21 14 PB

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 30

DIÁLOGOS

SOCIOAMBIENTAIS
NA M ACROM ETRÓPOL E

Vol 1 NÚMERO 1
DIÁLOGOS
SOCIOAMBIENTAIS
NA MACROMETRÓPOLE

EXPEDIENTE Este boletim é uma publicação do

Editores Projeto Temático FAPESP


Pedro L. Cortes e Pedro R. Jacobi
2015/03804-9 "Governança Ambiental
Jornalista Cienti ca da Macrometropole Paulista face à
Ana Carolina Campos Variabilidade Climática", parte do
Conselho Editorial Programa FAPESP Mudanças
Andrea Lampis
Celio Bermann Climáticas Globais, coordenado pelo
Edmilson Freitas professor Pedro Roberto Jacobi
Klaus Frey
Leandro Giatti (IEA/IEE/USP), sediado no Instituto de
Pedro Torres
Sandra Momm Energia e Ambiente (IEE), e que reune
Tatiana Rotondaro docentes de diversas unidades da
Vanessa Empinotti
Universidade de São Paulo (IEE, IO,
FSP, FEA, IAG, EACH, ECA, IEA), do
CONTATO
[email protected] Instituto Tecnológico da Aeronáutica
(ITA), do Centro Universitário das
EDIÇÃO Nº1 Faculdades Metropolitanas Unidas
(FMU) e dos programas de Pós
EDIÇÕES ANTERIORES
Graduação em Planejamento e Gestão
As próximas edições estarão
disponíveis em: do Território (PGT) e de Políticas
http://govamb.iee.usp.br/
Públicas da Universidade Federal do

2 2
ABC (UFABC).
ÍNDICE

EDITORIAL 4
Pedro Jacobi/Pedro Torres

EXPERIÊNCIAS

Oportunidades para adaptação às mudanças climáticas na Região 6


Metropolitana da Baixada Santista - SP
Fabiana Barbi

A proposta e o processo de estruturação do Sistema de Áreas 9


Verdes e Áreas Protegidas no PDUI-RMSP
Roberto Rüsche

CONJUNTURA
Desa os para as mudanças climpaticas em São Paulo 12
Laura Ceneviva
É a questão escalar, estúpido! Por que as regiões
metropolitanas brasileiras continuam sem rumo? 15
Jeroen Klink
Paranapiacaba: de onde se avista o mar, as matas e a 19
memória ferroviária
Silvia H. Passarelli

OPINIÃO 22

Espaços de diálogo entre sociedade civil e legislativa em


época eleitoral
Beloyanis Monteiro
3
FOREWORD
EDITORIAL
Pedro Roberto Jacobi 1
Pedro Henrique Torres 2 1. Pesquisador Responsável | Instituto de
Energia e Ambiente (IEE) | Instituto de
Estudos Avançados (IEA) | Universidade
de São Paulo (USP)

No dia 4 de julho de 2018, em meio à 2. Pós Doutorando | Instituto de Energia e


greve e manifestações de caminhoneiros Ambiente (IEE) | Universidade de São
no Brasil, um encontro histórico ocorreu Paulo
em Paris resultando na fusão do
International Council for Science (ICSU) e
o International Social Science Council
(ISSC). Como resultado foi lançado o
International Council for Science (ICS),
fórum interdisciplinar reunindo
especialistas dos quatro cantos do
planeta, buscando a desejada integração
entre as ciências naturais e sociais. No
lançamento, a então presidente do antigo
ICSU, Secretária da Academia Francesa de
Ciências, Catherine Brechignac, sentenciou
que “As ciências naturais não devem mais
ditar a agenda de pesquisa das ciências
do sistema da Terra, as ciências sociais
devem ter no mínimo o mesmo papel das
ciências sociais."
Movidos pela agenda interdisciplinar,
tradição já consolidada de décadas de
pesquisas por parte dos integrantes do
presente Projeto Temático Fapesp,
compartilhamos com o leitor o número
de lançamento do Boletim trimestral,
online, Diálogos Socioambientais da
Macrometrópole Paulista. Trata-se de
espaço democrático e plural, buscando o
diálogo entre os diversos campos do
saber, e a aproximação entre ciência e
política, em uma perspectiva da
construção de uma ciência cidadã.

4
EDITORIAL

Para o presente número convidamos colaboradores de diversos setores, os quais a


academia deve buscar aproximação, trocas e coprodução de conhecimento e
responsabilidades. Em meio ao período eleitoral não nos furtaríamos ao debate plural e
pluripartidário que envolve nossa área de estudo. O artigo de Beloyanis Monteiro,
ativista ambiental, coordenador de mobilização da SOS Mata Atlântica, e que
recentemente foi agraciado com o prêmio Muriqui de ambientalista do ano, contribui
com o debate sobre a eleição para o Governo de São Paulo e a agenda ambiental.
Mas que região é essa a Macrometrópole Paulista, com 174 municípios, 33 milhões
de habitantes, 53.4 mil km², 50% da área urbanizada do estado de São Paulo, com 74.6%
da população e 82.2% do PIB estadual em 2014.. Para contribuir com o debate sobre o
território e suas escalas, temos a contribuição dos professores da Universidade Federal
do ABC (UFABC), Jeroen Klink, e da professora Silvia Passarelli, que abordará um caso
de con ito territorial em Paranapiacaba, conhecido como “porto seco”.
Todos esses desa os perpassam o contexto de variabilidade climática, situação de
imprevisibilidade e aumento de eventos severos, como períodos de grandes secas ou
chuvas intensas. Nesse sentido, sobretudo tendo em vista a construção de novas
formas de governança ambiental, mostra-se relevante o diálogo com fóruns e
plataformas multiatores e multinível, como o Comitê de Mudanças Climáticas e
Ecoecomia da Prefeitura de São Paulo. Laura Ceneviva, atual presidente do Comitê,
nos conta como está o andamento do fórum e os atuais desa os previstos.

Sem a pretensão de dar respostas a todos os problemas ambientais da


Macrometrópole Paulista, o presente Boletim buscar inspirar discentes, docentes e
colaboradores (ONGs, Governo, etc.) a re etirem sobre nosso território em um mundo
complexo e em metamorfose. As incertezas e o inesperado, como propõe Ulrich Beck
(2018), são motores não apenas das mudanças na sociedade, mas destas metamorfoses
que desestabilizam as bases racionais da sociedade moderna, entre as quais podemos
incluir as formas de planejar e governar nossos territórios.
Com essas palavras introdutórias, convidamos a todos e todas a lerem,
compartilharem, divulgarem, sugerirem, contribuírem e criticarem. Trata-se, de verdade,
de um instrumento de divulgação cienti ca vivo, colaborativo e plural.

Boa Leitura!

