Acao Revisional Emprestimo Consignado Encargos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

CIDADE

[ Pede-se os benefícios da Gratuidade da Justiça ]

FRANCISCO DAS QUANTAS, divorciado, comerciário,


residente e domiciliado na Rua X, nº 0000, em Curitiba (PR) – CEP nº. 44455-66, possuidor
do CPF(MF) nº. 555.333.444-66, com endereço eletrônico [email protected], ora
intermediado por seu mandatário ao final firmado – instrumento procuratório acostado –,
esse com endereço eletrônico e profissional inserto na referida procuração, o qual, em
obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para as
intimações que se fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, ajuizar a presente

AÇÃO REVISIONAL
“COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA”

contra o BANCO ZETA S/A, instituição financeira de direito privado, inscrita no CNPJ/MF
sob n° 11.222.333/0001-44, estabelecida(CC, art. 75, § 1º) na Rua Y, nº. 0000 , em São
Paulo (SP) – CEP 22555-666, endereço eletrônico [email protected], em decorrência das
justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

EM LINHAS INICIAIS
( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)

A parte Autora não tem condições de arcar com as


despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para
pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.

Destarte, o Demandante ora formula pleito de gratuidade da


justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in
fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento
procuratório acostado.

( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

O Promovente opta pela realização de audiência conciliatória


(CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta (CPC, art.
247, caput) para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334,
caput c/c § 5º).

II - RESENHA FÁTICA.

O Promovente celebrou com a Promovida, na data de


xx/yy/zzzz, Contrato de Empréstimo Consignado em Folha de Pagamento, o qual recebeu
a numeração 0000. (doc.01)

No referido pacto as partes convencionaram:

a) Empréstimo de R$ .x.x.x;
b) Juros de 00% ao mês e 00% ao ano;
c) Com prazo de pagamento de 60(sessenta) meses;
d) Vencendo-se a 1ª em 11/22/3333 e a última em 33/22/4444;
e) Valor base inicial de R$ .x.x.x

Pactuaram, mais, que o valor do financiamento seria debitado


junto à conta corrente mantida naquela mesma instituição (Conta Corrente nº. 334455-6 –
Ag. nº. 7788):

“5.3. (...) o FINANCIADO, em caráter irrevogável e irretratável, autoriza o


FINANCIADOR a proceder aos pertinentes e necessários lançamentos contábeis a
débito de sua conta corrente, mantida na agência do Banco Xista S/A, (...)”

Outro fato a destacar-se é que a referida contratação veio


dissimulada na existência de juros capitalizados diários. A esse propósito, o Autor acosta
demonstrativo contábil, elaborado Programa Estadual de Proteção e Defesa do
Consumidor (PROCON), onde referido documento demonstra às claras que:

os Promoventes apenas têm a pagar um saldo devedor de


R$ .x.x.x.x.x( .x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x. .x.x.x.x.x.x ), valor esse que, dividido pelo número de
parcelas vincendas(19), traduz-se no montante mensal a pagar de
R$ .x.x.x( .x.x.x.x.x .x.x.x.x). (doc. 03)

Em razão dessas colocações, urge salientar que hoje pouco


resta do salário do Autor, justamente em razão do débito formalizado com a Ré. Sua
situação é, ademais, vexatória, e precisa nesta ocasião do remédio processual de
URGÊNCIA.

II - MERITUM CAUSAE.

DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS CONTROVERTIDAS


CPC, art. 330, § 2º
Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes
é de empréstimo, razão qual o Embargante, à luz da regra contida no art. 330, § 2º, da
Legislação Adjetiva Civil, cuida de balizar, com a exordial, as obrigações contratuais alvo
desta controvérsia judicial.

O Autor almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar


os encargos contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela gravitará
com a pretensão de fundo para:

( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados diários;


Fundamento: ausência de ajuste expresso nesse sentido e onerosidade excessiva.

( b ) reduzir os juros remuneratórios;


Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.

( c ) excluir os encargos moratórios;


Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos
contratuais ilegalmente durante o período de normalidade;

( d ) excluir a cobrança de encargos moratórios, remuneratório e comissão de


permanência;
Fundamento: colisão as súmulas correspondentes do STJ

Dessarte, tendo em conta as disparidades legais supra-


anunciadas, o Promovente acosta planilha provisória com cálculos (doc. 03) que
demonstra, por estimativa, o valor a ser pago:

( a ) Valor da obrigação ajustada no contrato R$ 0.000,00 ( .x.x.x. );


( b ) valor controverso estimado da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. );

( c ) valor incontroverso estimado da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. ).

Nesse compasso, com supedâneo na regra processual ora


invocada, o Autor requer que Vossa Excelência defira o depósito, em juízo, da parte
estimada como controversa. Por outro ângulo, pleiteia que a Promovida seja instada a
acatar o pagamento da quantia estimada como incontroversa, acima mencionada, a qual
será paga junto à Ag. 3344, no mesmo prazo contratual avençado.

No tocante ao depósito, feito por estimativa de valores,


maiormente no caso em espécie onde a relação contratual em espécie se originou nos idos
de 2012, sem qualquer sombra de dúvidas para se apurar os valores é uma tarefa que
requer extremada capacidade técnica. Além disso, isso demandaria no mínimo um
mês de trabalho com um bom especialista da engenharia financeira ou outra área
equivalente. E, lógico, um custo elevadíssimo para a confecção desse laudo pericial
particular.

Nesse aspecto, há afronta a disposição constitucional de


igualdade entre os litigantes e, mais ainda, ao princípio da contribuição mútua entre todos
envolvidos no processo judicial (CPC, art. 6º) e da paridade de tratamento (CPC, art. 7º).
Quando o autor da ação é instado a apresentar cálculos precisos e complexos com sua
petição inicial, como na hipótese, afasta-o da possibilidade de se utilizar de um auxiliar da
Justiça (contador) que poderia fazer justamente esse papel, e muito bem desempenhado
(CPC, art. 149). Assim, no mínimo é essencial que se postergue essa tarefa de encontrar o
valor correto a depositar (se ainda tiver) para quando já formada a relação processual.

Ilustrativamente convém evidenciar o seguinte julgado:

APELAÇÃO CÍVEL.
Ação revisional de contrato de abertura de crédito rotativo em conta-
corrente. Recurso dos autores. Sentença de extinção, sem resolução do
mérito, com fundamento nos arts. 267, inc. I, e 294, inc. I, da Lei adjetiva
civil. Indeferimento do petitório inicial fundamentado no atendimento
parcial da ordem de emenda. Decisão determinando a adequação da
exordial ao estabelecido no art. 285-b do código de processo civil [
CPC/2015, art. 330, § 2º ]. Razões recursais que sustentam o cumprimento
satisfatório dos requisitos enunciados pelo referido dispositivo legal e a
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Irresignação acolhida
no ponto. A teor do art. 285-b do código de ritos, "nos litígios que tenham
por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou
arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição inicial,
dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,
quantificando o valor incontroverso". No caso, colhe-se do petitório e da
peça de emenda que a parte autora, na linha do que preceitua o art. 285-b
da Lei Processual Civil [ CPC/2015, art. 330, § 2º ], enumerou o contrato a
ser revisado, especificando o seu alcance. Quantificação do valor
incontroverso a ser depositado. Relação contratual que inviabiliza a
delimitação do quantum debeatur. Dispensabilidade do atendimento do
respectivo pressuposto. Caso concreto, ainda, em que não houve
apreciação do pedido de inversão do ônus da prova. Apelo provido.
Sentença cassada. Impossibilidade, todavia, de aplicação do art. 515, § 3º,
do código de processo civil [ CPC/2015, art. 1.013, § 3º ]. Necessidade de
saneamento do feito com a consecutiva dilação probatória. Relativamente
à quantificação do valor incontroverso, considerando que na hipótese sub
judice a pretensão revisional é de um contrato de abertura de crédito do
tipo cheque especial, a exigência do depósito é relativizada porquanto, por
estar vinculado à conta-corrente, em que o saldo devedor se modifica mês
a mês, a aferição do quantum debeatur torna-se dificultosa, dispensando-
se, assim, o atendimento do respectivo pressuposto. Ademais, verifica-se a
existência de manifestação da parte autora de que sequer possui os
extratos de evolução da dívida referente ao contrato a ser revisado (consta
do feito a juntada tão-somente da primeira folha do ajuste), e de
requerimento expresso de inversão do ônus da prova, com base no Código
de Defesa do Consumidor, para que a instituição financeira colacione ao
processo toda documentação relativa ao instrumento contratual objeto da
lide, de maneira que a extinção do feito, sem resolução do mérito, por
indeferimento da inicial, não é a medida mais acertada quando sequer
apreciado tal pleito. Embora imperiosa a cassação da sentença, mostra-se
inaplicável o art. 515, § 3º [ CPC/2015, art. 1.013, § 3º ], do código de
processo civil, porquanto o processo ainda não se encontra apto a
julgamento, reputando-se necessário o saneamento do processo com a
consecutiva dilação probatória. (TJSC; AC 2014.091644-5; Capital -
Bancário; Segunda Câmara de Direito Comercial; Rel. Des. Robson Luz
Varella; Julg. 26/01/2016; DJSC 15/02/2016; Pág. 153)

Todavia, cabe aqui registrar o magistério de Nélson Nery


Júnior, o qual, acertadamente, faz considerações acerca da norma em espécie, chegando
a evidenciar que isso bloqueia o à Justiça, verbis:

“18. Bloqueio do acesso à Justiça e igualdade.


É interessante notar que a previsão constante desses dois parágrafos se aplica
apenas a ações envolvendo obrigações decorrentes de empréstimo,
financiamento ou alienação de bens. Mas por que isso se aplica apenas a esses
casos? Ainda, pode ocorrer de o autor não ter condições de quantificar o valor
que pretende discutir, bem como o valor incontroverso, já no momento da
propositura da ação. A petição inicial deve, portanto, ser indeferida, em
detrimento do acesso à Justiça? Neste último caso, nada impede que a
discriminação cobrada por estes parágrafos seja feita quando da liquidação da
sentença (cf. Cassio Scarpinella Bueno. Reflexões a partir do art. 285-B do CPC [RP
223/79]). Vale lembrar ainda que o § 3º é mais um exemplo de norma constante
do CPC que disciplina questões não ligadas ao processo civil. Essa
desorganização, se levada adiante, pode fazer com que tais exemplos se
multipliquem, dificultando a sistematização e a lógica processuais.” (in,
Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 2015, p. 904)
(negritos e itálicos no texto original)

A ratificar os fundamentos acima mencionados, urge evidenciar


diversos julgados acolhendo o pleito de depósito do valor incontroverso, esse delimitado
pelo Autor com a inaugural, verbis:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE


CONTRATO BANCÁRIO. DEFERIMENTO DO DEPÓSITO DAS PARCELAS
CONTRATUAIS NO VALOR INCONTROVERSO. LEVANTAMENTO PELO CREDOR
ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. POSSIBILIDADE. RECURSO
NÃO PROVIDO.
De acordo com a posição do STJ, conforme RESP repetitivo 1.061.530-RS, não
havia qualquer vedação ao depósitos das parcelas contratadas, no valor que a
parte entende devido, desde que sem qualquer efeito liberatório da mora, sendo
esse entendimento aplicável aos casos em que a ação revisional tenha sido
proposta anteriormente à vigência do art. 285-B, parágrafo único, do CPC. Nas
ações revisionais de contrato bancário é possível o levantamento, pela parte
ré/credora, das parcelas depositadas pelo autor/devedor, tidas como
incontroversas, sobre as quais não pesa qualquer discussão, mesmo que antes do
trânsito em julgado da sentença. Recurso não provido. (TJMG; AI
1.0027.09.186239-4/004; Relª Desª Marcia de Paoli Balbino; Julg. 25/02/2016;
DJEMG 08/03/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.


