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SOCIOAMBIENTAIS
NA M ACROM ETRÓPOL E
Vol 1 NÚMERO 1
DIÁLOGOS
SOCIOAMBIENTAIS
NA MACROMETRÓPOLE
2 2
ABC (UFABC).
ÍNDICE
EDITORIAL 4
Pedro Jacobi/Pedro Torres
EXPERIÊNCIAS
CONJUNTURA
Desa os para as mudanças climpaticas em São Paulo 12
Laura Ceneviva
É a questão escalar, estúpido! Por que as regiões
metropolitanas brasileiras continuam sem rumo? 15
Jeroen Klink
Paranapiacaba: de onde se avista o mar, as matas e a 19
memória ferroviária
Silvia H. Passarelli
OPINIÃO 22
4
EDITORIAL
Boa Leitura!
REFERÊNCIAS
https://council.science/about-us
https://www.emplasa.sp.gov.br/MMP
BECK, Ulrich. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade.
Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
2 5
EXPERIÊNCIAS
Fabiana Barbi
A Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) é
Fabiana Barbi é pesquisadora
colaboradora do Núcleo de considerada uma região de alta vulnerabilidade às
Estudos e Pesquisas Ambientais
(Nepam/Unicamp). É mudanças climáticas. Os riscos das mudanças climáticas na
socióloga, mestre em Ciência RMBS são relacionados ao aumento do nível do mar, à
Ambiental (Procam/USP),
doutora em Ambiente e ocorrência de eventos climáticos extremos de chuvas, às
Sociedade (Unicamp). Foi consequências socioambientais decorrentes deles e à
pesquisadora visitante na San
Francisco State University vulnerabilidade socioambiental das populações.
(EUA), Fudan University (China)
e York University (Canadá). É O nível do mar deve subir em pelo menos 18 centímetros
autora do livro “Mudanças até 2050, podendo chegar até 45 centímetros em 2100, na
Climáticas e Respostas
Políticas nas Cidades” (Ed. cidade de Santos. O aumento do nível do mar poderá
Unicamp, 2015). chegar a dois metros, em episódios de marés altas,
tempestades e ressacas, segundo estudos realizados pelo
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden, 2017). Somado a isso, é projetada a
intensi cação nos padrões de chuva, com eventos
extremos cada vez mais frequentes e intensos na região
sudeste do Brasil (PBMC, 2013). Na Baixada Santista, já são
registradas chuvas intensas anualmente e o total de chuva
anual no município de Santos tem aumentado desde 1940
(Barbi, 2015). Como consequência, é esperado o aumento
da magnitude de eventos como: erosão, deslizamentos,
quedas de blocos, corridas de lama e detritos, enchentes e
inundações.
PALAVRAS-CHAVE Portanto, sendo uma região altamente vulnerável aos
Adaptação impactos das mudanças climáticas, a RMBS deve ser foco
mudanças climáticas de atenção de políticas socioambientais que busquem
Baixada Santista
Santos formas de se adaptar a essas mudanças.
6
EXPERIÊNCIAS
7
EXPERIÊNCIAS
Concomitantemente, diversos instrumentos já existentes de planejamento e ação
política da RMBS podem abordar a adaptação aos riscos das mudanças climáticas,
como: o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, o Zoneamento Ecológico-
Econômico da Baixada Santista, o Plano Metropolitano de Desenvolvimento
Integrado da RMBS, o Programa Regional de Identi cação e Monitoramento de
Áreas Críticas a Inundações, Erosões e Deslizamentos (PRIMAC), o Programa
Regional de Identi cação e Monitoramento de Habitações Desconformes (PRIMAHD)
e o Plano de Bacia Hidrográ ca da RMBS.
