Estudo Dirigido
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O conceito grego de Política se refere à realização do bem comum. No entanto, o conceito moderno de política está
ligado ao de poder.
O fenômeno do poder costuma ser dividido em duas categorias: poder do homem sobre à natureza e o poder do
homem sobre o homem. Na filosofia se ocupa precisamente com maior relevância ao poder do homem sobre o
homem. Isto é o poder social.
Para o filósofo italiano contemporâneo Norberto Bobbio, existem formas de poder que classificam os diferentes
meios de obtê-lo e exercê-lo na sociedade. Partindo de uma leitura do cenário político com inspirações marxistas,
Bobbio identificou três formas de poder. São elas:
Poder econômico: exercido por quem tem posse dos bens materiais e do dinheiro. É essa forma de poder que faz com
que as pessoas que não têm posse dos recursos mantenham certo comportamento e sujeitem-se a certos tipos de
trabalho. É o poder econômico que mantém o funcionamento do sistema capitalista e que faz com que os trabalhadores
sujeitem-se ao poder do patrão.
Poder ideológico: exercido por quem tem a capacidade de criar ideias e ideologias e, com isso, influenciar os outros.
Esse tipo de poder mantém toda uma estrutura social em pleno funcionamento, pois faz com que os sujeitados aceitem o
poder contra eles investido.
Poder político: poder oficial que controla o Estado e detém o direito de uso da força física contra os membros de uma
comunidade política. O poder político é legítimo, desde que vise alcançar os fins de uma comunidade política.
Poder social
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A capacidade que certos indivíduos têm de influenciar a sociedade, por meio do discurso, de seu carisma ou pela
posse de meios que permitam a grande difusão de suas ideias. Nesse sentido, detém poder social aquele que consegue
mobilizar a sociedade ou grupos sociais em torno de um projeto comum, influenciando a formação de ideias e opiniões.
Exemplos de poder:
Na teoria foucaultiana, pode-se entender como formas de poder o controle disciplinar exercido por relações sociais
microfísicas dentro de instituições de confinamento. São exemplos dessas relações: a relação entre aluno e professor,
patrão e empregado, paciente e médico ou prisioneiro e carcereiro.
Para Bobbio, o poder econômico pode ser exemplificado pela relação entre o patrão e o empregado; o poder ideológico,
pela relação entre a mídia (meios de comunicação) e as pessoas; e o poder político, pela relação entre os atores políticos
(governantes) e os cidadãos.
O estado é a instituição política que, dirigida por um governo soberano, reivindica monopólio do uso legítimo de força
física em determinado território, subordinando os membros da sociedade que nele vivem. (Max Weber 1864-1920).
Origem do Estado: Muitas sociedades se desenvolveram sem que tivessem o Estado instituído. No entanto, com o
aprofundamento da divisão social do trabalho, certas funções político-administrativas e militares acabaram sendo
assumidas por um grupo específico de pessoas. Este grupo passou a deter o poder e a impor normas à vida coletiva.
Surge o governo e nasce o Estado.
Função do Estado: Não existe consenso sobre essa questão. Muitas respostas foram dadas como a liberal e marxista.
Jhon Locke e Rousseau – A função do estado é agir como mediador dos conflitos entre os diversos grupos sociais,
promovendo a conciliação, amortecendo choques entre setores divergentes e, enfim harmonizando os grupos rivais,
preservando o interesse do bem comum.
Karl Marx e Friedrich Engels – O Estado não é um simples mediador de grupos rivais, mas uma instituição que
interfere de modo parcial, quase sempre tomando partido das classes sociais dominantes. Assim, a função social do
Estado é garantir o domínio de uma classe sobre a outra.
Regimes Políticos:
Democracia: originalmente, o conceito de democracia foi desenvolvido na Grécia antiga (daí, demos, que significa
"povo" e kratós, "governo"). Enquanto a ditadura surgiu na República Romana como um dispositivo administrativo
temporário para a resolução de questões emergenciais.
Forma de governo fundamentada na participação popular, determinada pela maioria e respeitando e protegendo os
direitos das minorias.
Para a filósofa Marilena Chauí, a democracia se fundamenta em três princípios fundamentais:
1. Conflito - A democracia é o único modo de governo que aceita uma multiplicidade de pensamentos, fazendo surgir
o conflito de interesses e o embate de ideias. Assim, admite a coexistência de distintas ideologias.
2. Abertura - Todos os cidadãos possuem os mesmos direitos políticos e assim, todos têm direito ao acesso à
informação, sem que haja o privilégio de um grupo em detrimento de outro.
