A Criatura Ou o Sísifo Contemporâneo
A Criatura Ou o Sísifo Contemporâneo
A Criatura Ou o Sísifo Contemporâneo
FILOSOFIA - BACHARELADO
A CRIATURA
OU O SÍSIFO CONTEMPORÂNEO
Petrópolis
2024
1
“esquecendo minha solidão e minha deformidade, ousei ser feliz” (Frankenstein, p. 143)
Introdução:
O século XIX foi palco de grandes mudanças nos rumos que a humanidade seguia. Do
iluminismo, do século anterior, emanava um rigor racionalista no qual a ciência e a tecnologia
avançavam como nunca antes, culminando nas Revoluções Industriais. No âmbito político, as
nações europeias - que agora se consolidavam como potências - transitavam do modelo
mercantilista, centralizado no absolutismo, para o modelo capitalista, centralizado na burguesia e
pautado pelo excedente de produção, cuja necessidade constante de expansão iniciava um novo
movimento colonizatório imperialista, o qual perdurou até os conflitos mundiais do século XX.
O vigente cenário vivenciado pela Europa refletia em suas relações sociais. A técnica e a
valorização da produção evidenciavam um apelo ao útil e ao racional. Nesse âmago, o
Romantismo surge como movimento crítico a esses rumos, com o grande intuito de demonstrar
que o homem, no meio de toda a exaltação à lógica, é também um ser estético.
De Prometeu a Sísifo:
diariamente para cuidar de seu genitor. Em um segundo momento, ele se encanta com os sons, a
melodia proveniente do violão do pai e, acima de tudo, a comunicação, motivando-o a aprender a
língua de seus vizinhos. Finalmente, sua humanidade efetiva-se no aprendizado da leitura,
quando, nos ensinamentos de Felix a Safie, ele compreende o que é ser humano:
É quando ele consegue se entender como um humano tal qual os outros e, todavia, tão
diferente, alheio aos demais; isolado do meio que o cerca:
A Revolta:
Como resposta ao absurdo encarado na vida, para Camus, a única forma de suportá-lo é
através da revolta. A Criatura, se enxergando agora na imagem de Sísifo, se rebela contra o seu
criador, não só com este, mas contra si próprio e chega àquela que, segundo o filósofo, é a única
questão verdadeiramente filosófica: se deveria se matar.
Conclusão:
A obra de Shelley perdura até os dias atuais com evidente relevância na compreensão da
realidade. Em sua interpretação romântica, identificamos Prometeu na imagem do criador.
Analogamente, por um viés existencialista absurdista, podemos reconhecer a Criatura como
Sísifo, aquele que carrega o peso do absurdo. Não obstante, ambas as compreensões acerca de
“Frankenstein” convergem no que diz respeito a sua crítica a uma sociedade inteiramente
pautada na razão, a qual distancia os humanos de sua própria humanidade.
Bibliografia: