HCOR Org Mat Rico 2406ebook Avaliacao Nutricional Pediatria v2
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Avaliação
Nutricional
em Pediatria
índice
Introdução à Avaliação Nutricional em Pediatria ................... 3
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Conclusão ....................................................................... 24
Referências ..................................................................... 26
INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO
NUTRICIONAL EM PEDIATRIA
O padrão de crescimento infantil é o melhor indicador para avaliar o estado de saúde e nutrição
de crianças, sendo a antropometria o principal método de avaliação. A avaliação nutricional é
considerada um fator prognóstico de morbimortalidade para este grupo.
Este processo inclui hipertrofia e hiperplasia celular, além de acúmulo de material extracelular, que
são refletidos pelo aumento das dimensões corporais (peso, estatura, perímetros, circunferências,
pregas e segmentos).
FATORES INTRÍNSECOS
SISTEMA
GESTAÇÃO HEREDITARIEDADE
NEUROENDÓCRINO
DOENÇA CRESCIMENTO
FATORES EXTRÍNSECOS
O crescimento normal pode ser dividido em cinco fases de acordo com o período da vida, as quais
diferem quanto à velocidade e à influência dos fatores determinantes. Crianças e adolescentes
crescem de maneira previsível de acordo com essas fases, tornando a avaliação frequente e
precisa do crescimento uma ferramenta importante para a detecção de desvios do padrão normal.
Esses desvios, por sua vez, podem ser a primeira manifestação de diversas doenças, como as de
origem genética e infecciosa.
Fase do lactente
Neste período, que compreende os primeiros 24 meses de vida, os principais fatores implicados no
crescimento da criança são os nutricionais e ambientais. Os fatores genéticos e endócrinos, como
a ação do hormônio de crescimento, têm menor atuação. Portanto, o padrão familiar de estatura
tem pouca importância no crescimento durante os primeiros dois anos de vida.
O peso, a estatura e o perímetro cefálico são as principais medidas que devem ser avaliadas nesta
fase, principalmente no primeiro ano de vida. O aumento ponderal médio por trimestre nos primeiros
12 meses, esperado para recém-nascido (RN) a termo e adequado para idade gestacional, está
resumido na Tabela 1.
O crescimento do sistema nervoso central é muito intenso no primeiro ano de vida, sendo avaliado
pelo aumento do perímetro cefálico, que é de 2 cm/mês no primeiro trimestre, 1 cm/mês no
segundo trimestre e 0,5 cm/mês no segundo semestre.
1º trimestre 700 25 a 30
3º trimestre 500 15
4º trimestre 300 10
Fase puberal
O crescimento puberal ocorre mais cedo nas meninas do que nos meninos, porém o estirão
puberal nos meninos geralmente é maior. Nesta fase, a aceleração do crescimento é influenciada,
principalmente, pelos esteroides sexuais e pelo hormônio de crescimento.
Conhecer essas fases é importante para saber o que esperar da criança em cada momento de seu
desenvolvimento.
A nutrição adequada é fundamental para que possamos atingir o bem-estar físico, mental e
social completo, considerando-se a importância dos aspectos socioculturais relacionados à
alimentação. A avaliação nutricional compreende uma visão global da criança, somando-se
os dados encontrados na anamnese clínica, alimentar, exame físico, antropometria e, quando
necessário, exames complementares.
Nos últimos 30 anos, observou-se no Brasil a redução dos indicadores de desnutrição e o aumento
do excesso de peso na população. Entre os anos de 1974-75 e 2008, a Pesquisa de Orçamentos
Familiares do IBGE apontou redução da prevalência do déficit de altura e do peso, bem como o
aumento do excesso de peso em crianças. Na faixa etária de 5 a 9 anos, o déficit de altura reduziu
de 29,3% para 7,2% e o déficit de peso de 5,7% para 4,3%, enquanto a prevalência de excesso de
peso praticamente triplicou, de 10,9% para 34,8%.
• Antecedentes pessoais:
Pós-termo ≥ 42 semanas
Pré-termo ≤ 37 semanas
Caminhar sozinho
Ficar de pé sozinho
Engatinhar
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Idade em meses
• Estilo de vida:
• Hábitos de sono;
No cotidiano da pediatria geral, as medidas mais utilizadas são: estatura, perímetro cefálico,
peso e circunferência abdominal. Tendo em vista a padronização da aferição das medidas
antropométricas, o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral da Política de Alimentação
e Nutrição (CGPAN), publicou o material denominado “Antropometria: como pesar e medir”.