Ainda, estudos e mapeamentos sobre as áreas de risco na RMBS ajudam a conhecer
esses riscos, que podem ser agravados pelas mudanças climáticas. Instrumentos de
gestão de risco na RMBS, que podem incluir medidas de adaptação a essas
mudanças são: Planos Preventivos de Defesa Civil (PPDC), Planos de Contingência,
Mapeamentos de Áreas de Risco a Escorregamentos, Inundações e Erosão (MAP) e
Planos Municipais de Redução de Risco (PMRR).
O primeiro município da RMBS a elaborar um plano de adaptação às mudanças
climáticas foi Santos, em 2016, resultado de um processo de diálogo frutífero entre
cientistas, pesquisadores e gestores públicos. Essa iniciativa de desenvolvimento do
plano levou Santos a ser escolhida como piloto do projeto de Apoio ao Brasil na
Implementação da Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima
(ProAdapta) do Ministério do Meio Ambiente. Atualmente, o plano encontra-se em
fase de atualização de seus eixos temáticos e de criação de indicadores, que de nirá
o monitoramento na implementação do Plano.
Em suma, para pensar a adaptação às mudanças climáticas na RMBS há a
necessidade de maior interação entre os diferentes níveis de governo (municipal,
metropolitano e estadual) e mais parcerias com diversos agentes dos diferentes
segmentos da sociedade. É necessário incorporar as variáveis climáticas nos
instrumentos de gestão pública relacionados à gestão costeira, uso e ocupação do
solo, gestão de desastres, infraestrutura e serviços urbanos, meio ambiente e saúde,
que são os principais setores de atuação governamental relacionados à adaptação
aos riscos das mudanças climáticas.
REFERÊNCIAS
Barbi, F. (2015). Mudanças climáticas e respostas políticas nas cidades. Campinas, Brazil: Editora da Unicamp.
Cemaden (2017). Pesquisa alerta para medidas antecipadas aos impactos provocados pela elevação das marés
nas cidades costeiras. Disponível em http://www.cemaden.gov.br/pesquisa-alerta-para-medidas-antecipadas-
aos-impactos-provocados-pela-elevacao-das-mares-nas-cidades-costeiras/, acesso em 30/08/18.
PBMC – Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (2013). Base Cientí ca das Mudanças Climáticas. 1º. Relatório
de Avaliação Nacional. Volume 1.
8
EXPERIÊNCIAS
10
EXPERIÊNCIAS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015. Estatuto da Metrópole. Brasília, DF: Casa Civil, 2015. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13089.htm>.
COSTA, M. A.; MARGUTI (Organização). Funções públicas de interesse comum nas metrópoles brasileiras:
transportes, saneamento básico e uso do solo. Brasília: IPEA, 2014.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO. Caderno Final de Propostas. São Paulo: Emplasa, 2018.
Disponível em: <https://www.pdui.sp. gov.br/rmsp>.
11
CONJUNTURA
Laura L. V. Ceneviva
O enfrentamento da mudança do clima, do ponto de vista
Laura L. V. Ceneviva é dos governos locais, normalmente está mais voltado para as
arquiteta e urbanista da questões de adaptação aos impactos dela, pois governos
Prefeitura do Município de São
Paulo, atualmente Secretária locais têm pouca in uência no controle de emissões de gases
Executiva do Comitê
Municipal de Mudança do
de efeito estufa (GEE). Tal controle está mais vinculado ao
Clima e Ecoeconomia. Mestre governo federal, a quem compete a política energética,
em Estruturas Ambientais
Urbanas (FAU-USP) e política agropecuária, industrial, etc. No entanto, no caso do
Especialista em Planejamento Município de São Paulo, em função de seu tamanho, seu
Regional e Urbano
(Universidade Técnica de poder político e econômico, tanto a vertente da mitigação das
Berlin/Alemanha). Participou
das equipes que coordenaram
emissões quanto a da adaptação são desa os a vencer.
