Produção de Banana
Produção de Banana
Produção de Banana
Fortaleza – Ceará
2005
ii
FORTALEZA
2005
iii
________________________________________
José Alessandro Campos de Andrade
Banca Examinadora
_________________________________________
Prof. Dr. Robério Telmo Campos – Orientador (UFC)
_________________________________________
Prof. Dr. Luiz Artur Clemente da Silva – Membro (UFC)
_________________________________________
Prof. Dr. Roberto César Magalhães Mesquita – Membro (EMBRAPA)
v
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The present research has as main objective to describe the process of organic
bananicultura practiced in Itapajé - Ceará, analyzing the aspects social,
environmental and economical of this culture’s production. Furthermore, the objective
specific are: to analyze organic banana's production after the creation of the
Associação dos Fruticultores do Município de Itapajé – AFMI, to make the analyses
technique, social and environmental and under the optical of organic banana's
consumer's acceptance produced in Itapajé, to analyze the economical viability of the
activity for the associated producers AFMI, to discuss some aspects related to the
advantages and disadvantages of the production and the organic banana’s market.
The study area is located in Itapajé, one of the largest producing of banana of the
State of Ceará in Brazil. Itapajé is a city characterized by an intense modification in
the physical space in mountainous areas. Primary and secondary datas were used to
understand banana's organic production. The present study is classified as
analytical-descriptive. Also, an analysis of the economical viability is elaborated for
the Association's producers. The analysis of the data was studied through the
descriptive statistics instruments and used tables, pictures and illustrations. The
organic agriculture in Itapajé is an innovative experience. There are 16 sixteen
organic banana´s producers that are linked to AFMI. These producers are developing
that activity with many problems, for intance, low infrastructure and precariousness of
the roads that harm the production’s drainage. In conclusion, some factors are
decisive for the low productivity: the cultural treatments, no irrigation, incipient
nutrients’replacement, irregular relief, a stony soil and an old plant banana. It was
registered the organic manuring (composting of organic matter). Also, it was
registered that the organic banana's producers are concerned with the
environmental, they preserve the local biodiversity and they preserve an area of, at
least, 20% of forest, the call legal reservation, in organic banana's properties. Finally,
this activity of organic banana's production in Itapajé is profitable economically.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
p.
LISTA DE TABELAS
p.
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14
1.1. O problema e sua importância ............................................................... 14
1.2. Objetivos do trabalho .............................................................................. 17
1.2.1. Objetivo Geral ......................................................................................... 17
1.2.2. Objetivos específicos .............................................................................. 17
1.3. Estrutura do trabalho ............................................................................... 17
3 METODOLOGIA ........................................................................................... 52
3.1. A área de estudo ...................................................................................... 52
3.2. Fonte dos dados ...................................................................................... 56
3.3. Métodos de análise .................................................................................. 57
3.3.1. Análise tabular e descritiva ..................................................................... 57
3.3.2. Análise da viabilidade econômica ........................................................... 58
3.3.2.1. Receitas, custos e indicadores econômicos ........................................ 58
Dessa forma, a área de estudo está inserida num desses espaços, neste
caso, em um dos territórios rurais voltados para a produção de banana orgânica no
Ceará, mais precisamente no Município de Itapajé. Trata-se de um dos maiores
produtores de banana do Estado, caracterizado por uma intensa modificação no
espaço físico em áreas serranas, pela qual vem se fundamentando as
transformações da paisagem local em função da bananicultura, sendo esta de
sequeiro, suscetível a mais pragas e doenças e menos produtiva no que concerne
aos poucos investimentos.
1
Associação dos Fruticultores do Município de Itapajé.
21
2 REFERENCIAL TÉORICO
Dessa forma, consoante Leis (1995), uma crise ecológica global foi
gerada, resultante da “anarquia” na exploração e gestão dos bens comuns da
humanidade, por parte de atores políticos e econômicos orientados por uma
racionalidade capitalista, individualista e instrumental. Neste sentido, é essa
chamada de discussão, para uma visão de bem comum, que provocou em Leis o
questionamento de que o progresso do mercado não dever ser confundido com o
progresso da humanidade. A partir dessa reflexão, pode-se perceber que a lógica de
mercado dominante e presente em todos os setores da economia está igualmente
presente no setor agrícola.
sérias não só para si, mas também ao outro. Assim, como a recíproca também seria
verdadeira.
Hennrich (2000, p. 97) conclui que:
pois se trata da necessidade que qualquer pequeno produtor possui que é estar
unido a uma entidade forte e organizada.