Pedido de consignação incidental de parcelas incontroversas. Decisão que
indeferiu o requerimento de antecipação de tutela formulado pelo agravante,
denegando a sua pretensão de evitar a inclusão do seu nome nos cadastros
restritivos de crédito ou, caso já efetivado o apontamento, a sua exclusão,
mediante o depósito do valor das prestações que considerava devido, evitando
os efeitos da mora. Ilegalidades e abusividade das taxas contratadas não
demonstradas de plano. Cálculos elaborados unilateralmente pela própria parte
interessada, sem a participação da parte contrária, em violação ao princípio
constitucional do contraditório. Taxas de juros e valores de parcelas pré-fixados.
Ilegalidade do valor da prestação pactuada não evidenciada. A simples
propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do
autor. Súmula nº 380 do STJ. Ausência de demonstração de que as ilegalidades
apontadas estavam fundadas na aparência do bom direito e na jurisprudência
consolidada do STF ou do STJ, requisitos necessários à abstenção da inscrição ou
da manutenção em cadastro de inadimplentes. Ausência de verossimilhança da
alegação, requisito previsto no art. 273 do CPC. Possibilidade de depósito dos
valores das parcelas que o autor considera devidos, sem o condão de afastar os
efeitos da mora, tampouco impedir restrições cadastrais ao seu nome. Art. 285-B
do CPC. Precedentes da Jurisprudência. Recurso parcialmente provido. (TJSP; AI
2231785-40.2015.8.26.0000; Ac. 9040563; São Paulo; Vigésima Quarta Câmara
de Direito Privado; Rel. Des. Plinio Novaes de Andrade Júnior; Julg. 26/11/2015;
DJESP 01/02/2016)
Ademais, é de toda conveniência revelar aresto no sentido da
possibilidade do valor incontroverso ser menor que aquele pactuado, a saber:

REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PRETENSÃO DO AGRAVANTE À


CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE PARCELAS MENSAIS EM VALOR INFERIOR
AO PACTUADO. POSSIBILIDADE. ARTIGO 285-B, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC.
[CPC/2015, art. 330, § 2º]
Discussão do contrato celebrado para efetuar depósito de valor mensal menor
que o pactuado, sem a inclusão de seu nome junto aos órgãos de proteção ao
crédito. Súmula nº 380 do STJ. Existindo a mora, é direito do credor adotar as
medidas cabíveis para evitar a inconstitucional vedação de seu acesso à
jurisdição. Inteligência dos artigos 273 do CPC[CPC/2015, art. 294], 5º, inciso
XXXV, da CF, 585, parágrafo 1º, do CPC e 43, parágrafos 1º e 4º, do CDC. Decisão
mantida. Recurso improvido, com ressalva. (TJSP; AI 2041259-53.2014.8.26.0000;
Ac. 7497668; Jundiaí; Vigésima Segunda Câmara de Direito Privado; Rel. Des.
Sérgio Rui; Julg. 10/04/2014; DJESP 22/04/2014)

APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL DE


CONTRATOS BANCÁRIOS DIVERSOS.
1. Admissibilidade recursal. 1.1. Tarifas bancárias. Questão estranha ao contexto
da lide, na medida em que ausente discussão a respeito desse tema no presente
feito. Matéria não incluída na causa de pedir inicialmente deduzida pelo autor.
Interesse recursal não evidenciado no ponto. Recurso do réu não conhecido
nesse tópico. 1.2. Comissão de permanência. A parte não possui interesse
recursal quando requer a reforma da decisão para obter vantagem que já lhe foi
concedida no pronunciamento recorrido. Recurso do autor não conhecido no
ponto. 2. Código de Defesa do Consumidor. Aplica-se, na espécie, o Código de
Defesa do Consumidor. 3. Juros remuneratórios. 3.1. Inexiste abusividade na
cobrança de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, considerando os
percentuais usualmente praticados no mercado. Precedentes do STJ. 3.2. No caso
concreto, devida a redução dos juros à média do mercado financeiro em um dos
cartões de crédito controvertidos, por exceder significativamente à taxa média
divulgada pelo Banco Central do Brasil para operações de cheque especial,
parâmetro observado, na espécie, por analogia. A respeito do outro pacto em
discussão, porque ausente documento que indique as taxas praticadas, os juros
devem ser igualmente limitados à taxa média de mercado registrada pelo BACEN.
4. Capitalização de juros. 4.1. Conforme orientação do RESP nº 973.827/RS, para
os contratos bancários posteriores à medida provisória nº 1.963-17, publicada em
31 de março de 2000 (atual MP nº 2.170-36/2000), admite-se a incidência da
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano, desde que
expressamente pactuada ou, ainda, se a taxa de juros anual for superior ao
duodécuplo da mensal. 4.2. Caso concreto em que é possível verificar, nas
cláusulas padronizadas dos cartões de crédito, estipulação expressa de
capitalização mensal dos juros, razão por que se impõe mantê-la. No outro ajuste
discutido, contudo, diante da falta de informações sobre as taxas de juros e sua
forma de capitalização, admite-se apenas a capitalização anual dos juros, que é a
regra geral para os contratos bancários. 5. Comissão de permanência. Somente é
permitida a comissão de permanência quando expressamente prevista e não
cumulada com encargos moratórios. Verificada a cobrança cumulativa, deve ser
cobrada unicamente a comissão de permanência, limitada à taxa contratada, se
for menor que a taxa média ou dela não discrepar significativamente. Ausente
demonstração de contratação da comissão de permanência, inviável sua
cobrança. 6. Repetição do indébito/compensação. Se houve pagamento a maior,
considerando a solução tomada no processo judicial, são devidas a compensação
e a repetição do indébito, nos termos dos artigos 368 e 876 do CCB. 7. Inscrição
em cadastros restritivos e mora. Reconhecida a abusividade descaracterizada a
mora do devedor, ficando vedada a inscrição ou manutenção do seu nome em
cadastros de restrição ao crédito. 8. Depósito em juízo. Não há óbice à
realização de depósitos de parcelas incontroversas pelo autor, desde que por
sua conta e risco e sem efeito liberatório. Valores consignados que poderão ser
posteriormente compensados com o saldo a ser apurado em liquidação.
Apelações parcialmente conhecidas e, nessa extensão, providas em parte. (TJRS;
AC 0478544-39.2014.8.21.7000; Caxias do Sul; Vigésima Terceira Câmara Cível;
Rel. Des. Carlos Eduardo Richinitti; Julg. 31/03/2015; DJERS 09/04/2015)

Com esse exato enfoque são as lições de Guilherme Rizzo Amaral,


ad litteram:

“Regra mais delicada é a inserida no § 3º, do art. 330, que prevê o dever do autor
em continuar pagando o valor incontroverso no tempo e modo contratados. Sua
interpretação deve ser restrita. Nenhuma consequência advirá para o autor e
sua ação revisional caso ele deixe de pagar o valor incontroverso, especialmente
porque eventuais dificuldades financeiras não podem obstar o acesso à via
jurisdicional. O que a norma em comento determina é que o simplesmente
ajuizamento da ação revisional não serve para justificativa para a suspensão da
exigibilidade do valor incontroverso.” (in, Comentários às alterações do novo CPC.
São Paulo: RT, 2015, p. 447)
(os destaques são nossos)

De igual modo é desnecessário o pagamento de valores


prévios ao ajuizamento da ação revisional, o que se depreende do julgado abaixo:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO.


INDEFERIMENTO DA INICIAL. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ARTIGO
285-B DO CPC. COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS ANTERIORES
AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRESCINDIBILIDADE. QUESTÃO QUE AFETA
APENAS A AFERIÇÃO DA ELISÃO DA MORA PELA PARTE AUTORA E NÃO AS
CONDIÇÕES DA AÇÃO. ERROR IN PROCEDENDO. SENTENÇA CASSADA.
1. O artigo 285-b, caput, do código de processo civil[CPC/2015, art. 330, caput]
dispõe que. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de
empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá
discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, quantificando o valor incontroverso. Seu parágrafo
1º[CPC/2015, art. 330, § 1º] acrescenta que. O valor incontroverso deverá
continuar sendo pago no tempo e modo contratados. 2. O referido artigo visa tão
somente obrigar a parte a apontar clara e precisamente a causa de pedir das
ações revisionais, declarando qual a espécie e o alcance do abuso contratual que
fundamenta sua ação, bem como explicitar a inadmissão do depósito judicial do
valor incontroverso das obrigações contratuais. 3. Tal artigo, não impõe a
comprovação do pagamento das parcelas anteriores ao ajuizamento da ação ou o
mesmo o efetivo pagamento do valor incontroverso como condição de
procedibilidade da ação revisional. Caso assim o fizesse, implicaria em nítida
ofensa ao princípio constitucional do livre acesso ao poder judiciário, previsto no
artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, pois impediria que o consumidor
inadimplente e sem condições de promover o pagamento das prestações
contratadas, de discutir em juízo a legitimidade dos valores que lhe estão sendo
exigidos, por vícios insertos no contrato em que a obrigação inadimplida foi
convencionada. 4. A não comprovação, do pagamento das prestações anteriores
ao ajuizamento da ação revisional de contrato bancário, e a ausência de
continuidade do pagamento dos valores vincendos tidos como incontroversos,
não sendo circunstância que possa mitigar o direito constitucional de ação,
resulta apenas na impossibilidade de ser elidida a mora do consumidor, pelo
simples ajuizamento da pretensão revisional, não se tratando de circunstância
que autorize a extinção do processo sem o julgamento dos pedidos deduzidos em
juízo, volvidos a infirmar as disposições contidas no instrumento contratual. 5. In
casu, sendo desnecessária a comprovação do pagamento das parcelas
contratadas a fim de se constatar as condições de procedibilidade da ação
revisional de contrato bancário ajuizada pela autora, a extinção do processo pelo
indeferimento da petição inicial representa error in procedendo, devendo ser
cassada a sentença recorrida. 6. Apelação conhecida e provida. Sentença cassada.
(TJDF; Rec 2014.09.1.019627-6; Ac. 846.624; Rel. Des. Alfeu Machado; DJDFTE
20/02/2015; Pág. 317)

A SITUAÇÃO EM DEBATE NÃO É CASO DE IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DOS PEDIDOS


CPC, art. 332 c/c art. 918, inc. II

É de toda conveniência ofertarmos considerações acerca da


impossibilidade de julgamento de improcedência liminar dos pedidos aqui ofertados.