Avaliação bioquímica
Exames bioquímicos e dosagens hormonais só devem ser realizados em condições específicas,
jamais como regra. A carência de micronutrientes é detectada somente pelos exames laboratoriais
e deve ser investigada principalmente em crianças com alimentação restrita ou enfermidades que
cursam com má absorção e/ou alta demanda metabólica.
A carência de micronutrientes nos primeiros anos de vida pode afetar o desenvolvimento do sistema
nervoso, imunológico e, a longo prazo, impactar na capacidade produtiva e no desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis.
Dados da OMS estimam que a fome oculta atinja cerca de 2 bilhões de pessoas, representada
principalmente pela carência de ferro, vitamina A, iodo e zinco. Logo, a avaliação bioquímica auxilia
na monitorização do estado nutricional ou na identificação de deficiências nutricionais específicas.
Conjuntivite pálida
Ferro
Membranas vermelhas
Vitamina C
Xerose conjuntival de córnea
Olhos Vitamina A
Vermelhidão e fissura
Riboflavina
de epicantos
Zinco
Blefarite
Língua escarlate e
edematosa Niacina
Língua Língua magenta (púrpura) Riboflavina
Papila filiforme, atrofia, Folato e B12
hipertrofia
Xerose, hiperqueratose
folicular Vitamina A
Petéquias Vitamina C
Pele
Equimoses Vitaminas C e K
Pigmentação avermelhada Niacina
em áreas de exposição solar
• Metabolismo glicídico: a avaliação do metabolismo glicídico tem sido bastante utilizada para
identificação da intolerância à glicose e do diabetes, especialmente em crianças e adolescentes
com excesso de peso, sintomas sugestivos de diabetes (poliúria, polidipsia, emagrecimento
etc.) e histórico familiar forte de diabetes tipo MODY (Maturity Onset Diabetes of the Young).
Essa avaliação pode ser feita de acordo com o fluxograma da Tabela 5.
2 dosagens:
< 100mg/dL < 100-126mg/dL ≥200mg/dL
≥ 126mg/dL
Intolerância glicose
1. Perguntar o horário em que a criança ou adolescente acorda e pedir para que vá recordando
a alimentação do dia anterior. Esse processo é facilitado se a alimentação for questionada
junto às atividades cotidianas.
2. Anotar o horário, os alimentos ingeridos, o modo de preparo e, por fim, a quantidade consumida
(em medidas caseiras). Não esquecer os líquidos (sucos, leites e bebidas lácteas, vitaminas de
frutas, refrigerantes, chás, bebidas alcoólicas e outros) e perguntar sobre a adição de açúcar
e sal.
IMPORTANTE
O Manual de Orientação Avaliação Nutricional da Criança e do Adolescente de 2021 traz
um passo a passo sobre como realizar essas medidas, disponível na internet.
Razão cintura/estatura
Na década de 1990, foi proposta a utilização da razão cintura/estatura como forma de relativizar o
valor do perímetro abdominal para a estimativa de risco para doenças crônicas não transmissíveis.
Posteriormente, vários estudos propuseram pontos de corte para a utilização deste índice como
preditor de doenças crônicas. Uma meta-análise que incluiu 31 artigos envolvendo mais de 300.000
sujeitos concluiu que o melhor ponto de corte a ser utilizado é 0,518.
Considerando que a razão cintura/estatura não requer ajustes para idade e sexo, e pode ser
utilizada para diferentes grupos étnicos, vários estudos têm sido conduzidos para identificar o
melhor ponto de corte para este índice na faixa pediátrica, confirmando o valor de 0,5 também para
esta população. Assim, vale também para crianças e adolescentes a mensagem “Mantenha sua
circunferência da cintura menor do que metade da sua altura”.
O princípio que norteia a avaliação da composição corporal pela impedância bioelétrica é a relação
entre o conteúdo de água corporal e as quantidades dos diferentes componentes corporais. É uma
técnica segura, simples e rápida, o que representa uma grande vantagem para sua utilização na
academia, no clube, na clínica ou em outras situações de campo.
Vale lembrar que esta é a única técnica que apresenta equações validadas para sujeitos obesos.
