FT Cap1
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FT Cap1
PREÂMBULO
Se mais nenhuma razão existisse, esta era bastante para justificar a inclusão da
disciplina no curriculum da licenciatura em Engenharia do Ambiente, considerada
como de formação básica e necessária para a compreensão das tecnologias e
processos industriais. Mas, a argumentação é ainda mais fundamentada, pois
muitos dos fenómenos que ocorrem no ambiente - em particular no ar e na água,
como elementos estruturantes, são do foro da mecânica de fluidos e incluem
também trocas de calor e de massa.
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Fenómenos de Transferência
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Capítulo 1: Conceitos e definições
CAPÍTULO 1
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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Capítulo 1: Conceitos e definições
Esta situação está ilustrada na fig. 1.1 (b), em que se representa a massa
volúmica em função do tamanho da unidade de volume. δV* é o volume
limitante, abaixo do qual podem ser importantes as variações moleculares e
acima do qual podem ganhar importância as variações dos agregados. A massa
volúmica ρ de um fluido é então definida como
δm
ρ = limδV → δ V* (1.1)
δV
-9 3
O volume limitante δV* é cerca de 10 mm para todos os líquidos e gases à
pressão atmosférica.
Incerteza
Volume microscópica
elementar
Incerteza
macroscópica
Região que
contém o fluido
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Capítulo 1: Conceitos e definições
Tal fluido é denominado um continuum, o que significa que a variação nas suas
propriedades é tão suave que pode ser usado o cálculo diferencial para avaliar a
substância. Ao longo deste texto analisar-se-ão essencialmente fluidos continua.
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Capítulo 1: Conceitos e definições
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Capítulo 1: Conceitos e definições
Nos ensaios em túnel de vento usa-se este conceito: é idêntico ter o modelo a
mover-se num fluido parado ou ter o modelo parado e o fluido a mover-se.
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Capítulo 1: Conceitos e definições
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Capítulo 1: Conceitos e definições
r r r r r
dv ∂ v ∂ v ∂v ∂ v
= + vx + vy + vz . (1.5)
dt ∂ t ∂ x ∂y ∂ z
ficando
r r r
∂vr ∂vr ∂vr r r
vx i + vy j + vz k = ( v ⋅ ∇) v . (1.7)
∂x ∂y ∂z
Deste modo, a aceleração total (eq. (1.5)) de uma partícula no sistema euleriano
pode ser escrita na forma:
r r
r dv ∂v r r
a= = + ( v ⋅ ∇) v . (1.8)
dt ∂t
d ∂ r
= + ( v ⋅ ∇) (1.9)
dt ∂t
dP ∂P r ∂P ∂P ∂P ∂P
= + ( v ⋅ ∇) P = + vx + vy + vz . (1.10)
dt ∂t ∂t ∂x ∂y ∂z
Do ponto de vista físico, a diferencial total de uma quantidade pode ser ser
encarada de 3 modos. Assim, suponha-se que se deseja calcular a variação da
pressão atmosférica P; a sua diferencial total (processo matemático de obter a
variação desejada) será
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Capítulo 1: Conceitos e definições
∂P ∂P ∂P ∂P
dP = dt + dx + dy + dz
∂t ∂x ∂y ∂z
dP ∂P ∂P dx ∂P dy ∂P dz
= + + + .
dt ∂t ∂x dt ∂y dt ∂z dt
(1.11)
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Capítulo 1: Conceitos e definições
r r r
Podia substituir-se v ⋅ n pelo seu equivalente vn, a componente de v
perpendicular a dA, mas o uso do produto interno dá um sinal a Q que permite
r
distinguir entre entrada
r r e saída. Por convenção, considera-se que n é dirigido
para fora. Assim, v ⋅ n indica saída se é positivo e entrada se é negativo.
m
& =ρ Q. (1.14)
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Capítulo 1: Conceitos e definições
vm =
Q
=
∫S v n dA . (1.15)
A
∫SdA
1 dV r r
= div v = ∇ ⋅ v . (1.16)
V dt
r 1 r 1 r
ω = rot v = ∇ × v . (1.17)
2 2
r ∂ vx ∂ vy ∂ vz
∇⋅v= + + = 0. (1.18)
∂x ∂y ∂z
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Capítulo 1: Conceitos e definições
Linhas de corrente: são linhas tais que, em cada instante, o vector velocidade é,
em cada ponto, tangente a essas linhas.