Existem inúmeras súmulas e outros precedentes sobre temas


mais diversos de Direito Bancário, seja no aspecto remuneratório, moratório e até diversos
enlaces contratuais. E isso, aparentemente, poderia corroborar um entendimento de que as
pretensões formuladas nesta querela afrontariam os ditames previstos no art. 332 do
Código de Processo Civil. É dizer, por exemplo, por supostamente contrariar súmula do
STF ou STJ, ou mesmo acórdãos proferidos em incidente de resolução de demandas
repetitivas. Não é o caso, todavia.

( i ) Não há proximidade entre os fundamentos abordados e súmulas e/ou ações


repetitivas
Os temas ventilados na exordial, como causas de pedir, não
têm qualquer identidade com as questões jurídicas tratadas nas súmulas que cogitam de
assuntos bancários. E isso se faz necessário, obviamente.
Empregando o mesmo pensar, vejamos o magistério de José
Miguel Garcia Medina:

“V. .... E a precisão da sentença de improcedência liminar, fundada em


enunciado de súmula ou julgamento de casos repetitivos. A rejeição liminar do
pedido, por ser medida tomada quando ainda não citado o réu, apenas com
supedâneo no que afirmou o autor, é medida excepcional, a exigir cautelar
redobrada do magistrado sentenciante. Tal como o enunciado de uma súmula, p.
ex., não pode padecer de ambiguidade (cf. comentário supra), exige-se da
sentença liminar de improcedência igual precisão: deverá o juiz identificar os
fundamentos da súmula ( ou do julgamento de caso repetitivo) e apresentar os
porquês de o caso em julgamento se harmonizar com aqueles fundamentos (cf.
art. 489, § 1º, V do CPC/2015). “ (in, Novo Código de Processo Civil Comentado.
São Paulo: RT, 2015, p. 554)
(negritos no texto original)

Com efeito, inexistindo identidade entre os temas, inadmissível


o julgamento de improcedência liminar.

( ii ) A hipótese em estudo requer a produção de provas

A situação em vertente demanda que sejam provados fatos,


quais sejam: a cobrança (ocorrência de fato) de encargos ilegais no período de
normalidade, os quais, via reflexa, acarretaria na ausência de mora.

Sustenta-se, como uma das teses da parte autora, que, ao


revés de existir a cobrança de juros capitalizados mensais há, na verdade, cobrança de
juros capitalizados diariamente. E isso, como será demonstrado no mérito, faz uma
diferença gigantesca na conta e, sobretudo, uma onerosidade excessiva.

Não é o simples fato de existir, ou não, uma cláusula


mencionando que a forma de capitalização é mensal, bimestral, semestral ou anual, seria o
bastante. Claro que não. É preciso uma prova contábil; um expert para levantar esses
dados controvertidos (juros capitalizados mensais x juros capitalizados diários).

Por esse norte, a produção da prova pericial se mostra


essencial para dirimir essa a controvérsia fática, maiormente quanto à existência ou não
da cobrança de encargos abusivos, ou seja, contrários à lei. Não é uma mera questão de
direito que, supostamente, afronta uma determinada súmula.

Pela necessidade de produção de prova pericial nos casos de


ações revisionais de contratos bancários, vejamos os seguintes julgados:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. ALEGAÇÃO DE


NULIDADE DE CLÁUSULAS E ABUSIVIDADE DE ENCARGOS CONTRATUAIS.
PROVA PERICIAL CONTÁBIL. NÃO REALIZAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA CASSADA.
O julgamento do feito com fulcro no art. 285-A do CPC [CPC/2015, art. 332] e a
consequente ausência de realização de prova técnica necessária ao deslinde de
questões controvertidas nos autos viola o devido processo legal, no qual está
inserido o direito à produção probatória, e acarreta, portanto, cerceamento de
defesa. Em fiel observância ao devido processo legal, ao autor da ação incumbe
fazer prova acerca dos fatos alegados como fundamento do invocado direito,
porque a lide delineada nos autos não comporta qualquer exceção legal,
permissiva da inversão dos ônus da prova, assim como ao réu a produção de
prova de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos. (TJMG; APCV
1.0024.14.094894-4/001; Rel. Des. Leite Praça; Julg. 26/02/2015; DJEMG
10/03/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PEDIDO DE


PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. NÃO APRECIAÇÃO PELO JUÍZO A QUO
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO PELA
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. NULIDADE DA SENTENÇA.
1. O juízo a quo ao decidir a demanda não levou em consideração as alegações
fáticas apresentadas pela autora em sua petição inicial. 2. Não se admite o
julgamento antecipado de improcedência da ação, nos termos do art. 285-a, do
CPC [CPC/2015, art. 332], sem examinar as alegações do autor e posteriormente
confrontá-las com a prova pericial requerida. Devendo ser apurado através de
planilha de cálculos necessária eventual aplicação de juros abusivos e
capitalização mensal de juros, resta inviabilizado, por este juízo ad quem, o
exame das teses levantadas por ambas as partes. 3. Sentença anulada, remessa
dos autos ao d juízo de origem com vistas à realização da regular instrução do
feito para o julgamento da ação revisional, em obediência ao devido processo
legal (art. 5º, LIV, cf). Jurisprudência do TJPI. Recurso conhecido e provido. (TJPI;
AC 2010.0001.005308-3; Segunda Câmara Especializada Cível; Rel. Des. Brandão
de Carvalho; DJPI 09/03/2015; Pág. 14)

Convém ressaltar as lições de Teresa Arruda Alvim Wambier,


ad litteram:

“Por conseguinte, para fosse possível o julgamento prima facie de improcedência


do pedido, a relação conflituosa deveria assentar-se uma situação
preponderantemente de direito, isto é cujos fatos podem ser compreendidos com
exatidão e grau máximo de certeza através, tão somente, de prova pré-
constituída. “ (Tereza Arruda Alvim Wambier ... [et tal], coordenadores. Breves
comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p. 856)
( itálicos do texto original )

Mais adiante arremata:

“Ou seja, antes de aplicar o art. 332 do CPC/2015, o juiz deve assegurar ao autor
a possibilidade de demonstrar porque sua petição inicial, v.g., não contraria
súmula do STF ou súmula do STJ. Somente após essa segunda manifestação do
autor é que se poderia cogitar da aplicação da referida técnica de forma
constitucionalmente adequada. “ (ob. aut. cits., p. 860)

Desse modo, impõe-se reconhecer a impossibilidade do


julgamento de improcedência liminar, visto que, havendo controvérsia a respeito de
fatos, cuja prova não se encontra nos autos, é imprescindível que este juízo viabilize à
parte Autora a produção da prova requerida. Além disso, a disposição contida no art. 373,
I, do Código de Processo Civil, dita que tal ônus a esse pertence.

( iii ) A inconstitucionalidade do art. 332 do Código de Processo Civil

De outro bordo, é inconteste que há inúmeras razões para


receber a norma acima mencionada como inconstitucional.

Ao subordinar o pedido de tutela jurisdicional do Estado aos


ditames do art. 332, sem ao menos antes ouvir-se a parte adversa, sucede-se, no mínimo,
afronta ao direito de ação consagrado pela Constituição da República.
Com esse enfoque, urge evidenciar as lições de Nélson Nery
Júnior, in verbis:

“3. Inconstitucionalidade. O CPC 332, tal qual ocorria com o CPC/1973 285-A, é
inconstitucional por ferir as garantias da isonomia (CF art. 5º caput e I), da
legalidade (CF art. 5º, II), do devido processo legal (CF art. 5º caput e LIV), do
direito de defesa (CF art. 5º, XXXV) e do contraditório e da ampla defesa (CF art.
5º LV), bem como o princípio dispositivo, entre outros fundamentos, porque o
autor tem o direito de ver efetivada a citação do réu, que pode abrir mão de seu
direito e submeter-se à pretensão, independentemente do precedente jurídico
de tribunal superior ou de qualquer outro tribunal, ou mesmo do próprio juízo. “
(Nery Júnior, Nélson; de Andrade Nery, Rosa Maria. Comentários ao Código de
Processo Civil. São Paulo: RT, 2015, p. 908)

Não fosse isso o suficiente, há identicamente


inconstitucionalidade na regra espécie, todavia sob o prisma de que essa norma adota
como “súmula vinculante” decisões não emanadas do STF. É dizer, impede-se o
aprofundamento do mérito pelo simples fato de contrariar, por exemplo, súmula do STJ, TJ
´s ou até mesmo TRF´s.

É consabido que a edição de súmula vinculante é tarefa


constitucionalmente atribuída ao Supremo Tribunal Federal (CF, art. 103-A). Nesse passo,
é tarefa do STF editar súmulas, simples ou vinculantes, e essas devem orientar e vincular
suas teses a todo o Poder Judiciário Nacional, além de órgãos da administração direta e
indireta, na esfera federal, estadual e municipal.

Nesse diapasão, impende destacar o que aduz a doutrina:


“De início, cumpre esclarecer que o efeito vinculante previsto para todos os
provimentos elencados nos incs. I a IV do art. 332 do CPC/2015 – com exceção da
SV do STF – é inconstitucional porque essa atribuição (=de efeito vinculante) não
pode ser instituída mediante legislação ordinária. “ (Teresa Arruda Alvim
Wambier ... [et tal], coordenadores. Breves comentários ao Novo Código de
Processo Civil. São Paulo: RT, 2015, p. 859)

( iv ) A exordial traz pedido de fazer composição em audiência conciliatória

O Código preservou, ao máximo, a ideia da composição em


detrimento do litígio. Destacou, inclusive, uma seção inteira do Título I, do livro IV, do CPC,
para as tarefas dos mediadores e conciliadores (CPC, art. 165 e segs). E é também a
previsão estabelecida no art. 3º, §§ 2º e 3º, do CPC, bem assim aquela que determina
que o magistrado promova a qualquer tempo a conciliação (CPC, art. 139, inc. IV).

A interpretação do Código de Processo Civil deve ser


sistemática, vista como um todo, e não em função de uma única norma isolada. É absurdo
exaltar-se o art. 332 em detrimento de todas essas regras que procuram a conciliação das
partes. E muito menos há, aqui, uma interpretação teleológica (CPC, art. 8º).

Desse modo, maiormente à luz da disciplina contida no art. 3º,


§ 2º do CPC, de toda pertinência seja designada audiência conciliatória.

( a ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS

Conquanto na espécie seja uma relação de consumo, o Código


de Defesa do Consumidor permite seja revisto o contrato quando ocorrer fato
superveniente que o desequilibre, tornando-o excessivamente oneroso a um dos
participantes (art. 6º c/c art. 51, inc. IV, § 1º, inc. III, da Lei nº. 8.078/90), ou excluída a
cláusula que estabelece obrigações iníquas, abusivas ao consumidor, conduzindo-o a uma
situação de desvantagem perante o prestados de serviços.

