Classes de Palavras
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Sumário
.......................................................................................................................................................................................
MORFOLOGIA: CONCEITUAÇÃO.................................................................................................................... 4
RADICAL....................................................................................................................................................... 5
AFIXOS............................................................................................................................................................................................................
5
DESINÊNCIAS.................................................................................................................................................................................................
5
VOGAL TEMÁTICA..........................................................................................................................................................................................
6
DERIVAÇÃO....................................................................................................................................................................................................
8
TIPOS DE DERIVAÇÃO....................................................................................................................................................................................
8
COMPOSIÇÃO............................................................................................................................................... 13
TIPOS DE COMPOSIÇÃO................................................................................................................................................................................
13
NUMERAL..................................................................................................................................................... 14
PRONOMES.................................................................................................................................................. 15
PRONOMES PESSOAIS.................................................................................................................................. 16
PREPOSIÇÃO .................................................................................................................................................................................................
19
CONJUNÇÃO..................................................................................................................................................................................................
19
LISTA DE QUESTÕES..................................................................................................................................... 20
QUESTÕES COMENTADAS............................................................................................................................ 43
GABARITO.................................................................................................................................................... 77
LISTA DE QUESTÕES..................................................................................................................................... 91
GABARITO.................................................................................................................................................... 143
GABARITO.................................................................................................................................................... 209
GABARITO.................................................................................................................................................... 314
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GABARITO.................................................................................................................................................... 359
SUBSTANTIVO.............................................................................................................................................. 367
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Morfologia: Conceituação
É muito importante conceituar o alvo de estudo da Morfologia. Essa seção da Gramática está preocupada com
a palavra, no que se refere à sua formação e à sua classificação. Veja bem, não estamos ainda preocupados com a
construção de uma frase (alvo de estudo da Sintaxe) nem com o sentido ou significado (alvo de estudo da Semântica).
Quando for solicitada de você uma análise morfológica, o seu objetivo deve ser o de identificar os componentes da
palavra e a classificação desta em substantivo, adjetivo, numeral, verbo, pronome...
São ao todo 10 (dez) classes gramaticais: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio,
conjunção, preposição e interjeição. Por que substantivo e verbo estão destacados, professor? Porque são as classes de
palavras essenciais em uma língua. Em torno delas, as outras palavras orbitam.
Daremos em nosso curso uma ênfase em especial a pronomes e verbos. Uma prova que não traga questão
alguma sobre “função sintática dos pronomes pessoais” ou “emprego de tempos, modos e vozes verbais” tem alguma
coisa muito errada. São assuntos sempre presentes, que merecem, portanto, nossa máxima atenção. Já conjunções
serão alvo pesado de nossa atenção, mas serão estudadas na Sintaxe do Período.
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Radical
O radical é a parte indivisível, à qual se somam todos os demais componentes da palavra. É como se fosse o
“chassi” da palavra. Ora, toda a estrutura de um carro está apoiada em seu “chassi”, certo? A mesma coisa acontece
com o radical: toda a estrutura da palavra se apoia nele, montando-se a palavra a partir dele.
Uma maneira de identificar o radical de uma palavra é subtrair elementos de sua estrutura até o limite,
chegando a uma formação indivisível. Ao alcançar esse ponto, teremos identificado, assim, a palavra primitiva. Se essa
palavra terminar em vogal, o radical da palavra será a palavra subtraída da vogal (vogal temática ou desinência – logo
explicaremos). Quer um exemplo?
Tomemos a palavra “ desperdício”. Subtraindo o início e o fim simultaneamente, obterem0s “perder”.
Subtraindo o fim, teremos “perda”. Trata-se, portanto, da palavra primitiva, pois dela nada mais se pode subtrair.
Retirando-se a vogalzinha final, teremos “PERD”, o nosso amigo radical.
No entanto, esse método nem sempre nos dá o radical de forma precisa. Muitas vezes, é necessário que
identifiquemos uma família de cognatos da palavra em análise, identificando nelas o elemento formador comum, que
será o nosso amigo radical. Professor, o que são cognatos, pelo amor de Deus? Calma, jovem! Não se desespere!
Palavras cognatas compartilham do mesmo radical, têm uma mesma origem, pertencem a uma mesma
família etimológica, ou seja, tiveram a mesma raiz de formação. Em linguagem mais popular, são palavras que
vieram do mesmo canto. Professor, e o que seria família etimológica? A Etimologia estuda a origem das palavras, ou
seja, tem a missão de encontrar a raiz. A raiz é o radical inicial, originário principalmente do grego ou do latim, que deu
origem ao radical atual do vocábulo. Por exemplo, a raiz grega “Krónos” deu origem ao radical “crono”, relativo a
“tempo”.
Observe as palavras locutor, locutório, elocução, eloquência, interlocutor, locução, etc. Elas compartilham de
um mesmo elemento formador - no caso, loc. Esse elemento formador comum é o radical e as palavras reunidas em
torno desse radical são cognatas.
Professor, mas observei que esse radical ‘loc’ sofre alteração em ‘eloquência’. Tem algum problema? Não, meu caro
aluno! Essas alterações do radical são, inclusive, muito comuns. Trata-se de um fenômeno conhecido por “alomorfia”,
que consiste na mudança de um morfema (elemento componente da palavra) de um vocábulo para outro, sem,
contudo, perder sua significação. Quer mais um exemplo de cognatos?
Observe as palavras pedra, pedreiro, pedraria, pedreira, pedregulho, pétrea, petrificar, etc. Elas compartilham
de um mesmo elemento formador - no caso, pedr. Esse elemento formador comum é o radical e as palavras reunidas
em torno desse radical são cognatas. Veja que o radical “pedr” sofre ao longo das palavras mudança para “petr”, o
que configura o fenômeno da alomorfia do radical.
Temos que tomar cuidado com falsos cognatos. Observe o grupo de palavras década, decálogo, decágono
e decadência. Cuidado! Compartilham do mesmo radical década, decálogo e decágono, palavras que compartilham
da raiz de “dez”. Já decadência vem de decair, que, por sua vez, vem de cair. A palavra decadência, dessa forma, não
pertence à mesma família etimológica de década, decágono e decálogo.
Afixos
Os afixos são elementos que, somados à palavra primitiva, inserem novos sentidos ou mudam a classe
gramatical original. Quando esses elementos se ligam no início da palavra primitiva, esses elementos se denominam
prefixos; quando se somam no final da palavra, sufixos.
Exemplos:
Na palavra desleal, o prefixo “des-” soma à palavra primitiva uma ideia de negação.
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Vale ressaltar que o mesmo afixo pode agregar sentidos diferentes, dependendo da palavra analisada. Por
exemplo, o prefixo “des-”, presente em desleal, agrega um sentido de negação (desleal = não é leal), ao passo que o
mesmo prefixo, presente em desperdício, expressa quantidade, volume (desperdício = perda grande, significativa).
Desinências
As desinências são elementos que sinalizam flexões da palavra. Sendo rigoroso, as desinências não
formam novas palavras, e sim indicam flexões (variações) de uma mesma palavra. Podem ser nominais, indicando
flexões de número e gênero; podem ser verbais, indicando tempo, modo, pessoa, número e forma nominal - infinitivo,
gerúndio ou particípio.
Exemplos:
Na palavra alunas, é possível distinguir a desinência nominal de gênero “a” e a de número “s”.
Já no verbo falássemos, é possível distinguir a desinência verbal de modo e tempo “sse” e a de pessoa
e número “mos”. Vamos ainda detalhar minuciosamente as desinências verbais, quando tratarmos de
flexões verbais.
Na palavra mala, no entanto, o elemento “a” não é desinência de gênero, pois não existe a forma
masculina malo. Não se trata de desinência de gênero, e sim uma vogal temática (a ser explicada na
sequência).
OBSERVAÇÕES
i) A flexão de grau dos substantivos é sinalizada não por desinências, mas sim por sufixos. Alguns sufixos de
aumentativo são “-(z)ão”, “-aço”, “-ázio”, “-arra”, etc. Eles estão presentes em palavras como lobão,
apertão, goleiraço, bocarra (aumentativo de boca), copázio (aumentativo de copo), etc. Já o diminutivo é sinalizado
pelos sufixos “-(z)inho”, “ebre”, “isco”, etc. Eles estão presentes em palavras como homenzinho, probleminha,
casebre, chuvisco, etc.
ii) Alguns gramáticos não consideram o elemento “o” uma desinência de gênero, mas somente o elemento “a”. Na
palavra aluno, por exemplo, “o” não seria desinência de gênero, mas sim vogal temática (a ser explicada na sequência).
Já na palavra aluna, “a” consensualmente é considerada uma desinência de gênero.
iii) Nas palavras cujo plural se dá com o acréscimo de “-es”, como em flores, bares, lares, gravidezes, gizes, etc.,
grande parte dos gramáticos considera apenas o “s” desinência de número e o “e” uma vogal temática. Uma minoria
de gramáticos, no entanto, considera “es” uma desinência de número.
iv) Cuidado com a terminação “ado”! Somada a um verbo, é uma desinência verbal, indicadora de particípio. Somado
a um substantivo, é um sufixo, formador de adjetivos.
Exemplos:
O medicamento tem aliviado a minha dor. >> aliviar + ado = aliviado (particípio) >> ado
>> desinência verbal.
Eu me senti aliviado com a notícia. >> alívio + ado = aliviado (adjetivo) >> ado >> sufixo.
Vogal Temática
A vogal temática é o elemento de ligação que liga o radical às desinências e aos sufixos.
Nos nomes, a vogal temática é representada por “a”, “e” e “o” átonos. É o que ocorre em mala, mola,
pente, doentemente, povoado, novo, etc. É importante frisar que nem todos os nomes possuem vogal temática. É o
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caso dos nomes que terminam em consoantes – juiz, papel, dor, etc. – e das que terminam em vogais tônicas – urubu,
sofá, café, etc.
Já os verbos têm como vogais temáticas “a” (em verbos de 1ª conjugação, de final “AR”), “e” (em verbos de 2ª
conjugação, de final “ER”) e “i” (em verbos de 3ª conjugação, de final “IR”). No caso do verbo “pôr” e derivados, a vogal
temática é o “e”, haja vista que uma antiga grafia do verbo “pôr” era “poer”. Essa vogal temática não aparecerá em
todas as conjugações desse verbo (pus, põe, pôs, põem, etc).
OBSERVAÇÕES
i) A vogal temática também está sujeita ao fenômeno da alomorfia. Lembra o que é isso? Observe nas conjugações do
verbo amar: amei, amaria, amaremos, amemos... A vogal temática “a”, característica desse verbo, sofre alterações
em algumas conjugações para “e”.
ii) A junção do radical com a vogal temática forma o que chamamos de TEMA.
Na palavra inenarrável, o “e” é vogal de ligação, pois liga o prefixo “in” ao radical “narr”.
Na palavra cafezal, o “z” é consoante de ligação, pois liga o tema “cafe” ao sufixo “al”.
Na palavra malvado, o “v” é consoante de ligação, pois liga o radical “mal” ao sufixo “ado”.
Na palavra gasômetro, o “ô” é vogal de ligação, pois liga o radical “gas” ao radical “metro”. Note que
não pode ser vogal temática, pois se trata de vogal tônica.
Muito bem, moçada! Feita essa breve exposição acerca da estruturação das palavras, vamos partir para o
assunto que, de fato, vai estar bem presente em sua prova: Processos de Formação de Palavras.
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Exemplos:
É muito importante se frisar isso: na derivação, temos apenas um radical e a ele são somados afixos.
Tipos de Derivação
Detalharemos a seguir os tipos de derivação, a saber: prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética,
regressiva e imprópria.
Derivação Prefixal
Como o nome diz, dá-se pelo acréscimo de prefixo à palavra primitiva.
Derivação Sufixal
Como o nome diz, dá-se pelo acréscimo de sufixo à palavra primitiva.
Nesse tipo de derivação, os afixos independem um do outro, ou seja, cada um deles é capaz de formar uma
palavra! Isso significa, portanto, que NÃO há necessidade de acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo para
formar palavra!
Exemplos:
DESLEALDADE
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NFELIZMENTE
DESONESTIDADE
Derivação Parassintética
Da mesma forma que a derivação prefixal e sufixal, forma-se palavra pela anexação de prefixo e sufixo à
palavra primitiva.
Porém, para que ocorra formação de palavra, o acréscimo de prefixo e sufixo deve se dar de forma
SIMULTÂNEA. A retirada de um prefixo ou sufixo resultará numa palavra inexistente. Há, portanto, uma relação de
dependência entre prefixo e sufixo.
Exemplos:
ANOITECER
EMAGRECER
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ENGAIOLAR
(*) Entenda! Quando disse não existir “engaiola”, quero dizer que não se trata de uma nova palavra, e sim uma flexão
do verbo “engaiolar”. Isso significa que “engaiola” é, na verdade, o verbo “engaiolar”, que é justamente a palavra em
análise. Não se trata de uma palavra diferente.
Será que você entendeu? Vamos a um tira-teima!
Perceba que “ilegalidade” é formada pelo acréscimo do prefixo “in -” e do sufixo “- dade” à palavra primitiva
“legal”. Note que esse acréscimo não tem a necessidade de ser simultâneo, pois se forma palavra apenas com o
acréscimo de prefixo – é o caso de ilegal – ou apenas com o acréscimo de sufixo – é o caso de legalidade. Caracteriza-
se, assim, o processo de derivação prefixal e sufixal.
Já a palavrar “aterrorizar” é formada pelo acréscimo do prefixo “a -” e do sufixo “- izar” à palavra primitiva
“terror”. Note que, para formar palavra, esse acréscimo deve ser simultâneo, pois não se forma palavra apenas com o
acréscimo de prefixo ou apenas com o acréscimo de sufixo. Caracteriza-se, assim, o processo de derivação
parassintética.
Derivação Regressiva
A palavra se forma a partir de uma redução da palavra primitiva. Geralmente, esse processo ocorre em
substantivos abstratos derivados a partir de verbos. Por isso, a derivação regressiva também recebe o nome
de deverbal.
Exemplos:
A palavra “canto” significa “ato de cantar”, ou seja, não é possível dissociar “canto” da ação “cantar”. Trata-
se de uma derivação regressiva ou deverbal.
ROUBAR – AR >> ROUBO
A palavra “roubo” significa “ato de roubar”, ou seja, não é possível dissociar “roubo” da ação “roubar”.
Trata-se de uma derivação regressiva ou deverbal.
VENDER - ER >> VENDA
A palavra “venda” significa “ato de vender”, ou seja, não é possível dissociar “venda” da ação “vender”.
Trata-se de uma derivação regressiva ou deverbal.
OBSERVAÇÃO:
i) Não confundir a derivação regressiva com a sufixal. Na primeira, o substantivo se forma a partir do verbo. Já na
segunda, o verbo se forma a partir do substantivo.
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Exemplos
Perceba que é possível dissociar o objeto “âncora” do ato “ancorar”. Em outras palavras, o objeto “âncora” não
nos remete necessariamente ao ato “ancorar”. Diferentemente, a palavra “venda” já nos remete diretamente ao ato
“vender”.
ii) Alguns gramáticos consideram a existência da chamada regressão nominal, tal como ocorre nos seguintes pares:
Flamengo - Mengo
Maracanã - Maraca
Militar - Milico
Cerveja - Cerva
A maioria das bancas, no entanto, restringe a derivação regressiva à deverbal. Os pares acima
são tidos pelas bancas como abreviações.
Derivação Imprópria
A derivação imprópria ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua
forma, muda de classe gramatical.
Exemplos:
O termo “bons”, fora de contexto, é um adjetivo; na frase, foi empregado como substantivo.
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Os termos “fantasma” e “prodígio” são originalmente substantivos. No contexto da frase, foram empregados
como “adjetivos”.
Note que “baixo”, na frase, está modificando o verbo “falar”. Dessa forma, “baixo”, que originalmente é um
adjetivo, foi empregado como “advérbio”.
a) destinação.
b) desocupação.
c) criminológico.
d) carcereiro.
e) preventivamente.
RESOLUÇÃO:
Letra A - ERRADO - A palavra "destinação" é formada por derivação sufixal a partir de "destinar".
Letra B - CERTO - A palavra "desocupação" é formada por prefixação e sufixação a partir da palavra "ocupar". Ao se
somar o prefixo "des", forma-se a palavra "desocupar"; ao se somar o sufixo "ção", forma-se a palavra "ocupação". Ao
se somarem os dois, forma-se "desocupação".
Letra C - ERRADO - A palavra "criminológico" é formada por sufixação a partir de "criminal".
Resposta: B
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Composição
A composição se dá pela união de dois ou mais radicais. Note que não se trata de somarmos afixos a uma
palavra primitiva. O que temos, agora, é a união de duas ou mais raízes, que, de forma isolada, formam famílias de
cognatos.
Exemplo:
ponta + pé = pontapé
Note que “pontapé” se forma pela união das raízes de “ponta” e “pé”.
Tipos de Composição
Detalharemos a seguir os tipos de composição, a saber: por justaposição e por aglutinação.
Perceba que não houve nenhuma perda mórfica na formação da palavra composta
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Numeral
Trata-se da classe que, em princípio, serve para indicar a quantidade dos substantivos, quantos são eles. É o
caso dos numerais cardinais (um, dois, três, etc), multiplicativos (dobro, triplo, quíntuplo, etc) e fracionários (um
terço, um quarto, um décimo, etc.). Já o numeral ordinal indica em que posição se localiza certo substantivo numa
escala de números dispostos em série (décimo, trigésimo, centésimo).
Uma dúvida que pode surgir aqui é relativa à palavra “um”. Ela pode assumir a função de numeral cardinal,
artigo indefinido ou pronome indefinido.
Vejamos como diferenciar essas funções, observando as frases a seguir:
Na frase I, temos um artigo indefinido. Quais as evidências disso, professor? Primeiramente, ele acompanha um
substantivo. Além disso, transmite uma ideia de indefinição. Se eu digo essa frase para você, recebo como resposta
outra pergunta... “Quem?”, “Qual amigo?”. Por fim, é possível contrapor esse artigo indefinindo, trocando-o por um
artigo definido (Vi o seu amigo no shopping.).
Na frase II, temos um numeral. Quais as evidências disso, professor? Primeiramente, ele acompanha um
substantivo. Além disso, transmite uma ideia de quantidade. Veja a companhia do advérbio “apenas”, sinalizando a
ideia de quantidade! Por fim, é possível trocá-lo por outro numeral (Você pode esperar apenas cinco minutos?).
Na frase III, temos um pronome indefinido. Quais as evidências disso, professor? Primeiramente, ele substitui
um substantivo. Além disso, transmite uma ideia de indefinição. Por fim, é possível trocá-lo por outro pronome
indefinido (A crítica de alguém não haverá de abalar sua confiança.).
Outra palavra interessante que pode desempenhar várias funções morfológicas é “meio”, que pode funcionar
como substantivo, numeral fracionário e advérbio. Vamos analisá-la logo mais, quando detalharmos advérbios, ok?
Mas já posso adiantar que funcionará como numeral quando transmitir a ideia de “metade” (Tomei meio copo/meia
taça.)
Na sequência, vamos matar dois com uma pancada só! Como assim, professor? Vamos comparar adjetivos com
advérbios!
IMPORTANTE!
Os numerais milhão, bilhão e trilhão são masculinos. Isso significa que artigos ou pronomes que estejam a eles
associados deverão ser flexionados no masculino.
Exemplos:
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Pronomes
Sem dúvida é uma das classes de palavras mais importantes. Nosso leque de questões começa a abrir bastante,
pois muitas são as aplicações para pronomes. Não adianta aqui apenas saber. É preciso dominá-los!
Entenda os pronomes como representantes dos nomes. Eles servem para indicar uma das três pessoas do
discurso ou situar alguma coisa em relação a essas três pessoas.
Por convenção, considera-se:
PRONOME ADJETIVO - Vem sempre associado a um substantivo da frase, ou seja, esse tipo de pronome
acompanha um substantivo, determinando-o.
Exemplo:
Chegou a sua encomenda. (pronome adjetivo + substantivo > sua: pronome adjetivo)
PRONOME SUBSTANTIVO - Vem sempre num lugar que é próprio de substantivo, ou seja, esse tipo de
pronome substitui um substantivo.
Exemplo:
Chegou notícia sobre o governador. Ele não quis dar entrevistas. (Ele = governador > Ele: pronome substantivo).
O pronome flexiona-se em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (primeira,
segunda e terceira). É essencial, moçada, que dominemos o emprego dos pronomes, em especial o dos pronomes
pessoais. A incidência desse tópico em concursos é muito frequente e requer de nós inteira disposição para entender e
aprender.
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Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais referem-se às pessoas do discurso e podem ser de dois tipos: os do caso reto e os do
caso oblíquo.
Os pronomes retos são em pequeno número: EU, TU, ELE, ELA, NÓS, VÓS, ELES/ELAS. Portanto, eles são
facilmente identificáveis.
Já os pronomes oblíquos são em grande número: ME, MIM, COMIGO, TE, TI, CONTIGO, SE, SI, O(S), A(S),
LHE(S), CONSIGO, NOS, CONOSCO, VOS, CONVOSCO. Aqui, vamos precisar organizar a casa, dividindo-os em
subcategorias.
E que subcategorias seriam essas, professor?
Os tônicos sempre são solicitados por preposição. Já os átonos estão ligados diretamente a verbos.
Observe o quadro a seguir. Ele resume essa classificação de forma bem clara:
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→O seu bom senso pede para escolher a forma “me”, correto? Observe que há necessidade de emprego de uma forma
átona, haja vista que o pronome oblíquo está ligado diretamente ao verbo. E a forma oblíqua átona de 1ª pessoa é o
pronome “me”. Seria um erro grosseiro escrever “Você mim telefonou”, certo? Quando digo que o “me” é átono, como
você traduz isso? Traduza assim: esse pronome estará ligado a verbo (Ele me ligou..., Eu me disponibilizei... Vocês me
pediram..., etc.).
Você telefonou para (me/mim) ontem?
→O seu bom senso pede para escolher a forma “mim”, correto? Observe que há necessidade de emprego de uma
forma tônica, haja vista que o pronome oblíquo está sendo solicitado pela preposição “para” (... telefonou para
quem?). E a forma oblíqua tônica de 1ª pessoa é o pronome “mim”. Quando digo que o “mim” é tônico, como você
traduz isso? Traduza assim: esse pronome será solicitado por preposição. Falaram bastante de mim, para mim, sobre
mim, a mim, com.... “Vixe, professor! Dá certo falar ‘com mim’?”. Claro que não, né? A fusão da preposição “com” com
o pronome oblíquo “mim” resulta em “comigo”.
Eu (te/ti) pedi uma ajuda.
→Observe que há necessidade de emprego de uma forma átona, haja vista que o pronome oblíquo está ligado
diretamente ao verbo. E a forma oblíqua átona de 2ª pessoa é o pronome “te”. Quando digo que o “te” é átono, como
você traduz isso? Traduza assim: esse pronome estará ligado a verbo (Ele te ligou..., Eu te enviei... Eles te ofenderam...,
etc.).
Eu pedi a (te/ti) uma ajuda.
→Observe que há necessidade de emprego de uma forma tônica, haja vista que o pronome oblíquo está sendo
solicitado pela preposição “a” (... pedi a quem?). E a forma oblíqua tônica de 2ª pessoa é o pronome “ti”. Quando digo
que o “ti” é tônico, como você traduz isso? Traduza assim: esse pronome será solicitado por preposição. Falaram
bastante de ti, para ti, sobre ti, a ti, com.... “Vixe, professor! Dá certo falar ‘com ti’?”. Claro que não, né? A fusão da
preposição “com” com o pronome oblíquo “ti” resulta em “contigo”.
E assim segue o raciocínio: o “se” é átono, acompanhando verbos ( Ele se apaixonou...; Você se ofendeu..., O
professor se revoltou..., etc.); já o “si” é a forma tônica, solicitada por preposição (Ele só pensa em si...; Fez tudo isso
para si...; Lá é cada um por si..., etc.)
OBSERVAÇÃO
→Os pronomes ele, ela, nós, vós, eles, elas, quando solicitados por preposição, funcionam como OBLÍQUOS
TÔNICOS.
Exemplos:
Muita atenção, portanto! Os pronomes “ele” e “nós” nos exemplos anteriores não são pronomes retos, e
sim oblíquos tônicos.
→Utilizam-se as formas “com nós” e “com vós” em vez de conosco ou convosco quando vierem reforçadas por numeral,
pronome ou substantivo:
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Exemplos:
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PREPOSIÇÃO
Classe de palavras que serve para estabelecer conexão entre uma palavra e outra.
Exemplo:
As preposições mais usuais são: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
perante, per, por, sem, sob, sobre, trás.
CONJUNÇÃO
Classe de palavras que estabelece conexão entre uma oração e outra.
Exemplo:
Note que o “que” conecta a oração “Só me declararam” com a oração “O tempo estava bom”.
Note que o “pois” conecta a oração “Chegou atrasado” com a oração “Seu carro estava no conserto”).
É importante frisar a diferença entre “preposição” e “conjunção”. Mais uma vez, a primeira conecta
palavras, enquanto que a segunda conecta orações. Observe as frases a seguir:
A expressão “diante de”, na frase I, é uma locução prepositiva, pois conecta as palavras “Paramos” e “prédio”.
Já a expressão “À medida que”, na frase II, é uma locução conjuntiva, pois conecta duas orações:
“Pesquisávamos mais sobre o assunto” e “Adquiríamos mais segurança”.
AINDA APROFUNDAREMOS BASTANTE A DISCUSSÃO SOBRE AS CONJUNÇÕES, ASSUNTO DE SUMA
IMPORTÂNCIA. RESERVAREMOS A AULA DE SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO PARA “DISSECAR” ESSA
IMPORTANTE CLASSE DE PALAVRA.
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Lista de Questões
1. CESPE – Polícia Federal/ 2018
Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas classes
romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo Império Romano.
Foi o latim popular, falado pelas tropas invasoras que fez esse papel. Essa variante vulgar sobrepôs-se às línguas dos
povos dominados e com elas caldeou-se, dando origem aos dialetos que viriam a se chamar genericamente de
romanços ou romances (do latim romanice, isto é, à moda dos romanos).
No século V d.C., o Império Romano ruiu e os romanços passaram a diferenciar-se cada vez mais, dando origem às
chamadas línguas neolatinas ou românicas: francês, provençal, espanhol, português, catalão, romeno, rético, sardo
etc.
Séculos mais tarde, Portugal fundou-se como nação, ao mesmo tempo em que o português ganhou seu estatuto de
língua, da seguinte forma: enquanto Portugal estabelecia as suas fronteiras no século XIII, o galego-português
patenteava-se em forma literária.
Cerca de três séculos depois, Portugal lançou-se em uma expansão de conquistas que, à imagem do que Roma fizera,
levou a língua portuguesa a remotas regiões: Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cingapura, Índia e Brasil, para citar
uns poucos exemplos em três continentes.
Muito mais tarde, essas colônias tornaram-se independentes — o Brasil no século XIX, as demais no século XX —, mas a
língua de comunicação foi mantida e é hoje oficial em oito nações independentes: Brasil, Portugal, Angola,
Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Instituto Antônio Houaiss. José Carlos de Azevedo (Coord.). Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 16-7 (com adaptações).
A expressão “esse papel” (R.6) refere-se à penetração do latim “na Península Ibérica e nos demais espaços
conquistados pelo Império Romano” (R. 3 a 5).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com
os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já
que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de
nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e
alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em
desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a
seguir.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se substituísse, na linha 9, “de que” por os quais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Aula 2: Classes de Palavras
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com
os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já
que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de
nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e
alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em
desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a
seguir.
A oração “que inspiraram tais cartas” (R. 5 e 6) modifica o sentido apenas do termo “grau” (R.5).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB2A1AAA
O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção? Se a regra transgredida não causa prejuízo, temos o “jeitinho” positivo
e, direi eu, ético. Por exemplo: estou na fila; chega uma pessoa precisando pagar sua conta que vence naquele dia e
pede para passar na frente. Não há o que reclamar dessa forma de “jeitinho”.
A questão sociológica que o “jeitinho” apresenta, porém, é outra. Ela mostra uma relação ruim com a lei geral, com a
norma desenhada para todos os cidadãos, com o pressuposto de que essa regra universal produz legalidade e
cidadania. Eu pago meus impostos integralmente e, por isso, posso exigir dos funcionários públicos do meu país.
Agora, se eu dou um jeito nos meus impostos porque o delegado da receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal
“vista grossa”, aí temos o “jeitinho” virando corrupção. O “jeitinho” se confunde com corrupção e é transgressão,
porque desiguala o que deveria ser obrigatoriamente tratado com igualdade. O que nos enlouquece hoje no Brasil não
é a existência do jeitinho como ponte negativa entre a lei e a pessoa especial que dela se livra, mas sim a persistência de
um estilo de lidar com a lei, marcadamente aristocrático, que, de certa forma, induz o chefe, o diretor, o dono, o
patrão, o governador, o presidente a passar por cima da lei. A mídia tem um papel básico na discussão desses casos de
amortecimento, esquecimento e “jeitinho”, porque ela ajuda a politizar o velho hábito que insiste em situar certos
cargos e as pessoas que os empossam como acima da lei, do mesmo modo e pela mesma lógica de hierarquias que
colocam certas pessoas (negros, pobres e mulheres) implacavelmente debaixo da lei.
Roberto da Matta. O jeitinho brasileiro. Internet: <https://maniadehistoria.wordpress.com> (com adaptações).
O emprego da ênclise em “se livra” e “os empossam” se explica pela mesma regra.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Texto
A atividade de busca por dados e informações e a interpretação de seu significado, o que se conhece hoje por
inteligência, sempre desempenhou um papel preponderante na história da humanidade, principalmente na política
internacional, em maior ou menor grau, conforme a época.
Atualmente, como em nenhum outro período da história, crescem e se multiplicam as agências governamentais em
uma complexa rede internacional à procura de ameaças veladas ou qualquer tipo de informação considerada sensível,
em um jogo estratégico de poder e influência globais. E é esse processo de identificação de ameaças, a busca por
informações e dados, que pretende detectar intenções dissimuladas que ocultem os mais diversos interesses, o que
chamo de guerra secreta. Essa modalidade de guerra se desenvolve entre agências ou serviços secretos, em uma
corrida para ver quem chega primeiro. Trata-se do mais complexo dos conflitos, pois ocorre nas sombras, nos
bastidores do poder, identificando propagandas enganosas, desinformação, e celebrando acordos cujas partes sabem
antecipadamente que nunca serão cumpridos. Muitas das informações levantadas por agentes secretos em ações de
espionagem foram utilizadas em guerras ou mesmo serviram de pivô central para desencadear tais conflitos.
Convivemos com a guerra secreta há muito tempo, embora de forma não perceptível, e, a cada ciclo histórico, com
maior intensidade.
André Luís Woloszyn. Guerra nas sombras: os bastidores dos serviços secretos internacionais. São Paulo: Editora
Contexto, 2013, p. 7-8 (com adaptações).
A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto, julgue o item seguinte.
A próclise observada em “se multiplicam” e “se desenvolve” é opcional, de modo que o emprego da ênclise nesses dois
casos também seria correto — multiplicam-se e desenvolve-se, respectivamente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CG1A1AAA
Em 1988, o SUS passou a fazer parte da Constituição Federal. Nós nos tornamos o único país com mais de 100 milhões
de habitantes que ousou oferecer saúde para todos. Apesar de termos nos esquecido de onde sairiam os recursos para
tamanho desafio, dos descasos, das interferências políticas, hoje são raras as crianças sem acesso a pediatra.
Drauzio Varella. Os visionários do SUS. 14/12/2015. Internet: <https://drauziovarella.com.br> (com adaptações).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CG1A1AAA, julgue o item a seguir.
A correção gramatical do texto seria preservada caso se substituísse “nos tornamos” por tornamo-nos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “escândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um delito, mas
também um crime moral, uma ação intolerável que perturba a própria natureza. “Inadmissível”, “escandalosa”,
“revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando uma greve recente. Para dizer a verdade, trata-se de uma
linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua mentalidade profunda. É a época em que a burguesia, que
assumira o poder havia pouco tempo, executa uma espécie de junção entre a moral e a natureza, oferecendo a uma a
garantia da outra. Temendo-se a naturalização da moral, moraliza-se a natureza; finge-se confundir a ordem política e
a ordem natural, e decreta-se imoral tudo o que conteste as leis estruturais da sociedade que se quer defender. Para
os prefeitos de Carlos X, assim como para os leitores do Figaro de hoje, a greve constitui, em primeiro lugar, um desafio
às prescrições da razão moralizada: “fazer greve é zombar de todos nós”, isto é, mais do que infringir uma legalidade
cívica, é infringir uma legalidade “natural”, atentar contra o bom senso, misto de moral e lógica, fundamento filosófico
da sociedade burguesa.
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda precisamente
aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta, mecânica, essa causalidade é
perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-lhe, o que é intolerável e chocante. Ao
contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa classe tem uma concepção tirânica,
infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que professa não é de modo algum mágico, mas, sim,
racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear, estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência
numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções
complexas, a imaginação de um desdobramento longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os
acontecimentos, que a tradição materialista sistematizou sob o nome de totalidade.
Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e
Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do texto caso se substituísse o trecho
c) “decreta-se”por se decreta.
Surpresas fazem parte da rotina de um socorrista. Quando um chamado chega via 192, as informações nem sempre
vêm de acordo com a real situação. Às vezes, é menos grave do que se dizia. Em outras, o interlocutor — por pânico ou
desconhecimento — não dá nem conta de descrever a gravidade do caso. Quase sempre, condutores, técnicos de
enfermagem, enfermeiros e médicos saem em disparada, ambulância cortando o trânsito, sirenes ligadas, para atender
a alguém que nunca viram. Mas podem chegar à cena e encontrar um amigo. Estão preparados. O espaço para a
emoção é pequeno em um serviço que só funciona se apoiado em seu princípio maior: a técnica.
Internet: <https://especiais.zh.clicrbs.com.br>.
Considerando os aspectos linguísticos do texto precedente e as informações nele veiculadas, julgue o item.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se deslocasse a partícula “se”, em “se dizia”, para imediatamente
após a forma verbal: dizia-se.
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( ) CERTO ( ) ERRADO
9. CESPE - AJ STJ/2018
Texto CB1A1AAA
No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade (dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social
ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de reconhecimento dos demais membros da comunidade. A partir disso,
poder-se-ia falar em uma quantificação (hierarquia.) da dignidade, o que permitia admitir a existência de pessoas mais
dignas ou menos dignas.
Frise-se que foi a partir das formulações de Cícero que a compreensão de dignidade ficou desvinculada da posição
social. O filósofo conferiu à dignidade da pessoa humana um sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos
estão sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns prejudiquem aos outros.
No círculo de pensamento jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII, a concepção da dignidade da pessoa humana passa
por um procedimento de racionalização e secularização, mantendo-se, porém, a noção básica da igualdade de todos os
homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca-se a concepção de Emmanuel Kant de que a autonomia
ética do ser humano é o fundamento da dignidade do homem. Incensurável é a permanência da concepção kantiana
no sentido de que a dignidade da pessoa humana repudia toda e qualquer espécie de coisificação e instrumentalização
do ser humano.
Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro: Edição do
Autor, 2013, p.148-9 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item.
A correção do texto seria mantida caso o pronome “se”, em “poder-se-ia falar”, fosse deslocado para imediatamente
após a forma verbal “falar”, escrevendo-se poderia falar-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
A correção gramatical do texto seria mantida caso o trecho “que se consubstancia” fosse alterado para que
consubstancia-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
As séries da TV retratam incorretamente os cientistas forenses, mostrando-os como se tivessem tempo de sobra
para todos os casos. Os programas mostram diversos detetives, técnicos e cientistas dedicando toda sua atenção a
uma investigação. Na realidade, cada cientista recebe vários casos ao mesmo tempo. A maioria dos laboratórios
acredita que o acúmulo de trabalho é o maior problema que enfrentam, e boa parte dos pedidos de aumento no
orçamento baseia-se na dificuldade de dar conta de tanto serviço.
No trecho “baseia-se na dificuldade” (R. 23 e 24), a partícula “se” poderia ser anteposta à forma verbal “baseia” sem
prejuízo da correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com
os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já
que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de
nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e
alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em
desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a
seguir.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso o trecho “Eis que se inicia” (R.1) fosse reescrito da seguinte
forma: Eis que inicia-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto 6A1AAA
Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu imaginou, mas
venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha errado, confundido ou imaginado nunca. Errar, disse-o quem
sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à letra, que não seria verdadeiro homem
aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser utilizada como desculpa universal que a todos nos
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absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução
tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do
escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e
prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da
ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou
a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter
reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele que
estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este
ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior, qualquer corrector de
livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e dia, umbilicalmente, ao banco
central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados do saber total não se tenha insinuado,
como o diabo no convento, o erro tentador.
José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6.
Com relação à variação linguística bem como aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 6A1AAA, julgue o
item.
A colocação pronominal observada no trecho “não se tenha insinuado” é frequente tanto na língua escrita, sendo
utilizada em textos literários, artigos científicos e textos oficiais, quanto na variedade padrão formal falada no Brasil,
como a utilizada em telejornais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CG1A1BBB
Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado do leite
materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em nossa cultura.
O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que reconforta nervos
abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em nossa corrente sanguínea,
mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram pelo açúcar que não conseguem
receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a Antiguidade, sobretudo porque é uma doença
de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o
formigueiro. Também não escapou aos médicos de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece.
“As carnes se dissolvem na urina”, diziam os gregos.
Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre: Artes e
Ofícios, 2001 (com adaptações).
No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.
A correção gramatical do texto seria mantida caso o artigo “O” fosse substituído por A e a palavra “conhecido” fosse
flexionada no feminino — conhecida —, dada a variação de gênero característica da palavra “diabetes”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Texto
O Juca era da categoria das chamadas pessoas sensíveis, dessas a que tudo lhes toca e tange. Se a gente lhe
perguntasse: “Como vais, Juca?”, ao que qualquer pessoa normal responderia “Bem, obrigado!” — com o Juca a coisa
não era assim tão simples. Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste contrabalançado por um olhar
heroicamente exultante, até que esse exame de consciência era cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar
chãmente em outras coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo... Porque as pessoas sensíveis são as criaturas mais
egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino animal. Pois, meus amigos, da última vez que vi o Juca, o impasse
continuava... E que impasse!
Com relação às estruturas linguísticas e aos sentidos do texto, julgue o item a seguir.
Caso seja suprimido o pronome “lhes”, a correção gramatical do texto será mantida, embora o trecho se torne menos
enfático.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto
O Juca era da categoria das chamadas pessoas sensíveis, dessas a que tudo lhes toca e tange. Se a gente lhe
perguntasse: “Como vais, Juca?”, ao que qualquer pessoa normal responderia “Bem, obrigado!” — com o Juca a coisa
não era assim tão simples. Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste contrabalançado por um olhar
heroicamente exultante, até que esse exame de consciência era cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar
chãmente em outras coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo... Porque as pessoas sensíveis são as criaturas mais
egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino animal. Pois, meus amigos, da última vez que vi o Juca, o impasse
continuava... E que impasse!
Mário Quintana Prosa & Verso Porto Alegre: Globo, 1978, p 65 (com adaptações)
Com relação às estruturas linguísticas e aos sentidos do texto, julgue o item a seguir.
Caso o advérbio “heroicamente” fosse deslocado para logo após “contrabalançado”, haveria alteração de sentido do
texto, embora fosse preservada sua correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto 1A9AAA
Estas memórias ficariam injustificavelmente incompletas se nelas eu não narrasse, ainda que de modo breve, as
andanças em que me tenho largado pelo mundo na companhia de minha mulher e de meus fantasmas particulares.
Desde criança fui possuído pelo demônio das viagens. Essa encantada curiosidade de conhecer alheias terras e povos
visitou-me repetidamente a mocidade e a idade madura. Mesmo agora, quando já diviso a brumosa porta da casa dos
setenta, um convite à viagem tem ainda o poder de incendiar-me a fantasia.
Erico Veríssimo. Solo de clarineta: memórias. Porto Alegre: Globo, v. 2, 1976, p. 57-58 (com adaptações).
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Com relação ao trecho “incendiar-me a fantasia”, do texto 1A9AAA, é correto interpretar a partícula “me”
como o
a) agente da ação de “incendiar”.
d) possuidor de “fantasia”.
e) destinatário de “fantasia”.
Texto 6A1AAA
Aqui, neste escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes,
estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas
gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...].
José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6.
Ainda no que se refere aos aspectos linguísticos do texto 6A1AAA, julgue o item que se segue.
O emprego de “neste” decorre da presença do vocábulo “Aqui”, de modo que sua substituição por nesse resultaria em
incorreção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Recebi a sua cartinha. Ver que você se tem adiantado muito me deu muito prazer.
Fiquei muito contente quando sua mãe me disse que em princípio de maio estarão cá, pois estou com muitas saudades
de vocês todos. Vovó te manda muitas lembranças.
A menina de Zulmira está muito engraçadinha. Já tem 2 dentinhos.
Carta de Bárbara ao neto Mizael (carta de 1883). Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras. Rio
de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Internet: <www.tycho.iel.unicamp.br> (com
adaptações).
Julgue o item seguinte, a respeito do texto precedente.
O emprego do diminutivo no texto está relacionado à expressão de afeto e ao gênero textual: carta familiar.
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( ) CERTO ( ) ERRADO
Recebi a sua cartinha. Ver que você se tem adiantado muito me deu muito prazer.
Fiquei muito contente quando sua mãe me disse que em princípio de maio estarão cá, pois estou com muitas saudades
de vocês todos. Vovó te manda muitas lembranças.
A menina de Zulmira está muito engraçadinha. Já tem 2 dentinhos.
Carta de Bárbara ao neto Mizael (carta de 1883). Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras.
Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Internet: <www.tycho.iel.unicamp.br>
(com adaptações).
Julgue o item seguinte, a respeito do texto precedente.
O texto se caracteriza por uma uniformidade de tratamento do destinatário da carta, verificada no emprego das formas
pronominais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Recebi a sua cartinha. Ver que você se tem adiantado muito me deu muito prazer.
Fiquei muito contente quando sua mãe me disse que em princípio de maio estarão cá, pois estou com muitas saudades
de vocês todos. Vovó te manda muitas lembranças.
A menina de Zulmira está muito engraçadinha. Já tem 2 dentinhos.
Carta de Bárbara ao neto Mizael (carta de 1883). Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras. Rio
de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Internet: <www.tycho.iel.unicamp.br> (com
adaptações).
Julgue o item seguinte, a respeito do texto precedente.
Como modificadora das palavras “prazer” e “engraçadinha”, a palavra “muito” que as acompanha é, do ponto de vista
morfossintático, um advérbio.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
Dois processos morfológicos atuam na formação do advérbio “infelizmente”. Dadas as propriedades dos afixos
presentes, verifica-se uma ambiguidade estrutural referente à ordem de ocorrência desses processos: pode-se
primeiramente adicionar o prefixo in- ao adjetivo feliz, e, depois o sufixo –mente, ou, ao contrário, pode-se adicionar
primeiro o sufixo e, depois, o prefixo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Quando indaguei a alguns escritores de sucesso que manuais de estilo tinham consultado durante seu aprendizado, a
resposta mais comum foi “nenhum”. Disseram que escrever, para eles, aconteceu naturalmente.
Eu seria o último dos mortais a duvidar que os bons escritores foram abençoados com uma dose inata de fluência mais
sintaxe e memória para as palavras. Ninguém nasceu com competência para redigir. Essa competência pode não se ter
originado nos manuais de estilo, mas deve ter vindo de algum lugar.
Esse algum lugar é a escrita de outros escritores. Bons escritores são leitores ávidos. Assimilaram um grande inventário
de palavras, expressões idiomáticas, construções, tropos e truques retóricos e, com eles, a sensibilidade para o modo
como se combinam ou se repelem. Essa é a ardilosa “sensibilidade” de um escritor hábil — o tácito sentido de estilo que
os manuais de estilo honestos admitem ser impossível ensinar explicitamente. Os biógrafos dos grandes autores
sempre tentam rastrear os livros que seus personagens leram na juventude, porque sabem que essas fontes escondem
o segredo de seu aperfeiçoamento como escritores.
O ponto de partida para alguém tornar-se um bom escritor é ser um bom leitor. Os escritores adquirem sua técnica
identificando, saboreando e aplicando engenharia reversa em exemplos de boa prosa.
Steven Pinker. Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância. Trad. Rodolfo Ilari. São
Paulo: Contexto, 2016, p. 23-4 (com adaptações).
No que se refere ao texto precedente, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O aspecto da implantação do português no Brasil explica por que tivemos, de início, uma língua literária pautada pela
do Portugal contemporâneo. A sociedade colonial considerava-se um prolongamento da sociedade ultramarina. O seu
ideal era reviver os padrões vigentes no reino.
Já para a língua popular as condições eram outras. A separação no espaço entre a população da colônia e a da
metrópole favoreceu uma evolução linguística divergente. Acresce que, com o encontro, em território americano, de
sujeitos falantes de regiões diversas da mãe-pátria, cada um dos quais com o seu falar próprio, se realizou um
intercurso, intenso e em condições inéditas, de variantes dialetais, conducente a nova distribuição e planificação
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linguística. Mesmo sem insistir em tal ou qual ação secundária das novas condições de vida física e social e de contato
com os indígenas (e posteriormente com os africanos), é obvio que a língua popular brasileira tinha de diferençar-se
inelutavelmente da de Portugal, e, com o correr dos tempos, desenvolver um coloquialismo ou sermo cotidianus seu.
Joaquim Mattoso Câmara Junior. A língua literária. In: Evanildo Bechara (org.). Estudo da língua portuguesa: textos
de apoio. Brasília: FUNAG, 2010, p. 292 (com adaptações).
No que concerne aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
Os vocábulos “africanos” e “correr”, originalmente pertencentes à classe dos adjetivos e dos verbos, respectivamente,
foram empregados como substantivos no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto
O monitor — também chamado, em algumas instituições, de inspetor e bedel — é um dos profissionais mais atuantes
na esfera educacional. Ele transita por toda a escola, em geral conhece os alunos pelo nome e é um dos primeiros a ser
procurado quando há algum problema que precisa ser solucionado rapidamente. Contudo, ele nem sempre é
valorizado como deveria. Infelizmente, muitos diretores entendem que quem atua nessa função deve apenas controlar
os espaços coletivos para impedir a ocorrência de agressões, depredações e furtos, vigiar grupos de alunos, observar
comportamentos suspeitos e até mesmo revistar armários e mochilas.
Esse tipo de controle, além de perigoso — pois os conflitos abafados por ações repressoras acabam se manifestando
com mais violência —, contribui para reforçar a desconfiança entre a instituição e os estudantes. E uma relação
fundada na insegurança fragiliza a construção de valores democráticos, que deveria ser um dos objetivos de todas as
escolas.
Como qualquer profissional do ambiente escolar, os monitores também são educadores, e cabe à equipe gestora
realizar ações formativas para que eles saibam como interagir com as crianças e os jovens nos diversos espaços (como
o pátio, os corredores, as quadras, a cantina, o banheiro etc.). Com uma boa formação, eles serão capazes de trazer
informações importantes sobre a convivência entre os alunos e que poderão ser objeto de análise para que o orientador
educacional, juntamente com o diretor e a equipe docente, planeje e execute intervenções.
O papel do monitor na formação dos alunos. Internet: <http://gestaoescolar.org.br> (com adaptações).
O vocábulo “suspeitos” foi empregado, no texto, como substantivo, no sentido de aqueles sobre os quais recaem
suspeitas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O aspecto da implantação do português no Brasil explica por que tivemos, de início, uma língua literária pautada pela
do Portugal contemporâneo. A sociedade colonial considerava-se um prolongamento da sociedade ultramarina. O seu
ideal era reviver os padrões vigentes no reino.
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Já para a língua popular as condições eram outras. A separação no espaço entre a população da colônia e a da
metrópole favoreceu uma evolução linguística divergente. Acresce que, com o encontro, em território americano, de
sujeitos falantes de regiões diversas da mãe-pátria, cada um dos quais com o seu falar próprio, se realizou um
intercurso, intenso e em condições inéditas, de variantes dialetais, conducente a nova distribuição e planificação
linguística. Mesmo sem insistir em tal ou qual ação secundária das novas condições de vida física e social e de contato
com os indígenas (e posteriormente com os africanos), é obvio que a língua popular brasileira tinha de diferençar-se
inelutavelmente da de Portugal, e, com o correr dos tempos, desenvolver um coloquialismo ou sermo cotidianus seu.
Joaquim Mattoso Câmara Junior. A língua literária. In: Evanildo Bechara (org.). Estudo da língua portuguesa: textos
de apoio. Brasília: FUNAG, 2010, p. 292 (com adaptações).
No que concerne aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
O emprego do artigo definido imediatamente antes do topônimo “Portugal” torna-se obrigatório devido à presença do
adjetivo “contemporâneo”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto
O egoísmo seria a fruição do capital, sem suor e angústias; o impulso contrário, a expansão da economia, que se
identificaria, para a classe lucrativa, com o progresso do país. Certo de seu papel dinâmico na sociedade, criando
atividades novas e aprimorando as existentes; esse estrato ganha relevo e autonomia, sem que se esconda atrás do
biombo, dourado de tradição e respeitabilidade, da classe proprietária. É hostil, como conjunto, ao ócio dos homens de
renda e ao prestígio do estamento político, que maneja o poder do alto e de cima, sem consultar-lhe as
preferências nem lhe pedir orientação e conselho. Atente-se: a classe lucrativa tem conduta adversa ao estilo de vida da
camada dirigente, não obstante a explore, e viva, em grande parte, de seus favores, numa espécie de capitalismo
político, dependente e subordinado ao Estado.
Raymundo Faoro. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1974, p. 225-7
(com adaptações).
Com referência ao texto, julgue o próximo item.
Tendo o pronome oblíquo sentido possessivo em “sem consultar-lhe as preferências”, tal trecho poderia ser
substituído por “sem consultar as suas preferências”, mantendo-se, com isso, a correção gramatical e o sentido do
texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Não têm conta entre nós os pedagogos da prosperidade que, apegando-se a certas soluções onde, na melhor hipótese,
se abrigam verdades parciais, transformam-nas em requisito obrigatório e único de todo progresso. É bem
característico, para citar um exemplo, o que ocorre com a miragem da alfabetização. Quanta inútil retórica se tem
desperdiçado para provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de um momento para o outro se estivessem
amplamente difundidas as escolas primárias e o conhecimento do abc.
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A muitos desses pregoeiros do progresso seria difícil convencer de que a alfabetização em massa não é condição
obrigatória nem sequer para o tipo de cultura técnica e capitalista que admiram. Desacompanhada de outros
elementos fundamentais da educação, que a completem, é comparável, em certos casos, a uma arma de fogo posta
nas mãos de um cego.
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 27.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto
O universo da comunicação vem se ampliando com maior dinamismo, nos últimos anos, para atender à demanda de
seus usuários, nas mais diferentes situações de interatividade. Nele estamos inseridos, exercitando nossa linguagem
oral e escrita, até mesmo na área digital. Por isso, necessitamos sempre assimilar novos conhecimentos e expressá-los
com objetividade e competência.
A construção do pensamento — e sua exposição de forma clara e persuasiva — constitui um dos objetivos mais
perseguidos por todo aquele que almeja sucesso na vida profissional e, muitas vezes, pessoal. É evidente que a
interlocução comunicativa permite o entendimento, proporciona o intercâmbio de ideias e nos faz refletir e argumentar
com maior propriedade em defesa de nossos direitos e deveres como cidadãos.
L. L. Sarmentto. Oficina de redação. 5.ª ed. São Paulo: Moderna, 2016, p. 3 (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
As duas questões mais profundas sobre a mente são: “O que possibilita a inteligência?” e “O que possibilita a
consciência?”. Com o advento da ciência cognitiva, a inteligência tornou-se inteligível. Talvez não seja tão chocante
afirmar que, em um nível de análise muito abstrato, o problema foi resolvido. Entretanto, a consciência ou a
sensibilidade, a sensação nua e crua da dor de dente, do rubor, do salgado, continua sendo um enigma embrulhado em
um mistério dentro do impenetrável. Quando nos perguntamos o que é a consciência, não temos melhor resposta que
a de Louis Armstrong quando uma repórter perguntou-lhe o que era o jazz : “Moça, se você precisa perguntar, nunca
saberá”.
Steven Pinker. Como a mente funciona. 2.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002 (com adaptações).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto anteriormente apresentado, julgue o próximo item.
O pronome “nos”, na oração em que ocorre, exerce a função de complemento direto da forma verbal “perguntamos”.
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( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto
A classe dedicada ao comércio, marcada pela compra e venda de mercadorias ou na colocação de dinheiro, não
representava, no Império, o padrão social dominante. Os comerciantes eram, em grande parte, estrangeiros; o ramo
mais saliente do comércio, o ligado ao escravo, sujava as mãos dos que com ele enriqueciam. Um título de comendador
ou de barão dourava o busto do empresário, mas não o nobilitava, visto que o nobre pertencia a uma camada diversa,
composta, sob o ponto de vista profissional ou econômico, de letrados ou senhores de rendas. O homem que traficava
— membro da classe lucrativa ou aquisitiva —, para se qualificar socialmente, embriagou-se, perdidamente, na imitação
do estilo ou nos traços secundários da classe proprietária e do estamento. Elevava-se, se enriquecido — elevava-se é o
termo certo — a uma categoria superior no desfrute ostentatório de rendas, transformando a natureza de seu
patrimônio, ou ingressava na política e no governo, preocupado em amortecer a cintilação equívoca da origem. Era
quase uma situação colonial, com a ascensão, nem sempre possível no espaço de uma geração, do albardeiro ao círculo
dos fidalgos. Em meados do século XIX o velho equilíbrio se rompe, fio a fio, imperceptivelmente, na quebra de secular
estrutura econômica e social. Consequência da nova dinâmica, que agita e move a sociedade, será a emancipação de
uma classe inteira, até aí pejada, impedida e entorpecida em seus passos. Dentro da consciência do homem que
enriqueceu no trato de mercadorias e de valores, haverá agora uma crise. O Dr. Félix (Ressurreição) ou Rubião
(Quincas Borba ), aquinhoados pela inesperada herança, trataram de aplicar os bens para que eles lhes
proporcionassem renda segura e estável.
