Confesso Que Te Amo - Mariana Silva
Confesso Que Te Amo - Mariana Silva
Confesso Que Te Amo - Mariana Silva
1ª edição
Nya (@nyastellar)
SUMÁRIO
Sinopse
Nota da autora
Nota da autora II
Avisos
Playlist
Prólogo
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Epílogo
Agradecimentos
Outras obras
SINOPSE
NOTA DA AUTORA
NOTA DA AUTORA II
AVISOS
PRÓLOGO
DANDARA
Não consigo mais. Estou fraca, faz horas que estou nesse
quarto de hospital público, tentando colocar meu filho no
mundo. Inúmeras grávidas passaram por aqui e já estão
com seus bebês no colo, mas não tive a mesma sorte.
— O que aconteceu?
01
DANDARA
Cínico.
Sente muito? Caio tem que pedir desculpa por não ter
amparado meu filho ou nos comunicado sobre a briga na
hora que aconteceu, não por cumprir com sua obrigação de
reportar aos pais sobre confusões envolvendo os filhos.
esbravejo.
Tem certeza?
— Minha senhora...
— Senhorita, não quis dizer isso sobre seu filho. Mas o João
não é nenhum selvagem. — Não gosto do tom de voz que
ele usa para falar, como se eu estivesse inventando uma
história de Carochinha[2].
— Meu senhor... — Abro minha bolsa e vasculho meus itens
pessoais, atrás do celular. Desbloqueio o aparelho, e o
silêncio se instaura na sala enquanto procuro por algo.
Abro a foto que estava buscando e ergo o telefone na
altura dos seus olhos. — Está vendo o mesmo que eu,
Vossa Senhoria? — Estreita o olhar para a imagem que
estou mostrando. — Isso são provas da agressão. Tive que
gravar, porque sei que você trabalha com evidências, não
é? E, além disso, a gente que é preto tem sempre que
provar o que fala.
questiono, impaciente.
— Não foi...
— Tudo bem.
02
HUGO
— Além disso, foi racista? Sabe que é crime e que não foi
essa a porra da educação que recebeu!
— Não quero ser seu inimigo, mas não posso deixar que
sua atitude fique impune. — Me mantenho firme, pois não
vou criar um homem de merda dentro dessa casa.
Quero dizer que não levo sua fala a sério, mas ela me deixa
sem norte. Me faz pensar que falhei em ser seu pai.
— Pela lei...
nada.
— João...
03
DANDARA
Já eu, posso dizer que fiz meu filho com o dedo, porque o
desgraçado que tinha uma camisinha vencida e um caráter
duvidoso sumiu quando ouviu a palavra “grávida” sair da
minha boca.
— Por que Bel não vai para o colégio de Rafa? — peço mais
uma vez, mesmo já tendo decorado sua resposta.
— Diga com quem andas e direi quem és. Não é o que está
na Bíblia?
04
HUGO
Flexiono os joelhos e balanço o pulso, sacudindo a raquete
de tênis no ar. Bato a ponta do equipamento no chão e
espero Murilo sacar. Meu amigo joga a bola no ar e rebate.
Corro até a rede e estico o braço, alcançando a bolinha e a
enviando de volta para o lado dele. Murilo a devolve com
agilidade, e golpeio na direção do borrão verde por reflexo.
— Tu é gay, cara?
— Foi Lia quem comprou, não foi? Como você falou com
ela? —
— Nunca faria nada contra sua mãe. E que bom que ela
está na sua vida, João — falo com uma calma fingida.
Passo pela sua porta e vou até minha suíte. Entro no
banheiro e ligo a ducha morna, tentando dissipar a tensão
dos meus ombros. Não consigo acreditar que Lia consegue
fazer um inferno na minha vida mesmo estando do outro
lado do oceano.
— Alô?
05
DANDARA
— Claro, querida.
Estou vendo muito bem, ao que parece, pois ali está Vossa
Excelência, o senhor juiz de araque, se misturando aos
piolhos do time azul.
Mas que...
Dandara, se recomponha!
— Obrigado por ter vindo, mãe. Você foi a força desse time
hoje!