REFERÊNCIAS
https://council.science/about-us
https://www.emplasa.sp.gov.br/MMP
BECK, Ulrich. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade.
Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
2 5
EXPERIÊNCIAS

Oportunidades para adaptação às mudanças climáticas na Região


Metropolitana da Baixada Santista - SP

Fabiana Barbi
A Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) é
Fabiana Barbi é pesquisadora
colaboradora do Núcleo de considerada uma região de alta vulnerabilidade às
Estudos e Pesquisas Ambientais
(Nepam/Unicamp). É mudanças climáticas. Os riscos das mudanças climáticas na
socióloga, mestre em Ciência RMBS são relacionados ao aumento do nível do mar, à
Ambiental (Procam/USP),
doutora em Ambiente e ocorrência de eventos climáticos extremos de chuvas, às
Sociedade (Unicamp). Foi consequências socioambientais decorrentes deles e à
pesquisadora visitante na San
Francisco State University vulnerabilidade socioambiental das populações.
(EUA), Fudan University (China)
e York University (Canadá). É O nível do mar deve subir em pelo menos 18 centímetros
autora do livro “Mudanças até 2050, podendo chegar até 45 centímetros em 2100, na
Climáticas e Respostas
Políticas nas Cidades” (Ed. cidade de Santos. O aumento do nível do mar poderá
Unicamp, 2015). chegar a dois metros, em episódios de marés altas,
tempestades e ressacas, segundo estudos realizados pelo
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden, 2017). Somado a isso, é projetada a
intensi cação nos padrões de chuva, com eventos
extremos cada vez mais frequentes e intensos na região
sudeste do Brasil (PBMC, 2013). Na Baixada Santista, já são
registradas chuvas intensas anualmente e o total de chuva
anual no município de Santos tem aumentado desde 1940
(Barbi, 2015). Como consequência, é esperado o aumento
da magnitude de eventos como: erosão, deslizamentos,
quedas de blocos, corridas de lama e detritos, enchentes e
inundações.
PALAVRAS-CHAVE Portanto, sendo uma região altamente vulnerável aos
Adaptação impactos das mudanças climáticas, a RMBS deve ser foco
mudanças climáticas de atenção de políticas socioambientais que busquem
Baixada Santista
Santos formas de se adaptar a essas mudanças.

6
EXPERIÊNCIAS

O planejamento para adaptação começa com a avaliação das condições


climáticas atuais e históricas, projeções de mudanças climáticas e as implicações
futuras sobre as vulnerabilidades e impactos. Essas informações constituem a base
das políticas de adaptação que podem ser formuladas como intenções de ação ou
ações de adaptação. As intenções incluem a identi cação de possíveis ações de
adaptação e de como elas podem se ajustar com outras políticas existentes.

As ações de adaptação referem-se


ao estabelecimento de mecanismos
institucionais para guiar e implementar
as ações locais, à elaboração de "O planejamento para adaptação
políticas especí cas ou ajustes nas começa com a avaliação das
políticas existentes e à incorporação condições climáticas atuais e
explícita de medidas de adaptação no históricas, projeções de mudanças
nível local. Ainda, essas ações de
climáticas e as implicações futuras
adaptação podem in uenciar a
avaliação de impactos futuros da sobre as vulnerabilidades e
mudança climática, a partir do impactos. Essas informações
monitoramento e avaliação dessas constituem a base das políticas de
ações. adaptação que podem ser
Uma oportunidade de planejar
formuladas como intenções de ação
medidas de adaptação para a RMBS é
trazida pela Política Estadual de
ou ações de adaptação."
Mudanças Climáticas de São Paulo,
aprovada em 2009.

. Uma de suas diretrizes pressupõe desenvolver e elaborar planos adequados e


integrados para a gestão de zonas costeiras e áreas metropolitanas (Seção V, Artigo
6). Esses planos ainda não foram elaborados, entretanto, constituem uma
possibilidade para ações multiníveis e intersetoriais, necessárias para responder aos
desa os das mudanças climáticas na região.

7
EXPERIÊNCIAS
Concomitantemente, diversos instrumentos já existentes de planejamento e ação
política da RMBS podem abordar a adaptação aos riscos das mudanças climáticas,
como: o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, o Zoneamento Ecológico-
Econômico da Baixada Santista, o Plano Metropolitano de Desenvolvimento
Integrado da RMBS, o Programa Regional de Identi cação e Monitoramento de
Áreas Críticas a Inundações, Erosões e Deslizamentos (PRIMAC), o Programa
Regional de Identi cação e Monitoramento de Habitações Desconformes (PRIMAHD)
e o Plano de Bacia Hidrográ ca da RMBS.
Ainda, estudos e mapeamentos sobre as áreas de risco na RMBS ajudam a conhecer
esses riscos, que podem ser agravados pelas mudanças climáticas. Instrumentos de
gestão de risco na RMBS, que podem incluir medidas de adaptação a essas
mudanças são: Planos Preventivos de Defesa Civil (PPDC), Planos de Contingência,
Mapeamentos de Áreas de Risco a Escorregamentos, Inundações e Erosão (MAP) e
Planos Municipais de Redução de Risco (PMRR).
O primeiro município da RMBS a elaborar um plano de adaptação às mudanças
climáticas foi Santos, em 2016, resultado de um processo de diálogo frutífero entre
cientistas, pesquisadores e gestores públicos. Essa iniciativa de desenvolvimento do
plano levou Santos a ser escolhida como piloto do projeto de Apoio ao Brasil na
Implementação da Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima
(ProAdapta) do Ministério do Meio Ambiente. Atualmente, o plano encontra-se em
fase de atualização de seus eixos temáticos e de criação de indicadores, que de nirá
o monitoramento na implementação do Plano.
Em suma, para pensar a adaptação às mudanças climáticas na RMBS há a
necessidade de maior interação entre os diferentes níveis de governo (municipal,
metropolitano e estadual) e mais parcerias com diversos agentes dos diferentes
segmentos da sociedade. É necessário incorporar as variáveis climáticas nos
instrumentos de gestão pública relacionados à gestão costeira, uso e ocupação do
solo, gestão de desastres, infraestrutura e serviços urbanos, meio ambiente e saúde,
que são os principais setores de atuação governamental relacionados à adaptação
aos riscos das mudanças climáticas.

REFERÊNCIAS
Barbi, F. (2015). Mudanças climáticas e respostas políticas nas cidades. Campinas, Brazil: Editora da Unicamp.
Cemaden (2017). Pesquisa alerta para medidas antecipadas aos impactos provocados pela elevação das marés
nas cidades costeiras. Disponível em http://www.cemaden.gov.br/pesquisa-alerta-para-medidas-antecipadas-
aos-impactos-provocados-pela-elevacao-das-mares-nas-cidades-costeiras/, acesso em 30/08/18.
PBMC – Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (2013). Base Cientí ca das Mudanças Climáticas. 1º. Relatório
de Avaliação Nacional. Volume 1.
8
EXPERIÊNCIAS

A proposta e o processo de estruturação do Sistema de Áreas


Verdes e Áreas Protegidas no PDUI-RMSP 1

Situado no contexto de elaboração do Plano de Roberto Rüsche


Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Arquiteto e Urbanista com
Metropolitana de São Paulo (PDUI-RMSP), o Sistema de graduação (2009) e mestrado
(2015) pela Faculdade
Áreas Verdes e Áreas Protegidas (SAVAP) refere-se a uma Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo
proposta e a um processo de trabalho que visam (FAUUSP), é doutorando na
estabelecer as bases para preservar, conservar, recuperar e mesma instituição (início 2017).
Desde 2014, é analista de
conectar as áreas verdes e as áreas protegidas de suporte à desenvolvimento urbano e
biodiversidade e à sustentabilidade dos serviços regional na Empresa Paulista de
Planejamento Metropolitano
ecossistêmicos na Região Metropolitana de São Paulo (Emplasa), elaborando
documentos técnicos com
(RMSP). ênfase nas questões de
Assim como em outras regiões metropolitanas e infraestrutura e meio ambiente.

aglomerações urbanas brasileiras, incluindo aquelas que


conformam a Macrometrópole Paulista (MMP)2, o PDUI-
RMSP é um instrumento previsto no Estatuto da Metrópole
(Lei Federal 13.089/ 2015) que, aprovado mediante lei
estadual, estabelece diretrizes para o planejamento de
políticas públicas associadas às Funções Públicas de
Interesse Comum (FPICs), isto é, aos temas que implicam
uma integração de diferentes entes federativos na
superação de problemas comuns.
Iniciado em 2015 e, atualmente, em fase nal de
desenvolvimento, o PDUI-RMSP contou com a participação
efetiva de estado, municípios, e sociedade civil, formulando PALAVRAS-CHAVE
propostas e contribuições, e elaborando princípios, áreas verdes
objetivos e diretrizes constitutivos do plano. Ao longo do áreas protegias,
SAVAP,
processo de trabalho, o tema das áreas verdes e áreas
PDUI
protegidas na RMSP, incluindo um sistema que as RMSP
considerasse, emergiu a partir de dois pontos estruturais do
plano. 9
EXPERIÊNCIAS
"o PDUI-RMSP é um instrumento previsto
no Estatuto da Metrópole (Lei Federal
13.089/ 2015) que, aprovado mediante lei
estadual, estabelece diretrizes para o
planejamento de políticas públicas
associadas às Funções Públicas
de Interesse Comum"

Embora relevante desde as reuniões e debates inaugurais, foi a partir das


propostas e contribuições recebidas, e do ordenamento territorial sugerido à RMSP,
entremeados pelas discussões nos grupos de trabalho, que se a rmou a importância
do SAVAP. Em primeiro lugar, algumas das propostas e contribuições recebidas
versam sobre assuntos particularmente relacionados às áreas verdes e áreas
protegidas – criação e implantação de novos parques; melhorias e revitalização de
parques existentes; criação de Unidades de Conservação e Áreas de Proteção
Ambiental; implantação de corredores ecológicos; concepção e aplicação de
instrumentos de planejamento e gestão ambientais; e a própria estruturação de um
sistema metropolitano de áreas verdes. Em segundo lugar, o ordenamento territorial
proposto ao PDUI-RMSP acolheu a proposta do Sistema enquanto um modo de
organizar e articular políticas públicas, e con gurar uma rede de estruturação
regional que leve em conta, na sua concepção, as áreas verdes e áreas protegidas de
relevância metropolitana.
Diante desse quadro, foi instituído, no nal de 2017, um grupo de trabalho
especi camente dedicado à estruturação preliminar do SAVAP na RMSP (GT-SAVAP).
Ainda em atividade, o grupo é formado por representantes do governo do estado,
prefeituras e sociedade civil, e empreendeu uma série de atividades orientadas pelas
questões que problematizam o tema, estimulam determinado ponto de vista sobre o
território metropolitano, e possibilitam prospectar elementos associados às áreas
verdes e áreas protegidas na m etrópole. Em diferentes aproximações, foram
de nidos os conceitos que norteiam a proposta do SAVAP na RMSP; analisadas as
propostas e contribuições recebidas ao longo do processo de trabalho;

10
EXPERIÊNCIAS

xados os objetivos principais do Sistema, com destaque à


biodiversidade e à sustentabilidade dos serviços
ecossistêmicos na RMSP; estabelecidos os pontos de apoio
necessários ao SAVAP; e, nalmente, delineadas as linhas
NOTAS
preliminares do Sistema, identi cando as áreas verdes
prioritárias para promoção da biodiversidade e dos serviços
1.O relato e as re exões
ecossistêmicos metropolitanos3. contidas neste texto resultam
de um processo de trabalho
Ainda no curso do PDUI-RMSP, duas atividades deverão conjunto, no qual reconheço e
envolver o SAVAP: os debates acerca da elaboração da agradeço a participação ativa
dos integrantes do grupo de
minuta do projeto de lei, e a estruturação de uma base de trabalho do Sistema de Áreas
dados e acesso à informação com destaque aos resultados Verdes e Áreas Protegidas.

preliminares obtidos ao longo do processo. Não obstante 2. No território da


Macrometrópole Paulista estão
as etapas ainda restantes na elaboração do PDUI-RMSP, é contidas as Regiões
também fundamental re etir sobre a continuidade dos Metropolitanas de São Paulo,
Baixada Santista. Campinas,
trabalhos relativos ao SAVAP após a conclusão do plano e Vale do Paraíba e Litoral Norte,
sua aprovação legal. Nesse sentido, entende-se ser e Sorocaba; e as Aglomerações
Urbanas de Jundiaí e
necessário criar um fórum ou instância capaz de acolher o Piracicaba.
desenvolvimento do SAVAP, promovendo sua devida 3.Cabe destacar que o esboço
articulação com os principais temas metropolitanos, inicial do SAVAP incluiu a
realização de duas o cinas que
implantando ações que visem à salvaguarda e à promoção reuniu especialistas do poder
das áreas verdes na RMSP, e desempenhando um contínuo público (governo e prefeituras
municipais), instituições de
esforço de sensibilização sobre os fenômenos que não ensino e pesquisa, e sociedade
civil, e incorporou outros atores,
apenas extravasam fronteiras e se sobrepõe aos limites além daqueles integrantes do
administrativos, mas também são atuantes e decisivos nos GT-SAVAP do PDUI-RMSP..
lugares da vida cotidiana.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015. Estatuto da Metrópole. Brasília, DF: Casa Civil, 2015. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13089.htm>.
COSTA, M. A.; MARGUTI (Organização). Funções públicas de interesse comum nas metrópoles brasileiras:
transportes, saneamento básico e uso do solo. Brasília: IPEA, 2014.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO. Caderno Final de Propostas. São Paulo: Emplasa, 2018.
Disponível em: <https://www.pdui.sp. gov.br/rmsp>.
11
CONJUNTURA

Desa os para as Mudanças Climáticas em São Paulo

Laura L. V. Ceneviva
O enfrentamento da mudança do clima, do ponto de vista
Laura L. V. Ceneviva é dos governos locais, normalmente está mais voltado para as
arquiteta e urbanista da questões de adaptação aos impactos dela, pois governos
Prefeitura do Município de São
Paulo, atualmente Secretária locais têm pouca in uência no controle de emissões de gases
Executiva do Comitê
Municipal de Mudança do
de efeito estufa (GEE). Tal controle está mais vinculado ao
Clima e Ecoeconomia. Mestre governo federal, a quem compete a política energética,
em Estruturas Ambientais
Urbanas (FAU-USP) e política agropecuária, industrial, etc. No entanto, no caso do
Especialista em Planejamento Município de São Paulo, em função de seu tamanho, seu
Regional e Urbano
(Universidade Técnica de poder político e econômico, tanto a vertente da mitigação das
Berlin/Alemanha). Participou
das equipes que coordenaram
emissões quanto a da adaptação são desa os a vencer.
a elaboração dos inventários A Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP), através de
de emissões de gases de
efeito estufa do Município de sua Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), desde o
São Paulo. começo dos anos 2000 começou o processo de incorporar a
variável climática em suas ações. Naquela época, foram feitos
treinamentos de funcionários, foi elaborado o primeiro
inventário de emissões de gases de efeito estufa (ano base
2003), um dos primeiros do Brasil. Posteriormente, em
05/06/2005, através do decreto municipal 45.959, foi criado
o Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas e
Ecoeconomia Sustentável, com o objetivo de promover e
estimular ações que visassem a mitigação das emissões de
gases causadores do efeito estufa. O trabalho desenvolvido
foi fortalecido pela publicação da Lei 14.933, em 05/06/2009,
PALAVRAS-CHAVE que estabeleceu a Política Municipal de Mudança do Clima, a
qual formulou princípios, objetivos, diretrizes, metas e
Adaptação
estratégias de mitigação e adaptação. Essa lei reformou o
mudanças climáticas
Baixada Santista Comitê, tornando-o o Comitê Municipal de Mudança do
Santos

12
CONJUNTURA
Clima e Ecoeconomia. Como se vê, houve um contínuo processo de robustecimento
nas condições para a ação no campo da mudança do clima.
Apesar dos avanços no quadro normativo e das ações concretamente
implementadas, os desa os são imensos, a começar da incerteza das informações
climáticas. Pensando em adaptação aos impactos da mudança do clima, vejamos este
exemplo: o dimensionamento de uma seção de drenagem é feito com base no
histórico de chuvas da bacia hidrográ ca. Vamos supor que a mudança do clima
aponte que pode chover mais, mas não há certeza quanto a isso. Ora, fazer uma seção

maior, para dar vazão a mais água,


implica maior gasto. Como justi car
"De todo modo, parece esse dispêndio com base em uma
claro que, nos próximos previsão incerta?
anos, todas as políticas Essa incerteza vulnerabiliza, do ponto
setoriais precisarão ser de vista legal, o decisor político. Este é
revistas, dado que as um exemplo da di culdade legal e
condições climáticas administrativa que di culta a
mudarão, e elas compõem implementação de ações de adaptação.
o pano de fundo para a Seria muito importante construir um
percepção do espaço do processo coletivo de validação de
Município no qual tais referências que possam ser adotadas
políticas se inserem." pela administração pública, de modo a
dar segurança jurídica às decisões
governamentais.

