Desempenho 101
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Burning Goose
Desempenho
Codigo Fonte:
28 de março de 2022
Burning Goose
Desempenho 101
1 Introdução
Este texto serve para dar direcionamentos básicos para os membros de Desempenho
e demais interessados, também servindo como uma fonte com links de referências sobre a
área.
Desempenho é uma área bastante interessante no projeto, pois é subdividida em
duas partes um tanto diferentes, que são o estudo do conjunto moto-propulsor e o estudo
das etapas do voo. E essas duas partes incluem tanto ensaios práticos quanto análises
teóricas
2 Moto-propulsor
Falando do conjunto moto-propulsor, ele é a combinação entre o motor e hélice
escolhidos para o avião, podendo ser a combustão ou elétrico.
Na classe micro são permitidos apenas motores elétricos, sem restrição de quan-
tidade. Enquanto na classe regular até 2019 podíamos ter apenas aviões monomotores
com motores a combustão do tipo glow. A partir de 2020 e até 2023, foram permitidos
motores elétricos também na regular e a partir de 2024 serão permitidos apenas motores
elétricos.
Os equipamentos que formam o conjunto a combustão são: motor glow, hélice,
tanque e mangueiras de combustível, espuma para amortecimento do tanque e servo do
carburador. Para o elétrico: motor elétrico brushless, hélice, ESC (Eletronic Speed
Controler ), wattímetro, bateria e armplug.
Nós atualmente temos 2 exemplares de um dos modelos permitidos do motor a
combustão (O.S. 61 FX) e 2 modelos de motor elétrico (Turnigy SK3 3542 1250 kV e
Turnigy 2826).
Para escolher qual desses motores utilizar no avião e com qual hélice, nós realizamos
dois tipos de ensaio de tração do motor: o estático e o dinâmico, pois o que queremos é a
combinação que tenha a maior tração, ou seja, a maior força que vai puxar o avião para
frente.
O ensaio estático significa que o motor vai estar parado em relação ao ar, sem
nenhum vento sobre ele. Nessa situação medimos a tração para diferentes rotações
do motor para cada uma das hélices que temos.
As melhores hélices, que deram a maior tração no ensaio estático, vão para o ensaio
dinâmico, onde há vento incidindo sobre o motor. Para isso usamos um túnel de vento
ou colocamos o motor em cima de um carro em movimento. Dessa vez medimos a tração
para diferentes velocidades do ar.
Existem formas de obter os dados de tração de forma teórica, com os dados forne-
cidos pela fabricante das hélices, por exemplo, mas o ideal é realizar o ensaio prático.
Nessa parte de motores, também são feitos ensaios do consumo de combustível ou
carga da bateria, temperatura dos motores e baterias, planejamento de manutenção para
evitar imprevistos e análise de riscos associados.
3 Etapas de voo
Entrando na segunda parte de desempenho, o voo pode ser dividido em várias
etapas: decolagem, subida, voo reto e nivelado (ou voo de cruzeiro), curva, descida e
pouso.
Figura 6: Condor
Após decolar, o avião deve subir até uma altura segura. Para essa análise pode se
usar equações baseadas no desenho abaixo, gerando o gráfico das velocidades de subida
(Rate Of Climb ROC ).
θ =γ+α
Abaixo, temos os diagramas de corpo livre para a condição de voo reto e nivelado
com γ = 0° e direção do vento e trajetória paralelos ao solo (nivelado), e para a condição
de subida com γ > 0° fazendo uma trajetória de subida.
Quando o avião está voando com velocidade constante e com as asas niveladas,
chamamos isso de voo reto e nivelado. Nessa situação temos os dois gráficos abaixo,
um de tração e outro de potência, sendo as linhas de cima o que o avião tem disponível
pelo motor e as de baixo a força de arrasto que oferece resistência ao voo (requerida).
Na interseção da direita temos a velocidade máxima.
Repare que tem uma linha azul para 800 m e uma verde para 1600 m, isso é uma
altitude de referência chamada de altitude densidade, pois em desempenho temos que
considerar as diferentes condições atmosféricas que podem surgir.