— Deixe de bobagem, menino. Vocês fizeram o principal
até aqui.
— Claro, Danda.
— Então, pode.
06
HUGO
Porque não vou admitir que meu tesão foi despertado por
essa criatura irritante.
— Não era ele que deveria estar falando isso para mim?
— Vou ligar para sua mãe. Ela vai ficar elétrica de saber
que a gente está tomando uma com a DanDelícias. — Meu
pai não pode estar falando sério!
rebato, já impaciente.
Por quê? Simples, quis muito ficar aqui. Fazia tempos que
não saía de casa, pois não é ideal que um juiz se exponha
tanto. Além disso, o trabalho toma boa parte dos meus dias
e quase não encontro tempo para relaxar.
respondo sério.
um nome genérico.
passa.
— Não foi o que quis dizer. Eu... — Coço a nuca, sem saber
como sair dessa situação constrangedora.
07
HUGO
Ah. É isso.
— Tudo bem.
— Mãe! — protesto.
Isso quer dizer que não estou morto e que ela é gostosa.
Apenas isso.
Em breve, ele irá para a faculdade, não vai ter mais tempo
para uma festa grande. — E, mais uma vez, ela tenta me
convencer com sua voz de pobre coitada.
Solto uma risada alta. É uma ideia absurda, pois Lia sabe
que nunca mais seremos um casal. No dia em que
assinamos os papéis do divórcio, deixei claro que todo
amor que senti por ela um dia morreu.
08
DANDARA
— Bênção, madrinha. — Bel ergue a mão e a seguro em um
aperto.
— Ano passado você não teve uma festa. Esse ano, pensei
em te compensar. — Dou uma olhada no GPS, para saber
se estou no caminho certo.
um lugar lindo.
vida, poxa!
— Eu pago...
— Eu não acho...
Vossa Excelência
O que respondo?
— Eve!
— E é por isso que sua filha tem a boca suja, está vendo?
— berro quando ela me dá as costas e sai.
Eu
09
HUGO
Olho a tela do celular mais uma vez, e considero
arremessar essa porcaria na parede, só para ver se coloco
minha cabeça no lugar.
Sobre nós:
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Murilo anda me atormentando com seus convites de sair
para uma balada e caçar mulher. Insiste na ideia de que
ando muito sozinho, só que não tenho tempo ou disposição
para ficar inventando um papinho só para conseguir uma
transa.
Meu Deus, o que Dandara vai pensar? Como ela vai ficar ao
receber a notícia?
graça da situação.
Não vou lidar com a leoa agora. Não mesmo. Corro sério
risco de ser mordido, já que ela vai achar que fui atrás do
pai de Rafael, quando deu instruções claras para que não
fizesse isso.
Mas não serei eu quem dará a ela a notícia, uma vez que
vai contra os princípios do meu cargo. A mim, só resta
fingir que nunca a conheci.
Tem que ser uma tarefa fácil. Mal convivi com a mulher.
— Alô?
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— Valeu.
Não paro por aí, porque quero uma dose extra de tortura.
Vejo outro e mais um, até que meus olhos começam a
pesar e eu durmo em cima da mesa.
Sonho com a mulher sussurrando a receita do pecado no
meu ouvido.
10
DANDARA
— Claro, querida.
— A única coisa boa que essa mulher fez na vida foi o João
— diz com o tom rígido. — Eu avisei, Dandara... Falei várias
vezes com Hugo que aquela mulher não prestava. Murilo
sempre vinha me contar que, na faculdade, havia rumores
de que Lia traía Hugo toda semana com um homem
diferente. Mas meu filho estava deslumbrado, não queria
ver o que estava à sua frente. Nunca gostei do jeito como
ela o tratava. Às vezes, sumia por alguns dias, viajava sem
dar satisfação, e todo final de semana estava em uma
festa. Lia dizia que era trabalho, mas nunca comprei essa
ideia.
— Então, por que ela estava com Hugo? — Penso que Lia
poderia ter apenas seguido sua vida de solteira.
— Aí tinha coisa...
— O clima hoje...
