresas já existentes.

 Também conhecido como empreendedorismo corporativo.


Já ouviu falar do termo “senso de dono”? Essa é uma competência muito demandada pelas
empresas, pois, se a organização tem planos e projetos voltados à inovação, significa uma
excelente oportunidade.

Em 1968, Spencer Silver, pesquisador da 3M, criou um adesivo novo, mas que não tinham
muita aderência quando utilizado nas fitas crepe ou fitas isolantes. Então achou que era apenas
uma invenção e que não teria nenhuma aplicação, afinal a 3M era famosa por criar colas e
adesivos extremamente poderosos.

Então, Art Fry, outro funcionário da 3M, percebeu que poderia utilizar essa nova cola em
pequenos pedaços de papel, podendo servir como marcadores de pequenos recados. Ele
distribuiu algumas amostras no formato de blocos de papel para os funcionários da 3M. O
objetivo era fazer com que os próprios funcionários testassem e descobrissem por eles
mesmos como utilizar essa nova invenção. O resultado disso foi o lançamento do “post-it”, em
de 1981.

Tema 3Organização empresarial: informação, inteligência e estratégia empresarial

Como as estratégias podem interferir no início e na continuidade de um negócio?

O tema estratégia empresarial é o mais complexo dentro do processo de planejamento


estratégico para um empreendedor. O objetivo de uma estratégia é apontar quais os caminhos,
quais os projetos e metas. O conceito principal da estratégia é relacionar a empresa a seu
ambiente.

A palavra estratégia vem do grego stratègós, que era uma patente militar análoga a um general
atual. Ele tinha como função avaliar o terreno, prever como o inimigo iria atacar, conhecer seu
efetivo militar e que armas tinham disponíveis, para então definir um plano de ação. Mesmo
com origem no campo militar, a estratégia começa a evoluir até chegar nos modelos de gestão,
ganhando cada vez mais espaço nas empresas que planejam expandir seus mercados de
atuação e criar vantagens competitivas.

Existem muitos estudos acerca da estratégia empresarial, mas todos convergem para o
seguinte: são práticas que permitem uma empresa a obter resultados em ambientes de
incerteza.

Essa definição faz muito sentido, pois a velocidade de geração de conhecimento é altíssima nos
dias de hoje e isso faz com que novos produtos, serviços, métodos e processos sejam criados e
descontinuados o tempo todo.

Muitas vezes nem percebemos essas mudanças até que sejamos dominados por elas. Vamos
refletir...
Claro que a estratégia não é o único fator de sucesso ou derrocada de uma empresa, pois há de
se considerar as competências dos gestores. De uma forma simples, a estratégia começa com a
definição dos seguintes fatores:

Onde estou.
Aonde quero chegar.
O que fazer para unir esses dois pontos.

Aí entra a estratégia!

Um fator que tem influência direta na estratégia sendo essencial para o empreendedor é
a diretriz estratégica, que abrange o seguinte tripé:

A missão é a razão de ser da empresa sendo expressa por uma declaração escrita e
apresentando quais os propósitos que a empresa defende e que valores ela entrega junto com
seu produto.
Essa definição auxilia na concentração de esforços em um objetivo comum. Na missão
organizacional, as seguintes perguntas precisam ser respondidas:

 Quem é nosso cliente?

 Qual o nosso negócio?

 O que tem valor para o nosso público-alvo?

 Quais as necessidade e expectativas do mercado que queremos atuar?

 Qual o diferencial competitivo da empresa?

 O que queremos vender? Inovação? Preço? Entrega rápida?

Com essas respostas, é possível definir uma declaração de missão que, embora não seja
eterna, deve durar o maior tempo possível.

A visão está relacionada a como a empresa quer ser vista no futuro.

A visão é inspiracional, sendo um sonho, um objetivo, e não uma meta, devendo ser aderentes
com as crenças e valores da empresa. Veja alguns exemplos:

“Ser a melhor operadora de turismo do Brasil.”


“Vender o melhor chocolate do Rio de Janeiro.”

Conheça algumas diferenças entre missão e visão.

Características da missão Características da visão

Identifica o negócio. É o que se “sonha” para o negócio.

É a partida. É a chegada.

É a “carteira de identidade da empresa”. É o “passaporte” para o futuro.

Identifica “quem somos”. Projeta “quem desejamos ser”.

Foco do presente para o futuro. Focalizada no futuro.

Os valores são crenças e atitudes que formam a personalidade da empresa e também precisam
ser incorporados pelos funcionários de forma a ficar perceptível pelo cliente final.

Todos os colaboradores, inclusive a alta cúpula da empresa precisam ter os mesmos valores,
pois abrangem tanto o modelo de gestão quanto o comportamento das pessoas.

Algumas características dos valores são:

 Precisam ser compartilhados.

 Possíveis de serem praticados.

 São poucos.
 Aderente ao modelo de gestão da empresa.

Para melhor definir uma estratégia, o empreendedor deve conhecer o cenário no qual a
empresa atua e isso é chamado de macroambiente ou variáveis incontroláveis, que são
aspectos que ocorrem independentemente da vontade do empreendedor e que podem
potencializar ou inviabilizar um negócio.

Tomemos como exemplo um empreendedor que vai abrir uma sorveteria: o fator clima é uma
variável incontrolável, pois meses mais frios e chuvosos tendem a impactar negativamente o
negócio. É algo que não pode ser impedido, mas sim previsto, de forma a gerar um plano de
ação.