a elaboração dos inventários A Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP), através de
de emissões de gases de
efeito estufa do Município de sua Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), desde o
São Paulo. começo dos anos 2000 começou o processo de incorporar a
variável climática em suas ações. Naquela época, foram feitos
treinamentos de funcionários, foi elaborado o primeiro
inventário de emissões de gases de efeito estufa (ano base
2003), um dos primeiros do Brasil. Posteriormente, em
05/06/2005, através do decreto municipal 45.959, foi criado
o Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas e
Ecoeconomia Sustentável, com o objetivo de promover e
estimular ações que visassem a mitigação das emissões de
gases causadores do efeito estufa. O trabalho desenvolvido
foi fortalecido pela publicação da Lei 14.933, em 05/06/2009,
PALAVRAS-CHAVE que estabeleceu a Política Municipal de Mudança do Clima, a
qual formulou princípios, objetivos, diretrizes, metas e
Adaptação
estratégias de mitigação e adaptação. Essa lei reformou o
mudanças climáticas
Baixada Santista Comitê, tornando-o o Comitê Municipal de Mudança do
Santos
12
CONJUNTURA
Clima e Ecoeconomia. Como se vê, houve um contínuo processo de robustecimento
nas condições para a ação no campo da mudança do clima.
Apesar dos avanços no quadro normativo e das ações concretamente
implementadas, os desa os são imensos, a começar da incerteza das informações
climáticas. Pensando em adaptação aos impactos da mudança do clima, vejamos este
exemplo: o dimensionamento de uma seção de drenagem é feito com base no
histórico de chuvas da bacia hidrográ ca. Vamos supor que a mudança do clima
aponte que pode chover mais, mas não há certeza quanto a isso. Ora, fazer uma seção
Há, também, conhecimento produzido para escalas que não são as da cidade. As
resoluções existentes usualmente são pequenas, não compatíveis com a precisão da
decisão no espaço urbano, onde um metro, ou mesmo cinquenta centímetros fazem
diferença
. De todo modo, parece claro que, nos próximos anos, todas as políticas setoriais
precisarão ser revistas, dado que as condições climáticas mudarão, e elas compõem
o pano de fundo para a percepção do espaço do Município no qual tais políticas se
inserem. A adoção de uma mesma previsão climática para fazer essa revisão seria
uma estratégia para garantir não apenas uma reverberação positiva entre elas, mas
também para favorecer as chamadas decisões no regret, ou seja, que não causem
arrependimento no futuro.
13
CONJUNTURA
Por outro lado, do ponto de vista Também para a mitigação de
da minimização de emissões, o emissões é fundamental a gestão de
Município de São Paulo tem resíduos, que tem nas emissões da
importante contribuição a dar, em disposição de resíduos sólidos a
função do tamanho da frota de participação de cerca de 14% das
veículos motorizados que tem. O emissões anuais de GEE. Daí ser muito
gerenciamento de tráfego adotado, o útil a atual iniciativa da PMSP de fazer a
modo com que pratica sua política de compostagem dos resíduos de feiras e
mobilidade, dos serviços de transporte da poda de árvores, evitando que sejam
público de passageiros, etc., implicam destinados a aterros e neles gerem
maior ou menor emissão decorrente metano, um GEE. Para o material já
da queima de combustíveis, os quais depositado, as duas usinas de
correspondem a mais de 60% das aproveitamento de biogás para
emissões anuais de GEE no Município. produção de eletricidade são um bom
exemplo de minimização de emissões.
REFERÊNCIAS
SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Inventário de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito
Estufa do Município de São Paulo de 2003 a 2009, com atualização para 2010 e 2011 nos setores Energia e
Resíduos. Disponível em https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/
menu/index.php?p=167735, acessado em 07/09/2018.
SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Legislação Municipal. Disponível em:
http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/ , acessado em 07/09/2018.