A figura 1.5 (a) mostra um conjunto de linhas de corrente e a figura 1.5 (b) o
caso em que as linhas de corrente se apoiam num contorno fechado, definindo o
chamado tubo de corrente. Por definição, o fluido dentro de um tubo de corrente
está confinado porque não pode cruzar as linhas de corrente; assim, as paredes
do tubo de corrente não precisam de ser sólidas, podem ser fluidas.
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Capítulo 1: Conceitos e definições
Uma vez que, ao longo de ruma linha de corrente, todo o vector de comprimento
dr deverá ser tangente a v , as suas respectivas componentes devem ser em
proporção exacta:
dx dy dz dr
= = = . (1.21)
vx vy vz v
dx dy dz
= vx = vy = vz (1.22)
ds ds ds
dx dy dz
= v x (x, y, z, t) = v y (x, y, z, t) = v z (x, y, z, t) (1.23)
dt dt dt
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Capítulo 1: Conceitos e definições
1.5.1 Viscosidade
vx = vx (y)
y a
a
b b
Figura 1.10: Esquema das forças de atracção moleculares que poderão originar
a viscosidade de um fluido.
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Capítulo 1: Conceitos e definições
V
placa móvel
y v h
placa fixa
x
Figura 4.2: Efeito da viscosidade do fluido no escoamento entre duas placas,
uma fixa e outra móvel.
y
v (y) = V.
h
Para manter o movimento tem que se aplicar uma força tangencial à placa
superior, força essa que equilibra a força de atrito no fluido. Sabe-se da
experiência que essa força (por unidade de área) é proporcional ao gradiente de
velocidade dv/dy, sendo o factor de proporcionalidade dado por µ. Essa força
tangencial por unidade de área é a tensão tangencial τ. Então,
dv
τ= µ
dy
(4.6)
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Capítulo 1: Conceitos e definições
-2
É usual a utilização de viscosidade dinâmica (µ), cujas unidades são N.s.m , ou
poise, e de viscosidade cinemática (υ), que resulta da relação entre a
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viscosidade dinâmica e a massa volúmica e cujas unidades são m .s , ou
stokes.
k
α=
ρCp
1.5.3 Difusividade
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Capítulo 1: Conceitos e definições
A primeira lei de Fick da difusão estipula que, numa mistura de dois compostos
A e B, o composto A sofre difusão (desloca-se na mistura) no sentido do seu
gradiente de concentração:
d
jAy = − DAB (ρ A ) (Lei de Fick com ρ constante)
dy
d
τ yx = − υ (ρv x ) (Lei de Newton com ρ constante)
dy
d
qy = − α (ρCPT ) (Lei de Fourier com ρ constante)
dy
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Capítulo 1: Conceitos e definições
A existência dos dois tipos de escoamento foi pela primeira vez constatada por
Hagen, em 1840, e foi demonstrada por Reynolds 43 anos mais tarde. A
experiência de Reynolds consistiu em analisar o escoamento de água num tubo
transparente no qual se injectava tinta e se controlava o caudal de água com
uma válvula, figura 6.1. Nesta experiência, constata-se que: (a) para pequenas
velocidades do escoamento, o fio de tinta permanece rectilíneo e paralelo ao
eixo do tubo sem se misturar com a água, sendo o escoamento ordenado, tal
como é característico de escoamentos laminares; (b) se a velocidade aumenta, o
fio de tinta começa a oscilar, situando-se o escoamento no denominado regime
de transição; e (c) para maiores velocidades, as trajectórias tornam-se
irregulares e as flutuações das partículas de fluido aumentam, verificando-se a
mistura de tinta no tubo, tal como nos escoamentos turbulentos. Estas
diferenças de comportamento da tinta resultam, pois, do tipo de escoamento em
presença.
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Capítulo 1: Conceitos e definições
ρvD
Re = , (6.1)
µ
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Capítulo 1: Conceitos e definições
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