Há, também, conhecimento produzido para escalas que não são as da cidade. As
resoluções existentes usualmente são pequenas, não compatíveis com a precisão da
decisão no espaço urbano, onde um metro, ou mesmo cinquenta centímetros fazem
diferença
. De todo modo, parece claro que, nos próximos anos, todas as políticas setoriais
precisarão ser revistas, dado que as condições climáticas mudarão, e elas compõem
o pano de fundo para a percepção do espaço do Município no qual tais políticas se
inserem. A adoção de uma mesma previsão climática para fazer essa revisão seria
uma estratégia para garantir não apenas uma reverberação positiva entre elas, mas
também para favorecer as chamadas decisões no regret, ou seja, que não causem
arrependimento no futuro.
13
CONJUNTURA
Por outro lado, do ponto de vista Também para a mitigação de
da minimização de emissões, o emissões é fundamental a gestão de
Município de São Paulo tem resíduos, que tem nas emissões da
importante contribuição a dar, em disposição de resíduos sólidos a
função do tamanho da frota de participação de cerca de 14% das
veículos motorizados que tem. O emissões anuais de GEE. Daí ser muito
gerenciamento de tráfego adotado, o útil a atual iniciativa da PMSP de fazer a
modo com que pratica sua política de compostagem dos resíduos de feiras e
mobilidade, dos serviços de transporte da poda de árvores, evitando que sejam
público de passageiros, etc., implicam destinados a aterros e neles gerem
maior ou menor emissão decorrente metano, um GEE. Para o material já
da queima de combustíveis, os quais depositado, as duas usinas de
correspondem a mais de 60% das aproveitamento de biogás para
emissões anuais de GEE no Município. produção de eletricidade são um bom
exemplo de minimização de emissões.

Por m, é fundamental destacar o fato de que a percepção do risco — e a nal isso


é um dos aspectos essenciais ligados à mudança do clima — tem forte componente
cultural. O que é risco para mim não é risco para uma outra pessoa, particularmente
se suas vivências são diferentes das minhas. No caso da PMSP, de um modo geral, há
uma cultura organizacional que não conhece o risco da mudança do clima e, por isso,
não o percebe no seu cotidiano. Enxergar o risco, compreendê-lo e armar-se para
enfrenta-lo são atividades que certamente diminuirão a vulnerabilidade institucional e
política frente aos impactos da mudança do clima. Esse talvez, no momento, seja o
maior desa o, o de mexer nas cabeças, para abri-las para essas ideias ainda tão em
construção.

REFERÊNCIAS
SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Inventário de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito
Estufa do Município de São Paulo de 2003 a 2009, com atualização para 2010 e 2011 nos setores Energia e
Resíduos. Disponível em https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/
menu/index.php?p=167735, acessado em 07/09/2018.
SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Legislação Municipal. Disponível em:
http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/ , acessado em 07/09/2018.
14
CONJUNTURA

É a questão escalar, estúpido! Por que as regiões metropolitanas


brasileiras continuam sem rumo?

INTRODUÇÃO Jeroen Klink


As regiões metropolitanas representam um paradoxo.
É professor associado da
Apesar do papel primordial nas estratégias de Universidade Federal do ABC
(UFABC), onde já ocupou os
desenvolvimento nacional - em função de elas cargos de Pró-Reitor de
concentrarem potencialidades econômicas e dé cits sociais Extensão (2006-2008),
Coordenador do Núcleo de
- em muitos países essas áreas ainda carecem de um Ciência, Tecnologia e Sociedade
arcabouço institucional adequado para nortear o seu (2009-2010) e do programa de
Pós-graduação em
planejamento e gestão a longo prazo (OECD, 2001). No Planejamento e Gestão do
Território (2012-2015). No
caso especi co do Brasil, presenciamos, no século XXI, uma período 1997-2005, foi assessor
retomada da agenda metropolitana por meio de ações de e posteriormente Secretário de
Desenvolvimento e Ação
regulação e nanciamento, o que gerou certo otimismo em Regional da Prefeitura de Santo
função da maior disponibilidade de nanciamentos André.

subsidiados para programas de habitação e


desenvolvimento urbano e do fortalecimento do
arcabouço institucional nacional, a partir da aprovação da
Lei No 11.107/2005, de 6 de abril de 2005 (mais conhecida
como a lei dos consórcios públicos, que consolida a
cooperação interfederativa entre municípios, estados e a
União) e da Lei No 13.089, de 12 de janeiro de 2015 (mais
conhecida como Estatuto da Metrópole, que introduziu a
obrigatoriedade do plano metropolitano).
No entanto, este ambiente macroinstitucional favorável
não melhorou a governança das regiões metropolitanas PALAVRAS-CHAVE
brasileiras. Esta última continua marcada por estruturas
Governança metropolitana
institucionais fragmentadas e contestadas, pela falta de escala
coordenação entre agentes públicos e privados, gerando ecologia política
territórios metropolitanos que combinam dinamismo
econômico com profundas contradições socioespaciais e
ambientais.
15
CONJUNTURA
As mais recentes alterações no Estatuto da Metrópole – revogando as sanções de
improbidade administrativa para quem não elaborar o plano metropolitano e
enfraquecendo o papel de órgãos como IBGE na elaboração de critérios técnicos
para nortear a constituição de novas regiões metropolitanas – apenas reforçaram o
cenário de esvaziamento do planejamento e gestão desses espaços estratégicos para
a criação e apropriação social da riqueza e dos recursos naturais e, no fundo, para a
própria vida quotidiana.

A (DES) CONSTRUÇÃO SOCIAL DA ESCALA METROPOLITANA – ALGUNS EXEMPLOS

O paradoxo metropolitano deve ser analisado a partir da perspectiva escalar. A


literatura tradicional considera que existe uma escala “natural” e ótima para o
planejamento e a gestão dos serviços de interesse comum nas metrópoles, sendo o
desa o diminuir e corrigir os descompassos entre a região funcional (que concentram
funções como a mobilidade e o transporte; os recursos hídricos; o uso de solo; os
serviços ambientais; e a economia regional etc.) e a região administrativa/política
(OECD, 2001). No entanto, o debate mais recente sobre a natureza das escalas no
mundo contemporâneo aponta que não há nada inerente à escala (metropolitana),
que combina elemenos de arranjo/rigidez e de uidez/movimento. Tal escala é
contestada e construída (de forma material e por meio de estratégias discursivas) por
agentes sociais em busca de seus interesses. Essa perspectiva gera uma compreensão
teórica mais clara do dilema da governança “colaborativa” em áreas metropolitanas
brasileiras (KLINK, 2014). Discutiremos brevemente dois exemplos para ilustrar o nosso
argumento.

ARMADILHAS “ESCALARES” E A FUNÇÃO SOCIAL DA METRÓPOLE

Passados quase vinte anos, o balanço pós-Estatuto da Cidade sobre o alcance


dos seus resultados nas principais metrópoles brasileiras continua nada animador.
Apesar da propagação dos Planos Diretores Locais Participativos formalmente
alinhados com o Estatuto, a maioria dos municípios enfrentou di culdades de
efetivamente regulamentar e usar os instrumentos urbanísticos que proporcionam
maior alavancagem do Estado sobre o mercado imobiliário e fundiário de acordo
com as premissas da função social da propriedade.
16
CONJUNTURA
De certa forma, é preciso mencionar que a escolha da escala local como arena
privilegiada para efetuar o projeto da reforma urbano-social, quando das discussões
que culminaram na Constituição de 1988, mostrou-se ser o que se pode chamar de
uma armadilha. Considerando-se os desa os reais para viabilizar a função social da
cidade, na escala da metrópole, os obstáculos apenas se agravaram. A maioria das
cidades não se articulou em torno da de nição de metodologias e índices
urbanísticos comuns a serem usados no Plano Diretor, o que fragilizou a capacidade
de garantir um controle social mínimo sobre a atuação do mercado imobiliário em
escala metropolitana. Por sua vez, o mercado imobiliário ganhou, principalmente a
partir da emergência das novas engenharias nanceiras (securitização, emergência dos
mercados secundários), capacidade de articular as diversas escalas e circuitos
econômicos, desde o regional-metropolitano até o nacional-global.
Nesse sentido, a injeção de grande volume de recursos nanceiros via programas de
infraestrutura e de empreendimentos habitacionais como o PAC e o PMCMV apenas
reforçaram o descompasso escalar entre as estratégias do capital imobiliário-
nanciero (nacional-(macro)regional-metropolitana) e o projeto da reforma urbana
(local, na melhor das hipóteses).

ECOLOGIA POLÍTICA, SUSTENTABILIDADES CONTESTADAS E A


(MACRO)METROPOLIZAÇÃO DA ÁGUA

A água representa tema central na ecologia política e na literatura sobre a


economia política das escalas (KAIKA, 2003). A ecologia política ressalta as relações
imbricadas entre a sociedade e a (sócio)natureza na disputa sobre a produção e
aproproação sociais dos recursos naturais.
Esta literatura gera insights importantes para problematizar as representações mais
comuns nas agências internacionais sobre a sustentabilidade, pautada em torno de
uma agenda de “modernização ecológica das cidades” – estruturada em termos de
um ajuste de estoques e uxos (HARVEY, 1997). Como ocorreu em outros países, esse
movimento in uenciou também no Brasil a elaboração de um programa
simbólico/discursivo de planejamento e governança colaborativos das águas para
preencher essa agenda (ACSELRAD, 2009, p.38). No que se refere às regiões
metropolitanas, consolidou um arranjo escalar “natural” do Comitê de Bacia
Participativo como instância privilegiada para o planejamento e a gestão da água.

17
CONJUNTURA Em segundo lugar, a própria
governança da água está enraizada na
seletividade socioespacial do Estado nas
múltiplas escalas. A atuação do Estado é
Apesar deste projeto de legitimada, a partir de sua mediação
modernização ecológico-gerencial, o entre projetos políticos voltados para o
arranjo regional-metropolitano da bacia aumento do valor de troca e da
representa uma arena que é objeto de mercantilização do espaço, por um lado,
disputas entre projetos políticos e outros projetos que são estruturados
con itantes, que são travadas em torno da coesão sociespacial e de
constantemente em múltiplas escalas. No democratização de acesso aos recursos
que se refere ao cenário metropolitano, socioambientais, por outro. A trajetória
cabe destacar dois exemplos contraditória das regiões metropolitanas
emblemáticos. brasileiras mostra que o Estado
Primeiramente, na ausência de uma desenvolvimentista tem
alavancagem maior dos municípios sobre sistematicamente priorizado o
a atuação dos agentes imobiliários, as crescimento econômico em detrimento
camadas sociais menos abastadas de maior coesão socioespacial,
sofrem um processo contínuo de atravessando a dinâmica da escala
exclusão socioespacial. O mercado lhes “intermediaria” dos próprios comitês de
reserva as piores localizações na área bacia, além de não reconhecer as
metropolitana, normalmente na beira dos complexidades da questão urbana em
rios e das áreas produtoras de água, nos escala local. Esta última é marcada pelo
encostas e nas áreas de proteção desa o de articular estratégias de
permanente e de risco geo-técnico- urbanização de assentamentos precários
ambiental. Esse cenário gerou também localizados em áreas de proteção e
con itos intensos entre a agenda de recuperação dos mananciais com um
sustentabilidade ambiental e a do direito projeto de sustentabilidade com justiça,
à moradia. entre os exemplos mais emblemáticos.

REFERÊNCIAS
ACSELRAD, H. (Ed.). A Duração das Cidades. Sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. Lamparina, Rio de
Janeiro, 2009.
HARVEY, D. The environment of justice. In: Merri eld, A.; Swyngedouw, E. (Eds). The Urbanization of Injustice. New
York: New York University Press, 1997, p. 65-99.
KAIKA, M. Constructing scarcity and sensationalizing water politics: 170 days that shook Athens. Antipode, v.35, n.5,
p. 919-954, 2003.
KLINK, J. The Hollowing out of Brazilian metropolitan governance as we know it: restructuring and rescaling the
developmental state in metropolitan space. Antipode, v.46, n.3, p.629-649, 2014.
ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT - OECD. Cities for Citizens. Improving
metropolitan governance. OECD, Paris, 2001.
18
CONJUNTURA

Paranapiacaba: de onde se avista o mar, as


matas e a memória ferroviária

Do tupi guarani, Paranapiacaba signi ca lugar de onde se Silvia H. Passarelli


avista o mar. Na geogra a brasileira, é o nome da elevação que
se estende ao longo de todo o litoral paulista: a Serra de Arquiteta e urbanista, doutora
em Estruturas Ambientais e
Paranapiacaba ou Serra do Mar, a grande muralha de difícil Urbanas pela Universidade de
transposição que condenou ao isolamento o planalto paulista por São Paulo (2005). Tem
experiência em gestão urbana,
todo o período colonial. história da cidade e do
Foi somente com a operação da primeira ferrovia paulista que urbanismo e salvaguarda do
patrimônio cultural. Atualmente
a transposição da Serra do Mar foi possível. Foi para facilitar o é professora do Programa de
escoamento do café que a companhia inglesa São Paulo Railway Pós-Graduação em
Planejamento e Gestão do
construiu a ferrovia a partir de 1860, iniciando o tráfego comercial Território da UFABC.
em 1867 e facilitando o transporte de mercadorias e o contato
cultural e comercial com a Europa através do Porto de Santos
que transformou a cidade de São Paulo na atual Metrópole do
Café (alguns historiadores, como Richard Morse, 1970, tratam
este período como a segunda fundação de São Paulo).
O Alto da Serra, hoje, Paranapiacaba, foi o lugar escolhido
pelos ingleses da São Paulo Railway para abrigar seus operários
que garantiram a operação do sistema funicular. Nascida como
um canteiro de obras, a operação da estrada exigiu a manutenção
de trabalhadores no local que somente foram xados dez anos
após a inauguração de uma estação ferroviária. No nal do século
XX, com a duplicação da via férrea e a implantação de um
segundo sistema funicular, a vila ferroviária foi ampliada por um
projeto urbanístico inovador para a época trazendo um novo
padrão de moradia para os padrões brasileiros: ao longo de ruas
largas e retilíneas, casas térreas e geminadas construídas de PALAVRAS-CHAVE
madeira sobre embasamento de pedra traziam jardins frontais e memória
recuos laterais. A repetição de modelos, a pré-fabricação da turismo
sustentabilidade
construção civil e a adoção de técnicas de saneamento e higiene
trouxeram para o planalto paulista o mesmo tratamento dado às
vilas operárias do início da Revolução Industrial na Europa e
19
Estados Unidos.
CONJUNTURA
A vila cresceu e se desenvolveu ao redor do trabalho ferroviário. Por
Paranapiacaba, passaram o café e os motores da indústria paulista; os imigrantes e a
elite cafeeira. Por Paranapiacaba, São Paulo entrou na modernidade da vida urbana,
conheceu o trabalho assalariado que substituiu o trabalho escravo, conheceu o
tempo marcado por relógio em um mundo agrário onde a passagem do tempo era
medida pela natureza.
A partir dos anos 1980, a vila de Paranapiacaba perdeu sua função de vila operária
com a operação do sistema cremalheira-aderência (inaugurado em 1976) e a
desativação do sistema funicular (1981) quando já não havia necessidade de
permanência de ferroviários no alto da serra. Pouco a pouco a manutenção da vila
foi reduzida e seus moradores perderam o vínculo com o trabalho ferroviário.
No mesmo período, foram iniciados os movimentos pela preservação da vila a
partir da ação do Sindicato dos Ferroviários, de associações pro ssionais de Santo
André e professores da USP, com o pedido de tombamento da vila e do pátio
ferroviário no CONDEPHAAT e IPHAN. A vila foi tombada por estes dois órgãos,
respectivamente em 1987 e 2008, atestando o valor histórico cultural da área. O
CONDEPHAAT tombou ainda a área envoltória da vila, Mata Atlântica e as nascentes
do Rio Grande (principal formador da Represa Billings) que abastece a vila, a Serra
do Mar, e os remanescentes do sistema funicular. Paranapiacaba é, portanto, registro
da memória da tecnologia e do trabalho ferroviários.