Como se trata de uma entidade sem fins lucrativos, o IBD apóia entidades
que não possuem condições financeiras para atuar na área de produção orgânica e
desejam iniciar o processo de certificação. Ademais, o incentivo dado a partir de um
repasse mensal à Associação de Agricultura Biodinâmica, passa (dentro de sua
disponibilidade) a disponibilizar consultores para auxiliar de forma gratuita ou a baixo
custo os produtores que estão enquadrados no prazo de certificação compreendido
entre um a dois anos. Dentro desse período é traçado um cronograma de reembolso
do valor que deveria ter sido pago pelo produtor. Este valor, em seguida é
reinvestido em outras instituições com os mesmos problemas financeiros. Há
também a possibilidade do IBD dividir o custo total do processo de certificação, em
doze parcelas fixas mensais, para facilitar o pagamento.
2.2. A fruticultura
partir da referida década, como “revolução verde”, uma vez que estes
à saúde.
2.3. A bananicultura
A banana grande naine é uma variação da banana nanica que tem origem
na Martinica. Contém frutos compridos e também passou por mudanças em suas
características nativas. Já a nanicão é mais uma variação da banana nanica,
apresentando todas as características da segunda, entretanto possui um porte maior
(variando entre 2 e 2,80 metros, exigindo um espaçamento maior de no mínimo 4 x 4
metros) e uma maior exuberância da planta. Outra característica é a resistência ao
transporte e a polpa do fruto, apresenta-se aromática e macia.
orgânicos nesta região são: manga, cacau, caju, abacaxi, banana, guaraná em pó e
laticínios).
3 METODOLOGIA
2
Índice de Desenvolvimento Municipal (IDM), considerado como a média ponderada dos índices
setoriais; neste caso, refletindo de forma consolidada a situação social.
59
RB = Y x Py (1)
L = RB - CT (3)
CTMe = CT / Y (4)
A margem bruta (MB) indica o que sobra de dinheiro, em curto prazo, para
remunerar os custos fixos. Trata-se de uma medida de resultado econômico que
poderá ser usada, considerando que o produtor orgânico do presente estudo possui
os recursos disponíveis (terra, trabalho e capital) e necessita tomar decisões sobre
64
COE = MO + I (5)
MB = RB - COE (6)
PNT = CT / Py (8)
f) Depreciação (D)
um processo produtivo. O método de depreciação utilizado foi o linear, que pode ser
mensurado através da expressão:
g) Juros
J = Vi + Vr x r
2 (10)
Onde:
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
334,27
24,750
7,97 5,00
Ceará
1.400.000 25
1.200.000
20
1.000.000
pr odutividade
15
pr odução
800.000
600.000 7,97
10
t/ha
400.000
5
200.000
0 0
São P aulo Bahia P ará Santa M inas Gerais P ernambuco Ceará P araíba Rio de P araná
Catarina Janeiro
20.359,75
4.390,25
da produção anual), (LIMA, 2003). Esse fato ocorre porque a bananeira que floresce
no período de estiagem (agosto – dezembro) não tem água para seu sustento, então
quando chega à época da colheita, o fruto ainda está subdesenvolvido.
Mil Kg Mil Kg
Janeiro 3,2 255 15 2250
Fevereiro 3,2 255 15 2250
Março 2,8 200 14 2100
Abril 2,5 165 15 2250
Maio 2,5 155 16 2400
Junho 4,3 351 16 2400
Julho 4,7 470 16 2400
Agosto 5,5 605 17 2550
Setembro 7,0 840 17 2550
Sendo uma prática não aceitável, o uso da queima foi abolido no mínimo
três anos antes do processo de certificação. Como exposto anteriormente, não há
registro de implantação de novas áreas, pois não se verificou à marcação e a
abertura de covas.
Também foi extinto o uso da enxada; sobre esta, Moreira (1987, p.151)
afirma que “o combate a ervas daninhas em áreas de topografia acidentada deve ser
feita com roçadeiras manuais, nunca com enxada. Esta, além de danificar as raízes
das plantas, facilita muito a erosão das camadas férteis do solo”.
78
Figura 9 – Espaçamento de 3,0 x 3,0 metros entre as bananeiras, em junho de 2005. Fonte:
Dados da pesquisa.