14
CONJUNTURA
17
CONJUNTURA Em segundo lugar, a própria
governança da água está enraizada na
seletividade socioespacial do Estado nas
múltiplas escalas. A atuação do Estado é
Apesar deste projeto de legitimada, a partir de sua mediação
modernização ecológico-gerencial, o entre projetos políticos voltados para o
arranjo regional-metropolitano da bacia aumento do valor de troca e da
representa uma arena que é objeto de mercantilização do espaço, por um lado,
disputas entre projetos políticos e outros projetos que são estruturados
con itantes, que são travadas em torno da coesão sociespacial e de
constantemente em múltiplas escalas. No democratização de acesso aos recursos
que se refere ao cenário metropolitano, socioambientais, por outro. A trajetória
cabe destacar dois exemplos contraditória das regiões metropolitanas
emblemáticos. brasileiras mostra que o Estado
Primeiramente, na ausência de uma desenvolvimentista tem
alavancagem maior dos municípios sobre sistematicamente priorizado o
a atuação dos agentes imobiliários, as crescimento econômico em detrimento
camadas sociais menos abastadas de maior coesão socioespacial,
sofrem um processo contínuo de atravessando a dinâmica da escala
exclusão socioespacial. O mercado lhes “intermediaria” dos próprios comitês de
reserva as piores localizações na área bacia, além de não reconhecer as
metropolitana, normalmente na beira dos complexidades da questão urbana em
rios e das áreas produtoras de água, nos escala local. Esta última é marcada pelo
encostas e nas áreas de proteção desa o de articular estratégias de
permanente e de risco geo-técnico- urbanização de assentamentos precários
ambiental. Esse cenário gerou também localizados em áreas de proteção e
con itos intensos entre a agenda de recuperação dos mananciais com um
sustentabilidade ambiental e a do direito projeto de sustentabilidade com justiça,
à moradia. entre os exemplos mais emblemáticos.
REFERÊNCIAS
ACSELRAD, H. (Ed.). A Duração das Cidades. Sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. Lamparina, Rio de
Janeiro, 2009.
HARVEY, D. The environment of justice. In: Merri eld, A.; Swyngedouw, E. (Eds). The Urbanization of Injustice. New
York: New York University Press, 1997, p. 65-99.
KAIKA, M. Constructing scarcity and sensationalizing water politics: 170 days that shook Athens. Antipode, v.35, n.5,
p. 919-954, 2003.
KLINK, J. The Hollowing out of Brazilian metropolitan governance as we know it: restructuring and rescaling the
developmental state in metropolitan space. Antipode, v.46, n.3, p.629-649, 2014.
ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT - OECD. Cities for Citizens. Improving
metropolitan governance. OECD, Paris, 2001.
18
CONJUNTURA
REFERÊNCIAS
MORSE, Richard. Formação Histórica de São Paulo (de Comunidade à Metrópole). São Paulo: Difusão Europeia,
1970.
CPEA. Consultoria, Planejamento e Estudos Ambientais. Centro Logístico Campo Grande: caminho do
desenvolvimento e da sustentabilidade. Estudo de Impacto Ambiental – EIA. São Paulo: CPEA, 2017.
21
OPINIÃO
Beloyanis Bueno
Monteiroe
Ativista Ambiental. Coordenador
Espaços de diálogos entre a sociedade civil de Mobilização da Fundação
e poder legislativo em época eleitoral SOS Mata Atlântica. Coordenou
o Programa de Voluntariado da
SOS Mata Atlântica de 1997-
2012. Diretor Regional da
Associação de Brasileira de
“A existência de espaços públicos independentes ONGs -ABONG. Conselheiro
das instituições do governo, do sistema partidário e Participativo da Sé da Cidade de
das estruturas do Estado é condição necessária da São Paulo. Participa do Coletivo
democracia contemporânea. Como intermediações Direito a Cidade. Coordenou a
entre o nível do poder público e as redes da vida Rede de Ongs da Mata Atlântica
cotidiana, esses espaços públicos requerem 2013-2015. Participou da
simultaneamente os mecanismos de representação Campanha de Criação da
e de participação (...). Os espaços públicos são Estação Ecológica Juréia Itatins.
pontos de conexão entre as instituições políticas e Participou da Fundação do
as demandas coletivas, entre as funções do governo Centro de Voluntariado de São
e a representação dos con itos”. (VIEIRA, 1998, p.65) Paulo. Conselheiro do Grupo de
Estudo do Terceiro Setor- Gets
United Way do Canadá.
