Propriedades Mecanicas Dos Materiais Ceramicos 01

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Propriedades

Mecânicas dos
Materiais
Cerâmicos
INTRODUÇÃO

Na seleção correta de um material solicitado mecanicamente


deve-se considerar suas características intrínsecas, bem como
a conceituação teórica que induz os parâmetros que
descrevem seu comportamento e a relação entre esses
parâmetros e as características microestruturais.

A extrema fragilidade e
dureza dos cerâmicos vem
da natureza das suas
ligações atômicas
covalentes ou iônicas
INTRODUÇÃO
 Até 1980 aceitava-se que cerâmica era um material com
comportamento mecânico frágil e focava-se a atenção no
aumento da tensão de fratura para valores próximos ao
limite de tensão teórico.
 Com a descoberta do aumento de tenacidade para zircônia
parcialmente estabilizada e o desenvolvimento de
compósito com reforço de fibras, houve um aumento no
interesse de estudos da tenacidade à fratura.
 Tem ocorrido consideráveis melhoramentos na tensão de
fratura e na tenacidade pelo controle das características
microestruturais.
 Muitos desses melhoramentos tem sido baseados num
melhor entendimento da mecânica da fratura.
FRATURA FRÁGIL
 Considerando a tensão de fratura, pode-se
estimar a tensão teórica em um corpo,
σ th , como a tensão necessária para
separar, simultaneamente, o corpo em
duas partes
 Se aplicarmos tração numa barra
cilíndrica de seção transversal unitária, a
força de coesão entre dois planos de
átomos varia com a separação atômica,
λ , de acordo com a figura.
 Primeiro a resistência aumenta com a
separação atômica, alcança um pico na
resistência teórica e então diminui com o
aumento da separação
FRATURA FRÁGIL
 2πX  2π γ
σ = σ th sen  (1) σ th = (3)
 λ  λ

O trabalho por unidade de área Para a primeira parte da curva,


para separar dois planos de próxima à posição de equilíbrio,
átomos é dado por: a0, a relação entre a força e o
deslocamento pode ser
considerada linear (lei de Hook)
λ/2  2πX  λ σth
∫0
σ th sen
 λ
dx =
 π
(2)e será dada por:
σ =E
X
(4)
a0

Que pode ser igualado com a


energia de superfície, 2γ , das Onde E é o Módulo Elástico
novas superfícies formadas:
1/ 2
 E ⋅ γ0 
σ th =  
 a 

FRATURA FRÁGIL
 ip 

Derivando a equação (1) em A partir dessa equação, e dos


relação a X: valores típicos de E, a0 e γ , a
dσ 2π σth  2πX  2π σth seguinte relação é válida:
= cos ≈ (5)
dX λ  λ  λ E E
≤ σ th ≤ (7)
10 5
Igualando está equação com a
derivada da equação (4)
obtém-se: No entanto, para a maior
dσ 2π σth E
= ≈ (5) parte dos materiais cerâmicos
dX λ a0 usuais, o valor da tensão de
ruptura situa-se entre E/1000
Combinando a equação (3) e a e E/100 .
(6) obteremos a resistência
teórica:
1/ 2
 E ⋅γ 
σ th =   (6)
 a 0 
FRATURA FRÁGIL

• Para explicar a discrepância entre os valores teórico


e real da tensão de ruptura, sugeriu-se que os
defeitos ou falhas internas do material agem como
concentradores de tensão, e que a separação das
superfícies ocorre seqüencialmente ao invés de
simultaneamente ao longo de uma dada direção.
• Inglis [1913] desenvolveu uma solução matemática
para uma placa tracionada contendo um furo de
forma elíptica (conforme figura a seguir), que
permite calcular a magnitude da tensão máxima no
ponto de coordenada (a,0).
FRATURA FRÁGIL
•A tensão no ponto C na direção y é:

 1 + 2a 
σ y (a,0) = σ ⋅   (8)
 e 
•sendo σ a tensão remota aplicada, 2a o
comprimento do defeito (elipse)
perpendicularmente a σ e “e” a metade da
largura da elipse. Se e<<a:

 2σa 
σ y (a,0) =   (9)
 e 
FRATURA FRÁGIL
Se a expressão do raio de curvatura no ponto C da elipse (ρ =e2/a)
for utilizada na equação 2.4, então:

1/ 2
a
σ y (a,0) = 2σ  (10
ρ )
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Baseado na análise de tensão de Inglis [5], Griffith [6]
estabeleceu uma relação entre tensão de fratura e
tamanho da trinca.
 Esta relação é conhecida como balanço de energia de
Griffith e é o ponto inicial para o desenvolvimento da
mecânica da fratura.
 Além disso, Griffith explicou qualitativamente porque a
resistência à tração dos materiais frágeis era menor que
o seu valor teórico e postulou que os materiais frágeis
continham defeitos submicroscópicos.
 Esses defeitos são muito pequenos para serem
detectados por meios ordinários e funcionam como
concentradores de tensão, e, conseqüentemente, o início
da fratura é causada pela concentração de tensão nestas
microtrincas internas ao material.
 A concentração de tensão pode aumentar a tensão local
até um valor maior que o necessário para o rompimento
das ligações atômicas.
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 No ponto onde existe a possibilidade do início da fratura,
esta pode não ocorrer se a energia fornecida for insuficiente
para vencer a resistência à extensão da trinca, resultante da
resistência coesiva entre átomos.
 Conseqüentemente, isso implica que a ruptura de um sólido
frágil sob tração envolve dois requisitos básicos:
1) necessidade de tensão: em algum ponto no sólido, a
tensão local deve ser alta o suficiente para superar a força
de coesão do sólido; isso pode ser alcançado pela
concentração de tensão devido à presença de defeitos tais
como microtrincas pré-existentes.
2) necessidade de energia: deve ser fornecida energia
potencial suficiente para superar a resistência à extensão da
trinca (isto é, conversão de energia elástica armazenada em
energia de superfície); isto pode ser alcançado pelo trabalho
realizado pelas forças externas.
π σ2 a
E'
= 2γ 0 FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Griffith estabeleceu que existe um balanço de energia
simples consistindo do decréscimo na energia potencial
elástica armazenada no corpo sob tensão, devido à extensão
da trinca e este decréscimo é balanceado pelo aumento na
energia de superfície devido ao aumento na área superficial
da trinca. Do balanço de energia de Griffith deduz-se que:

π σ2 a (11
= 2γ 0 )
E
onde a é a metade do comprimento de uma trinca central, em um
corpo com dimensões infinitamente maiores que as da trinca, com
sua maior dimensão perpendicular à aplicação de tensão; E’ é o
módulo de Young efetivo, ou seja, E’ = E para tensão plana e E’ =
E/(1 - ν 2) para deformação plana; γ 0 é a energia de superfície,
conforme já definido, ou seja, a energia necessária para criar uma
área unitária da nova superfície, considerando apenas o
=
∂Uc π σ2 a
∂a
=
E'
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 O lado esquerdo da equação (11) representa a energia de
deformação elástica armazenada no corpo. Esta energia está
disponível para a extensão da trinca. Esta energia é definida
como um parâmetro muito importante chamado de taxa de
liberação de energia de deformação elástica, denotado por G
em homenagem a Griffith. Uma expressão para a taxa de
liberação de energia de deformação elástica, G, pode ser
dada pela seguinte equação

∂Uc π σ2 a
= = (12
∂a E' )

onde Uc é a energia de deformação elástica.


FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 A teoria de Griffith estabelece que a condição crítica para
iniciação da propagação da trinca é expressa como:
G= Gc,
Onde Gc é a taxa crítica de liberação de energia de deformação
elástica, na qual ocorre a ruptura e é uma característica própria
do material.
 Na equação (11), o lado direito representa a energia de
superfície da trinca. Esta é a energia necessária para uma
extensão unitária da trinca (em termos de área) e é uma medida
de resistência à propagação da trinca, R, definida como a seguir:

∂Uc
R= = 2γ 0 (13
∂a )
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Tem sido mostrado que R é independente do comprimento inicial
da trinca, a0, mas é uma função da extensão da trinca, ∆ a.
 Uma condição crítica alternativa, então, é que a taxa de liberação
de energia de deformação elástica, G, deve ser igual à resistência
para o crescimento da trinca, R, antes que ocorra a propagação
instável da trinca. A condição de equilíbrio para inicio da
propagação pode ser expressa como dada pela equação abaixo:

Gc = R. (14
)
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Westergard publicou um
método analítico para
resolver o problema de
determinação de tensões
e deformações em corpos
trincados. Passa-se a
adotar trincas planas, com
raio de curvatura muito
pequeno, e não mais
elíptica, como mostra a
figura.
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
Os valores das tensões no
ponto A, próximo à
extremidade da trinca (r <<
a), são representados pelas
equações:

1/ 2
 a  θ θ  3θ 
σ x (r, θ) = σ  ⋅ cos  ⋅ (1 − sen  ⋅ sen  (15
 2⋅r  2 2  2 
)
1/ 2
 a  θ θ  3θ 
σ y (r, θ) = σ  ⋅ cos  ⋅ (1 + sen  ⋅ sen  (16
 2⋅r  2 2  2 
)

1/ 2
 a  θ θ  3θ 
τ xy (r, θ) = σ  ⋅ sen  ⋅ cos  ⋅ cos  (17
 2 ⋅ r  2 2  2 
)
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Análises sobre a equação (16), mostram que a tensão
σ y (responsável pela propagação da trinca), tende a
infinito quando r tende a zero e que para θ = 0 σ y(r,0)
= σ (a/2r)1/2, ou multiplicando os dois lados por π 1/2
tem-se que:
σ y ⋅ (2πr )1/ 2 = σ ⋅ ( πa)1/ 2 (18
)
Define-se como fator de intensidade de tensão, KI,
a seguinte expressão:
K I = σ y (r,0) ⋅ (2πr )1/ 2 = σ ⋅ ( πa)1/ 2 (19
)
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 O valor de KI aumenta com o aumento do comprimento
da trinca para σ fixo.
 A trinca propaga-se instavelmente quando o fator de
intensidade de tensão alcança o valor crítico (KIC)
considerado uma propriedade do material, e é
chamado de tenacidade à fratura em modo I.
 Esta denominação, modo I, é usada porque a trinca se
propaga devido à tensão de tração aplicada,
perpendicularmente ao plano de propagação, em sua
ponta.
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Pode ser demonstrado que o fator de
intensidade de tensão, KI, relaciona-se
com a taxa de liberação da energia de
deformação elástica (G) através das
seguintes equações:
K I2 estado plano de tensão (20
G = )
E

K I2 (1 − ν 2 )
G = estado plano de deformação(21
E )
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Quando a geometria do corpo, o formato e a posição do
defeito não forem os mesmos assumidos para as equações
mostradas acima, estas devem ser corrigidas através da
introdução de um fator de correção (ou fator de forma) Y, que
considera o efeito da variação dos parâmetros citados acima.
 Além disto, a equação do balanço de energia de Griffith
(equação 11) não considera a contribuição da energia de
microdeformação plástica na ponta da trinca, γ p, no valor da
energia de fratura. Tal correção pode ser feita através da
utilização, na equação 11, de um valor de definida como:

γ eff = γ 0 + γ p (22
)
π σ2 a (11
= 2γ 0 )
E
FATOR DE I NTENSIDADE DE
TENSÃO E TENACIDADE À
FRATURA
 Com γ eff introduzido no balanço de energia
(equação 11) a equação (13) fica:
∂Uc
R= = 2γ 0 (13
∂U c ∂a
R= = 2γ eff (23
)
∂a )

A partir das equações mostradas acima,


verifica-se que, a resistência à fratura é
determinada por dois parâmetros: (i) a energia
efetiva de superfície, γ eff, que é uma
propriedade do material sem defeitos e que
depende levemente dos parâmetros
microestruturais (tamanho do grão, etc.); (ii) e
do tamanho do defeito crítico, que é uma

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