— Danda...
A verdade é que não devia ligar para nada que ele pensa
ou faz.
Que tipo de pai faz isso? Posso afirmar que quase nenhum.
Inspiro fundo.
11
HUGO
Apoio o tornozelo esquerdo no joelho direito e abro os
braços no encosto do sofá, tentando parecer
despreocupado. No entanto, sinto um peso gigante
tensionar meus ombros. Meu olhar passeia pelo
consultório, sem que eu consiga encarar a psicóloga. Sinto
que estou sendo julgado, e é justo, visto que adiei esse
momento, com medo do que poderia ouvir.
— Tudo bem, Helen. Sinto muito que Lia não possa estar
presente
— Uma vez por mês, em média. Só ligo para Lia quando ela
faz algo que desagrado. — Sei que falei demais quando
Helen faz uma anotação em seu caderno.
Mas devo admitir que vai ser penoso manter uma postura
imparcial em relação à Lia perto do João quando desprezo
cada atitude dela. Apenas farei isso porque é o melhor para
ele.
Ouço atento cada palavra sua. João não para de falar nem
mesmo quando entramos no carro e dirijo em direção a
Vilabela.
12
DANDARA
respondo.
— Você deveria...
Dou uma risada irônica ao perceber onde isso vai dar. Claro
que ele ia morar em um condomínio luxuoso que é quase
uma cidade dentro de Vilabela.
Achei esquisito, só que não me dei conta que era mais uma
daquelas situações em que um racista duvida que um preto
conquistou algo com o suor do trabalho.
Ergo o olhar, pois não vou me deixar abalar por esse desvio
de conduta. Se ele quiser me dar voz de prisão por ter o
encarado, ofereço meus pulsos com orgulho.
13
HUGO
— Filha da mãe!
Assim não teria que olhar para essa sua cara arrogante e
esse nariz empinado!
— Leoa selvagem!
— Juiz malcriado!
Puta que pariu! Ela não fez isso. Não. Não pode ser!
— Mulherzinha indomável!
Quase.
14
DANDARA
— Fico feliz que tenha gostado. Fiz tudo com muito carinho.
—
Ele toma o caminho por onde João Pedro sumiu e nos deixa
aqui, com um clima esquisito pesando. Sempre que diz
respeito ao João, não sei como agir, fico tensa e confusa
com as reações do menino.
— É só um docinho — cicio.
— Tem razão. — Ele solta meu braço. — Mas isso não acaba
aqui.
15
RAFAEL
Minha mãe não fala nada, até porque ela não sabe que sou
bissexual.
Mas, ainda assim, aqui estou eu, parado. Bem como ele,
que já poderia ter dado meia-volta e me deixado falar
sozinho.
— Não foi por querer. — Agora, ele abaixa a bola. — Não foi
minha intenção te acertar. O Guilherme falou alguma
merda racista na hora e eu ia socar o filho da puta. Não vi
que você estava atrás de mim quando subi o cotovelo.
— E eu sou culpado por isso? Por que tirei seu brilho? — Rio
com sarcasmo. — Não sei por que vim aqui, tu é um
babaca.
falo sério.
16
HUGO
Meu filho faz menção de passar por mim, e sei que vai
correr para longe, mas a voz de Maria Isabel o trava.
João não diz nada, apenas se vira para mim com um sorriso
tímido e entrega o pratinho, me emocionando um pouco
mais.
— Obrigado, asmático — sussurro e ele revira os olhos,
antes de rir.
Sei que ela está tão perdida quanto eu, porque Dandara se
esfrega em mim sem nenhuma vergonha, mesmo que
alguém possa nos flagrar a qualquer momento.
Aceno que sim, mas não consigo me mover. Não tem como
entrar e encarar sua família quando meu pau está duro e
tudo que penso é em prender essa mulher em um quarto e
realizar todas as fantasias que ando tendo com ela.
HUGO
18
DANDARA
— E ele?
— Não vou pensar nisso agora. Vou indo, antes que Rafael
saia do quarto. — Estou mesmo saindo de fininho da minha
própria casa?! Que comportamento absurdo, Dandara! —
Não me siga! — ordeno a ela, que revira os olhos para
mim.
provoca.