Representante da SOS Mata
INTRODUÇÃO Atlântica no Movimento Mais
Florestas. Representante do GT
de Meio Ambiente no Colegiado
O Brasil até meados da década de 80 encontrava-se sob o da Rede Nossa São Paulo.
comando dos militares, com uma grave crise econômica e uma
forte censura nos meios de comunicação, universidades e outros
setores e sem a possibilidade de eleições diretas. O que
di cultou qualquer tipo de articulação e mobilização social.
Somente a partir de 84, com a anistia instalada, os diversos
grupos da sociedade exerceram uma pressão que resultou na
promulgação da Constituição Federal em 1988 e o movimento
pelas Diretas, para que a soberania popular fosse exercida
através do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, ou
seja, através da democracia representativa pela qual, segundo
Sell (2006 Apud BOBBIO,1995) há uma relação tanto de
delegação, para o representante cumprir os desejos da
sociedade, quanto de con ança, quando o representante age
unicamente para defender o interesse dos representados.
PALAVRAS-CHAVE
A Constituição Federal foi determinante para reorganização da
sociedade em torno da criação de espaços participativos, pois sociedade civil
poder legislativo
propiciou a criação de conselhos e do orçamento participativo eleições
nos municípios e o fortalecimento dos movimentos sociais e Frente Parlamentar
ambientalistas apoiando grandes articulações na Ambientalista
redemocratização política. 22
OPINIÃO
Assim, foi possível eleger deputados com Para Layrargues (1998a apud HOGAN,
a bandeira ambientalista, tornando 1994), a participação é como um dos
possível a instituição e aprovação da princípios fundamentais da democracia
Política Nacional do Meio ambiente- e preponderantes para a proteção
PNMA (Lei Federal n. 6938/81) e através ambiental, o que dialoga diretamente
dela o Sistema Nacional de Meio Ambiente com a democracia representativa
- SISNAMA, que criou os órgãos instalada no nosso país. Abordagem
colegiados (conselhos de meio ambiente) essa que se baseia na atuação direta da
nos níveis federal, estadual e municipal, comunidade na política por meio de
com a participação da sociedade civil. Na canais de interlocução entre o cidadão
esfera Federal, criou-se o conselho e o poder público (SELL, 2006, p.93),
Nacional de Meio Ambiente- CONAMA, mas apresenta muitos desa os a
como órgão deliberativo e consultivo, superar: a resistência do poder público
para monitorar a qualidade ambiental. e das elites em ceder o espaço
Na década de 90, a Conferência das privilegiado; a cultura assistencialista
Nações Unidas para o Meio Ambiente- internalizada no poder público; a
CNUMAD, intitulada A “CÚPULA DA di culdade de difusão de informação
TERRA”, Eco-92 /Rio 92, reuniu sobre as questões ambientais e de
representantes de Estado de 182 países, acesso por parte da população; e a
aprovando cinco acordos internacionais, vulnerabilidade da sociedade civil
além da da Agenda 21, com diretrizes organizada, as Organizações não
gerais de gestão para o desenvolvimento governamentais-ONGS.
econômico, social e ambiental em todas as É na perspectiva de discussão dos
esferas de governo, e as normas ISO espaços participativos de diálogo entre
14000, em nível organizacional. No Brasil, sociedade e legislativo que
consolida-se o princípio do art. 2, inciso X abordaremos algumas experiências de
da PNMA com a Política Nacional de algumas ONGS ambientalistas que
Educação Ambiental – PNEA (Lei estão engajadas pela luta ambiental,
n.9795/99) que indica a educação com importantes ações em prol da
ambiental com “o enfoque humanista, cidadania ativa ambiental e social por
holístico, democrático e participativo.” meio de um espaço de diálogo, no qual
a Frente Parlamentar ambientalista se
insere.