Outra é a conduta de Mauá, como será a de Palha (Quincas Borba ), Cotrim (Memórias Póstumas) ou de Santos
(Esaú e Jacó). Homens do comércio, não convertem o patrimônio em prestações de renda, mas continuam presos aos
seus negócios, perseguindo o infinito, imantados por outros desígnios, alimentados por uma nova sociedade. Mas há a
crise. Rubião a vive, já, no último quartel do século, em sentido contrário, atraído pelos lucros do comércio e não pelo
comércio. Mauá a sentirá, no sentido autêntico: dos doze aos trinta e dois anos, vergado no balcão e sócio de
comerciante, torna-se dono de respeitável fortuna. Fiel à ordem dominante, não a calcula em bons e vistosos contos de
réis, mas por sua renda, que seria superior a 50 contos anuais. A renda e não o capital dava a nota de grandeza, de
opulência, para encher os olhos e provocar a admiração. “Já se vê que, — confessava, aludindo ao ano de 1846 — ao
engolfar-me em outra esfera de atividade, possuía eu uma fortuna satisfatória, que me convidava a desfrutá-la. Travou-
se em meu espírito, nesse momento, uma luta vivaz entre o egoísmo, que em maior ou menor dose habita o coração
humano, e as ideias generosas que em grau elevado me arrastavam a outros destinos...”. O egoísmo seria a fruição do
capital, sem suor e angústias; o impulso contrário, a expansão da economia, que se identificaria, para a classe lucrativa,
com o progresso do país. Certo de seu papel dinâmico na sociedade, criando atividades novas e aprimorando as
existentes; esse estrato ganha relevo e autonomia, sem que se esconda atrás do biombo, dourado de tradição e
respeitabilidade, da classe proprietária. É hostil, como conjunto, ao ócio dos homens de renda e ao prestígio do
estamento político, que maneja o poder do alto e de cima, sem consultar-lhe as preferências nem lhe pedir orientação e
conselho. Atente-se: a classe lucrativa tem conduta adversa ao estilo de vida da camada dirigente, não obstante a
explore, e viva, em grande parte, de seus favores, numa espécie de capitalismo político, dependente e subordinado ao
Estado.
Raymundo Faoro. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1974, p. 225-7
(com adaptações).
Com referência ao texto, julgue o próximo item.
A colocação do pronome em “embriagou-se”, “Elevava-se”, ‘Já se vê’ e “que se identificaria” está de acordo com a
variedade formal culta da língua portuguesa e deve-se a razões fonético-sintáticas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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A palavra violência frequentemente (1) nos remete a crimes como assassinato, estupro, roubo e lesão corporal, ou
mesmo a guerras e terrorismo. Pensamos que violência e crime violento são a mesma coisa e não levamos em conta
que nem toda violência é considerada crime.
A sociedade, para reafirmar seus valores e se manter, pune as transgressões, com a intenção de que a punição aplicada
ao transgressor seja útil para que os demais indivíduos não sigam o mau exemplo, tendo em vista as consequências.
Nesse caso, considera-se crime a transgressão de regras socialmente preestabelecidas, que variam de acordo com a
sociedade e o contexto histórico.
Lançadas com o intuito de encontrar respostas para as possíveis causas da violência, hipóteses clássicas na sociologia
do crime acabaram por defender a tese de associação entre o aumento nos índices de criminalidade e a pobreza. Essa
associação sustenta a premissa de que o crime seja combatido e punido com maior rigor e frequência nas classes
economicamente mais desfavorecidas, em contraposição à tolerância e à impunidade de crimes cometidos tipicamente
ou ocasionalmente por indivíduos detentores de poder.
O mito da criminalidade associada à pobreza cria estereótipos, marginaliza e criminaliza a pobreza — que, em si, é uma
violência. Rotula os que são tidos como pobres e faz uma proporção extremamente grande da população ser
prejulgada por atos ilícitos praticados por uma minoria.
A violência nas cidades deve ser vista sob duas vias. Um tipo de violência é a dos crimes praticados nas ruas,
principalmente nas grandes cidades, que pode atingir qualquer pessoa. O segundo tipo é a violência praticada pela
própria cidade, que massacra os pobres, marginalizando e criminalizando esses cidadãos. Enquanto se diz que os
pobres da cidade são violentos, a atenção da violência que eles sofrem é invertida. A violência contra quem mora
próximo de condomínios de luxo e mansões fortificadas, sem ter acesso a bens básicos para garantir razoáveis
condições de vida, é esquecida.
Geélison Ferreira da Silva. Considerações sobre criminalidade: marginalização, medo e mitos no Brasil. In: Revista
Brasileira de Segurança Pública. ano 5, 8.ª ed. São Paulo, fev. – mar./2011, p. 91-102 (com adaptações)
No que se refere aos sentidos e às propriedades linguísticas do texto, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto
A independência literária, que tanto se buscara, só com este livro foi selada. Independência que não significa, nem
poderia significar, autossuficiência, e sim o estado de maturidade intelectual e social que permite a liberdade de
concepção e expressão. Criando personagens e ambientes brasileiros — bem brasileiros —, Machado não se julgou
obrigado a fazê-los pitorescamente típicos, porque a consciência da nacionalidade, já sendo nele total, não carecia de
elementos decorativos. Aquilo que reputava indispensável ao escritor, “certo sentimento íntimo que o torne homem do
seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço”, ele o possuiu inteiramente,
com uma posse tranquila e pacífica. E por isso pôde — o primeiro entre nós — ser universal sem deixar de ser brasileiro.
Lúcia Miguel Pereira. História da literatura brasileira – Prosa de ficção – de 1870 a 1920. Rio de Janeiro: José
Olympio/INL, 1973, 3.a ed., p. 53-5 (com adaptações).
Com relação a aspectos gramaticais do texto, julgue o item que se segue.
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A retirada do pronome oblíquo na oração “ele o possuiu inteiramente” preservaria a correção gramatical e o sentido
original do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CG1A01BBB
Não são muitas(d) as experiências exitosas de políticas públicas de redução de homicídios no Brasil nos últimos vinte
anos, e poucas são aquelas que tiveram continuidade. O Pacto pela Vida, política de segurança pública implantada no
estado de Pernambuco em 2007, é identificado como uma política pública exitosa.
O Pacto Pela Vida é um programa do governo do estado de Pernambuco que visa à redução da criminalidade e ao
controle da violência. A decisão ou vontade política de eleger a segurança pública como prioridade é o primeiro marco
que se deve destacar quando(e) se pensa em recuperar a memória dessa política, sobretudo quando se considera o
fato de que o tema da segurança pública, no Brasil, tem sido historicamente(a) negligenciado. Muitas autoridades
públicas não só evitam associar-se ao assunto como também o tratam de modo(b) simplista, como uma questão que
diz respeito apenas à polícia.
O Pacto pela Vida, entendido como um grande concerto de ações com o objetivo de reduzir a violência e, em especial,
os crimes contra a vida, foi apresentado à sociedade no início do mês de maio de 2007. Em seu bojo, foram
estabelecidos os principais valores que orientaram a construção da política de segurança, a prioridade do combate aos
crimes violentos letais intencionais e a meta de reduzir em 12% ao ano, em Pernambuco, a taxa desses crimes.
Desse modo, definiu-se, no estado, um novo paradigma de segurança pública, que se baseou na consolidação dos
valores descritos acima (que estavam em disputa tanto do ponto de vista institucional quanto da sociedade), no
estabelecimento de prioridades básicas (como o foco na redução dos crimes contra a vida) e no intenso(c) debate com
a sociedade civil. A implementação do Pacto Pela Vida foi responsável pela diminuição de quase 40% dos homicídios no
estado entre janeiro de 2007 e junho de 2013.
José Luiz Ratton et al. O Pacto Pela Vida e a redução de homicídios em Pernambuco. Rio de Janeiro: Instituto Igarapé,
2014. Internet: <https://igarape.org.br> (com adaptações).
Assinale a opção na qual a palavra apresentada no texto CG1A01BBB classifica-se, do ponto de vista
morfossintático, como advérbio.
a) “historicamente”
b) “modo”
c) “intenso”
d) “muitas”
e) “quando”
Texto
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Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não era um
cômodo muito grande, mas dava para armar ali a minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um sofá e os
livros. Na parede da esquerda ficaria a grande e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros. Tratei de
encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre.
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara ainda
o número do prédio. Tanto que, quando seu Joaquim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-me onde seria
entregue a estante, tive um momento de hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o prédio do Mário é
228, o meu, que fica quase em frente, deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela primeira vez, observara que,
apesar de ficar em frente ao do Mário, havia uma diferença na numeração.
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim desenhou o endereço na nota.
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações).
Seria mantida a correção do texto caso o trecho “onde caberiam” fosse substituído por que caberia.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB5A1BBB
A partir do momento em que o Estado passa a cobrar tributos de seus cidadãos, amealhando para si parte da riqueza
nacional, surge a necessidade de destinação de tais quantias à realização das necessidades públicas, pois, não visando
ao lucro, o Estado não pode cobrar mais do que os dispêndios que lhe são imputados. Na chamada atividade financeira
do Estado, sua principal ferramenta é o orçamento público, pois nele constam as decisões políticas tomadas pelo
administrador com o objetivo de satisfação dos interesses coletivos.
Muito mais do que um mero documento de estimação e fixação das receitas e despesas, o orçamento, conforme o
texto constitucional vigente, constitui um verdadeiro sistema integrado de planejamento, de sorte que, constituindo
um verdadeiro orçamento-programa, o orçamento público passa a constituir etapas do planejamento de
desenvolvimento econômico e social, isto é, passa a ser conteúdo dos planos e programas nacionais, regionais e
setoriais, que devem ser compatibilizados com o plano plurianual.
Extrapolando-se os limites da simples teoria clássica do orçamento, pode-se dizer que o orçamento, em sua feição
atual, não deve ser compreendido unicamente como a simples autorização de gastos do Poder Executivo pelo Poder
Legislativo. Não se pode olvidar que, a partir do momento em que houve a limitação das antigas monarquias
absolutistas, o rei passou a necessitar de autorização de seus vassalos para a realização dos gastos da coroa — como
preceituado, por exemplo, na Magna Charta Libertatum, de 1215, e na Petition of Rights, de 1628. Também não se
deve desconsiderar que a revolução orçamentária deveu-se, em grande parte, à idealização do Estado liberal burguês,
que emana, segundo especialistas da área, de razões políticas, e não financeiras.
Conquanto esses fatos tenham contribuído para a formação do orçamento em sua tessitura tradicional, é preciso, hoje,
refletir sobre a real natureza da lei orçamentária atual, se autorizativa ou impositiva.
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César Augusto Carra. O orçamento impositivo aos estados e aos municípios. Internet: <libano.tce.mg.gov.br> (com
adaptações).
Julgue o item seguinte, com relação aos aspectos linguísticos do texto CB5A1BBB.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB1A1AAA
O tenente Antônio de Souza era um desses moços que se gabam de não crer em nada, que zombam das coisas mais
sérias e que riem dos santos e dos milagres. Costumava dizer que isso de almas do outro mundo era uma grande
mentira, que só os tolos temem a lobisomem e feiticeiras. Jurava ser capaz de dormir uma noite inteira dentro do
cemitério.
Eu não lhe podia ouvir tais leviandades em coisas medonhas e graves sem que o meu coração se apertasse, e um
calafrio me corresse a espinha. Quando a gente se habitua a venerar os decretos da Providência, sob qualquer forma
que se manifestem, quando a gente chega à idade avançada em que a lição da experiência demonstra a verdade do que
os avós viram e contaram, custa ouvir com paciência os sarcasmos com que os moços tentam ridicularizar as mais
respeitáveis tradições, levados por uma vaidade tola, pelo desejo de parecerem espíritos fortes, como dizia o Dr.
Rebelo. Peço sempre a Deus que me livre de semelhante tentação. Acredito no que vejo e no que me contam pessoas
fidedignas, por mais extraordinário que pareça. Sei que o poder do Criador é infinito e a arte do inimigo, vária.
Mas o tenente Souza pensava de modo contrário!
Apontava à lua com o dedo, deixava-se ficar deitado quando passava um enterro, não se benzia ouvindo o canto da
mortalha, dormia sem camisa, ria-se do trovão! Alardeava o ardente desejo de encontrar um curupira, um lobisomem
ou uma feiticeira. Ficava impassível vendo cair uma estrela, e achava graça ao canto agoureiro do acauã, que tantas
desgraças ocasiona. Enfim, ao encontrar um agouro, sorria e passava tranquilamente sem tirar da boca o seu cachimbo
de verdadeira espuma do mar.
Inglês de Sousa. A feiticeira. São Paulo:
Julgue o item que se segue, referente aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA.
Haveria prejuízo da correção gramatical do texto caso a partícula “se”, no trecho “Quando a gente se habitua a venerar
os decretos da Providência”, fosse deslocada para imediatamente após a forma verbal “habitua”, escrevendo-
se habitua-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB5A1AAA
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Aula 2: Classes de Palavras
Tratando-se do dever de prestar contas anuais, cabe, inicialmente, verificar como tal obrigação está preceituada no
ordenamento jurídico. A Constituição Federal prevê que cabe ao presidente prestar contas anualmente ao Poder
Legislativo. Por simetria, tal obrigação estende-se ao governador do estado e aos prefeitos municipais.
O dever anual de prestar contas é da pessoa física. Assim sendo, no nível municipal, esse dever é do prefeito, que, nesse
caso, age em nome próprio, e não em nome do município. Tal obrigação se dá em virtude de força da lei. O povo, que
outorgou mandato ao prefeito para gerir seus recursos, exige do prefeito — por meio de norma editada pelos seus
representantes — a prestação de contas. Sendo tal prestação obrigação personalíssima, não se pode admitir que seja
executada por meio de pessoa interposta. Isso quer dizer que o tribunal de contas deve recusar, por exemplo, a
prestação de contas apresentada por uma prefeitura referente à obrigação de um ex-prefeito. Quer dizer também que
o ex-prefeito continua sujeito a todas as sanções previstas para aqueles que não prestam contas.
Por essa razão, é necessário que haja a separação das contas — que devem, inclusive, ser processadas em autos
distintos — quando ocorrer de o cargo de prefeito ser ocupado por mais de uma pessoa durante o exercício financeiro.
Nesse caso, cada um será responsável pelo período em que ocupou o cargo.
Ailana Sá Sereno Furtado. O dever de prestar contas dos prefeitos. Internet: < https://jus.com.br> (com adaptações).
Julgue o item que se segue, a respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto CB5A1AAA.
A correção gramatical do texto seria mantida caso a partícula “se” fosse empregada imediatamente após a forma verbal
“pode” — escrevendo-se da seguinte forma: pode-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa, de inquérito policial, e uma fase
jurisdicional, de ação penal. Assim, nada mais é o inquérito policial que um procedimento administrativo destinado a
reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria. Em outras palavras, o
inquérito policial é um procedimento policial que tem por finalidade construir um lastro probatório mínimo, ensejando
justa causa para que o titular da ação penal possa formar seu convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação
penal cabível. Nessa linha, percebe-se que o destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público, nos casos
de ação penal pública, e o ofendido, nos casos de ação penal privada.
De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal possa, enfim, ajuizá-la, é necessário que
haja justa causa. A justa causa, identificada por parte da doutrina como uma condição da ação autônoma, consiste na
obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a
existir fundada suspeita acerca da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é imprescindível que haja provas
acerca da possível existência de um fato criminoso e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse fato.
Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coletadas as informações e as provas
que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É com base nos elementos apurados
no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia,
encerrando a fase administrativa da persecução penal.
Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal.
Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).
Julgue o item que se segue, a respeito das estruturas linguísticas do texto.
Em “Evidencia-se”, o pronome “se” pode, facultativa e corretamente, ser tanto posposto — como aí foi empregado —
quanto anteposto à forma verbal — Se evidencia.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Aula 2: Classes de Palavras
Um estudo da Universidade da Califórnia, em Davis – EUA, mostra que a curiosidade é importante no aprendizado.
Imagens dos cérebros de universitários revelaram que ela estimula a atividade cerebral do hormônio dopamina, que
parece fortalecer a memória das pessoas. A dopamina está ligada à sensação de recompensa, o que sugere que a
curiosidade estimula os mesmos circuitos neurais ativados por uma guloseima ou uma droga. Na média, os alunos
testados deram 35 respostas corretas a 50 perguntas acerca de temas que os deixavam curiosos e 27 de 50 questões
sobre assuntos que não os atraíam. Estimular a curiosidade ajuda a aprender.
Planeta, dez/2014, p. 14 (com adaptações).
A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item subsecutivo.
Em um uso mais formal da língua, as regras de colocação pronominal do padrão culto permitem que o pronome átono
em “que não os atraíam” (l.5) seja também utilizado depois do verbo, sob a forma de nos, ligada ao verbo por um hífen.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Os juízes que se deparam com o tema dos conflitos familiares e da violência doméstica assistem a situações de violência
extrema, marcadas pelo abuso das relações de afeto e parentesco, pela deslealdade nas relações íntimas de afeto e
confiança. A violência doméstica exclui e segrega os integrantes da família, pois as vítimas são muitas vezes
consideradas responsáveis pelas agressões que sofrem. É a mulher agredida quem “gosta de apanhar”, é a criança
espancada quem “provoca” os pais. Obviamente os membros da família ficam apavorados diante da possibilidade da
agressão e da exclusão e temem pela própria vida quando dependem da família para sobreviver emocional ou
materialmente. Assim, todos são atingidos pela agressão a um deles dirigida.
Importa destacar que a violência intrafamiliar pode se dar tanto de forma omissiva, pela ausência de cuidados
necessários ao desenvolvimento do indivíduo, de alimentação regular e abrigo, quanto comissiva, pela prática de atos
que violam a liberdade e a integridade física e psíquica da vítima, agressões físicas ou verbais. Esses atos são capazes de
gerar sentimento de insegurança nos membros da família. No âmbito doméstico, as agressões decorrem da vontade de
dominar e subjugar o mais fraco, da luta por poder dentro de casa. A
maior parte dos ataques tem motivos banais, como o espancamento de mulheres que se recusam a preparar o almoço
ou a esquentar a comida dos companheiros, ou, como no caso das crianças, o choro excessivo.
O processo judicial restaura a verdade dos fatos. O agressor é sentado no banco dos réus e é tratado como tal. A vítima
tem o direito de expor a dor, o sofrimento e exigir a reparação devida. Muitas vezes não se persegue o encarceramento
do agressor, mas apenas a responsabilização pelos atos, de natureza cível ou criminal. O juiz observa as partes com os
olhos da lei, da equidade, da justiça. A justiça analisa tais casos dia após dia, noite após noite, e os diversos agentes
envolvidos no amparo e proteção às vítimas desenvolvem sensibilidade especial para o tema. E, movidos pela empatia
com os mais fracos nas relações sociais e familiares, buscam ajudar a restabelecer a linguagem de respeito entre os
membros da comunidade familiar, propiciando o resgate dos sentimentos que a mantêm coesa e saudável.
Theresa Karina de Figueiredo Gaudêncio Barbosa. Paz em casa. In: Correio Braziliense, 26/2/2015 (com adaptações).
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Em “que a mantêm coesa e saudável”, o deslocamento do pronome “a” para logo após a forma verbal “mantêm”
prejudicaria a correção gramatical do período.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto III
A UnB investe em ideias e projetos comprometidos com a crítica social e a reflexão. Muitas dessas experiências têm
fomentado o debate nacional de temas polêmicos da realidade brasileira, das quais uma foi a criação, em 2003, de
cotas no vestibular para inserir negros e indígenas na universidade e ajudar a corrigir séculos de exclusão racial. A
medida foi polêmica, mas a UnB — a primeira universidade federal a adotar o sistema — buscou assumir seu papel na
luta por um projeto de combate ao racismo e à exclusão.
Outra inovação é o Programa de Avaliação Seriada (PAS), criado como alternativa ao vestibular, em que candidatos
são avaliados em provas aplicadas ao término de cada uma das séries do ensino médio. A intenção é a de estimular as
escolas a preparar melhor o aluno, com conteúdos mais densos desde o primeiro ano do ensino médio. Em treze anos
de criação, mais de oitenta mil estudantes participaram desse processo seletivo, dos quais 13.402 tornaram-se calouros
da UnB.
Internet: < www.unb.br> (com adaptações).
Julgue o item que se segue com relação às ideias e estruturas linguísticas do texto III.
Na linha 5, o pronome relativo “que” refere-se a “vestibular”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O Programa de Responsabilidade Socioambiental Viver Direito do TJDFT foi instituído por meio da Portaria GPR n.º
1.313/2012. As bases do Programa Viver Direito, seus objetivos e sua meta permanente são apresentados,
respectivamente, nos artigos 1.º, 2.º e 3.º da referida portaria, os quais são transcritos abaixo:
Art. 1.º Reeditar o Programa de Responsabilidade Socioambiental do TJDFT Viver Direito, cuja base é a Agenda
Socioambiental do TJDFT que, em permanente revisão, estabelece novas ações sociais e ambientais e as integra às
existentes no âmbito do Poder Judiciário do Distrito Federal e Territórios, visando à preservação e à recuperação do
meio ambiente, por meio de ações sociais sustentáveis, a fim de torná-lo e mantê-lo ambientalmente correto,
socialmente justo e economicamente viável.
Art. 2.º O Programa de Responsabilidade Socioambiental Viver Direito objetiva indicar e programar ações bem como
sensibilizar os públicos interno e externo quanto ao exercício dos direitos sociais, à gestão adequada dos resíduos
gerados pelo órgão, ao combate a todas as formas de desperdício dos recursos naturais e à inclusão de critérios
socioambientais nos investimentos, nas construções, nas compras e nas contratações de serviços da instituição.
Art. 3.º Define-se como meta permanente do Viver Direito a gestão ambientalmente saudável, caracterizada pela
adoção de práticas ecologicamente eficientes, que visem poupar matéria-prima, água e energia, bem como enfatizem a
reciclagem de resíduos e a promoção da cidadania e da paz social, com base no desenvolvimento do ser humano e na
preservação da vida.
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Na linha 4, o antecedente do pronome relativo “cuja” é “base”, o que justifica o emprego do feminino singular nesse
pronome.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A sensatez me absurda.
(E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso porque não encontrava um título para os seus poemas.
Um título que harmonizasse os seus conflitos. Até que apareceu Flores do mal. A beleza e a dor. Essa antítese o
acalmou.)
As antíteses congraçam.
Manoel de Barros. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 49.
As palavras “inconexo” e “absurda” foram formadas pelo mesmo processo de derivação, que resulta em mudança de
categoria gramatical de um vocábulo, sem que haja alteração morfológica.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Nestes quatrocentos anos de colonização literária, recebemos a influência de muitos países. Sempre tentamos
reproduzir, com todas as minudências, a língua, as ideias, a vida de outras terras. Não sei donde vem esse medo que
temos de sermos nós mesmos. Queremos que nos tomem por outros.
(...)
Na literatura de ficção é que a falta de caráter dos brasileiros se revelou escandalosamente. Em geral, os nossos
escritores mostraram uma admirável ignorância das coisas que estavam perto deles. Tivemos caboclos brutos
semelhantes aos heróis cristãos e bem-falantes em excesso. Os patriotas do século passado, em vez de estudar os
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índios, estudaram tupi nos livros e leram Walter Scott. Tivemos damas das camélias em segunda mão. Tivemos
paisagens inúteis em linguagem campanuda, pores do sol difíceis, queimadas enormes, secas cheias de adjetivos. José
Veríssimo construiu um candeeiro em não sei quantas páginas.
Muito pouco — rios, poentes cor de sangue, incêndios, candeeiros.
Os ficcionistas indígenas engancharam-se regularmente na pintura dos caracteres. Não mostraram os personagens por
dentro: apresentaram o exterior deles, os olhos, os cabelos, os sapatos, o número de botões. Insistiram em pormenores
desnecessários, e as figuras ficaram paradas.
Os diálogos antigos eram uma lástima. Em certos romances, os indivíduos emudeciam, em outros,
falavam bonito demais, empregavam linguagem de discurso. Dois estrangeiros, perdidos nas brenhas, discutiam
política, sociologia, trapalhadas com pedantismo horrível, que se estiravam por muitas dezenas de folhas. Via-se
perfeitamente que o autor nunca tinha ouvido nada semelhante ao palavrório dos seus homens.
Felizmente, vamo-nos afastando dessa absurda contrafação de literaturas estranhas. Os romancistas atuais
compreenderam que, para a execução de obra razoável, não bastam retalhos de coisas velhas e novas importadas da
França, da Inglaterra e da Rússia.
(...)
O que é certo é que o romance do Nordeste existe e vai para diante. As livrarias estão cheias de nomes novos. Não é
razoável pensarmos que toda essa gente escreva porque um dia o Sr. José Américo publicou um livro que foi notado
com espanto no Rio:
— Um romance do Nordeste! Que coisa extraordinária!
Graciliano Ramos. In: Thiago Mio Salla (Org.). Garranchos/Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 138-9
(com adaptações).
Julgue (C ou E) o próximo item, relativo a aspectos gramaticais do texto de Graciliano Ramos.
Os termos “escandalosamente” e “bonito” exercem, nas orações a que pertencem, a mesma função sintática.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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de marasmos e destroços.
Antonio Carlos Secchin. Autoria. In: Todos os ventos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002, p. 61-2.
No verso “num Antônio antônimo de mim”, o poeta explora o fato de que tanto “Antônio” quanto “antônimo”
compartilham a mesma raiz etimológica, que indica oposição, como em antissemita e antialérgico.
( ) CERTO ( ) ERRADO
De acordo com uma lista da International Union for the Conservation of Nature, o Brasil é o país com o maior número
de espécies de aves ameaçadas de extinção, com um total de 123 espécies sofrendo risco real de desaparecer da
natureza em um futuro não tão distante. A Mata Atlântica concentra cerca de 80% de todas as aves ameaçadas no
país, fato que resulta de muitos anos de exploração e desmatamentos. Atualmente, restam apenas cerca de 10% da
floresta original, não sendo homogênea essa proporção de floresta remanescente ao longo de toda a Mata Atlântica. A
situação é mais séria na região Nordeste, especialmente nos estados de Alagoas e Pernambuco, onde a maior parte da
floresta original foi substituída por plantações de cana-de-açúcar. É nessa região que ainda podem ser encontrados os
últimos exemplares das aves mais raras em todo o país, como o criticamente ameaçado limpa-folha-do-nordeste
(Philydor novaesi). Essa pequena ave de dezoito centímetros vive no estrato médio e dossel de florestas bem
conservadas e ricas em bromélias, onde procura artrópodes dos quais se alimenta. Atualmente, as duas únicas
localidades onde a espécie pode ser encontrada são a Estação Ecológica de Murici, em Alagoas, e a Serra do Urubu, em
Pernambuco.
Pedro F. Develey et al. O Brasil e suas aves. In: Scientific American Brasil, 2013 (com adaptações).
Julgue o item seguinte, relativo às ideias e aos aspectos estruturais do texto acima.
Nas sequências “toda a Mata Atlântica” e “todo o país”, os artigos definidos “a” e “o” são opcionais, podendo ser
suprimidos sem que haja prejuízo à correção gramatical e à significação dos períodos de que fazem parte.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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Vista do avião, a cidade de edifícios arrojados lembra Dubai, só que insulada na estepe verde. Desde 1997, quando o
presidente Nursultan Nazarbayev transferiu a capital de Almaty, maior centro urbano do país, para Astana, no norte, a
cidade não para de receber investidores e arquitetos famosos, atraídos pelas receitas de petróleo do
Cazaquistão. Oficialmente, o presidente Nazarbayev justificou a mudança alegando o risco permanente de terremoto
em Almaty e a falta de espaço para crescimento. Contudo, também queria integrar o norte habitado por russos à
maioria cazaque. Hoje, a população de Astana é 65% de origem cazaque, 23% russa, 3% ucraniana, 1,7% tártara e 1,5%
alemã. A nova capital é a fronteira de expansão econômica do país, irresistível para os jovens.
Brasília asiática. In: Planeta, fev./2014 (com adaptações).
Julgue o próximo item, referente às ideias e aos aspectos linguísticos do texto acima.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Na Vila Telebrasília, onde mora, poucos conhecem Abiesel Alves Cavalcanti pelo nome completo. Lá ele é Bisa, o
pescador. Há 35 anos, o pernambucano veio atrás do progresso na capital. Acompanhado pelo irmão, trouxe algumas
roupas e a tarrafa, sua ferramenta de trabalho. “Eu falei para o mano: se lá tem água, tem peixe. De fome a gente não
morre”, lembra Bisa. O Lago Paranoá alimentou toda a sua família, composta de mulher e dez filhos. No começo,
quando a pesca com tarrafa era proibida, Bisa saía na madrugada em uma canoa e trabalhava escondido. Depois,
quando a captura com malha foi autorizada, ele se destacou entre os colegas. Chegava a voltar com até 300 quilos de
peixe na embarcação. Hoje, o lago já não é tão abundante quanto há uma década e meia, mas ele ainda chega com o
barco cheio. Entre tilápias, tucunarés, carpas e traíras, soma 250 quilos de peixe por semana e perto de dois mil reais
por mês. Bisa rema quase sete horas para chegar até a altura da Ermida Dom Bosco e, às vezes, dorme na mata e
retorna para casa só na manhã seguinte. “É uma vida de muito trabalho, mas necessidade eu nunca passei”, diz o
pescador.
Lilian Tahan. Vivendo de pescaria. In: Veja Brasília, 2/10/2013 (com adaptações).
Na oração “ele se destacou entre os colegas” (l.5), é obrigatório o uso do pronome “se” em posição pré-verbal, devido
ao fator atrativo exercido pelo elemento que o antecede
( ) CERTO ( ) ERRADO
Permanece inquietante a questão de formar a criança e o jovem para valores que ainda constituem o ideal do nosso tão
sofrido bípede implume. O malogro da educação liberal-capitalista nos aflige como, em outro contexto, nos teria
afligido um projeto de educação totalitária. Esta impõe, mediante a violência do Estado, a passividade inerme do
cidadão, ao qual só resta obedecer aos ditames do partido dominante. Conhecemos o que foi a barbárie nazifascista, a
barbárie stalinista, a barbárie maoísta. De outra natureza é a barbárie que vivemos no aqui-e-agora do consumismo
irresponsável, dos lobbies farmacêuticos, do desrespeito ao ambiente, das violações dos direitos humanos
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fundamentais, da imprensa facciosa e venal, dos partidos de aluguel, da intolerância ideológica dos grupelhos, da
arrogância dos formadores de opinião espalhados pela mídia e pelas universidades.
Um plano oficial de educação pouco poderia fazer para alterar esse iminente risco de desintegração que afeta a
sociedade civil, atingindo classes e estamentos diversos; mas que ao menos se faça esse pouco!
Alfredo Bosi. A valorização dos docentes é a única forma de construir uma escola eficiente. Chega de proletários do
giz. In: Carta Capital. Ano XIX, n.º 781, p. 29 (com adaptações).
Acerca das ideias desenvolvidas no texto acima e das estruturas linguísticas nele empregadas, julgue o item.
No trecho “nos teria afligido um projeto de educação totalitária”, o pronome “nos” poderia ser corretamente
empregado imediatamente após a forma verbal “teria”, escrevendo-se teria-nos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
No dia da primeira exibição pública de cinema — 28 de dezembro de 1895, em Paris —, um homem de teatro que
trabalhava com mágicas, Georges Mélies, foi falar com Lumière, um dos inventores do cinema; queria adquirir um
aparelho, e Lumière desencorajou-o, dizendo-lhe que o cinematógrafo não tinha o menor futuro como espetáculo, era
um instrumento científico para reproduzir o movimento e só poderia servir para pesquisas. Mesmo que o público, no
início, se divertisse com ele, seria uma novidade de vida breve, logo cansaria. Lumière enganou-se.
Naquele 28 de dezembro, o que apareceu na tela do Grand Café? Uns filmes curtinhos, filmados com a câmara parada,
em preto e branco e sem som. Um em especial emocionou o público: a vista de um trem chegando à estação, filmada
de tal forma que a locomotiva vinha de longe e enchia a tela, como se fosse projetar-se sobre a plateia.
A novidade não consistia em ver na tela um trem em movimento. Todos os espectadores sabiam que não havia nenhum
trem verdadeiro na tela, logo não havia por que assustar-se. A imagem na tela era em preto e branco e não fazia ruídos;
portanto, não podia haver dúvida, não se tratava de um trem de verdade. Só podia ser uma ilusão. A novidade residia
aí: na ilusão.
Jean Claude Bernadet. O que é cinema? Internet: <http://pt.scribd.com> (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua
experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa
própria — o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem
bater. Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o avesso do
causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida.
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Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento
realista — que Oscar tem — de seu valor profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores
verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a perder, é preciso construir a beleza e a
felicidade no mundo, por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário.
Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do
Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes
da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita
intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi
dado para viver.
Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar Niemeyer,
velho e querido amigo, como não me emocionar?
Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, p. 134-5 (com adaptações).
O emprego de adjetivos no grau superlativo absoluto, como “mais emocionantes”, “mais antiautopromocionais”, “tão
frágil e precário”, produz o efeito de exaltação da superioridade dos atributos técnico e criativo de Oscar Niemeyer em
relação a outros brasileiros notáveis.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Não é preciso muito esforço para notar de que é feito o cotidiano de um indivíduo brasileiro socioeconomicamente
privilegiado. Os assuntos da vida privada são, de longe, os que dominam qualquer outro tipo de preocupação. No
entanto, o cuidado excessivo com o bem-estar não apenas realimenta a cultura do alheamento como reduplica-se em
irresponsabilidade para consigo. A rede de atendimento aos “famintos de felicidade” tornou-se um negócio rendoso, e
os usuários, para mantê-la, exigem mais exploração dos que já são superexplorados. Quem vive permanentemente na
infelicidade não pode olhar o outro como alguém com quem possa ou deva preocupar-se. O sentimento íntimo de
quem padece é de que o mundo lhe deve alguma coisa, e não de que ele deva qualquer coisa ao mundo. O “comércio
de felicidade” é orquestrado de tal modo que o sentimento de deficiência, escassez ou privação pede sempre mais
dinheiro e mais atenção para consigo, como meio de evitar a presença avassaladora das frustrações emocionais.
Jurandir Freire. A ética democrática e seus inimigos – o lado privado da violência pública. In: Ari Roitman (Org).
O desafio ético, 2000, p. 83-4 (com adaptações).
Com base nas ideias e estruturas do texto acima, julgue o item a seguir.
Em “de longe”, a substituição da preposição por ao mantém o respeito às regras gramaticais, mas altera as relações de
significação no período sintático.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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unicamente nessa perspectiva, pode-se supor que a sociedade tecnológica seria caracterizada por um contexto no qual
o trabalho passaria a ser uma necessidade exclusiva da classe trabalhadora. O capital, podendo optar por um
investimento de porte em automação, em informática e em tecnologia de ponta, cada vez mais barata e acessível, não
mais teria seu funcionamento embasado exclusivamente na exploração dos trabalhadores, cada vez mais exigentes
quanto ao valor de sua força de trabalho. Embora não se possa falar de supressão do trabalho assalariado, a verdade é
que a posição do trabalhador se enfraquece, tendo em vista que o trabalho humano tende a tornar-se cada vez menos
necessário para o funcionamento do sistema produtivo.
Gilberto Lacerda Santos. Formação para o trabalho e alfabetização informática. In: Linhas Críticas, v. 6, n.º 11,
jul/dez, 2000 (com adaptações).
Julgue o seguinte item a respeito das ideias e da organização do texto acima.
Devido às relações de sentido entre as palavras do texto é correta a substituição do pronome "cuja" pela
preposição de para expressar noção de posse entre "avanço tecnológico" e "projeção futura".
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto.
Crítico severo da venalidade oficial, Padre Vieira, consultado por dom João IV sobre a conveniência de haver no
Maranhão e Grão-Pará dois capitães-mores, disparou em resposta: “Digo que menos mal será um ladrão que dois; e
que mais dificultoso será de achar dois homens de bem que um”. Nos sermões tampouco deixava de denunciar a
corrupção: “Se o que elegestes furta (não o ponhamos em condicional, porque claro está que há de furtar), furta o que
elegestes, e furta por si e por todos os seus”. Uma autoridade, afirmava, jamais devia ser empossada em lugar “onde se
aproveite e nos arruíne; onde se enriqueça a si e deixe pobre o Estado”.
Emanuel Araújo. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José
Olympio,1977, 2.ª ed., p. 291 (com adaptações).
A partir das ideias e de aspectos morfossintáticos do texto, julgue o seguinte item.
Nos substantivos compostos, ambos os elementos tomam a forma de plural quando constituídos de dois substantivos.
Desse modo, obedecem à mesma norma os compostos: obra-prima, salvo-conduto, abaixo-assinado, tenente-
coronel.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Questões Comentadas
Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas classes
romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo Império Romano.
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Foi o latim popular, falado pelas tropas invasoras que fez esse papel. Essa variante vulgar sobrepôs-se às línguas dos
povos dominados e com elas caldeou-se, dando origem aos dialetos que viriam a se chamar genericamente de
romanços ou romances (do latim romanice, isto é, à moda dos romanos).
No século V d.C., o Império Romano ruiu e os romanços passaram a diferenciar-se cada vez mais, dando origem às
chamadas línguas neolatinas ou românicas: francês, provençal, espanhol, português, catalão, romeno, rético, sardo
etc.
Séculos mais tarde, Portugal fundou-se como nação, ao mesmo tempo em que o português ganhou seu estatuto de
língua, da seguinte forma: enquanto Portugal estabelecia as suas fronteiras no século XIII, o galego-português
patenteava-se em forma literária.
Cerca de três séculos depois, Portugal lançou-se em uma expansão de conquistas que, à imagem do que Roma fizera,
levou a língua portuguesa a remotas regiões: Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cingapura, Índia e Brasil, para citar
uns poucos exemplos em três continentes.
Muito mais tarde, essas colônias tornaram-se independentes — o Brasil no século XIX, as demais no século XX —, mas a
língua de comunicação foi mantida e é hoje oficial em oito nações independentes: Brasil, Portugal, Angola,
Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Instituto Antônio Houaiss. José Carlos de Azevedo (Coord.). Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 16-7 (com adaptações).
A expressão “esse papel” (R.6) refere-se à penetração do latim “na Península Ibérica e nos demais espaços
conquistados pelo Império Romano” (R. 3 a 5).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas classes
romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo Império Romano.
Foi o latim popular, falado pelas tropas invasoras, que fez esse papel.
O pronome demonstrativo “esse” atua como anafórico, ou seja, ele retoma termos já citados no texto.
Por meio da leitura, é possível estabelecer a associação entre “esse papel” com “penetrou na Península Ibérica e nos
demais espaços conquistados pelo Império Romano”.
O item está CERTO, portanto
Resposta: CERTO
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com
os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já
que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de
nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e
alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em
desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
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Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a
seguir.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se substituísse, na linha 9, “de que” por os quais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Analisemos o trecho:
A forma “de que” consiste na união da preposição “de” – requerida pela regência da forma verbal “dispomos”
(dispomos de algo) – com o pronome relativo “que” – que retoma o termo anterior “elementos”.
Até podemos substituir o relativo “que” pelo também relativo “os quais”, mas precisamos manter a preposição “de”
posicionada antes do pronome, pois é uma exigência da regência do verbo “dispor”.
Dessa forma, seria correta a seguinte redação: Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos dos quais disponho...
Resposta: CERTO
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com
os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já
que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de
nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e
alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em
desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a
seguir.
A oração “que inspiraram tais cartas” (R. 5 e 6) modifica o sentido apenas do termo “grau” (R.5).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Analisemos o trecho:
... dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas
O pronome relativo “que” possui dois referentes possíveis: ele tanto pode se referir a “grau de maluquice” como pode
se referir apenas a “maluquice”.
São duas, portanto, as possibilidades de reconstrução da subordinada adjetiva:
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ou
Dessa forma, não se pode afirmar que o relativo “que” que introduz a oração adjetiva “que inspiraram tais cartas”
esteja se referindo especificamente a “grau”.
Resposta: ERRADO
Texto CB2A1AAA
O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção? Se a regra transgredida não causa prejuízo, temos o “jeitinho” positivo
e, direi eu, ético. Por exemplo: estou na fila; chega uma pessoa precisando pagar sua conta que vence naquele dia e
pede para passar na frente. Não há o que reclamar dessa forma de “jeitinho”.
A questão sociológica que o “jeitinho” apresenta, porém, é outra. Ela mostra uma relação ruim com a lei geral, com a
norma desenhada para todos os cidadãos, com o pressuposto de que essa regra universal produz legalidade e
cidadania. Eu pago meus impostos integralmente e, por isso, posso exigir dos funcionários públicos do meu país.
Agora, se eu dou um jeito nos meus impostos porque o delegado da receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal
“vista grossa”, aí temos o “jeitinho” virando corrupção. O “jeitinho” se confunde com corrupção e é transgressão,
porque desiguala o que deveria ser obrigatoriamente tratado com igualdade. O que nos enlouquece hoje no Brasil não
é a existência do jeitinho como ponte negativa entre a lei e a pessoa especial que dela se livra, mas sim a persistência de
um estilo de lidar com a lei, marcadamente aristocrático, que, de certa forma, induz o chefe, o diretor, o dono, o
patrão, o governador, o presidente a passar por cima da lei. A mídia tem um papel básico na discussão desses casos de
amortecimento, esquecimento e “jeitinho”, porque ela ajuda a politizar o velho hábito que insiste em situar certos
cargos e as pessoas que os empossam como acima da lei, do mesmo modo e pela mesma lógica de hierarquias que
colocam certas pessoas (negros, pobres e mulheres) implacavelmente debaixo da lei.
Roberto da Matta. O jeitinho brasileiro. Internet: <https://maniadehistoria.wordpress.com> (com adaptações).
O emprego da ênclise em “se livra” e “os empossam” se explica pela mesma regra.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Não se empregou a ênclise, e sim a próclise. O item quer nitidamente enganar o aluno, tentando distraí-lo.
Resposta: ERRADO
Texto
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A atividade de busca por dados e informações e a interpretação de seu significado, o que se conhece hoje por
inteligência, sempre desempenhou um papel preponderante na história da humanidade, principalmente na política
internacional, em maior ou menor grau, conforme a época.
Atualmente, como em nenhum outro período da história, crescem e se multiplicam as agências governamentais em
uma complexa rede internacional à procura de ameaças veladas ou qualquer tipo de informação considerada sensível,
em um jogo estratégico de poder e influência globais. E é esse processo de identificação de ameaças, a busca por
informações e dados, que pretende detectar intenções dissimuladas que ocultem os mais diversos interesses, o que
chamo de guerra secreta. Essa modalidade de guerra se desenvolve entre agências ou serviços secretos, em uma
corrida para ver quem chega primeiro. Trata-se do mais complexo dos conflitos, pois ocorre nas sombras, nos
bastidores do poder, identificando propagandas enganosas, desinformação, e celebrando acordos cujas partes sabem
antecipadamente que nunca serão cumpridos. Muitas das informações levantadas por agentes secretos em ações de
espionagem foram utilizadas em guerras ou mesmo serviram de pivô central para desencadear tais conflitos.
Convivemos com a guerra secreta há muito tempo, embora de forma não perceptível, e, a cada ciclo histórico, com
maior intensidade.
André Luís Woloszyn. Guerra nas sombras: os bastidores dos serviços secretos internacionais. São Paulo: Editora
Contexto, 2013, p. 7-8 (com adaptações).
A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto, julgue o item seguinte.
A próclise observada em “se multiplicam” e “se desenvolve” é opcional, de modo que o emprego da ênclise nesses dois
casos também seria correto — multiplicam-se e desenvolve-se, respectivamente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Em ambos os casos, a próclise é opcional: primeiro, os pronomes oblíquos não iniciam o período; segundo, não vêm
precedidos de palavra atrativa (que obriga a próclise).
Resposta: CERTO
Texto CG1A1AAA
Em 1988, o SUS passou a fazer parte da Constituição Federal. Nós nos tornamos o único país com mais de 100 milhões
de habitantes que ousou oferecer saúde para todos. Apesar de termos nos esquecido de onde sairiam os recursos para
tamanho desafio, dos descasos, das interferências políticas, hoje são raras as crianças sem acesso a pediatra.
Drauzio Varella. Os visionários do SUS. 14/12/2015. Internet: <https://drauziovarella.com.br> (com adaptações).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CG1A1AAA, julgue o item a seguir.
A correção gramatical do texto seria preservada caso se substituísse “nos tornamos” por tornamo-nos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho, a substituição de “nos tornamos” por” tornamo-nos” seria preservada. Nesse caso, também é possível a
ênclise, uma vez que o pronome pessoal “Nós” não é palavra atrativa (que obriga a próclise). Com o pronome enclítico,
o “s” final do verbo desaparece.
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Resposta: CERTO
Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “escândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um delito, mas
também um crime moral, uma ação intolerável que perturba a própria natureza. “Inadmissível”, “escandalosa”,
“revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando uma greve recente. Para dizer a verdade, trata-se de uma
linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua mentalidade profunda. É a época em que a burguesia, que
assumira o poder havia pouco tempo, executa uma espécie de junção entre a moral e a natureza, oferecendo a uma a
garantia da outra. Temendo-se a naturalização da moral, moraliza-se a natureza; finge-se confundir a ordem política e
a ordem natural, e decreta-se imoral tudo o que conteste as leis estruturais da sociedade que se quer defender. Para
os prefeitos de Carlos X, assim como para os leitores do Figaro de hoje, a greve constitui, em primeiro lugar, um desafio
às prescrições da razão moralizada: “fazer greve é zombar de todos nós”, isto é, mais do que infringir uma legalidade
cívica, é infringir uma legalidade “natural”, atentar contra o bom senso, misto de moral e lógica, fundamento filosófico
da sociedade burguesa.
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda precisamente
aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta, mecânica, essa causalidade é
perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-lhe, o que é intolerável e chocante. Ao
contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa classe tem uma concepção tirânica,
infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que professa não é de modo algum mágico, mas, sim,
racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear, estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência
numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções
complexas, a imaginação de um desdobramento longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os
acontecimentos, que a tradição materialista sistematizou sob o nome de totalidade.
Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e
Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do texto caso se substituísse o trecho
c) “decreta-se”por se decreta.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: A escrita “Se temendo” estaria errada porque não se inicia oração com pronome oblíquo.
ALTERNATIVA B: Na frase original, o pronome oblíquo está vinculado sintaticamente ao verbo “fingir”, gerando um
efeito apassivador: “finge-se confundir a ordem pública e a ordem política ” = “finge-se isso”.
Com a alteração proposta, teríamos “finge confundir-se a ordem pública e a ordem política”. O “se” estaria associado
ao verbo “confundir”, assumindo a função de pronome reflexivo, dando a entender que alguém finge confundir a si
mesmo.
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Além disso, há prejuízo para o paralelismo sintático entre “moraliza-se”, “finge” e “decreta-se”.
ALTERNATIVA C: Não há prejuízo gramatical ou semântico na mudança de “Decreta-se” por “Se decreta”.
ALTERNATIVA D: Na frase, o pronome oblíquo está vinculado sintaticamente ao verbo “querer” (quer), e não ao verbo
“defender”.
ALTERNATIVA E: Não há pronome oblíquo depois de verbo no futuro, por isso está errada a reescrita “poderia-se
pensar”.
Resposta: C
Surpresas fazem parte da rotina de um socorrista. Quando um chamado chega via 192, as informações nem sempre
vêm de acordo com a real situação. Às vezes, é menos grave do que se dizia. Em outras, o interlocutor — por pânico ou
desconhecimento — não dá nem conta de descrever a gravidade do caso. Quase sempre, condutores, técnicos de
enfermagem, enfermeiros e médicos saem em disparada, ambulância cortando o trânsito, sirenes ligadas, para atender
a alguém que nunca viram. Mas podem chegar à cena e encontrar um amigo. Estão preparados. O espaço para a
emoção é pequeno em um serviço que só funciona se apoiado em seu princípio maior: a técnica.
Internet: <https://especiais.zh.clicrbs.com.br>.
Considerando os aspectos linguísticos do texto precedente e as informações nele veiculadas, julgue o item.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se deslocasse a partícula “se”, em “se dizia”, para imediatamente
após a forma verbal: dizia-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Caso se deslocasse a partícula “se”, em “se dizia”, para imediatamente a forma verbal (“dizia-se”), a correção gramatical
do texto seria prejudicada, porque o pronome relativo “que” atrai o pronome oblíquo, obrigando a ocorrência da
próclise.
Resposta: CERTO
9. CESPE - AJ STJ/2018
Texto CB1A1AAA
No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade (dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social
ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de reconhecimento dos demais membros da comunidade. A partir disso,
poder-se-ia falar em uma quantificação (hierarquia.) da dignidade, o que permitia admitir a existência de pessoas mais
dignas ou menos dignas.
Frise-se que foi a partir das formulações de Cícero que a compreensão de dignidade ficou desvinculada da posição
social. O filósofo conferiu à dignidade da pessoa humana um sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos
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estão sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns prejudiquem aos outros.
No círculo de pensamento jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII, a concepção da dignidade da pessoa humana passa
por um procedimento de racionalização e secularização, mantendo-se, porém, a noção básica da igualdade de todos os
homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca-se a concepção de Emmanuel Kant de que a autonomia
ética do ser humano é o fundamento da dignidade do homem. Incensurável é a permanência da concepção kantiana
no sentido de que a dignidade da pessoa humana repudia toda e qualquer espécie de coisificação e instrumentalização
do ser humano.
Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro: Edição do
Autor, 2013, p.148-9 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item.
A correção do texto seria mantida caso o pronome “se”, em “poder-se-ia falar”, fosse deslocado para imediatamente
após a forma verbal “falar”, escrevendo-se poderia falar-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Nessa locução verbal, o pronome oblíquo pode vir também depois do infinitivo “falar”. Nesse caso, o pronome estaria
errado somente se viesse antes da forma verbal “poderia” - porque não se admite pronome depois da vírgula - ou
enclítico à forma verbal “poderia” - porque não há pronome depois de verbo no futuro.
Resposta: CERTO
Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
A correção gramatical do texto seria mantida caso o trecho “que se consubstancia” fosse alterado para que
consubstancia-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
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A correção gramatical do texto não seria mantida caso o trecho “que se consubstancia” fosse alterado para “que
consubstancia-se”. Vale lembrar que todo “QUE” é palavra atrativa. Na frase, há um “QUE” pronome relativo, sempre
motivador de próclise.
Resposta: ERRADO
As séries da TV retratam incorretamente os cientistas forenses, mostrando-os como se tivessem tempo de sobra
para todos os casos. Os programas mostram diversos detetives, técnicos e cientistas dedicando toda sua atenção a
uma investigação. Na realidade, cada cientista recebe vários casos ao mesmo tempo. A maioria dos laboratórios
acredita que o acúmulo de trabalho é o maior problema que enfrentam, e boa parte dos pedidos de aumento no
orçamento baseia-se na dificuldade de dar conta de tanto serviço.
No trecho “baseia-se na dificuldade” (R. 23 e 24), a partícula “se” poderia ser anteposta à forma verbal “baseia” sem
prejuízo da correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
... e boa parte dos pedidos de aumento no orçamento baseia-se na dificuldade de dar conta de tanto serviço.
Nada atrai o pronome oblíquo para antes do verbo (próclise). Nada também força o pronome após o verbo (ênclise).
Resposta: CERTO
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com
os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já
que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de
nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e
alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em
desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a
seguir.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso o trecho “Eis que se inicia” (R.1) fosse reescrito da seguinte
forma: Eis que inicia-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
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A palavra “Eis” é um advérbio. Segundo o Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal
Cegalla, trata-se de um advérbio que indica proximidade tanto no tempo como no espaço ou indica algo que será
citado a seguir.
Pode estar acompanhado pelo “que” expletivo, formando, assim, uma locução adverbial.
Sabendo que advérbios e locuções adverbiais atraem pronomes oblíquos para perto si – são fatores de próclise –, deve-
se posicionar o pronome “se” obrigatoriamente antes da forma verbal “inicia”.
A alteração proposta resultaria em incorreção gramatical.
Resposta: CERTO
Texto 6A1AAA
Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu imaginou, mas
venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha errado, confundido ou imaginado nunca. Errar, disse-o quem
sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à letra, que não seria verdadeiro homem
aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser utilizada como desculpa universal que a todos nos
absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução
tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do
escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e
prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da
ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou
a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter
reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele que
estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este
ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior, qualquer corrector de
livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e dia, umbilicalmente, ao banco
central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados do saber total não se tenha insinuado,
como o diabo no convento, o erro tentador.
José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6.
Com relação à variação linguística bem como aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 6A1AAA, julgue o
item.
A colocação pronominal observada no trecho “não se tenha insinuado” é frequente tanto na língua escrita, sendo
utilizada em textos literários, artigos científicos e textos oficiais, quanto na variedade padrão formal falada no Brasil,
como a utilizada em telejornais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A posição do pronome oblíquo átono proclítico ao auxiliar numa locução verbal é, sem dúvida, algo incomum na
linguagem falada. Além disso, geralmente a linguagem falada se desvia dos rigores gramaticais, o que torna estranha a
referência a “variedade padrão formal falada”.
Na língua falada, é comum posicionar o oblíquo átono entre o auxiliar e o principal.
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Resposta: ERRADO
Texto CG1A1BBB
Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado do leite
materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em nossa cultura.
O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que reconforta nervos
abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em nossa corrente sanguínea,
mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram pelo açúcar que não conseguem
receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a Antiguidade, sobretudo porque é uma doença
de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o
formigueiro. Também não escapou aos médicos de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece.
“As carnes se dissolvem na urina”, diziam os gregos.
Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre: Artes e
Ofícios, 2001 (com adaptações).
No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.
A correção gramatical do texto seria mantida caso o artigo “O” fosse substituído por A e a palavra “conhecido” fosse
flexionada no feminino — conhecida —, dada a variação de gênero característica da palavra “diabetes”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O substantivo “diabetes” tem ocorrência tanto no masculino quanto no feminino. Por essa razão, pode vir precedido
de artigo masculino ou feminino, uma vez que apresenta os dois gêneros. Na frase em análise, está correto, portanto, o
uso de “A diabetes é conhecida”. Seria correto também o uso da palavra “diabetes” no singular (a diabete).
Resposta: CERTO
Texto
O Juca era da categoria das chamadas pessoas sensíveis, dessas a que tudo lhes toca e tange. Se a gente lhe
perguntasse: “Como vais, Juca?”, ao que qualquer pessoa normal responderia “Bem, obrigado!” — com o Juca a coisa
não era assim tão simples. Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste contrabalançado por um olhar
heroicamente exultante, até que esse exame de consciência era cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar
chãmente em outras coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo... Porque as pessoas sensíveis são as criaturas mais
egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino animal. Pois, meus amigos, da última vez que vi o Juca, o impasse
continuava... E que impasse!
Com relação às estruturas linguísticas e aos sentidos do texto, julgue o item a seguir.