— Nenhuma — cicio.
19
DANDARA
Quando aceitei seu convite para vir até aqui, não imaginei
que essa seria sua cartada final, e confesso que estou, de
fato, impressionada. Tem até discos da Alcione aqui!
O lugar é bem aconchegante. Tem uma estante com alguns
livros, um sofá e poltronas, além de uma janela que vai de
cima a baixo, com vista para seu jardim.
Estou tão envolvida com a forma como seu corpo vai pouco
a pouco dominando o meu, que quase não ouço o som do
zíper sendo aberto.
— Não achei que fosse ver essa leoa tão mansa. — Abro os
olhos e vejo Hugo espalmar as mãos no meu traseiro, me
suspendendo, e enrosco as pernas em sua cintura.
Irritação me toma, porque ele ainda está vestido e preciso
senti-lo, quero saber se sua pele está tão febril quanto a
minha.
— Vai fazer o quê? — E para provar que não sou párea para
ele, Hugo tira os dedos de dentro de mim, frustrando-me
mais uma vez.
Isso vai ser intenso demais, e acho que não vou aguentar.
A sensação é potente, avassaladora.
HUGO
diz, ardilosa.
— Se quiser, é claro.
Isso foi... inesperado. Não imaginei que ficaria tão feliz por
isso.
É só um passeio de bicicleta.
— Aqui — afirmo.
Tem algo diferente nela. Cada vez que estou com Dandara
é como receber um choque anafilático e ser trazido à vida
pouco a pouco. Estava vivendo no automático até ser
convocado para uma reunião com essa leoa.
DANDARA
DIAS DEPOIS
Por mais que não vá admitir em voz alta, meu pai adora ir
até o asilo da cidade e jogar dama com os velhos. Costumo
ir com ele quando minha agenda está livre, e ajudo no que
precisam quando organizam eventos para angariar fundos.
Caminho com meu pai para dentro e dou dois beijinhos nas
bochechas de Gabi, a cumprimentando.
— Cadê sua mãe? — indago à enfermeira. — Faz meses
que ela promete aparecer na confeitaria e até hoje nada.
— Sabe como?
22
HUGO
— Estou feliz porque não verei sua cara por aqui nos
próximos trinta dias — implico, mantendo o tom sério para
disfarçar.
Não diria que sou amigo dessa gente, mas costumo marcar
presença apenas para socializar e não fazer papel de
babaca antissocial. Sei lá, soa certo aturar a arrogância
deles por uma noite, só para não os ter espalhando ofensas
a meu respeito.
Leoa
Diga agora.
Eu
Leoa
Eu
— Sim ou não?
— Olha, JP, sei que queria ver sua família completa, tendo
sua mãe conosco todos os dias, mas... — Me calo, pois
estava prestes a falar o que não devo.
Mas, dessa vez, isso não vai ficar assim. Faço essa
resolução enquanto dirijo, e no instante em que estaciono o
carro na garagem, pego meu celular.
— Lia, não sei o que anda dizendo para o JP, mas quero que
pare. —
23
DANDARA
— Não, eu dispenso.
profanos.
É notícia velha.
Murilo. É isso.
— O que aconteceu?
DANDARA
Bato na porta, e leva um tempo até João abrir. Ele está com
um pijama, e seus olhos avermelhados estão quase
fechados.
— Pode me abraçar?
Murilo apazigua.
— Preciso ir — anuncio.
DANDARA
No entanto, isso não quer dizer que essa foi uma decisão
fácil. Fingir que Hugo não existe é impossível, e isso me fez
pensar que, talvez, eu tenha me apegado a ele mais do
que deveria.
respondo.
— Você estava tão feliz gravando. Por que está com essa
cara de velório agora? — Daniel reclama, ao me entregar
uma taça de vinho.
26
HUGO
Sei que ela está ocultando algo de mim, pois Danda não é
de se esconder assim. Mas ela segue no voto de silêncio, e
essa merda está me matando.