23
OPINIÃO
FRENTE PARLAMENTAR AMBIENTALISTA
1. A Fundação SOS Mata Atlântica apresenta propostas aos candidatos nas Eleições de
2018 apostando no cumprimento do compromisso até 2022. Referente à Mata
Atlântica-MA propõe o desmatamento Zero ilegal e condições orçamentárias e
técnicas para que pelo menos 30% do território de cada um dos 17 estados da MA
tenha PMMA- Planos municipais de Mata Atlântica. Para a Restauração da Floresta,
solicita realizar e validar todos os CAR- Cadastro Ambiental Rurais da Mata Atlântica,
para garantir o abastecimento de água e a manutenção de outros serviços ambientais.
Quanto à Valorização dos Parques e Reservas, indica manter o rito de criação de
Parques Nacionais e de outras Unidades de conservação públicas e privadas previstas
na Lei 9985/2000 e na Constituição Federal e proibir iniciativas para reduzir as áreas
protegidas. No âmbito de Água Limpa, propõe corrigir a legislação para proibir os rios
classe quatro, altamente poluídos, mortos. E para a Proteção do mar, orienta aprovar e
implementar a Lei do Mar (PL-6969/2013);
25
OPINIÃO
2. O Instituto Socioambiental elaborou 4. A rede Cerrado, que reúne 300
propostas como: editar 30 decretos das organizações de base comunitária,
áreas cujos processos estão paralisados apresentou a compilação de 27
na Casa Civil; concluir os 1715 processos propostas em defesa do bioma com
que tramitam no congresso; duplicar os Estratégias Políticas para o Cerrado. As
números de técnicos responsáveis pela sugestões são voltadas para a
titulação de terras; revisar a instrução conservação e uso sustentável da
normativa 57/09 do INCRA-Instituto biodiversidade, restauração da
Nacional de Colonização e Reforma vegetação nativa e apoio ao
Agrária, com o objetivo de facilitar a agroextrativismo;
titulação; instituir as políticas de gestão
territorial e ambiental dos territórios 5. A ONG WWF- Brasil defendeu a
quilombolas; viabilizar a emissão e o proposta de projeto de lei do Senado
uso de títulos da dívida agrária (TDAS) (PLS-750/11), a chamada Lei do
nas titulações; Pantanal, que institui a Política de Gestão
e Proteção do Bioma Pantanal e busca
3. A ONG Coalizão Brasil Clima, Florestas criar instrumentos de proteção e
e Agricultura apresentou o documento conservação da fauna e da ora.
“Mudanças climáticas: Riscos e
oportunidades para o Desenvolvimento
do Brasil”, com 28 propostas relativas a No relatório nal do evento, a Frente
ações emergenciais para o Parlamentar e os ambientalistas pediram
cumprimento da meta brasileira de aos candidatos responsabilidade com as
redução do desmatamento a 3,9 mil causas ambientais e que o próximo
km2 por ano até 2020; presidente tenha posicionamento rme
em relação às propostas apresentadas.
"Neste momento de
decisão política de eleições,
é um momento fundamental
para que a sociedade
reivindique suas demandas e
pratique sua cidadania ativa."
26
OPINIÃO
DESAFIOS PRÓXIMOS PASSOS
REFERÊNCIAS
SOS Mata Atlântica. Desenvolvimento para sempre. Proposta da SOS Mata Atlântica aos presidenciáveis.
Disponível em:< https://www.sosma.org.br/wp-content/uploads/2018/06/SOSMA_Plataforma-
Eleicoes2018.pdf>.