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Caso seja suprimido o pronome “lhes”, a correção gramatical do texto será mantida, embora o trecho se torne menos
enfático.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Na frase, o pronome oblíquo “lhes” é enfático, visto que serve apenas para realçar seu referente anterior (anafórico)
“pessoas sensíveis”. Por essa razão, as formas verbais “toca” e “tange” podem prescindir do uso dele. A supressão dele
não altera a correção gramatical do período.
Fica já claro que o sujeito de “toca” e “tange” é representado por “tudo” e que o objeto direto preposicionado é
representado por “a que”, que retoma anaforicamente “a essas pessoas”. Essa interpretação é obtida com ou sem a
presença do “lhes” pleonástico.
Resposta: CERTO
Texto
O Juca era da categoria das chamadas pessoas sensíveis, dessas a que tudo lhes toca e tange. Se a gente lhe
perguntasse: “Como vais, Juca?”, ao que qualquer pessoa normal responderia “Bem, obrigado!” — com o Juca a coisa
não era assim tão simples. Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste contrabalançado por um olhar
heroicamente exultante, até que esse exame de consciência era cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar
chãmente em outras coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo... Porque as pessoas sensíveis são as criaturas mais
egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino animal. Pois, meus amigos, da última vez que vi o Juca, o impasse
continuava... E que impasse!
Mário Quintana Prosa & Verso Porto Alegre: Globo, 1978, p 65 (com adaptações)
Com relação às estruturas linguísticas e aos sentidos do texto, julgue o item a seguir.
Caso o advérbio “heroicamente” fosse deslocado para logo após “contrabalançado”, haveria alteração de sentido do
texto, embora fosse preservada sua correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Para entender a questão, é preciso lembrar que o advérbio é a classe de palavra invariável que modifica o sentido
do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio. Assim, a alteração de sentido na frase, com a mudança de posição do
advérbio, reside no fato de a palavra “heroicamente” passar a modificar o sentido de “contrabalançado”. Dessa forma,
o “sorriso triste” passa a ser “contrabalançado” agora de modo heroico.
Resposta: CERTO
Texto 1A9AAA
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Estas memórias ficariam injustificavelmente incompletas se nelas eu não narrasse, ainda que de modo breve, as
andanças em que me tenho largado pelo mundo na companhia de minha mulher e de meus fantasmas particulares.
Desde criança fui possuído pelo demônio das viagens. Essa encantada curiosidade de conhecer alheias terras e povos
visitou-me repetidamente a mocidade e a idade madura. Mesmo agora, quando já diviso a brumosa porta da casa dos
setenta, um convite à viagem tem ainda o poder de incendiar-me a fantasia.
Erico Veríssimo. Solo de clarineta: memórias. Porto Alegre: Globo, v. 2, 1976, p. 57-58 (com adaptações).
Com relação ao trecho “incendiar-me a fantasia”, do texto 1A9AAA, é correto interpretar a partícula “me”
como o
a) agente da ação de “incendiar”.
d) possuidor de “fantasia”.
e) destinatário de “fantasia”.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: O pronome “me” seria agente da ação de “incendiar” se ele exercesse a função de sujeito desse
verbo.
ALTERNATIVA B: O termo paciente do verbo “incendiar” é todo o complemento verbal, ou seja, todo o objeto direto,
que é o termo “me a fantasia”, no qual o “me” tem valor possessivo, funcionando como adjunto adnominal de
“fantasia”.
ALTERNATIVA C: Trata-se de um termo que sofre ação por ser parte do complemento verbal. Não se trata de ser
prejudicado, mas apenas de sofrer ação de um verbo transitivo.
ALTERNATIVA D: O pronome oblíquo “me” tem valor de pronome possessivo, por isso ele é o “possuidor da fantasia”.
Ele pode ser corretamente substituído pelo pronome “minha”.
ALTERNATIVA E: O pronome “me” não é destinatário de “fantasia”. A ideia presente nele é de posse.
Resposta: D
Texto 6A1AAA
Aqui, neste escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes,
estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas
gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...].
José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6.
Ainda no que se refere aos aspectos linguísticos do texto 6A1AAA, julgue o item que se segue.
O emprego de “neste” decorre da presença do vocábulo “Aqui”, de modo que sua substituição por nesse resultaria em
incorreção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
A forma demonstrativa “este”, quando se refere à posição, faz menção ao lugar em que a pessoa que fala (eu) se
encontra.
Tomando como referência a pessoa que fala, o lugar em que ela se encontra é indicado pelo advérbio “Aqui”.
Dessa forma, acerta o item quando diz que o emprego de “Neste” se deve à presença do “Aqui”.
Já o demonstrativo “Esse” faz menção ao lugar em que se encontra a pessoa COM quem se fala. Para sinalizar o lugar
em que ela se encontra, devemos utilizar o advérbio AÍ ou ALI.
Portanto, a troca do “neste” por “nesse”, permanecendo com o “Aqui”, seria incoerente.
O “Aqui” vai pedir o emprego do “neste”. Já o “Aí” vai pedir o emprego do “Nesse”.
Resposta: CERTO
Recebi a sua cartinha. Ver que você se tem adiantado muito me deu muito prazer.
Fiquei muito contente quando sua mãe me disse que em princípio de maio estarão cá, pois estou com muitas saudades
de vocês todos. Vovó te manda muitas lembranças.
A menina de Zulmira está muito engraçadinha. Já tem 2 dentinhos.
Carta de Bárbara ao neto Mizael (carta de 1883). Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras. Rio
de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Internet: <www.tycho.iel.unicamp.br> (com
adaptações).
Julgue o item seguinte, a respeito do texto precedente.
O emprego do diminutivo no texto está relacionado à expressão de afeto e ao gênero textual: carta familiar.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato! Um dos sentidos agregados pelo diminutivo é relacionado a carinho, afeto. É o caso da “cartinha” da vovó ao
seu netinho.
Resposta: CERTO
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Recebi a sua cartinha. Ver que você se tem adiantado muito me deu muito prazer.
Fiquei muito contente quando sua mãe me disse que em princípio de maio estarão cá, pois estou com muitas saudades
de vocês todos. Vovó te manda muitas lembranças.
A menina de Zulmira está muito engraçadinha. Já tem 2 dentinhos.
Carta de Bárbara ao neto Mizael (carta de 1883). Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras.
Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Internet: <www.tycho.iel.unicamp.br>
(com adaptações).
Julgue o item seguinte, a respeito do texto precedente.
O texto se caracteriza por uma uniformidade de tratamento do destinatário da carta, verificada no emprego das formas
pronominais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O netinho é referenciado na carta ora como “você” – tratamento em 3ª pessoa -, ora como “tu” – 2ª pessoa. Isso fica
bem evidente nas passagens “Recebi a SUA cartinha” e “Vovó TE manda muitas lembranças”.
Como se trata de um texto informal, ocorre uma mistura das pessoas gramaticais.
Resposta: ERRADO
Recebi a sua cartinha. Ver que você se tem adiantado muito me deu muito prazer.
Fiquei muito contente quando sua mãe me disse que em princípio de maio estarão cá, pois estou com muitas saudades
de vocês todos. Vovó te manda muitas lembranças.
A menina de Zulmira está muito engraçadinha. Já tem 2 dentinhos.
Carta de Bárbara ao neto Mizael (carta de 1883). Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras. Rio
de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Internet: <www.tycho.iel.unicamp.br> (com
adaptações).
Julgue o item seguinte, a respeito do texto precedente.
Como modificadora das palavras “prazer” e “engraçadinha”, a palavra “muito” que as acompanha é, do ponto de vista
morfossintático, um advérbio.
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( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Em “muito prazer”, o termo “muito” modifica o substantivo “prazer”, expressando uma ideia de quantidade imprecisa.
Trata-se de um pronome indefinido.
Já em “muito engraçadinha”, o termo “muito” modifica o adjetivo “engraçadinha”, expressando uma ideia de
intensidade. Trata-se de um advérbio.
Não se trata, pois, da mesma classificação morfossintática.
Resposta: ERRADO
Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
Dois processos morfológicos atuam na formação do advérbio “infelizmente”. Dadas as propriedades dos afixos
presentes, verifica-se uma ambiguidade estrutural referente à ordem de ocorrência desses processos: pode-se
primeiramente adicionar o prefixo in- ao adjetivo feliz, e, depois o sufixo –mente, ou, ao contrário, pode-se adicionar
primeiro o sufixo e, depois, o prefixo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O que o item descreve é o processo de formação por derivação prefixal e sufixal. Nessa derivação, o acréscimo de
prefixo e sufixo não precisa se dar de forma simultânea para que haja formação da palavra.
No caso em questão, ocorre a formação tanto da palavra “infeliz”- formada com o acréscimo do prefixo “in” -, como da
palavra “felizmente” – formada com o acréscimo da palavra “mente” -, o que mostra que o prefixo independe do
sufixo.
Dessa forma, a palavra “infelizmente” foi formada por derivação prefixal e sufixal.
Erra o item ao afirmar que dois processos ocorrem na formação de "infelizmente". Negativo! Ocorre apenas um, a
derivação prefixal e sufixal.
Resposta: ERRADO
Quando indaguei a alguns escritores de sucesso que manuais de estilo tinham consultado durante seu aprendizado, a
resposta mais comum foi “nenhum”. Disseram que escrever, para eles, aconteceu naturalmente.
Eu seria o último dos mortais a duvidar que os bons escritores foram abençoados com uma dose inata de fluência mais
sintaxe e memória para as palavras. Ninguém nasceu com competência para redigir. Essa competência pode não se ter
originado nos manuais de estilo, mas deve ter vindo de algum lugar.
Esse algum lugar é a escrita de outros escritores. Bons escritores são leitores ávidos. Assimilaram um grande inventário
de palavras, expressões idiomáticas, construções, tropos e truques retóricos e, com eles, a sensibilidade para o modo
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como se combinam ou se repelem. Essa é a ardilosa “sensibilidade” de um escritor hábil — o tácito sentido de estilo que
os manuais de estilo honestos admitem ser impossível ensinar explicitamente. Os biógrafos dos grandes autores
sempre tentam rastrear os livros que seus personagens leram na juventude, porque sabem que essas fontes escondem
o segredo de seu aperfeiçoamento como escritores.
O ponto de partida para alguém tornar-se um bom escritor é ser um bom leitor. Os escritores adquirem sua técnica
identificando, saboreando e aplicando engenharia reversa em exemplos de boa prosa.
Steven Pinker. Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância. Trad. Rodolfo Ilari. São
Paulo: Contexto, 2016, p. 23-4 (com adaptações).
No que se refere ao texto precedente, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato, à palavra “último” se subordinam o artigo “o” e a locução adjetiva “dos mortais”, dois satélites de substantivos.
No contexto em questão, essa palavra se porta como substantivo.
Resposta: CERTO
O aspecto da implantação do português no Brasil explica por que tivemos, de início, uma língua literária pautada pela
do Portugal contemporâneo. A sociedade colonial considerava-se um prolongamento da sociedade ultramarina. O seu
ideal era reviver os padrões vigentes no reino.
Já para a língua popular as condições eram outras. A separação no espaço entre a população da colônia e a da
metrópole favoreceu uma evolução linguística divergente. Acresce que, com o encontro, em território americano, de
sujeitos falantes de regiões diversas da mãe-pátria, cada um dos quais com o seu falar próprio, se realizou um
intercurso, intenso e em condições inéditas, de variantes dialetais, conducente a nova distribuição e planificação
linguística. Mesmo sem insistir em tal ou qual ação secundária das novas condições de vida física e social e de contato
com os indígenas (e posteriormente com os africanos), é obvio que a língua popular brasileira tinha de diferençar-se
inelutavelmente da de Portugal, e, com o correr dos tempos, desenvolver um coloquialismo ou sermo cotidianus seu.
Joaquim Mattoso Câmara Junior. A língua literária. In: Evanildo Bechara (org.). Estudo da língua portuguesa: textos
de apoio. Brasília: FUNAG, 2010, p. 292 (com adaptações).
No que concerne aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
Os vocábulos “africanos” e “correr”, originalmente pertencentes à classe dos adjetivos e dos verbos, respectivamente,
foram empregados como substantivos no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Exatamente! Trata-se do processo de formação conhecido por derivação imprópria, que ocorre quando a palavra
permanece intacta na sua forma, mas sofre alteração na sua classe de palavra original. Dessa forma, o originalmente
adjetivo “africanos” está na frase determinado pelo artigo “os”, portando-se como substantivo. O mesmo ocorre com
“correr”, originalmente verbo, mas que, por estar determinado na frase pelo artigo “o”, funciona como substantivo.
Resposta: CERTO
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Texto
O monitor — também chamado, em algumas instituições, de inspetor e bedel — é um dos profissionais mais atuantes
na esfera educacional. Ele transita por toda a escola, em geral conhece os alunos pelo nome e é um dos primeiros a ser
procurado quando há algum problema que precisa ser solucionado rapidamente. Contudo, ele nem sempre é
valorizado como deveria. Infelizmente, muitos diretores entendem que quem atua nessa função deve apenas controlar
os espaços coletivos para impedir a ocorrência de agressões, depredações e furtos, vigiar grupos de alunos, observar
comportamentos suspeitos e até mesmo revistar armários e mochilas.
Esse tipo de controle, além de perigoso — pois os conflitos abafados por ações repressoras acabam se manifestando
com mais violência —, contribui para reforçar a desconfiança entre a instituição e os estudantes. E uma relação
fundada na insegurança fragiliza a construção de valores democráticos, que deveria ser um dos objetivos de todas as
escolas.
Como qualquer profissional do ambiente escolar, os monitores também são educadores, e cabe à equipe gestora
realizar ações formativas para que eles saibam como interagir com as crianças e os jovens nos diversos espaços (como
o pátio, os corredores, as quadras, a cantina, o banheiro etc.). Com uma boa formação, eles serão capazes de trazer
informações importantes sobre a convivência entre os alunos e que poderão ser objeto de análise para que o orientador
educacional, juntamente com o diretor e a equipe docente, planeje e execute intervenções.
O papel do monitor na formação dos alunos. Internet: <http://gestaoescolar.org.br> (com adaptações).
O vocábulo “suspeitos” foi empregado, no texto, como substantivo, no sentido de aqueles sobre os quais recaem
suspeitas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Resposta: ERRADO
O aspecto da implantação do português no Brasil explica por que tivemos, de início, uma língua literária pautada pela
do Portugal contemporâneo. A sociedade colonial considerava-se um prolongamento da sociedade ultramarina. O seu
ideal era reviver os padrões vigentes no reino.
Já para a língua popular as condições eram outras. A separação no espaço entre a população da colônia e a da
metrópole favoreceu uma evolução linguística divergente. Acresce que, com o encontro, em território americano, de
sujeitos falantes de regiões diversas da mãe-pátria, cada um dos quais com o seu falar próprio, se realizou um
intercurso, intenso e em condições inéditas, de variantes dialetais, conducente a nova distribuição e planificação
linguística. Mesmo sem insistir em tal ou qual ação secundária das novas condições de vida física e social e de contato
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com os indígenas (e posteriormente com os africanos), é obvio que a língua popular brasileira tinha de diferençar-se
inelutavelmente da de Portugal, e, com o correr dos tempos, desenvolver um coloquialismo ou sermo cotidianus seu.
Joaquim Mattoso Câmara Junior. A língua literária. In: Evanildo Bechara (org.). Estudo da língua portuguesa: textos
de apoio. Brasília: FUNAG, 2010, p. 292 (com adaptações).
No que concerne aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
O emprego do artigo definido imediatamente antes do topônimo “Portugal” torna-se obrigatório devido à presença do
adjetivo “contemporâneo”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Para se checar isso, fazemos o truque de volta. “Nós voltamos de Portugal.” ou “Nós voltamos do Portugal.”? Qual a
forma correta? A primeira é a forma correta. Isso significa que Portugal é um topônimo que não pede artigo,
diferentemente, por exemplo, de Espanha (Nós voltamos DA Espanha.)
Ocorre que, quando o topônimo está especificado com um adjetivo ou uma locução adjetiva, este passa a pedir artigo.
Vimos que “Portugal” não pede artigo, mas “Portugal contemporâneo” – especificado pelo adjetivo “contemporâneo”
– pedirá.
Resposta: CERTO
Texto
O egoísmo seria a fruição do capital, sem suor e angústias; o impulso contrário, a expansão da economia, que se
identificaria, para a classe lucrativa, com o progresso do país. Certo de seu papel dinâmico na sociedade, criando
atividades novas e aprimorando as existentes; esse estrato ganha relevo e autonomia, sem que se esconda atrás do
biombo, dourado de tradição e respeitabilidade, da classe proprietária. É hostil, como conjunto, ao ócio dos homens de
renda e ao prestígio do estamento político, que maneja o poder do alto e de cima, sem consultar-lhe as
preferências nem lhe pedir orientação e conselho. Atente-se: a classe lucrativa tem conduta adversa ao estilo de vida da
camada dirigente, não obstante a explore, e viva, em grande parte, de seus favores, numa espécie de capitalismo
político, dependente e subordinado ao Estado.
Raymundo Faoro. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1974, p. 225-7
(com adaptações).
Com referência ao texto, julgue o próximo item.
Tendo o pronome oblíquo sentido possessivo em “sem consultar-lhe as preferências”, tal trecho poderia ser
substituído por “sem consultar as suas preferências”, mantendo-se, com isso, a correção gramatical e o sentido do
texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A primeira evidência de que o “lhe” não desempenha sua função típica de objeto indireto está no fato de que o verbo
“consultar” não solicita complemento indireto, e sim direto (Quem consulta consulta ALGO/ALGUÉM).
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Senso assim, o “lhe” em destaque assume valor possessivo, sendo convertido no pronome possessivo “suas”.
Resposta: CERTO
Não têm conta entre nós os pedagogos da prosperidade que, apegando-se a certas soluções onde, na melhor hipótese,
se abrigam verdades parciais, transformam-nas em requisito obrigatório e único de todo progresso. É bem
característico, para citar um exemplo, o que ocorre com a miragem da alfabetização. Quanta inútil retórica se tem
desperdiçado para provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de um momento para o outro se estivessem
amplamente difundidas as escolas primárias e o conhecimento do abc.
A muitos desses pregoeiros do progresso seria difícil convencer de que a alfabetização em massa não é condição
obrigatória nem sequer para o tipo de cultura técnica e capitalista que admiram. Desacompanhada de outros
elementos fundamentais da educação, que a completem, é comparável, em certos casos, a uma arma de fogo posta
nas mãos de um cego.
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 27.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Atenção!
No entanto, não só eu, como muitos que fizeram essa prova, discordamos desse posicionamento. A palavra “Quanta”
até pode funcionar como pronome interrogativo quando introduz interrogativas diretas ou indiretas. No entanto, não é
o que temos no texto lido. A frase em que “Quanta” se insere é uma afirmação categórica, não uma interrogativa.
É possível facilmente trocar “Quanta” por “Muita”, o que deixa evidente o sentido de quantidade imprecisa associado a
esse vocábulo. Trata-se, assim, de um pronome indefinido.
Mesmo com uma enxurrada de recursos, a banca não cedeu um milímetro. Uma pena!
Resposta: CERTO
Texto
O universo da comunicação vem se ampliando com maior dinamismo, nos últimos anos, para atender à demanda de
seus usuários, nas mais diferentes situações de interatividade. Nele estamos inseridos, exercitando nossa linguagem
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oral e escrita, até mesmo na área digital. Por isso, necessitamos sempre assimilar novos conhecimentos e expressá-los
com objetividade e competência.
A construção do pensamento — e sua exposição de forma clara e persuasiva — constitui um dos objetivos mais
perseguidos por todo aquele que almeja sucesso na vida profissional e, muitas vezes, pessoal. É evidente que a
interlocução comunicativa permite o entendimento, proporciona o intercâmbio de ideias e nos faz refletir e argumentar
com maior propriedade em defesa de nossos direitos e deveres como cidadãos.
L. L. Sarmentto. Oficina de redação. 5.ª ed. São Paulo: Moderna, 2016, p. 3 (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Os pronomes oblíquos podem, excepcionalmente, exercer função de sujeito acusativo, de verbos no infinitivo ou
gerúndio.
Professor, que maluquice é essa de sujeito acusativo?
Sujeito acusativo é um tipo especial de sujeito. É um sujeito agente sob a influência de outro sujeito ligado a verbos
causativos ou sensitivos. Causativos são os verbos que exprimem uma relação de causa ("fazer", "mandar" e "deixar").
Sensitivos são os verbos que indicam a existência de um dos sentidos ("ver", "sentir" e "ouvir").
O sujeito acusativo será representado por um substantivo ou por um pronome oblíquo átono (me, te, se, o, a, nos, vos,
os, as). É o único caso de sujeito em que não se podem usar os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, ela, nós,
vós, eles, elas).
Exemplos:
Deixe-me verificar o que ocorre com o serviço. (O pronome me é complemento do causativo “deixar” e sujeito acusativo
do verbo principal “verificar”)
Mande-o sair daqui urgentemente. (O pronome o é complemento do causativo “mandar” e sujeito acusativo de “sair”)
Vi-a chorar no baile. (O pronome a é complemento do sensitivo “ver” e sujeito acusativo de “chorar”)
...
Dessa forma, o pronome “nos” é complemento do causativo “faz” e sujeito acusativo do verbo ”refletir”.
Resposta: ERRADO
As duas questões mais profundas sobre a mente são: “O que possibilita a inteligência?” e “O que possibilita a
consciência?”. Com o advento da ciência cognitiva, a inteligência tornou-se inteligível. Talvez não seja tão chocante
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afirmar que, em um nível de análise muito abstrato, o problema foi resolvido. Entretanto, a consciência ou a
sensibilidade, a sensação nua e crua da dor de dente, do rubor, do salgado, continua sendo um enigma embrulhado em
um mistério dentro do impenetrável. Quando nos perguntamos o que é a consciência, não temos melhor resposta que
a de Louis Armstrong quando uma repórter perguntou-lhe o que era o jazz : “Moça, se você precisa perguntar, nunca
saberá”.
Steven Pinker. Como a mente funciona. 2.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002 (com adaptações).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto anteriormente apresentado, julgue o próximo item.
O pronome “nos”, na oração em que ocorre, exerce a função de complemento direto da forma verbal “perguntamos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O verbo “perguntar” se apresenta como transitivo direto e indireto. Conversando com o verbo, é possível constatar que
“Quem pergunta pergunta ALGO A ALGUÉM”.
O “ALGO”, nosso OBJETO DIRETO, é representado na frase pela oração “o que é a consciência”.
Já o “A ALGUÉM”, nosso OBJETO INDIRETO, é representado pelo pronome oblíquo átono “nos”.
Resposta: ERRADO
Texto
A classe dedicada ao comércio, marcada pela compra e venda de mercadorias ou na colocação de dinheiro, não
representava, no Império, o padrão social dominante. Os comerciantes eram, em grande parte, estrangeiros; o ramo
mais saliente do comércio, o ligado ao escravo, sujava as mãos dos que com ele enriqueciam. Um título de comendador
ou de barão dourava o busto do empresário, mas não o nobilitava, visto que o nobre pertencia a uma camada diversa,
composta, sob o ponto de vista profissional ou econômico, de letrados ou senhores de rendas. O homem que traficava
— membro da classe lucrativa ou aquisitiva —, para se qualificar socialmente, embriagou-se, perdidamente, na imitação
do estilo ou nos traços secundários da classe proprietária e do estamento. Elevava-se, se enriquecido — elevava-se é o
termo certo — a uma categoria superior no desfrute ostentatório de rendas, transformando a natureza de seu
patrimônio, ou ingressava na política e no governo, preocupado em amortecer a cintilação equívoca da origem. Era
quase uma situação colonial, com a ascensão, nem sempre possível no espaço de uma geração, do albardeiro ao círculo
dos fidalgos. Em meados do século XIX o velho equilíbrio se rompe, fio a fio, imperceptivelmente, na quebra de secular
estrutura econômica e social. Consequência da nova dinâmica, que agita e move a sociedade, será a emancipação de
uma classe inteira, até aí pejada, impedida e entorpecida em seus passos. Dentro da consciência do homem que
enriqueceu no trato de mercadorias e de valores, haverá agora uma crise. O Dr. Félix (Ressurreição) ou Rubião
(Quincas Borba ), aquinhoados pela inesperada herança, trataram de aplicar os bens para que eles lhes
proporcionassem renda segura e estável.
Outra é a conduta de Mauá, como será a de Palha (Quincas Borba ), Cotrim (Memórias Póstumas) ou de Santos
(Esaú e Jacó). Homens do comércio, não convertem o patrimônio em prestações de renda, mas continuam presos aos
seus negócios, perseguindo o infinito, imantados por outros desígnios, alimentados por uma nova sociedade. Mas há a
crise. Rubião a vive, já, no último quartel do século, em sentido contrário, atraído pelos lucros do comércio e não pelo
comércio. Mauá a sentirá, no sentido autêntico: dos doze aos trinta e dois anos, vergado no balcão e sócio de
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comerciante, torna-se dono de respeitável fortuna. Fiel à ordem dominante, não a calcula em bons e vistosos contos de
réis, mas por sua renda, que seria superior a 50 contos anuais. A renda e não o capital dava a nota de grandeza, de
opulência, para encher os olhos e provocar a admiração. “Já se vê que, — confessava, aludindo ao ano de 1846 — ao
engolfar-me em outra esfera de atividade, possuía eu uma fortuna satisfatória, que me convidava a desfrutá-la. Travou-
se em meu espírito, nesse momento, uma luta vivaz entre o egoísmo, que em maior ou menor dose habita o coração
humano, e as ideias generosas que em grau elevado me arrastavam a outros destinos...”. O egoísmo seria a fruição do
capital, sem suor e angústias; o impulso contrário, a expansão da economia, que se identificaria, para a classe lucrativa,
com o progresso do país. Certo de seu papel dinâmico na sociedade, criando atividades novas e aprimorando as
existentes; esse estrato ganha relevo e autonomia, sem que se esconda atrás do biombo, dourado de tradição e
respeitabilidade, da classe proprietária. É hostil, como conjunto, ao ócio dos homens de renda e ao prestígio do
estamento político, que maneja o poder do alto e de cima, sem consultar-lhe as preferências nem lhe pedir orientação e
conselho. Atente-se: a classe lucrativa tem conduta adversa ao estilo de vida da camada dirigente, não obstante a
explore, e viva, em grande parte, de seus favores, numa espécie de capitalismo político, dependente e subordinado ao
Estado.
Raymundo Faoro. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1974, p. 225-7
(com adaptações).
Com referência ao texto, julgue o próximo item.
A colocação do pronome em “embriagou-se”, “Elevava-se”, ‘Já se vê’ e “que se identificaria” está de acordo com a
variedade formal culta da língua portuguesa e deve-se a razões fonético-sintáticas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Em “Elevava-se”, o emprego da ênclise se justifica pelo fato de a gramática proibir iniciar frase com pronome oblíquo
átono.
Já em “Já se vê” e “que se identificaria”, o emprego da próclise se justifica pela presença, respectivamente, do advérbio
“Já” e do pronome relativo “que”, ambos fatores de próclise.
Resposta: CERTO
A palavra violência frequentemente (1) nos remete a crimes como assassinato, estupro, roubo e lesão corporal, ou
mesmo a guerras e terrorismo. Pensamos que violência e crime violento são a mesma coisa e não levamos em conta
que nem toda violência é considerada crime.
A sociedade, para reafirmar seus valores e se manter, pune as transgressões, com a intenção de que a punição aplicada
ao transgressor seja útil para que os demais indivíduos não sigam o mau exemplo, tendo em vista as consequências.
Nesse caso, considera-se crime a transgressão de regras socialmente preestabelecidas, que variam de acordo com a
sociedade e o contexto histórico.
Lançadas com o intuito de encontrar respostas para as possíveis causas da violência, hipóteses clássicas na sociologia
do crime acabaram por defender a tese de associação entre o aumento nos índices de criminalidade e a pobreza. Essa
associação sustenta a premissa de que o crime seja combatido e punido com maior rigor e frequência nas classes
economicamente mais desfavorecidas, em contraposição à tolerância e à impunidade de crimes cometidos tipicamente
ou ocasionalmente por indivíduos detentores de poder.
O mito da criminalidade associada à pobreza cria estereótipos, marginaliza e criminaliza a pobreza — que, em si, é uma
violência. Rotula os que são tidos como pobres e faz uma proporção extremamente grande da população ser
prejulgada por atos ilícitos praticados por uma minoria.
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A violência nas cidades deve ser vista sob duas vias. Um tipo de violência é a dos crimes praticados nas ruas,
principalmente nas grandes cidades, que pode atingir qualquer pessoa. O segundo tipo é a violência praticada pela
própria cidade, que massacra os pobres, marginalizando e criminalizando esses cidadãos. Enquanto se diz que os
pobres da cidade são violentos, a atenção da violência que eles sofrem é invertida. A violência contra quem mora
próximo de condomínios de luxo e mansões fortificadas, sem ter acesso a bens básicos para garantir razoáveis
condições de vida, é esquecida.
Geélison Ferreira da Silva. Considerações sobre criminalidade: marginalização, medo e mitos no Brasil. In: Revista
Brasileira de Segurança Pública. ano 5, 8.ª ed. São Paulo, fev. – mar./2011, p. 91-102 (com adaptações)
No que se refere aos sentidos e às propriedades linguísticas do texto, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato! O advérbio é um fator de próclise, o que força o pronome “nos” a se posicionar antes da forma verbal
“remete”.
Resposta: CERTO
Texto
A independência literária, que tanto se buscara, só com este livro foi selada. Independência que não significa, nem
poderia significar, autossuficiência, e sim o estado de maturidade intelectual e social que permite a liberdade de
concepção e expressão. Criando personagens e ambientes brasileiros — bem brasileiros —, Machado não se julgou
obrigado a fazê-los pitorescamente típicos, porque a consciência da nacionalidade, já sendo nele total, não carecia de
elementos decorativos. Aquilo que reputava indispensável ao escritor, “certo sentimento íntimo que o torne homem do
seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço”, ele o possuiu inteiramente,
com uma posse tranquila e pacífica. E por isso pôde — o primeiro entre nós — ser universal sem deixar de ser brasileiro.
Lúcia Miguel Pereira. História da literatura brasileira – Prosa de ficção – de 1870 a 1920. Rio de Janeiro: José
Olympio/INL, 1973, 3.a ed., p. 53-5 (com adaptações).
Com relação a aspectos gramaticais do texto, julgue o item que se segue.
A retirada do pronome oblíquo na oração “ele o possuiu inteiramente” preservaria a correção gramatical e o sentido
original do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O pronome oblíquo átono “o” cumpre o papel de objeto direto da forma verbal “possui”.
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Observe, no entanto, que se trata de um objeto pleonástico, pois o objeto direto já fora citado anteriormente - "Aquilo
que reputava inteiramente ao escritor".
Sem esse pronome, não é criado um problema gramatical, pois sua presença se justifica apenas para criar efeito de
destaque, ênfase.
Não cumpre o pronome uma finalidade coesiva, de substituição propriamente dita. Trata-se um adorno, que pode ser
eliminado sem prejuízos gramaticais.
Resposta: CERTO
Texto CG1A01BBB
Não são muitas(d) as experiências exitosas de políticas públicas de redução de homicídios no Brasil nos últimos vinte
anos, e poucas são aquelas que tiveram continuidade. O Pacto pela Vida, política de segurança pública implantada no
estado de Pernambuco em 2007, é identificado como uma política pública exitosa.
O Pacto Pela Vida é um programa do governo do estado de Pernambuco que visa à redução da criminalidade e ao
controle da violência. A decisão ou vontade política de eleger a segurança pública como prioridade é o primeiro marco
que se deve destacar quando(e) se pensa em recuperar a memória dessa política, sobretudo quando se considera o
fato de que o tema da segurança pública, no Brasil, tem sido historicamente(a) negligenciado. Muitas autoridades
públicas não só evitam associar-se ao assunto como também o tratam de modo(b) simplista, como uma questão que
diz respeito apenas à polícia.
O Pacto pela Vida, entendido como um grande concerto de ações com o objetivo de reduzir a violência e, em especial,
os crimes contra a vida, foi apresentado à sociedade no início do mês de maio de 2007. Em seu bojo, foram
estabelecidos os principais valores que orientaram a construção da política de segurança, a prioridade do combate aos
crimes violentos letais intencionais e a meta de reduzir em 12% ao ano, em Pernambuco, a taxa desses crimes.
Desse modo, definiu-se, no estado, um novo paradigma de segurança pública, que se baseou na consolidação dos
valores descritos acima (que estavam em disputa tanto do ponto de vista institucional quanto da sociedade), no
estabelecimento de prioridades básicas (como o foco na redução dos crimes contra a vida) e no intenso(c) debate com
a sociedade civil. A implementação do Pacto Pela Vida foi responsável pela diminuição de quase 40% dos homicídios no
estado entre janeiro de 2007 e junho de 2013.
José Luiz Ratton et al. O Pacto Pela Vida e a redução de homicídios em Pernambuco. Rio de Janeiro: Instituto Igarapé,
2014. Internet: <https://igarape.org.br> (com adaptações).
Assinale a opção na qual a palavra apresentada no texto CG1A01BBB classifica-se, do ponto de vista
morfossintático, como advérbio.
a) “historicamente”
b) “modo”
c) “intenso”
d) “muitas”
e) “quando”
RESOLUÇÃO:
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ALTERNATIVA A – CERTA – No trecho “... tem sido historicamente negligenciado.”, o advérbio “historicamente”
modifica a forma verbal “tem sido negligenciado”. Trata-se, portanto, de um advérbio, bem facilmente identificável
devido à presença do sufixo “mente”.
ALTERNATIVA B – ERRADA – No trecho “... de modo simplista”, a palavra “modo” funciona como substantivo e é
modificada pelo adjetivo “simplista”.
ALTERNATIVA C – ERRADA – No trecho “... no intenso debate com a sociedade civil.”, a palavra “debate” funciona
como substantivo e é modificada pelo adjetivo “intenso”.
ALTERNATIVA D – ERRADA – No trecho “Não são muitas as experiências... ”, a palavra “muitas” modifica o
substantivo “experiências”, conferindo a este uma ideia de quantidade imprecisa. Trata-se de um pronome indefinido.
ALTERNATIVA E – ERRADA – No trecho “...que se deve destacar quando se pensa...”, a palavra “quando” funciona
como conjunção, conectando orações.
Resposta: A
Texto
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não era um
cômodo muito grande, mas dava para armar ali a minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um sofá e os
livros. Na parede da esquerda ficaria a grande e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros. Tratei de
encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre.
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara ainda
o número do prédio. Tanto que, quando seu Joaquim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-me onde seria
entregue a estante, tive um momento de hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o prédio do Mário é
228, o meu, que fica quase em frente, deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela primeira vez, observara que,
apesar de ficar em frente ao do Mário, havia uma diferença na numeração.
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim desenhou o endereço na nota.
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações).
Seria mantida a correção do texto caso o trecho “onde caberiam” fosse substituído por que caberia.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho “...estante onde caberiam todos os meus livros.”, o emprego do pronome relativo “onde” está correto, haja
vista que retoma uma ideia de lugar. Se empregarmos o relativo “que”, será necessário posicionar a preposição “em”
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antes do pronome, pois a forma verbal “caberiam” solicita a preposição “em” para se ligar ao antecedente “estante” –
todos os meus livros caberiam NA estante.
O correto, portanto, seria trocar “onde” por “em que”.
Resposta: ERRADO
Texto CB5A1BBB
A partir do momento em que o Estado passa a cobrar tributos de seus cidadãos, amealhando para si parte da riqueza
nacional, surge a necessidade de destinação de tais quantias à realização das necessidades públicas, pois, não visando
ao lucro, o Estado não pode cobrar mais do que os dispêndios que lhe são imputados. Na chamada atividade financeira
do Estado, sua principal ferramenta é o orçamento público, pois nele constam as decisões políticas tomadas pelo
administrador com o objetivo de satisfação dos interesses coletivos.
Muito mais do que um mero documento de estimação e fixação das receitas e despesas, o orçamento, conforme o
texto constitucional vigente, constitui um verdadeiro sistema integrado de planejamento, de sorte que, constituindo
um verdadeiro orçamento-programa, o orçamento público passa a constituir etapas do planejamento de
desenvolvimento econômico e social, isto é, passa a ser conteúdo dos planos e programas nacionais, regionais e
setoriais, que devem ser compatibilizados com o plano plurianual.
Extrapolando-se os limites da simples teoria clássica do orçamento, pode-se dizer que o orçamento, em sua feição
atual, não deve ser compreendido unicamente como a simples autorização de gastos do Poder Executivo pelo Poder
Legislativo. Não se pode olvidar que, a partir do momento em que houve a limitação das antigas monarquias
absolutistas, o rei passou a necessitar de autorização de seus vassalos para a realização dos gastos da coroa — como
preceituado, por exemplo, na Magna Charta Libertatum, de 1215, e na Petition of Rights, de 1628. Também não se
deve desconsiderar que a revolução orçamentária deveu-se, em grande parte, à idealização do Estado liberal burguês,
que emana, segundo especialistas da área, de razões políticas, e não financeiras.
Conquanto esses fatos tenham contribuído para a formação do orçamento em sua tessitura tradicional, é preciso, hoje,
refletir sobre a real natureza da lei orçamentária atual, se autorizativa ou impositiva.
César Augusto Carra. O orçamento impositivo aos estados e aos municípios. Internet: <libano.tce.mg.gov.br> (com
adaptações).
Julgue o item seguinte, com relação aos aspectos linguísticos do texto CB5A1BBB.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho “A partir do momento em que o Estado passa a cobrar tributos de seus cidadãos...”, a preposição é
necessária, pois a forma verbal “passa a cobrar” solicita a preposição “em” para se ligar ao termo antecedente
“momento” - ... o Estado passa a cobrar tributos de seus cidadãos EM algum momento.
Resposta: CERTO
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Texto CB1A1AAA
O tenente Antônio de Souza era um desses moços que se gabam de não crer em nada, que zombam das coisas mais
sérias e que riem dos santos e dos milagres. Costumava dizer que isso de almas do outro mundo era uma grande
mentira, que só os tolos temem a lobisomem e feiticeiras. Jurava ser capaz de dormir uma noite inteira dentro do
cemitério.
Eu não lhe podia ouvir tais leviandades em coisas medonhas e graves sem que o meu coração se apertasse, e um
calafrio me corresse a espinha. Quando a gente se habitua a venerar os decretos da Providência, sob qualquer forma
que se manifestem, quando a gente chega à idade avançada em que a lição da experiência demonstra a verdade do que
os avós viram e contaram, custa ouvir com paciência os sarcasmos com que os moços tentam ridicularizar as mais
respeitáveis tradições, levados por uma vaidade tola, pelo desejo de parecerem espíritos fortes, como dizia o Dr.
Rebelo. Peço sempre a Deus que me livre de semelhante tentação. Acredito no que vejo e no que me contam pessoas
fidedignas, por mais extraordinário que pareça. Sei que o poder do Criador é infinito e a arte do inimigo, vária.
Mas o tenente Souza pensava de modo contrário!
Apontava à lua com o dedo, deixava-se ficar deitado quando passava um enterro, não se benzia ouvindo o canto da
mortalha, dormia sem camisa, ria-se do trovão! Alardeava o ardente desejo de encontrar um curupira, um lobisomem
ou uma feiticeira. Ficava impassível vendo cair uma estrela, e achava graça ao canto agoureiro do acauã, que tantas
desgraças ocasiona. Enfim, ao encontrar um agouro, sorria e passava tranquilamente sem tirar da boca o seu cachimbo
de verdadeira espuma do mar.
Inglês de Sousa. A feiticeira. São Paulo:
Julgue o item que se segue, referente aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA.
Haveria prejuízo da correção gramatical do texto caso a partícula “se”, no trecho “Quando a gente se habitua a venerar
os decretos da Providência”, fosse deslocada para imediatamente após a forma verbal “habitua”, escrevendo-
se habitua-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A conjunção subordinativa “Quando” exerce atração remota sobre o oblíquo átono “se”, forçando a próclise. Isso
posto, resultaria em equívoco gramatical o emprego da ênclise.
Resposta: CERTO
Texto CB5A1AAA
Tratando-se do dever de prestar contas anuais, cabe, inicialmente, verificar como tal obrigação está preceituada no
ordenamento jurídico. A Constituição Federal prevê que cabe ao presidente prestar contas anualmente ao Poder
Legislativo. Por simetria, tal obrigação estende-se ao governador do estado e aos prefeitos municipais.
O dever anual de prestar contas é da pessoa física. Assim sendo, no nível municipal, esse dever é do prefeito, que, nesse
caso, age em nome próprio, e não em nome do município. Tal obrigação se dá em virtude de força da lei. O povo, que
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outorgou mandato ao prefeito para gerir seus recursos, exige do prefeito — por meio de norma editada pelos seus
representantes — a prestação de contas. Sendo tal prestação obrigação personalíssima, não se pode admitir que seja
executada por meio de pessoa interposta. Isso quer dizer que o tribunal de contas deve recusar, por exemplo, a
prestação de contas apresentada por uma prefeitura referente à obrigação de um ex-prefeito. Quer dizer também que
o ex-prefeito continua sujeito a todas as sanções previstas para aqueles que não prestam contas.
Por essa razão, é necessário que haja a separação das contas — que devem, inclusive, ser processadas em autos
distintos — quando ocorrer de o cargo de prefeito ser ocupado por mais de uma pessoa durante o exercício financeiro.
Nesse caso, cada um será responsável pelo período em que ocupou o cargo.
Ailana Sá Sereno Furtado. O dever de prestar contas dos prefeitos. Internet: < https://jus.com.br> (com adaptações).
Julgue o item que se segue, a respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto CB5A1AAA.
A correção gramatical do texto seria mantida caso a partícula “se” fosse empregada imediatamente após a forma verbal
“pode” — escrevendo-se da seguinte forma: pode-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho “não se pode admitir”, ocorre a presença do fator de próclise “não”. Há, portanto, duas posições possíveis
para o oblíquo átono: antes do auxiliar “pode”, atraído pelo fator de próclise “não”; depois do principal “admitir”,
distante o máximo possível do fator de próclise.
Ficaria errado o posicionamento do oblíquo átono entre o auxiliar e o principal, havendo a presença do fator de
próclise.
Resposta: ERRADO
A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa, de inquérito policial, e uma fase
jurisdicional, de ação penal. Assim, nada mais é o inquérito policial que um procedimento administrativo destinado a
reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria. Em outras palavras, o
inquérito policial é um procedimento policial que tem por finalidade construir um lastro probatório mínimo, ensejando
justa causa para que o titular da ação penal possa formar seu convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação
penal cabível. Nessa linha, percebe-se que o destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público, nos casos
de ação penal pública, e o ofendido, nos casos de ação penal privada.
De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal possa, enfim, ajuizá-la, é necessário que
haja justa causa. A justa causa, identificada por parte da doutrina como uma condição da ação autônoma, consiste na
obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a
existir fundada suspeita acerca da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é imprescindível que haja provas
acerca da possível existência de um fato criminoso e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse fato.
Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coletadas as informações e as provas
que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É com base nos elementos apurados
no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia,
encerrando a fase administrativa da persecução penal.
Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal.
Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).
Julgue o item que se segue, a respeito das estruturas linguísticas do texto.
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Em “Evidencia-se”, o pronome “se” pode, facultativa e corretamente, ser tanto posposto — como aí foi empregado —
quanto anteposto à forma verbal — Se evidencia.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Jamais se deve iniciar frase ou oração com pronome oblíquo. É obrigatório o emprego da ênclise, no caso em questão.
Resposta: ERRADO
Um estudo da Universidade da Califórnia, em Davis – EUA, mostra que a curiosidade é importante no aprendizado.
Imagens dos cérebros de universitários revelaram que ela estimula a atividade cerebral do hormônio dopamina, que
parece fortalecer a memória das pessoas. A dopamina está ligada à sensação de recompensa, o que sugere que a
curiosidade estimula os mesmos circuitos neurais ativados por uma guloseima ou uma droga. Na média, os alunos
testados deram 35 respostas corretas a 50 perguntas acerca de temas que os deixavam curiosos e 27 de 50 questões
sobre assuntos que não os atraíam. Estimular a curiosidade ajuda a aprender.
Planeta, dez/2014, p. 14 (com adaptações).
A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item subsecutivo.
Em um uso mais formal da língua, as regras de colocação pronominal do padrão culto permitem que o pronome átono
em “que não os atraíam” (l.5) seja também utilizado depois do verbo, sob a forma de nos, ligada ao verbo por um hífen.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Está-se diante da palavra negativa “não”, que atua como fator de próclise. É obrigatório, portanto, o emprego do
pronome oblíquo átono antes do verbo – próclise.
Resposta: ERRADO
Os juízes que se deparam com o tema dos conflitos familiares e da violência doméstica assistem a situações de violência
extrema, marcadas pelo abuso das relações de afeto e parentesco, pela deslealdade nas relações íntimas de afeto e
confiança. A violência doméstica exclui e segrega os integrantes da família, pois as vítimas são muitas vezes
consideradas responsáveis pelas agressões que sofrem. É a mulher agredida quem “gosta de apanhar”, é a criança
espancada quem “provoca” os pais. Obviamente os membros da família ficam apavorados diante da possibilidade da
agressão e da exclusão e temem pela própria vida quando dependem da família para sobreviver emocional ou
materialmente. Assim, todos são atingidos pela agressão a um deles dirigida.
Importa destacar que a violência intrafamiliar pode se dar tanto de forma omissiva, pela ausência de cuidados
necessários ao desenvolvimento do indivíduo, de alimentação regular e abrigo, quanto comissiva, pela prática de atos
que violam a liberdade e a integridade física e psíquica da vítima, agressões físicas ou verbais. Esses atos são capazes de
gerar sentimento de insegurança nos membros da família. No âmbito doméstico, as agressões decorrem da vontade de
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Em “que a mantêm coesa e saudável”, o deslocamento do pronome “a” para logo após a forma verbal “mantêm”
prejudicaria a correção gramatical do período.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O “que”, em destaque, atua como pronome relativo. Uma evidência disso é a possibilidade de trocá-lo pela forma “os
quais”, que retoma o termo antecedente “sentimentos”. O pronome relativo atua como fator de próclise, o que força o
oblíquo átono “a” a se posicionar antes da forma verbal “mantêm”. Logo, posicionando o pronome após o verbo,
haverá prejuízo para a correção gramatical.
Resposta: CERTO
Texto III
A UnB investe em ideias e projetos comprometidos com a crítica social e a reflexão. Muitas dessas experiências têm
fomentado o debate nacional de temas polêmicos da realidade brasileira, das quais uma foi a criação, em 2003, de
cotas no vestibular para inserir negros e indígenas na universidade e ajudar a corrigir séculos de exclusão racial. A
medida foi polêmica, mas a UnB — a primeira universidade federal a adotar o sistema — buscou assumir seu papel na
luta por um projeto de combate ao racismo e à exclusão.
Outra inovação é o Programa de Avaliação Seriada (PAS), criado como alternativa ao vestibular, em que candidatos
são avaliados em provas aplicadas ao término de cada uma das séries do ensino médio. A intenção é a de estimular as
escolas a preparar melhor o aluno, com conteúdos mais densos desde o primeiro ano do ensino médio. Em treze anos
de criação, mais de oitenta mil estudantes participaram desse processo seletivo, dos quais 13.402 tornaram-se calouros
da UnB.
Internet: < www.unb.br> (com adaptações).
Julgue o item que se segue com relação às ideias e estruturas linguísticas do texto III.
Na linha 5, o pronome relativo “que” refere-se a “vestibular”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
Observemos o trecho:
Outra inovação é o Programa de Avaliação Seriada (PAS), criado como alternativa ao vestibular, em que candidatos são
avaliados em provas aplicadas ao término de cada uma das séries do ensino médio.
Note que o pronome relativo “que” retoma não o elemento imediatamente anterior “vestibular”, mas sim o “Programa
de Avaliação ”. Note que a oração adjetiva introduzida pelo relativo “que” – “em que candidatos são avaliados ...
médio” - diz respeito ao “Programa de Avaliação Seriada”, e não a “vestibular”.
Resposta: ERRADO
O Programa de Responsabilidade Socioambiental Viver Direito do TJDFT foi instituído por meio da Portaria GPR n.º
1.313/2012. As bases do Programa Viver Direito, seus objetivos e sua meta permanente são apresentados,
respectivamente, nos artigos 1.º, 2.º e 3.º da referida portaria, os quais são transcritos abaixo:
Art. 1.º Reeditar o Programa de Responsabilidade Socioambiental do TJDFT Viver Direito, cuja base é a Agenda
Socioambiental do TJDFT que, em permanente revisão, estabelece novas ações sociais e ambientais e as integra às
existentes no âmbito do Poder Judiciário do Distrito Federal e Territórios, visando à preservação e à recuperação do
meio ambiente, por meio de ações sociais sustentáveis, a fim de torná-lo e mantê-lo ambientalmente correto,
socialmente justo e economicamente viável.
Art. 2.º O Programa de Responsabilidade Socioambiental Viver Direito objetiva indicar e programar ações bem como
sensibilizar os públicos interno e externo quanto ao exercício dos direitos sociais, à gestão adequada dos resíduos
gerados pelo órgão, ao combate a todas as formas de desperdício dos recursos naturais e à inclusão de critérios
socioambientais nos investimentos, nas construções, nas compras e nas contratações de serviços da instituição.
Art. 3.º Define-se como meta permanente do Viver Direito a gestão ambientalmente saudável, caracterizada pela
adoção de práticas ecologicamente eficientes, que visem poupar matéria-prima, água e energia, bem como enfatizem a
reciclagem de resíduos e a promoção da cidadania e da paz social, com base no desenvolvimento do ser humano e na
preservação da vida.
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações).
Na linha 4, o antecedente do pronome relativo “cuja” é “base”, o que justifica o emprego do feminino singular nesse
pronome.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Questão chata! Rs. Por quê? Porque procura enganar o aluno. Primeiramente, o antecedente do relativo “cuja” não é
“base”, e sim “Programa de Responsabilidade Socioambiental do TJDFT Viver Direito”. Segundo, a flexão “cuja” é
justificada não pela concordância com o termo antecedente, e sim com o termo posterior.
Resposta: ERRADO
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A sensatez me absurda.
(E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso porque não encontrava um título para os seus poemas.
Um título que harmonizasse os seus conflitos. Até que apareceu Flores do mal. A beleza e a dor. Essa antítese o
acalmou.)
As antíteses congraçam.
Manoel de Barros. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 49.
As palavras “inconexo” e “absurda” foram formadas pelo mesmo processo de derivação, que resulta em mudança de
categoria gramatical de um vocábulo, sem que haja alteração morfológica.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Note que “inconexo” é originalmente um adjetivo. No verso, contudo, está determinado pelo artigo “o”, o que faz dele
um substantivo. Ocorreu, portanto, um processo de derivação imprópria.
Já a forma “absurda” é flexão do verbo “absurdar”. E este verbo foi formado por sufixação a partir do adjetivo
“absurdo”.
Trata-se, assim, de processos de formação diferentes! A palavra “inconexo” sofreu derivação imprópria. Já o verbo
“absurdar”, apresentado na flexão “absurda”, sofreu o processo de derivação sufixal.
Resposta: ERRADO
Nestes quatrocentos anos de colonização literária, recebemos a influência de muitos países. Sempre tentamos
reproduzir, com todas as minudências, a língua, as ideias, a vida de outras terras. Não sei donde vem esse medo que
temos de sermos nós mesmos. Queremos que nos tomem por outros.
(...)
Na literatura de ficção é que a falta de caráter dos brasileiros se revelou escandalosamente. Em geral, os nossos
escritores mostraram uma admirável ignorância das coisas que estavam perto deles. Tivemos caboclos brutos
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semelhantes aos heróis cristãos e bem-falantes em excesso. Os patriotas do século passado, em vez de estudar os
índios, estudaram tupi nos livros e leram Walter Scott. Tivemos damas das camélias em segunda mão. Tivemos
paisagens inúteis em linguagem campanuda, pores do sol difíceis, queimadas enormes, secas cheias de adjetivos. José
Veríssimo construiu um candeeiro em não sei quantas páginas.
Muito pouco — rios, poentes cor de sangue, incêndios, candeeiros.
Os ficcionistas indígenas engancharam-se regularmente na pintura dos caracteres. Não mostraram os personagens por
dentro: apresentaram o exterior deles, os olhos, os cabelos, os sapatos, o número de botões. Insistiram em pormenores
desnecessários, e as figuras ficaram paradas.
Os diálogos antigos eram uma lástima. Em certos romances, os indivíduos emudeciam, em outros,
falavam bonito demais, empregavam linguagem de discurso. Dois estrangeiros, perdidos nas brenhas, discutiam
política, sociologia, trapalhadas com pedantismo horrível, que se estiravam por muitas dezenas de folhas. Via-se
perfeitamente que o autor nunca tinha ouvido nada semelhante ao palavrório dos seus homens.
Felizmente, vamo-nos afastando dessa absurda contrafação de literaturas estranhas. Os romancistas atuais
compreenderam que, para a execução de obra razoável, não bastam retalhos de coisas velhas e novas importadas da
França, da Inglaterra e da Rússia.
(...)
O que é certo é que o romance do Nordeste existe e vai para diante. As livrarias estão cheias de nomes novos. Não é
razoável pensarmos que toda essa gente escreva porque um dia o Sr. José Américo publicou um livro que foi notado
com espanto no Rio:
— Um romance do Nordeste! Que coisa extraordinária!
Graciliano Ramos. In: Thiago Mio Salla (Org.). Garranchos/Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 138-9
(com adaptações).
Julgue (C ou E) o próximo item, relativo a aspectos gramaticais do texto de Graciliano Ramos.
Os termos “escandalosamente” e “bonito” exercem, nas orações a que pertencem, a mesma função sintática.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O termo “bonito” também funciona como advérbio de modo, modificando a forma verbal “falavam”.
Resposta: CERTO
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de marasmos e destroços.
Antonio Carlos Secchin. Autoria. In: Todos os ventos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002, p. 61-2.
No verso “num Antônio antônimo de mim”, o poeta explora o fato de que tanto “Antônio” quanto “antônimo”
compartilham a mesma raiz etimológica, que indica oposição, como em antissemita e antialérgico.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato, nas palavras “antissemita”, “antialérgico” e “antônimo”, há a presença de prefixos que sinalizam ideia de
posição.
No entanto, na palavra “Antônio”, não há essa significação de oposição. Recorrendo à análise etimológica de
Antônio, encontramos as seguintes informações: significa "valioso", "de valor inestimável". Há estudos que sugerem
que o nome Antônio tenha vindo do grego antheos, que quer dizer “alimentado de flores”.