Antes de tudo, convém ressaltar que, no tocante à


capitalização dos juros ora debatidos, não há qualquer ofensa às Súmulas 539 e 541 do
Superior Tribunal Justiça, as quais abaixo aludidas:

STJ, Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com periodicidade


inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00,
reeditada como MP 2.170-36/01), desde que expressamente pactuada.

STJ, Súmula 541 - A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual


superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da
taxa efetiva anual contratada.

É dizer, os fundamentos lançados são completamente diversos


dos que estão insertos nas súmulas em apreço.

É consabido que a cláusula de capitalização, por ser de


importância crucial ao desenvolvimento do contrato, ainda que ajuste eventualmente
existisse nesse pacto, deve ser redigida de maneira a demonstrar exatamente ao
contratante do que se trata e quais os reflexos gerarão ao plano do direito material.

O pacto, à luz do princípio consumerista da transparência,


que significa informação clara, correta e precisa sobre o contrato a ser firmado, mesmo na
fase pré-contratual, teria que necessariamente conter:

1) redação clara e de fácil compreensão(art. 46);


2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus
reflexos no plano do direito material;

3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas,


sobre as condições de pagamento, juros, encargos, garantia(art. 54,
parágrafo 3º, c/c art. 17, I, do Dec. 2.181/87);

4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão,


as cláusulas que implicarem limitação de direito(art. 54, parágrafo
4º)

Nesse mesmo compasso é o magistério de Cláudia Lima


Marques:

“ A grande maioria dos contratos hoje firmados no Brasil é redigida


unilateralmente pela economicamente mais forte, seja um contrato aqui
chamado de paritário ou um contrato de adesão. Segundo instituiu o CDC, em
seu art. 46, in fine, este fornecedor tem um dever especial quando da
elaboração desses contratos, podendo a vir ser punido se descumprir este
dever tentando tirar vantagem da vulnerabilidade do consumidor.

(...)

O importante na interpretação da norma é identificar como será


apreciada ‘a dificuldade de compreensão’ do instrumento contratual. É
notório que a terminologia jurídica apresenta dificuldades específicas para os
não profissionais do ramo; de outro lado, a utilização de termos atécnicos
pode trazer ambiguidades e incertezas ao contrato. “ (MARQUES, Cláudia
Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das
relações contratuais. 6ª Ed. São Paulo: RT, 2011. Pág. 821-822)

Por esse norte, a situação em liça traduz uma relação jurídica


que, sem dúvidas, é regulada pela legislação consumerista. Por isso, uma vez seja
constada a onerosidade excessiva e a hipossuficiência do consumidor, resta autorizada a
revisão das cláusulas contratuais, independentemente do contrato ser "pré" ou "pós" fixado.

Assim, o princípio da força obrigatória contratual (pacta sunt


servanda) deve ceder e se coadunar com a sistemática do Código de Defesa do
Consumidor.

Nesse ponto específico, ou seja, quanto à informação precisa


ao mutuário consumidor acerca da periodicidade dos juros, decidira o Superior
Tribunal de Justiça no seguinte sentido:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO.


CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA. TAXA NÃO INFORMADA. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO A
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. DESCABIMENTO.
1. Controvérsia acerca da capitalização diária em contrato bancário.
2. Comparação entre os efeitos da capitalização anual, mensal e diária de uma
dívida, havendo viabilidade matemática de se calcular taxas de juros equivalentes
para a capitalização em qualquer periodicidade (cf. RESP 973.827/rs).
3. Discutível a legalidade de cláusula de capitalização diária de juros, em que pese
a norma permissiva do art. 5º da Medida Provisória nº 2.170-36/2001.
Precedentes do STJ.
4. Necessidade, de todo modo, de fornecimento pela instituição financeira de
informações claras ao consumidor acerca da forma de capitalização dos juros
adotada.
5. Insuficiência da informação a respeito das taxas equivalentes sem a efetiva
ciência do devedor acerca da taxa efetiva aplicada decorrente da periodicidade
de capitalização pactuada.
6. Necessidade de se garantir ao consumidor a possibilidade de controle a priori
do contrato, mediante o cotejo das taxas previstas, não bastando a
possibilidade de controle a posteriori.
7. Violação do direito do consumidor à informação adequada.
8. Aplicação do disposto no art. 6º, inciso III, combinado com os artigos 46 e 52,
do código de defesa do consumidor(cdc).
9. Reconhecimento da abusividade da cláusula contratual no caso concreto em
que houve previsão de taxas efetivas anual e mensal, mas não da taxa diária.
10. Recurso Especial desprovido. (STJ; REsp 1.568.290; Proc. 2014/0093374-7; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; DJE 02/02/2016)

Ainda que inexistisse essa cláusula, certamente a perícia


contábil irá demonstrar que, na verdade, a capitalização dos juros ocorrera de forma diária.
Essa modalidade de prova, de logo se requer. Afinal, é uma prática corriqueira, comum a
toda e qualquer instituição financeira, não obstante a gritante ilegalidade.

Ademais, é cediço que essa espécie de periodicidade de


capitalização (diária) importa em onerosidade excessiva ao consumidor, causando, com
isso, um desequilíbrio contratual de sorte a contrariar normas do Código de Defesa do
Consumidor (art. 6º, inc. IV e V, e 51, inc. IV).

Nesse sentido:
APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA EMBARGADA.
Alegada impossibilidade de revisão das cláusulas contratuais livremente
pactuadas. Tese arredada. Contrato de adesão. Princípio pacta sunt servanda
mitigado. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor à relação jurídica
formada entre as partes. Arts. 2º e 3º do CDC. Súmula nº 297 do Superior
Tribunal de Justiça. Possibilidade de revisão das cláusulas contratuais, sem que
isso implique em violação ao ato jurídico perfeito e à boa-fé contratual.
Inteligência dos artigos 6º e 54 do CDC. Apelo não provido nesse aspecto.
Capitalização dos juros em periodicidade diária. Prática que é vedada, porque
importa em onerosidade excessiva ao consumidor. Sentença mantida nessa
parte. Comissão de permanência. Contrato que prevê, para o período de
inadimplência, o encargo sob a nomenclatura "taxa de remuneração - Operações
em atraso". Validade da exigência. Vedada a cumulação com juros
remuneratórios, moratórios, correção monetária e multa. Inteligência das
Súmulas nºs 472 e 30 do STJ. Reclamo desprovido. Prequestionamento. Rejeição.
Razões analisadas de forma fundamentada (CF, art. 93, IX). Ônus de sucumbência
que não sofre alteração. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC; AC
2015.090947-4; Blumenau; Quinta Câmara de Direito Comercial; Relª Desª Soraya
Nunes Lins; Julg. 10/03/2016; DJSC 15/03/2016; Pág. 265)

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL.


1. Preliminares contrarrecursais. 1.1. Tendo o apelante autor exposto, com
dialeticidade suficiente, as razões pela qual entende ser necessária a reforma da
sentença, incabível falar em não conhecimento do recurso, diante do
atendimento ao disposto no artigo 514, II do CPC. 1.2. O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável aos negócios jurídicos firmados entre as instituições
financeiras e os usuários de seus produtos e serviços (art. 3º, § 2º, CDC). Súmula
nº 297, STJ. 2. Comissão de permanência. - É válida a estipulação de cobrança de
comissão de permanência. Incidência das Súmulas nºs 294 e 296 do STJ. É, no
entanto, vedada a cumulação com demais encargos moratórios (juros e multa). -
No caso em tela, inexistindo pactuação expressa, resta afastada a possibilidade
de cobrança do encargo. 3. Capitalização. - Caso concreto em que prevista e
afastada a capitalização diária em razão da abusividade e onerosidade
excessiva que devem ser rechaçadas. Possibilitada a periodicidade mensal. 4.
Tarifa de abertura de crédito e tarifa de emissão de carnê. - Com a vigência da
resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, não mais tem respaldo legal a
contratação da tarifa de emissão de carnê (tec) e da tarifa de abertura de crédito
(tac), salvo nos contratos celebrados até esta data e se estiver devidamente
contratada. Entendimento firmado pelo STJ, RESP nº 1251331. - In casu, os
documentos acostados não demonstram a previsão contratual expressa para
cobrança de tarifas de abertura de crédito e de emissão de carnê, portanto, caso
ocorra, é abusiva. 5. Outras tarifas bancárias. - Nos termos da resolução nº
3919/2010, do BACEN, existindo pactuação expressa em relação às tarifas, não há
ilegalidade em sua cobrança. Ademais, consoante posicionamento firmado pelo
STJ, somente com a demonstração cabal de vantagem exagerada por parte do
agente financeiro é que podem ser consideradas ilegais e abusivas. - Na espécie,
os documentos acostados comprovam a existência da previsão de cobrança de
tarifas bancárias. Portanto, não há ilegalidade na sua cobrança. 6.
Descaracterização da mora. - Constatada abusividade contratual nos encargos da
normalidade, resta descaracterizada a mora. 7. Repetição do indébito. - Na forma
simples ou pela correspondente compensação é admitida, ainda que ausente
prova de erro no pagamento. 8. Negativação. - Observada a orientação
jurisprudencial do STJ, constatadas irregularidades na contratação, cabível a
proibição ao réu de inscrever o nome do contratante nos órgãos de proteção do
crédito. 9. Dos depósitos judiciais e suspensão de descontos. - É direito da parte
realizar depósito judicial do valor que entende como devido, enquanto pendente
discussão judicial, restando suspensos os descontos em sua conta-corrente. 10.
Sucumbência. - Redimensionados os ônus sucumbenciais em face do resultado
do julgamento. Preliminares cont parcialmente provido. (TJRS; AC 0436387-
17.2015.8.21.7000; Estância Velha; Vigésima Terceira Câmara Cível; Relª Desª
Ana Paula Dalbosco; Julg. 08/03/2016; DJERS 11/03/2016)

APELAÇÃO CÍVEL. DECLARATÓRIA. PURGAÇÃO DA MORA POSSIBILIDADE. ART.


34 DO DECRETO-LEI N. 70/66/ART. 26 DA LEI N. 9.514/97. CAPITALIZAÇÃO
DIÁRIA DE JUROS. ABUSIVIDADE. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL. LEI
Nº 9.514/97. REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. FUNÇÃO SOCIAL DO
CONTRATO. ART. 6º, V E ART. 51, IV/CDC. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO.
O artigo 34 do Decreto-Lei nº 70/66 aplicado subsidiariamente à Lei nº 9514/97,
possibilita ao devedor purgar a mora após a consolidação do bem nas mãos do
credor, ressalvado que a purgação se dê antes da realização do leilão. Não
havendo a alienação dos bens imóveis, faculta-se ao devedor a possibilidade de
proceder purgação da mora (art. 34 do Decreto-Lei n. 70/66; art. 39 da Lei nº
9.514/97). Ainda que seja cabível a capitalização dos juros em periodicidade
mensal, a previsão de capitalização diária acarreta onerosidade excessiva e
causa desequilíbrio na relação jurídica. O procedimento de alienação fiduciária
de bem imóvel é perfeitamente legal (lei nº 9.514/97). O principio da força
obrigatória dos contratos não impede a revisão daquelas cláusulas consideradas
abusivas, nos termos do art. 6º, V e art. 51, IV, cdc. (TJMT; APL 96338/2015;
Cáceres; Rel. Des. Sebastião Barbosa Farias; Julg. 26/01/2016; DJMT 01/02/2016;
Pág. 27)

Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a


ilegalidade da cláusula que prevê a capitalização diária dos juros, esses não poderão ser
cobrados em qualquer outra periodicidade (mensal, bimestral, semestral, anual). É que,
lógico, inexiste previsão contratual nesse sentido; do contrário, haveria nítida
interpretação extensiva ao acerto entabulado contratualmente.

Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém ressaltar


os ditames estabelecidos na Legislação Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem,


apenas se declaram ou reconhecem direitos.

Nesse passo, é altamente ilustrativo transcrever o seguinte


aresto:

Agravo de instrumento Ação de execução por título judicial Incidente de


execução Decisão proclamando o valor atualizado do débito Irresignação
parcialmente procedente Antecedente título executivo extrajudicial substituído
por transação Incabível, assim, o cômputo da multa moratória prevista no
primitivo título Aplicação do art. 843 do CC, a dispor que a transação não
comporta interpretação extensiva Juros previstos no instrumento da transação,
de 1,5% a.m., incidindo até o efetivo cumprimento da obrigação Evidente a má-fé
processual na conduta da credora, por ter computado os juros de modo
mensalmente capitalizado, em total infração ao ordenamento jurídico da época e
sem que o instrumento da transação isso autorizasse Quadro ensejando a
aplicação da multa do art. 18 do CPC, de 1% sobre o valor atualizado da
execução. Agravo a que se dá parcial provimento. (TJSP; AI 2187868-
05.2014.8.26.0000; Ac. 8269858; São Paulo; Décima Nona Câmara de Direito
Privado; Rel. Des. Ricardo Pessoa de Mello Belli; Julg. 23/02/2015; DJESP
13/03/2015)

Não é pelo simples motivo da não existência de cláusula de


capitalização diária que essa não possa ter sido cobrada. Fosse assim, qualquer banco
colocaria que, por exemplo, não houve sequer capitalização de juros. “Ponto, assunto
encerrado.” Não é isso, lógico.

A inexistência da cláusula nesse propósito (capitalização diária)


chega a espantar qualquer gerente de banco. Todos são unânimes que a cobrança de
juros capitalizados é (e sempre será) diária. Afirmar-se que em uma dívida de atraso de,
suponhamos, 89(oitenta e nove) dias o banco irá cobrar 60 dias (duas mensalidades
capitalizadas) e deixará para trás a capitalização dos outros 29 dias (porque não completou
30 dias) chega a ser hilário para qualquer bancário. Afinal, a capitalização autorizada é,
quando ajustada, no mínimo a mensal.

Daí ser de imperiosa necessidade a realização de prova pericial


contábil para “desmascarar” o embuste em debate, o que logo a parte autora requer como
uma de suas provas.

Diante disso, conclui-se que declarada nula a cláusula que


estipula a capitalização diária, resta vedada a capitalização em qualquer outra
modalidade. Subsidiariamente (CPC, art. 289), seja definida a capitalização de juros anual
(CC, art. 591), ainda assim com a desconsideração da mora pelos motivos antes
mencionados.

( b ) DOS JUROS MORATÓRIOS CAPITALIZADOS

Há igualmente outra cláusula abusiva no enlace contratual em


estudo, entrementes no período de anormalidade contratual (inadimplência).
Vê-se da cláusula 29 do contrato de empréstimo a seguinte
redação, ad litteram:

“29. Atraso de pagamento e multa – Se houver atraso no pagamento ou


vencimento antecipado, o Mutuário pagará juros moratórios de 0,49%(zero
vírgula quarenta e nove por cento) ao dia, capitalizados mensalmente. “
(sublinhamos)

Inexiste qualquer previsão legal quanto à possibilidade da


cobrança de juros moratórios capitalizados. Ao revés disso, há limite expressamente
estabelecido no montante de 1% a.m. (CC, art. 406 e CTN, art. 161, § 1º)

Bem a propósito a seguinte súmula do Superior Tribunal de


Justiça:

STJ, Súmula 379: Nos contratos bancários não regidos por legislação específica,
os juros moratórios poderão ser fixados em até 1% ao mês.

Com efeito, a situação fere o quanto estabelecido no art. 170,


inc. V da Constituição Federal, além do art. 51, inc. IV, do Código de Defesa do
Consumidor.

Com esse enfoque:

APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL.


LEASING. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. GRAVAME,
SERVIÇOS DE TERCEIROS, RESSARCIMENTO DE PROMOTORA DE VENDAS E
REGISTRO DE CONTRATO. ABUSIVIDADE.
É vedada a cobrança de juros moratórios capitalizados mensalmente, por
ausência de amparo legal. Constitui abusividade a cobrança de tarifa de gravame,
de serviços de terceiros, ressarcimento de promotora de vendas e registro de
contrato, porquanto decorre de custos inerentes à própria atividade bancária,
devendo a instituição financeira arcar com esse custo, não havendo que repassá-
lo ao consumidor. (TJMG; APCV 1.0027.12.014808-8/001; Rel. Des. Marco Aurelio
Ferenzini; Julg. 03/03/2016; DJEMG 11/03/2016)

AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS CUMULADA COM REPETIÇÃO


DE INDÉBITO E ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
Contrato de financiamento firmado em 20.10.2010.preliminar. Sentença com
relação a serviços de terceiros. Nulidade parcial da sentença. Apelação cível 1.
Leandro cagliari da cruz. Pleito de exclusão da cobrança de juros capitalizados.
Não acolhido. Contratação clara e expressa. Taxa de juros anual superior ao
duodécuplo da taxa de juros mensal. Contrato celebrado após
31.03.2000.legalidade da cobrança. Limitação de juros moratórios a taxa mensal
de 1%. Possibilidade. Pactuação de juros moratórios capitalizados mensalmente
a taxa de 0,49% ao dia. Abusividade. Súmula nº 379 do Superior Tribunal de
justiça. Recurso conhecido e parcialmente provido. Apelação cível 2. Banco
itaucard s/a. Revisão contratual. Suporte legal no inc. V, art. 6º, do Código de
Defesa do Consumidor. Tarifas de registro de contrato e de inclusão de gravame
eletrõnico pactuadas de forma clara. Legalidade. Cobrança não vedada pelo
ordenamento jurídico pátrio. Condição de eficácia do contrato. Valor não
abusivo. Tarifa de cadastro. Cobrança autorizada. Nº recurso repetitivo
1.251.331/rs STJ e 1.255.573/rs. STJ. Repetição do indébito. Desnecessária a
prova de erro. Sucumbência mínima da parte requerida (art. 21, parágrafo único
do cpc). Condenação da parte autora a arcar com a integralidade do ônus
sucumbencial e honorários advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente.
Provido. (TJPR; ApCiv 1323511-3; Curitiba; Quarta Câmara Cível; Relª Desª Maria
Aparecida Blanco de Lima; Julg. 21/07/2015; DJPR 26/08/2015; Pág. 344)

JUROS. CAPITALIZAÇÃO. ENTIDADE PERTENCENTE AO SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL. POSSIBILIDADE. ENCARGOS MORATÓRIOS CONTRATUAIS. JUROS
MORATÓRIOS CAPITALIZADOS. ILICITUDE. RAZÃO DE 0,49% AO DIA.
ABUSIVIDADE.
É lícita a capitalização de juros em contratos firmados por entes que integrem o
Sistema Financeiro Nacional, desde que tenha expressa pactuação neste sentido,
e que seja posterior a 31 de março de 2000. Os juros moratórios não são
passíveis de capitalização e a sua incidência na razão de 0,49% ao dia é abusiva.
(TJMG; APCV 1.0428.11.000911-8/001; Rel. Des. Cabral da Silva; Julg.
04/08/2015; DJEMG 14/08/2015)

( c ) COBRANÇA DE DESPESAS EXTRAJUDICIAIS

Com a exordial vê-se que a Autora traz em sua planilha


cobrança referente a “despesas extrajudiciais de cobrança”. Também se encontra expressa
na cláusula 29. Essa impõe ao mutuário, ora Autor, a obrigação de ressarcir as despesas
de cobrança judicial e ou extrajudicial. Ademais, não há reciprocidade em cláusula em
favor do consumidor-mutuário no mesmo sentido.

Inegavelmente essa situação traz uma desvantagem gritante


ao consumidor, consoante se depreende do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais


relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a equidade;
(...)
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação,
sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

Lapidar nesse sentido o entendimento expendido nos arestos


abaixo:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. SENTENÇA DE


PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DE AMBAS AS PARTES. RECURSO DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RÉ.
Despesas de cobrança e de honorários advocatícios extrajudiciais.
Impossibilidade de se aferir a existência de reciprocidade de obrigações entre
os contratantes. Nulidade da cláusula mantida. Insurgência não acolhida.
Caracterização da mora. Súmula nº 380 do STJ. Discussão a respeito dos encargos
contratuais que, por si só, não enseja a descaracterização da mora. Ademais,
depósito de valor incontroverso ou caução idônea que não foram comprovados.
Mora configurada. Recurso provido no tópico. Recurso do autor. Justiça gratuita
deferida em primeiro grau de jurisdição. Benefício que compreende todos os atos
do processo até decisão final do lítigio em todas as instâncias (art. 9º da Lei nº
1060/50). Prescindibilidade da reiteração da pretensão. Não conhecimento do
apelo nessa parte. Preliminar. Cerceamento de defesa. Julgamento antecipado da
lide. Não ocorrência. Provas documentais suficientes para o julgamento do feito.
Tese afastada. Capitalização de juros. Contrato firmado após a edição da MP n. º
1.963-17/2000, reeditada sob n. 2.170-36/01. Previsão da taxa de juros anual
superior ao duodécuplo da taxa mensal que é suficiente para permitir a
incidência do encargo. Observância do atual entendimento do Superior Tribunal
de Justiça (RESP 973.827). Recurso desprovido. Repetição do indébito. Almejada
devolução em dobro. Descabimento. Viabilidade na forma simples. Art. 42,
parágrafo único, da Lei n. 8.078/90. Recurso desprovido no tema. Cláusula
contratual que prevê o vencimento antecipado da dívida em caso de
inadimplemento. Abusividade inexistente. Pactuação expressa no contrato.
Aplicação do disposto no art. 1.425, inciso III, do Código Civil. Insurgência não
acolhida. Insurgência comum às partes. Juros remuneratórios. Autor que pugna
pela limitação em 12% ao ano e réu que pleiteia a manutenção da taxa negociada
entre as partes. Inacolhimento. Percentual pactuado que se mostra abusivo se
comparado com os índices médios divulgados pelo Banco Central. Manutenção
da sentença. Enunciados I e IV do grupo de câmaras de direito comercial desta
corte. Ônus sucumbenciais que não sofrem alteração. Recurso do réu conhecido
e parcialmente provido e recurso do autor conhecido em parte e desprovido.
(TJSC; AC 2015.086477-8; Brusque; Quinta Câmara de Direito Comercial; Relª
Desª Soraya Nunes Lins; Julg. 28/01/2016; DJSC 10/02/2016; Pág. 292)