No entanto, a vila sofreu com a falta


de manutenção e com a falta de
vínculo dos novos moradores sem
condições de manter as casas. O
"Por Paranapiacaba, São Paulo turismo ambiental e histórico se
entrou na modernidade da vida mostrou como alternativa de trabalho
e renda para muitos moradores da vila,
urbana, conheceu o trabalho
especialmente após os anos 2000,
assalariado que substituiu o quando a vila foi adquirida pela
trabalho escravo, conheceu o Prefeitura de Santo André dentro do
tempo marcado por relógio em um processo de liquidação da Rede
mundo agrário onde a passagem Ferroviária Federal S.A, apesar da
di culdade de acesso à vila, não
do tempo era medida pela
servida por trens desde 1996.
natureza."
20
CONJUNTURA

Sobrepõe à di culdade de preservação da vila e da vegetação do entorno,


interesses de desenvolvimento local na região de Campo Grande, localizada há cinco
quilômetros da vila, onde funciona desde 1948 a indústria química Solvay
(inicialmente denominada Eletro Cloro) em área declarada como Zona de
Desenvolvimento Compatível pelo Plano Diretor do Município de Santo André, com
o objetivo de “ofertar áreas para o desenvolvimento econômico local com as
atividades econômicas de impacto compatível com as atividades de turismo
ambiental, conservação dos mananciais e respeitando o princípio da
sustentabilidade”. (artigo 42 da Lei Municipal 9394/2012).
A falta de clareza sobre o conceito do princípio de sustentabilidade possibilita as
mais distintas propostas, como a que vem sendo discutida desde 2016 junto à
CETESB para a implantação de um Centro Logístico que vai exigir o desmatamento
de área equivalente a 96 hectares e a ampliação do sistema viário para garantir o
tráfego de 1400 caminhões por dia (CPEA, 2017), pondo em risco todos os esforços
no sentido de tornar a vila um local vocacionado para o turismo ambiental e
histórico.
O debate sobre alternativas de desenvolvimento local ganha, assim, uma nova
vertente. Se antes o embate se dava em nível local, buscando adequar o turismo ao
cotidiano da vila e seus moradores e a preservação do patrimônio, entra em pauta a
necessidade de debater a sustentabilidade de toda a região com foco em
alternativas de desenvolvimento econômico que atenda a preservação dos recursos
hídricos, da qualidade ambiental e memória ferroviária.

REFERÊNCIAS
MORSE, Richard. Formação Histórica de São Paulo (de Comunidade à Metrópole). São Paulo: Difusão Europeia,
1970.
CPEA. Consultoria, Planejamento e Estudos Ambientais. Centro Logístico Campo Grande: caminho do
desenvolvimento e da sustentabilidade. Estudo de Impacto Ambiental – EIA. São Paulo: CPEA, 2017.

21
OPINIÃO
Beloyanis Bueno
Monteiroe
Ativista Ambiental. Coordenador
Espaços de diálogos entre a sociedade civil de Mobilização da Fundação
e poder legislativo em época eleitoral SOS Mata Atlântica. Coordenou
o Programa de Voluntariado da
SOS Mata Atlântica de 1997-
2012. Diretor Regional da
Associação de Brasileira de
“A existência de espaços públicos independentes ONGs -ABONG. Conselheiro
das instituições do governo, do sistema partidário e Participativo da Sé da Cidade de
das estruturas do Estado é condição necessária da São Paulo. Participa do Coletivo
democracia contemporânea. Como intermediações Direito a Cidade. Coordenou a
entre o nível do poder público e as redes da vida Rede de Ongs da Mata Atlântica
cotidiana, esses espaços públicos requerem 2013-2015. Participou da
simultaneamente os mecanismos de representação Campanha de Criação da
e de participação (...). Os espaços públicos são Estação Ecológica Juréia Itatins.
pontos de conexão entre as instituições políticas e Participou da Fundação do
as demandas coletivas, entre as funções do governo Centro de Voluntariado de São
e a representação dos con itos”. (VIEIRA, 1998, p.65) Paulo. Conselheiro do Grupo de
Estudo do Terceiro Setor- Gets
United Way do Canadá.
Representante da SOS Mata
INTRODUÇÃO Atlântica no Movimento Mais
Florestas. Representante do GT
de Meio Ambiente no Colegiado
O Brasil até meados da década de 80 encontrava-se sob o da Rede Nossa São Paulo.
comando dos militares, com uma grave crise econômica e uma
forte censura nos meios de comunicação, universidades e outros
setores e sem a possibilidade de eleições diretas. O que
di cultou qualquer tipo de articulação e mobilização social.
Somente a partir de 84, com a anistia instalada, os diversos
grupos da sociedade exerceram uma pressão que resultou na
promulgação da Constituição Federal em 1988 e o movimento
pelas Diretas, para que a soberania popular fosse exercida
através do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, ou
seja, através da democracia representativa pela qual, segundo
Sell (2006 Apud BOBBIO,1995) há uma relação tanto de
delegação, para o representante cumprir os desejos da
sociedade, quanto de con ança, quando o representante age
unicamente para defender o interesse dos representados.
PALAVRAS-CHAVE
A Constituição Federal foi determinante para reorganização da
sociedade em torno da criação de espaços participativos, pois sociedade civil
poder legislativo
propiciou a criação de conselhos e do orçamento participativo eleições
nos municípios e o fortalecimento dos movimentos sociais e Frente Parlamentar
ambientalistas apoiando grandes articulações na Ambientalista
redemocratização política. 22
OPINIÃO