Normalmente, dividimos o macroambiente em cinco cenários:

 1. Ambiente sociocultural

 2. Ambiente político-legal

 3. Ambiente demográfico

 4. Ambiente econômico

 5. Ambiente tecnológico

Matriz Ansoff

Uma análise estratégica muito utilizada é a chamada Matriz Produtos e Mercados ou Matriz
Ansoff. Esse modelo foi criado pelo russo Igor Ansoff, que é conhecido como o pai da gestão
estratégica empresarial. Enquanto outros ícones da gestão, como Taylor e Fayol, enxergavam
que, para uma empresa se desenvolver, precisaria olhar para “dentro”, Ansoff, acreditava que
olhar o ambiente e seu contexto é que permitiriam as melhores estratégias. De acordo com
ele, a empresa poderia atuar tanto em mercados novos quanto em mercados já existentes e
essas decisões poderiam resultar em quatro caminhos distintos:

Fonte: Ansoff
(1977). Adaptado.

 Penetração de mercado

 Desenvolvimento de produtos
 Desenvolvimento de mercado

 Diversificação

Estratégia do oceano azul

Agora vamos falar de outro conceito estratégico muito famoso e atual. Os professores Chan Kin
e Renée Mauborgne desenvolveram um conceito estratégico muito interessante com base no
estudo de mais de 150 empresas, chamado estratégia do oceano azul. Esse conceito se baseia
na constatação de que, em um cenário hipercompetitivo, há mais oferta do que demanda e
que a maioria dos empresários adota uma estratégia semelhante, que é aumentar as vendas e
reduzir os custos ao máximo, em uma verdadeira “briga de foice”.

Na minha tese de mestrado, fiz uma pesquisa sobre o mercado de food service (restaurantes,
bares etc.) e, apenas no município do Rio de Janeiro, há mais de 6 mil estabelecimentos como
esses — segundo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho) —,
logo, temos um ambiente hipercompetitivo, com margens de lucro nem sempre altas e regras
do jogo bem definidas e aceitas. Esse cenário caracteriza um oceano vermelho., cujas
características são:

 Concorrência acirrada.

 Margens de lucro baixas.

 Foco constante na redução de custos.

 Guerra de preços.

No oceano azul., a empresa cria um produto ou serviço único e diferenciado e, com isso, a
concorrência se torna irrelevante, pois esse novo serviço é voltado para um público totalmente
novo, diferente do público atingido pela concorrência.

Uma história muito interessante é a do ex-trapezista de circo Guy Laliberté, CEO do Cirque du
Soleil cujos espetáculos já foram vistos por mais de 50 milhões de pessoas. O circo tradicional,
durante décadas, manteve o mesmo modelo, que é depender de artistas, animais, palhaços
etc., e passou a disputar espaço com outras formas de entretenimento.

Pergunte a uma criança ou adolescente o que ele prefere: ir a um circo ou jogar PlayStation? A
questão é que todos os circos que surgiram tinham o mesmo modelo de negócios, o que
sinalizava uma decadência no setor.

Guy Laliberté criou um espetáculo sem concorrentes, no qual os malabaristas e trapezistas


seriam atletas olímpicos. Cada espetáculo passou a ter um tema diferente: Beatles, Michael
Jackson e muitos outros temas mais atuais, como o espetáculo “Alegria”, que critica a tirania de
alguns governos. Isso começou a atrair um público mais adulto, clientes empresariais, que
aceitam pagar bem mais para assistir aos espetáculos. Com isso, criou um oceano azul, onde
dificilmente um concorrente poderá surgir.

Um outro aspecto é: poucas coisas são realmente novas, a maioria das mudanças ocorre por
observação do que já foi feito. Logo...

Por que não verificar em outras empresas que práticas elas utilizam?

Isso se chama benchmarking.


Nesse caso, o empreendedor identifica organizações com características parecidas e que
alcançaram os seus objetivos e as usa como referência. Não apenas empresas, mas líderes,
inclusive.

Percebeu quantos assuntos vimos relativos a estratégia? E olha que há muito mais a discutir
sobre o tema, pois existem diversos outros conceitos e modelos estratégicos, tais como Forças
de Portes, Matriz BCG, Canvas, Metas SMART, dentre dezenas de outros; mas vamos parar por
aqui.

Encerramento

Você acha que empreendedorismo é uma questão de sorte?

O empreendedorismo é um processo estruturado e planejado, logo qualquer um pode


aprender e implementar.

Será que as empresas estão preparadas para a inovação?

A inovação não necessariamente está ligada a um artefato ou produto, pois pode ser uma
melhoria em algum processo dentro da empresa, por exemplo. Dessa forma, com o ambiente
favorável, teremos um terreno fértil para uma ação inovadora e, se considerarmos a realidade
de pequenas empresas, raras são as que estão preparadas.

Como as estratégias podem interferir no início e na continuidade de um negócio?

A implementação da estratégia depende do seu conhecimento do “terreno” e das ferramentas


adequadas. O “terreno” é o mercado e as ferramentas são os métodos. Lembre-se de que você
não precisa reinventar a roda. Talvez alguém já tenha feito antes.

Resumo da Unidade

O empreendedorismo é uma prática disponível e acessível a todos e não basta apenas uma
ideia ou oportunidade, mas também conhecer métodos e processos para colocar tudo isso em
prática. Com o conhecimento cada vez mais acessível, além de fontes de recursos e órgãos
governamentais que podem ser parceiros, o caminho se torna menos tortuoso. Saiba que,
mesmo com toda estrutura favorável, a garantia de sucesso não existe. É necessário termos em
mente que, mesmo com as melhores condições, com o maior conhecimento e o maior volume
de dinheiro, sempre vai existir risco.

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