ISA – Instituto Socioambiental. Eleições - Direitos territoriais e economia dos povos da oresta no próximo
mandato presidencial - Contribuição do Instituto Socioambiental (ISA) ao debate Eleitoral. Disponível em:
<https://acervo.socioambiental.org/sites/default/ les/publications/T3D00033.pdf>.
LAYRARGUES, Philippe Pomier. Educação para a Gestão Ambiental; A cidadania no enfrentamento político dos
con itos ambientais. In: LOUREIRO, C. F.B.; LAYRARGUES, P. P; CASTRO, R. S.de. Sociedade e Meio Ambiente: a
educação ambiental em debate. São Paulo: Cortez, 2000.p.87-155.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus ns e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>.
BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321>.
BRASIL.
PL 3729/2004. Dispõe sobre o licenciamento ambiental, regulamenta o inciso IV do § 1º do art. 225 da
Constituição Federal, e dá outras providências. Proposta o Sr. Luciano Zica e outro. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=225810& lename=PL+3729/2004>.
Relatório da Frente Parlamentar Ambientalista. Disponível em:< http://www2.camara.leg.br/>.
SEIFERT, Mari Elizabete Bernardini. Gestão Ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. São
Paulo: Atlas, 2007.
SELL, Carlos Eduardo. Introdução à sociologia política: política e sociedade na modernidade tardia. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2006.
27
DIÁLOGOS
SOCIOAMBIENTAIS
NA MACROMETRÓPOLE
1. O tema de cada artigo é sugestão temática norteadora por parte dos organizadores
para guiar os autores, podendo ser alterado pelos mesmos.
2. O recorte da Macrometrópole paulista pode tanto ser utilizado de forma sistêmica,
como recorte geográ co ou mesmo a escolha de uma cidade, uma região que esteja
inserida dentro da MMP.
3. Entende-se por MMP o conjunto dos 174 municípios formados pela soma das regiões
metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte,
Sorocabana, além das Aglomerações Urbanas de Jundiaí e Piracicaba.
https://www.emplasa.sp.gov.br/MMP
4. O manuscrito deve ser estruturado da seguinte forma: Título, autor e co-autores em
ordem de relevância para o texto, Palavras-chave, introdução, desenvolvimento do texto,
referências. Notas de rodapé e/ou de m de página são opcionais e devem ser evitadas
ao máximo.
5. O texto pode ser redigido nos idiomas: português ou inglês.
6. Fonte Arial 11 e espaçamento 1,5 (um e meio) entre linhas.
7. O texto deverá apresentar as referências ao nal.
8. O arquivo todo do manuscrito deverá ter o máximo de 2. Poderá haver
excepcionalidades em casos de utilização de mapas, grá cos e tabelas essenciais a
compreensão do texto.
9. Título do artigo deve ter, no máximo, 15 palavras.
10. As Palavras-chave, devem ser no mínimo 3 e no máximo 5.
11. Elementos grá cos (Tabelas, quadros, grá cos, guras, fotos, desenhos e mapas). São
permitidos apenas o total de três elementos ao todo, numerados em algarismos arábicos
na sequência em que aparecerem no texto.
12. Imagens coloridas e em preto e branco, digitalizadas eletronicamente com resolução
a partir de 300 dpi.
13. As notas de m de página são de caráter explicativo e devem ser evitadas. Utilizadas
apenas como exceção, quando estritamente necessárias para a compreensão do texto e
com, no máximo, três linhas. As notas terão numeração consecutiva, em arábicos, na
ordem em que aparecem no texto.
14. Número de Referencias não deve ultrapassar cinco.
15. As citações no corpo do texto e as referências deverão obedecer às normas da ABNT
para autores nacionais e Vancouver para autores estrangeiros
DIÁLOGOS
SOCIOAMBIENTAIS
NA MACROMETRÓPOLE
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