Assim, foi possível eleger deputados com Para Layrargues (1998a apud HOGAN,
a bandeira ambientalista, tornando 1994), a participação é como um dos
possível a instituição e aprovação da princípios fundamentais da democracia
Política Nacional do Meio ambiente- e preponderantes para a proteção
PNMA (Lei Federal n. 6938/81) e através ambiental, o que dialoga diretamente
dela o Sistema Nacional de Meio Ambiente com a democracia representativa
- SISNAMA, que criou os órgãos instalada no nosso país. Abordagem
colegiados (conselhos de meio ambiente) essa que se baseia na atuação direta da
nos níveis federal, estadual e municipal, comunidade na política por meio de
com a participação da sociedade civil. Na canais de interlocução entre o cidadão
esfera Federal, criou-se o conselho e o poder público (SELL, 2006, p.93),
Nacional de Meio Ambiente- CONAMA, mas apresenta muitos desa os a
como órgão deliberativo e consultivo, superar: a resistência do poder público
para monitorar a qualidade ambiental. e das elites em ceder o espaço
Na década de 90, a Conferência das privilegiado; a cultura assistencialista
Nações Unidas para o Meio Ambiente- internalizada no poder público; a
CNUMAD, intitulada A “CÚPULA DA di culdade de difusão de informação
TERRA”, Eco-92 /Rio 92, reuniu sobre as questões ambientais e de
representantes de Estado de 182 países, acesso por parte da população; e a
aprovando cinco acordos internacionais, vulnerabilidade da sociedade civil
além da da Agenda 21, com diretrizes organizada, as Organizações não
gerais de gestão para o desenvolvimento governamentais-ONGS.
econômico, social e ambiental em todas as É na perspectiva de discussão dos
esferas de governo, e as normas ISO espaços participativos de diálogo entre
14000, em nível organizacional. No Brasil, sociedade e legislativo que
consolida-se o princípio do art. 2, inciso X abordaremos algumas experiências de
da PNMA com a Política Nacional de algumas ONGS ambientalistas que
Educação Ambiental – PNEA (Lei estão engajadas pela luta ambiental,
n.9795/99) que indica a educação com importantes ações em prol da
ambiental com “o enfoque humanista, cidadania ativa ambiental e social por
holístico, democrático e participativo.” meio de um espaço de diálogo, no qual
a Frente Parlamentar ambientalista se
insere.

23
OPINIÃO
FRENTE PARLAMENTAR AMBIENTALISTA

A “Frente Verde Parlamentar” foi criada na década de 80 articulada pelo ex-deputado,


advogado, Fábio Feldman. Posteriormente em 2007 a Frente foi recriada como “Frente
Parlamentar Ambientalista”. Atualmente conta com 228 deputados e 16 senadores.
Tem como Objetivo Geral promover a participação da sociedade civil para a tomada de
decisão nos temas de sua área de atuação. A Frente coloca-se como um articulador
dinâmico em face do debate ambiental no parlamento, para apoiar as políticas públicas e
ações governamentais e da iniciativa privada em prol do Desenvolvimento Sustentável.
Apresenta, portanto, como Objetivos especí cos, criar uma Frente com estrutura;
estabelecer um espaço de interlocução da sociedade com o poder legislativo, com
e ciência e pro ssionalismo; consolidar as atividades referentes à Agenda Ambiental;
absorver mais deputados ao processo; e convencer o maior número de parceiros sobre a
agenda ambiental.
As ações do executivo e do legislativo são acompanhadas por grupos de trabalho
como: Água, Cerrado & Caatinga, Clima, Código Florestal, Conservação Marinha,
Educação Ambiental, Empresas e Responsabilidade Ambiental, Energia Renováveis e
Biocombustível, Fauna e Flora, Floresta, Questões Urbanas, Questões indígenas, Resíduos e
Zona Costeira.
Dentre as Ongs inscritas na Frente tem-se: Agência Ambiental, ABIRP-Associação
Brasileira de Indústrias Recicladoras de Papel, ABRAF-Associação Brasileira de Produtores
de Florestas plantadas, CEBDS-Conselho empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável, CEMPRE-Compromisso Empresarial para a Reciclagem, CI-Conservação
Internacional, FBOMS-Fórum Brasileiro de Ongs, Fórum Paulista de Mudanças Climáticas,
FSC Brasil-Conselho Brasileiro de manejo Florestal, Greenpeace, GTA- Grupo de Trabalho
da Amazônia, IPAM-Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, ISA-Instituto
Socioambiental, IPÊ-Instituto de Pesquisas Ecológicas, IEB-Instituto Internacional de
Educação do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, TNC-The Nature Conservancy, WSPA,
WWF-Brasil, Fundação Pró-TAMAR, Coalizão Internacional da Vida Silvestre-IWC/Brasil,
Gambá-Rede de Mangue Mar/Grupo Ambiental da Bahia, Observatório do Código
Florestal, Observatório do Clima e Coalizão Brasil Clima e Floresta.
A “Frente Verde Parlamentar” foi criada na década de 80 articulada pelo ex-deputado,
advogado, Fábio Feldman. Posteriormente em 2007 a Frente foi recriada como “Frente
Parlamentar Ambientalista”. Atualmente conta com 228 deputados e 16 senadores.
As ações mais signi cativas foram os debates sobre agrotóxicos em um Simpósio de
Vigilância Sanitária em 5/12/2007 sob a coordenação do deputado Marcelino Galo-
Política de Agroecologia em Salvador e as audiências públicas sobre o código Florestal e
o licenciamento ambiental com a discussão sobre o desmonte do licenciamento e seus
impactos através do substitutivo de Luciano Zica: o projeto de Lei PL 3729/2004.
24
OPINIÃO
Há uma estratégia da Frente para aprovação de propostas de proteção ambiental e
que barrem aquelas prejudiciais ao meio ambiente, entre elas o projeto de lei que facilita o
uso de agrotóxicos (PL 6670/16). Além dessa, a contraposição frente o projeto de lei
sobre
o licenciamento, o PL 3729/2018, cujo texto simpli ca os procedimentos para a concessão
de licenças ambientais, dependendo do porte do empreendimento, e dá prazo para que os
órgãos governamentais decidam, sobre os pedidos apresentados pelas empresas. O
relator da proposta, deputado Mauro Pereira (PMDB-RS), a rmou que há data para
votação, para além da obstrução da pauta do plenário por partidos de oposição, e que
acredita na aprovação.
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) negou qualquer acordo e disse: “É um projeto
ruim porque, na prática, acaba com a exigência de licença ambiental para empresas
agrícolas, pecuária e de abertura de rodovias”. No caso em questão ele se refere às
Licenças Prévia, de instalação e de operação, de nidas pela Política ambiental.

PROPOSTAS DA FRENTE PARLAMENTAR AMBIENTALISTA AOS PRESIDENCIÁVEIS


EM 2018

Neste momento de decisão política em nosso país através das eleições, é


fundamental que a sociedade reivindique suas demandas e pratique sua cidadania
ativa. Diversas ONGs elaboraram suas demandas no evento “Desenvolvimento para
Sempre – compromissos ambientais prioritários às eleições 2018“, realizado em Brasília,
no início de setembro. Observaremos algumas demandas:

1. A Fundação SOS Mata Atlântica apresenta propostas aos candidatos nas Eleições de
2018 apostando no cumprimento do compromisso até 2022. Referente à Mata
Atlântica-MA propõe o desmatamento Zero ilegal e condições orçamentárias e
técnicas para que pelo menos 30% do território de cada um dos 17 estados da MA
tenha PMMA- Planos municipais de Mata Atlântica. Para a Restauração da Floresta,
solicita realizar e validar todos os CAR- Cadastro Ambiental Rurais da Mata Atlântica,
para garantir o abastecimento de água e a manutenção de outros serviços ambientais.
Quanto à Valorização dos Parques e Reservas, indica manter o rito de criação de
Parques Nacionais e de outras Unidades de conservação públicas e privadas previstas
na Lei 9985/2000 e na Constituição Federal e proibir iniciativas para reduzir as áreas
protegidas. No âmbito de Água Limpa, propõe corrigir a legislação para proibir os rios
classe quatro, altamente poluídos, mortos. E para a Proteção do mar, orienta aprovar e
implementar a Lei do Mar (PL-6969/2013);