Resposta: ERRADO
De acordo com uma lista da International Union for the Conservation of Nature, o Brasil é o país com o maior número
de espécies de aves ameaçadas de extinção, com um total de 123 espécies sofrendo risco real de desaparecer da
natureza em um futuro não tão distante. A Mata Atlântica concentra cerca de 80% de todas as aves ameaçadas no
país, fato que resulta de muitos anos de exploração e desmatamentos. Atualmente, restam apenas cerca de 10% da
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floresta original, não sendo homogênea essa proporção de floresta remanescente ao longo de toda a Mata Atlântica. A
situação é mais séria na região Nordeste, especialmente nos estados de Alagoas e Pernambuco, onde a maior parte da
floresta original foi substituída por plantações de cana-de-açúcar. É nessa região que ainda podem ser encontrados os
últimos exemplares das aves mais raras em todo o país, como o criticamente ameaçado limpa-folha-do-nordeste
(Philydor novaesi). Essa pequena ave de dezoito centímetros vive no estrato médio e dossel de florestas bem
conservadas e ricas em bromélias, onde procura artrópodes dos quais se alimenta. Atualmente, as duas únicas
localidades onde a espécie pode ser encontrada são a Estação Ecológica de Murici, em Alagoas, e a Serra do Urubu, em
Pernambuco.
Pedro F. Develey et al. O Brasil e suas aves. In: Scientific American Brasil, 2013 (com adaptações).
Julgue o item seguinte, relativo às ideias e aos aspectos estruturais do texto acima.
Nas sequências “toda a Mata Atlântica” e “todo o país”, os artigos definidos “a” e “o” são opcionais, podendo ser
suprimidos sem que haja prejuízo à correção gramatical e à significação dos períodos de que fazem parte.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O emprego do artigo, em parceria com o pronome “todo(a)(s)”, dá a entender a ideia de “inteiro”, “completo”. Assim,
“toda a Mata Atlântica” significa “a Mata Atlântica inteira”. Da mesma forma, “todo o país” dá a entender “o país
inteiro”.
Suprimindo o artigo, passa-se a ideia de “qualquer”. Assim, “toda Mata Atlântica” significa “qualquer Mata Atlântica”.
Da mesma forma, “todo país” dá a entender “qualquer país”.
Resposta: ERRADO
Vista do avião, a cidade de edifícios arrojados lembra Dubai, só que insulada na estepe verde. Desde 1997, quando o
presidente Nursultan Nazarbayev transferiu a capital de Almaty, maior centro urbano do país, para Astana, no norte, a
cidade não para de receber investidores e arquitetos famosos, atraídos pelas receitas de petróleo do
Cazaquistão. Oficialmente, o presidente Nazarbayev justificou a mudança alegando o risco permanente de terremoto
em Almaty e a falta de espaço para crescimento. Contudo, também queria integrar o norte habitado por russos à
maioria cazaque. Hoje, a população de Astana é 65% de origem cazaque, 23% russa, 3% ucraniana, 1,7% tártara e 1,5%
alemã. A nova capital é a fronteira de expansão econômica do país, irresistível para os jovens.
Brasília asiática. In: Planeta, fev./2014 (com adaptações).
Julgue o próximo item, referente às ideias e aos aspectos linguísticos do texto acima.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O vocábulo “Oficialmente” é um advérbio. Isso fica bem evidente com a presença do sufixo “mente”, formador de
advérbio. Já “permanente” é adjetivo e modifica o substantivo “risco”. Pertencem, portanto, a distintas classes
gramaticais.
Resposta: ERRADO
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Na Vila Telebrasília, onde mora, poucos conhecem Abiesel Alves Cavalcanti pelo nome completo. Lá ele é Bisa, o
pescador. Há 35 anos, o pernambucano veio atrás do progresso na capital. Acompanhado pelo irmão, trouxe algumas
roupas e a tarrafa, sua ferramenta de trabalho. “Eu falei para o mano: se lá tem água, tem peixe. De fome a gente não
morre”, lembra Bisa. O Lago Paranoá alimentou toda a sua família, composta de mulher e dez filhos. No começo,
quando a pesca com tarrafa era proibida, Bisa saía na madrugada em uma canoa e trabalhava escondido. Depois,
quando a captura com malha foi autorizada, ele se destacou entre os colegas. Chegava a voltar com até 300 quilos de
peixe na embarcação. Hoje, o lago já não é tão abundante quanto há uma década e meia, mas ele ainda chega com o
barco cheio. Entre tilápias, tucunarés, carpas e traíras, soma 250 quilos de peixe por semana e perto de dois mil reais
por mês. Bisa rema quase sete horas para chegar até a altura da Ermida Dom Bosco e, às vezes, dorme na mata e
retorna para casa só na manhã seguinte. “É uma vida de muito trabalho, mas necessidade eu nunca passei”, diz o
pescador.
Lilian Tahan. Vivendo de pescaria. In: Veja Brasília, 2/10/2013 (com adaptações).
Na oração “ele se destacou entre os colegas” (l.5), é obrigatório o uso do pronome “se” em posição pré-verbal, devido
ao fator atrativo exercido pelo elemento que o antecede
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Pronomes pessoais do caso reto não atuam como fatores de próclise. Não há, portanto, obrigatoriedade de
posicionamento do oblíquo antes do verbo.
Resposta: ERRADO
Permanece inquietante a questão de formar a criança e o jovem para valores que ainda constituem o ideal do nosso tão
sofrido bípede implume. O malogro da educação liberal-capitalista nos aflige como, em outro contexto, nos teria
afligido um projeto de educação totalitária. Esta impõe, mediante a violência do Estado, a passividade inerme do
cidadão, ao qual só resta obedecer aos ditames do partido dominante. Conhecemos o que foi a barbárie nazifascista, a
barbárie stalinista, a barbárie maoísta. De outra natureza é a barbárie que vivemos no aqui-e-agora do consumismo
irresponsável, dos lobbies farmacêuticos, do desrespeito ao ambiente, das violações dos direitos humanos
fundamentais, da imprensa facciosa e venal, dos partidos de aluguel, da intolerância ideológica dos grupelhos, da
arrogância dos formadores de opinião espalhados pela mídia e pelas universidades.
Um plano oficial de educação pouco poderia fazer para alterar esse iminente risco de desintegração que afeta a
sociedade civil, atingindo classes e estamentos diversos; mas que ao menos se faça esse pouco!
Alfredo Bosi. A valorização dos docentes é a única forma de construir uma escola eficiente. Chega de proletários do
giz. In: Carta Capital. Ano XIX, n.º 781, p. 29 (com adaptações).
Acerca das ideias desenvolvidas no texto acima e das estruturas linguísticas nele empregadas, julgue o item.
No trecho “nos teria afligido um projeto de educação totalitária”, o pronome “nos” poderia ser corretamente
empregado imediatamente após a forma verbal “teria”, escrevendo-se teria-nos.
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( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A forma “teria” está flexionada no futuro do pretérito do indicativo, o que nos impede empregar a ênclise (pronome
após o verbo). A alteração proposta não está correta gramaticalmente.
Resposta: ERRADO
No dia da primeira exibição pública de cinema — 28 de dezembro de 1895, em Paris —, um homem de teatro que
trabalhava com mágicas, Georges Mélies, foi falar com Lumière, um dos inventores do cinema; queria adquirir um
aparelho, e Lumière desencorajou-o, dizendo-lhe que o cinematógrafo não tinha o menor futuro como espetáculo, era
um instrumento científico para reproduzir o movimento e só poderia servir para pesquisas. Mesmo que o público, no
início, se divertisse com ele, seria uma novidade de vida breve, logo cansaria. Lumière enganou-se.
Naquele 28 de dezembro, o que apareceu na tela do Grand Café? Uns filmes curtinhos, filmados com a câmara parada,
em preto e branco e sem som. Um em especial emocionou o público: a vista de um trem chegando à estação, filmada
de tal forma que a locomotiva vinha de longe e enchia a tela, como se fosse projetar-se sobre a plateia.
A novidade não consistia em ver na tela um trem em movimento. Todos os espectadores sabiam que não havia nenhum
trem verdadeiro na tela, logo não havia por que assustar-se. A imagem na tela era em preto e branco e não fazia ruídos;
portanto, não podia haver dúvida, não se tratava de um trem de verdade. Só podia ser uma ilusão. A novidade residia
aí: na ilusão.
Jean Claude Bernadet. O que é cinema? Internet: <http://pt.scribd.com> (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O pronome “lhe” atua como objeto indireto do verbo “dizer”. Esse complemento pode ser representado por essa
forma oblíqua átona, como também pode ser representado pela forma oblíqua tônica “a ele”, “a ela”.
Lembremo-nos de que os pronomes ele, ela, nós, vós, eles e elas, quando solicitados por preposição, atuam como
oblíquos tônicos.
Resposta: CERTO
Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua
experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa
própria — o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem
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bater. Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o avesso do
causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida.
Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento
realista — que Oscar tem — de seu valor profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores
verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a perder, é preciso construir a beleza e a
felicidade no mundo, por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário.
Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do
Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes
da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita
intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi
dado para viver.
Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar Niemeyer,
velho e querido amigo, como não me emocionar?
Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, p. 134-5 (com adaptações).
O emprego de adjetivos no grau superlativo absoluto, como “mais emocionantes”, “mais antiautopromocionais”, “tão
frágil e precário”, produz o efeito de exaltação da superioridade dos atributos técnico e criativo de Oscar Niemeyer em
relação a outros brasileiros notáveis.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Em “mais emocionantes”, temos o grau comparativo de superioridade. Está-se comparando alguns depoimentos
com o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer.
Já “mais antiautopromocionais”, presente em “um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha
vida.”, está no grau superlativo relativo, e não absoluto, pois se compara o ser em relação a um amostra.
Por fim, “tão frágil e precário”, está no grau superlativo absoluto, pois se tomam essas características como
superiores, independente de comparação.
Resposta: ERRADO
Não é preciso muito esforço para notar de que é feito o cotidiano de um indivíduo brasileiro socioeconomicamente
privilegiado. Os assuntos da vida privada são, de longe, os que dominam qualquer outro tipo de preocupação. No
entanto, o cuidado excessivo com o bem-estar não apenas realimenta a cultura do alheamento como reduplica-se em
irresponsabilidade para consigo. A rede de atendimento aos “famintos de felicidade” tornou-se um negócio rendoso, e
os usuários, para mantê-la, exigem mais exploração dos que já são superexplorados. Quem vive permanentemente na
infelicidade não pode olhar o outro como alguém com quem possa ou deva preocupar-se. O sentimento íntimo de
quem padece é de que o mundo lhe deve alguma coisa, e não de que ele deva qualquer coisa ao mundo. O “comércio
de felicidade” é orquestrado de tal modo que o sentimento de deficiência, escassez ou privação pede sempre mais
dinheiro e mais atenção para consigo, como meio de evitar a presença avassaladora das frustrações emocionais.
Jurandir Freire. A ética democrática e seus inimigos – o lado privado da violência pública. In: Ari Roitman (Org).
O desafio ético, 2000, p. 83-4 (com adaptações).
Com base nas ideias e estruturas do texto acima, julgue o item a seguir.
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Em “de longe”, a substituição da preposição por ao mantém o respeito às regras gramaticais, mas altera as relações de
significação no período sintático.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato, no trecho "Os assuntos da vida privada são, de longe, os que dominam qualquer outro tipo de
preocupação.", o adjunto adverbial "de longe" dá uma ideia de intensidade, ou seja, dá-se a entender que os assuntos
da vida privada dominam demais o cotidiano dos mais favorecidos.
Se substituirmos pela expressão "ao longe", permanece a função sintática de adjunto adverbial, porém com
sentido de lugar.
Resposta: CERTO
Devido às relações de sentido entre as palavras do texto é correta a substituição do pronome "cuja" pela
preposição de para expressar noção de posse entre "avanço tecnológico" e "projeção futura".
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Ao se fazer a substituição sugerida, resultando na construção "avanço tecnológico, de projeção futura", deixa de
haver uma relação de posse, passando o termo grifado a desempenhar função meramente adjetiva. Essa alteração
também resultaria em equívoco de pontuação, pois a vírgula empregada depois de "tecnológico" forçaria outra vírgula
depois de "futura". Vale também ressaltar a equivalência correta entre as estruturas "avanço tecnológico, cuja projeção
futura" e "projeção futura do avanço tecnológico".
Resposta: ERRADO
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Texto.
Crítico severo da venalidade oficial, Padre Vieira, consultado por dom João IV sobre a conveniência de haver no
Maranhão e Grão-Pará dois capitães-mores, disparou em resposta: “Digo que menos mal será um ladrão que dois; e
que mais dificultoso será de achar dois homens de bem que um”. Nos sermões tampouco deixava de denunciar a
corrupção: “Se o que elegestes furta (não o ponhamos em condicional, porque claro está que há de furtar), furta o que
elegestes, e furta por si e por todos os seus”. Uma autoridade, afirmava, jamais devia ser empossada em lugar “onde se
aproveite e nos arruíne; onde se enriqueça a si e deixe pobre o Estado”.
Emanuel Araújo. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José
Olympio,1977, 2.ª ed., p. 291 (com adaptações).
A partir das ideias e de aspectos morfossintáticos do texto, julgue o seguinte item.
Nos substantivos compostos, ambos os elementos tomam a forma de plural quando constituídos de dois substantivos.
Desse modo, obedecem à mesma norma os compostos: obra-prima, salvo-conduto, abaixo-assinado, tenente-
coronel.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Os substantivos “obra-prima” e “tenente-coronel” seguem a mesma lógica, pois são formados por dois
substantivos. Os respectivos plurais são “obras-primas” e “tenentes-coronéis”.
Já “salvo-conduto” apresenta plural nos dois elementos: “salvos-condutos”. No entanto, trata-se de um
substantivo composto formado não por dois substantivos, mas sim por adjetivo – salvo – e um substantivo – conduto.
No caso de “abaixo-assinado”, apenas o segundo elemento varia, resultando na forma “abaixo-assinados”. A
palavra “abaixo” funciona como advérbio, daí o motivo de permanecer invariável.
Resposta: ERRADO
Gabarito
1. Certo
2. Certo
3. Errado
4. Errado
5. Certo
6. Certo
7. C
8. Certo
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9. Certo
10. Errado
11. Certo
12. Certo
13. Errado
14. Certo
15. Certo
16. Certo
17. D
18. Certo
19. Certo
20. Errado
21. Errado
22. Errado
23. Certo
24. Certo
25. Errado
26. Certo
27. Certo
28. Certo
29. Errado
30. Errado
31. Certo
32. Certo
33. Certo
34. A
35. Errado
36. Certo
37. Certo
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38. Errado
39. Errado
40. Errado
41. Certo
42. Errado
43. Errado
44. Errado
45. Certo
46. Errado
47. Errado
48. Errado
49. Errado
50. Errado
51. Certo
52. Errado
53. Certo
54. Errado
55. Errado
56.
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Lista de Questões
1. FCC - METRO SP/2018
... O espelho do olhar do outro te devolve uma imagem que parece sua, mas na qual você não se reconhece.
Para manter a uniformidade de tratamento do interlocutor, com a regência correta, o pronome sublinhado acima deve
ser alterado para:
a) a si
b) a ele
c) o
d) a
e) lhe
2. FCC – SABESP/2018
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como
antigamente...
Para eliminar a repetição da palavra bola, o segmento destacado deve ser substituído, conforme a norma-padrão da
língua, por
a) equilibrá-la
b) equilibrar-la
c) equilibrá-lhe
d) equilibrar-lhe
e) equilibrar-na
Embora controverso, na maioria dos festivais de cinema, é conferido o prêmio do público. Enquanto alguns
enaltecem o prêmio do público, há aqueles que consideram o prêmio do público pouco representativo da qualidade de
um filme; outros, ainda, interpretam o prêmio do público como mera estratégia mercadológica.
Os elementos sublinhados acima podem ser substituídos, respectivamente, por:
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4. FCC – Advogado/SABESP/2018
O nosso tempo é a nossa medida exclusiva, tornamos o nosso próprio tempo o soberano de nós mesmos, atribuímos ao
nosso próprio tempo qualidades que não deveriam transformar o nosso próprio tempo num tempo absoluto.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
5. FCC - SABESP/2018
a) O escritor, no fim das contas, acaba moldando-se aos ideais cujos leitores arbitrariamente lhe inculcam.
b) O mais das vezes fantasiosas, as histórias de que contam dos poetas costumam desviar de suas obras a atenção
necessária.
c) Termina-se por constituir um anedotário sobre os escritores, com o qual se ilustram suas principais características.
d) O público leitor, ávido por histórias da qual distrair-se, não perdoa sequer a reputação dos artistas.
e) Ao atribuir determinadas características aos escritores de que admiramos, na verdade buscamos nos identificar a
eles.
6. FCC - SABESP/2018
Logo após o 11 de Setembro, o mundo entrou numa fase muito particular, a que poderíamos chamar de estado de
“exceção”.
Uma redação alternativa para o segmento a que poderíamos chamar de estado de “exceção” encontra-se em:
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Tratando do estado de solidão ou da necessidade de convívio, Sêneca vê no estado de solidão uma contrapartida da
necessidade de convívio, assim como vê na necessidade de convívio uma abertura para encontrar satisfação no estado
de solidão.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por:
A sistematização dos fatos, feita pelos cientistas ou estudiosos, não passa, por mais complicada que pareça, disto
mesmo − de sistematização dos fatos. Com o tempo, um estudo muito aplicado fica inacessível para aqueles que não se
dedicaram muito a ele. Por isso não entendemos de medicina, direito ou matemática − a não ser que sejamos médicos,
juristas ou matemáticos. Cada nova geração herda esse patrimônio de conceitos e palavras e tenta aperfeiçoá-lo,
modificá-lo, revê-lo e assim por diante. Então, por mais que pareça um termo complicado, não existe nada de
intrinsecamente difícil em “ideologia”. Ela é simplesmente a palavra usada para descrever um conjunto de fatos que é
parte integrante de nossas vidas, sendo mesmo difícil conceber um ser humano que não abrigue alguma forma de
pensamento ideológico. A ideologia é uma maneira de pensar, uma espécie de “forma” em que moldamos o mundo.
... uma espécie de “forma” em que moldamos o mundo. (1º parágrafo)
a) com o qual
b) aonde
c) a qual
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d) do qual
e) na qual
O trecho reescrito conforme a norma-padrão da língua, com o complemento verbal substituído pelo pronome
correspondente, está em:
a) a Unesco considerou os prédios inovadores e criativos. / a Unesco considerou-lhes inovadores e criativos.
b) conjunto arquitetural que representava período significativo da história. / conjunto arquitetural que a representava.
c) governador de Brasília [...] publicou o decreto... / governador de Brasília [...] lhe publicou...
Os deuses de Delfos
Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: o governo do mundo
coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável, expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de
Delfos: “O mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas
regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a
harmonia como aquilo que impõe um limite ao “bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta
visão é colocada sob a proteção de Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo
de Delfos.
Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus do caos e da desenfreada infração de
toda regra. Essa coabitação de duas divindades antitéticas não é casual, embora só tenha sido tematizada na idade
moderna, com Nietzsche. Em geral, ela exprime a possibilidade, sempre presente e verificando-se periodicamente, da
irrupção do caos na beleza da harmonia. Mais especificamente, expressam-se aqui algumas antíteses significativas que
permanecem sem solução dentro da concepção grega da Beleza, que se mostra bem mais complexa e problemática do
que as simplificações operadas pela tradição clássica.
Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a Beleza é perceptível, mas não
completamente, pois nem tudo nela se exprime em formas sensíveis, abre-se uma perigosa oposição entre Aparência e
Beleza: oposição que os artistas tentarão manter entreaberta, mas que um filósofo como Heráclito abrirá em toda a sua
amplidão, afirmando que a Beleza harmônica do mundo se evidencia como casual desordem. Uma segunda antítese é
aquela entre som e visão, as duas formas perceptivas privilegiadas pela concepção grega (provavelmente porque, ao
contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis a medidas e ordens numéricas): embora se reconheça à música o
privilégio de exprimir a alma, é somente às formas visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que
agrada e atrai”. Desordem e música vão, assim, constituir uma espécie de lado obscuro da Beleza apolínea harmônica e
visível e como tais colocam-se na esfera de ação de Dioniso.
Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma “ideia” (presumindo, portanto,
uma pacata contemplação), enquanto a música era entendida como algo que suscita paixões.
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(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56)
O pronome que substitui corretamente o complemento verbal destacado no segmento, conforme a norma-
padrão da língua portuguesa, está expresso em:
a) Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser – os
Levante a mão quem nunca teve o azar de ser amado pelas razões erradas. Eis uma experiência capaz de produzir a
angústia de quem se depara com um duplo de si mesmo: o espelho do olhar do outro te devolve uma imagem que parece
sua, mas na qual você não se reconhece. Claro que ninguém ama com objetividade. O que o amante vê no ser amado é
sempre contaminado pela fantasia. Não me refiro, então, à impossibilidade fundamental de complementaridade entre
os casais, mas aos encontros que se dão na base do puro mal-entendido. Sentir-se amado por qualidades que o outro
imagina, mas não têm nada a ver com você, pode ser muito angustiante. E sedutor. Vale lembrar que a palavra
“sedução” indica o ato de desviar alguém de seu caminho: “eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá”.
Pensava essas coisas de meu lugar na plateia lotada do Credicard Hall (que nome para um teatro, caramba!), onde fui
ver o show de uma de minhas cantoras favoritas no momento: Maria Gadú. Com jeito de moleque, encarapitada no
banquinho, de onde não desceu para rebolar nenhuma vez, composições muito pessoais que escapam ao clichê
romântico e uma rara sofisticação musical, Maria Gadú parecia não se reconhecer diante do público que – vibrava? Não,
vibrar seria compreensível. Delirava? Sim; mas o entusiasmo foi muito além disso. O público ululava desde os primeiros
acordes de cada canção, que todos sabiam de cor, mas não conseguiam escutar. A energia com que aplaudiam mais
parecia uma fúria, que a timidez da artista só fazia excitar mais e mais. Pareciam todos sedentos por uma experiência
musical autêntica, promovida por alguém que não vendesse sensualidade barata, e ao mesmo tempo não se
conformavam de não conseguir puxar a cantora para o terreno familiar da vulgaridade e do sex appeal.
Mas estava espantada com a dimensão do sucesso. Como responderá ao apelo de um público que talvez esteja
apaixonado por ela pelas razões erradas? Como não se espelhar na imagem banal de pop star que lhe oferecem? O que
é mais difícil de enfrentar, na vida artística: a resistência do público para quem sua obra se dirige ou a fama vertiginosa
que alavanca (ops) a carreira de alguns artistas iniciantes para o topo do mercado em algumas semanas?
Ela diz ter com a música uma aliança impossível de desfazer. Sua intuição musical parece capaz de levá-la muito além
da próxima esquina, e a sutil entonação dolorida na voz talvez não permita que ela vire uma espécie de Ivete Sangalo
paulistana. O CD de estreia é dedicado à avó Cila. A terceira faixa é uma homenagem fúnebre tocante, uma toada em
feitio de oração. Como outro grande compositor negro, Gilberto Gil, Gadú se mostra capaz de reverenciar a força de seus
ancestrais. “Se queres partir, ir embora / me olhe de onde estiver”, pede para a avó, contando com a ajuda dos orixás.
Quem sabe a forte conexão com sua origem a proteja de se transformar em fast food para a voracidade dos
consumidores.
(Adaptado de: KEHL, Maria Rita. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011)
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Dialeto do Planalto
Brasília é recente - foi fundada há menos de 60 anos -, mas, com contribuições de várias partes do país, formou a
própria identidade. Descubra expressões típicas de lá que ajudam a revelar o jeito de ser do povo da capital
federal.
Ele é muito aguado.
Refere-se a alguém que chora por qualquer coisa e de forma fingida - ou seja, um manteiga-derretida especializado em
lágrimas de crocodilo.
Nunca vi garçom tão apagado!
É assim que os brasilienses se referem a alguém lento, lerdo. “Apagar” também pode ser sinônimo de assassinar.
“Agá”, em Brasília, é piada. E por lá corre o seguinte “agá”: não é à toa que o prédio do Congresso Nacional tem o
formato dessa letra...
Eu vou de camelo.
Famoso por fazer parte da letra da música Eduardo e Mônica, da Legião Urbana, o termo “camelo” denota bicicleta.
Sabe-se lá por que o filhote da cabra ganhou essa fama no Distrito Federal: “dar de cabrito” é sair de fininho, à
francesa.
(Adaptado de: IACONIS, Heloísa. Todos. São Paulo: Mol, Fevereiro/março, p. 37)
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Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que
eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou
recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que
como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e
metesse os versos no bolso.
– Continue, disse eu acordando.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou
a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos
reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da
cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” –
“Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai
lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e
dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem
calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também
não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu
poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a
obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)
− No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro
− Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã
A raposa a encontrou esbaforida e parou diante dela com a maior cara de pau. Indignada, a corça arrepiou o pelo e
disse: “Nunca mais você me pega, sua peste! E se chegar perto de mim, não sairá viva! Vá raposinhar com outros,
inexperientes, estimulando-os a se tornarem reis!”
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Era julho de 1955. Dali a menos de dois anos, em março de 1957, Oscar Niemeyer estaria na comissão julgadora que
escolheu o plano-piloto de Lúcio Costa – finalizado a tinta nanquim e último a ser inscrito na concorrência –, projeto
vencedor para a construção da nova capital federal. Mas, naquele momento, ainda antes de ser convidado por
Juscelino Kubitschek para criar os principais monumentos de Brasília, Niemeyer detalhou pela primeira vez como seria
Marina, a única cidade projetada por ele no país.
“Podemos dizer que Marina será uma cidade planejada efetivamente de acordo com as concepções mais modernas da
técnica urbanística”, afirmou ao vespertino carioca A noite. “As distâncias entre os locais de trabalho, estudo, recreio e
habitação serão limitadas a percursos de, no máximo, 15 minutos de marcha. Isso evitará a perda de tempo em
transportes, permitindo folga suficiente para recreação e prática de esportes”, declarou Niemeyer, que sonhava com
uma cidade autossustentável, muito antes de o conceito se tornar a principal preocupação de projetos mundo afora.
...finalizado a tinta nanquim e último a ser inscrito na concorrência...
Três em cada quatro brasileiros se consideram católicos. Pelas contas do Censo 2000, para uma população total em
torno de 170 milhões de habitantes, o Brasil entra no século XXI aproximadamente com 125 milhões de católicos
declarados, praticamente três quartos da população residente total.
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Quer dizer que no início do terceiro milênio ainda é possível a esse país, o maior e mais populoso da “América católica”,
continuar ostentando com fundamento em dados estatísticos cientificamente controlados e religiosamente isentos sua
histórica posição de nação com hegemonia católica, que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o
maior país católico do mundo”. Tradicionalmente autoaplicado por seus habitantes em conotações que, a bem da
verdade, sofrem polarizações e inflexões de toda espécie e grau, que vão do contentamento envaidecido sem ressalvas
ao lamento aborrecido sem reservas, a plausibilidade desse superlativo identitário pode estar com os dias contados.
Não obstante a permanência ininterrupta da enorme desigualdade em tamanho e estatura das religiões no Brasil, não é
mais possível, nos dias que correm, desconhecer que a sociedade brasileira está passando por um processo de
transição religiosa que é notório. Visível a olho nu. Mas não só, uma vez que se trata de um processo que tem sido há
décadas acompanhado atentamente, e comprovado a frio reiteradamente, pelas estatísticas censitárias. Esse lento vir a
ser, ao mesmo tempo matemático e falastrão, vai pouco a pouco desfigurando nosso velho semblante cultural com a
introdução gradual, mas nem por isso menos corrosiva, de estranhamentos e distâncias, descontinuidades e respiros
no batido ramerrão do imaginário religioso nacional. Com efeito, hoje se assiste em nosso país a um vigoroso
movimento de transição demográfico-religiosa que já assumiu a forma de progressiva migração de contingentes
católicos para outras religiões. Ou mesmo para nenhuma.
(Adaptado de: PIERUCCI, Antonio Flávio. Religiões no Brasil. In: BOTELHO, André e SCHWARCZ, Lilia Moritz
(orgs.). Agenda Brasileira: temas de uma sociedade em mudança. Companhia das Letras, 2011, p. 472-473)
A assertiva que a gramática normativa aprova é:
a) O pronome destacado em Três em cada quatro brasileiros se consideram católicos determina que se entenda a frase
como equivalente a “Três em cada quatro brasileiros são considerados católicos”.
b) A função do pronome esse restringe-se a sinalizar que o país referido é aquele que vem anunciado, logo em seguida,
como o maior e mais populoso da “América católica”.
c) Em que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o maior país católico do mundo”, o pronome
destacado tem sentido possessivo, como em “Colocou-lhe no dedo a aliança prometida”.
d) Se, em vez da caracterização original do processo, houvesse uma outra formulação, ela estaria correta, por exemplo,
assim: “se trata de um processo cujo desfecho dependerão várias religiões”.
e) Em que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o maior país católico do mundo”, o pronome
destacado pode ser substituído por “a ele”, sem prejuízo do sentido e da correção originais.
Na morte de Carlos Heitor Cony, lamentei nunca ...... que mudara de opinião sobre um escritor que ele admirava e eu, de
graça, sempre desprezara: Humberto de Campos. Ao finalmente ......, em 2017, enxerguei muito de Humberto de
Campos na coragem e na franqueza de Cony. Há dias, recebi uma caixa da viúva de Cony. Antes mesmo de ......, já
adivinhava o conteúdo: os livros de Humberto de Campos que Cony tanto lera e amara.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. Op.cit.)
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Prof. José Maria
Língua Portuguesa para EMBRAPA
Aula 2: Classes de Palavras
Perdeu-se a antiga privacidade, enterramos a antiga privacidade sob os conectores modernos, tornamos esses
conectores modernos nossos deuses implacáveis, sob o comando desses conectores modernos trocamos
escandalosamente todas as informações mais pessoais.
Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das
coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela
quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um
punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que
árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e
sempre numa determinada região do Jardim Botânico.
No segmento de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas (3o parágrafo), o termo sublinhado
pode ser substituído corretamente por:
a) de cuja
b) dos quais
c) de qual
d) de quanta
e) de cujos
Não raro, o homem moderno considera construções antigas como bens ultrapassados, ...... deveriam ceder lugar a
edificações mais arrojadas.
Preenche corretamente a lacuna da frase o que se encontra em:
a) dos quais
b) nos quais
c) onde
d) os quais
e) aonde
a) Entre os assuntos revistos a que se deve dar importância está o da terminalidade da vida.
c) A terminalidade da vida, tema de cujos aspectos derivam tanta polêmica, foi considerada na revisão do Código.
d) Quanto à terminalidade da vida, onde a polêmica se acrescenta muita paixão, ainda há muito o que debater.
e) Qualquer das posições da polêmica a que se queiram defender levantará uma série de objeções.
Para Bauman, a livre regulação do mercado causa desigualdades e injustiças. Bauman questiona a livre regulação do
mercado, pois, segundo ele, o mercado cria problemas, mas não consegue resolver os problemas.
Fazendo-se as alterações necessárias, os elementos sublinhados acima foram corretamente substituídos por um
pronome em:
a) lhe questiona − os resolver
c) a questiona − resolvê-los
d) a questiona − resolver-lhes
Criamos a nossa civilização e atribuímos à nossa civilização o papel de dirimir nossos sofrimentos, fazendo da nossa
civilização uma espécie de escudo contra o furor dos nossos instintos, para que não reconheçamos os nossos
instintos como forças que não podem ser controladas.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima, substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
Medo da eternidade
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia
bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o
mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
− Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena
pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu
que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar
mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual
eu já começara a me dar conta.
Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
− E agora que é que eu faço? − perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
− Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí
mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a
escola.
− Acabou-se o docinho. E agora?
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de
borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava
gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de
eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava era aflição. Enquanto isso, eu mastigava
obedientemente, sem parar.
Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
− Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
− Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir
mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse
você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle
caíra da boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
06 de junho de 1970
(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo – crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.289-91)
Um dos elementos mais importantes na organização do texto de Clarice Lispector é o advérbio de tempo, como
o que se encontra grifado em:
I. Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. (1º parágrafo)
II. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já
começara a me dar conta. (7º parágrafo)
III. – E agora que é que eu faço? – perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. (9º parágrafo)
a) I, II e IV.
b) II e IV.
c) II e III.
d) I e III.
e) I, III e IV.
Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna: nasceram durante a Revolução Francesa, no
final do século XVIII. Os parisienses revoltados arrebentaram as casas dos nobres e se serviram de bens, mobiliário e
objetos de arte. O quebra-quebra era um jeito de decretar que acabara o tempo dos privilégios. A Assembleia Nacional
debateu durante meses para chegar à conclusão de que os restos do luxo dos aristocratas deviam ser considerados
patrimônio da nação. Seriam, portanto, reunidos e instalados em museus que todos visitariam, preservando
agradavelmente a lembrança de tempos anteriores.
A questão em debate era a seguinte: será que fazia sentido preservar o passado, uma vez que estava começando uma
nova era em que os indivíduos não mais seriam julgados por sua origem, mas por sua capacidade e potencialidades
pessoais? Não seria lógico destruir os vestígios de épocas injustas para começar tudo do zero? Prevaleceu o partido
segundo o qual era bom conservar os restos do passado iníquo e transformá-los em memórias coletivas.
Dessa escolha nasceram os museus e, logo depois, a decisão de preservar os monumentos históricos. Na mesma
época, na Europa inteira, ganhou força o interesse pela História. A justificativa seria: lembrar para não repetir. Não deu
muito certo, ao que tudo indica, pois nunca paramos de repetir o pior. No fundo, não queremos que o passado decida
nosso destino: o que nos importa, em princípio, é sempre o futuro.
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 330-331)
c) O tempo com que frequentemente nos importamos não é o passado, mas o futuro.
e) Os museus e os monumentos são instituições aonde algum aprendizado da história sempre se dá.
No texto abaixo, Graciliano Ramos narra seu encontro com Nise da Silveira.
Chamaram-me da porta: uma das mulheres recolhidas à sala 4 desejava falar comigo. Estranhei. Quem seria? E onde
ficava a sala 4? Um sujeito conduziu-me ao fim da plataforma, subiu o corrimão e daí, com agilidade forte, galgou uma
janela. Esteve alguns minutos conversando, gesticulando, pulou no chão e convidou-me a substituí-lo. Que? Trepar-me
àquelas alturas, com tamancos?
Examinei a distância, receoso, descalcei-me, resolvi tentar a difícil acrobacia. A desconhecida amiga exigia de mim um
sacrifício; a perna, estragada na operação, movia-se lenta e perra; se me desequilibrasse, iria esborrachar-me no
pavimento inferior. Não houve desastre. Numa passada larga, atingi o vão da janela; agarrei-me aos varões de ferro,
olhei o exterior, zonzo, sem perceber direito por que me achava ali. Uma voz chegou-me, fraca, mas no primeiro
instante não atinei com a pessoa que falava. Enxerguei o pátio, o vestíbulo, a escada já vista no dia anterior. No
patamar, abaixo de meu observatório, uma cortina de lona ocultava a Praça Vermelha. Junto, à direita, além de uma
grade larga, distingui afinal uma senhora pálida e magra, de olhos fixos, arregalados. O rosto moço revelava fadiga, aos
cabelos negros misturavam-se alguns fios grisalhos. Referiu-se a Maceió, apresentou-se:
− Nise da Silveira.
Noutro lugar o encontro me daria prazer. O que senti foi surpresa, lamentei ver minha conterrânea fora do mundo,
longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-a culta e boa, Rachel de Queiroz me afirmara a
grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se de tomar espaço.
Nunca me havia aparecido criatura mais simpática. O marido, também médico, era meu velho conhecido Mário
Magalhães. Pedi notícias dele: estava em liberdade. E calei-me, num vivo constrangimento.
De pijama, sem sapatos, seguro à verga preta, achei-me ridículo e vazio; certamente causava impressão muito infeliz.
Nise, acanhada, tinha um sorriso doce, fitava-me os bugalhos enormes, e isto me agravava a perturbação,
magnetizava-me. Balbuciou imprecisões, guardou silêncio, provavelmente se arrependeu de me haver convidado para
deixar-me assim confuso.
(RAMOS, Graciliano, Memórias do Cárcere, vol. 1. São Paulo, Record, 1996, p. 340 e 341)
... lamentei ver minha conterrânea... / ... atingi o vão da janela... / ... aos cabelos negros misturavam-se alguns
fios grisalhos.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados podem ser substituídos, respectivamente, pelos seguintes
pronomes:
a) -la − -lo − -lhe
b) -a − -la − -os
c) -la − -o − -lhes
d) -a − -o − -lhes
Muita gente não enfrenta uma argumentação, prefere substituir uma argumentação pela alegação do gosto,
atribuindo ao gosto o valor de um princípio inteiramente defensável, em vez de tomar o gosto como uma instância
caprichosa.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados por, respectivamente,
A forma pronominal acima, em negrito, será também encontrada em uma das frases abaixo, quando o termo nela
sublinhado for substituído pelo pronome que lhe corresponde. Essa frase é:
a) Convocou todos os funcionários para agradecer a eles a especial colaboração.
O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados
do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.
O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa
e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos
atrás.
Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática
fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.
A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos
a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota −
era a capital da China.
As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as
fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se
expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção
da costa.
Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam
na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.
O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios
que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse
tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar
é considerável.
Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete
ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das
temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.
(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473)
cruzando os desertos do oeste da China − que contornam a Índia − adotam complexas providências
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados acima foram corretamente substituídos por um pronome,
respectivamente, em:
a) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
31.FCC - TJ TRT19/Administrativa/2014
E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado.
a) Na época ...... o poeta esteve preso a regras, seus versos perderam muito em emoção lírica.
b) O artificialismo ...... se prendem alguns poetas compromete a sincera expressão de seus sentimentos.
c) A obra ...... se fala contém versos que demonstram o verdadeiro lirismo de seu autor.
d) Os estímulos ...... um poeta compõe sua obra se originam na realidade vivida e transformada por ele.
a) A argumentação na qual se valeu o ministro baseava-se numa analogia em cuja pretendia confundir função técnica
com função política.
b) As funções para cujo desempenho exige-se alta habilitação jamais caberão a quem se promova apenas pela
aclamação do voto.
c) Para muitos, seria preferível uma escolha baseada no consenso do voto do que a promoção pelo mérito onde nem
todos confiam.
d) A má reputação de que se imputa ao "assembleísmo" é análoga àquela em que se reveste a "meritocracia".
e) A convicção de cuja não se afasta o autor do texto é a de que a adoção de um ou outro critério se faça
segundo à natureza do caso.
a) No ônibus de viagem, ao qual recorro regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões.
b) Ao contrário de outros tempos, já não é mais ao crepúsculo que me atenho em minhas viagens.
c) A conectividade está nos conduzindo a um destino com o qual ninguém se arrisca a prever.
d) As pessoas absortas em suas conexões parecem imergir numa espécie de solidão com cujo sentido é difícil de atinar.
e) O cronista considera que nossas necessidades permanentes, às quais alude no último parágrafo, disfarçam-se em
meio a tantas conexões.
a) Adoniran Barbosa, a qual primeira tentativa de entrar para o rádio foi malsucedida, tornou-se um grande sucesso
nesse veículo.
b) Em 1935, Adoniran ganhou um concurso com uma marchinha carnavalesca, pela qual foi eleita a melhor marcha do
ano.
c) Nas canções de Adoniran, a linguagem, cujos traços coloquiais são facilmente percebidos, reproduz o modo de falar
de certas camadas sociais.
d) Adoniran Barbosa, o qual verdadeiro nome era João Rubinato, foi considerado pela crítica o maior sambista paulista.
e) Certas composições de Adoniran, nas quais incluem "Trem das onze" e "Saudosa Maloca", são conhecidas pela
maioria dos brasileiros.
... por volta de 2100, ano em que, segundo as projeções da ONU, a Terra terá completado seu décimo bilhão de
habitantes.
O segmento grifado acima preenche corretamente a lacuna da frase:
a) Os dados ...... se baseavam os cientistas para prever a escassez de alimentos ainda não estavam inteiramente
catalogados.
b) Será necessário investir cada vez mais na agricultura,...... a oferta de alimentos atinja toda a população do planeta.
c) O aumento de habitantes exige uma produção de alimentos mais ampla e variada, ...... sejam oferecidos a toda essa
população.
d) O desafio de aumentar a oferta de alimentos, ...... se necessita atualmente, justifica os múltiplos investimentos na
produção agrícola.
e) A explosão do número de habitantes no planeta, ...... contam alguns cientistas, parece estar atualmente sob certo
controle.
37.INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
a) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
c) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
d) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
38. INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
a) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
b) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
c) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
d) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
e) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
39. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
b) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
c) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
40. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
Questões Comentadas
... O espelho do olhar do outro te devolve uma imagem que parece sua, mas na qual você não se reconhece.
Para manter a uniformidade de tratamento do interlocutor, com a regência correta, o pronome sublinhado acima deve
ser alterado para:
a) a si
b) a ele
c) o
d) a
e) lhe
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A – ERRADA - “A si” é de 3ª pessoa e manteria unidade na frase, contudo, é um pronome que se usa
apenas em ações reflexivas, o que não é o caso, já que o paciente sofre a ação praticada por outrem.
ALTERNATIVA B – ERRADA - “A ele” não poderia ser usado pois geraria falta de coesão, direcionando a ideia não para
o interlocutor, mas sim para “outro”.
ALTERNATIVA C – ERRADA - O pronome “o” é utilizado somente quando há necessidade de um complemento direto
masculino para a 3ª pessoa do singular. Contudo, o verbo “devolver” tem como objeto direto “uma imagem”, não
sendo o elemento retomado pelo pronome, que deveria ser o interlocutor. Portanto, item incorreto.
ALTERNATIVA D – ERRADA - Mesma situação do item anterior, mudando-se apenas o fato de que “a” retoma o
gênero feminino.
ALTERNATIVA E – CERTA - Alternativa correta. “Lhe” é o pronome a ser utilizado quando deseja-se retomar a 3ª
pessoa em posição de objeto indireto que está na interlocução.
Resposta: E
2. FCC – SABESP/2018
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como
antigamente...
Para eliminar a repetição da palavra bola, o segmento destacado deve ser substituído, conforme a norma-padrão da
língua, por
a) equilibrá-la
b) equilibrar-la
c) equilibrá-lhe
d) equilibrar-lhe
e) equilibrar-na
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A – CERTA - Item correto, pois para promover o uso do pronome oblíquo em verbos terminados em
“r” seguidos de “la”, deve-se remover essa letra e adicionar o pronome. Além disso, “la” é o pronome oblíquo que
retoma a terceira pessoa feminina que se aloca na função sintática de objeto direto, no caso “a bola”.
ALTERNATIVA B – ERRADA - Item incorreto, pois deve-se remover a letra “r” nos verbos terminados por essa letra
para que se possa adicionar o pronome oblíquo.
ALTERNATIVA C – ERRADA - Por “bola” ser objeto direto, não pode-se usar o “lhe”, que destina-se ao objeto indireto.
Além disso, a grafia do verbo está incorreta.
ALTERNATIVA D – ERRADA - Mesma situação do item anterior, “lhe” somente pode ser usado para objetos indiretos,
o que não é o caso.
ALTERNATIVA E – ERRADA - “Na” somente é usado quando o verbo terminar em sons nasais, como “equilibram-na”.
Resposta: A
Embora controverso, na maioria dos festivais de cinema, é conferido o prêmio do público. Enquanto alguns
enaltecem o prêmio do público, há aqueles que consideram o prêmio do público pouco representativo da qualidade de
um filme; outros, ainda, interpretam o prêmio do público como mera estratégia mercadológica.
Os elementos sublinhados acima podem ser substituídos, respectivamente, por:
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADA - “O prêmio do público” é objeto direto, portanto não pode ser retomado por “lhe”, que
se destina a objetos indiretos. Além disso, não pode haver próclise em “interpretam”, pois há vírgula depois do
advérbio.
ALTERNATIVA B – CERTA -Item correto, pois temos a colocação adequada do pronome bem como da utilização do
pronome oblíquo adequado de acordo com as normas gramaticais, já que todos os elementos se portam como objeto
direto.
ALTERNATIVA C – ERRADA - Item incorreto por causa do uso de “lhe”, que indica o objeto indireto, porém já vimos
que todas as ocorrências são de objeto direto.
ALTERNATIVA D – ERRADA - Mesma situação do item anterior, “lhe” somente pode ser usado para objetos indiretos,
o que não é o caso.
ALTERNATIVA E – ERRADA - Além da existência do “lhe”, temos o fato de que em “consideram” somente pode ser
aceita a próclise, por causa da atração pronominal exercida pelo pronome relativo “que”.
Resposta: B
4. FCC – Advogado/SABESP/2018
O nosso tempo é a nossa medida exclusiva, tornamos o nosso próprio tempo o soberano de nós mesmos, atribuímos ao
nosso próprio tempo qualidades que não deveriam transformar o nosso próprio tempo num tempo absoluto.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A - ERRADA - Item incorreto pois, “tornamos” e “transformar” pedem objetos diretos, não sendo
correto o uso de “lhe”.
ALTERNATIVA B – ERRADA - Alternativa também incorreta, pois o verbo “atribuir” pede um objeto indireto, pois a
posição de objeto direto já está ocupada por “qualidades”, assim, não se pode usar o pronome “o”.
ALTERNATIVA C – ERRADA - Item incorreto por causa dos três elementos descritos. Na primeira e na segunda
ocorrências temos o mesmo problema, pois não haver próclise depois de vírgula, a não ser que houvesse um elemento
atrativo antes de termo isolado por vírgulas, o que não é o caso nem em “tornamos” nem em “atribuímos”. Por fim,
“transformamos” solicita objeto direto, não sendo possível o uso de “lhe”.
ALTERNATIVA D – ERRADA - Em “tornamos” pede-se objeto direto, assim, não se pode usar “lhe”. Já em “atribuímos”
pede-se objeto indireto, não sendo possível usar “o”.
ALTERNATIVA E – CERTA - Item correto, tanto pelo uso adequado dos pronomes de acordo com a regência dos
verbos como nas regras de colocação pronominal em todos os casos.
Resposta: E
5. FCC - SABESP/2018
a) O escritor, no fim das contas, acaba moldando-se aos ideais cujos leitores arbitrariamente lhe inculcam.
b) O mais das vezes fantasiosas, as histórias de que contam dos poetas costumam desviar de suas obras a atenção
necessária.
c) Termina-se por constituir um anedotário sobre os escritores, com o qual se ilustram suas principais características.
d) O público leitor, ávido por histórias da qual distrair-se, não perdoa sequer a reputação dos artistas.
e) Ao atribuir determinadas características aos escritores de que admiramos, na verdade buscamos nos identificar a
eles.
RESOLUÇÃO:
O escritor, no fim das contas, acaba moldando-se aos ideais cujos leitores arbitrariamente lhe inculcam.
I - O escritor, no fim das contas, acaba moldando-se aos ideais dos leitores.
Note que a relação de posse é dada por “os ideais dos leitores”, que pode ser reescrita da seguinte forma: “os leitores
cujos ideais”.
Na frase original, empregou-se “os ideais cujos leitores”, que resultaria numa relação de posse estranha à coerência da
frase: “os leitores dos ideais”.
A frase correta, portanto, seria: O escritor, no fim das contas, acaba moldando-se aos leitores cujos ideais
arbitrariamente lhe inculcam.
ALTERNATIVA B – ERRADA – Observemos a frase:
O mais das vezes fantasiosas, as histórias de que contam dos poetas costumam desviar de suas obras a atenção
necessária.
Desmembrando a frase em duas orações, teremos:
II - O mais das vezes fantasiosas, as histórias costumam desviar de suas obras a atenção necessária.
Note que a forma verbal “contam” se liga a “histórias” sem preposição. Isso significa que a construção na frase original
“... as histórias de que contam dos poetas...” está equivocada, pois NÃO há necessidade da preposição “de” para ligar
“contam” ao termo anterior ao pronome relativo “histórias”.
A frase correta, portanto, seria: O mais das vezes fantasiosas, as histórias que contam dos poetas costumam desviar de
suas obras a atenção necessária.
ALTERNATIVA C – CERTA – Observemos a frase:
Termina-se por constituir um anedotário sobre os escritores, com o qual se ilustram suas principais características.
Note que a forma verbal “Ilustram-se” se liga a “anedotário” por meio da preposição COM. Isso significa que a
construção na frase original “... um anedotário sobre os escritores, com o qual se ilustram suas principais
características.” está correta, pois há necessidade da preposição “com” para ligar “se ilustram” ao termo anterior ao
pronome relativo “anedotário”.
ALTERNATIVA D – ERRADA – Observemos a frase:
O público leitor, ávido por histórias da qual distrair-se, não perdoa sequer a reputação dos artistas.
Note que a forma verbal “se distrai” se liga a “histórias” por meio da preposição COM. Isso significa que a construção
“... as histórias da qual distrair-se...” está equivocada, pois há necessidade da preposição “com” para ligar “distrair-se”
ao termo anterior ao pronome relativo “histórias”; além disso, o termo antecedente “histórias” – feminino plural – deve
ser retomado pelo relativo “que” ou “as quais” – feminino plural.
A frase correta, portanto, seria: O público leitor, ávido por histórias com as quais distrair-se, não perdoa sequer a
reputação dos artistas.
ALTERNATIVA E - ERRADA – Observemos a frase:
Ao atribuir determinadas características aos escritores de que admiramos, na verdade buscamos nos identificar a eles.
Note que a forma verbal “admiramos” se liga a “escritores” sem preposição. Isso significa que a construção “...aos
escritores de que admiramos...” está equivocada, pois não há necessidade da preposição “de” para ligar “admiramos”
ao termo anterior ao pronome relativo “escritores”.
A frase correta, portanto, seria: Ao atribuir determinadas características aos escritores que admiramos, na verdade
buscamos nos identificar a eles.
Resposta: C
6. FCC - SABESP/2018
Logo após o 11 de Setembro, o mundo entrou numa fase muito particular, a que poderíamos chamar de estado de
“exceção”.
Uma redação alternativa para o segmento a que poderíamos chamar de estado de “exceção” encontra-se em:
RESOLUÇÃO:
Na frase original, o pronome relativo “que” retoma o termo antecedente “fase muito particular”, que também pode ser
retomado pelo relativo “a qual”.
Por sua vez, o verbo “chamar”, no sentido de “apelidar”, “denominar”, admite diversas regências. Vejamos as
possibilidades:
Poderíamos chamar essa fase muito particular de estado de exceção.
ALTERNATIVA A – CERTA – A forma verbal “chamar” se liga de forma direta ou por meio da preposição “a” ao termo
antecedente “fase muito particular”.
Portanto, há possibilidade de não posicionar qualquer preposição antes do relativo “a qual”.
ALTERNATIVA B – ERRADA - A forma verbal “chamar” se liga de forma direta ou por meio da preposição “a” ao
termo antecedente “fase muito particular”.
É errado, portanto, o emprego da preposição DE antes do pronome relativo.
ALTERNATIVA C – ERRADA - A forma verbal “chamar” se liga de forma direta ou por meio da preposição “a” ao
termo antecedente “fase muito particular”.
É errado, portanto, o emprego da preposição COM antes do pronome relativo.
ALTERNATIVA D – ERRADA - A forma “para que” empregada dá a entender uma ideia de finalidade, o que não é
coerente com o conteúdo original da frase.
ALTERNATIVA E – ERRADA - Na letra E, a flexão plural “poderiam” está equivocada. Deveria ser empregada a forma
singular “se poderia chamar”, para que houvesse concordância com o sujeito “estado de exceção”.
Resposta: A
Tratando do estado de solidão ou da necessidade de convívio, Sêneca vê no estado de solidão uma contrapartida da
necessidade de convívio, assim como vê na necessidade de convívio uma abertura para encontrar satisfação no estado
de solidão.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – CERTA - Item correto. O uso de “naquele” na primeira substituição é necessário pois anteriormente
há duas expressões que podem ser retomadas, “estado de solidão” e “necessidade de convívio”. Assim, o mais distante,
“estado de solidão” só pode ser retomado por esse pronome para não se gerar ambiguidade. Na segunda retomada,
“desta” se faz adequado pois “necessidade de convívio” é o mais próximo, portanto sendo buscado pelo pronome
“esta” associado à preposição “de” pedida por “contrapartida”. Assim, essa relação de mais próximo e mais distante
deve ser mantida nas duas ocorrências seguintes, sendo que “vê” pede a preposição “em” na relação com seu objeto,
sendo adequado o uso de “nesta”, já que retomamos “necessidade de convívio”. Por fim, para retomar “no estado de
solidão”, usa-se “naquele”.
ALTERNATIVA B – ERRADA - Item inadequado, pois “isso” não geraria retomada de nenhum termo quando houver
possibilidade de ambiguidade entre elementos distintos, devendo-se usar apenas “isto” para retomar o elemento mais
próximo e “aquilo” para retomar o mais distante. Então o item já está incorreto.
ALTERNATIVA C – ERRADA - Item incorreto por que “este” retomaria “necessidade de convívio”, além de não haver a
articulação com a preposição “em” pedida pelo verbo “vê”.
ALTERNATIVA D – ERRADA - “Nisto” retomaria “necessidade de convívio”, e não “estado de solidão”, como pede o
trecho no enunciado.
ALTERNATIVA E – ERRADA - Item incorreto, pois “na primeira” não pode retomar “estado de solidão” por se tratar de
uma expressão masculina.
Resposta: A
A sistematização dos fatos, feita pelos cientistas ou estudiosos, não passa, por mais complicada que pareça, disto
mesmo − de sistematização dos fatos. Com o tempo, um estudo muito aplicado fica inacessível para aqueles que não se
dedicaram muito a ele. Por isso não entendemos de medicina, direito ou matemática − a não ser que sejamos médicos,
juristas ou matemáticos. Cada nova geração herda esse patrimônio de conceitos e palavras e tenta aperfeiçoá-lo,
modificá-lo, revê-lo e assim por diante. Então, por mais que pareça um termo complicado, não existe nada de
intrinsecamente difícil em “ideologia”. Ela é simplesmente a palavra usada para descrever um conjunto de fatos que é
parte integrante de nossas vidas, sendo mesmo difícil conceber um ser humano que não abrigue alguma forma de
pensamento ideológico. A ideologia é uma maneira de pensar, uma espécie de “forma” em que moldamos o mundo.
a) com o qual
b) aonde
c) a qual
d) do qual
e) na qual
RESOLUÇÃO:
Na frase original, o pronome relativo “que” retoma o termo antecedente “forma” (pronuncie “fôrma”), que também
pode ser retomado pelo relativo “a qual”.