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. REVISÃO DE CONTRATO. DA


APLICAÇÃO DO CDC E DOS CONTRATOS DE ADESÃO.
Relação consumerista configurada. Presença de consumidor e fornecedor; arts.
2º e 3º da Lei nº 8009/90. Súmula nº 297, STJ. Lei protetiva aplicável ao caso
concreto. Juros remuneratórios. Limitação dos juros ao percentual da taxa média
do mercado, quando forem abusivos, tal como publicado pelo BACEN em seu
site. Posição do STJ consubstanciada no acórdão paradigma - RESP 1.061.530/RS.
Capitalização de juros. A incidência da capitalização de juros é permitida, mas
desde que conste sua pactuação de forma expressa no instrumento contratual,
nos termos do RESP nº 973.827-RS, de relatoria da Min. Maria isabel Gallotti.
Como este é o caso dos autos, a capitalização é mantida. Comissão de
permanência. Estando contratualmente prevista, a comissão de permanência
deve ser aplicada para o período de inadimplência, de forma não cumulada com
juros moratórios, multa ou correção monetária, em conformidade com as
Súmulas nºs 30, 294, 296 e 472 do STJ. Tarifa de cadastro - A tarifa de cadastro
somente poderá incidir no início do relacionamento entre o consumidor e a
instituição financeira, desde que contratado expressamente, ressalvado a análise
da abusividade no caso concreto, se comparada com a média mensal divulgada
pelo BACEN. Abusividade caracterizada no caso concreto. Tec. Não havendo
prova de que se estipulou a incidência da referida tarifa no contrato em questão,
resta prejudicado o pedido. Dos honorários extrajudiciais. Nulidade da cláusula
de imposição de honorários e cobrança de despesas extrajudiciais em benefício
do fornecedor; abusividade. Da mora e da tutela antecipada. Ausente a
abusividade nos encargos previstos para a normalidade contratual, a tutela
antecipada deve ser indeferida. Apelos parcialmente providos. (TJRS; AC
0036589-25.2016.8.21.7000; Sapiranga; Décima Quarta Câmara Cível; Rel. Des.
Roberto Sbravati; Julg. 03/03/2016; DJERS 10/03/2016)

APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE CONTRATO. FINANCIAMENTO BANCÁRIO.


CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.
CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO DA AUTORA. CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS. POSSIBILIDADE. ENCARGOS MORATÓRIOS. JUROS DE MORA. MULTA
CONTRATUAL E JUROS REMUNERATÓRIOS. POSSIBILIDADE. DESPESAS DE
COBRANÇA. IMPUTAÇÃO APENAS AO CONSUMIDOR. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não se conheceda parte do recurso, na qual não tenha interesse recursal
manifesto (CPC, artigo 499). 2. Admite-se, no contrato de cédula de crédito
bancário, a capitalização mensal de juros (art. 28, § 1º, I, da Lei nº. 10.931/2004).
3.A norma do § 3º do art. 192 da Carta Magna que exigia a normatização da
matéria referente ao Sistema Financeiro Nacional por meio de legislação
complementar, foi revogada pela Emenda Constitucional nº 40/2003. 4. O STF ao
julgar a ADIN 2.316-1, autorizou a capitalização de juros em empréstimos
bancários com periodicidade inferior a um ano, entendendo que a Medida
Provisória n. 2.170-36, que autorizou o cálculo de juros compostos, é
constitucional. 5.É lícita a cumulação de juros remuneratórios, juros de mora de
1% AM e multa contratual de 2%. 6. É nula a cláusula que prevê a
responsabilidade apenas do consumidor em relação às despesas com
honorários advocatícios e cobrança por inadimplemento (CDC, XII, art. 51). 7.
Recurso da autora parcialmente conhecido e, na parte conhecida, desprovido.
Recurso do réu conhecido e desprovido. (TJDF; Rec 2013.04.1.008248-3; Ac.
882.889; Quinta Turma Cível; Rel. Des. Carlos Rodrigues; DJDFTE 04/08/2015;
Pág. 292)

APELAÇÃO CÍVEL.
Demanda revisional de contrato de financiamento para aquisição de automotor.
Sentença de parcial procedência da pretensão deduzida na exordial. Irresignação
da financeira. Código de Defesa do Consumidor. Incidência. Exegese da Súmula nº
297 do Superior Tribunal de Justiça. Princípios do pacta sunt servanda, ato
jurídico perfeito e autonomia da vontade que cedem espaço, por serem
genéricos, à norma específica do art. 6º, inciso V, da Lei nº 8.078/90.
Possibilidade de revisão do contrato, nos limites do pedido do devedor.
Inteligência dos arts. 2º, 128, 460 e 515, todos do código de processo civil.
Aplicação da Súmula nº 381 do Superior Tribunal de Justiça e da orientação 5 do
julgamento das questões idênticas que caracterizam a multiplicidade oriunda do
RESP n. 1.061.530/RS, relatado pela ministra nancy andrighi, julgado em
22/10/08. Cláusula resolutória expressa. Previsão no contrato sem, contudo, dar
opção ao consumidor entre a resolução do pacto ou sua manutenção. Dever de
alternatividade não respeitado. Afronta ao art. 54, § 2º, da Lei nº 8.078/90.
Cláusula resolutiva abusiva. Sentença mantida neste viés. Honorários
extrajudiciais e despesas em razão de eventual cobrança. Banco que almeja o
reconhecimento da legalidade das exigências. Inviabilidade. Imposição ao
consumidor do montante pago pela casa bancária a título de honorários
advocatícios extrajudiciais e despesas de cobrança. Ofensa ao art. 51, inciso XII,
do pergaminho consumerista. Nulidade estampada. Decisão inalterada nesta
seara. Repetição do indébito. Prescindibilidade de produção da prova do vício.
Inteligência do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor. Aplicação do verbete
n. 322, do Superior Tribunal de Justiça. Permissibilidade na forma simples.
Compensação dos créditos. Partes reciprocamente credoras e devedoras.
Incidência do art. 368 do Código Civil. Quantum pago a maior. Correção
monetária conforme o INPC/IBGE desde o efetivo pagamento. Provimento n.
13/95 da corregedoria-geral da justiça deste areópago estadual. Juros moratórios
limitados em 1% a. M. Exigíveis desde a citação. Incidência dos arts. 406 do
Código Civil, 161, § 1º, do Código Tributário Nacional e 219 do código buzaid.
Recurso improvido. (TJSC; AC 2015.048449-1; Criciúma; Quarta Câmara de Direito
Comercial; Rel. Des. José Carlos Carstens Kohler; Julg. 25/08/2015; DJSC
31/08/2015; Pág. 480)

Por esse norte, é totalmente descabida a cobrança desse


encargo contratual, devendo, por isso, ser afastada.

( d ) EXCLUSÃO DA “CLÁUSULA MANDATO”

Em outra cláusula (cláusula 31) existe mais uma ilegalidade. Há


disposição, na forma de mandato, conferindo poderes à Ré para sacar Letra de Câmbio de
qualquer quantia em atraso.

Obviamente que essa situação é manifestamente abusiva e,


por isso, deve ser extirpada.
Com efeito, tocante à emissão da Letra de Câmbio, tal proceder
ofende o quanto registrado na Súmula 60 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

STJ, Súmula 60: É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário
vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.

( e ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO

Não fosse bastante isso, concluímos que a Ré cobrara do Autor,


ao longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias bem acima da média do
mercado.

Tais argumentos podem ser facilmente constatados com uma


simples análise junto ao site do Banco Central do Brasil. Há de existir, nesse tocante, uma
redução à taxa de XX % a.m., posto que foi a média aplicada no mercado no período da
contratação. Não sendo esse o entendimento, aguarda-se sejam apurados tais valores em
sede de prova pericial, o que de logo requer.

Nesse passo:

AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA EM


RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. SERVIDOR PÚBLICO.
CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIOS DA TRANSPARÊNCIA E INFORMAÇÃO.
VIOLAÇÃO. DESCONTO DO MÍNIMO DA FATURA. REFINANCIAMENTO
MENSAL DO DÉBITO. ABUSIVIDADE. CONVERSÃO PARA MODALIDADE
EMPRÉSTIMO PESSOAL. POSSIBILIDADE. JUROS REMUNERATÓRIOS.
PERCENTUAL. SEM PREVISÃO. INCIDÊNCIA DA TAXA MÉDIA DE
MERCADO. CAPITALIZAÇÃO MENSAL. NÃO PACTUADA. COBRANÇA
VEDADA. APLICABILIDADE DO 557, CPC. INEXISTÊNCIA FATOS NOVOS.
I- O artigo 557 do CPC permite ao relator julgar monocraticamente o
recurso, o que colabora para a desobstrução das pautas dos tribunais e
propicia aos litigantes uma prestação jurisdicional mais célere, sem mitigar
o direito ao duplo grau de jurisdição ou ofender o devido processo legal. Ii-
os contratos firmados entre consumidores e fornecedores devem observar
os princípios da informação e da transparência, nos termos dos artigos 4º
e 6º do CDC. Verificada, na hipótese, a omissão das principais
características da operação, em afronta aos princípios em destaque,
devem as cláusulas contratuais serem interpretadas de maneira mais
favorável ao consumidor (art. 47, CDC). Iii- ao consumidor, no momento da
contratação, não foi dada ciência da real natureza do negócio, modalidade
contratual que combina duas operações distintas, o empréstimo
consignado e o cartão de crédito. Iv- para o contratante o pacto é um
empréstimo nos moldes tradicionais, contudo, o desconto mensal
somente no valor mínimo da fatura, leva ao refinanciamento do restante
da dívida, além de não ser amortizado o débito principal, apresentando
um crescimento vertiginoso, gerando uma dívida vitalícia, caracterizando a
abusividade. V- deve ser restabelecido o pacto na modalidade crédito
pessoal consignado (servidor público), no intuito de restabelecer o
equilíbrio entre as partes contratantes. Vi- é admitida a revisão dos juros
remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a
relação de consumo e que a abusividade fique cabalmente demonstrada.
Ante a inexistência de previsão de taxa mensal e anual, os juros
remuneratórios devem ser fixados segundo a taxa média de mercado
apurada pelo BACEN para o período. Vii- a capitalização em periodicidade
inferior à anual, é permitida nos contratos celebrados após a publicação da
medida provisória nº 1.963-17/2000, em vigor como MP nº 2.170-36/01,
desde que expressamente pactuada. Não havendo, in casu, previsão de
capitalização mensal, referido encargo deve ser afastado. Viii- impõe-se o
desprovimento do agravo regimental que não traz em suas razões
qualquer novo argumento que justifique a modificação da decisão
agravada. Agravo regimental conhecido, porém improvido. (TJGO; AC
0342508-15.2014.8.09.0051; Goiânia; Primeira Câmara Cível; Relª Desª
Maria das Graças Carneiro Requi; DJGO 25/02/2016; Pág. 88)

( f ) - DA AUSÊNCIA DE MORA

Não há que se falar em mora do Promovente.