25
OPINIÃO
2. O Instituto Socioambiental elaborou 4. A rede Cerrado, que reúne 300
propostas como: editar 30 decretos das organizações de base comunitária,
áreas cujos processos estão paralisados apresentou a compilação de 27
na Casa Civil; concluir os 1715 processos propostas em defesa do bioma com
que tramitam no congresso; duplicar os Estratégias Políticas para o Cerrado. As
números de técnicos responsáveis pela sugestões são voltadas para a
titulação de terras; revisar a instrução conservação e uso sustentável da
normativa 57/09 do INCRA-Instituto biodiversidade, restauração da
Nacional de Colonização e Reforma vegetação nativa e apoio ao
Agrária, com o objetivo de facilitar a agroextrativismo;
titulação; instituir as políticas de gestão
territorial e ambiental dos territórios 5. A ONG WWF- Brasil defendeu a
quilombolas; viabilizar a emissão e o proposta de projeto de lei do Senado
uso de títulos da dívida agrária (TDAS) (PLS-750/11), a chamada Lei do
nas titulações; Pantanal, que institui a Política de Gestão
e Proteção do Bioma Pantanal e busca
3. A ONG Coalizão Brasil Clima, Florestas criar instrumentos de proteção e
e Agricultura apresentou o documento conservação da fauna e da ora.
“Mudanças climáticas: Riscos e
oportunidades para o Desenvolvimento
do Brasil”, com 28 propostas relativas a No relatório nal do evento, a Frente
ações emergenciais para o Parlamentar e os ambientalistas pediram
cumprimento da meta brasileira de aos candidatos responsabilidade com as
redução do desmatamento a 3,9 mil causas ambientais e que o próximo
km2 por ano até 2020; presidente tenha posicionamento rme
em relação às propostas apresentadas.

"Neste momento de
decisão política de eleições,
é um momento fundamental
para que a sociedade
reivindique suas demandas e
pratique sua cidadania ativa."

26
OPINIÃO
DESAFIOS PRÓXIMOS PASSOS

Estamos assistindo a um Precisamos resgatar a nossa


retrocesso principalmente no código cidadania, porque o espaço de
Florestal e na lei de licenciamento. O interlocução existe, e precisamos nos
que ocorre? Estão querendo mutilar a apropriar deles. Além disso, necessita-se
lei, retirando as fases mais importantes monitorar as ações dos deputados,
do licenciamento. A LC 140 fala das aumentar o ativismo, e saber qual é o
competências das esferas de governo, meu papel para fazer a mudança. Se
com a intenção de retirar o município não ocuparmos os locais de diálogo
do processo. A isso soma-se o estaremos cada vez mais perdendo
desânimo em relação à política, que nossa voz perante o Estado.
in uencia no esvaziamento da Necessitamos trazer os
participação da sociedade que não deputados para apoiar nossas
estão ocupadando devidamente os demandas. Além disso, seria bom que
espaços de tomada de decisão. em cada estado houvesse uma ONG
como representante para acompanhar o
processo das atividades da Frente.

REFERÊNCIAS
SOS Mata Atlântica. Desenvolvimento para sempre. Proposta da SOS Mata Atlântica aos presidenciáveis.
Disponível em:< https://www.sosma.org.br/wp-content/uploads/2018/06/SOSMA_Plataforma-
Eleicoes2018.pdf>.
ISA – Instituto Socioambiental. Eleições - Direitos territoriais e economia dos povos da oresta no próximo
mandato presidencial - Contribuição do Instituto Socioambiental (ISA) ao debate Eleitoral. Disponível em:
<https://acervo.socioambiental.org/sites/default/ les/publications/T3D00033.pdf>.
LAYRARGUES, Philippe Pomier. Educação para a Gestão Ambiental; A cidadania no enfrentamento político dos
con itos ambientais. In: LOUREIRO, C. F.B.; LAYRARGUES, P. P; CASTRO, R. S.de. Sociedade e Meio Ambiente: a
educação ambiental em debate. São Paulo: Cortez, 2000.p.87-155.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus ns e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>.
BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321>.
BRASIL.
PL 3729/2004. Dispõe sobre o licenciamento ambiental, regulamenta o inciso IV do § 1º do art. 225 da
Constituição Federal, e dá outras providências. Proposta o Sr. Luciano Zica e outro. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=225810& lename=PL+3729/2004>.
Relatório da Frente Parlamentar Ambientalista. Disponível em:< http://www2.camara.leg.br/>.
SEIFERT, Mari Elizabete Bernardini. Gestão Ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. São
Paulo: Atlas, 2007.
SELL, Carlos Eduardo. Introdução à sociologia política: política e sociedade na modernidade tardia. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2006.

27
DIÁLOGOS
SOCIOAMBIENTAIS
NA MACROMETRÓPOLE

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

1. O tema de cada artigo é sugestão temática norteadora por parte dos organizadores
para guiar os autores, podendo ser alterado pelos mesmos.
2. O recorte da Macrometrópole paulista pode tanto ser utilizado de forma sistêmica,
como recorte geográ co ou mesmo a escolha de uma cidade, uma região que esteja
inserida dentro da MMP.
3. Entende-se por MMP o conjunto dos 174 municípios formados pela soma das regiões
metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte,
Sorocabana, além das Aglomerações Urbanas de Jundiaí e Piracicaba.
https://www.emplasa.sp.gov.br/MMP
4. O manuscrito deve ser estruturado da seguinte forma: Título, autor e co-autores em
ordem de relevância para o texto, Palavras-chave, introdução, desenvolvimento do texto,
referências. Notas de rodapé e/ou de m de página são opcionais e devem ser evitadas
ao máximo.
5. O texto pode ser redigido nos idiomas: português ou inglês.
6. Fonte Arial 11 e espaçamento 1,5 (um e meio) entre linhas.
7. O texto deverá apresentar as referências ao nal.
8. O arquivo todo do manuscrito deverá ter o máximo de 2. Poderá haver
excepcionalidades em casos de utilização de mapas, grá cos e tabelas essenciais a
compreensão do texto.
9. Título do artigo deve ter, no máximo, 15 palavras.
10. As Palavras-chave, devem ser no mínimo 3 e no máximo 5.
11. Elementos grá cos (Tabelas, quadros, grá cos, guras, fotos, desenhos e mapas). São
permitidos apenas o total de três elementos ao todo, numerados em algarismos arábicos
na sequência em que aparecerem no texto.
12. Imagens coloridas e em preto e branco, digitalizadas eletronicamente com resolução
a partir de 300 dpi.
13. As notas de m de página são de caráter explicativo e devem ser evitadas. Utilizadas
apenas como exceção, quando estritamente necessárias para a compreensão do texto e
com, no máximo, três linhas. As notas terão numeração consecutiva, em arábicos, na
ordem em que aparecem no texto.
14. Número de Referencias não deve ultrapassar cinco.
15. As citações no corpo do texto e as referências deverão obedecer às normas da ABNT
para autores nacionais e Vancouver para autores estrangeiros
DIÁLOGOS
SOCIOAMBIENTAIS
NA MACROMETRÓPOLE

SIGA-NOS

@macroamb_fapesp
https://www.facebook.com/macroambfapesp

MACROAMB Governança Ambiental da Macrometópole


https://www.youtube.com/channel/UCXV-E1w76AjukSgWQ7FGkYA

@macroamb_fapesp
https://twitter.com/macroamb_fapesp

Você também pode gostar