— O que aquela infeliz fez dessa vez? — Toda vez que ouço
qualquer coisa sobre Cristina, é sempre alguma baixaria
que vai me tirar uns dias de vida pelo estresse causado por
sua falta de caráter.
Mas por que ela faria isso? Deletar um perfil tão grande...
— Acho que sei onde ela está. — João ergue o olhar depois
de ler algo em seu celular. — Aquele tal influenciador com
quem ela estava gravando, postou nos stories uma foto
com Dandara e o irmão dela, o Daniel. Ele colocou a
localização. Estão em um barzinho que se chama Batuque
Carioca.
27
HUGO
— Hugo...
— Não! — rebate.
— Hugo...
— Não ouvi até agora você falar que é para eu sumir daqui
e nunca mais te procurar. — Volto a encará-la, esperando
que diga algo, mas ela não o faz. — Ou abre a boca agora e
me enxota de uma vez da sua vida, ou...
— Quatro.
— Três.
— Dois.
— E-eu... — gagueja.
— Veio aqui atrás de outro, Dandara? — Puxo sua saia para
cima, deixando o tecido embolado em sua cintura, a
expondo.
— Não! — choraminga.
e extasiada.
28
DANDARA
— Não.
Você não quer ver eles nunca mais? Ótimo, esqueço que
aquela gente existiu. Nunca gostei deles mesmo. O que
mais te incomodou?
— A Cristina...
Odeio o clima que fica entre nós, queria que minha cabeça
não ficasse voltando para aquela noite, quando tudo
desandou. Porque, no fim, o que importa é isso aqui: eu,
ele e nossa vontade de fazer nossa relação funcionar.
— Imaginei.
29
HUGO
— A gente vai ver como isso vai ser com o tempo, Hugo —
Rafa resmunga e aceno.
— É mesmo?
— Banoffee.
— Estou aqui.
Seco seus cabelos, como fazia quando ele tinha cinco anos
e entrou na natação.
Ele dá de ombros.
— Não te incomoda?
30
DANDARA
Viro para meu filho, que solta João Pedro. O garoto parece
menos tenso, mas ainda encara o tal Guilherme com um
brilho mortal no olhar.
— Mas, mãe...
— Você acha que porque seu pai é juiz, a lei não se aplica a
você, não é? — Olho para João pelo espelho retrovisor. —
Entre aí e confesse o que aconteceu hoje. Vamos chamar
Hugo aqui e ver o que acontece.
precisa.
Só que não posso aplaudir o que ele fez. João vai arrumar
problemas na vida se continuar resolvendo as coisas na
base do soco.
— Sinto muito que a vida não seja do jeito que você quer —
falo com severidade. — Mas você precisa superar isso e
seguir em frente. Seu pai está dando o melhor por você.
João Pedro entra com um bico na cara e vem até nós. Joga
a mochila no chão e senta na cadeira livre, com as pernas
abertas e a postura de marrento, olhando para os lados.
— Eu sou bi.
— Alguém vai falar algo? — Hugo olha para nós três, mas
estou dando uma chance para João ser sincero.
Pega leve. Tem que corrigir ele, sei disso. Mas não grita,
nem perde a razão.
JP é só um adolescente.
— Sei... — suspiro.
31
HUGO
Além disso, João tem asma desde que é criança. Ele pratica
natação apenas para melhorar sua qualidade de vida, mas
meu filho está ciente de suas limitações. Por isso, uma
medalha de ouro em uma competição como essa é uma
grande conquista.
Esperava o quê?
— Deliciosa.
DANDARA
UM MÊS DEPOIS
E ainda é novembro.
— Tudo bem, mas olha só. Fala com o Adriano que não
posso esperar muito tempo mais. — Me refiro ao dono da
fábrica de chocolate que conheci em um evento de
confeitaria.
Mas, acabou.
— O quê? Quem pagou por isso? A gente não pode ir, tem
muito trabalho! Quem são as famílias? — Viro-me para ele,
processando a informação.
33
HUGO
— O quê?
— Sim!
— É, sim, leoa.
comenta, maliciosa.
— O que é?