A mora reflete uma inexecução de obrigação diferenciada,


maiormente quando representa o injusto retardamento ou o descumprimento culposo da
obrigação. Assim, na espécie incide a regra estabelecida no artigo 394 do Código Civil,
com a complementação disposta no artigo 396 desse mesmo Diploma Legal.

CÓDIGO CIVIL
Art. Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o
credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer.

Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este
em mora.

Do mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:


CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
Bancário. Revisional. Contrato de financiamento. Alienação fiduciária. Alegada
afronta aos arts. 2º, § 2º, do Decreto-Lei nº 911/69; 3º, § 2º; 6º, IV e V; 20, II; 39,
IV e V; 41; 42; 51, IV, parágrafos 1º e 2º; 52, § 1º, da Lei n. 8078/90; arts. 122; art.
397, caput e parágrafo único; 876; 406 e 489, do Código Civil; art. 21 e 273 do
código de processo civil. Ausência de prequestionamento da matéria pelo
tribunal de origem. Incidência da Súmula nº 211 desta corte. Capitalização de
juros. Possibilidade desde que expressamente pactuada. Comissão de
permanência. Taxas/tarifas/iof. Deficiência da fundamentação. Ausência de
indicação do dispositivo legal. Súmula nº 284 do STF, por analogia.
Descaracterização da mora. Manutenção. Recurso Especial parcialmente provido.
(STJ; REsp 1.463.565; Proc. 2014/0154945-2; RS; Terceira Turma; Rel. Min. Moura
Ribeiro; DJE 01/03/2016)

Nesse sentido é a doutrina de Washington de Barros


Monteiro:

“ A mora do primeiro apresenta, assim, um lado objetivo e um lado


subjetivo. O lado objetivo decorre da não realização do pagamento no tempo,
lugar e forma convencionados; o lado subjetivo descansa na culpa do devedor.
Este é o elemento essencial ou conceitual da mora solvendi. Inexistindo fato
ou omissão imputável ao devedor, não incide este em mora. Assim se
expressa o art. 396 do Código Civil de 2002. “ (MONTEIRO, Washington de
Barros. Curso de Direito Civil. 35ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, vol. 4. Pág.
368)
Como bem advertem Cristiano Chaves de Farias e Nélson
Rosenvald:

“ Reconhecido o abuso do direito na cobrança do crédito, resta


completamente descaracterizada a mora solvendi. Muito pelo contrário, a
mora será do credor, pois a cobrança de valores indevidos gera no devedor
razoável perplexidade, pois não sabe se postula a purga da mora ou se
contesta a ação. “ (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito
das Obrigações. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. Pág. 471)

Em face dessas considerações, conclui-se que a mora cristaliza


o retardamento por um fato, quando imputável ao devedor. É dizer, quando o credor
exige o pagamento do débito, agregado com encargos excessivos, retira-se do devedor a
possibilidade de arcar com a obrigação assumida. Por conseguinte, não pode lhes ser
imputados os efeitos da mora.

Uma vez constatada a cobrança de encargos abusivos durante


o “período da normalidade” contratual, restará afastada eventual condição de mora do
Autor.

Por todo o exposto, de rigor o afastamento dos encargos


moratórios, ou seja, comissão de permanência, multa contratual e juros moratórios.

( g ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS

Entende o Autor, inclusive fartamente alicerçado nos


fundamentos antes citados, que o mesmo não se encontra em mora.
Caso este juízo entenda pela impertinência desses
argumentos, o que se diz apenas por argumentar, devemos também destacar que é
abusiva a cobrança da comissão de permanência cumulada com outros encargos
moratórios/remuneratórios, ainda que expressamente pactuada. É pacífico o entendimento
do Colendo Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que em caso de previsão contratual
para a cobrança de comissão de permanência, cumulada com correção monetária, juros
remuneratórios, juros de mora e multa contratual, impõe-se a exclusão da incidência
desses últimos encargos. Em verdade, a comissão de permanência já possui a dupla finalidade
de corrigir monetariamente o valor do débito e de remunerar o banco pelo período de mora
contratual.

Perceba que no pacto há estipulação contratual pela cobrança


de comissão de permanência com outros encargos moratórios. Desse modo, os mesmos
devem ser afastados pela via judicial.

Com esse enfoque:

AGRAVO REGIMENTAL EM SEDE DE APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E


CONSUMIDOR. EXIGÊNCIA DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA CUMULADA COM
CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE. COBRANÇA
DA TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO TAC. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL
VIGENTE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. Cingese a demanda em saber se é legal a tacha de abertura de crédito, a
exigência da comissão de permanência cumulada com a correção monetária e os
juros moratórios. 2. O Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacífica,
aduzindo que a cobrança da comissão de permanência somente é legal quando
não for cumulada com correção monetária, juros remuneratórios, multa
contratual e juros moratórios (Súmulas nºs 30, 294 e 472 do STJ). Precedentes do
STJ: AGRG no AREsp n. 264.054/RS, Relatora Ministra Maria ISABEL Gallotti,
QUARTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 6/2/2015 e AGRG no RESP
1291792/RS, Rel. Ministro ANTONIO Carlos Ferreira, QUARTA TURMA, julgado em
16/04/2015, DJe 23/04/2015. In casu, a cobrança é cumulada, portanto, ilegal.
3.Quanto a cobrança da taxa de abertura de crédito, restou sedimentado na
Corte Cidadã que os contratos celebrados após 30.04.2008, fim da vigência da
Resolução 2.303/1996 do CMN, não têm respaldo legal para efetuar tal exigência.
Compulsando os fólios, verificase que o contrato fustigado foi assinado no dia 16
de maio de 2011, fl. 31, logo incabível é a sua imputação ao consumidor. 4.
Agravo regimental conhecido, porém improvido. (TJCE; AG 0019630-
81.2013.8.06.0151/50000; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Carlos Alberto Mendes
Forte; DJCE 22/02/2016; Pág. 28)

( h ) HOUVE VÍCIO RESULTANTE DE ERRO

O Autor, de outra sorte, quando da efetivação do contrato fora


levado a erro.

O pacto é, pois, vicioso, defeituoso e imprestável para todas


finalidades almejadas. O Promovente foi induzido em erro quando da apresentação de
cálculos mirabolantes, aos quais não estava afeto, ficando, erroneamente, adstrito à
obrigação que não lhe pertencia.

A hipótese clarividente foi de erro essencial, uma vez que o


Promovente tão somente fizera o negócio bancário acreditando, equivocadamente, que os
juros não eram eivados de ilicitude, máxime com capitalização diária e seus efeitos
nefastos.

Nesse compasso, o Requerente fora levado a realizar negócio


jurídico de mútuo, no desconhecimento do verdadeiro valor da coisa, operando em ERRO.
O negócio, ademais, foi feito na base no abuso da confiança,
numa ótica vesga que estariam fazendo um financiamento com taxas corretas e dentro da
legalidade.

Podemos destacar, assim, o que reza a Legislação Substantiva


Civil:

CÓDIGO CIVIL
Art. 138 – São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

Acerca do tema de anulabilidade, sob o prisma do erro,


destacamos as lições do jurista CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, quando o mesmo
professa que:

“Substancial é o erro que diz respeito à natureza do ato, ao objeto principal da


declaração, ou a algumas qualidades a ele essenciais (art. 139, I). É o que se
dizia nas fontes em expressões até hoje consagradas: error in negotio, quando
é afetada a própria natureza do ato, por exemplo, se alguém faz doação
supondo estar vendendo; error in corpore, quando versa sobre a identidade
do objeto, por exemplo, se alguém adquire um quadro de um troca-tintas
vulgar, supondo tratar-se de tela de um pintor famoso; error in substantia,
quando diz respeito às qualidades essenciais da coisa, como se dá no fato de
uma pessoa supor que está comprando uma estatueta de marfim e, na
verdade, adquire uma escutura em osso; (....) “ (PEREIRA, Caio Mário da Silva.
Instituições de Direito Civil. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, vol. 1. Pág.
444-445)
No mesmo sentido é o magistério de Carlos Roberto
Gonçalves:

“ Foi dito que substancial é o erro sobre circunstâncias e aspectos


relavantes do negócios. Não quis o legislador deixar, no entanto, que essas
circunstâncias e aspectos relevantes constituíssem conceitos vagos, a serem
definidos por livre interpretação do juiz, preferindo especificá-los. Enuncia,
com efeito, o art. 139 do Código Civil: (...) “(GONÇALVES, Carlos Roberto.
Direito Civil Brasileiro. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2007, vol. 1. Pág. 361-362)

Com efeito, não discrepando das lições doutrinárias antes


evidenciadas, leciona Flávio Tartuce que:

“Nos dois casos, a pessoa engana-se sozinha, parcial ou totalmente, sendo


anulável o negócio toda vez que o erro ou a ignorância for substancial ou
essencial, nos termos do art. 139 do CC, a saber:

(...)

A título de exemplo, imagine-se o caso de um locatário de imóvel comercial


que celebra novo contrato de locação, mais oneroso, pois pensa que perdeu o
prazo para a ação renovatória. Sendo leigo no assunto, o locatário assim o faz
para proteger o seu ponto empresarial. Pois bem, cabe a alegação de erro de
direito essencial ou substancial, a motivar a anulação desse novo contrato.
“(TARTUCE, Flávio. Direito Civil, 1: Lei de Introdução e parte geral. 8ª Ed. São
Paulo: Método, 2012. Pág. 362-363)
Desse modo, houve indubitável vício de consentimento,
nomeadamente no que diz respeito ao ERRO SUBSTANCIAL, o que torna anulável o ato
jurídico em ensejo.
É necessário não perder de vista a posição da jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE ATO NEGOCIAL