Por sua vez, o verbo “moldar” exige a preposição “em” para se ligar ao termo antecedente “forma”.
Resposta: E
O trecho reescrito conforme a norma-padrão da língua, com o complemento verbal substituído pelo pronome
correspondente, está em:
a) a Unesco considerou os prédios inovadores e criativos. / a Unesco considerou-lhes inovadores e criativos.
b) conjunto arquitetural que representava período significativo da história. / conjunto arquitetural que a representava.
c) governador de Brasília [...] publicou o decreto... / governador de Brasília [...] lhe publicou...
RESOLUÇÃO:
Nas letras A, C e D, utilizaram-se os pronomes “lhe” e “lhes” para substituir objetos diretos – “os prédios”, na letra A; “o
decreto”, na letra C; “o título de patrimônio mundial”, na letra D.
Na letra C, deveria ter sido empregada a forma pronominal “o”, e não o pronome oblíquo “a”, para substituir o objeto
direto “período significativo da história”, de núcleo “período”.
A letra E está correta, uma vez que se utilizou o pronome oblíquo “o” para substituir o objeto direto “um desenho único
de cidade”, de núcleo “desenho”. Note também que o pronome oblíquo é atraído pelo fator de próclise “que”.
Resposta: E
Os deuses de Delfos
Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: o governo do mundo
coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável, expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de
Delfos: “O mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas
regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a
harmonia como aquilo que impõe um limite ao “bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta
visão é colocada sob a proteção de Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo
de Delfos.
Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus do caos e da desenfreada infração de
toda regra. Essa coabitação de duas divindades antitéticas não é casual, embora só tenha sido tematizada na idade
moderna, com Nietzsche. Em geral, ela exprime a possibilidade, sempre presente e verificando-se periodicamente, da
irrupção do caos na beleza da harmonia. Mais especificamente, expressam-se aqui algumas antíteses significativas que
permanecem sem solução dentro da concepção grega da Beleza, que se mostra bem mais complexa e problemática do
que as simplificações operadas pela tradição clássica.
Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a Beleza é perceptível, mas não
completamente, pois nem tudo nela se exprime em formas sensíveis, abre-se uma perigosa oposição entre Aparência e
Beleza: oposição que os artistas tentarão manter entreaberta, mas que um filósofo como Heráclito abrirá em toda a sua
amplidão, afirmando que a Beleza harmônica do mundo se evidencia como casual desordem. Uma segunda antítese é
aquela entre som e visão, as duas formas perceptivas privilegiadas pela concepção grega (provavelmente porque, ao
contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis a medidas e ordens numéricas): embora se reconheça à música o
privilégio de exprimir a alma, é somente às formas visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que
agrada e atrai”. Desordem e música vão, assim, constituir uma espécie de lado obscuro da Beleza apolínea harmônica e
visível e como tais colocam-se na esfera de ação de Dioniso.
Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma “ideia” (presumindo, portanto,
uma pacata contemplação), enquanto a música era entendida como algo que suscita paixões.
(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56)
O pronome que substitui corretamente o complemento verbal destacado no segmento, conforme a norma-
padrão da língua portuguesa, está expresso em:
a) Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser – os
RESOLUÇÃO:
Nas letras A e B, utilizaram-se os pronomes “os” e “o”, respectivamente, para substituir objetos indiretos.
Já nas letras C e E, utilizaram-se os pronomes “lhe” e “lhes”, respectivamente, para substituir objetos diretos.
Já na letra D, utilizou-se o pronome “a” para substituir o objeto direto “uma pacata contemplação”.
Resposta: D
Levante a mão quem nunca teve o azar de ser amado pelas razões erradas. Eis uma experiência capaz de produzir a
angústia de quem se depara com um duplo de si mesmo: o espelho do olhar do outro te devolve uma imagem que parece
sua, mas na qual você não se reconhece. Claro que ninguém ama com objetividade. O que o amante vê no ser amado é
sempre contaminado pela fantasia. Não me refiro, então, à impossibilidade fundamental de complementaridade entre
os casais, mas aos encontros que se dão na base do puro mal-entendido. Sentir-se amado por qualidades que o outro
imagina, mas não têm nada a ver com você, pode ser muito angustiante. E sedutor. Vale lembrar que a palavra
“sedução” indica o ato de desviar alguém de seu caminho: “eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá”.
Pensava essas coisas de meu lugar na plateia lotada do Credicard Hall (que nome para um teatro, caramba!), onde fui
ver o show de uma de minhas cantoras favoritas no momento: Maria Gadú. Com jeito de moleque, encarapitada no
banquinho, de onde não desceu para rebolar nenhuma vez, composições muito pessoais que escapam ao clichê
romântico e uma rara sofisticação musical, Maria Gadú parecia não se reconhecer diante do público que – vibrava? Não,
vibrar seria compreensível. Delirava? Sim; mas o entusiasmo foi muito além disso. O público ululava desde os primeiros
acordes de cada canção, que todos sabiam de cor, mas não conseguiam escutar. A energia com que aplaudiam mais
parecia uma fúria, que a timidez da artista só fazia excitar mais e mais. Pareciam todos sedentos por uma experiência
musical autêntica, promovida por alguém que não vendesse sensualidade barata, e ao mesmo tempo não se
conformavam de não conseguir puxar a cantora para o terreno familiar da vulgaridade e do sex appeal.
Mas estava espantada com a dimensão do sucesso. Como responderá ao apelo de um público que talvez esteja
apaixonado por ela pelas razões erradas? Como não se espelhar na imagem banal de pop star que lhe oferecem? O que
é mais difícil de enfrentar, na vida artística: a resistência do público para quem sua obra se dirige ou a fama vertiginosa
que alavanca (ops) a carreira de alguns artistas iniciantes para o topo do mercado em algumas semanas?
Ela diz ter com a música uma aliança impossível de desfazer. Sua intuição musical parece capaz de levá-la muito além
da próxima esquina, e a sutil entonação dolorida na voz talvez não permita que ela vire uma espécie de Ivete Sangalo
paulistana. O CD de estreia é dedicado à avó Cila. A terceira faixa é uma homenagem fúnebre tocante, uma toada em
feitio de oração. Como outro grande compositor negro, Gilberto Gil, Gadú se mostra capaz de reverenciar a força de seus
ancestrais. “Se queres partir, ir embora / me olhe de onde estiver”, pede para a avó, contando com a ajuda dos orixás.
Quem sabe a forte conexão com sua origem a proteja de se transformar em fast food para a voracidade dos
consumidores.
(Adaptado de: KEHL, Maria Rita. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011)
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADA - O “para” neste item traz uma ideia locacional, apontando direção, portanto item
incorreto.
ALTERNATIVA B – ERRADA - Mais uma utilização locacional do para. Item incorreto.
ALTERNATIVA C – CERTA - Item correto, pois “para” pode ser substituído por “com a finalidade de” sem prejuízo de
sentido, trazendo, então, a noção de finalidade pedida pelo enunciado da questão.
ALTERNATIVA D – ERRADA - Mais uma alternativa incorreta, pois “para” associado com “a avó” indica o interlocutor,
o destino da mensagem.
ALTERNATIVA E – ERRADA -Alternativa incorreta, mais uma vez sendo usado para exprimir uma noção de
destinatário.
Resposta: C
Dialeto do Planalto
Brasília é recente - foi fundada há menos de 60 anos -, mas, com contribuições de várias partes do país, formou a
própria identidade. Descubra expressões típicas de lá que ajudam a revelar o jeito de ser do povo da capital
federal.
Ele é muito aguado.
Refere-se a alguém que chora por qualquer coisa e de forma fingida - ou seja, um manteiga-derretida especializado em
lágrimas de crocodilo.
Nunca vi garçom tão apagado!
É assim que os brasilienses se referem a alguém lento, lerdo. “Apagar” também pode ser sinônimo de assassinar.
“Agá”, em Brasília, é piada. E por lá corre o seguinte “agá”: não é à toa que o prédio do Congresso Nacional tem o
formato dessa letra...
Eu vou de camelo.
Famoso por fazer parte da letra da música Eduardo e Mônica, da Legião Urbana, o termo “camelo” denota bicicleta.
Sabe-se lá por que o filhote da cabra ganhou essa fama no Distrito Federal: “dar de cabrito” é sair de fininho, à
francesa.
(Adaptado de: IACONIS, Heloísa. Todos. São Paulo: Mol, Fevereiro/março, p. 37)
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADA – A palavra “muito” modifica o adjetivo “aguado”, atuando, portanto, como advérbio.
Já a palavra “forma”, modificada pelo adjetivo “fingida”, funciona como substantivo.
ALTERNATIVA B – ERRADA – A palavra “tão” modifica o adjetivo “apagado”, atuando, portanto, como advérbio. Já
a palavra “alguém” atua como pronome indefinido.
ALTERNATIVA C – ERRADA – A palavra “de” atua como preposição. Já a palavra “ou” atua como conjunção.
ALTERNATIVA D – ERRADA – A palavra “qualquer” atua como pronome indefinido. Já a palavra “por” funciona
como preposição.
ALTERNATIVA E – CERTA – As palavras “um” e “o” atuam como artigos.
Resposta: E
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que
eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou
recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que
como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e
metesse os versos no bolso.
– Continue, disse eu acordando.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou
a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos
reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da
cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” –
“Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai
lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e
dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem
calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também
não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu
poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a
obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)
− No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro
− Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã
RESOLUÇÃO:
Observe a frase “No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro”.
O termo destacado “a” atua como elemento de ligação na perífrase verbal “entrou a dizer”. Atua, portanto, como
preposição.
Observe a frase “Contei a anedota aos amigos da cidade”.
O termo destacado “a” determina o substantivo “anedota”. Atua, portanto, como artigo.
Observe a frase “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã”.
O termo destacado “o” substitui o substantivo “dom Casmurro”. Atua, portanto, como pronome pessoal oblíquo.
Resposta: E
A raposa a encontrou esbaforida e parou diante dela com a maior cara de pau. Indignada, a corça arrepiou o pelo e
disse: “Nunca mais você me pega, sua peste! E se chegar perto de mim, não sairá viva! Vá raposinhar com outros,
inexperientes, estimulando-os a se tornarem reis!”
No trecho transcrito, os termos destacados constituem, respectivamente,
RESOLUÇÃO:
No trecho “A raposa a encontrou esbaforida...”, a palavra “a” atua como pronome oblíquo. Uma maneira fácil de ver
isso é visualizando o uso coloquial da linguagem “A raposa encontrou ela esbaforida...”.
Já no trecho “... com a maior cara de pau.”, a palavra “a” determina o substantivo “cara”. Atua, portanto, como
artigo.
Por fim, no trecho “... estimulando-os a se tornarem reis!”, a palavra “os” atua como pronome oblíquo. Uma
maneira fácil de ver isso é visualizando o uso coloquial da linguagem “... estimulando eles a se tornarem reis!”. Já a
palavra “a” atua como elemento de ligação na perífrase “estimulando-os a se tornarem...”. Atua, portanto, como
preposição.
Resposta: C
Era julho de 1955. Dali a menos de dois anos, em março de 1957, Oscar Niemeyer estaria na comissão julgadora que
escolheu o plano-piloto de Lúcio Costa – finalizado a tinta nanquim e último a ser inscrito na concorrência –, projeto
vencedor para a construção da nova capital federal. Mas, naquele momento, ainda antes de ser convidado por
Juscelino Kubitschek para criar os principais monumentos de Brasília, Niemeyer detalhou pela primeira vez como seria
Marina, a única cidade projetada por ele no país.
“Podemos dizer que Marina será uma cidade planejada efetivamente de acordo com as concepções mais modernas da
técnica urbanística”, afirmou ao vespertino carioca A noite. “As distâncias entre os locais de trabalho, estudo, recreio e
habitação serão limitadas a percursos de, no máximo, 15 minutos de marcha. Isso evitará a perda de tempo em
transportes, permitindo folga suficiente para recreação e prática de esportes”, declarou Niemeyer, que sonhava com
uma cidade autossustentável, muito antes de o conceito se tornar a principal preocupação de projetos mundo afora.
...finalizado a tinta nanquim e último a ser inscrito na concorrência...
RESOLUÇÃO:
A palavra “a” atua como elemento de ligação entre “último” e “ser inscrito”. Atua, portanto, como preposição.
Observe a frase: ... serão limitadas a percursos de, no máximo, 15 minutos de marcha.
A palavra “a” atua como elemento de ligação entre “limitadas” e “percurso”. Atua, portanto, como preposição.
Resposta: D
Três em cada quatro brasileiros se consideram católicos. Pelas contas do Censo 2000, para uma população total em
torno de 170 milhões de habitantes, o Brasil entra no século XXI aproximadamente com 125 milhões de católicos
declarados, praticamente três quartos da população residente total.
Quer dizer que no início do terceiro milênio ainda é possível a esse país, o maior e mais populoso da “América católica”,
continuar ostentando com fundamento em dados estatísticos cientificamente controlados e religiosamente isentos sua
histórica posição de nação com hegemonia católica, que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o
maior país católico do mundo”. Tradicionalmente autoaplicado por seus habitantes em conotações que, a bem da
verdade, sofrem polarizações e inflexões de toda espécie e grau, que vão do contentamento envaidecido sem ressalvas
ao lamento aborrecido sem reservas, a plausibilidade desse superlativo identitário pode estar com os dias contados.
Não obstante a permanência ininterrupta da enorme desigualdade em tamanho e estatura das religiões no Brasil, não é
mais possível, nos dias que correm, desconhecer que a sociedade brasileira está passando por um processo de
transição religiosa que é notório. Visível a olho nu. Mas não só, uma vez que se trata de um processo que tem sido há
décadas acompanhado atentamente, e comprovado a frio reiteradamente, pelas estatísticas censitárias. Esse lento vir a
ser, ao mesmo tempo matemático e falastrão, vai pouco a pouco desfigurando nosso velho semblante cultural com a
introdução gradual, mas nem por isso menos corrosiva, de estranhamentos e distâncias, descontinuidades e respiros
no batido ramerrão do imaginário religioso nacional. Com efeito, hoje se assiste em nosso país a um vigoroso
movimento de transição demográfico-religiosa que já assumiu a forma de progressiva migração de contingentes
católicos para outras religiões. Ou mesmo para nenhuma.
(Adaptado de: PIERUCCI, Antonio Flávio. Religiões no Brasil. In: BOTELHO, André e SCHWARCZ, Lilia Moritz
(orgs.). Agenda Brasileira: temas de uma sociedade em mudança. Companhia das Letras, 2011, p. 472-473)
A assertiva que a gramática normativa aprova é:
a) O pronome destacado em Três em cada quatro brasileiros se consideram católicos determina que se entenda a frase
como equivalente a “Três em cada quatro brasileiros são considerados católicos”.
b) A função do pronome esse restringe-se a sinalizar que o país referido é aquele que vem anunciado, logo em seguida,
como o maior e mais populoso da “América católica”.
c) Em que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o maior país católico do mundo”, o pronome
destacado tem sentido possessivo, como em “Colocou-lhe no dedo a aliança prometida”.
d) Se, em vez da caracterização original do processo, houvesse uma outra formulação, ela estaria correta, por exemplo,
assim: “se trata de um processo cujo desfecho dependerão várias religiões”.
e) Em que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o maior país católico do mundo”, o pronome
destacado pode ser substituído por “a ele”, sem prejuízo do sentido e da correção originais.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADA – Para que assim fosse, o “se” seria um pronome apassivador e o trecho estaria em voz
passiva. Não é o caso! O c0ntexto da frase nos dá a entender que “Três em cada quatro brasileiros consideram a si
mesmos católicos”. O “se” atua, portanto, como pronome reflexivo.
ALTERNATIVA B – ERRADA – A forma pronominal demonstrativa “esse” é anafórica, isto é, faz menção a algo já
citado anteriormente. Dessa forma, o trecho “esse país”, no segundo parágrafo, faz menção a “Brasil”, no primeiro
parágrafo.
ALTERNATIVA C – ERRADA – A forma pronominal “lhe” em destaque atua como objeto indireto. Isso pode ser
constatado pela seguinte reescrita: que um dia valeu a ele o desgastado título que o aclama como “o maior país católico
do mundo”.
ALTERNATIVA D – ERRADA – Observe a proposta de redação sugerida: “se trata de um processo cujo desfecho
dependerão várias religiões”. Reconstruindo o trecho, é possível reescrevê-lo da seguinte forma: Várias religiões
dependerão do desfecho do processo. Note que a forma verbal “dependerão” necessita da preposição DE para se ligar a
“desfecho do processo” (= processo cujo desfecho).
A redação correta, portanto, seria: “se trata de um processo de cujo desfecho dependerão várias religiões”.
ALTERNATIVA E – CERTA – O verbo “aclamar” é transitivo direto, portanto o pronome que deveria representar seu
complemento verbal seria o oblíquo “o”. Para dar maior clareza à frase, deixando, de forma bem evidente, que objeto
direto é uma referência ao Brasil, poderia o autor se valer do objeto direto preposicionado “a ele”. Trata-se de uma
opção estilística prevista na norma culta. Achei um pouco “forçada” essa interpretação da banca, que considera a letra
E correta, mas, tendo em vista as demais opções, é a que devemos assinalar como nosso gabarito.
Resposta: E
Na morte de Carlos Heitor Cony, lamentei nunca ...... que mudara de opinião sobre um escritor que ele admirava e eu, de
graça, sempre desprezara: Humberto de Campos. Ao finalmente ......, em 2017, enxerguei muito de Humberto de
Campos na coragem e na franqueza de Cony. Há dias, recebi uma caixa da viúva de Cony. Antes mesmo de ......, já
adivinhava o conteúdo: os livros de Humberto de Campos que Cony tanto lera e amara.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. Op.cit.)
RESOLUÇÃO:
A primeira lacuna deve ser preenchida com a forma “lhe ter dito” ou “ter-lhe dito”. Quais as justificativas? Havendo
fator de próclise – no caso, o advérbio “nunca” -, estando o verbo na forma infinitiva não flexionada, é possível tanto o
emprego da próclise quanto da ênclise. Em outras situações, até seria possível posicionar o oblíquo enclítico ao
principal, mas, como o principal está no particípio, essa possibilidade foi descartada.
O pronome “lhe” foi o escolhido, pois ele é o oblíquo átono adequado para substituir o objeto indireto do verbo “dizer”
(Quem diz diz ALGO A ALGUÉM).
A segunda lacuna poderia ser preenchida com a forma “o ler” ou “lê-lo”. Havendo fator de próclise – no caso, o advérbio
“finalmente” -, estando o verbo na forma infinitiva não flexionada, é possível tanto o emprego da próclise quanto da
ênclise.
Além disso, o pronome “o” foi o escolhido, pois ele é o oblíquo átono adequado para substituir o objeto direto do verbo
“ler” (Quem lê lê ALGO).
Por fim, a terceira lacuna pode ser preenchida com as formas “a abrir” ou “abri-la”. Diante de infinitivo não flexionado, é
possível tanto o emprego da próclise quanto da ênclise.
Além disso, o pronome “a” foi o escolhido, pois ele é o oblíquo átono adequado para substituir o objeto direto do verbo
“abrir” (Quem abre abre ALGO).
A opção que atende a todas essas combinações é, portanto, a letra A.
Resposta: A
Perdeu-se a antiga privacidade, enterramos a antiga privacidade sob os conectores modernos, tornamos esses
conectores modernos nossos deuses implacáveis, sob o comando desses conectores modernos trocamos
escandalosamente todas as informações mais pessoais.
Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO:
No trecho “enterramos a antiga privacidade”, devemos substituir o objeto direto “a antiga privacidade” pelo oblíquo
átono “a”. Após vírgula, não se emprega próclise, forçando-se a ênclise. Como a forma verbal termina em S, este é
suprimido e o pronome “a” se transforma em LA. Isso posto, a forma resultante será “enterramo-la”.
Já no trecho “tornamos esses conectores modernos”, devemos substituir o objeto direto “esses conectores modernos”
pelo oblíquo átono “os”. Após vírgula, não se emprega próclise, forçando-se a ênclise. Como a forma verbal termina em
S, este é suprimido e o pronome “os” se transforma em LOS. Isso posto, a forma resultante será “tornamo-los”.
Por fim, o trecho “sob o comando desses conectores modernos” equivale a “esses conectores modernos sob cujo
comando”. Como já citamos várias vezes “esses conectores modernos”, é possível subentendê-los, resultando na
construção “sob cujo comando”.
Resposta: A
Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das
coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela
quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um
punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que
árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e
sempre numa determinada região do Jardim Botânico.
No segmento de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas (3o parágrafo), o termo sublinhado
pode ser substituído corretamente por:
a) de cuja
b) dos quais
c) de qual
d) de quanta
e) de cujos
RESOLUÇÃO:
Observemos o seguinte trecho: E é curioso que nunca tenha sabido ao certo .... de que árvore ou arbusto caíam aquelas
sementes vermelhas.
O “que” em destaque funciona como pronome interrogativo, introduzindo uma interrogativa indireta. Veja que se trata
de um pronome adjetivo, determinado o substantivo feminino “árvore”. Dessa forma, uma substituição possível seria
pelo também pronome interrogativo “qual”.
Já a preposição “de” é requisitada pela forma verbal “caíam”, que se liga à ideia de origem por meio da preposição DE
(... caíam de algum lugar.).
Isso posto, a substituição possível se dá pela forma “de qual”.
Resposta: C
Não raro, o homem moderno considera construções antigas como bens ultrapassados, ...... deveriam ceder lugar a
edificações mais arrojadas.
Preenche corretamente a lacuna da frase o que se encontra em:
a) dos quais
b) nos quais
c) onde
d) os quais
e) aonde
RESOLUÇÃO:
Observe o trecho:
... bens ultrapassados, ...... deveriam ceder lugar a edificações mais arrojadas.
É possível desmembrar o fragmento em destaque, resultando na seguinte frase: Esses bens ultrapassados deveriam
ceder lugar a edificações mais arrojadas.
Note, portanto, que a forma verbal “deveriam ceder” se liga ao termo antecedente “esses bens ultrapassados” sem
preposição.
Dessa forma, deve-se empregar somente o relativo QUE ou OS QUAIS para retomar o termo antecedente.
Resposta: D
ALTERNATIVA A – ERRADA - Observemos a frase: Vimos respeitosamente à presença de Vossa Excelência, chefe dos
Recursos Humanos, solicitar que se dê um jeito na situação precária em que se acham os funcionários recém-admitidos.
Está incorreto o emprego do tratamento “Vossa Excelência”, para se fazer menção ao chefe dos Recursos Humanos.
Ora, tal pronome de tratamento se refere a autoridades políticas, o que não é o caso. Dessa forma, sugere-se o
tratamento “Vossa Senhoria”.
Além disso, a expressão “que se dê um jeito” soa coloquial. Seria oportuno substituir por “que se tome providência”.
ALTERNATIVA B – ERRADA - Observemos a frase: Senhor Governador: Vossa Senhoria deveis considerar que nossas
demandas são justas, razão pela qual aqui as reexpomos.
Está incorreto o emprego do tratamento “Vossa Senhoria”, para se fazer menção ao Governador. Ora, autoridades
políticas requerem o tratamento “Vossa Excelência”.
Além disso, está incorreto o emprego da flexão “deveis” – 2ª pessoa do plural -, pois pronomes de tratamento, sejam
eles de segunda ou terceira pessoas, requerem flexão verbal em 3ª pessoa. Deve-se, portanto, empregar a forma
“deve”.
ALTERNATIVA C – CERTA – O emprego da forma de 3ª pessoa “Sua Excelência” se deve, pois não está se falando com
o Senador, mas sim está se falando dele.
ALTERNATIVA D – ERRADA – A forma “Não é por nada não, chefia...” soa coloquial e contrasta com o restante da
linguagem empregada no texto. Além disso, não se respeita a uniformidade no tratamento das pessoas. Observe que o
sujeito de “podias” é uma 2ª pessoa do singular, ao passo que o oblíquo “o” – 3ª pessoa do singular - faz menção ao
mesmo referente.
ALTERNATIVA E – ERRADA – Observemos a frase: Caros deputados, se não pretendeis votar a emenda ainda hoje,
tomamos a liberdade de lembrar-lhes que a próxima semana estará tomada por outra pauta.
Note que se inicia tratando os deputados como uma 2ª pessoa do plural. Veja a flexão “pretendeis”. Posteriormente,
utiliza-se o oblíquo átono “lhes”, 3ª pessoa do plural, para o mesmo referente. Não houve, portanto, uniformidade no
tratamento das pessoas.
Resposta: C
a) Entre os assuntos revistos a que se deve dar importância está o da terminalidade da vida.
c) A terminalidade da vida, tema de cujos aspectos derivam tanta polêmica, foi considerada na revisão do Código.
d) Quanto à terminalidade da vida, onde a polêmica se acrescenta muita paixão, ainda há muito o que debater.
e) Qualquer das posições da polêmica a que se queiram defender levantará uma série de objeções.
RESOLUÇÃO:
Entre os assuntos revistos a que se deve dar importância está o da terminalidade da vida.
Note que a forma verbal “Deve-se dar” se liga ao termo anterior ao pronome relativo “assuntos revistos” por meio da
preposição A. Isso está corretamente posto na redação, com o posicionamento da preposição A antes do relativo QUE.
ALTERNATIVA B – ERRADA – Observe a frase:
Note que a forma verbal “Atribui-se” se liga ao termo anterior ao pronome relativo “operações” por meio da preposição
A. Isso está corretamente posto na redação, com o posicionamento da preposição A antes do relativo QUE.
O que torna a redação da letra B errada é flexão plural da forma “se atribuem”. A forma correta seria “se atribui”, para
que houvesse concordância com o sujeito paciente “um caráter polêmico”.
A frase correta, portanto, seria: As operações a que se atribui um caráter polêmico dizem respeito à terminalidade da
vida.
ALTERNATIVA C – ERRADA – Observe a frase:
A terminalidade da vida, tema de cujos aspectos derivam tanta polêmica, foi considerada na revisão do Código.
Note que a forma verbal “deriva” se liga ao termo “aspectos do tema” (= tema cujos aspectos) por meio da preposição
DE. Isso está corretamente posto na redação, com o posicionamento da preposição DE antes do relativo CUJOS.
O que torna a redação da letra C errada é flexão plural da forma “derivam”. A forma correta seria “deriva”, para que
houvesse concordância com o sujeito “tanta polêmica”.
A frase correta, portanto, seria: A terminalidade da vida, tema de cujos aspectos deriva tanta polêmica, foi
considerada na revisão do Código.
ALTERNATIVA D – ERRADA – Observe a frase:
Quanto à terminalidade da vida, onde a polêmica se acrescenta muita paixão, ainda há muito o que debater.
Já se pode identificar o erro no emprego da forma “onde”. Não faz sentido o emprego dessa forma pronominal, haja
vista que o termo antecedente “terminalidade da vida” não faz menção a lugar.
Uma proposta de frase correta seria: Quanto à terminalidade da vida, a cuja polêmica se acrescenta muita paixão,
ainda há muito o que debater.
ALTERNATIVA E – ERRADA – Observe a frase:
Qualquer das posições da polêmica a que se queiram defender levantará uma série de objeções.
Note que a forma verbal “quer-se defender” se liga ao termo “qualquer das posições da polêmica” sem preposição
Além disso, está errada a flexão plural “se queiram defender”. Deve-se empregar a forma singular “se queira”, para que
haja concordância com o sujeito oracional “defender...”
A frase correta, portanto, seria: Qualquer das posições da polêmica que se queira defender levantará uma série de
objeções.
Resposta: A
Para Bauman, a livre regulação do mercado causa desigualdades e injustiças. Bauman questiona a livre regulação do
mercado, pois, segundo ele, o mercado cria problemas, mas não consegue resolver os problemas.
Fazendo-se as alterações necessárias, os elementos sublinhados acima foram corretamente substituídos por um
pronome em:
a) lhe questiona − os resolver
c) a questiona − resolvê-los
d) a questiona − resolver-lhes
RESOLUÇÃO:
No trecho “questiona a livre regulação do mercado”, devemos substituir o objeto direto “a livre regulação do
mercado”, de núcleo “regulação”, pelo oblíquo átono “a”.
Já no trecho “resolver os problemas”, devemos substituir o objeto direto “os problemas” pelo oblíquo átono “os”.
Como a forma verbal termina em R, este é suprimido e o pronome “os” se transforma em LOS. Isso posto, a forma
resultante será “resolvê-los”.
Resposta: C
Criamos a nossa civilização e atribuímos à nossa civilização o papel de dirimir nossos sofrimentos, fazendo da nossa
civilização uma espécie de escudo contra o furor dos nossos instintos, para que não reconheçamos os nossos
instintos como forças que não podem ser controladas.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima, substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO:
No trecho “atribuímos à nossa civilização”, devemos substituir o objeto indireto “à nossa civilização”, de núcleo
“civilização”, pelo oblíquo átono “lhe” ou pelo oblíquo tônico “a ela”.
Já no trecho “fazendo da nossa civilização” , é possível substituir o objeto indireto “da nossa civilização” pela forma
pronominal “dela”. Por que não substituir pelo pronome “lhe”? Por que o trecho resultante - ... fazendo-lhe uma
espécie de escudo ... - levaria a um entendimento diferente do original - - ... fazendo uma espécie de escudo para ela ...
Por fim, no trecho “não reconheçamos os nossos instintos”, devemos substituir o objeto direto “os nossos instintos”
pelo oblíquo átono “os”. Além disso, devemos empregar o pronome antes do verbo, pois ele é atraído pelo fator de
próclise “não”. Isso posto, a forma resultante será “não os reconheçamos”.
Resposta: A
Medo da eternidade
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia
bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o
mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
− Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena
pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu
que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar
mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual
eu já começara a me dar conta.
Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
− E agora que é que eu faço? − perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
− Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí
mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a
escola.
− Acabou-se o docinho. E agora?
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de
borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava
gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de
eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava era aflição. Enquanto isso, eu mastigava
obedientemente, sem parar.
Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
− Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
− Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir
mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse
você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle
caíra da boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
06 de junho de 1970
(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo – crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.289-91)
Um dos elementos mais importantes na organização do texto de Clarice Lispector é o advérbio de tempo, como
o que se encontra grifado em:
I. Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. (1º parágrafo)
II. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já
começara a me dar conta. (7º parágrafo)
III. – E agora que é que eu faço? – perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. (9º parágrafo)
a) I, II e IV.
b) II e IV.
c) II e III.
d) I e III.
e) I, III e IV.
RESOLUÇÃO:
I – CERTA – De fato! O advérbio “Jamais”, além do sentido de negação, dá a entender um sentido de tempo,
significando “Nunca”, “Em momento algum”.
II – ERRADA – A forma “eis” indica não a ideia de tempo, mas de apresentação, designação. No caso, não temos um
advérbio propriamente, pois não há modificação de verbo, adjetivo ou advérbio. Trata-se de uma palavra denotativa.
III – CERTA – De fato! O advérbio “agora”, no contexto, faz menção à ideia de tempo presente. Pode-se substituí-lo por
“Neste momento”.
IV – ERRADA – Não se trata de um advérbio, e sim de uma preposição, indicando ausência, exclusão.
Resposta: D
Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna: nasceram durante a Revolução Francesa, no
final do século XVIII. Os parisienses revoltados arrebentaram as casas dos nobres e se serviram de bens, mobiliário e
objetos de arte. O quebra-quebra era um jeito de decretar que acabara o tempo dos privilégios. A Assembleia Nacional
debateu durante meses para chegar à conclusão de que os restos do luxo dos aristocratas deviam ser considerados
patrimônio da nação. Seriam, portanto, reunidos e instalados em museus que todos visitariam, preservando
agradavelmente a lembrança de tempos anteriores.
A questão em debate era a seguinte: será que fazia sentido preservar o passado, uma vez que estava começando uma
nova era em que os indivíduos não mais seriam julgados por sua origem, mas por sua capacidade e potencialidades
pessoais? Não seria lógico destruir os vestígios de épocas injustas para começar tudo do zero? Prevaleceu o partido
segundo o qual era bom conservar os restos do passado iníquo e transformá-los em memórias coletivas.
Dessa escolha nasceram os museus e, logo depois, a decisão de preservar os monumentos históricos. Na mesma
época, na Europa inteira, ganhou força o interesse pela História. A justificativa seria: lembrar para não repetir. Não deu
muito certo, ao que tudo indica, pois nunca paramos de repetir o pior. No fundo, não queremos que o passado decida
nosso destino: o que nos importa, em princípio, é sempre o futuro.
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 330-331)
c) O tempo com que frequentemente nos importamos não é o passado, mas o futuro.
e) Os museus e os monumentos são instituições aonde algum aprendizado da história sempre se dá.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO – É equivocado o emprego da crase, haja vista que o “a” que antecede o pronome
relativo “que” é apenas preposição, solicitada pela regência do verbo “referir-se” (quem se refere se refere A algo).
ALTERNATIVA B – ERRADO – O pronome “cujas” necessariamente precisa estar entre dois substantivos – do lado
esquerdo, o “possuidor”; do lado direito, “a coisa possuída”.
Exemplo: as bolsas da aluna = aluna cujas bolsas; rascunhos do texto final = texto final cujos rascunhos, etc.
ALTERNATIVA C – CERTO – De fato, temos o encontro da preposição “com” com o pronome relativo “que”. O
pronome relativo “que” substitui o termo anterior “tempo”. Já a preposição “com” é exigida pela regência do verbo
“importar-se” (quem se importa se importa com algo).
ALTERNATIVA D – ERRADO – Justificativa idêntica à da letra B.
ALTERNATIVA E – ERRADO – As formas “onde”, “aonde” e “donde” são empregadas unicamente para substituir
termos que estejam ligados à ideia de lugar. O termo antecedente “instituições” não representam lugar.
Resposta: C
No texto abaixo, Graciliano Ramos narra seu encontro com Nise da Silveira.
Chamaram-me da porta: uma das mulheres recolhidas à sala 4 desejava falar comigo. Estranhei. Quem seria? E onde
ficava a sala 4? Um sujeito conduziu-me ao fim da plataforma, subiu o corrimão e daí, com agilidade forte, galgou uma
janela. Esteve alguns minutos conversando, gesticulando, pulou no chão e convidou-me a substituí-lo. Que? Trepar-me
àquelas alturas, com tamancos?
Examinei a distância, receoso, descalcei-me, resolvi tentar a difícil acrobacia. A desconhecida amiga exigia de mim um
sacrifício; a perna, estragada na operação, movia-se lenta e perra; se me desequilibrasse, iria esborrachar-me no
pavimento inferior. Não houve desastre. Numa passada larga, atingi o vão da janela; agarrei-me aos varões de ferro,
olhei o exterior, zonzo, sem perceber direito por que me achava ali. Uma voz chegou-me, fraca, mas no primeiro
instante não atinei com a pessoa que falava. Enxerguei o pátio, o vestíbulo, a escada já vista no dia anterior. No
patamar, abaixo de meu observatório, uma cortina de lona ocultava a Praça Vermelha. Junto, à direita, além de uma
grade larga, distingui afinal uma senhora pálida e magra, de olhos fixos, arregalados. O rosto moço revelava fadiga, aos
cabelos negros misturavam-se alguns fios grisalhos. Referiu-se a Maceió, apresentou-se:
− Nise da Silveira.
Noutro lugar o encontro me daria prazer. O que senti foi surpresa, lamentei ver minha conterrânea fora do mundo,
longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-a culta e boa, Rachel de Queiroz me afirmara a
grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se de tomar espaço.
Nunca me havia aparecido criatura mais simpática. O marido, também médico, era meu velho conhecido Mário
Magalhães. Pedi notícias dele: estava em liberdade. E calei-me, num vivo constrangimento.
De pijama, sem sapatos, seguro à verga preta, achei-me ridículo e vazio; certamente causava impressão muito infeliz.
Nise, acanhada, tinha um sorriso doce, fitava-me os bugalhos enormes, e isto me agravava a perturbação,
magnetizava-me. Balbuciou imprecisões, guardou silêncio, provavelmente se arrependeu de me haver convidado para
deixar-me assim confuso.
(RAMOS, Graciliano, Memórias do Cárcere, vol. 1. São Paulo, Record, 1996, p. 340 e 341)
... lamentei ver minha conterrânea... / ... atingi o vão da janela... / ... aos cabelos negros misturavam-se alguns
fios grisalhos.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados podem ser substituídos, respectivamente, pelos seguintes
pronomes:
a) -la − -lo − -lhe
b) -a − -la − -os
c) -la − -o − -lhes
d) -a − -o − -lhes
RESOLUÇÃO:
Em “... lamentei ver minha conterrânea...”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo “ver”. Dessa
forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “a”. Este, ao se combinar com o verbo de final “-r”, se
converte em “-la” (= ... lamentei vê-la...).
Em ... atingi o vão da janela...”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo “atingi”. Dessa forma, deve
ser substituído pelo pronome oblíquo átono “o”(= ... atingi - o...).
Em ... aos cabelos negros misturavam-se alguns fios grisalhos.”, o termo sublinhado funciona como objeto indireto do
verbo “misturavam”. Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “lhes”. (= ... lhes misturavam-se
alguns fios grisalhos...).
Resposta: C
Muita gente não enfrenta uma argumentação, prefere substituir uma argumentação pela alegação do gosto,
atribuindo ao gosto o valor de um princípio inteiramente defensável, em vez de tomar o gosto como uma instância
caprichosa.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados por, respectivamente,
RESOLUÇÃO:
Em “substituir uma argumentação”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo “substituir”. Dessa
forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “a”. Este, ao se combinar com o verbo de final “-r”, se
converte em “-la” (= substituí-la).
Em “atribuindo ao gosto”, o termo sublinhado funciona como objeto indireto do verbo “atribuir”. Dessa forma, deve
ser substituído pelo pronome oblíquo átono “lhe”. (= atribuindo-lhe).
Em “tomar o gosto”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo “tomar”. Dessa forma, deve ser
substituído pelo pronome oblíquo átono “o”. Este, ao se combinar com o verbo de final “-r”, se converte em “-lo” (=
tomá-lo).
Resposta: B
A forma pronominal acima, em negrito, será também encontrada em uma das frases abaixo, quando o termo nela
sublinhado for substituído pelo pronome que lhe corresponde. Essa frase é:
a) Convocou todos os funcionários para agradecer a eles a especial colaboração.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO - Em “agradecer a eles”, o termo sublinhado funciona como objeto indireto do verbo
“agradecer”. Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “lhes”. (= agradecer-lhes).
ALTERNATIVA B – ERRADO - Em “tem enfrentado seu adversário”, o termo sublinhado funciona como objeto direto
do verbo “enfrentar”. Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “o”. Serão três as possibilidades
de construção frasal: “o tem enfrentado”; “tem-no enfrentado”; “tem o enfrentado”. Deve-se salientar que não é
possível a ênclise (pronome após verbo) diante de verbo no particípio.
ALTERNATIVA C – ERRADO - Em “não cumprimentou o menino”, o termo sublinhado funciona como objeto direto
do verbo “cumprimentar”. Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “o”. Como há a presença da
palavra negativa “não”, força-se a próclise (pronome antes do verbo), resultando na construção: “não o
cumprimentou”.
ALTERNATIVA D – CERTO - Em “chegou a encontrar os rapazes”, o termo sublinhado funciona como objeto direto
do verbo “encontrar”. Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “os”. Este, ao se combinar com o
verbo de final “-r”, se converte em “-los” (= encontrá-los).
ALTERNATIVA E – ERRADO - Em “indicaram o jovem”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo
“indicaram”. Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “o”. Este, ao se combinar com o verbo de
final “-m”, se converte em “-no” (= indicaram-no).
Resposta: D
O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados
do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.
O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa
e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos
atrás.
Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática
fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.
A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos
a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota −
era a capital da China.
As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as
fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se
expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção
da costa.
Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam
na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.
O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios
que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse
tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar
é considerável.
Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete
ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das
temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.
(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473)
cruzando os desertos do oeste da China − que contornam a Índia − adotam complexas providências
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados acima foram corretamente substituídos por um pronome,
respectivamente, em:
a) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
RESOLUÇÃO:
Em “cruzando os desertos do oeste da China”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo “cruzar”.
Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “os”, resultando em “cruzando-os” ou “os cruzando”.
Tanto faz posicionar o pronome antes ou depois da forma verbal, uma vez que nada há “forçando” a próclise (pronome
antes do verbo) ou a ênclise (pronome depois do verbo).
Em “que contornam a Índia”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo “contornar”. Dessa forma,
deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “a”. Como há a presença do pronome relativo “que”, força-se a
próclise (pronome antes do verbo), resultando na construção: “que a contornam”.
Por fim, em “adotam complexas providências”, o termo sublinhado funciona como objeto direto do verbo “adotam”.
Dessa forma, deve ser substituído pelo pronome oblíquo átono “as”. Este, ao se combinar com o verbo de final “-m”, se
converte em “-nas” (= adotam-nas).
Resposta: D
31.FCC - TJ TRT19/Administrativa/2014
E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado.
a) Na época ...... o poeta esteve preso a regras, seus versos perderam muito em emoção lírica.
b) O artificialismo ...... se prendem alguns poetas compromete a sincera expressão de seus sentimentos.
c) A obra ...... se fala contém versos que demonstram o verdadeiro lirismo de seu autor.
d) Os estímulos ...... um poeta compõe sua obra se originam na realidade vivida e transformada por ele.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO – Deve-se empregar a forma “em que”, haja vista que a forma verbal “esteve” solicita a
regência da preposição “em” (quem esteve preso esteve preso em alguma época).
ALTERNATIVA B – ERRADO – Deve-se empregar a forma “a que”, haja vista que a forma verbal “se prendem” solicita
a regência da preposição “a” (quem se prende se prende a algo).
ALTERNATIVA C – CERTO - Deve-se empregar a forma “de que”, haja vista que a forma verbal “se fala” solicita a
regência da preposição “de” (se fala de algo).
ALTERNATIVA D – ERRADO - Deve-se empregar a forma “com que”, haja vista que a forma verbal “compõe” solicita a
regência da preposição “com” (quem compõe uma obra compõe uma obra com algo).
ALTERNATIVA E – ERRADO – Deve-se empregar simplesmente o pronome relativo “que”, haja vista que a forma
verbal “traduzem” não solicita preposição (quem traduz traduz algo).
Resposta: C
a) A argumentação na qual se valeu o ministro baseava-se numa analogia em cuja pretendia confundir função técnica
com função política.
b) As funções para cujo desempenho exige-se alta habilitação jamais caberão a quem se promova apenas pela
aclamação do voto.
c) Para muitos, seria preferível uma escolha baseada no consenso do voto do que a promoção pelo mérito onde nem
todos confiam.
d) A má reputação de que se imputa ao "assembleísmo" é análoga àquela em que se reveste a "meritocracia".
e) A convicção de cuja não se afasta o autor do texto é a de que a adoção de um ou outro critério se faça
segundo à natureza do caso.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A - ERRADO - Em lugar de "na qual", deve-se empregar "da qual", uma vez que a forma verbal "se
valer" solicita a regência da preposição "de" (quem se vale, se vale de algo). Além disso, não faz sentido o emprego do
pronome relativo "cuja", uma vez que não temos uma relação de posse. O correto, então, seria: "A argumentação da
qual se valeu o ministro baseava-se numa analogia que pretendia confundir função técnica com função política.".
ALTERNATIVA B - CERTO - O uso da preposição "para", antes do pronome relativo "cujo", é necessidade requerida
pela forma verbal "exige-se" (exige-se algo para algo). Além disso, a preposição "a" antes de "quem" é necessidade da
regência do verbo "caber" a alguém (caber a alguém).
ALTERNATIVA C - ERRADO - O uso de "do que" está equivocado, uma vez que a regência de "preferível" é dada pela
preposição "a". É equivocado também o uso do pronome relativo "onde", uma vez que este não indica lugar. Assim, o
correto seria: "Para muitos, seria preferível uma escolha baseada no consenso do voto à promoção pelo mérito no
qual nem todos confiam.".
ALTERNATIVA D - ERRADO - O uso da preposição "de", entes do primeiro pronome relativo "que", é equivocado, uma
vez que a forma verbal "se imputa" não a solicita. Já o emprego da preposição "em", antes do segundo pronome
relativo, é justificada pela regência da forma verbal "se reveste" (se reveste em algo). Assim, o correto seria: "A má
reputação que se imputa ao "assembleísmo" é análoga àquela em que se reveste a 'meritocracia'."
ALTERNATIVA E - ERRADO - O uso do pronome relativo "cujo" é inadequado, uma vez que não existe uma relação de
posse. É equivocado também o emprego da crase em "à", uma vez é solicitado apenas o artigo definido "a". Assim, o
correto seria: "A convicção da qual não se afasta o autor do texto é a de que a adoção de um ou outro critério se faça
segundo a natureza do caso.".
Resposta: B
a) No ônibus de viagem, ao qual recorro regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões.
b) Ao contrário de outros tempos, já não é mais ao crepúsculo que me atenho em minhas viagens.
c) A conectividade está nos conduzindo a um destino com o qual ninguém se arrisca a prever.
d) As pessoas absortas em suas conexões parecem imergir numa espécie de solidão com cujo sentido é difícil de atinar.
e) O cronista considera que nossas necessidades permanentes, às quais alude no último parágrafo, disfarçam-se em
meio a tantas conexões.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A - CERTO - A preposição "a", que se funde com o pronome relativo "o qual", é solicitada pela regência
do verbo "recorrer" (quem recorre, recorre a algo).
ALTERNATIVA B - CERTO - A preposição "a" é solicitada pela regência do verbo "ater-se" (quem se atém, se atém a
algo).
ALTERNATIVA C - ERRADO - Está equivocado o emprego da preposição "com", uma vez que o verbo "prever" é
transitivo direto. Assim, deve-se corrigir para:"... um destino o qual ninguém se arrisca a prever".
ALTERNATIVA D - CERTO - A preposição "com", que antecede o pronome relativo "cujo", é solicitada pela regência do
verbo "atinar" (quem atina, atina com algo).
ALTERNATIVA E - CERTO - A preposição "a", que se funde com o pronome relativo "a qual", é solicitada pela regência
do verbo "aludir" (quem alude, alude a algo).
Resposta: C
a) Adoniran Barbosa, a qual primeira tentativa de entrar para o rádio foi malsucedida, tornou-se um grande sucesso
nesse veículo.
b) Em 1935, Adoniran ganhou um concurso com uma marchinha carnavalesca, pela qual foi eleita a melhor marcha do
ano.
c) Nas canções de Adoniran, a linguagem, cujos traços coloquiais são facilmente percebidos, reproduz o modo de falar
de certas camadas sociais.
d) Adoniran Barbosa, o qual verdadeiro nome era João Rubinato, foi considerado pela crítica o maior sambista paulista.
e) Certas composições de Adoniran, nas quais incluem "Trem das onze" e "Saudosa Maloca", são conhecidas pela
maioria dos brasileiros.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A - ERRADO - Como se tem uma relação de posse, o pronome relativo indicado é o "cuja": "Adoniran
Barbosa, cuja primeira tentativa de entrar para o rádio...". Para se identificar a relação de posse, observe a seguinte
equivalência: "Adoniran Barbosa, cuja primeira tentativa..." = "Adoniran Barbosa, cuja primeira tentativa...".
Atenção!
No dia a dia, são comuns construções do tipo: "Conhecemos bem o funcionário que o trabalho dele admiramos.". Nela,
temos a presença de uma relação de posse (trabalho do funcionário), o que impõe a utilização do pronome relativo
"cujo": "Conhecemos bem o funcionário cujo trabalho admiramos.".
ALTERNATIVA B - ERRADO - Está incorreto o emprego da preposição "por" (em "pela"), uma vez que nenhum verbo
ou nome a solicita na oração em que está inserida (uma marchinha carnavalesca foi eleita a melhor marcha do ano). A
correção, portanto, seria: "... uma marchinha carnavalesca, que foi eleita a melhor marcha do ano."
ALTERNATIVA C - CERTO - Como já mencionado, o emprego do pronome relativo "cujo" e variações é empregado na
identificação das relações de posse. Podemos identificá-la em "traços coloquiais da linguagem", que pode ser traduzida
por "linguagem cujos traços coloquiais".
Atenção!
Note que o pronome "cujo" concorda com o termo subsequente (coisa possuída) e não admite o artigo definido após.
ALTERNATIVA D - ERRADO - Como se tem uma relação de posse, o pronome relativo indicado é o "cujo": "Adoniran
Barbosa, cujo verdadeiro nome era João Rubinato, foi considerado ..."
ALTERNATIVA E - ERRADO - Está incorreto o emprego da preposição "em" (em "nas"), uma vez que nenhum verbo
ou nome a solicita na oração em que está inserida (= Certas composições de Adoniran incluem "Trem das Onze" e
"Saudosa Maloca"). A correção, portanto, seria: "Certas composições de Adoniran, as quais incluem "Trem das onze" e
"Saudosa Maloca"..."
Resposta: C
... por volta de 2100, ano em que, segundo as projeções da ONU, a Terra terá completado seu décimo bilhão de
habitantes.
O segmento grifado acima preenche corretamente a lacuna da frase:
a) Os dados ...... se baseavam os cientistas para prever a escassez de alimentos ainda não estavam inteiramente
catalogados.
b) Será necessário investir cada vez mais na agricultura,...... a oferta de alimentos atinja toda a população do planeta.
c) O aumento de habitantes exige uma produção de alimentos mais ampla e variada, ...... sejam oferecidos a toda essa
população.
d) O desafio de aumentar a oferta de alimentos, ...... se necessita atualmente, justifica os múltiplos investimentos na
produção agrícola.
e) A explosão do número de habitantes no planeta, ...... contam alguns cientistas, parece estar atualmente sob certo
controle.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A - CERTO - A forma "basear-se" solicita a regência da preposição "em", que deve ser posicionada
antes do pronome relativo "que".
ALTERNATIVA B - ERRADO - A lacuna deve ser preenchida com "para que".
ALTERNATIVA C - ERRADO - A lacuna deve ser preenchida unicamente com o pronome relativo "que".
ALTERNATIVA D - ERRADO - A lacuna deve ser preenchida com "de que (da qual)". O verbo "necessitar" solicita a
regência da preposição "de", que deve ser posicionada antes do pronome relativo "que (a qual)".
ALTERNATIVA E - ERRADO - A lacuna deve ser preenchida com "com que (com a qual)". O verbo "contar" solicita a
regência da preposição "com", que deve ser posicionada antes do pronome relativo "que (a qual)".
Resposta: A
RESOLUÇÃO:
O pronome relativo "cujo" e suas variações são empregados na indicação de relações de posse.
Assim, "nome dos artistas" equivale a "artistas cujo nome". Vale ressaltar que este pronome repele o artigo definido
posicionado após.
Além disso, o verbo "lembrar" (o mesmo para o verbo "esquecer"), quando não pronominal, é transitivo direto (todos
lembram o nome dos artistas). Quando pronominal, é transitivo indireto, regido pela
preposição "de" (todos se lembram do nome dos artistas)
De acordo com as possibilidades apresentadas, verificamos a adequação da Letra B: "de cujo nome todos se
lembram."
Resposta: B
37.INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
a) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
c) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
d) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO – Não se deve empregar “onde” e suas variações – aonde, donde, etc. – para se referir a
termos que não transmitam a ideia de lugar. É o que ocorre na redação: o pronome relativo “onde” se refere ao
antecedente “época”, mas este não indica lugar, e sim tempo.
No lugar, deve-se empregar a forma “em que” – pronome relativo “que” antecedido da preposição “em” -, haja vista
que a forma verbal “atuava” solicita a regência da preposição “em” para se ligar ao termo “época” (Grande parte dos
cientistas atuavam em laboratórios em alguma época).
ALTERNATIVA B – CERTO – Deve-se empregar a forma “a que”, haja vista que a forma verbal “se prendem” solicita a
regência da preposição “a” para se ligar ao termo “artificialismo” (Alguns âncoras de TV se pendem ao artificialismo.).
ALTERNATIVA C – ERRADO - Deve-se empregar a forma “de que”, haja vista que a forma verbal “se fala” solicita a
regência da preposição “de” para se ligar ao termo “versões” (Fala-se de versões nos bastidores).
ALTERNATIVA D – ERRADO - Deve-se empregar a forma “com cujo”, haja vista que a forma verbal “contar” solicita a
regência da preposição “com” para se ligar ao termo “trabalho da pessoa” (Podemos contar com o trabalho da pessoa =
A pessoa com cujo trabalho podemos contar).
ALTERNATIVA E – ERRADO – Está errado o emprego do pronome relativo “cujo”, pois simplesmente não ocorre na
frase em questão uma relação de posse. Não há a figura de possuidor e de um possuído que viabilize o emprego das
formas cujo(a)(s).
Exemplo:
Deve-se empregar simplesmente o pronome relativo “que” ou a forma “o qual”, para substituir o termo antecedente
“filme”.
Resposta: B
38. INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
a) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
b) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
c) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
d) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
e) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
RESOLUÇÃO:
Na frase I, tem-se o adjetivo “erradas”, que concorda em gênero e número com o substantivo “tarefas”.
Interpretando a frase I, dá-se a entender que foram realizadas as tarefas erradas, não as corretas. Ou seja, escolheram-
se as tarefas erradas para se fazer.
Na frase II, tem-se o advérbio “errado”, que modifica a forma verbal “Fizemos”.
Lembremo-nos de que o advérbio é uma classe de palavra invariável em gênero e número. Poderíamos empregar a
forma “erradamente”, mas nada impede de se utilizar a forma reduzida “errado”.
Interpretando a frase II, dá-se a entender que a forma como foram feitas as tarefas não foi correta. Fez-se de forma
errada, portanto.
As duas construções, portanto, estão corretas quanto à concordância, mas dizem coisas diferentes uma da outra.
A resposta é a letra B.
Resposta: B
39. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
b) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
c) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
RESOLUÇÃO:
Exemplos:
Note que os verbos “conhecer” e “beijar” não pedem objetos indiretos. O pronome “lhe”, nesses casos, não exerce a
função de complemento verbal. Assume sim a função de adjunto adnominal.
Analisemos item a item:
ALTERNATIVA A – O verbo “enviar” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma completa lista de exercícios”; já o
indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma
tônica “a ele”.
O professor enviou-lhe, após o expediente, uma completa lista de exercícios.
ALTERNATIVA B - O verbo “entregar” pede objetos direto e indireto. O direto é “a relação dos colegas faltosos”; já o
indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma
tônica “a ele”.
O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
= O aluno entregou a ele, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
ALTERNATIVA C - O verbo “pedir” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma ajuda financeira”; já o indireto é
representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a
ele”.
Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
= Pedimos a ele uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
ALTERNATIVA D - O verbo “oferecer” pede objetos direto e indireto. O direto é “a mais cobiçada oportunidade de
emprego”; já o indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é
substituí-lo pela forma tônica “a ele”.
Ofereceram-lhe a mais cobiçada oportunidade de emprego.
ALTERNATIVA E – Observe que o verbo “seguir” não pede objeto indireto (quem segue segue algo/alguém). Dessa
forma, o “lhe” em destaque não exerce a função de objeto indireto.
Note que é possível resscrever a frase da seguinte forma:
Portanto, na letra E, o “lhe” exerce uma função diferente do das demais opções.
Resposta: Letra E
40. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO
Em "fazem dos mais experientes", o objeto indireto "dos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome oblíquo
tônico "deles (de+eles)" ou pela forma oblíqua átona "lhes". As formas pronominais "o(s)", "a(s)" substituem objetos
diretos e seriam inadequadas para essa substituição.
Atenção!
Vale ressaltar que os pronomes ele, ela, nós, vós, eles e elas, quando precedidos de preposição, funcionam na prática
como oblíquos tônicos.
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o primeiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "fazem-lhes" ou "fazem deles".
Em "atribuem aos mais experientes", o objeto indireto "aos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome
oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes".
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o segundo trecho destacado pode ser substituído pelas formas "atribuem-lhes" ou "atribuem a eles".
Por fim, em "assiste aos mais experientes", o verbo "assistir" é empregado no sentido de "caber" e seu objeto indireto
pode ser substituído pelo pronome oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes" (algo assiste a alguém).
Há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo "lhes", haja vista que não se emprega próclise
(pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o terceiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "assiste-lhes" ou "assiste a eles".
Resposta: A
Gabarito
1. E
2. A
3. B
4. E
5. C
6. A
7. A
8. E
9. E
10. D
11. C
12. E
13. E
14. C
15. D
16. E
17. A
18. A
19. C
20. D
21. C
22. A
23. C
24. A
25. D
26. C
27. C
28. B
29. D
30. D
31. C
32. B
33. C
34. C
35. A
36. B
37. B
38. B
39. E
40. A
Lista de Questões
1. FGV – TJ RO/2021
Sobre expressões como “Uma mãe é uma mãe”, “Uma mulher é uma mulher”, “A Amazônia é a Amazônia”, é
correto afirmar que:
a) o primeiro termo está no sentido figurado e o segundo, no sentido próprio;
2. FGV – TJ RO/2021
3. FGV – TJ RO/2021
Um estudante e um professor, que haviam marcado uma reunião de estudos após as aulas, se encontram no corredor e
travam o seguinte diálogo: - Estudante: Oi, Paulo, você vai estar no seu gabinete amanhã às três horas, não é? -
Professor: Bom, não sei... - Estudante: Mas, o senhor... (se afasta, contrariado)
a) o estudante mostra não dominar o uso correto da língua, ao misturar os tratamentos “você” e “senhor”;
b) o emprego de “você” na primeira frase do estudante mostra descortesia, já que se trata de um professor, a quem se
deve dirigir um tratamento respeitoso;
c) o tratamento de “senhor” mostra um distanciamento em relação ao professor, em função da situação criada;
d) as reticências ao final da fala do professor indicam que algo não foi registrado no texto;
e) as reticências ao final da segunda fala do estudante indicam dúvida sobre o que pensar.
“Empenhado em satisfazer a vontade de Catirina, Chico mata um dos bois do rebanho, que, no entanto, era um dos
preferidos do fazendeiro.”
Nesse segmento do texto 5 há uma relação vocabular correta, ao escrever-se “um dos bois do rebanho”, já que
“rebanho” é o vocábulo coletivo adequado para “boi”. A opção abaixo em que o emprego do coletivo é
INADEQUADO é:
a) uma das abelhas do enxame;
“Antes que comecem os mimimis, um aviso: não tenho absolutamente nada contra aqueles que fumam. A decisão de
enviar mais de 4 mil substâncias tóxicas para dentro do corpo e correr o risco de morrer precocemente com um câncer
na boca, laringe, estômago ou pulmão é pessoal. Só não soltem fumaça na cara de não-fumantes, combinado?”
(Publicidade, Guilherme Dantas, 2013)
“Antes que comecem os mimimis, um aviso: não tenho absolutamente nada contra aqueles que fumam.”
Nesse primeiro segmento do texto 2, o autor usa adequadamente o demonstrativo aqueles, referindo-se a
pessoas indeterminadas; a frase abaixo em que o emprego dos demonstrativos se mostra adequado é:
a) João e Pedro são fumantes; este, de cigarros; esse, de charutos;
b) João, Pedro e Fernando são fumantes; este, de cigarros; esse, de cachimbo e aquele, de charutos;
e) João, Pedro e Maria são fumantes; esta, de cigarros; esse, de charutos e aquele, de cachimbo.
7. FGV – PC RJ/2021
Como é sabido, os adjetivos e advérbios podem receber graus comparativo ou superlativo; a frase abaixo em que
ocorre a gradação de um advérbio é:
a) Ela canta bem alto quando toma banho;
8. FGV – IMBEL/2021
Segundo a norma culta, assinale a frase em que o demonstrativo sublinhado está bem empregado.
b) “É preciso sempre desculpar-se por ter agido bem – nada fere mais do que isso.”
d) ”Isto que é estrangeiro tem sempre uma aparência aristocrática para nós.”
e) “Não quero que as pessoas sejam muito gentis; isto me poupa do trabalho de gostar muito delas.”
9. FUNSAÚDE/2021
“A medicina é uma grande ciência; basta só isso de dar saúde aos outros, conhecer as moléstias, combatê-las e
vencê-las.” Machado de Assis. Dom Casmurro. Nesse texto, o adjetivo grande
a) mostra a longa duração dos estudos médicos.
a) Não importa se o gato é preto ou branco, desde que ele pegue os ratos;
11.FGV - IBGE/2019
Texto 1
A história de quatro décadas do programa registra os fatos mais relevantes da história mundial, bem como as
evoluções tecnológicas e de tratamento de informação que vêm transformando as comunicações em todo o mundo.
“...que vêm transformando as comunicações em todo o mundo”.
Nessa frase do texto 1, empregou-se corretamente o artigo definido após o pronome indefinido todo; a frase
abaixo em que esse emprego também está correto é:
Em todas as palavras abaixo há elementos formais sublinhados que são de enorme uso em nossa língua; o valor
semântico desses elementos está corretamente exemplificado em:
a) lugar: vindouro e duradouro;
c) Não pretendas ser demasiado justo nem saber mais do que lhe convém;
Texto 3
Os velhos estão sempre aconselhando os jovens a guardar dinheiro. Digo que este é um mau conselho. Não guardem
um centavo; invistam em si mesmo apenas. Eu nunca economizei um dólar sequer antes dos 40 anos de idade. (Henry
Ford)
Velhos e jovens no texto 3 são originalmente adjetivos que se encontram substantivados; o mesmo ocorre na
seguinte frase:
a) Os homens realmente educados são os autodidatas;
15.FGV – TJ CE/2019
Se reconheces que algo é injusto, tenta pôr fim à injustiça o mais rápido possível: para que esperar o próximo ano?
a) julgar / julgamento;
b) dificultoso / dificuldade;
c) rápido / rapidamente;
d) roupagem / rouparia;
e) figura / figuração.
e) Alegria de amor dura apenas um instante, mas sofrimento de amor dura toda a vida.
“Se no Brasil a ética chegou a esse ponto, imagine a etiqueta, que é a pequena ética”. A autora da frase, Danuza Leão,
se refere à forma (etiqueta.) que perdeu o valor diminutivo e passou a designar uma outra realidade.
A frase abaixo em que o vocábulo sublinhado conservou o valor diminutivo é:
a) Ao ser perguntado sobre em que dia da semana estava, teve que consultar a folhinha na parede da sala;
Prioridade à cultura
A resistência ao desmonte da cultura em cenário de crises graves não se dá por acaso. Mesmo num contexto em que o
governo trabalhe pela extinção de uma série de políticas e pilares que sustentam a cultura brasileira, os atos em defesa
desta são vistos com desdém. É muito comum que, em situações diversas, generalize-se a opinião de que políticas
públicas para a cultura não devem ser prioritárias. Combater essa generalização equivocada é urgente.
O Brasil precisa ampliar as discussões sobre a cultura, em vez de abandoná-las. A desidratação frequente que a gestão
pública do setor vem sofrendo inibe a consolidação de mecanismos de mapeamento contínuo da economia da cultura,
capazes de garantir o acesso da população aos bens culturais.
No texto aparecem pares de palavras formados por substantivo + adjetivo ou adjetivo + substantivo; o par em que a
troca de posição dessas palavras NÃO deve ser feita por tratar-se de um adjetivo de relação é:
a) desidratação frequente;
b) generalização equivocada;
c) mapeamento contínuo;
d) cultura brasileira;
e) crises graves.
Na escrita, pode-se optar frequentemente entre uma construção de substantivo + locução adjetiva ou substantivo +
adjetivo (esportes da água = esportes aquáticos).
O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído por um adjetivo é:
a) Sou extraordinariamente paciente desde que as coisas sejam feitas do meu jeito;
b) A lealdade a um partido reduz o maior dos homens ao nível mesquinho das massas;
d) Uma besteira menor, consciente, pode impedir uma besteira grande pra cachorro, inconsciente;
O casamento foi a maneira que a humanidade encontrou de propagar a espécie sem causar falatório na vizinhança. As
tradições matrimoniais se transformaram através dos tempos e variam de cultura para cultura. Em certas sociedades
primitivas o tempo gasto nas preliminares do casamento – corte, namoro, noivado etc. – era abreviado. O macho
escolhia uma fêmea, batia com um tacape na sua cabeça e a arrastava para a sua caverna. Com o passar do tempo este
método foi sendo abandonado, por pressão dos buffets, das lojas de presente e das mulheres, que não admitiam um
período pré-conjugal tão curto. O homem precisava aproximar-se dela, cheirar seus cabelos, grunhir no seu ouvido,
mordiscar a sua orelha e só então, quando ela estivesse distraída, bater com o tacape na sua cabeça e arrastá-la para a
caverna. (fragmento)
VERÍSSIMO, Luís Fernando, Comédias da Vida Privada. Ed. LPm. 1994.
“O macho escolhia uma fêmea, batia com um tacape na sua cabeça e a arrastava para a sua caverna.”
“... mordiscar a sua orelha e só então, quando ela estivesse distraída, bater com o tacape na sua cabeça e arrastá-
la para a caverna.”
Nesses dois segmentos do texto vemos duas formas diferentes do mesmo pronome pessoal; assinale a opção em que a
forma do pronome pessoal empregada está incorreta.
a) Os homens faziam-na entrar na caverna.
A frase em que a substituição de um termo anterior pelo pronome pessoal oblíquo sublinhado é feita de
forma inadequada é:
a) “O desejo de conquista é cousa realmente muito natural e comum; e, sempre que os homens conseguem satisfazê-
lo, são louvados.”
b) “Existem dois objetivos na vida: o primeiro, o de obter o que desejamos; o segundo, o de desfrutá-lo.”
e) “A virtude é como o percevejo, Para que exale seu odor é preciso esmagá-lo.”
Assinale a frase em que a substituição de um termo anterior por um pronome pessoal oblíquo é feita de forma
graficamente inadequada:
a) ”Conheceríamos muito melhor muitas coisas se não quiséssemos identificá-las com tanta precisão.”
c) “Se eu conhecesse alguma coisa que fosse útil à minha pátria, mas prejudicial à Europa, ou que fosse útil à Europa,
mas prejudicial ao gênero humano, considerá-la-ia um crime.”
a) “Se a dor de cabeça nos chegasse antes da embriaguez, guardar-nos-íamos de beber demais.”
d) “Tem ideia de quanto mal nos fazemos por essa maldita necessidade de falar?”
TEXTO -
Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma
legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de
comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da
imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros
recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos
usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-
história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e
escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser
desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor
um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em
caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais
expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
O segmento do texto em que o emprego da preposição EM indica valor semântico diferente dos demais é:
Há cerca de 15 anos, um grupo de pesquisadores do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.)
preparava um estudo sobre indicadores de sustentabilidade da cidade de Belém e precisava saber quantos metros
quadrados de praças e áreas verdes havia em cada bairro da região metropolitana. Durante três meses, os
pesquisadores buscaram o dado junto a órgãos públicos. Protocolo para cá, ofício para lá, o máximo que conseguiram
foi uma estimativa de que existiam “umas cem praças”. Beto Veríssimo, líder de estudo, reuniu a equipe e propôs;
vamos medir nós mesmos. Armados de GPS, trena e suor, em dois meses mapearam quase duas mil praças e áreas
verdes na capital paraense.
Lembrei-me desse episódio ao participar do debate recente sobre os dados de cobertura e uso da terra no Brasil.
Em artigo recente no “Valor Econômico”, o autor conclui, após, segundo ele, cruzar várias fontes de dados, que entre
1990 e 2016 a área ocupada pela atividade agropecuária no Brasil teria sido reduzida em 4,2 milhões de hectares, a
despeito de 38 milhões de hectares terem sido desmatados no mesmo período. Afirma que a regeneração da mata
nativa teria alcançado 50 milhões de hectares no período e que, portanto, para cada hectare desmatado, 1,3 hectare
era recuperado. A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários
ganhos de produtividade.
O incauto, ao ler tal informação, poderia concluir que a área das matas brasileiras teria aumentado nas últimas décadas,
e a agropecuária reduzido a área ocupada. Portanto, a expansão da agropecuária não teria causado desmatamento e
degradação. Ou seja, tudo ótimo, nada a mudar, basta seguirmos no rumo em que estamos.
Nestas horas, é importante voltar às fontes de dados primários sólidas e abrangentes no tempo e no espaço.
Existem atualmente três iniciativas de mapeamento de cobertura e uso da terra no Brasil. [...] Ainda que todos possam
ser melhorados e, embora tenham diferenças de abordagem metodológica, legenda e resolução, os dados gerados por
esses três projetos indicam de forma inequívoca:
• o Brasil perdeu cobertura florestal e vegetação nativa durante todos os períodos analisados;
• houve regeneração em larga escala no Brasil, mas ela ainda representa menos de um terço das áreas desmatadas;
Esta é a realidade nua e crua dos dados primários. Eles, decerto, estão sujeitos a muitas análises e interpretações. Estas
só não podem ir de encontro aos fatos.
Tasso Azevedo, O GLOBO, 28/02/2018.
Assinale a opção em que as duas preposições destacadas não possuem o mesmo valor semântico.
a) “um estudo sobre indicadores de sustentatibilidade” / “... debate recente sobre os dados de cobertura e uso da terra
no Brasil”.
b) “cresceu em todos os períodos analisados” / “... em dois meses eles mapearam quase duas mil praças”.
c) “Durante três meses...” / “florestal e vegetação nativa durante todos os períodos analisados”.
e) “Armados de GPS, trena e suor” / “após, segundo ele, cruzar várias fontes de dados”.
O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais ratificadas pelos países, busca
garantir aos cidadãos o acesso pleno aos direitos conquistados. Há, no entanto, inúmeras situações em que o Estado
coloca a população em risco, estabelecendo políticas públicas autoritárias, investindo poucos recursos nos serviços
públicos essenciais e envolvendo civis em conflitos armados, por exemplo.
Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para a vida das pessoas nesses
casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos sem Fronteiras. Por meio de acordos internacionais,
essas instituições conseguem atuar em regiões de conflito onde há perigo para a população.
Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em uma guerra civil nigeriana,
no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu criar uma organização que pudesse oferecer
atendimento médico a toda população envolvida em conflitos e guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma
posição política favorável ou contrária aos lados envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões
remotas e/ou sob forte bombardeio para atender os que estão feridos e sob risco de vida.
Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes envolvidas no conflito
respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização informa a localização de suas bases e o tipo de
atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter
humanitário da ação dos profissionais da organização.
A opção em que a nominalização do segmento sublinhado está INCORRETA é:
a) “busca garantir aos cidadãos o acesso pleno” / busca a garantia aos cidadãos do acesso pleno”;
Observação
Vivemos tão apressados que estamos perdendo a habilidade de observar detalhadamente o que nos cerca. Por outro
lado, somos tão bombardeados por imagens e por estímulos visuais que, para nos proteger do excesso, aprendemos a
não perceber o que está em volta, aprendemos a nos proteger. Por isso, a propaganda fica cada vez mais agressiva. Os
produtos precisam, a qualquer custo, chamar a atenção do possível comprador, até que sejamos capazes de “ver sem
olhar”. Ou seja, mesmo sem estarmos interessados, não podemos escapar de perceber uma imagem de propaganda.
Isso nos tem levado à autoproteção ou a uma atitude passiva, já que não é preciso fazer nenhum esforço, pois a
propaganda e as imagens se encarregam de nos invadir.
Entretanto, para apreciar a arte e saber ler imagens, uma primeira habilidade que precisamos renovar, estimular e
desenvolver é a observação. Ela deve deixar de ser passiva para tornar-se ativa, voluntária: observo o que quero, porque
quero, como quero, da forma que quero, quando quero observar.
Se pedirmos a um amigo que descreva alguém, ele pode dizer genericamente: alto, magro, de meia-idade: ou então ser
bem específico: tem aproximadamente 1 metro e oitenta, é magro, está vestido com uma calça azul, camisa branca,
tênis, jaqueta de couro marrom, tem cabelos escuros, encaracolados, curtos, olhos azuis, usa costeletas, tem um sinal
escuro do lado direito do rosto e cerca de 40 anos.
Essa segunda descrição é mais detalhada e demonstra mais observação. Naturalmente, se eu estiver procurando tal
pessoa, a partir dessa descrição detalhada, posso encontrá-la com mais facilidade.
OLIVEIRA, J. e GARCEZ, L. Explicando a Arte. Ed. Nova Fronteira. 2001.
“Essa segunda descrição é mais detalhada e demonstra mais observação. Naturalmente, se eu estiver procurando tal
pessoa, a partir dessa descrição detalhada, posso encontrá-la com mais facilidade.”
Nesse parágrafo do texto há três ocorrências do vocábulo mais. Sobre essas ocorrências, assinale a afirmativa correta.
Um dos recursos expressivos na escrita consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que elas pertencem. Das
frases abaixo, a única em que isso não ocorre é:
a) “A morte produz o agradável: as viúvas.”
“A sociedade é que produz cultura. O Estado não pode produzir cultura, nem substituir a sociedade nessa tarefa.
Mas ao Estadocabe o papel de animador, de difusor e promotor da democratização dos bens culturais”.
(Celso Furtado)
Duas palavras que NÃO pertencem à mesma família por não possuírem o mesmo radical são:
a) hemácia/anemia;
b) decapitar/capital;
c) cátedra/catedral;
d) animismo/desanimado;
e) depredar/pedra.
a) pré-história;
b) inconstitucional;
c) perigosíssimo;
d) embarque;
e) desalmado.
Nas opções abaixo, há uma série de galicismos, ou seja, palavras de origem francesa; a forma correspondente dos
galicismos abaixo que está INCORRETAMENTE indicada é:
a) mayonnaise/maionese;
b) corbeille/corbelha;
c) champagne/champanha;
d) maillot/maiô;
e) chauffeur/chaufer.
Em todas as frases abaixo há estrangeirismos; indique o item em que se afirma corretamente algo sobre o
estrangeirismo sublinhado:
a) “O currículo foi entregue à secretária do colégio” / adaptação gráfica da forma latina curriculum;
b) “O álibi apresentado ao juiz foi o suficiente para inocentar o acusado” / utilização da forma latina original;
c) “O xampu era vendido pela metade do preço” / tradução da forma inglesa shampoo;
d) “As aulas de marketing eram as mais interessantes” / adequação gráfica de palavra inglesa;
e) “Os encontros dos adolescentes eram sempre no mesmo point da praia”/ tradução de palavra portuguesa.
Texto 2
“Imagine reunir um grupo diverso de pessoas toda quinta-feira, durante dez anos, para estudar e treinar visões sobre o
trabalho do ator e da arte. Imagine que a pessoa que conduz essa iniciativa o faz por crença no ofício, dedicação de
uma vida inteira, com apoios eventuais, mas sem nenhum ressentimento. Para aqueles que miram na arte uma forma
de estar na vida, a diretora Celina Sodré é um exemplo a ser mirado. Para outros que olham com desdém a profissão de
artista de teatro, é uma possibilidade de mudar de ponto de vista”.
(O Globo, 11/04/2017)
No texto 2 há um conjunto de verbos no infinitivo; se substituirmos essas formas verbais por substantivos
correspondentes, a única frase INCORRETA será:
a) “Imagine reunir um grupo” / imagine a reunião de um grupo;
A palavra abaixo, retirada do texto, que apresenta um processo de formação distinto dos demais é:
a) chineses;
b) recentemente;
c) milenar;
d) desagregadores;
e) imediatismo.
TEXTO.
Temos uma notícia triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os
sentimentos. Puxa, para que serve ele, afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é superimportante. “É um
órgão vital. É dele a função de bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim,
cardiologista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com
essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e
aumentando de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está
apaixonada. O corpo libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial”.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
Assinale a opção em que o substantivo ligado ao verbo do texto está erradamente selecionado.
a) Moram / morada
b) Bombear / bombeamento
c) Recebe / recepção
d) Contrai / contrato
e) Relaxa / relaxamento
Alguns locais são impróprios para a construção de moradias. Os morros são um exemplo, porque a inclinação do
terreno dificulta a construção das casas e pode colocar em risco a vida dos moradores. Quando chove muito, a água
pode fazer com que a terra deslize sobre o terreno inclinado. E, se a terra desliza, são carregadas com ela as casas
construídas nos morros.
Casas construídas em áreas próximas de córregos e rios também estão sujeitas a alagamentos quando há muita chuva
em um período curto de tempo. Além disso, por conta dos esgotos que muitas vezes são jogados nos rios, as pessoas
que vivem nesses locais ficam sujeitas a contrair doenças.
(Ricardo Dreguer)
Os dois vocábulos abaixo que mostram processo de formação exatamente idêntico são:
a) demonstração / coração
b) construção / inclinação
c) digitação / discrição
d) perturbação / equitação
e) cassação / ficção
“Estácio gostava de lhe ver o airoso do busto e a firme serenidade com que ela conduzia o animal”.
Nesse segmento de um romance machadiano, o autor realiza o que se chama uma substantivação de um adjetivo; o
mesmo acontece no seguinte trecho abaixo:
a) “O silêncio não era completo; ouvia-se o rodar de carros que passavam fora”.
b) “O proceder de Luís Alves, sóbrio, direto, resoluto, sem desfalecimentos, sem demasias ociosas, fazia perceber à
moça que ele nascera para vencer”.
c) “Apertei-lhes a mão e saí, a rir comigo da superstição das duas mulheres, um rir filosófico, desinteressado, superior”.
d) “ Mas aqui estão os retratos de ambos, sem que o encardido do tempo lhes tirasse a primeira expressão”.
Rosely Sayão
Os meios de comunicação, devidamente apoiados por informações científicas, dizem que alimentação é uma questão
de saúde. Programas de TV ensinam a comer bem para manter o corpo magro e saudável, livros oferecem cardápios de
populações com alto índice de longevidade, alimentos ganham adjetivos como “funcionais”. Temos dietas para
cardíacos, para hipertensos, para gestantes, para obesos, para idosos.
Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se encontrar, trocar ideias, saber
uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente
sobre as refeições, 69% dos entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam.
[....]
O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com regularidade e de modo informal.
E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus afetos pelos filhos de modo mais natural. (adaptado)
A palavra abaixo, retirada do texto, que mostra processo de formação diferente dos demais é:
a) comunicação;
b) devidamente;
c) saudável;
d) hipertensos;
e) científicas.
Cidadãos e opiniões são substantivos formados com o sufixo -ão, que fazem seus plurais, exata e respectivamente,
como:
a) escrivão / vulcão;
b) cristão / ademão;
c) anão / corrimão;
d) chorão / ancião;
e) cartão / aldeão.
Muitos vocábulos com o sufixo - ão apresentam mais de uma forma de plural; entre os pares abaixo, aquele que
apresenta uma forma ERRADA é:
a) escrivãos/escrivães;
b) aldeões/aldeães;
c) anciões/anciãos;
d) anões/anãos;
e) corrimãos/corrimões.
Segundo nossas gramáticas, a classe dos adjetivos expressa semanticamente: características, qualidades, estados e
relações. O adjetivo abaixo que expressa uma característica é:
a) referências cristãs;
b) vida cotidiana;
c) opções estéticas;
d) vasto público;
e) elementos fundamentais.
Texto 4
“Desde o início da vida no planeta Terra, muitas são as espécies animais que foram extintas por vários motivos.
Atualmente, quando se mencionam ‘espécies em extinção’, afloram as várias atividades humanas que as provocaram,
ou estão provocando.
Dentre essas ações, as principais talvez sejam:
i) a caça predatória de animais de grande porte e de alguns animais menores; todos esses animais, de uma forma ou de
outra, rendem expressivos lucros;
ii) a descuidada aplicação dos chamados ‘defensivos agrícolas’ ou agrotóxicos, desestabilizando completamente o
ecossistema;
iii) as grandes tragédias provocadas também pela incúria humana como os incêndios florestais e derramamento de
petróleo cru nos mares;
iv) o desmatamento de grandes áreas, fator de cruel desalojamento dos habitats de incontáveis espécies animais”.
(Eurípedes Kuhl)
O par abaixo que muda de sentido se for invertida a posição de seus dois elementos é:
a) vários motivos;
b) grande porte;
c) animais menores;
d) grandes áreas;
e) cruel desalojamento.
“A democracia reclama um jornalismo vigoroso e independente. A agenda pública é determinada pela imprensa
tradicional. Não há um único assunto relevante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo de qualidade. Alguns
formadores de opinião utilizam as redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem assim relevante
papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteúdo independentes”.
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
O texto, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos por
locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
a) independente = com dependência;
b) pública = de publicidade;
c) relevante = de relevância;
d) sociais = de associados;
e) mobilizador = de motivação.
“Maior confronto armado da história da América do Sul, a Guerra do Paraguai é uma página desbotada na memória do
povo brasileiro. Passados quase 150 anos das últimas batalhas deste conflito sangrento que envolveu Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai, o tema se apequenou nos livros didáticos e se restringiu às discussões acadêmicas. Neste livro,
fruto de pesquisas históricas rigorosas, mas escrito com o ritmo de uma grande reportagem, o leitor poderá se
transportar para o palco dos acontecimentos e acompanhar de perto a grande e trágica aventura que deixou marcas
profundas no continente sul-americano e lembranças de momentos difíceis”.
(adaptado - A Guerra do Paraguai, Luiz Octávio de Lima)
Entre os exemplos abaixo, compostos de substantivo + adjetivo ou adjetivo + substantivo, retirados do texto, aquele
em que a troca de posição dos termos provoca modificação de sentido é:
a) página desbotada;
b) conflito sangrento;
c) discussões acadêmicas;
d) pesquisas rigorosas;
e) grande reportagem.
“É preciso levar em conta questões econômicas e sociais”; se juntássemos os adjetivos sublinhados em forma de
adjetivo composto, a forma correta, no contexto, seria:
a) econômicas-sociais;
b) econômico-social;
c) econômica-social;
d) econômico-sociais;
e) econômicas-social.
Assinale a opção que indica o par em que é possível a troca de posição dos termos.
a) Notícia triste
b) Órgão vital
c) Músculo oco
d) Batimentos cardíacos
e) Pressão arterial
TEXTO.
Temos uma notícia triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os
sentimentos. Puxa, para que serve ele, afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é superimportante. “É um
órgão vital. É dele a função de bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim,
cardiologista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com
essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e
aumentando de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está
apaixonada. O corpo libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial”.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada”, há dois
exemplos de variação de grau.
Sobre essas variações, assinale a afirmativa correta.
Questões Comentadas
1. FGV – TJ RO/2021
Sobre expressões como “Uma mãe é uma mãe”, “Uma mulher é uma mulher”, “A Amazônia é a Amazônia”, é
correto afirmar que:
a) o primeiro termo está no sentido figurado e o segundo, no sentido próprio;
RESOLUÇÃO:
Analisemos do ponto de vista semântico primeiramente. Percebemos que os sentidos dos termos repetidos não
são os mesmos, até porque nem faria sentido a simples repetição. Podemos interpretar assim: “Uma mãe é uma pessoa
bondosa”; “Uma mulher é uma pessoa especial”; “A Amazônia é um lugar único, diferenciado”. Isso já nos descarta a
letra D.
Ainda no aspecto semântico, o primeiro termo está empregado no sentido próprio (denotativo); já o segundo, no
sentido figurado. Isso nos elimina a letra A.
Sob o aspecto morfológico, temos o emprego de dois substantivos comuns nas duas primeiras construções –
“mãe” e “mulher”. Já na terceira, temos emprego de um substantivo próprio – “Amazônia”. Isso nos elimina a letra B
Sob o aspecto sintático, nas três construções, temos o verbo de ligação “ser” acompanhado de um predicativo.
Sabemos que o predicativo tem natureza adjetiva, o que confere aos segundos termos esse valor. Eis o nosso gabarito:
a letra E.
Resposta: E
2. FGV – TJ RO/2021
RESOLUÇÃO:
Analisemos as opções:
Letra A - CERTA - Em (1), temos uma recomendação com o emprego do diminutivo "cuidadinho". É como se o
enunciador da frase pedisse para João tomar bastante cuidado.
Letra B - ERRADA - Em (2), o diminutivo "pouquinho" não imprime uma ideia de maior intensidade. A pessoa não
está muito cheia do trabalho, apenas um pouco. Temos uma gradação menor de intensidade, portanto.
Letra C - ERRADA - Em (2), temos uma ideia de intensidade, como já dito. Já em (4), a construção "um
pouquinho mais" expressa não intensidade, mas quantidade.
Letra D - ERRADA - O diminutivo "coisinha" tem valor pejorativo, referindo-se a algo sem importância.
Resposta: A
3. FGV – TJ RO/2021
Um estudante e um professor, que haviam marcado uma reunião de estudos após as aulas, se encontram no corredor e
travam o seguinte diálogo: - Estudante: Oi, Paulo, você vai estar no seu gabinete amanhã às três horas, não é? -
Professor: Bom, não sei... - Estudante: Mas, o senhor... (se afasta, contrariado)
Sobre essa conversação, é correto afirmar que:
a) o estudante mostra não dominar o uso correto da língua, ao misturar os tratamentos “você” e “senhor”;
b) o emprego de “você” na primeira frase do estudante mostra descortesia, já que se trata de um professor, a quem se
deve dirigir um tratamento respeitoso;
c) o tratamento de “senhor” mostra um distanciamento em relação ao professor, em função da situação criada;
d) as reticências ao final da fala do professor indicam que algo não foi registrado no texto;
e) as reticências ao final da segunda fala do estudante indicam dúvida sobre o que pensar.
RESOLUÇÃO:
Analisemos as opções:
Letra A - ERRADA - Não propriamente um equívoco gramatical. O emprego de "você" denota intimidade; já o de
"senhor", certo distanciamento.
Letra B - ERRADA - Não necessariamente se trata de uma descortesia. Indica o pronome "você" intimidade.
Letra C - CERTA - A mudança para o tratamento "senhor" indica ter havido um distanciamento entre os falantes.
Letra D - ERRADA - Não é que algo deixou de ser registrado. Simplesmente, o autor da frase não a completou,
interrompendo-a. Essa interrupção é sinalizada com as reticências.
Letra E - ERRADA - Não sobre o que pensar, mas sobre o que dizer. É possível até mesmo subentender "Mas o
senhor (havia prometido)".
Resposta: C
“Empenhado em satisfazer a vontade de Catirina, Chico mata um dos bois do rebanho, que, no entanto, era um dos
preferidos do fazendeiro.”
Nesse segmento do texto 5 há uma relação vocabular correta, ao escrever-se “um dos bois do rebanho”, já que
“rebanho” é o vocábulo coletivo adequado para “boi”. A opção abaixo em que o emprego do coletivo é
INADEQUADO é:
a) uma das abelhas do enxame;
RESOLUÇÃO:
O coletivo de "porcos" não é chiqueiro, e sim vara. O chiqueiro é o lugar onde vivem os porcos.
Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Nas letras A, B, D e E, o vocábulo “mais” modifica adjetivos. Atua, portanto, como advérbio e expressa a ideia de
intensidade.
Já na letra C, o vocábulo “mais” modifica o substantivo “perfurações”. Atua como pronome indefinido e expressa
a ideia de quantidade.
Resposta: C
“Antes que comecem os mimimis, um aviso: não tenho absolutamente nada contra aqueles que fumam. A decisão de
enviar mais de 4 mil substâncias tóxicas para dentro do corpo e correr o risco de morrer precocemente com um câncer
na boca, laringe, estômago ou pulmão é pessoal. Só não soltem fumaça na cara de não-fumantes, combinado?”
(Publicidade, Guilherme Dantas, 2013)
“Antes que comecem os mimimis, um aviso: não tenho absolutamente nada contra aqueles que fumam.”
Nesse primeiro segmento do texto 2, o autor usa adequadamente o demonstrativo aqueles, referindo-se a
pessoas indeterminadas; a frase abaixo em que o emprego dos demonstrativos se mostra adequado é:
a) João e Pedro são fumantes; este, de cigarros; esse, de charutos;
b) João, Pedro e Fernando são fumantes; este, de cigarros; esse, de cachimbo e aquele, de charutos;
e) João, Pedro e Maria são fumantes; esta, de cigarros; esse, de charutos e aquele, de cachimbo.
RESOLUÇÃO:
Empregamos o demonstrativo “este” e suas variações para retomar um elemento já citado mais próximo – o
último termo citado na série; e o demonstrativo “aquele” e suas variações para retomar um elemento já citado mais
distante – o primeiro termo citado na série.
Analisemos as opções:
Letra A – ERRADA – Devemos empregar “aquele” para retomar o termo mais diante “João”.
Letra B – ERRADA – Embora abonada por uma minoria de gramáticos, não é adequado empregar “esse” para
retomar um termo posicionado no meio da série. Numa citação com mais de dois termos, devemos fazer uso de outro
mecanismo de coesão. Uma sugestão seria: “João, Pedro e Fernando são fumantes; o primeiro, de cigarros; o segundo,
de cachimbo e o último, de charutos”.
Letra C – CERTA
Letra D – ERRADA – O termo “Maria” deveria ter sido retomado pelo pronome feminino “aquela”.
Letra E – ERRADA – Como dito, não devemos utilizar o demonstrativo “esse” para retomar um elemento da série
posicionado “no meio”.
Resposta: C
7. FGV – PC RJ/2021
Como é sabido, os adjetivos e advérbios podem receber graus comparativo ou superlativo; a frase abaixo em que
ocorre a gradação de um advérbio é:
a) Ela canta bem alto quando toma banho;
RESOLUÇÃO:
Na letra A, a palavra “alto” atua como advérbio, modificando a forma verbal “canta”. Note que esse verbo está
sendo intensificado pelo outro advérbio “bem”. Temos, portanto, um grau superlativo associado a um advérbio.
Nas letras B, C e E, temos uma gradação de adjetivos – “forte”, “amável” e “convencido”, respectivamente.
Resposta: A
8. FGV – IMBEL/2021
Segundo a norma culta, assinale a frase em que o demonstrativo sublinhado está bem empregado.
b) “É preciso sempre desculpar-se por ter agido bem – nada fere mais do que isso.”
d) ”Isto que é estrangeiro tem sempre uma aparência aristocrática para nós.”
e) “Não quero que as pessoas sejam muito gentis; isto me poupa do trabalho de gostar muito delas.”
RESOLUÇÃO:
Analisemos as opções:
Letra A - ERRADA - Devemos empregar "neste mundo", para sinalizar a proximidade da pessoa com o mundo em
que ela vive.
Letra B - CERTA - O anafórico "isso" retoma toda a construção oracional anterior: "É preciso sempre desculpar-se
por ter agido bem".
Letra C - ERRADA - Para que a frase tenha coerência, devemos empregar o demonstrativo "estes", para retomar o
último termo citado "turistas". Dessa forma, entendemos que marido e mulher não brigavam quando havia hóspedes.
Letra D - ERRADA - Devemos empregar "Isso", para sinalizar o distanciamento da pessoa em relação a um lugar
do estrangeiro.
Letra E - ERRADA - Devemos empregar o anafórico "isso", para retomar todo o conteúdo oracional anterior - "as
pessoas serem muito gentis".
Resposta: B
9. FUNSAÚDE/2021
“A medicina é uma grande ciência; basta só isso de dar saúde aos outros, conhecer as moléstias, combatê-las e
vencê-las.” Machado de Assis. Dom Casmurro. Nesse texto, o adjetivo grande
a) mostra a longa duração dos estudos médicos.
RESOLUÇÃO:
O adjetivo "grande" anteposto ao substantivo "ciência" confere a este uma ideia de notoriedade, importância.
Cuidado com a letra C! Não são os cientistas, mas sim a ciência que está sendo valorizada.
Resposta: D
a) Não importa se o gato é preto ou branco, desde que ele pegue os ratos;
RESOLUÇÃO:
Na letra D, devemos empregar a expressão "Todo dia", que significa "Qualquer dia". A expressão "Todo o dia" daria
a entender que seria o dia inteiro, sentido inadequado ao contexto lido.
Resposta: D
11.FGV - IBGE/2019
Texto 1
A história de quatro décadas do programa registra os fatos mais relevantes da história mundial, bem como as
evoluções tecnológicas e de tratamento de informação que vêm transformando as comunicações em todo o mundo.
“...que vêm transformando as comunicações em todo o mundo”.
Nessa frase do texto 1, empregou-se corretamente o artigo definido após o pronome indefinido todo; a frase
abaixo em que esse emprego também está correto é:
a) Todo o jornal do planeta cobre acontecimentos mundiais;
RESOLUÇÃO
Resposta: B
Em todas as palavras abaixo há elementos formais sublinhados que são de enorme uso em nossa língua; o valor
semântico desses elementos está corretamente exemplificado em:
a) lugar: vindouro e duradouro;
RESOLUÇÃO
Na letra D, os vocábulos “manipulável” e “nomeável” significam, respectivamente, “aquele que pode ser
manipulado” e “aquele que pode ser nomeado”. Isso posto, os sufixos grifados expressam a ideia de possibilidade.
Resposta: D
c) Não pretendas ser demasiado justo nem saber mais do que lhe convém;
RESOLUÇÃO
A forma “Não pretendas” corresponde ao imperativo negativo, flexionado na segunda pessoa do singular (tu). O
erro está no emprego do oblíquo de 3a pessoa “lhe”. O correto seria: “Não pretendas ser demasiado justo nem saber
Texto 3
Os velhos estão sempre aconselhando os jovens a guardar dinheiro. Digo que este é um mau conselho. Não guardem
um centavo; invistam em si mesmo apenas. Eu nunca economizei um dólar sequer antes dos 40 anos de idade. (Henry
Ford)
Velhos e jovens no texto 3 são originalmente adjetivos que se encontram substantivados; o mesmo ocorre na
seguinte frase:
a) Os homens realmente educados são os autodidatas;
RESOLUÇÃO
Na letra A (Os homens realmente educados são os autodidatas), o termo “autodidatas”, originalmente adjetivo,
está empregado como substantivo, antecedido de artigo definido.
Resposta: A
15.FGV – TJ CE/2019
Se reconheces que algo é injusto, tenta pôr fim à injustiça o mais rápido possível: para que esperar o próximo ano?
a) julgar / julgamento;
b) dificultoso / dificuldade;
c) rápido / rapidamente;
d) roupagem / rouparia;
e) figura / figuração.
RESOLUÇÃO
Questão sutil!!!
É isso que ocorre no par “dificultoso/dificuldade”: ”dificuldade”(substantivo) é o atributo daquilo que é difícil,
dificultoso (adjetivo).
Nas demais opções, a relação semântico-gramatical é diferente. Vejamos:
Na letra E, “figuração” (substantivo) é o ato de tornar visível por meio de figuras (substantivo).
Resposta: B
e) Alegria de amor dura apenas um instante, mas sofrimento de amor dura toda a vida.
RESOLUÇÃO
A presença do artigo definido após o pronome indefinido “todo” dá uma ideia de “completo”, “inteiro”. A
ausência, por sua vez, dá uma ideia de “qualquer”, “indefinido”.
Letra A – CERTA - Está correto o emprego do artigo em “Todas as coisas”, pois há a ideia de “completo”, ou seja,
nada “fica de fora”.
Letra B – CERTA - Está correto o emprego do artigo em “todas as coisas”, pois há a ideia de “completo”, ou seja,
nada “fica de fora”.
Letra C– CERTA - Está correto o emprego do artigo em “Todos os pensamentos”, pois há a ideia de “completo”,
ou seja, nenhum pensamento “fica de fora”.
Letra D– ERRADA - Está errado o emprego do artigo em “toda a separação”, pois a frase faz menção à ideia de
“qualquer”, e não à ideia de “completo”. Dessa forma, deve-se escrever “Em toda separação” (= “Em qualquer
separação”), sem a presença do artigo “a”.
Letra E– CERTA - Está correto o emprego do artigo em “toda a vida”, pois há a ideia de “completo”, “inteiro”. O
trecho “... dura toda a vida ” equivale a “... dura a vida inteira”.
Resposta: D
“Se no Brasil a ética chegou a esse ponto, imagine a etiqueta, que é a pequena ética”. A autora da frase, Danuza Leão,
se refere à forma (etiqueta.) que perdeu o valor diminutivo e passou a designar uma outra realidade.
A frase abaixo em que o vocábulo sublinhado conservou o valor diminutivo é:
a) Ao ser perguntado sobre em que dia da semana estava, teve que consultar a folhinha na parede da sala;
RESOLUÇÃO
Letra A: ERRADA – O vocábulo “folhinha” não necessariamente diz respeito a uma folha pequena. No contexto
da frase, “folhinha” é uma forma de se referir a “calendário”.
Letra B: ERRADA - O vocábulo “cervejinha” não diz respeito ao diminutivo de “cerveja”. A expressão “tomar
uma cervejinha” é uma maneira informal de fazer referência a “sair com os amigos para beber”.
Letra C: ERRADA - O vocábulo “camisinha” perdeu a noção de diminutivo e passou a fazer referência a
“preservativo”.
Letra D: ERRADA - O vocábulo “camarim” perdeu a noção de diminutivo e passou a designar o espaço de
concentração e preparação para quem vai subir ao palco de um espetáculo. Independentemente do tamanho desse
espaço, dá-se o nome de camarim.
Letra E: CERTA - O vocábulo “gotículas” de fato faz menção a gotas de pequeno tamanho, preservando, assim,
seu valor diminutivo.
Resposta: E
Prioridade à cultura
A resistência ao desmonte da cultura em cenário de crises graves não se dá por acaso. Mesmo num contexto em que o
governo trabalhe pela extinção de uma série de políticas e pilares que sustentam a cultura brasileira, os atos em defesa
desta são vistos com desdém. É muito comum que, em situações diversas, generalize-se a opinião de que políticas
públicas para a cultura não devem ser prioritárias. Combater essa generalização equivocada é urgente.
O Brasil precisa ampliar as discussões sobre a cultura, em vez de abandoná-las. A desidratação frequente que a gestão
pública do setor vem sofrendo inibe a consolidação de mecanismos de mapeamento contínuo da economia da cultura,
capazes de garantir o acesso da população aos bens culturais.
No texto aparecem pares de palavras formados por substantivo + adjetivo ou adjetivo + substantivo; o par em que a
troca de posição dessas palavras NÃO deve ser feita por tratar-se de um adjetivo de relação é:
a) desidratação frequente;
b) generalização equivocada;
c) mapeamento contínuo;
d) cultura brasileira;
e) crises graves.
RESOLUÇÃO:
Ele assim denomina os adjetivos derivados de substantivos. Eles não estabelecem sentidos de qualidade, mas sim
estabelecem com o substantivo que modificam uma relação de matéria, assunto, finalidade, etc. Daí o nome “adjetivo
de relação”.
Além de serem derivados de substantivos, tais adjetivos não admitem graus de intensidade. São objetivos.
Como assim, professor? Tomemos como exemplo “clima frio”. Note ser possível estabelecer graus de intensidade para
o adjetivo “frio”: “clima muito frio”. “clima bastante frio”, “clima mais ou menos frio”, etc.
Agora tomemos como exemplo “tarifa mensal”. Não é possível agora estabelecer graus de intensidade para o adjetivo
“mensal”: “tarifa muito mensal”, “tarifa bastante mensal”, “tarifa mais ou menos mensal”, etc. Não faz sentido, certo?
O adjetivo “mensal” não é, portanto, uma qualidade, mas sim um tipo.
Outra característica do adjetivo de relação é o fato de este geralmente aparecer posposto ao substantivo: “tarifa
mensal” ou “mensal tarifa”? Não faz sentido posicioná-lo anteposto ao substantivo, correto?
Analisemos as opções:
Letra A – ERRADA – Note que o adjetivo “frequente” admite graus de intensidade: “desidratação
muito/bastante/pouco frequente”. Não se trata, dessa forma, de um adjetivo de relação, sendo possível a troca
“frequente desidratação”.
Letra B – ERRADA – Note que o adjetivo “equivocada” admite graus de intensidade: generalização
muito/bastante/meio/pouco equivocada”. Não se trata, dessa forma, de um adjetivo de relação, sendo possível a troca
“equivocada generalização”.
Letra C – ERRADA – Note que o adjetivo “contínuo” expressa uma qualidade. Não se trata, dessa forma, de um
adjetivo de relação, sendo possível a troca “contínuo mapeamento”.
Letra D – CERTA – Note que o adjetivo “brasileiras” deriva do substantivo “Brasil”. Além disso, não admite graus
de intensidade: não faz sentido “cultura muito brasileira”, “cultura pouco brasileira”, etc. Trata-se, dessa forma, de um
adjetivo de relação. Não expressa uma característica, e sim estabelece com o substantivo uma relação de tipo. No
contexto, note que o adjetivo “brasileira” tem valor objetivo (opções relacionadas à estética), e não subjetivo. Não é
possível, assim, a inversão “brasileira cultura”.
Letra E – ERRADA – Note que o adjetivo “grave” admite graus de intensidade: “crise muito/bastante/pouco
grave”. Não se trata, dessa forma, de um adjetivo de relação, sendo possível a troca “grave crise”.
Resposta: D
Na escrita, pode-se optar frequentemente entre uma construção de substantivo + locução adjetiva ou substantivo +
adjetivo (esportes da água = esportes aquáticos).
O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído por um adjetivo é:
RESOLUÇÃO
Nem toda união de preposição com substantivo ligada a substantivo será uma locução adjetiva.
Para ser locução adjetiva, é necessário que a expressão tenha valor adjetivo, associada a uma ideia de tipo,
atributo, posse, origem ou agente.
Se a expressão tiver valor passivo, ou seja, se for alvo da ação, e não agente, NÃO será locução adjetiva, pois não
terá valor adjetivo, e sim de complemento.
Exemplos:
(A expressão “do vizinho” transmite a ideia de agente da ação – é o vizinho que faz a reforma. Portanto, trata-se
de uma locução adjetiva).
A reforma do prédio não tinha fim.
(A expressão “do prédio” transmite a ideia de alvo da ação – é o prédio que é reformado. Portanto, NÃO se trata
de uma locução adjetiva).
Adorei visitar sua casa de praia.
(A expressão “de praia” transmite a ideia de tipo. Portanto, trata-se de uma locução adjetiva).
(A expressão “de Português” transmite a ideia de alvo da ação – o Português é alvo do medo. Portanto, NÃO se
trata de uma locução adjetiva).
Letra A – ERRADA – A expressão “do rio” não é locução adjetiva, pois expressa a ideia de alvo da ação expressa
pelo nome “poluição” (poluir). Não é possível, dessa forma, substituir a expressão “do rio” por um adjetivo equivalente.
Letra B – CERTA - A expressão “do rio” é locução adjetiva, pois expressa a ideia de posse. É possível, dessa
forma, substituir a expressão “do rio” por “fluviais”.
Letra C – CERTA - A expressão “do rio” é locução adjetiva, pois expressa a ideia de posse. É possível, dessa
forma, substituir a expressão “do rio” por “fluviais”.
Letra D – CERTA - A expressão “do rio” é locução adjetiva, pois expressa a ideia de posse. É possível, dessa
forma, substituir a expressão “do rio” por “fluviais”.
Letra D – CERTA - A expressão “do rio” é locução adjetiva, pois expressa a ideia de posse. É possível, dessa
forma, substituir a expressão “do rio” por “fluviais”.
Resposta: A
a) Sou extraordinariamente paciente desde que as coisas sejam feitas do meu jeito;
b) A lealdade a um partido reduz o maior dos homens ao nível mesquinho das massas;
d) Uma besteira menor, consciente, pode impedir uma besteira grande pra cachorro, inconsciente;
RESOLUÇÃO:
No primeiro, tem-se o placar 2 a 1. Como assim? Pode-se comparar 1 (um) atributo entre 2 (dois) seres; ou 2 (dois)
atributos em 1(um) ser.
Vejamos alguns exemplos:
No segundo, tem-se o placar 1 a 1. Como assim? Há o confronto de 1(um) ser e 1(um) atributo.
O grau superlativo se subdivide em superlativo absoluto ou relativo. O absoluto independe do espaço amostral; já o
relativo é tomado dentro de um espaço amostral. Como assim?
Ora, “uma pessoa muito alta” é alta independente do espaço amostral. Portanto, “alta” está flexionada no superlativo
absoluto.
Já “a pessoa mais alta” é alta em relação a um espaço amostral.
Perceba que não necessariamente “o mais alto” é “muito alto”, correto? Imaginemos uma família de baixinhos: quem
mede 1,70 m não é muito alto, mas, dentro dessa família, talvez seja o mais alto.
O mesmo raciocínio utilizado para descrever o grau dos adjetivos pode ser empregado para descrever o grau dos
advérbios.
Analisemos as opções:
Letra A – CERTA – O adjetivo “paciente” está flexionado no superlativo absoluto. Note que não existe uma
comparação, e sim uma relação 1:1 entre o substantivo e o adjetivo.
Letra B – CERTA – O adjetivo “maior” está flexionado no superlativo relativo. Note que não existe uma
comparação entre dois seres – grau comparativo -, e sim menção a um atributo de um ser quando comparado a uma
amostra da população – grau superlativo relativo.
Letra C – CERTA – O adjetivo “apreciado” está flexionado no superlativo absoluto. Note que não existe uma
comparação, e sim uma relação 1:1 entre o substantivo e o adjetivo.
Letra D – CERTA – O adjetivo “menor” está flexionado no superlativo relativo. Note que não existe uma
comparação entre dois seres – grau comparativo -, e sim menção a um atributo de um ser quando comparado a uma
amostra da população – grau superlativo relativo. Já o adjetivo “grande” está no superlativo absoluto. Note a
intensificação do adjetivo com a expressão “pra cachorro”.
Letra E – ERRADA – Não faz sentido falar em grau do adjetivo, simplesmente porque não há adjetivo na frase
analisada. Não confunda a construção “extrema pobreza” com superlativo, ok? Nela, temos o substantivo “pobreza”, e
não um adjetivo. Pegadinha! Cuidado!
Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Letra A – Note que a preposição “de” solicita um pronome. Como verificar isso? Veja a construção: “... fez de
ALGUÉM um artista.”. A presença de ALGUÉM deixa claro que a preposição DE solicita um pronome. Como os
pronomes EU e TU não admitem ser regidos de preposição, deve-se empregar a forma oblíqua tônica MIM.
Letra B – Note que a preposição “entre” solicita um pronome. Como verificar isso? Veja a construção: “...
diferença entre ALGUÉM e minha futura mulher.”. A presença de ALGUÉM deixa claro que a preposição ENTRE solicita
um pronome. Como os pronomes EU e TU não admitem ser regidos de preposição, deve-se empregar a forma oblíqua
tônica MIM.
Letra C – A vírgula depois de “Para mim” deixa evidente o deslocamento deste termo. Pondo a frase em ordem,
temos: Ver filmes antigos é a maior diversão para ALGUÉM. A presença de ALGUÉM deixa claro que a preposição
PARA solicita um pronome. Como os pronomes EU e TU não admitem ser regidos de preposição, deve-se empregar a
forma oblíqua tônica MIM.
Letra D – A preposição ENTRE não está regendo pronome, e sim verbo (... entre FAZER UMA COISA ou FAZER
OUTRA COISA). O termo FAZER UM COISA se refere a VIAJAR; já FAZER OUTRA COISA, a DESCANSAR. Tais verbos
requerem sujeitos, que devem ser representados por pronomes retos. Dessa forma, a correção seria: “Entre eu viajar
ou (eu) descansar, prefiro o descanso.”.
Letra E – Pondo a frase em ordem, temos: Separamo-nos, mas sempre se lembra de ALGUÉM. A presença de
ALGUÉM deixa claro que a preposição DE solicita um pronome. Como os pronomes EU e TU não admitem ser regidos
de preposição, deve-se empregar a forma oblíqua tônica MIM.
Resposta: D
O casamento foi a maneira que a humanidade encontrou de propagar a espécie sem causar falatório na vizinhança. As
tradições matrimoniais se transformaram através dos tempos e variam de cultura para cultura. Em certas sociedades
primitivas o tempo gasto nas preliminares do casamento – corte, namoro, noivado etc. – era abreviado. O macho
escolhia uma fêmea, batia com um tacape na sua cabeça e a arrastava para a sua caverna. Com o passar do tempo este
método foi sendo abandonado, por pressão dos buffets, das lojas de presente e das mulheres, que não admitiam um
período pré-conjugal tão curto. O homem precisava aproximar-se dela, cheirar seus cabelos, grunhir no seu ouvido,
mordiscar a sua orelha e só então, quando ela estivesse distraída, bater com o tacape na sua cabeça e arrastá-la para a
caverna. (fragmento)
VERÍSSIMO, Luís Fernando, Comédias da Vida Privada. Ed. LPm. 1994.
“O macho escolhia uma fêmea, batia com um tacape na sua cabeça e a arrastava para a sua caverna.”
“... mordiscar a sua orelha e só então, quando ela estivesse distraída, bater com o tacape na sua cabeça e arrastá-
la para a caverna.”
Nesses dois segmentos do texto vemos duas formas diferentes do mesmo pronome pessoal; assinale a opção em que a
forma do pronome pessoal empregada está incorreta.
a) Os homens faziam-na entrar na caverna.
RESOLUÇÃO:
Letra A – CERTA – Há a soma da forma verbal “faziam” com o pronome oblíquo “a” – objeto direto do verbo
causativo “fazer” e sujeito acusativo do infinitivo “entrar”. Como a forma verbal termina em ditongo nasal “am”,
acrescenta-se ao pronome “a” a letra “n”, resultando na construção “faziam-na”. Também estaria correta a construção
“Os homens a faziam...”, pois nada obriga o pronome oblíquo a se posicionar antes ou depois do verbo.