Entretanto, pode sofrer influência de muitas variáveis, por isso, com o objetivo de minimizar o
erro de estimativa, é muito importante aderir aos procedimentos padronizados de medida da
impedância bioelétrica.
Crianças de Crianças de
Adolescentes
0 a 5 anos 5 a 10 anos
(10 a 19 anos)
incompletos incompletos
Índices antropométricos
Valores Crianças de 0 a 5 anos Crianças de 5 a 10 anos
críticos incompletos incompletos
≥ percentil ≥ escore
3e z-2 e
< percentil 15 < escore z-1
Eutrofia Eutrofia Eutrofia
Peso Peso
≥ percentil ≥ escore
adequado adequado
15 e z-1 e
para para
≤ percentil 85 ≤ escore z+1
a idade a idade
Estatura Estatura
> percentil > escore
Risco de Risco de adequada adequada
85 e z+1 e Sobrepeso
sobrepeso sobrepeso para para
≤ percentil 97 ≤ escore z+2
a idadeb a idadeb
> percentil
> escore
97 e
z+2 e Sobrepeso Sobrepeso Obesidade
≤ percentil Peso Peso
≤ escore z+3
99,9 elevado elevado
para para
> percentil a idadea a idadea Obesidade
escore z+3 Obesidade Obesidade
99,9 grave
NOTA
A OMS apresenta referências de peso para estatura apenas para menores de 5 anos
pelo padrão de crescimento de 2006. A partir dessa idade, deve-se utilizar o IMC para
idade na avaliação da proporção entre peso e estatura da criança. Fonte: WHO, 2006;
Brasil – SISVAN, 2011.
Eles são classificados de acordo com a variação dos índices antropométricos de cada criança,
podendo ser de baixa ou alta estatura, peso e IMC. Aqui apresentamos de forma resumida algumas
informações sobre subnutrição e obesidade.
Antes de iniciar qualquer intervenção terapêutica, é necessário realizar uma avaliação nutricional
completa da criança, conforme já orientado anteriormente. Em casos de desnutrição grave ou
deficiências nutricionais específicas, a suplementação nutricional pode ser necessária.
Além disso, é necessário seguimento contínuo com monitorização regular do estado nutricional
da criança, o que permite ajustes na terapia conforme necessário e ajuda a garantir que a criança
esteja recebendo os nutrientes adequados para garantir seu crescimento e desenvolvimento.
Para a terapia de reabilitação nutricional em pacientes hospitalizados com desnutrição grave, são
necessários mais exames e avaliação individualizada, considerando doenças de base, carências
de micronutrientes, idade e peso. Alguns pacientes vão necessitar de nutrição parenteral para
tratamento. Por esse motivo, a avaliação de nutrólogo e nutricionista é imprescindível.
Obesidade
Crianças obesas, em particular, merecem um olhar especial devido à alta prevalência de “fome
oculta”, sendo consideradas um grupo de muita vulnerabilidade ao problema. A realidade vivenciada
pelos obesos, marcada pelo excesso de oferta calórica na dieta, frequentemente traz consigo uma
falsa imagem de uma criança bem nutrida, dificultando a sua abordagem precoce.
• Anemia ferropriva: o foco deve ser investigar e tratar verminoses, se presentes; incentivar o
consumo de alimentos ricos em ferro e vitamina C (que ajuda na absorção do ferro não heme);
evitar alimentos que contenham substâncias que reduzem a absorção do ferro, como chá,
café, mate e refrigerantes; além disso, deve ser feita a reposição de ferro para tratar a anemia
já presente.
• Doença celíaca: uma dieta sem glúten é essencial para crianças com doença celíaca. Isso
envolve evitar alimentos que contenham trigo, cevada, centeio e aveia, substituindo-os por
opções sem glúten como arroz, milho, quinoa e produtos sem glúten; deve-se orientar a família
a ler rótulos de produtos industrializados, pois podem conter adição de fontes de glúten, como
alguns achocolatados, e hidratar adequadamente na presença de diarreia.
As recomendações para uma boa alimentação de indivíduos e populações incluem, dentre outras:
+
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BERTAPELLI, F. et al. Body mass index reference charts for individuals with Down syndrome aged 2-18
years. J Pediatr, Rio de Janeiro, v. 93, p. 94-99, 2017.