COM PEDIDO LIMINAR C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO.
RELAÇÃO CONSUMERISTA. CONSUMIDOR APOSENTADO E ANALFABETO
FUNCIONAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO. DESCONTOS
NOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA. INDEVIDOS. VÍCIO DE
CONSENTIMENTO. NEGLIGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DEFEITO NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ART. 14 DO CDC E
SÚMULA Nº 479 DO STJ. NULIDADE DO CONTRATO. DEVER DE INDENIZAR.
RESTITUIÇÃO SIMPLES. DANO MORAL. CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO EM
PARTE.
1. Cuidase de Apelação Cível interposta por Alvino Miguel da Fonseca adversando
sentença que julgou improcedente o pleito autoral nos autos da Ação
Declaratória de Inexistência de Ato Negocial com Pedido Liminar, Repetição do
Indébito e Danos Morais ajuizada em desfavor do Banco do Brasil S/A. 2. O Juízo
Monocrático julgou o pedido autoral improcedente, sob o fundamento de que o
recorrente, consoante declarações do próprio junto à Delegacia de Polícia Civil,
teria subscrito documentos aptos à contratação de empréstimos junto à
instituição financeira. Entretanto, extraise do Boletim de Ocorrências acostado
aos autos que o demandante, apesar de instado por terceiro denominado
Damião para assinar alguns papéis, não o fez, porém, entregou cópias de seus
documentos àquele, razão pela qual se conclui que referidas cópias foram usadas
fraudulentamente para a malsinada contratação. 3. Em resultado, o banco
promovido efetivamente realizou descontos na conta corrente do demandante,
vinculada ao INSS para o recebimento do seu benefício de aposentadoria,
conforme documentos que instruem o feito. Por outro lado, não há nos autos
qualquer evidência de que o autor tenha anuído com suposto contrato de
empréstimo junto ao Banco do Brasil, mediante assinatura, autorizandoo a
proceder aos descontos em folha. 4. É cediço que o vínculo estabelecido entre as
partes é regido pelas normas do Código de Defesa do Consumidor, por se tratar
de relação de consumo (artigos 2º e 3º), devendose assegurar a facilitação da
defesa dos direitos do consumidor, mediante a inversão do ônus da prova (art.
6º, VIII). 5. Nessa toada, o promovido não se desincumbiu do ônus de provar que
celebrou contrato de empréstimo com a ciência e anuência do apelante. Houve
falha na prestação do serviço por parte do banco, que não teve uma postura mais
cautelosa no momento da contratação, deixando de atentar para a possibilidade
de fraude ou de falsificação de assinatura, o que caracteriza negligência,
ensejando o dever de indenizar. A responsabilidade pelo fato danoso deve ser
imputada ao recorrido com base no art. 14 do CDC e na Súmula nº 479 do STJ. 6.
Anulado o contrato, deve ser restituído ao recorrente o valor indevidamente
descontado de seu benefício de aposentadoria, mas de forma simples, vez que
não houve comprovação da máfé da instituição financeira. 7. A privação do uso
de determinada importância, subtraída da aposentadoria do INSS, recebida
mensalmente para o sustento do autor, gera ofensa à sua honra e viola seus
direitos da personalidade, na medida em que a indisponibilidade do numerário
reduz ainda mais suas condições de sobrevivência, não se classificando como
mero aborrecimento. 8. Seguindo os precedentes desta Corte e demais Tribunais
em casos análogos, fixo o valor da indenização em R$5.000,00 (cinco mil reais),
atendendo aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, acrescido de
juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a partir da citação e correção
monetária a partir do arbitramento. 9. Recurso provido em parte. Sentença
parcialmente reformada. (TJCE; APL 000370137.2013.8.06.0109; Quinta Câmara
Cível; Relª Desª Maria de Fátima de Melo Loureiro; DJCE 17/11/2015; Pág. 29)
( i ) – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO QUE FORA COBRADO A MAIOR

Tendo em vista a incidência do Código de Defesa do


Consumidor no contrato em espécie, necessário, caso haja comprovação de cobrança
abusiva, que seja restituído ao Autor em dobro aquilo que lhe fora cobrado em excesso.
(CDC, art. 42, parágrafo único)

Nesse sentido:

CIVIL, PROCESSO CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO ORDINÁRIA. CELG.


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. RELAÇÃO DE CONSUMO. NÃO
INCIDÊNCIA DAS NORMAS DA ANEEL. COBRANÇA EXCESSIVA. DEVOLUÇÃO EM
DOBRO. ARTIGO 42, PARÁGRAFO ÚNICO, CDC. INOVAÇÃO EM SEDE RECURSAL.
IMPOSSIBILIDADE. DOAÇÃO À LBV. CONCORDÂNCIA. RESTITUIÇÃO INDEVIDA.
1. É de consumo a relação entre a celg e o usuário dos serviços, incidindo na
espécie o Código de Defesa do Consumidor, fato que não implica a incidência das
resoluções normativas da ANEEL para colocar o consumidor em extrema
desvantagem em face da cobrança excessiva praticada pela empresa
concessionária. 2. Demonstrada a negligência da empresa concessionária, ao
empreender a cobrança indevida de fornecimento de energia, impõe-se a sua
condenação à restituição em dobro do valor do indébito, nos termos do art. 42,
parágrafo único, do CDC. 3. É defeso ao recorrente alterar os limites da lide na
fase recursal, sob pena de praticar supressão de instância e violar o princípio do
duplo grau de jurisdição, nos termos do art. 515, § 1º, do CPC, ressaltando- se
que, no caso, a omissão da alegação da questão pelo autor, na primeira instância,
não se deu por motivo de força maior, conforme estabelece o art. 517 do CPC. 4.
Evidenciado nos autos que o autor concordou com a doação para a lbv no
período noticiado e já cancelada tal contribuição, não há falar em irregularidade
da aludida cobrança, não gerando, assim, restituição. 5. Recursos não providos.
(TJDF; Rec 2014.01.1.033088-0; Ac. 893.270; Quarta Turma Cível; Rel. Des. Cruz
Macedo; DJDFTE 28/09/2015; Pág. 156)

(J) – PLEITO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


CPC, art. 300

Ficou constatado claramente, em tópico próprio, que a


Embargada cobrou juros capitalizados indevidamente, encargo esse, pois, arrecadado
do Embargante durante o período de normalidade contratual. E isso, segundo que fora
debatido também no referido tópico, ajoujado às orientações advindas do c. Superior
Tribunal de Justiça, afasta a mora do devedor.

De outro norte, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de


urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo”:

Art. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré,


fartamente comprovada por documentos imersos nesta querela.

Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os


elementos indicativos de ilegalidades contido na prova ora imersa e até mesmo da análise
das cláusulas contratuais antes mencionadas, traz à tona circunstâncias de que o direito
muito provavelmente existe.
Acerca do tema do tema em espécie, é do magistério de José
Miguel Garcia Medina as seguintes linhas:

“. . . sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como requisito,
no sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o direito afirmado é
provável (e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito muito
provavelmente existe, quanto menor for o grau de periculum. “ (MEDINA, José
Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado ... – São Paulo: RT, 2015,
p. 472)
(itálicos do texto original)

Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior,


delimitando comparações acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, esse
professa, in verbis:

“4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris: Também
é preciso que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela
afirmado (fumus boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia
do processo de conhecimento ou do processo de execução...” (NERY JÚNIOR,
Nélson. Comentários ao código de processo civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 857-
858)
(destaques do autor)

Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a


concessão da tutela de urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos
ensinamentos de Tereza Arruda Alvim Wambier:
"O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que envolvem dose significativa
de subjetividade – ficam, ao nosso ver, num segundo plano, dependendo do
periculum evidenciado. Mesmo em situações que o magistrado não vislumbre
uma maior probabilidade do direito invocado, dependendo do bem em jogo e da
urgência demonstrada (princípio da proporcionalidade), deverá ser deferida a
tutela de urgência, mesmo que satisfativa. “ (Wambier, Teresa Arruda Alvim ... [et
tal]. – São Paulo: RT, 2015, p. 499)

No tocante ao periculum na demora da providência judicial,


urge asseverar que há, na hipótese, descabido débito na folha de pagamento do Autor.
Inarredável que essa situação resvala em uma expressiva diminuição da capacidade
financeira de manter-se, bem assim dos membros de sua família. É dizer, inoportunamente
existem deduções de recursos de caráter alimentar.

Ademais, a medida em liça é completamente reversível,


máxime quando o Réu, se vencedor, poderá tornar a cobrar a dívida normalmente e, se for
o caso, até mesmo inserir o nome do Embargante junto aos órgãos de restrições.

Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da


parte contrária (CPC, art. 9º, parágrafo único, inc. I c/c art. 300, § 2º), independente
de caução (CPC, art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no sentido de:

1) Seja a Ré instada a não promover débito de quaisquer valores da conta


corrente nº. .x.x.x da Ag. nº. .x.x.x, pertinentes ao empréstimo em mira, sob pena
de pagamento incorrer de multa diária de R$ 100,00(cem reais);

2) Pleiteia seja reconhecida provisoriamente a cobrança abusiva de encargos no


período de normalidade contrato e, por isso, seja instado que a Ré se abstenha
de proceder informações a qualquer órgão de cadastro de inadimplentes,
inclusive, até que seja feito o recálculo da dívida, sob pena da multa diária de R$
100,00 (cem reais);

3) Autorizar que o Autor deposite em juízo a quantia mensal incontroversa de


R$ .x.x.x(.x.x.x .x.x.x.x .x.x.x), apurada pelo PROCON, consoante demonstrativo
anexo.

III – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

Em arremate, requer o Promovente que Vossa Excelência se


digne de julgar a querela nos seguintes moldes:

3.1. Requerimentos

( i ) O Autor opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art.


319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta
(CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para
essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º), devendo, antes, ser
analisado o pleito de tutela de urgência;

( ii ) seja deferida a inversão do ônus da prova, uma vez que há relação


de consumo entre as partes litigantes e, além disso, a concessão dos
benefícios da gratuidade da justiça.

3.2. Pedidos

( i ) pede-se, mais, que sejam JULGADOS PROCEDENTES OS


PEDIDOS FORMULADOS PELO AUTOR, declarando nulas as
cláusulas que estejam afrontando à legislação, e, via de
consequência, com o recálculo do empréstimo:
( a ) excluir a cobrança de juros capitalizados sob a
periodicidade diária;

( b ) reduzir os juros remuneratórios à taxa média do


mercado, apurado no período do pagamento das parcelas;

( c ) sejam afastados todo e qualquer encargo contratual


moratório, visto que o Autor não se encontra em mora, ou,
como pedido subsidiário (CPC, art. 326), a exclusão do
débito de juros moratórios, juros remuneratórios, correção
monetária e multa contratual, em face da ausência de
inadimplência, possibilitando, somente, a cobrança de
comissão de permanência, limitada à taxa contratual;

( d ) que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o


nome do Autor junto aos órgãos de restrições, bem como a
não promover informações à Central de Risco do BACEN;

( f ) pede, caso seja encontrado valores cobrados a maior


durante todo o encadeamento contratual, sejam os
mesmos devolvidos ao Promovente em dobro (repetição de
indébito), ou subsidiariamente, sejam compensados os
valores encontrados(devolução dobrada) com eventual
valor ainda existe como saldo devedor; ainda como pedido
subsidiário em relação aos anteriores, pede seja a Ré
condenada à devolução simples dos valores encontrados a
maior;

( g ) sejam anuladas as cláusulas que disciplinam a


cobrança de juros moratórios capitalizados, da cobrança de
despesas extrajudiciais e, ainda, da cláusula mandato;
( ii ) protesta provar o alegado por toda espécie de prova
admitida (CF, art. 5º, inciso LV), nomeadamente pela perícia
técnica contábil (com ônus invertido), exibição de
documentos, tudo de logo requerido

( iii ) seja a Ré condenada a pagar o todos os ônus


pertinentes à sucumbência, máxime honorários
advocatícios, esses de já pleiteados no patamar máximo de
20%(vinte por cento) sobre o proveito econômico obtido
pelo Autor ou, não sendo possível mensurá-los, sobre o
valor atualizado da causa (CPC, art. 85, § 2º).

Atribui-se à causa o valor do contrato (CPC, art. 292, inc. II),


resultando na quantia de R$ 00.0000,00 ( x.x.x. ).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de março do ano de 0000.

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