Outro detalhe são as linhas tracejadas da esquerda, indicando a importantíssima
velocidade de estol. Basicamente, abaixo da velocidade de estol o avião não tem força
de sustentação suficiente para se manter em voo, pois a força depende da velocidade,
então ele começa a cair.
1
W = L = ρv 2 SCL
2
onde
• ρ = densidade do ar [kg/m³];
• v = velocidade do ar [m/s];
• CL = coeficiente de sustentação.
Figura 12: Relação gráfica entre raio de curva mínimo e a velocidade do avião
Algumas siglas dos pesos do avião são importantes. Apesar de serem chamados de
pesos, acabamos utilizando unidade de massa (kg).
• P V : peso vazio;
• CP : carga paga;
T OW = P V + CP + Wf combustão
T OW = P V + CP elétrico
M T OW = P V + CPmax + Wf combustão
M T OW = P V + CPmax elétrico
Repare que o peso do combustível não é incluído no peso vazio, isso porque após o
voo na competição, o avião é desabastecido antes de ser pesado. Então devemos prestar
atenção nesse detalhe, pois o peso do combustível pode chegar a 100 g com o tanque cheio.
4 Ferramentas de projeto
Desempenho tem uma planilha com abas para cálculos e registro das altitudes
densidade, inventário de hélices e estimativa do tempo de voo.
Desempenho geral - Planilhas Google
Mas a maior parte das análises são feitas por programas em Python desenvolvidos
pela própria equipe, eventualmente vocês terão aulas de Python e de como usar esses
programas. São eles:
• dois programas para plotar os dados de tração estática e dinâmica fornecidos pela
APC, fabricante das hélices;
• um com todas as equações para análises de voo, plota vários gráficos em função da
velocidade;
• simulação de pouso.
5 Instrumentos
Temos alguns instrumentos de medição para nos ajudar a obter dados nos ensaios
e voos.
Uma balança de gancho, além de pesar componentes e a carga, utilizamos nas
bancadas de ensaio do motor para medir a tração dele. É a peça laranja da Figura 14.
Além desses instrumentos manuais, com a ajuda da elétrica, podemos obter dados
mais precisos e também dados do avião em voo com um sistema de telemetria. Alguns
dos sensores que são úteis para nós e o que eles medem:
• Célula de carga: força, mais precisa que a balança para medir a tração do motor.
• Medidor de rotação: outra opção além do tacômetro para medir a rotação da hélice.
Os dados obtidos por esses sensores podem ser utilizados para validar as análises
teóricas, plotando os dados da telemetria em cima dos gráficos.
6 Recomendações de leitura
Você já deve ter lido o manual do calouro que recebeu, lá diz para você ler os
dois textos abaixo, o primeiro é uma explicação sobre como funciona a gestão do projeto,
7 Referências
7.1 Vídeos
Primeiro alguns canais interessantes para desempenho.
Aeromodelismo é Assim - YouTube: bastante conteúdo sobre motores de aeromo-
delos, principalmente elétricos.
David McIntire - YouTube: canal especializado em motores do tipo glow.
7.2 Lives
7.2.1 Lives Fórum SAE Brasil Aerodesign
7.3 Livros
Link para a pasta de livros: Livros.
Existem livros específicos de desempenho e também capítulos dedicados ao assunto
em livros de projeto de aeronaves. Os principais estão destacados em negrito, nos livros
de projeto em geral estão especificados os capítulos de desempenho.
Gudmundsson - General Aviation Aircraft Design, Applied Methods and Proce-
dures 7 - Selecting the Power Plant, 14 - The Anatomy of the Propeller, 16 - Performance
e Introduction, 17 - Performance e Take-Off, 18 - Performance e Climb, 19 - Performance e
Cruise, 20 - Performance e Range Analysis, 21 - Performance e Descent, 22 - Performance
e Landing
Sadraey - Aircraft Performance - An Engineering Approach
Ojha - Flight Performance of Aircraft
Anderson - Aircraft performance and design
Raymer - Aircraft Design - A Conceptual Approach 17 - Performance and Flight
Mechanics
Roskam - Airplane Aerodynamics and Performance
McCormick - Aerodynamics, Aeronautics, and Flight Mechanics 6 - The Produc-
tion of Thrust, 7 - Airplane Performance
Perkins - Airplane Performance Stability and Control