O roço é o corte rente ao solo do mato por meio da foice, sendo feito por
ocasião da preparação de novas áreas para o plantio de bananeira e nos tratos
culturais de manutenção. Com respeito ao desbaste ou desbrota, trata-se de “uma
das operações mais importantes de manejo do bananal; consiste em favorecer o [...]
desenvolvimento do único rebento (‘filho’ ou guia), deixando junto à planta-mãe, o
qual será responsável pela próxima safra” (RANGEL et al., 2002, p.15). Tal processo
constitui-se na retirada de todos os “filhos”, trata-se do chupão (planta precoce que
passa a sugar os nutrientes do solo, inibindo o crescimento das mais sadias) que
não serão utilizados nas colheitas futuras. Essa operação é realizada na Região
através do uso de foice ou facão; entretanto, o recomendado é o uso de uma
ferramenta adequada, chamada de lurdinha3 (Figura 11). Outra recomendação é que
esses instrumentos devem ser desinfectados para evitar transmissão de doenças.
3
A lurdinha é um instrumento desenvolvido no Instituto Agronômico de Campinas em 1967, pelo
pesquisador Raul Soares Moreira, trata-se de um instrumento muito eficaz na operação do
desbaste, que reduz o tempo à metade das outras ferramentas.
80
Tratos culturais
Percentual Percentual
01 vez/ano de 02 vezes/ano de
produtores produtores
Quadro 2 – Execução dos Tratos Culturais Roço/Desfolha e Desbaste, realizados anualmente pelos
produtores de banana orgânica de Itapajé - CE
moram em outros lugares que distam destas propriedades (tais como Fortaleza e
cidades vizinhas) (Figura 13).
Sede
50%
Próximo
Outro Lugar
6%
25%
Na
propriedade
19%
Figura 13 – Local de residência dos produtores de banana orgânica de Itapajé – CE, em 2004 (2º
semestre) – 2005 (1º semestre).
Fonte: Dados da pesquisa.
3 membros
43%
2 membros
13%
4 membros ≥ 6 membros
25% 5 membros
6%
13%
Figura 14 – Composição familiar dos produtores orgânicos de Itapajé – CE, em 2004 (2º semestre) –
2005 (1º semestre).
Fonte: Dados da pesquisa.
70
58,8
60 56,3 56,2
51,2
48,2
50 46,9 45,8
40,6
40
32,4 32,5
30,6
28,2
30 26,9 26,2 26
27,5
23,1
18,2
20
13,7
11,20 11,3 11,3
10
3,8
0
Solo Água Ar Adubação Lixo Pragas Energia Natureza
Figura 15 – Aspectos ambientais da produção de banana orgânica de Itapajé – CE, 2004 (2º
semestre) – 2005 (1º semestre).
Fonte: Dados da pesquisa.
95%
90%
Repostas Sim
Respostas Não
50% 50%
10%
05%
50%
Não consomem
5%
Esporadicamente
40%
Semanalmente
5%
Diariamente
D = (60,00 – 0) / 5 = R$ 12,00
Depreciação 12,00
4. RECEITA 3.280,00
RB = 82 x 40,00 = R$ 3.280,00
92
Com efeito, sabendo que a receita bruta (RB) obtida foi de R$ 3.280,00 e
que os custos totais (CT) foram totalizados em R$ 2.058,13, o lucro (L = RB - CT),
no período, foi de R$ 1.221,87 por hectare/ano:
Com base nesta margem bruta (MB) positiva, ou seja, superior ao custo
operacional efetivo COE, tem-se que essa atividade está remunerando, e
sobreviverá, pelo menos, em curto prazo. Em virtude desse indicador, a atividade da
bananicultura orgânica mostra-se rentável economicamente.
4.4.1. Vantagens
Figura 19 – Centro de Abastecimento de Itapajé e feira livre semanal, em junho de 2005. Fonte:
Dados da pesquisa.
4.4.2. Desvantagens
Figura 20 – Estrada municipal ligando o distrito de Soledade a Sede de Itapajé, em abril de 2005.
Fonte: Dados da pesquisa.
4
Intermediário que comercializa o produto de outro.
99
5 CONCLUSÃO E SUGESTÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CERRI, C. O Saber do século 21. Globo Rural, São Paulo, v. 16, n. 188, p. 47-55,
jun. 2001.
PIFFER. Osvaldo. Geografia no ensino médio. São Paulo: IBEP, 2001. (Coleção
Horizontes).
106
SACHS, I. Estratégia de Transição para o século XXI. In: BURSZTYN, Marcel (Org.).
Para pensar o desenvolvimento sustentável. Brasília: IBAMA/ENAP; Brasiliense,
1993.