Letra B – CERTA – Há a soma da forma verbal “fariam” - flexionada no futuro do pretérito - com o pronome
oblíquo “a” – objeto direto do verbo causativo “fazer” e sujeito acusativo do infinitivo “aceitar”.
Não é possível iniciar frase com pronome oblíquo, o que nos impede de posicionar o pronome antes do verbo
(próclise). Também não é possível posicionar o pronome oblíquo depois de verbo (ênclise) no futuro. Resta-nos,
portanto, o emprego da mesóclise, que se dá da seguinte forma:
“fariam + A” = “far + A + iam ” = “fá - LA – iam”
Letra C – CERTA – Há a soma da forma verbal “fazia” com o pronome oblíquo “a” – objeto direto do verbo
causativo “fazer” e sujeito acusativo do infinitivo “aceitar”.
Letra D – CERTA – Note que o sujeito da forma verbal “faças” está oculto e corresponde ao pronome “tu”. O fato
de o referente ser uma 2ª pessoa torna necessário o emprego do oblíquo átono de 2ª pessoa “te”. Além disso,
empregou o pronome oblíquo “a” - – objeto direto do verbo causativo “fazer” e sujeito acusativo do infinitivo “aceitar”.
Letra E – ERRADA – Está errado o emprego da forma pronominal LA. Essa forma só faz sentido empregar,
quando a verbos de terminação R, S ou Z se somam pronomes O, OS, A, AS, o que não é o caso.
O correto seria: Faça-a cumprir o prometido antes do casamento.
Resposta: E
A frase em que a substituição de um termo anterior pelo pronome pessoal oblíquo sublinhado é feita de
forma inadequada é:
a) “O desejo de conquista é cousa realmente muito natural e comum; e, sempre que os homens conseguem satisfazê-
lo, são louvados.”
b) “Existem dois objetivos na vida: o primeiro, o de obter o que desejamos; o segundo, o de desfrutá-lo.”
e) “A virtude é como o percevejo, Para que exale seu odor é preciso esmagá-lo.”
RESOLUÇÃO:
Letra A – CERTA – Ocorreu a soma da forma verbal “satisfazer” com o pronome oblíquo “o” – objeto direto do
verbo “satisfazer” (quem satisfaz, satisfaz ALGUÉM/ALGO). Como a forma verbal termina em R, a forma resultante será
“satisfazê-lo”.
Letra B – CERTA – Ocorreu a soma da forma verbal “desfrutar” com o pronome oblíquo “o” – objeto direto do
verbo “desfrutar” (quem desfruta, desfruta ALGO). Como a forma verbal termina em R, a forma resultante será
“desfrutá-lo”.
Letra C – ERRADA – Muito cruel! Ocorreu a soma da forma verbal “ter feito” com o pronome oblíquo “o” – objeto
direto do verbo “fazer” (quem faz, faz ALGO). Não se pode posicionar o oblíquo átono após verbo no particípio, o que
nos obriga a posicionar antes do auxiliar ou entre o auxiliar e o principal.
Escolhendo a segunda opção, como a forma verbal TER termina em R, ao somar o oblíquo O, a forma resultante será
“tê-lo”.
O erro, no entanto, consiste em empregar o oblíquo O para substituir A MORAL. Deveríamos ter empregado o oblíquo
A, resultando na construção “tê-la”.
Lembremo-nos da diferença entre O MORAL e A MORAL. O primeiro se refere a ânimo; a segunda, à conduta regida
pelos bons costumes da sociedade.
Letra D – CERTA – Ocorreu a soma da forma verbal “dividir” com o pronome oblíquo “o” – objeto direto do verbo
“dividir” (quem divide, divide ALGO). Como a forma verbal termina em R, a forma resultante será “dividi-lo”.
Letra E – CERTA – Ocorreu a soma da forma verbal “esmagar” com o pronome oblíquo “o” – objeto direto do
verbo “esmagar” (quem esmaga, esmaga ALGO). Como a forma verbal termina em R, a forma resultante será “esmagá-
lo”.
Resposta: C
Assinale a frase em que a substituição de um termo anterior por um pronome pessoal oblíquo é feita de forma
graficamente inadequada:
a) ”Conheceríamos muito melhor muitas coisas se não quiséssemos identificá-las com tanta precisão.”
c) “Se eu conhecesse alguma coisa que fosse útil à minha pátria, mas prejudicial à Europa, ou que fosse útil à Europa,
mas prejudicial ao gênero humano, considerá-la-ia um crime.”
d) “Dou liberdade às minhas mãos errantes e deixo-las andar.”
RESOLUÇÃO:
Letra A – CERTA – Há a soma da forma verbal “identificar” com o pronome oblíquo “as” – que substitui “muitas
coisas”, objeto direto do verbo “identificar”. Como a forma verbal termina em R, a forma resultante é “identificá-las”.
Letra B – CERTA – Há a soma da forma verbal “defender” com o pronome oblíquo “a” – que substitui “bandeira”,
objeto direto do verbo “defender”. Como a forma verbal termina em R, a forma resultante é “defende-la”
Letra C – CERTA - Não é possível empregar pronome oblíquo após vírgula, o que nos impede de posicionar o
pronome antes do verbo (próclise). Também não é possível posicionar o pronome oblíquo depois de verbo (ênclise) no
futuro. Resta-nos, portanto, o emprego da mesóclise, que se dá da seguinte forma:
“considerariam + A” = “considerar + A + iam ” = “considerá - LA – iam”
Letra D – ERRADA – Está errado o emprego da forma pronominal LAS. Essa forma só faz sentido empregar,
quando a verbos de terminação R, S ou Z se somam pronomes O, OS, A, AS, o que não é o caso.
O correto seria: “Dou liberdade às minhas mãos errantes e deixo-as (ou “as deixo”) andar.”
Letra E – CERTA – Há a soma das formas verbais “desarraigar” e “refrear” com o pronome oblíquo “os” – que
substitui “vícios”, objeto direto das duas formas verbais citadas. Como estas terminam em R, as formas resultantes
serão “desarraigá-los” e “refreá-los”.
Resposta: D
a) “Se a dor de cabeça nos chegasse antes da embriaguez, guardar-nos-íamos de beber demais.”
d) “Tem ideia de quanto mal nos fazemos por essa maldita necessidade de falar?”
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – O verbo “chegar”, empregado no sentido de “alcançar”, solicitará um objeto indireto (...
chegar a ALGO ou a ALGUÉM). Esse complemento indireto está representado na frase pelo pronome oblíquo átono
“nos”, que pode ser substituído pela forma oblíqua tônica “a nós”.
“Se a dor de cabeça nos chegasse antes da embriaguez...”
Letra B – ERRADA – O verbo “assustar” solicitará um objeto direto (quem assusta, assusta ALGUÉM). Esse
complemento direto está representado na frase pelo pronome oblíquo átono “nos”.
Letra C – CERTA – O verbo “estragar” solicitará um objeto direto (quem estraga, estraga ALGO/ALGUÉM). Esse
complemento direto está representado na frase pela expressão “a saúde”. O pronome “nos” assume valor possessivo e
isso pode ser evidenciado por meio da seguinte reescrita:
“Ter nascido nos estraga a saúde.”
Letra D – ERRADA – O verbo “fazer” solicitará um objeto direto (... fazer ALGO) Esse complemento direto está
representado na frase por “mal”. O nome “mal”, por sua vez, solicitará um complemento nominal (... mal A ALGUÉM).
Esse complemento nominal está representado na frase pelo oblíquo “nos”, que pode ser substituído pela forma oblíqua
tônica “a nós”.
“Tem ideia de quanto mal nos fazemos por essa maldita necessidade de falar?”
= “Tem ideia de quanto mal fazemos a nós por essa maldita necessidade de falar?”
Letra E – ERRADA – O verbo “deixar” solicitará um objeto direto (quem deixa, deixa ALGO/ALGUÉM). Esse
complemento direto está representado na frase pelo pronome oblíquo “nos”.
Resposta: C
TEXTO -
Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma
legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de
comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da
imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros
recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos
usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-
história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e
escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser
desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor
um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em
caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais
expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
O segmento do texto em que o emprego da preposição EM indica valor semântico diferente dos demais é:
RESOLUÇÃO:
Resposta: D
Há cerca de 15 anos, um grupo de pesquisadores do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.)
preparava um estudo sobre indicadores de sustentabilidade da cidade de Belém e precisava saber quantos metros
quadrados de praças e áreas verdes havia em cada bairro da região metropolitana. Durante três meses, os
pesquisadores buscaram o dado junto a órgãos públicos. Protocolo para cá, ofício para lá, o máximo que conseguiram
foi uma estimativa de que existiam “umas cem praças”. Beto Veríssimo, líder de estudo, reuniu a equipe e propôs;
vamos medir nós mesmos. Armados de GPS, trena e suor, em dois meses mapearam quase duas mil praças e áreas
verdes na capital paraense.
Lembrei-me desse episódio ao participar do debate recente sobre os dados de cobertura e uso da terra no Brasil.
Em artigo recente no “Valor Econômico”, o autor conclui, após, segundo ele, cruzar várias fontes de dados, que entre
1990 e 2016 a área ocupada pela atividade agropecuária no Brasil teria sido reduzida em 4,2 milhões de hectares, a
despeito de 38 milhões de hectares terem sido desmatados no mesmo período. Afirma que a regeneração da mata
nativa teria alcançado 50 milhões de hectares no período e que, portanto, para cada hectare desmatado, 1,3 hectare
era recuperado. A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários
ganhos de produtividade.
O incauto, ao ler tal informação, poderia concluir que a área das matas brasileiras teria aumentado nas últimas décadas,
e a agropecuária reduzido a área ocupada. Portanto, a expansão da agropecuária não teria causado desmatamento e
degradação. Ou seja, tudo ótimo, nada a mudar, basta seguirmos no rumo em que estamos.
Nestas horas, é importante voltar às fontes de dados primários sólidas e abrangentes no tempo e no espaço.
Existem atualmente três iniciativas de mapeamento de cobertura e uso da terra no Brasil. [...] Ainda que todos possam
ser melhorados e, embora tenham diferenças de abordagem metodológica, legenda e resolução, os dados gerados por
esses três projetos indicam de forma inequívoca:
• o Brasil perdeu cobertura florestal e vegetação nativa durante todos os períodos analisados;
• houve regeneração em larga escala no Brasil, mas ela ainda representa menos de um terço das áreas desmatadas;
Esta é a realidade nua e crua dos dados primários. Eles, decerto, estão sujeitos a muitas análises e interpretações. Estas
só não podem ir de encontro aos fatos.
Tasso Azevedo, O GLOBO, 28/02/2018.
Assinale a opção em que as duas preposições destacadas não possuem o mesmo valor semântico.
a) “um estudo sobre indicadores de sustentatibilidade” / “... debate recente sobre os dados de cobertura e uso da terra
no Brasil”.
b) “cresceu em todos os períodos analisados” / “... em dois meses eles mapearam quase duas mil praças”.
c) “Durante três meses...” / “florestal e vegetação nativa durante todos os períodos analisados”.
e) “Armados de GPS, trena e suor” / “após, segundo ele, cruzar várias fontes de dados”.
RESOLUÇÃO:
Letra A – A preposição “sobre” nos dois trechos introduz uma ideia relacionada a assunto.
Letra B – A preposição “em” nos dois trechos introduz uma ideia relacionada a tempo.
Letra C – A preposição “durante” nos dois trechos introduz uma ideia relacionada a tempo.
Letra D – A preposição “para” nos dois trechos introduz uma ideia relacionada a posição, localização.
Letra E – A preposição “de”, em “Armados de GPS”, introduz uma ideia de instrumento. Já a preposição “de”, em
“fontes de dados” introduz uma ideia de tipo.
Resposta: E
O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais ratificadas pelos países, busca
garantir aos cidadãos o acesso pleno aos direitos conquistados. Há, no entanto, inúmeras situações em que o Estado
coloca a população em risco, estabelecendo políticas públicas autoritárias, investindo poucos recursos nos serviços
públicos essenciais e envolvendo civis em conflitos armados, por exemplo.
Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para a vida das pessoas nesses
casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos sem Fronteiras. Por meio de acordos internacionais,
essas instituições conseguem atuar em regiões de conflito onde há perigo para a população.
Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em uma guerra civil nigeriana,
no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu criar uma organização que pudesse oferecer
atendimento médico a toda população envolvida em conflitos e guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma
posição política favorável ou contrária aos lados envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões
remotas e/ou sob forte bombardeio para atender os que estão feridos e sob risco de vida.
Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes envolvidas no conflito
respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização informa a localização de suas bases e o tipo de
atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter
humanitário da ação dos profissionais da organização.
A opção em que a nominalização do segmento sublinhado está INCORRETA é:
a) “busca garantir aos cidadãos o acesso pleno” / busca a garantia aos cidadãos do acesso pleno”;
RESOLUÇÃO:
Nominalizar consiste em transformar uma estrutura verbal em nominal, trocando a primeira por geralmente um
substantivo de mesmo radical.
Na letra E, “proporção” está relacionada à divisão, proporcionalidade. A forma verbal “proporcionar” é normalizada
como “proporcionamento”, e não “proporção”.
Resposta: E
Observação
Vivemos tão apressados que estamos perdendo a habilidade de observar detalhadamente o que nos cerca. Por outro
lado, somos tão bombardeados por imagens e por estímulos visuais que, para nos proteger do excesso, aprendemos a
não perceber o que está em volta, aprendemos a nos proteger. Por isso, a propaganda fica cada vez mais agressiva. Os
produtos precisam, a qualquer custo, chamar a atenção do possível comprador, até que sejamos capazes de “ver sem
olhar”. Ou seja, mesmo sem estarmos interessados, não podemos escapar de perceber uma imagem de propaganda.
Isso nos tem levado à autoproteção ou a uma atitude passiva, já que não é preciso fazer nenhum esforço, pois a
propaganda e as imagens se encarregam de nos invadir.
Entretanto, para apreciar a arte e saber ler imagens, uma primeira habilidade que precisamos renovar, estimular e
desenvolver é a observação. Ela deve deixar de ser passiva para tornar-se ativa, voluntária: observo o que quero, porque
quero, como quero, da forma que quero, quando quero observar.
Se pedirmos a um amigo que descreva alguém, ele pode dizer genericamente: alto, magro, de meia-idade: ou então ser
bem específico: tem aproximadamente 1 metro e oitenta, é magro, está vestido com uma calça azul, camisa branca,
tênis, jaqueta de couro marrom, tem cabelos escuros, encaracolados, curtos, olhos azuis, usa costeletas, tem um sinal
escuro do lado direito do rosto e cerca de 40 anos.
Essa segunda descrição é mais detalhada e demonstra mais observação. Naturalmente, se eu estiver procurando tal
pessoa, a partir dessa descrição detalhada, posso encontrá-la com mais facilidade.
OLIVEIRA, J. e GARCEZ, L. Explicando a Arte. Ed. Nova Fronteira. 2001.
“Essa segunda descrição é mais detalhada e demonstra mais observação. Naturalmente, se eu estiver procurando tal
pessoa, a partir dessa descrição detalhada, posso encontrá-la com mais facilidade.”
Nesse parágrafo do texto há três ocorrências do vocábulo mais. Sobre essas ocorrências, assinale a afirmativa correta.
RESOLUÇÃO:
O vocábulo “mais”, em “mais detalhada”, está modificando o adjetivo “detalhada”. Trata-se de um advérbio e expressa
a ideia de intensidade.
Já o “mais”, nas duas outras observações, modifica os substantivos “observação” e “facilidade”, expressando a ideia de
quantidade. Trata-se de pronome indefinido.
Resposta: C
Um dos recursos expressivos na escrita consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que elas pertencem. Das
frases abaixo, a única em que isso não ocorre é:
a) “A morte produz o agradável: as viúvas.”
RESOLUÇÃO:
Letra A – A palavra “agradável”, que originalmente é um adjetivo, está empregada no texto como substantivo, o
que configura um caso de derivação imprópria.
Letra B – A palavra “cantar”, que originalmente é um verbo, está empregada no texto como substantivo, o que
configura um caso de derivação imprópria.
Letra C – A palavra “lentamente”, que originalmente é um advérbio, está empregada no texto como substantivo,
o que configura um caso de derivação imprópria.
Letra D – A palavra “celeste”, que originalmente é um adjetivo, está empregada como tal, modificando o
substantivo “raio”. O mesmo ocorre com “tirânico”, adjetivo modificador do substantivo “cetro”. Não houve, portanto,
mudança na classe original de palavra.
Letra E – A palavra “passar”, que originalmente é um verbo, está empregada no texto como substantivo, o que
configura um caso de derivação imprópria.
Resposta: D
“A sociedade é que produz cultura. O Estado não pode produzir cultura, nem substituir a sociedade nessa tarefa.
Mas ao Estadocabe o papel de animador, de difusor e promotor da democratização dos bens culturais”.
(Celso Furtado)
RESOLUÇÃO:
Letra A – CERTA – O pronome “a” substitui corretamente o objeto direto “cultura” – complemento da forma
verbal “produz”. Além disso, está correta a colocação do pronome, uma vez que este é atraído pelo fator de próclise
“que”.
Letra B – CERTA – O pronome “a” substitui corretamente o objeto direto “cultura” – complemento da forma
verbal “pode produzir”. Além disso, está correta a colocação do pronome, uma vez que este é atraído pelo fator de
próclise “não”.
Letra C – CERTA – O pronome “a” substitui corretamente o objeto direto “a sociedade” – complemento da forma
verbal “substituir”. Como o verbo está na forma infinitiva não flexionada antecedida de fator de próclise, é opcional o
emprego desta ou da ênclise. Optando-se pela ênclise, como a forma verbal termina em R, este é retirado e forma “a”
se transforma em “la”, resultando na forma “substituí-la”.
Letra D – CERTA – O pronome “lhe” substitui corretamente o objeto indireto “ao Estado” – complemento da
forma verbal “cabe” .
Letra E – ERRADA – O termo “o papel de animador” é sujeito da forma verbal “cabe”. Portanto, é errada a sua
substituição por uma forma oblíqua, uma vez que esta substitui complementos.
Resposta: E
Duas palavras que NÃO pertencem à mesma família por não possuírem o mesmo radical são:
a) hemácia/anemia;
b) decapitar/capital;
c) cátedra/catedral;
d) animismo/desanimado;
e) depredar/pedra.
RESOLUÇÃO:
Questão dificílima! Complicadíssima de resolver sem ter em mãos um bom dicionário que nos esclareça a origem
etimológica das palavras.
Uma tentativa, ainda que insuficiente no meu entender, é identificar alguma interseção de significado entre as palavras,
de modo que se consiga identificar, com mais clareza, sua raiz.
Letra A – ERRADA – Tanto a palavra “hemácia” como “anemia” têm como interseção o radical grego “hema”
(relativo a sangue).
Letra B – ERRADA – Tanto a palavra “decapitar” como “capital” têm como interseção o radical latino “capiti”
(relativo a cabeça).
Letra C – ERRADA – Tanto a palavra “cátedra” como “catedral” têm como interseção o radical grego “káthedra”
(relativo a local de assento).
Letra D – ERRADA – Tanto a palavra “animismo” como “desanimado” têm como interseção o radical latino
“anima” (relativo a alma).
Letra E – CERTA – A palavra “depredar” se forma a partir do radical latino “depraedare” (relativo a destruir). Já
“pedra” se forma a partir do radical latino “petra”.
Reafirmo que se trata de uma questão muito complexa. Qualquer tentativa de buscar a resposta, que não seja pelo
conhecimento do radical grego ou latino de origem, apresenta limitações claras.
Resposta: E
a) pré-história;
b) inconstitucional;
c) perigosíssimo;
d) embarque;
e) desalmado.
RESOLUÇÃO:
É importante montar a “escadinha de formação”, para se identificar passo a passo qual o processo de formação.
Exemplo:
De “Brasil” partimos para “brasileiro”, acrescentando o sufixo “eiro”. Trata-se de um processo de derivação sufixal.
Letra B – ERRADA – A palavra “inconstitucional” é formada por derivação prefixal (vem de “constitucional”).
Letra C – ERRADA – A palavra “perigosíssimo” é formada por derivação sufixal (vem de “perigoso”).
Letra D – ERRADA – A palavra “embarque” é formada por derivação regressiva ou deverbal. Trata-se de
substantivo abstrato derivado da ação “embarcar”.
Letra E – CERTA – A palavra “desalmado” é formada por derivação parassintética (vem de “alma”). Note que
foram acrescentados concomitantemente (simultaneamente) o prefixo “des” e o sufixo “ado” à palavra “alma”.
Resposta: E
Nas opções abaixo, há uma série de galicismos, ou seja, palavras de origem francesa; a forma correspondente dos
galicismos abaixo que está INCORRETAMENTE indicada é:
a) mayonnaise/maionese;
b) corbeille/corbelha;
c) champagne/champanha;
d) maillot/maiô;
e) chauffeur/chaufer.
RESOLUÇÃO:
Questão dificílima! Complicadíssima de resolver sem ter em mãos um bom dicionário que nos esclareça a origem
etimológica das palavras.
Paciência! Como exposto no enunciado da própria questão, os galicismos correspondem a palavras cuja pronúncia ou
grafia foi tomada emprestada do francês.
Listemos os principais galicismos em língua portuguesa: Abajur ("abat-jour"); Baton ("baton"); Bibelô ("bibelot"); Boate
("boîte"); Brevê ("brevet"); Bufê ("buffet"); Buquê ("bouquet"); Cabaré ("cabaret"); Cachê ("cachet"); Carnê ("carnet");
Champanha ("champagne"); Chassi ("chassis"); Chique ("chic"); Chofer ("chauffeur"); Conhaque ("congnac"); Corbelha
("corbeille"); Creiom ("crayon"); Crepom ("crépon"); Crochê ("crochet"); Croqui ("croquis"); Dossiê ("dossier"); Edredom
("édredon"); Escroque ("escroc"); Filé ("filet"); Gafe ("gaffe"); Garçom ("garçon"); Maiô ("maillot"); Maionese
("mayonnaise"); Pivô ("pivot"); Toalete ("toilette")
Resposta: E
Em todas as frases abaixo há estrangeirismos; indique o item em que se afirma corretamente algo sobre o
estrangeirismo sublinhado:
a) “O currículo foi entregue à secretária do colégio” / adaptação gráfica da forma latina curriculum;
b) “O álibi apresentado ao juiz foi o suficiente para inocentar o acusado” / utilização da forma latina original;
c) “O xampu era vendido pela metade do preço” / tradução da forma inglesa shampoo;
d) “As aulas de marketing eram as mais interessantes” / adequação gráfica de palavra inglesa;
e) “Os encontros dos adolescentes eram sempre no mesmo point da praia”/ tradução de palavra portuguesa.
RESOLUÇÃO:
Mais uma questão que cobra do candidato conhecimento bastante específico de formação de palavras. É muito
complicado, sem uma referência de um bom dicionário que explicite a origem etimológica dos termos, atestar com
segurança de qual radical – grego, latino, etc – se origina a palavra.
Letra A – CERTA - De fato, a palavra “currículo” é a adaptação para o português da forma latina “curriculum”,
até hoje empregada na expressão “curriculum vitae”, o famoso “CV”.
Letra B – ERRADA – A palavra “álibi” é uma adaptação (não uma reprodução literal) da forma latina “alibi” –
grafada sem acento.
Letra C – ERRADA – Não se trata propriamente de uma tradução, mas de um anglicismo, que consiste em
palavras cuja pronúncia ou grafia foi tomada emprestada do inglês.
Outros exemplos de anglicismos: blecaute (“black out”); basquetebol (basketball); voleibol (volley-ball); tênis (tennis);
etc.
Letra D – ERRADA – Não se trata de uma adaptação, mas sim da reprodução literal da palavra de origem inglesa.
Trata-se de um estrangeirismo.
Letra E – ERRADA – Não se trata de uma tradução, mas sim da reprodução literal da palavra de origem inglesa.
Resposta: A
Texto 2
“Imagine reunir um grupo diverso de pessoas toda quinta-feira, durante dez anos, para estudar e treinar visões sobre o
trabalho do ator e da arte. Imagine que a pessoa que conduz essa iniciativa o faz por crença no ofício, dedicação de
uma vida inteira, com apoios eventuais, mas sem nenhum ressentimento. Para aqueles que miram na arte uma forma
de estar na vida, a diretora Celina Sodré é um exemplo a ser mirado. Para outros que olham com desdém a profissão de
artista de teatro, é uma possibilidade de mudar de ponto de vista”.
(O Globo, 11/04/2017)
No texto 2 há um conjunto de verbos no infinitivo; se substituirmos essas formas verbais por substantivos
correspondentes, a única frase INCORRETA será:
a) “Imagine reunir um grupo” / imagine a reunião de um grupo;
RESOLUÇÃO:
Na humilde opinião deste reles mortal, acredito que a banca FGV tenha “forçado a barra” com esse gabarito.
Nas alternativas A, B e C, não há problema. O verbo “reunir” tem como substantivo correspondente “reunião”;
“estudar” tem como correspondente “estudo”; já “treinar”, “treino”.
Na alternativa D, a palavra “estada” deriva sufixalmente de “estar”, indicando permanência, duração.
Versões mais antigas de dicionário fazem uma distinção entre “estada” e “estadia”. A primeira faria menção à
permanência de uma pessoa em um lugar; já a segunda, à permanência de um navio num porto, um avião num hangar,
um automóvel numa garagem; etc.
Hoje, no entanto, já se admite o emprego dessas palavras como sinônimas, associadas à ideia de duração,
permanência.
O gabarito oficial assinalou letra E, julgando errado associar o substantivo “mutação” ao verbo “mudar”. Sinceramente,
achei uma “forçação de barra” por parte da banca. Ora, qualquer dicionário associará “mutação” ao sinônimo
“mudança”. Assim, os substantivos correspondentes a “mudar” poderiam ser “mudança” ou “mutação”.
Enfim, como diriam os franceses, “est la vie”. Rs.
Resposta: E
A palavra abaixo, retirada do texto, que apresenta um processo de formação distinto dos demais é:
a) chineses;
b) recentemente;
c) milenar;
d) desagregadores;
e) imediatismo.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – A palavra “chineses” é formada por derivação sufixal a partir do substantivo “China”.
Letra B – ERRADA – A palavra “recentemente” é formada por derivação sufixal a partir do adjetivo “recente”.
Letra C – ERRADA – A palavra “milenar” é formada por derivação sufixal a partir do substantivo “milênio”.
Letra D – CERTA – A palavra “desagregadores” é formada por derivação prefixal e sufixal a partir do verbo
“agregar”. Note que existe a forma somente com prefixo “desagregar” e também a forma somente com sufixo
“agregadores”.
Letra E – ERRADA – A palavra “imediatismo” é formada por derivação sufixal a partir do adjetivo “imediato”.
Resposta: D
TEXTO.
Temos uma notícia triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os
sentimentos. Puxa, para que serve ele, afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é superimportante. “É um
órgão vital. É dele a função de bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim,
cardiologista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com
essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e
aumentando de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está
apaixonada. O corpo libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial”.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
Assinale a opção em que o substantivo ligado ao verbo do texto está erradamente selecionado.
a) Moram / morada
b) Bombear / bombeamento
c) Recebe / recepção
d) Contrai / contrato
e) Relaxa / relaxamento
RESOLUÇÃO:
Observe o trecho: “Com essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as artérias. Para isso contrai e
relaxa, diminuindo e aumentando de tamanho.”.
O substantivo associado à flexão verbal “contrai” é “contração”, que significa “ação de contrair”.
Resposta: D
Alguns locais são impróprios para a construção de moradias. Os morros são um exemplo, porque a inclinação do
terreno dificulta a construção das casas e pode colocar em risco a vida dos moradores. Quando chove muito, a água
pode fazer com que a terra deslize sobre o terreno inclinado. E, se a terra desliza, são carregadas com ela as casas
construídas nos morros.
Casas construídas em áreas próximas de córregos e rios também estão sujeitas a alagamentos quando há muita chuva
em um período curto de tempo. Além disso, por conta dos esgotos que muitas vezes são jogados nos rios, as pessoas
que vivem nesses locais ficam sujeitas a contrair doenças.
(Ricardo Dreguer)
Os dois vocábulos abaixo que mostram processo de formação exatamente idêntico são:
a) demonstração / coração
b) construção / inclinação
c) digitação / discrição
d) perturbação / equitação
e) cassação / ficção
RESOLUÇÃO:
Nesse tipo de questão, é importante descrever todo o processo de formação. É importante explicitar não só o processo
envolvido, como qual é a palavra primitiva e qual é a palavra derivada.
Letra A – ERRADA – A palavra “demonstração” é um substantivo formado por derivação sufixal a partir do verbo
“demonstrar”. Já a palavra “coração” é primitiva.
Letra B – CERTA – A palavra “construção” é um substantivo formado por derivação sufixal a partir do verbo
“construir”. Da mesma forma, a palavra “inclinação” é um substantivo formado por derivação sufixal a partir do verbo
“inclinar”.
Letra C – ERRADA – A palavra “digitação” é um substantivo formado por derivação sufixal a partir do verbo
“digitar”. Já a palavra “discrição” é um substantivo formado por derivação sufixal a partir do adjetivo “discreto”. Trata-
se, dessa forma, de processos de formação distintos, pois “digitação” tem sua origem num verbo, ao passo que
“discrição” tem sua origem num adjetivo.
Letra D – ERRADA – A palavra “perturbação” é um substantivo formado por derivação sufixal a partir do verbo
“perturbar”. Já a palavra “equitação” é primitiva.
Letra E – ERRADA – A palavra “cassação” é um substantivo formado por derivação sufixal a partir do verbo
“cassar”. Já a palavra “ficção” é primitiva.
Resposta: B
“Estácio gostava de lhe ver o airoso do busto e a firme serenidade com que ela conduzia o animal”.
Nesse segmento de um romance machadiano, o autor realiza o que se chama uma substantivação de um adjetivo; o
mesmo acontece no seguinte trecho abaixo:
a) “O silêncio não era completo; ouvia-se o rodar de carros que passavam fora”.
b) “O proceder de Luís Alves, sóbrio, direto, resoluto, sem desfalecimentos, sem demasias ociosas, fazia perceber à
moça que ele nascera para vencer”.
c) “Apertei-lhes a mão e saí, a rir comigo da superstição das duas mulheres, um rir filosófico, desinteressado, superior”.
d) “ Mas aqui estão os retratos de ambos, sem que o encardido do tempo lhes tirasse a primeira expressão”.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – A palavra “rodar” originalmente é um verbo. Ao se determiná-la com um artigo, ela se torna
substantivo. Portanto, ocorreu substantivação não de um adjetivo, mas de um verbo.
Letra B – ERRADA – A palavra “proceder” originalmente é um verbo. Ao se determiná-la com um artigo, ela se
torna substantivo. Portanto, ocorreu substantivação não de um adjetivo, mas de um verbo.
Letra C – ERRADA – A palavra “rir” originalmente é um verbo. Ao se determiná-la com o artigo indefinido “um”
(um rir filosófico), ela se torna substantivo. Portanto, ocorreu substantivação não de um adjetivo, mas de um verbo.
Letra D – CERTA – A palavra “encardido” originalmente é um adjetivo. Ao se determiná-la com um artigo, ela se
torna substantivo. Portanto, ocorreu substantivação de um adjetivo.
Letra E – ERRADA – As palavras “escrever” e “amar” originalmente são verbos. Ao se determiná-las com o artigo
indefinido “o” (“regras do escrever” e “as do amar”), ela se torna substantivo. Portanto, ocorreu substantivação não de
um adjetivo, mas de verbos.
Resposta: D
Rosely Sayão
Os meios de comunicação, devidamente apoiados por informações científicas, dizem que alimentação é uma questão
de saúde. Programas de TV ensinam a comer bem para manter o corpo magro e saudável, livros oferecem cardápios de
populações com alto índice de longevidade, alimentos ganham adjetivos como “funcionais”. Temos dietas para
cardíacos, para hipertensos, para gestantes, para obesos, para idosos.
Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se encontrar, trocar ideias, saber
uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente
sobre as refeições, 69% dos entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam.
[....]
O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com regularidade e de modo informal.
E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus afetos pelos filhos de modo mais natural. (adaptado)
A palavra abaixo, retirada do texto, que mostra processo de formação diferente dos demais é:
a) comunicação;
b) devidamente;
c) saudável;
d) hipertensos;
e) científicas.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – A palavra “comunicação” deriva de “comunicar”. A esta se soma o sufixo “ção”, o que
configura um caso de derivação sufixal.
Letra B – ERRADA – A palavra “devidamente” deriva de “devido”. A esta se soma o sufixo “mente”, o que
configura um caso de derivação sufixal.
Letra C – ERRADA – A palavra “saudável” deriva de “saúde”. A esta se soma o sufixo “vel”, o que configura um
caso de derivação sufixal.
Letra D – CERTA – A palavra “hipertensos” deriva de “tensos”. A esta se soma o prefixo “hiper”, o que configura
um caso de derivação prefixal.
Letra E – ERRADA – A palavra “científicas” deriva de “ciência”. A esta se soma o sufixo “fico”, o que configura
um caso de derivação sufixal.
Resposta: D
Cidadãos e opiniões são substantivos formados com o sufixo -ão, que fazem seus plurais, exata e respectivamente,
como:
a) escrivão / vulcão;
b) cristão / ademão;
c) anão / corrimão;
d) chorão / ancião;
e) cartão / aldeão.
RESOLUÇÃO:
Muitos vocábulos com o sufixo - ão apresentam mais de uma forma de plural; entre os pares abaixo, aquele que
apresenta uma forma ERRADA é:
a) escrivãos/escrivães;
b) aldeões/aldeães;
c) anciões/anciãos;
d) anões/anãos;
e) corrimãos/corrimões.
RESOLUÇÃO:
Letra B – CERTA – A palavra “aldeão” possui três formas de plural: “aldeãos”, “aldeões” ou “aldeães”.
Letra C – CERTA – A palavra “ancião” possui três formas de plural: “anciãos”, “anciões” ou “anciães”.
Letra D – CERTA – A palavra “anão” possui duas formas de plural: “anãos” ou “anões”, decoreba puro,
infelizmente.
Letra E – CERTA – A palavra “corrimão” possui duas formas de plural: “corrimões” e “corrimãos”
Resposta: A
Segundo nossas gramáticas, a classe dos adjetivos expressa semanticamente: características, qualidades, estados e
relações. O adjetivo abaixo que expressa uma característica é:
a) referências cristãs;
b) vida cotidiana;
c) opções estéticas;
d) vasto público;
e) elementos fundamentais.
RESOLUÇÃO:
Ele assim denomina os adjetivos derivados de substantivos. Eles não estabelecem sentidos de qualidade, mas sim
estabelecem com o substantivo que modificam uma relação de matéria, assunto, finalidade, etc. Daí o nome “adjetivo
de relação”.
Além de serem derivados de substantivos, tais adjetivos não admitem graus de intensidade. São objetivos.
Como assim, professor? Tomemos como exemplo “clima frio”. Note ser possível estabelecer graus de intensidade para
o adjetivo “frio”: “clima muito frio”. “clima bastante frio”, “clima mais ou menos frio”, etc.
Agora tomemos como exemplo “tarifa mensal”. Não é possível agora estabelecer graus de intensidade para o adjetivo
“mensal”: “tarifa muito mensal”, “tarifa bastante mensal”, “tarifa mais ou menos mensal”, etc. Não faz sentido, certo?
O adjetivo “mensal” não é, portanto, uma qualidade, mas sim um tipo.
Outra característica do adjetivo de relação é o fato de este geralmente aparecer posposto ao substantivo: “tarifa
mensal” ou “mensal tarifa”? Não faz sentido posicioná-lo anteposto ao substantivo, correto?
Analisemos as opções:
Letra A – ERRADA – Note que o adjetivo “cristã” deriva do substantivo “Cristo”. Além disso, não admite graus de
intensidade: não faz sentido “referências muito cristãs”, “referências pouco cristãs”, etc. Trata-se, dessa forma, de um
adjetivo de relação. Não expressa uma característica, e sim estabelece com o substantivo uma relação de tipo.
Letra B – ERRADA – Note que o adjetivo “cotidiana” deriva do substantivo “cotidiano” (vida do cotidiano). Além
disso, não admite graus de intensidade: não faz sentido “vida muito cotidiana”, “vida pouco cotidiana”, etc. Trata-se,
dessa forma, de um adjetivo de relação. Não expressa uma característica, e sim estabelece com o substantivo uma
relação de tipo.
Letra C – ERRADA – Note que o adjetivo “estéticas” deriva do substantivo “estética”. Além disso, não admite
graus de intensidade: não faz sentido “opções muito estéticas”, “opções pouco estéticas”, etc. Trata-se, dessa forma,
de um adjetivo de relação. Não expressa uma característica, e sim estabelece com o substantivo uma relação de tipo.
No contexto, note que o adjetivo “estéticas” tem valor objetivo (opções relacionadas à estética), e não subjetivo.
Letra D – CERTA – Note que o adjetivo “vasto” não deriva de substantivo. Na verdade, é o substantivo “vastidão”
que deriva do adjetivo “vasto”. Além disso, e possível atribuir graus de intensidade a esse adjetivo: “público muito
vasto”, “público pouco vasto”, etc. Trata-se, dessa forma, de um adjetivo de característica, apresentando valor
subjetivo.
Letra E – ERRADA - Note que o adjetivo “fundamentais” deriva do substantivo “fundamento”. Além disso, não
admite graus de intensidade: não faz sentido “elementos muito fundamentais”, “elementos pouco fundamentais”, etc.
Trata-se, dessa forma, de um adjetivo de relação. Não expressa uma característica, e sim estabelece com o substantivo
uma relação de tipo. No contexto, note que o adjetivo “fundamentais” tem valor objetivo (elementos relacionados ao
fundamento), e não subjetivo.
Resposta: D
Texto 4
“Desde o início da vida no planeta Terra, muitas são as espécies animais que foram extintas por vários motivos.
Atualmente, quando se mencionam ‘espécies em extinção’, afloram as várias atividades humanas que as provocaram,
ou estão provocando.
Dentre essas ações, as principais talvez sejam:
i) a caça predatória de animais de grande porte e de alguns animais menores; todos esses animais, de uma forma ou de
outra, rendem expressivos lucros;
ii) a descuidada aplicação dos chamados ‘defensivos agrícolas’ ou agrotóxicos, desestabilizando completamente o
ecossistema;
iii) as grandes tragédias provocadas também pela incúria humana como os incêndios florestais e derramamento de
petróleo cru nos mares;
iv) o desmatamento de grandes áreas, fator de cruel desalojamento dos habitats de incontáveis espécies animais”.
(Eurípedes Kuhl)
O par abaixo que muda de sentido se for invertida a posição de seus dois elementos é:
a) vários motivos;
b) grande porte;
c) animais menores;
d) grandes áreas;
e) cruel desalojamento.
RESOLUÇÃO:
Analisemos as opções:
Letra A – CERTA – Analisemos o seguinte trecho: “Desde o início da vida no planeta Terra, muitas são as espécies
animais que foram extintas por vários motivos.”.
Ao posicionarmos “vários” antes de “motivos”, estamos tratando o primeiro como um pronome indefinido,
associado ao sentido de quantidade indefinida. É possível, portanto, substituí-lo por “muitos”.
Se, no entanto, posicionarmos “vários” depois de “motivos”, estamos tratando o primeiro como adjetivo,
associado ao sentido de diferentes, distintos.
Ocorre, portanto, alteração de sentido: em “vários motivos”, tem-se a ideia de quantidade; já em “motivos
vários”, tem-se a ideia de diversidade.
Letra B – ERRADA – Tanto em “grande porte” como em “porte grande”, a ideia transmitida pelo adjetivo
“grande” diz respeito a tamanho.
Letra C – ERRADA - Tanto em “animais menores” como em “menores animais”, a ideia transmitida pelo adjetivo
“menores” diz respeito a tamanho.
Em outros contextos, até seria possível interpretar “menores animais” como menores – substantivo – que são
animais – adjetivo. Mas essa interpretação diverge bastante do contexto lido, o que faz com que a descartemos.
Letra D – ERRADA - Tanto em “grandes áreas” como em “áreas grandes”, a ideia transmitida pelo adjetivo
“grande” diz respeito a tamanho.
Letra E – ERRADA - Tanto em “cruel desalojamento” como em “desalojamento cruel”, a ideia transmitida pelo
adjetivo “cruel” diz respeito a atributo, qualidade.
Resposta: A
“A democracia reclama um jornalismo vigoroso e independente. A agenda pública é determinada pela imprensa
tradicional. Não há um único assunto relevante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo de qualidade. Alguns
formadores de opinião utilizam as redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem assim relevante
papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteúdo independentes”.
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
O texto, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos por
locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
a) independente = com dependência;
b) pública = de publicidade;
c) relevante = de relevância;
d) sociais = de associados;
e) mobilizador = de motivação.
RESOLUÇÃO:
Analisemos as opções:
Letra A – ERRADA – A presença do prefixo de negação “in” faz com que substituamos “independente” por “sem
dependência” ou por “com independência”.
Letra B – ERRADA – O adjetivo “pública”, em “agenda pública”, diz respeito a algo de conhecimento público, e
não a algo relacionado à publicidade (divulgação, propaganda).
Letra C – CERTA – O adjetivo “relevante”, em “assunto relevante”, diz respeito a algo que possui relevância.
Portanto, a substituição proposta faz sentido.
Letra D – ERRADA – O adjetivo “sociais”, em “redes sociais”, não diz respeito à associação, e sim à socialização
(interação).
Letra E – ERRADA – O adjetivo “mobilizador”, em “papel mobilizador”, diz respeito à mobilização (movimento),
e não à motivação.
Resposta: C
“Maior confronto armado da história da América do Sul, a Guerra do Paraguai é uma página desbotada na memória do
povo brasileiro. Passados quase 150 anos das últimas batalhas deste conflito sangrento que envolveu Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai, o tema se apequenou nos livros didáticos e se restringiu às discussões acadêmicas. Neste livro,
fruto de pesquisas históricas rigorosas, mas escrito com o ritmo de uma grande reportagem, o leitor poderá se
transportar para o palco dos acontecimentos e acompanhar de perto a grande e trágica aventura que deixou marcas
profundas no continente sul-americano e lembranças de momentos difíceis”.
(adaptado - A Guerra do Paraguai, Luiz Octávio de Lima)
Entre os exemplos abaixo, compostos de substantivo + adjetivo ou adjetivo + substantivo, retirados do texto, aquele
em que a troca de posição dos termos provoca modificação de sentido é:
a) página desbotada;
b) conflito sangrento;
c) discussões acadêmicas;
d) pesquisas rigorosas;
e) grande reportagem.
RESOLUÇÃO:
Analisemos as opções:
Letra A – ERRADA – Tanto em “página desbotada” como em “desbotada página”, a ideia transmitida pelo
adjetivo “desbotada” diz respeito a atributo, qualidade. Trata-se da coloração da página.
Letra B – ERRADA – Tanto em “conflito sangrento” como em “sangrento conflito”, a ideia transmitida pelo
adjetivo “sangrento” diz respeito a atributo, qualidade.
Letra C – ERRADA – Tanto em “discussões acadêmicas” como em “acadêmicas discussões”, a ideia transmitida
pelo adjetivo “acadêmicas” diz respeito a tipo, assunto. Trata-se do tipo de discussão.
Letra D – ERRADA – Tanto em “pesquisas rigorosas” como em “rigorosas pesquisas”, a ideia transmitida pelo
adjetivo “rigorosas” diz respeito a atributo, qualidade.
Letra E – CERTA – Em “grande reportagem”, a presença do adjetivo “grande” antes do substantivo
“reportagem” cria um sentido de notoriedade, importância. Uma “grande reportagem” pode significar uma
“reportagem importante”.
Já em “reportagem grande”, a presença do adjetivo “grande” depois do substantivo “reportagem” dá a entender
um sentido de tamanho, extensão.
A alteração de ordem resulta, portanto, em alteração de sentido.
Resposta: E
“É preciso levar em conta questões econômicas e sociais”; se juntássemos os adjetivos sublinhados em forma de
adjetivo composto, a forma correta, no contexto, seria:
a) econômicas-sociais;
b) econômico-social;
c) econômica-social;
d) econômico-sociais;
e) econômicas-social.
RESOLUÇÃO:
Quando o adjetivo composto é formado por dois adjetivos, tanto sua flexão de gênero quanto de número se dá
mantendo-se o primeiro invariável e flexionando-se apenas o segundo.
Dessa forma, o plural de “questão econômico-social” é “questões econômico-sociais”, opção dada pela letra D.
Assinale a opção que indica o par em que é possível a troca de posição dos termos.
a) Notícia triste
b) Órgão vital
c) Músculo oco
d) Batimentos cardíacos
e) Pressão arterial
RESOLUÇÃO:
O enunciado da questão poderia ser mais bem formulado. Ao questionar se é possível a inversão dos termos, a banca
quer que o candidato identifique a opção em que a inversão resulta em uma construção coerente.
Para verificar isso, devemos avaliar se o adjetivo em questão tem valor objetivo ou subjetivo.
O valor objetivo independe de juízo ou opinião, como é o caso de “clima frio”, “intervenção médica”, “bandeira
brasileira”. Os adjetivos, quando objetivos, não permitem ser usados antepostos aos substantivos. Dessa forma, não
fazem sentido as construções “frio clima”, “medica intervenção”, “brasileira bandeira”.
O valor subjetivo depende de juízo ou opinião, como é o caso de “professor atencioso”, “cirurgia perfeita”, “discussão
áspera”. Os adjetivos, quando subjetivos, podem ser empregados tanto antes como depois dos substantivos. Dessa
forma, são possíveis as construções “atencioso professor”, “perfeita cirurgia”, “áspera discussão”.
Nas letras B, C, D e E, os adjetivos “vital”, “oco”, “cardíacos” e “arterial” são objetivos. Não emitem juízo de valor ou
opinião.
Já na letra A, o adjetivo “triste” é subjetivo, ou seja, emite uma opinião. O que é triste para uns, para outros não é.
Dessa forma, é possível empregar as construções “notícia triste” ou “triste notícia”.
Resposta: A
TEXTO.
Temos uma notícia triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os
sentimentos. Puxa, para que serve ele, afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é superimportante. “É um
órgão vital. É dele a função de bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim,
cardiologista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com
essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e
aumentando de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está
apaixonada. O corpo libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial”.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada”, há dois
exemplos de variação de grau.
Sobre essas variações, assinale a afirmativa correta.
RESOLUÇÃO:
Analisemos as opções:
Já o adjetivo “apaixonada” não está flexionado quanto ao grau, mas sim quanto a gênero.
O termo “rápido” não está empregado como adjetivo, mas sim como advérbio. Ele modifica o verbo “bater” e está
flexionado no grau comparativo de superioridade.
Letra B – ERRADA – Somente o adjetivo “superimportante” está flexionado no superlativo. Já “apaixonada” não
está flexionado em grau.
Cuidado com “rápido”!
O termo “rápido” não está empregado como adjetivo, mas sim como advérbio. Ele modifica o verbo “bater”
Letra C – ERRADA – O termo “rápido” não está empregado como adjetivo, mas sim como advérbio. Ele modifica
o verbo “bater” e está flexionado no grau comparativo de superioridade.
Letra D – ERRADA – O adjetivo “superimportante” está flexionado no superlativo absoluto. Essa flexão foi
construída não com um sufixo, mas sim com o prefixo “super”.
Letra E – ERRADA – O adjetivo “superimportante” está flexionado no superlativo absoluto. O termo “rápido”
não está empregado como adjetivo, mas sim como advérbio. Ele modifica o verbo “bater” e está flexionado no grau
comparativo de superioridade.
Resposta: A
Gabarito
1. E
2. A
3. C
4. E
5. C
6. C
7. A
8. B
9. D
10. D
11. B
12. D
13. C
14. A
15. B
16. D
17. E
18. D
19. A
20. E
21. D
22. E
23. C
24. D
25. C
26. D
27. E
28. E
29. C
30. D
31. E
32. E
33. E
34. E
35. A
36. E
37. D
38. D
39. B
40. D
41. D
42. C
43. A
44. D
45. A
46. C
47. E
48. D
49. A
50. A
Lista de Questões
Assim como no trecho “E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.” (l. 35-36), a colocação do
pronome destacado respeita a norma-padrão da língua portuguesa, em:
A) Pediria-lhes para considerar a possibilidade da eternidade.
E) Nos perguntamos até quando vamos sonhar com uma vida eterna de prazer.
2. CESGRANRIO - UNIRIO/2019
Considere a seguinte passagem do Texto III: “Com preguiça, o sol começava a esconder-se atrás dos edifícios” (ℓ.
3-4)
A reescritura que obedece à norma-padrão quanto à colocação pronominal é a seguinte:
3. CESGRANRIO – UNIRIO/2019
A substituição da expressão destacada pelo que se encontra entre colchetes está de acordo com a norma-
padrão em:
A) Jorge Amado tomava a bebida sem açúcar. [tomava-lhe]
4. CESGRANRIO - UNIRIO/2019
E) Conforme abria-o, sentia seu cheiro agradável cada vez mais forte.
5. CESGRANRIO – UNIRIO/2019
No Texto I, em “Já um celular tem maior taxa de obsolescência e pode ter de ser substituído em um ano ou dois” (ℓ. 53-
55), a palavra Já apresenta o sentido de
A) tempo
B) exclusão
C) oposição
D) intensidade
E) conformidade
6. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
7. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
8. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
B) Quando alguém apresentar-se como salvador, é bom pesquisar sobre sua história.
9. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
O pronome relativo tem a função de substituir um termo da oração anterior e estabelecer relação entre duas
orações.
Considerando-se o emprego dos diferentes pronomes relativos, a frase que está em DESACORDO com os
ditames da norma-padrão é:
A) É um autor sobre cujo passado pouco se sabe.
No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo” (l. 4-5), a colocação do pronome átono em destaque está de acordo com a
norma-padrão da língua portuguesa.
O mesmo ocorre em:
O pronome destacado foi utilizado na posição correta, segundo as exigências da norma-padrão da língua portuguesa,
em:
A) Quando as carreiras tradicionais saturam-se, os futuros profissionais têm de recorrer a outras alternativas.
B) Caso os responsáveis pela limpeza urbana descuidem-se de sua tarefa, muitas doenças transmissíveis podem
proliferar.
C) As empresas têm mantido-se atentas às leis de proteção ambiental vigentes no país poderão ser penalizadas.
D) Os dirigentes devem esforçar-se para que os funcionários tenham consciência de ações de proteção ao meio
ambiente.
E) Os trabalhadores das áreas rurais nunca enganaram-se a respeito da importância da agricultura para a subsistência
da humanidade.
No trecho do Texto I “onde restam apenas cerca de 10% da vegetação nativa original” (l. 6-7), a palavra
destacada foi empregada de acordo com as exigências da norma-padrão da Língua Portuguesa.
Do mesmo modo, o emprego do pronome relativo onde atende a essas exigências em:
A) A dependência de biomassa ocorre porque não há oferta de fontes industriais de energia nas regiões onde as
populações mais pobres vivem.
B) Os anos de 2009 a 2011 correspondem ao período onde a pesquisa foi realizada por meio de entrevistas em vários
estados do Nordeste.
C) Esses estudos devem ser complementados por estratégias onde possa ser evitado o desmatamento provocado pelo
uso doméstico da madeira.
D) Na época onde o estudo foi realizado, a floresta encontrava-se profundamente reduzida e fragmentada, devido ao
desmatamento desordenado.
E) Alguns estudos parecem atender a uma preocupação bastante pertinente onde se podem traçar estratégias de
proteção ambiental.
13.CESGRANRIO - UNIRIO/2016
No trecho “No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais quente deste verão” (l. 2-3), a palavra destacada contribui
para
A) especificar o tipo de jornal referido.
Em “No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais quente deste verão que inaugura o século e o milênio.” (l. 2-4), o
pronome destacado
A) torna ambíguo o termo referido.
15.CESGRANRIO - UNIRIO/2016
No trecho “E logo o diabo perguntou novamente: O que devo fazer?” (l. 16-17), a palavra logo tem o mesmo valor que
se vê em:
A) A chuva está caindo há muito tempo, logo o chão já está molhado.
A combinação coerente entre o pronome relativo e a preposição em destaque está de acordo com a norma- -
padrão em:
A) O autor mostra a alegria a que tem direito todo folião carioca.
C) A música do passado pelo qual o bloco ele viu na calçada não era conhecida.
D) O bloco passou pela calçada por cuja janela o autor estava gostando.
E) O carnaval acabou de passar pela janela com que o autor olhava o bloco.
17.CESGRANRIO - UNIRIO/2016
No último parágrafo do Texto , o autor empregou os demonstrativos essa (“dessa música”; “dessa tocante canção”) e
esta (“esta crônica”). Considerando-se as regras da norma-padrão, tais construções estão adequadas à norma porque
A) essa se refere ao destinatário, e esta se refere ao enunciador.
B) essa tem vínculo com algo mencionado anteriormente no texto, e esta tem vínculo com o texto em si.
C) essa tem valor memorialista depreciativo, e esta tem valor enunciativo jornalístico.
D) essa tem vínculo com a memória do destinatário, e esta tem vínculo com a mídia de publicação da crônica.
E) essa é um pronome com amplo espectro de referência, e esta é um pronome que só pode ser usado no presente.
No trecho do Texto I “Como explicar o que eu sentia de presente prodigioso em sair de casa de madrugada e pegar o
bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão?" (l. 6-9), são palavras de classes gramaticais diferentes
A) em e que
B) sair e pegar
C) como e ainda
D) prodigioso e vazio
E) presente e madrugada
19. INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
A) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
C) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
D) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
20. INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
A) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
B) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
C) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
D) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
E) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
21. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
B) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
C) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
22. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
23.INÉDITA
A) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia iludir seus
fiéis eleitores.
B) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a quem não
dispõe de equilíbrio emocional.
C) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em verdades
desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
D) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
E) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
24. INÉDITA
Os adultos brasileiros frequentaram menos anos de escola do que a população de mesma faixa etária da Colômbia —
cujo PIB “per capita”, durante boa parte do século XX, foi inferior ao brasileiro. A conclusão está em relatório do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Sendo coerente com o conteúdo da notícia, podemos afirmar que em sua manchete:
A) o termo “colombianos” é substantivo, uma vez que se refere àqueles que nasceram na Colômbia.
B) o termo “colombianos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “adultos”.
C) o termo “adultos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “brasileiros”.
