PL - Discriminação Social Ou Linguística - Glícia Andrade
PL - Discriminação Social Ou Linguística - Glícia Andrade
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LINGUÍSTICA?
Resumo
Este trabalho apresenta elementos que comprovam o tratamento da língua hoje em dia, que é
demasiadamente proporcional ao mundo em que se vive. Uma língua é caracterizada pela sua
forma de comunicação e interação social, existente desde o princípio de sua utilização como
comunicação verbal independentemente da forma como a fala foi ou é colocada em um
determinado contexto. Será abordada de forma clara e objetiva a distinção entre fala e língua,
com a diferenciação entre linguagem formal e não-formal. Além de trazer, como uma das
propostas de ensino mais eficientes de língua materna, o trabalho com a variação lingüística.
A qual aos poucos vem sendo utilizada, porém ainda existem aqueles que apostam num
ensino baseado em normas e regras julgadas corretas e que não admitem qualquer outra
variação.
Resumen
Este artículo presenta evidencia de que tratar el lenguaje de hoy, que es proporcional a la del
mundo también en el que vivimos. Un lenguaje se caracteriza por su forma de comunicación y
la interacción social, que existe desde el comienzo de su uso como la comunicación verbal,
independientemente de la forma en que el discurso fue, o se coloca en un contexto dado. Se
abordarán de manera clara y objetiva la diferencia entre el habla y el lenguaje, con la
distinción entre el lenguaje formal y no formal. Además de llevar, como una de las propuestas
para la enseñanza más eficaz de la lengua materna, en colaboración con la variación
lingüística. Para que poco a poco se ha utilizado, pero todavía hay aquellos que confían en
una instrucción basada en estándares y normas consideradas correctas y no se admitirá
ninguna otra variación.
1 Introdução
A linguagem formal é aquela usada em ocasiões que se necessite o uso da norma culta;
a linguagem não-formal é aquela usada em ocasiões que é desnecessário o uso de
determinadas formalidades. Mas isso tudo não torna desigual a língua que falamos: o
Português. A língua portuguesa diferencia, como as demais línguas, a fala da escrita. Assim,
como diz Faraco (2008, p. 31), “uma língua é constituída por um conjunto de variedades”.
Desta forma, não se pode dizer que uma pessoa analfabeta não sabe o português, pois se
não o soubesse não falaria fluentemente esta língua, nem conseguiria comunicar-se. Um
analfabeto não conhece a escrita portuguesa, mas conhece a língua portuguesa. Há de se
considerar que esta pessoa conhece apenas uma parte da língua que se fala, o que prejudica no
seu convívio com a comunidade pelo fato de conceder prestígio social apenas àquelas pessoas
que dominam a norma culta.
Pode-se dizer ainda que a escola é uma forma de exclusão de todos os tipos de
preconceitos, inclusive o linguístico que é o que trataremos neste presente trabalho. Muitas
vezes ela apresenta um conceito de linguagem um pouco restrito e acaba por dar prioridade a
um certo padrão, deixando de lado as variedades linguísticas de cada um.
E quanto a língua como escrita, devemos considerar a gramática como uma parte da
linguística e não como um todo, como a única, já que a linguística trata a língua com um
conjunto e a escrita (gramática) como uma parte desta língua, não menos importante, mas que
adiciona um grande valor a linguagem falada.
No entanto, a sua importância é notória no que diz respeito ao conhecimento e
crescimento individual e social de toda uma comunidade. Há de se saber a diferença entre fala
e língua, mas também há de saber que tanto uma como outra são importantes para o
desenvolvimento de toda uma sociedade.
O plano em que é desenvolvido este artigo está distribuído da seguinte forma: serão
apresentadas algumas considerações acerca da problemática do preconceito linguístico, do
ensino de língua na escola, levando em conta o equívoco de igualar língua, fala e gramática,
apresentando uma nova visão social e dividindo o tema em quatro subtítulos: A mitologia do
preconceito linguístico; O círculo vicioso do preconceito; 3- A desconstrução do preconceito
linguístico; e O preconceito contra a linguística e os linguistas; com suas análises e
implicações.
A língua portuguesa apresenta uma unidade surpreendente, o maior e mais sério dentre
os outros mitos, por ser prejudicial à educação e não reconhecer que o português falado no
Brasil é bem diversificado, mesmo a escola tentando impor a norma culta como se ela fosse
de fato comum a todos os brasileiros. As diferenças de status social em nosso país, explicam a
existência do verdadeiro abismo linguístico entre os falantes das variedades não-padrão do
português brasileiro que compõe a maior parte da população e os falantes, e da variedade
culta que é a língua ensinada na escola.
Não é coerente dizer que brasileiro não sabe português, que só em Portugal se fala bem
e correto a língua portuguesa, de acordo com Marcos Bagno (2004) essas duas opiniões
refletem o complexo de inferioridade de sermos até hoje uma colônia dependente de um país
mais antigo e mais “civilizado”. O brasileiro sabe português sim. O que acontece é que o
nosso português é diferente do português falado em Portugal. A língua falada no Brasil, do
ponto de vista linguístico já tem regras de funcionamento que, cada vez mais, se diferencia da
gramática da língua falada em no país europeu em questão.
Sausurre já considerava essas mudanças e tinha a língua como:
Dizem que o lugar onde melhor se fala português no Brasil é no Maranhão. O que
acontece com o português do Maranhão em relação ao português do resto do país é o mesmo
que acontece com o português de Portugal em relação ao Brasil: não existe nenhuma
variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente “melhor”, “mais pura”, “mais
bonita”, “mais correta” que outra. Toda variedade linguística atende às necessidades da
comunidade de seres humanos que a empregam. Quando deixar de atender, a mesma,
inevitavelmente, sofrerá transformações para se adequar às novas necessidades.
Em toda língua existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada
do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua
de modo idêntico. A ortografia oficial é necessária, mas não se pode ensiná-la tentando criar
uma língua falada “artificial” e reprovando como “erradas” as pronúncias resultantes das
forças internas que governam os idiomas.
Evanildo Bechara argumenta sobre o respeito que se deve ter para com a língua, pois
esta tem um valor comunicativo, além da necessidade de se estabelecer uma relação de
confiança com o aluno, para que este ao entrar numa sala de aula não se sinta oprimido nem
desestimulado a aprender, mas sim completo por em situações de comunicação ter pleno
conhecimento e oportunidade de escolha do uso de sua língua. Como ratifica POSSENTI
(1996):
O mais importante é que o aluno possa vir a dominar efetivamente o maior
número possível de regras, isto é, que se torne capaz de expressar-se nas
mais diversas circunstâncias, segundo as experiências e convenções dessas
circunstâncias. Nesse sentido, o papel da escola não é o de ensinar uma
variedade no lugar da outra, mas de criar condições para que os alunos
aprendam também as variedades que não conhecem. (POSSENTI, 1996, p.
82-83)
[...] fazer com que o ensino do português deixe de ser visto como a
transmissão de conteúdos prontos, e passe a ser uma tarefa em que o
professor deixa de ser a única fonte autorizada de informações, motivações e
sanções. O ensino deveria subordinar-se à aprendizagem. (POSENTI, 1996,
p.95)
6 Considerações finais
A língua portuguesa é um traço cultural comum a todos que a falam, seja brasileiro,
português ou componente de outras nações que tem esta língua como idioma oficial. Porém,
existem nessa língua inúmeras variações que muitas vezes são vistas de forma preconceituosa
por muitas pessoas.
É necessário mostrar que existe um grande preconceito ainda com relação à língua
portuguesa e aqueles que a falam, principalmente por parte de gramáticos tradicionais. Por
isso, surgem alguns mitos os quais ganham poder diante da maioria das pessoas, dentre os
quais está o mito de que “as pessoas sem instrução falam tudo errado”. O qual já foi
mencionado anteriormente e que traz uma análise irreal da linguagem que é falada pela
maioria dos brasileiros, pois eles apenas não seguem os padrões cultos da gramática mas
possuem conhecimento internalizado de acordo com suas realidades e conseguem comunicar-
se perfeitamente bem.
O meio escolar, com o intuito de tornar o ensino de língua materna cada vez mais
adequado e eficiente, deve mostrar ao aluno que realmente existe uma variedade mais culta e
que se deve aprendê-la com o intuito de utilizá-la em determinadas situações sociais de
comunicação a fim de adequar seus discursos a diferentes ambientes, mas que não se deve
deixar de lado o conhecimento de mundo e toda a riqueza de saberes que cada um traz
internalizado, ampliando assim seu conhecimento e aprendizagem, afinal todos os tipos de
variações têm seu valor na escola e na vida do individuo.
É preciso respeitar a língua falada que muitas vezes não é idêntica à língua escrita, e que
o grande problema se encontra na situação social que se encontra o Brasil, de injustiças,
exclusões, desigualdades. Que o problema é político e só a mudança social pode resolver.
Respeitar a variedade linguística de uma pessoa é bastante relevante. É respeitar a
integridade física e espiritual dessa pessoa como ser humano digno de todo respeito. A língua
permeia tudo, ela nos constitui enquanto seres humanos. Nós somos a língua que falamos e é
a partir dela que enxergamos o mundo e o definimos.
7 Referências
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2004.
BECHARA, Evanildo. Ensino da gramática. Opressão? Liberade? 7ed. São Paulo: Ática,
1993. Série Princípios.
CÂMARA JR, Joaquim Mattoso. Manual de expressão oral e escrita. 13ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 1993.
FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
PERINI, Mário Alberto. Gramática descritiva do português. 4ed. São Paulo: Ática, 2001.
______________. Por que (não) ensinar gramática na escola?. Campinas: Mercado das
Letras, 1996.
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Graduada em Letras Português pela Universidade Federal de Sergipe. [email protected]
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Graduada em Letras Português pela Universidade Federal de Sergipe. [email protected]
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Graduada em Letras Português pela Universidade Federal de Sergipe. [email protected]