3. Rotatividade - Na democracia, o poder não está identificado com um indivíduo ou grupo. A ocupação dos cargos
políticos é rotativa, alterna de acordo com o interesse dos cidadãos.
Ditadura: é um termo genérico utilizado para se referir a regimes de governo não-democráticos, que limitam as
liberdades individuais, impõem uma única ideologia, praticam a censura e restringem o acesso à informação. Forma
de governo fundamentada na concentração de poder ilimitado a um indivíduo (ditador) ou grupo, que governa de
acordo com seus interesses.
Aristóteles entende o Estado como um organismo moral superior ao indivíduo. É aonde efetua-se unicamente a
satisfação do indivíduo em todas suas necessidades, pois o homem, sendo naturalmente animal social, político, não
pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do Estado.
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Um dos primeiros constratualistas, Thomas Hobbes, sustenta em sua concepção de Estado de natureza que “O homem
é o lobo do homem” e antes de estabelecido o contrato social havia uma guerra de todos contra todos. Há no ser
humano o desejo de destruição e de manter o domínio sobre seu semelhante estabelecendo assim uma competição
constante e estado de guerra, por isso faz-se necessário a existência de um poder que esteja acima das pessoas para
que esse estado de guerra constante seja controlado.
“Afirma que, ante a tremenda e sangrenta anarquia do estado de natureza, os homens tiveram que abdicar em proveito de um homem
ou de uma assembleia os seus direitos ilimitados, fundando assim o Estado, o Leviatã, o deus mortal, que os submete a onipotência
da tirania que eles próprios criaram”.
Locke diverge consideravelmente da teoria de Hobbes, em sua obra “Segundo tratado sobre o governo civil” sustenta que
os homens enquanto no estado de natureza viviam em relativa harmonia e paz. Os homens eram dotados de razão e
possuíam suas propriedades (vida, liberdade e bens). Assim sendo, para John Locke o Estado é basicamente um corpo
político único, dotado de legislação e de força concentrada da comunidade para preservar a propriedade e proteger os
indivíduos dos perigos internos e das invasões estrangeiras.
“Se baseia o contrato, o estado no consentimento de todos, que desejavam criar um órgão para fazer justiça e manter a paz”.
Autor das obras “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens” e “O contrato social”,
Rousseau diz que os homens no estado de natureza são amorais, bons selvagens, não tem conhecimento do que é bom ou
mau, e devido a isso foram iludidos pelo discurso dos homens ambiciosos, convencendo-os a abrirem mão da sua
liberdade em troca do trabalho, da servidão e da miséria, o que para Rousseau torna o pacto social injusto, para ele a
propriedade é a raiz de todos os males.
Porquanto, Rousseau sustenta que os ricos e poderosos formam a sociedade em detrimento dos demais, onde se
preservam certos interesses e não os interesses de todos, entendendo o Estado como uma criação dos ricos para assegurar
seu lugar na sociedade.
“O contrato deve ter sido geral, unânime e baseado na igualdade dos homens. Foge do absolutismo e funde o Direito e o Estado na
igualdade dos homens, sem admitir nenhum princípio ou norma permanente que limitasse a vontade geral. Procura encontrar uma
forma de associação que defenda e proteja com toda força a pessoa e os bens de cada associado e pela qual em unindo-se a todos,
não obedeça senão a si mesma permaneça tão livre como antes”.8 E confessa dizendo que “o estado e natureza, condição necessária
do contrato, é uma simples conjectura”.
Para os Contratualistas o Estado surge de um acordo coletivo, de um contrato social. Sua função é atender as necessidades
coletivas. Marx discordaria dessa leitura ao julgar ser uma visão ideologizada que atente aos interesses da classe
dominante.
Marx, autor da obra “O Capital”, em conjunto com seu parceiro Friedrich Engels, sustentam que o Estado não é o
representante da sociedade ou do interesse da coletividade, mas sim uma instituição a serviço de um grupo (classe
dominante), e contra outros grupos menos favorecidos.
Nesse contexto, a leitura de Marx do Estado é que esse é essencialmente classista, ou seja, representante de uma classe e
não da sociedade em sua totalidade como afirmavam os Contratualistas.
“[…] o poder político do Estado representativo moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de
toda a classe burguesa”
Weber sustenta que o Estado tem o poder de coerção sobre os indivíduos, e de formular leis para controlar a conduta da
sociedade. Para que o Estado exista, os dominados devem obedecer à autoridade alegada pelos detentores.
“O Estado é uma relação de homens dominando homens, relação mantida por meio da violência legítima (isto é, considerada como
legítima). Ele é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um
determinado território”.
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