Meu amor.
34
DANDARA
Ouço Hugo bufar mais uma vez, e ainda não sei como esse
homem não virou um touro, visto que em seus momentos
de raiva, isso é tudo que sabe fazer.
Quero colocar ela e Hugo em uma sala e ver qual deles vai
fazer uma palestra sobre prevenção mais longa para o
filho.
Vir para o chalé não foi a melhor ideia, porque ele continua
preso nesse estado de agonia, espiando o lado de fora a
cada três minutos, esperando ansioso o filho voltar.
Então é isso?
— Estou esperando.
HUGO
Co-como?
— Foi sem querer. Saí com Dandara e... a gente foi até o
jardim.
Dissimulada.
— Olha, sei que vai levar tempo, mas a gente pode fazer
terapia...
Ligo para o filho de Danda, grato ao dia que ela decidiu que
seria útil salvar o contato de toda sua família.
— Beleza. Tchau.
— Hugo, espera!
36
DANDARA
Mas o que...
molhados.
Espera... Lia?
Fala para o pai do seu filho que... Quer saber? Não fala
nada. Já perdi tempo demais aqui.
Tudo que ele me disse foi uma mentira? E eu caí tão fácil
em seu papinho...
— O que aconteceu, Danda? Está me deixando assustada.
— Segura meu rosto e limpa as lágrimas com o polegar.
Você mesma disse que não viu Hugo na casa dele hoje, só
a ex-esposa.
HUGO
38
JOÃO PEDRO
— João...
— Não quer estar com a gente mais? Foi algo que eu fiz?
— Oi, vó.
39
DANDARA
E, para ser sincera, tudo que mais queria era ter corrido até
meu juiz quando João saiu daqui, e pedir desculpas por não
ter acreditado nele.
Não tenho muito tempo para ela agora, mas, ainda assim,
pego o telefone.
40
HUGO
UM MÊS DEPOIS
— Daqui a pouco. Exceto Dom, que disse que não viria esse
ano. A bebezinha deles ainda é muito novinha — Danda
explica.
— Não sei. Cada fase tem suas dores e alegrias, não é? Mas
era tão gostosinho quando o Rafael tinha só dois anos e
ainda estava descobrindo o mundo. — Seus olhos ficam
vidrados quando mergulha na lembrança. —
— Eles são uns anjos quando ainda não sabem falar “faz
um pix, velho”. — Despejo um pouco de amendoim salgado
em uma vasilha.
Então, ela veio mesmo para ficar. Vai morar com os pais no
Rio de Janeiro por enquanto, e chamou João para morar
com ela.
EPÍLOGO
DANDARA
Ele estica a mão para Elisa, que passa do colo do pai para o
do irmão sem hesitar.
FIM!
AGRADECIMENTOS
OUTRAS OBRAS
VINHOS E VINAGRE
Aisha costuma dizer que a vida dela é feita de reviravoltas
e surpresas. Mas uma coisa é certa: nessas voltas que o
mundo da ruiva deu, parar na Itália, ganhar uma família e
cultivar uma amizade inabalável com o charmoso Dante
Moretti é algo que ela escolheria viver mil vezes.
SPIN-OFF VINÍCOLA
CAMPELLO
“Eu fiz um excelente trabalho, não acha? Para que você me
odiasse?”
Ou finalmente a calmaria?
AGRIDOCE
Nunca mais se apaixonar. Essa foi a resolução de Anita
Salvatore depois que foi abandonada pelo noivo uma
semana antes do seu casamento.
PRESIDENTE BARBARA
WILCOX
[4] Engravidar.
[7] Dedurando.
[8] Bêbada.
[13] Música famosa do grupo Los Del Rio, que tem uma
dança muito conhecida.
[16] Querido.
Document Outline
Sinopse
Nota da autora
Nota da autora II
Avisos
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Prólogo
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Epílogo
Agradecimentos
Outras obras
Série Vinícola Campello: Vinhos e Vinagre
Spin-off Vinícola Campello
Série Vinícola Campello: Agridoce
Dinastica Cuco: Presidente Barbara Wilcox