25.INÉDITA
Na tirinha, foi gerado um efeito de humor a partir de um equívoco de entendimento do segundo falante. Para que não
houvesse o mal-entendido, ele deveria ter identificado no advérbio “religiosamente” um sentido associado à ideia de:
A) modo
B) hábito
C) intensidade
D) finalidade
E) condição
Questões Comentadas
1. CESGRANRIO – Banco da Amazônia/2021
Assim como no trecho “E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.” (l. 35-36), a colocação do
pronome destacado respeita a norma-padrão da língua portuguesa, em:
A) Pediria-lhes para considerar a possibilidade da eternidade.
E) Nos perguntamos até quando vamos sonhar com uma vida eterna de prazer.
RESOLUÇÃO
Letra B - ERRADA - O advérbio de negação "não" atrai pronome oblíquo, obrigando o emprego da próclise.
Letra E - ERRADA - Não se admite iniciar frase ou oração com pronome oblíquo.
Resposta: D
2. CESGRANRIO - UNIRIO/2019
Considere a seguinte passagem do Texto III: “Com preguiça, o sol começava a esconder-se atrás dos edifícios” (ℓ.
3-4)
A reescritura que obedece à norma-padrão quanto à colocação pronominal é a seguinte:
RESOLUÇÃO
Letra B - ERRADA - O pronome oblíquo átono deve ser empregado ladeando verbo, e não preposição.
Letra C - ERRADA - O pronome oblíquo átono deve ser empregado ladeando verbo, e não preposição.
Letra D - ERRADA - Não se admite iniciar frase ou oração com pronome oblíquo.
Letra E – CERTA
Resposta: E
3. CESGRANRIO – UNIRIO/2019
A substituição da expressão destacada pelo que se encontra entre colchetes está de acordo com a norma-
padrão em:
RESOLUÇÃO
Letra A - ERRADA - O objeto direto "a bebida" deve ser substituído pelo obliquo átono "a", resultando na
construção "tomava-a" ou "a tomava".
Letra B - CERTA - O objeto direto "a receita" foi corretamente substituído pelo oblíquo "a". Como a forma verbal
"mostrar" termina em R, é necessário fazer a conversão de A em LA, eliminando-se o R final, o que resulta na
construção "mostrá-la".
Letra C - ERRADA - O oblíquo "lhe" substitui objeto indireto, e não adjunto adverbial. No caso, devemos utilizar a
forma "nele", resultando na construção "bebia nele".
Letra D - ERRADA - Deve-se utilizar a forma pronominal "o" para substituição do objeto direto "o bar". O
resultado seria a construção "frequentavam-no". O erro está no emprego da forma pronominal plural "nos", para
substituir o singular "o bar".
Letra E - ERRADA - O "se" deve ser empregado em construções de voz reflexiva, o que não é o caso. Devemos
empregar o oblíquo "os" para substituir o objeto direto "6000 litros".
Resposta: B
4. CESGRANRIO - UNIRIO/2019
E) Conforme abria-o, sentia seu cheiro agradável cada vez mais forte.
RESOLUÇÃO:
Letra C - ERRADA - Não se admite iniciar frase ou oração com pronome oblíquo.
Resposta: A
5. CESGRANRIO – UNIRIO/2019
No Texto I, em “Já um celular tem maior taxa de obsolescência e pode ter de ser substituído em um ano ou dois” (ℓ. 53-
55), a palavra Já apresenta o sentido de
A) tempo
B) exclusão
C) oposição
D) intensidade
E) conformidade
RESOLUÇÃO
Observe que a palavra "Já" estabelece uma relação de contraste (oposição) entre um controle eletrônico de
portão - que pode ser utilizado por anos - e um celular - que se torna obsoleto rapidamente.
Resposta: C
6. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
RESOLUÇÃO:
Letra A - ERRADA - Deve haver concordância em gênero e número entre a forma do relativo "cujo" e o termo
subsequente. Dessa forma, deve-se empregar a construção "Eram artistas de CUJO TRABALHO todos gostavam".
Letra B - ERRADA - Deve-se empregar o relativo ONDE apenas para retomar ideia de lugar, o que não é o caso da
referida frase. O termo antecedente "arquitetura" deve ser retomado pelos relativos "que" ou "a qual".
Letra C - ERRADA - Há problemas de coesão na redação da frase. Deve-se empregar o relativo "que" para retomar
o antecedente "obras" . Além disso, deve ser posicionada antes do relativo a preposição A, exigida pela construção
"fazia menção". O resultado é a construção "Visitamos obras a que os livros faziam menção".
Letra D - CERTA - De fato! O relativo "que" retoma o antecedente "artistas". Não há necessidade de preposição
antes do relativo, pois a forma verbal "elogiavam" não requer esse elemento de coesão para se ligar ao termo
antecedente.
Letra E - ERRADA - Deve-se empregar o relativo "os quais" para retomar "mestres".
Resposta: D
7. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
RESOLUÇÃO:
No texto original, o adjetivo anteposto na construção "velhas casas" faz menção às casas do passado, num tom
de saudosismo.
Já na reescrita proposta, o adjetivo posposto em "casas velhas" faz menção ao estado de conservação, dando a
entender que são casas deterioradas pelo tempo.
Letra A - ERRADA - Como dito, o sentido muda.
Letra C - ERRADA - Não necessariamente se trata de casas populares, e sim de casas já deterioradas pelo tempo.
Letra D - ERRADA - Não se trata de uma inversão de sentido, mas tão somente uma mudança.
Letra E – CERTA
Resposta: E
8. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
B) Quando alguém apresentar-se como salvador, é bom pesquisar sobre sua história.
RESOLUÇÃO:
Letra C - CERTA - Não se admite a próclise em início de frase. Além disso, note que o oblíquo "lhe" substitui o
objeto indireto do verbo "oferecer" (oferecemos a ele = oferecemos-lhes).
Letra D - ERRADA - Não se admite ênclise com verbo no particípio.
Resposta: C
9. CESGRANRIO - LIQUIGÁS/2018
O pronome relativo tem a função de substituir um termo da oração anterior e estabelecer relação entre duas
orações.
Considerando-se o emprego dos diferentes pronomes relativos, a frase que está em DESACORDO com os
ditames da norma-padrão é:
A) É um autor sobre cujo passado pouco se sabe.
RESOLUÇÃO:
O pronome relativo ONDE somente é empregado para substituir termos antecedentes que sinalizem a ideia de
lugar.
Não é o que ocorre na letra B, em que ONDE retoma o termo anterior "ferramenta". Trata-se de um instrumento, e
não de um lugar.
A correção seria: "A ficção é a ferramenta COM QUE os escritores trabalham".
Deve-se empregar as formas QUE ou A QUAL para retomar "ferramenta". E a preposição COM deve ser
posicionada antes do relativo, haja vista que a forma verbal "trabalham" a solicita para se ligar ao antecedente
"ferramenta".
Resposta: B
No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo” (l. 4-5), a colocação do pronome átono em destaque está de acordo com a
norma-padrão da língua portuguesa.
O mesmo ocorre em:
RESOLUÇÃO:
Letra D - ERRADA - Não se inicia frase ou oração com pronome oblíquo átono.
Resposta: A
O pronome destacado foi utilizado na posição correta, segundo as exigências da norma-padrão da língua portuguesa,
em:
A) Quando as carreiras tradicionais saturam-se, os futuros profissionais têm de recorrer a outras alternativas.
B) Caso os responsáveis pela limpeza urbana descuidem-se de sua tarefa, muitas doenças transmissíveis podem
proliferar.
C) As empresas têm mantido-se atentas às leis de proteção ambiental vigentes no país poderão ser penalizadas.
D) Os dirigentes devem esforçar-se para que os funcionários tenham consciência de ações de proteção ao meio
ambiente.
E) Os trabalhadores das áreas rurais nunca enganaram-se a respeito da importância da agricultura para a subsistência
da humanidade.
RESOLUÇÃO:
Letra A - ERRADA - A conjunção subordinativa "Quando" exerce atração remota sobre o oblíquo, o que nos
obriga a fazer uso da próclise.
Letra B - ERRADA - A conjunção subordinativa "Caso" exerce atração remota sobre o oblíquo, o que nos obriga a
fazer uso da próclise.
Letra C - ERRADA - Não se deve empregar ênclise com verbo no particípio.
Letra D - CERTA
Resposta: D
No trecho do Texto I “onde restam apenas cerca de 10% da vegetação nativa original” (l. 6-7), a palavra
destacada foi empregada de acordo com as exigências da norma-padrão da Língua Portuguesa.
Do mesmo modo, o emprego do pronome relativo onde atende a essas exigências em:
A) A dependência de biomassa ocorre porque não há oferta de fontes industriais de energia nas regiões onde as
populações mais pobres vivem.
B) Os anos de 2009 a 2011 correspondem ao período onde a pesquisa foi realizada por meio de entrevistas em vários
estados do Nordeste.
C) Esses estudos devem ser complementados por estratégias onde possa ser evitado o desmatamento provocado pelo
uso doméstico da madeira.
D) Na época onde o estudo foi realizado, a floresta encontrava-se profundamente reduzida e fragmentada, devido ao
desmatamento desordenado.
E) Alguns estudos parecem atender a uma preocupação bastante pertinente onde se podem traçar estratégias de
proteção ambiental.
RESOLUÇÃO:
Deve-se empregar o relativo "onde" apenas para retomar um antecedente que sinalize a ideia de lugar.
Nas letras B, C, D e E, esse relativo retoma "período", "estratégias", "época" e "preocupação", respectivamente.
Esses vocábulos não sinalizam a ideia de lugar.
Já na letra A, o relativo "onde" retoma a ideia de lugar "regiões" - as regiões são o lugar onde as populações mais
pobres vivem.
Resposta: A
13.CESGRANRIO - UNIRIO/2016
No trecho “No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais quente deste verão” (l. 2-3), a palavra destacada contribui
para
A) especificar o tipo de jornal referido.
RESOLUÇÃO:
O artigo definido "os" determinando "jornais" expressa, no contexto, uma ideia de totalidade.
A ideia transmitida é a de que qualquer jornal poderia noticiar o fato, o que impessoaliza a discussão.
Resposta: D
Em “No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais quente deste verão que inaugura o século e o milênio.” (l. 2-4), o
pronome destacado
A) torna ambíguo o termo referido.
RESOLUÇÃO:
Dá-se a entender que a estação do ano vigente no momento de produção do texto é o verão.
Resposta: B
15.CESGRANRIO - UNIRIO/2016
No trecho “E logo o diabo perguntou novamente: O que devo fazer?” (l. 16-17), a palavra logo tem o mesmo valor que
se vê em:
A) A chuva está caindo há muito tempo, logo o chão já está molhado.
RESOLUÇÃO:
No texto original, "logo" expressa uma ideia adverbial e pode ser substituído por "depressa", "sem demora".
Nas letras A e C, a palavra "logo" é uma conjunção e expressa a ideia de conclusão. Podemos substituí-la por
"portanto".
Nas letras D e E, a palavra "logo" expressa sim uma ideia adverbial, mas sua acepção está associada a algo na iminência
de ocorrer. A expressão "logo mais" pode ser substituída por "daqui a pouco".
Na letra B, a ideia de "sem demora" está presente, o que nos faz a assinalar como gabarito.
Resposta: B
A combinação coerente entre o pronome relativo e a preposição em destaque está de acordo com a norma- -
padrão em:
A) O autor mostra a alegria a que tem direito todo folião carioca.
C) A música do passado pelo qual o bloco ele viu na calçada não era conhecida.
D) O bloco passou pela calçada por cuja janela o autor estava gostando.
E) O carnaval acabou de passar pela janela com que o autor olhava o bloco.
RESOLUÇÃO:
Letra A - CERTA - O relativo "que" substitui o antecedente "alegria". A preposição "a" que o antecede é solicitada
pela construção "tem direito" (tem direito A ALGO).
Letra B - ERRADA - Não se deve empregar a preposição "em", haja vista que o verbo "comentar" não requer
preposição para se ligar ao antecedente "carnaval".
Letra C - ERRADA - A frase está totalmente sem coesão. Uma proposta de correção seria: A música do passado
do bloco o qual ele viu na calçada não era conhecida.
Letra D - ERRADA - A frase está totalmente sem coesão. Uma proposta de correção seria: O bloco, do qual o
autor, da janela, estava gostando, passou pela calçada.
Letra E - ERRADA - Uma proposta de reescrita correta seria: O carnaval acabou de passar pela janela de que (da
qual) o autor olhava o bloco. A preposição "de" é necessária para ligar a construção "olhava o bloco" ao termo
antecedente "janela" (o autor olhava o bloco da janela).
Resposta: A
17.CESGRANRIO - UNIRIO/2016
No último parágrafo do Texto , o autor empregou os demonstrativos essa (“dessa música”; “dessa tocante canção”) e
esta (“esta crônica”). Considerando-se as regras da norma-padrão, tais construções estão adequadas à norma porque
A) essa se refere ao destinatário, e esta se refere ao enunciador.
B) essa tem vínculo com algo mencionado anteriormente no texto, e esta tem vínculo com o texto em si.
C) essa tem valor memorialista depreciativo, e esta tem valor enunciativo jornalístico.
D) essa tem vínculo com a memória do destinatário, e esta tem vínculo com a mídia de publicação da crônica.
E) essa é um pronome com amplo espectro de referência, e esta é um pronome que só pode ser usado no presente.
RESOLUÇÃO:
O demonstrativo "essa" atua como anafórico, retomando a canção de Lupicínio Rodrigues citada logo no início
do texto.
Já "esta" sinaliza para o texto que está sendo lido, no caso a crônica. Toma-se como referência o narrador do
texto, que é a pessoa que fala ao leitor, justificando, assim, o emprego da forma "esta".
Resposta: B
No trecho do Texto I “Como explicar o que eu sentia de presente prodigioso em sair de casa de madrugada e pegar o
bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão?" (l. 6-9), são palavras de classes gramaticais diferentes
A) em e que
B) sair e pegar
C) como e ainda
D) prodigioso e vazio
E) presente e madrugada
RESOLUÇÃO:
Letra A - CERTA - Temos a preposição "em" e o pronome relativo "que". Note que este pode ser substituído por "o
qual".
Letra B - ERRADA - Temos dois verbos.
Letra C - ERRADA - Temos dois advérbios - "como" é advérbio interrogativo, possui acepção de modo e introduz
questionamento direto; já "ainda" é advérbio de tempo.
Letra D - ERRADA - Temos dois adjetivos.
Resposta: A
19. INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
A) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
C) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
D) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – Não se deve empregar “onde” e suas variações – aonde, donde, etc. – para se referir a termos que
não transmitam a ideia de lugar. É o que ocorre na redação: o pronome relativo “onde” se refere ao antecedente
“época”, mas este não indica lugar, e sim tempo.
No lugar, deve-se empregar a forma “em que” – pronome relativo “que” antecedido da preposição “em” -, haja vista
que a forma verbal “atuava” solicita a regência da preposição “em” para se ligar ao termo “época” (Grande parte dos
cientistas atuavam em laboratórios em alguma época).
Letra B – CERTA – Deve-se empregar a forma “a que”, haja vista que a forma verbal “se prendem” solicita a regência
da preposição “a” para se ligar ao termo “artificialismo” (Alguns âncoras de TV se pendem ao artificialismo.).
Letra C – ERRADA - Deve-se empregar a forma “de que”, haja vista que a forma verbal “se fala” solicita a regência da
preposição “de” para se ligar ao termo “versões” (Fala-se de versões nos bastidores).
Letra D – ERRADA - Deve-se empregar a forma “com cujo”, haja vista que a forma verbal “contar” solicita a regência
da preposição “com” para se ligar ao termo “trabalho da pessoa” (Podemos contar com o trabalho da pessoa = A
pessoa com cujo trabalho podemos contar).
Letra E – ERRADA – Está errado o emprego do pronome relativo “cujo”, pois simplesmente não ocorre na frase em
questão uma relação de posse. Não há a figura de possuidor e de um possuído que viabilize o emprego das formas
cujo(a)(s).
Exemplo:
Deve-se empregar simplesmente o pronome relativo “que” ou a forma “o qual”, para substituir o termo antecedente
“filme”.
Resposta: B
20. INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
A) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
B) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
C) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
D) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
E) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
RESOLUÇÃO:
Na frase I, tem-se o adjetivo “erradas”, que concorda em gênero e número com o substantivo “tarefas”.
Interpretando a frase I, dá-se a entender que foram realizadas as tarefas erradas, não as corretas. Ou seja, escolheram-
se as tarefas erradas para se fazer.
Na frase II, tem-se o advérbio “errado”, que modifica a forma verbal “Fizemos”.
Lembremo-nos de que o advérbio é uma classe de palavra invariável em gênero e número. Poderíamos empregar a
forma “erradamente”, mas nada impede de se utilizar a forma reduzida “errado”.
Interpretando a frase II, dá-se a entender que a forma como foram feitas as tarefas não foi correta. Fez-se de forma
errada, portanto.
As duas construções, portanto, estão corretas quanto à concordância, mas dizem coisas diferentes uma da outra.
A resposta é a letra B.
Resposta: B
21. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
B) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
C) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
RESOLUÇÃO:
Exemplos:
Note que os verbos “conhecer” e “beijar” não pedem objetos indiretos. O pronome “lhe”, nesses casos, não exerce a
função de complemento verbal. Assume sim a função de adjunto adnominal.
Analisemos item a item:
Letra A – O verbo “enviar” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma completa lista de exercícios”; já o indireto é
representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a
ele”.
O professor enviou-lhe, após o expediente, uma completa lista de exercícios.
Letra B - O verbo “entregar” pede objetos direto e indireto. O direto é “a relação dos colegas faltosos”; já o indireto é
representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a
ele”.
O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
= O aluno entregou a ele, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
Letra C - O verbo “pedir” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma ajuda financeira”; já o indireto é representado
pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a ele”.
Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
= Pedimos a ele uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
Letra D - O verbo “oferecer” pede objetos direto e indireto. O direto é “a mais cobiçada oportunidade de emprego”; já
o indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela
forma tônica “a ele”.
Ofereceram-lhe a mais cobiçada oportunidade de emprego.
Letra E – Observe que o verbo “seguir” não pede objeto indireto (quem segue segue algo/alguém). Dessa forma, o
“lhe” em destaque não exerce a função de objeto indireto.
Note que é possível resscrever a frase da seguinte forma:
Portanto, na letra E, o “lhe” exerce uma função diferente do das demais opções.
Resposta: E
22. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO
Em "fazem dos mais experientes", o objeto indireto "dos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome oblíquo
tônico "deles (de+eles)" ou pela forma oblíqua átona "lhes". As formas pronominais "o(s)", "a(s)" substituem objetos
diretos e seriam inadequadas para essa substituição.
Atenção!
Vale ressaltar que os pronomes ele, ela, nós, vós, eles e elas, quando precedidos de preposição, funcionam na prática
como oblíquos tônicos.
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o primeiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "fazem-lhes" ou "fazem deles".
Em "atribuem aos mais experientes", o objeto indireto "aos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome
oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes".
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o segundo trecho destacado pode ser substituído pelas formas "atribuem-lhes" ou "atribuem a eles".
Por fim, em "assiste aos mais experientes", o verbo "assistir" é empregado no sentido de "caber" e seu objeto indireto
pode ser substituído pelo pronome oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes" (algo assiste a alguém).
Há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo "lhes", haja vista que não se emprega próclise
(pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o terceiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "assiste-lhes" ou "assiste a eles".
Resposta: A
23.INÉDITA
A) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia iludir seus
fiéis eleitores.
B) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a quem não
dispõe de equilíbrio emocional.
C) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em verdades
desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
D) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
E) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
RESOLUÇÃO:
Letra A - ERRADA - Em lugar de "nos quais", deve-se empregar "dos quais", uma vez que a forma verbal "se
valer" solicita a regência da preposição "de" (quem se vale, se vale de algo). Além disso, não faz sentido o emprego do
pronome relativo "cuja", uma vez que não temos uma relação de posse.
O correto, então, seria: "Os motivos dos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação
que pretendia iludir seus fiéis eleitores.".
Letra B - CERTA - O uso da preposição "para", antes do pronome relativo "cujo", é necessidade requerida pela forma
verbal "são exigidas" (são exigidas para algo). Além disso, a preposição "a" antes de "quem" é necessidade da regência
da forma verbal "são indicadas"(são indicadas a alguém).
Letra C - ERRADA - O uso de "do que" está equivocado, uma vez que a regência do verbo "preferir" é dada pela
preposição "a". É equivocado também o uso do pronome relativo "onde", uma vez que este não indica lugar.
Assim, o correto seria: "Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis a uma apoiada
em verdades desagradáveis em que nem todos querem acreditar.".
Letra D - ERRADA - O uso da preposição "de", entes do primeiro pronome relativo "que", é equivocado, uma vez que a
forma verbal "se imputa" não a solicita (se imputa algo a alguém = se imputa mau juízo aos sindicatos).
Da mesma forma, o uso da preposição "em", antes do segundo pronome relativo "que", é equivocado, uma vez que a
forma verbal "se atribui" não a solicita (se atribui algo a alguém = se atribui juízo aos partidos políticos).
Assim, o correto seria: "O mau juízo que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele que se atribui aos partidos
políticos.”.
Letra E - ERRADA - O uso do pronome relativo "cujo" é inadequado, uma vez que não existe uma relação de posse. É
equivocado também o emprego da crase em "à", uma vez que é solicitado apenas o artigo definido "a".
Assim, o correto seria: “A confiança de que não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser
exercida segundo a natureza do interesse público.”
Resposta: B
24. INÉDITA
Os adultos brasileiros frequentaram menos anos de escola do que a população de mesma faixa etária da Colômbia —
cujo PIB “per capita”, durante boa parte do século XX, foi inferior ao brasileiro. A conclusão está em relatório do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Sendo coerente com o conteúdo da notícia, podemos afirmar que em sua manchete:
A) o termo “colombianos” é substantivo, uma vez que se refere àqueles que nasceram na Colômbia.
B) o termo “colombianos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “adultos”.
C) o termo “adultos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “brasileiros”.
RESOLUÇÃO
É preciso tomar bastante cuidado com o enunciado da questão, pois este nos pede que sejamos coerentes com o
conteúdo da notícia.
Se nos detivermos apenas à análise do título, podemos incorrer na precipitada conclusão de que o termo
“colombianos” é substantivo, haja vista que está antecedido de artigo.
Por que ocorre o equívoco?
Observe o trecho “Os adultos brasileiros frequentaram menos anos de escola do que a população de mesma faixa
etária da Colômbia...”.
Fica claro que a comparação se dá entre adultos que nasceram no Brasil e adultos que nasceram na Colômbia.
Isso significa que, no título da notícia, antes de “colombianos”, é preciso subtender o substantivo “adultos”.
Letra A – ERRADA – O termo “colombianos” não é substantivo, e sim adjetivo, pois modifica o substantivo oculto
“adultos”.
Letra B – CERTA – Vide a explicação dada para a letra A.
Letra C – ERRADA – O termo “adultos” é substantivo e os termos “brasileiros” e “colombianos” são adjetivos. Trata-se
de adultos (substantivo) que são brasileiros (adjetivo) e de adultos (substantivo) que são colombianos (adjetivo).
Letras D e E – ERRADAS – Vide explicação dada para a letra C.
Resposta: B
25.INÉDITA
Na tirinha, foi gerado um efeito de humor a partir de um equívoco de entendimento do segundo falante. Para que
não houvesse o mal-entendido, ele deveria ter identificado no advérbio “religiosamente” um sentido associado à ideia
de:
A) modo
B) hábito
C) intensidade
D) finalidade
E) condição
RESOLUÇÃO
O primeiro falante empregou o advérbio “religiosamente” num sentido associado a “hábito”. Já o segundo falante
tomou ao pé da letra o seu significado, associando-o a modo (religiosamente = de maneira religiosa).
Dessa forma, para que NÃO houvesse o mal-entendido, o segundo falante deveria ter identificado o sentido de
HÁBITO.
Resposta: B
Gabarito
1. D
2. E
3. B
4. A
5. C
6. D
7. E
8. C
9. B
10. A
11. D
12. A
13. D
14. B
15. B
16. A
17. B
18. A
19. B
20. B
21. E
22. A
23. B
24. B
25. B
Lista de Questões
1. VUNESP – Engenheiro Civil (CODEN)/2021
Atendendo ao emprego e à colocação dos pronomes determinados pela norma-padrão, a expressão destacada pode
ser substituída pela expressão entre parênteses na alternativa:
a) Para algumas pessoas, Sully deveria pousar o avião em LaGuardia ou Teterboro. (deveria pousá- -lo)
b) O filme de Eastwood motivou o jornalista a reler um ensaio filosófico que o marcou. (motivou-lhe)
c) Oakeshott está entre os filósofos que estudaram tendências intelectuais do Renascimento. (estudaram-nas)
Ou o gesto revelou uma imprudência criminosa, sobretudo quando existiam opções mais sensatas? (2° parágrafo)
... mesmo que os ensinamentos da prática não possam ser apresentados com rigor cartesiano. (6° parágrafo)
... contra toda a arrogância da modernidade, mostrava como a nossa imperfeição pode ser, às vezes, uma forma de
salvação. (último parágrafo)
As expressões destacadas apresentam, correta e respectivamente, as circunstâncias adverbiais de
Na frase do último quadrinho “Pra ser bem sincero, gostaria de esclarecer bem essa questão...”, o termo “bem” é
empregado para modificar o sentido dos nomes a que se refere, imprimindo-lhes, respectivamente, circunstância de
a) intensidade e de modo.
b) afirmação e de dúvida.
c) dúvida e de negação.
d) modo e de afirmação.
e) tempo e de intensidade.
Entre as diversas facilidades com que os estonianos podem contar, o país oferece aos estonianos transporte gratuito.
Quanto a tratamento médico, o governo tem incluído tratamento médico entre os benefícios disponíveis para a
população e, tratando-se de quase 50% de economia, geralmente garante a economia de quase 50% para quem
precisa de remédios.
De acordo com as regras de emprego e de colocação dos pronomes estabelecidos pela norma-padrão, as expressões
destacadas na frase podem ser substituídas por
a) oferece-lhes ... tem incluído-o ... a garante
Assinale a alternativa em que o termo destacado atribui uma qualidade à palavra anterior.
Assinale a alternativa que reescreve passagem do texto em consonância com a norma-padrão de emprego e colocação
de pronome.
a) Existe, hoje, livro para ser ouvido que principalmente identifica-se pelo nome em inglês.
b) Havia fronteiras, mas a partir dos nichos dedicados à deficiência visual, os volumes de viva voz extrapolaram-lhes.
c) Seriam mais de 44000 títulos lançados anualmente nos Estados Unidos, aos quais teria-se acesso.
d) Foi proposta uma emenda autorizando a Biblioteca do Congresso a entrar no negócio; aprovaram-na os
deputados e senadores.
e) Os lançamentos de audiobooks superam os de volumes em capa dura, que também não comparam-se com
aqueles em preço.
Assinale a alternativa em que a expressão entre colchetes substitui a destacada, de acordo com a norma-padrão de
emprego e colocação de pronome.
a) ... parecem ser atitudes que exigem o desafio da vontade férrea [exigem-no]
c) ... um caçador coletor que passou a vida errando em uma pequena área [passou ela]
Os termos destacados em
• ... devem ser administrados com cautela nesses pacientes. (1º parágrafo)
• ... contém corantes que podem, eventualmente, causar reações alérgicas. (3º parágrafo)
• ... a segurança e eficácia foram comprovadas mesmo em pacientes acima de 65 anos. (7º parágrafo)
Assinale a alternativa que apresenta livre reescrita de um trecho do texto de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa quanto ao emprego e à colocação do pronome.
a) Quanto a uma parte dos adultos nos Estados Unidos e no Reino Unido, atinge-lhes uma doença crônica.
c) As baixas taxas de adesão dos pacientes ao tratamento não produzem-lhes resultados mais efetivos.
d) É preciso observar o grau de confiança do doente em seu médico. Reforçá-lo é fundamental para o tratamento.
e) Quando julgam-na inativa, pela ausência de dor, a doença passa a agir silenciosamente.
Na frase do quinto parágrafo – Tal receptividade decerto não elimina... –, o advérbio destacado estabelece relação de
sentido de
a) dúvida e pode ser substituído por “possivelmente”.
Assinale a alternativa em que a frase está reescrita em conformidade com a norma-padrão da língua com a expressão
sublinhada substituída por um pronome
a) Em seu artigo supostamente sério, Sokal fazia crítica à ciência e ao bom senso. Em seu artigo supostamente
sério, Sokal fazia-os crítica.
b) Sokal queria que seu artigo inspirasse seriedade aos leitores da revista. Sokal queria que seu artigo os inspirasse
seriedade.
c) O livro de Sokal e Bricmont deixou os criticados e seus seguidores irados. O livro de Sokal e Bricmont lhes deixou
irados.
d) Acusaram Sokal e Bricmont de tudo o que há de mau e pior. Acusaram-nos de tudo o que há de mau e pior.
A alternativa em que a colocação dos pronomes está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa está em:
b) Nunca espera-se que um filho não obedeça aos pais desde pequeno.
c) Não se sabe por que alguns pais não conseguem impor limite aos filhos.
A indústria do fumo desenvolveu uma estratégia demoníaca __________ é __________ lucros imorais.
Assinale a alternativa que traz, respectivamente, um substantivo cujo plural se faz a exemplo de “bem-estar” (termo
presente no 1º primeiro parágrafo); e outro substantivo, destacado em expressão do texto, com sentido de coletivo.
a) Alto-falante / “Quase metade da população mundial não tem acesso...” (6º parágrafo)
Ter uma supermemória significa que as memórias são gravadas em detalhes vívidos, o que é fascinante em termos
científicos, mas pode ser uma praga para quem tem a síndrome. Algumas pessoas com HSAM dizem que suas
memórias são muito organizadas, mas Sharrock descreve seu cérebro como “entupido” e diz que reviver memórias lhe
dá dor de cabeça e insônia. Apesar disso, ela aprendeu a tentar usar memórias positivas para superar as negativas: “No
começo de todo mês, eu escolho todas as melhores memórias que tive naquele mês em outros anos”. Reviver
acontecimentos positivos facilita na hora de lidar com as “memórias invasivas” que a fazem se sentir mal.
Considere a seguinte passagem:
Reviver acontecimentos positivos facilita na hora de lidar com as “memórias invasivas” que a fazem se sentir mal.
De acordo com a norma-padrão da língua, a lacuna que deve ser preenchida com o mesmo pronome destacado na
passagem do texto está em:
a) A supermemória de Sharrock é o que __ diferencia das demais pessoas.
e) Sharrock conta que suas memórias podem __ provocar dor de cabeça e insônia.
Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no português extremamente culto e correto que é falado pelos
personagens da novela. Com frases que parecem retiradas de um romance antigo, mesmo nos momentos mais banais,
os personagens se expressam de maneira correta e erudita.
Ao UOL, o autor da novela, Alcides Nogueira, diz que o linguajar de seus personagens é um ponto que leva a novela a
se destacar. “Não tenho nada contra a linguagem coloquial, ao contrário. Acho que a língua deve ser viva e usada em
sintonia com o nosso tempo. Mas colocar um português bastante culto torna a narrativa mais coerente com a época da
trama. Fora isso, é uma oportunidade de o público conhecer um pouco mais dessa sintaxe poucas vezes usada
atualmente”.
O escritor, que assina o texto da novela das 18h ao lado de Bia Corrêa do Lago, conta que a decisão de imprimir um
português erudito à trama foi tomada por ele e apoiada pelo diretor artístico, Jayme Monjardim. Ele revela que toma
diversos cuidados na hora de escrever o texto, utilizando, inclusive, o dicionário. “Muitas vezes é preciso recorrer às
gramáticas. No início, o uso do coloquial era tentador. Aos poucos, a escrita foi ficando mais fácil”, afirma Nogueira,
que também diz se inspirar em grandes escritores da literatura brasileira e portuguesa, como Machado de Assis e Eça
de Queiroz.
Para o autor, escutar os personagens falando dessa forma ajuda o público a mergulhar na época da trama de modo
profundo e agradável. Compartilhou-lhe o sentimento Jayme Monjardim, que também explica que a estética delicada
da novela foi pensada para casar com o texto. “É uma novela que se passa no fim dos anos 1920, então tudo foi
pensado para que o público entrasse junto com a gente nesse túnel do tempo. Acho que isso é importante para que o
telespectador consiga se sentir em outra época”, diz.
Considere as passagens:
“... para que o telespectador consiga se sentir em outra época”... (4º parágrafo)
Marieta
Sei que é falta de educação (mas pouca gente sabe hoje o que quer dizer falta de educação, ou mesmo educação) falar
em idade de mulher.
São múltiplas as teorias sobre idade feminina. Eu envelheceria ainda mais, se fosse anotar aqui todos os conceitos
alusivos a essa matéria; enquanto isso, as mulheres ficariam cada vez mais jovens. Depois, não estou interessado em
compendiar a incerta sabedoria em torno do tema incerto. Meu desejo é só este: contar a idade de Marieta, por
estranho que pareça.
E não é nada estranho, afinal. Marieta fazer 90 anos é tão simples quanto ela fazer 15. No fundo, está fazendo seis
vezes 15 anos, esta é talvez sua verdadeira idade, por uma graça da natureza que assim o determinou e assim o fez.
Privilégio.
Ah, Marieta, que inveja eu sinto de você, menos pelos seus 90, perdão, 6 x 15 anos, do que pelo sinal que iluminou seu
nascimento, sinal de alegria serena, de firmeza e constância, de leve compreensão da vida, que manda chorar quando é
hora de chorar, rir o riso certo, curtir uma forma de amor com a seriedade e a naturalidade que todo amor exige.
Sei não, Marieta (de batismo e certidão, Maria Luísa), mas você é a mais agradável combinação de gente com gente
que eu conheço.
(Carlos Drummond de Andrade, Boca de Luar. Adaptado)
Sei que é falta de educação (mas pouca gente sabe hoje o que quer dizer falta de educação, ou mesmo educação)
falar em idade de mulher.
Assinale a alternativa em que os trechos destacados estão, pela ordem, redigidos de acordo com a norma-
padrão de emprego de pronomes e em consonância com o sentido do texto.
a) revelá-la a idade / o que isto quer dizer
Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: “É de uma pretensão sem
tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever”.
Pois é. Muita gente acredita que, ao contrário de todas as demais atividades humanas, da música à mecânica de
automóveis, do macramê à bocha, a escrita não pode ser ensinada.
Por quê? Porque é especial demais, elevada demais, dizem alguns. É o caso do leitor citado, que completou seu
comentário com esta pérola: “Saber escrever é uma questão de talento, quem não tem, não vai nunca aprender…”
Há os que chegam à mesma conclusão pelo lado oposto, a ilusão de que toda pessoa alfabetizada domina a escrita, e o
resto é joguinho de poder espúrio.
Talento literário é raro mesmo, mas não se trata disso. Também não estamos falando só de correção gramatical e
ortográfica, aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial.
Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é uma
riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e justa.
(Sérgio Rodrigues. Folha de S.Paulo, 07.12.2017)
Black Friday? Levantamento feito pela Folha* mostrou que boa parte dos “descontos” oferecidos nesta sexta-feira não
passa de manipulações até meio infantis de preços, com o objetivo de iludir o consumidor.
Antes, porém, de imprecar contra a ganância dos capitalistas, convém perguntar se os consumidores não desejam ser
enganados. E há motivos para acreditar que pelo menos uma parte deles queira.
No recém-lançado Dollars and Sense (dinheiro e juízo), Dan Ariely e Jeff Kreisler relatam um experimento natural que
mostra que pessoas podem optar por ser “ludibriadas” voluntariamente e que, em algum recôndito do cérebro, isso faz
sentido.
A JCPenney é uma centenária loja de departamentos dos EUA que se celebrizou por jogar seus preços na lua para
depois oferecer descontos “irresistíveis”. Ao fim e ao cabo, os preços efetivamente praticados estavam em linha com os
da concorrência, mas os truques utilizados proporcionavam aos consumidores a sensação, ainda que ilusória, de ter
feito um bom negócio, o que lhes dava prazer.
Em 2012, o então novo diretor executivo da empresa Ron Johnson, numa tentativa de modernização, resolveu acabar
com a ginástica de remarcações e descontos e adotar uma política de preços “justa e transparente”.
Os clientes odiaram. Em um ano, a companhia perdera US$ 985 milhões e Johnson ficou sem emprego. Logo em
seguida, a JCPenney remarcou os preços de vários de eus itens em até 60% para voltar a praticar os descontos
irresistíveis. Como escrevem Ariely e Kreisler, “os clientes da JCPenney votaram com suas carteiras e escolheram ser
manipulados”.
Num mundo em que o cliente sempre tem razão, não é tão espantoso que empresas se dediquem a vender-lhe as
fantasias que deseja usar, mesmo que possam ser desmascaradas com um clique de computador.
* Jornal Folha de São Paulo (‘Caveat emptor’. Hélio Schwartsman. http://www1.folha.uol.com.br/
colunas/helioschwartsman/2017/11/1937658-caveat-emptor.shtml 24.11.2017. Adaptado)
Na frase – ... um experimento natural que mostra que pessoas podem optar por ser “ludibriadas” voluntariamente... –,
o termo voluntariamente, em destaque, expressa circunstância de
a) modo, e pode ser corretamente substituído pela expressão “às pressas”.
e) modo, e pode ser corretamente substituído pela expressão “de maneira espontânea”.
A última crônica
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade, estou adiando o
momento de escrever.
A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco no
cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da
convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer
nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador. Sem mais nada para contar,
curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso de um poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu
último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos
que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim, um casal acaba de sentar-se numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de
espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma
menininha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa. Três
seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém,
que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom e aponta
no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para
atendê-lo. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo
com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A menininha olha a garrafa de refrigerante e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Vejo que os três, pai, mãe e
filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira
qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um
animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve o refrigerante, o pai
risca o fósforo e acende as velas. A menininha sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater
palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “parabéns pra você,
parabéns pra você...”. A menininha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher
está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre
os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito,
a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba
sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
Assinale a alternativa que indica, corretamente, entre parênteses, a circunstância presente na expressão destacada no
trecho do texto.
a) O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso... (causa)
d) São três velinhas brancas que a mãe espeta caprichosamente na fatia de bolo. (modo)
De patas para o ar
Rafiki é um angolano, filho de uma economista e de um funcionário de multinacional. Veio para o Brasil estudar
medicina e foi surpreendido pela carga de preconceito que encontrou aqui. Já enfrentou o constrangimento de
perceber que pessoas fecham os vidros dos carros nos sinais quando o veem, ou mulheres se agarram a suas bolsas ao
cruzarem com ele na calçada.
O universitário Rafiki mora em um bairro de classe média alta e uma noite, quando estava para entrar em seu prédio, viu
um casal passar por ele, entrar e bater a porta.
O angolano entrou em seguida e encontrou o casal esperando o elevador. Como a mulher o encarava insistentemente,
ele perguntou:
─ Estou sujo? Tem alguma coisa errada comigo? Qual é o problema?
─ Sabe como é hoje em dia, né? A gente tem que ficar ligado...
Quando as pessoas, porém, ficam sabendo que Rafiki é estudante de medicina, mudam a forma de tratá-lo.
Rafiki também não compreende um comportamento que chama sua atenção no Brasil: as pessoas pedirem
informações na rua sem antes dizer “bom dia”, “por favor”, “com licença”. Mas ele não acredita que essa falta de
educação seja maior aqui do que em outros países. A gentileza tem sido pouco valorizada. Rafiki costuma dizer
ultimamente que o mundo todo está de patas para o ar.
(Leila Ferreira. A arte de ser leve. São Paulo: Globo, 2010. Adaptado)
a) modo.
b) tempo.
c) negação.
d) lugar.
e) dúvida.
Assunto: Advérbio
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por
discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque
Nos trechos – … Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui… – ; – … nunca se apaixonou por suas ideias… – ;
– A Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas… – e – Provavelmente, é sua frase menos citada. –, os
advérbios destacados expressam, correta e respectivamente, circunstância de:
a) lugar; tempo; modo; afirmação.
Muitos adjetivos, permanecendo imóveis na sua flexão de gênero e número, podem passar a funcionar como advérbio.
O critério formal de diferenciação das duas classes de modificador é a variabilidade do primeiro e a invariabilidade do
segundo.
(Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Adaptado)
A análise do autor, citando o contexto em que um adjetivo pode funcionar como advérbio, está exemplificada com o
termo destacado na seguinte passagem:
a) … mais do que o rigor ou o tamanho da pena, é o principal fator de dissuasão.
Ei-lo agora, adolescente recluso em seu quarto, diante de um livro que não lê. Todos os seus desejos de estar longe
erguem, entre ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada que perturba as linhas. Ele está sentado diante da janela, a
porta fechada às costas. Página 48. Ele não tem coragem de contar as horas passadas para chegar à essa
quadragésima oitava página. O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas! Se ao
menos tivesse uns diálogos, vai.
Mas não! Páginas completamente cheias de linhas apertadas entre margens minúsculas, negros parágrafos
comprimidos uns sobre os outros e, aqui e acolá, a caridade de um diálogo – um travessão, como um oásis, que indica
que um personagem fala à outro personagem. Mas o outro não responde. E segue-se um bloco de doze páginas! Doze
páginas de tinta preta! Falta de ar! Ufa, que falta de ar! Ele xinga. Muitas desculpas, mas ele xinga. Página quarenta e
oito... Se ao menos conseguisse lembrar do conteúdo dessas primeiras quarenta e oito páginas!
(Daniel Pennac. Como um romance, 1993. Adaptado)
Com a passagem “O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas!”, entende-se que
a página “500” do livro seria a
a) quinquagésima, questionando a importância da obra.
Assunto: Preposição
Destruindo Riqueza
A economia cresce encontrando soluções, em geral tecnológicas, para reduzir ineficiências e, nesse processo, libera
mão de obra.
Um exemplo esclarecedor é o do emprego agrícola nos EUA. Até 1800, a produção de alimentos exigia o trabalho de
95% da população do país. Em 1900, a geração de comida para uma população já bem maior mobilizava 40% da força
de trabalho e, hoje, essa proporção mal chega a 3%. Quem abandonou a roça foi para cidades, integrando a força de
trabalho da indústria e dos serviços.
Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego e não conseguem se reciclar, mas é dele que
a sociedade extrai sua prosperidade. É o velho fazer mais com menos.
A internet, com sua incrível capacidade de conectar pessoas, abriu novos veios de ineficiências a eliminar. Se você tem
um carro e não é chofer de praça nem caixeiro viajante, ele passa a maior parte do dia parado, o que é uma ineficiência.
Se você tem um imóvel vago ou mesmo um dormitório que ninguém usa, está sendo improdutivo. O mesmo vale para
outros apetrechos que você possa ter, mas são subutilizados. Os aplicativos de compartilhamento, ao ligar de forma
instantânea demandantes a ofertantes, permitem à sociedade fazer muito mais com aquilo que já foi produzido
(carros, prédios, tempo disponível etc.), que é outro jeito de dizer que ela fica mais rica.
É claro que isso só dá certo se não forem criadas regulações desnecessárias que embaracem os acertos voluntários
entre as partes. A burocratização da oferta de serviços de aplicativos torna-os indistinguíveis. Dá para descrever isso
como a destruição de riqueza.
(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. 31.10.2017. Adaptado)
b) Quem abandonou a roça foi para cidades, integrando a força de trabalho da indústria e dos serviços.
c) Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego...
d) O mesmo vale para outros apetrechos que você possa ter, mas são subutilizados.
Black Friday? Levantamento feito pela Folha* mostrou que boa parte dos “descontos” oferecidos nesta sexta-feira não
passa de manipulações até meio infantis de preços, com o objetivo de iludir o consumidor.
Antes, porém, de imprecar contra a ganância dos capitalistas, convém perguntar se os consumidores não desejam ser
enganados. E há motivos para acreditar que pelo menos uma parte deles queira.
No recém-lançado Dollars and Sense (dinheiro e juízo), Dan Ariely e Jeff Kreisler relatam um experimento natural que
mostra que pessoas podem optar por ser “ludibriadas” voluntariamente e que, em algum recôndito do cérebro, isso faz
sentido.
A JCPenney é uma centenária loja de departamentos dos EUA que se celebrizou por jogar seus preços na lua para
depois oferecer descontos “irresistíveis”. Ao fim e ao cabo, os preços efetivamente praticados estavam em linha com os
da concorrência, mas os truques utilizados proporcionavam aos consumidores a sensação, ainda que ilusória, de ter
feito um bom negócio, o que lhes dava prazer.
Em 2012, o então novo diretor executivo da empresa Ron Johnson, numa tentativa de modernização, resolveu acabar
com a ginástica de remarcações e descontos e adotar uma política de preços “justa e transparente”.
Os clientes odiaram. Em um ano, a companhia perdera US$ 985 milhões e Johnson ficou sem emprego. Logo em
seguida, a JCPenney remarcou os preços de vários de seus itens em até 60% para voltar a praticar os descontos
irresistíveis. Como escrevem Ariely e Kreisler, “os clientes da JCPenney votaram com suas carteiras e escolheram ser
manipulados”.
Num mundo em que o cliente sempre tem razão, não é tão espantoso que empresas se dediquem a vender-lhe as
fantasias que deseja usar, mesmo que possam ser desmascaradas com um clique de computador.
* Jornal Folha de São Paulo (‘Caveat emptor’. Hélio Schwartsman. http://www1.folha.uol.com.br/
colunas/helioschwartsman/2017/11/1937658-caveat-emptor.shtml 24.11.2017. Adaptado)
O termo destacado na frase – ... é uma centenária loja de departamentos dos EUA que se celebrizou por jogar seus
preços na lua... – forma uma expressão com sentido de
a) modo.
b) causa.
c) origem.
d) oposição.
e) finalidade.
Sentado no coletivo, observo a roupa que cada um está usando e fico imaginando como escolheu aquele modelito pra
sair de casa.
Tem de tudo. Gente bem vestida, gente de qualquer jeito, bom gosto, mau gosto, roupa limpa, roupa suja.
Toda vez que penso nisso, lembro-me do poeta Paulo Leminski, com quem trabalhei no final dos anos 1980. Leminski
era o que chamamos de “figuraça”. Fazíamos o Jornal de Vanguarda juntos na TV Bandeirantes.
Lema, como o chamávamos, ia trabalhar de qualquer jeito. Uma calça Lee surrada, sem cinto, caindo, camiseta branca
encardida e muitas vezes aparecia na redação de chinelo franciscano.
Um dia, foi surpreendido no corredor da Band pelo comentarista de economia Celso Ming.
– Paulo Leminski, você percebeu que está usando uma meia de cada cor?
Lema levantou ligeiramente sua calça Lee e constatou que Ming – que ele chamava de Dinastia Ming – estava certo.
Não pensou duas vezes e respondeu na lata.
– Dinastia Ming, eu estou me lixando! Acordo, me visto no escuro e só vejo como estou quando chego na rua.
Assinale a alternativa em que a preposição de, em destaque, está empregada em conformidade com a norma-padrão.
b) Ming fez com que Leminski reparasse de que suas meias tinham cores diferentes.
c) Leminski, de quem o autor foi colega na TV Bandeirantes, ia trabalhar com chinelo franciscano.
d) Após notar de que cada meia tinha uma cor diferente, Leminski confessou vestir-se no escuro.
e) Celso Ming, de quem Paulo Leminski trabalhou na TV Bandeirantes, escreve sobre economia.
De patas para o ar
Rafiki é um angolano, filho de uma economista e de um funcionário de multinacional. Veio para o Brasil estudar
medicina e foi surpreendido pela carga de preconceito que encontrou aqui. Já enfrentou o constrangimento de
perceber que pessoas fecham os vidros dos carros nos sinais quando o veem, ou mulheres se agarram a suas bolsas ao
cruzarem com ele na calçada.
O universitário Rafiki mora em um bairro de classe média alta e uma noite, quando estava para entrar em seu prédio, viu
um casal passar por ele, entrar e bater a porta.
O angolano entrou em seguida e encontrou o casal esperando o elevador. Como a mulher o encarava insistentemente,
ele perguntou:
─ Estou sujo? Tem alguma coisa errada comigo? Qual é o problema?
─ Sabe como é hoje em dia, né? A gente tem que ficar ligado...
Quando as pessoas, porém, ficam sabendo que Rafiki é estudante de medicina, mudam a forma de tratá-lo.
Rafiki também não compreende um comportamento que chama sua atenção no Brasil: as pessoas pedirem
informações na rua sem antes dizer “bom dia”, “por favor”, “com licença”. Mas ele não acredita que essa falta de
educação seja maior aqui do que em outros países. A gentileza tem sido pouco valorizada. Rafiki costuma dizer
ultimamente que o mundo todo está de patas para o ar.
(Leila Ferreira. A arte de ser leve. São Paulo: Globo, 2010. Adaptado)
Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: “É de uma pretensão sem
tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever”.
Pois é. Muita gente acredita que, ao contrário de todas as demais atividades humanas, da música à mecânica de
automóveis, do macramê à bocha, a escrita não pode ser ensinada.
Por quê? Porque é especial demais, elevada demais, dizem alguns. É o caso do leitor citado, que completou seu
comentário com esta pérola: “Saber escrever é uma questão de talento, quem não tem, não vai nunca aprender…”
Há os que chegam à mesma conclusão pelo lado oposto, a ilusão de que toda pessoa alfabetizada domina a escrita, e o
resto é joguinho de poder espúrio.
Talento literário é raro mesmo, mas não se trata disso. Também não estamos falando só de correção gramatical e
ortográfica, aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial.
Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é uma
riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e justa.
(Sérgio Rodrigues. Folha de S.Paulo, 07.12.2017)
a) Talento literário é raro mesmo, e onde vivemos é comum ouvir que dificilmente encontramo-lo por aí.
b) Escrever com clareza e precisão é uma riqueza e esta deve-se distribuir de forma igualitária numa sociedade.
c) Me disse um leitor que eu tinha pretensão sem tamanho, ao comentar o que falei sobre o livro de Zinsser.
d) Hoje se entende que só correção gramatical e ortográfica não são qualidades suficientes para uma boa escrita.
e) Poderia-se dizer que a escrita, ao contrário de todas as demais atividades humanas, não pode ser ensinada?
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por
discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque
o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia as bases do comportamento. Como a tecnologia de então
não lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a psicanálise. Cientista que era, contudo, nunca se
apaixonou por suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a afirmar: “A Biologia é realmente um
campo de possibilidades ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais surpreendentes. Portanto, não
podemos imaginar que respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas que formulamos. Talvez essas
respostas venham a ser tais que farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”. Provavelmente, é sua frase menos
citada. Por razões óbvias.
(Galileu, novembro de 2017. Adaptado)
Nos enunciados – … Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las. – e – Como a tecnologia de
então não lhe permitia avançar… –, os termos destacados são
a) acessórios da oração, ambos exercendo a função de adjunto adnominal.
32.VUNESP - PMSP)/2017
A palavra assexuado foi formada com um prefixo de negação, assim como o vocábulo:
a) cruzamento.
b) análise.
c) reprodução.
d) processo.
e) invertebrados.
Briga de irmãos... Nós éramos cinco e brigávamos muito, recordou Augusto, olhos perdidos num ponto X, quase
sorrindo. Isto não quer dizer que nos detestássemos. Pelo contrário. A gente gostava bastante uns dos outros e não
podia viver na separação. Se um de nós ia para o colégio (era longe o colégio, a viagem se fazia a cavalo, dez léguas na
estrada lamacenta, que o governo não consertava.), os outros ficavam tristes uma semana. Depois esqueciam, mas a
saudade do mano muitas vezes estragava o nosso banho no poço, irritava ainda mais o malogro da caça de passarinho:
“Se Miguel estivesse aqui, garanto que você não deixava o tiziu fugir”, gritava Édison. “Você assustou ele falando alto...
Miguel te quebrava a cara”. Miguel era o mais velho, e fora fazer o seu ginásio. Não se sabe bem por que a sua presença
teria impedido a fuga do pássaro, nem ainda por que o tapa no rosto de Tito, com o tiziu já longínquo, teria remediado
o acontecimento. Mas o fato é que a figura de Miguel, evocada naquele instante, embalava nosso desapontamento e
de certo modo participava dele, ajudando-nos a voltar para casa de mãos vazias e a enfrentar o risinho malévolo dos
Guimarães: “O que é que vocês pegaram hoje?” “Nada”. Miguel era deste tamanho, impunha -se. Além disto, sabia
palavras difíceis, inclusive xingamentos, que nos deixavam de boca aberta, ao explodirem na discussão, e que
decorávamos para aplicar na primeira oportunidade, em nossas brigas particulares com os meninos da rua. Realmente,
Miguel fazia muita falta, embora cada um de nós trouxesse na pele a marca de sua autoridade. E pensávamos com
ânsia no seu regresso, um pouco para gozar de sua companhia, outro pouco para aprender nomes feios, e bastante
para descontar os socos que ele nos dera, o miserável.
(Carlos Drummond de Andrade, A Salvação da Alma. Em: O sorvete e outras histórias.)
Assinale a alternativa em que estão destacados, respectivamente, um adjetivo e uma locução adjetiva.
e) …os socos que ele nos dera, o miserável. /… de certo modo participava dele.
Um funcionário do Judiciário que precise encaminhar um documento oficial a um juiz iniciará seu texto da seguinte
forma:
a) Ilustríssimo Juiz, segue o relatório para que Vossa Excelência analise a necessidade ou não de incluir novas
informações.
b) Juiz, segue o relatório para que Sua Excelência analiseis a necessidade ou não de incluir novas informações.
c) Senhor Juiz, segue o relatório para que Vossa Excelência analise a necessidade ou não de incluir novas informações.
d) Senhor Juiz, segue o relatório para que Sua Excelência analise a necessidade ou não de incluir novas informações.
e) Sua Excelência Senhor Juiz, segue o relatório para Vossa Excelência analisar a necessidade ou não de incluir novas
informações.
a) A dispensa de servidores onde o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
b) A dispensa de servidores que o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
c) A dispensa de servidores cujo desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
d) A dispensa de servidores o qual o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
e) A dispensa de servidores aonde o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
Assinale a alternativa em que o pronome em destaque está empregado com o mesmo sentido de posse que tem o
pronome “lhe”, na passagem – Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-
lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...
a) Chegou-nos a notícia do desaparecimento do helicóptero.
Assinale a alternativa em que, na expressão destacada, o termo “o” está empregado como pronome demonstrativo.
Muita gente não gosta de Floriano Peixoto, o “Marechal de Ferro”. Em 1892, um senador-almirante e políticos
sediciosos _______. Ele avisara: “Vão discutindo, que eu vou mandando prender”. Encheu a cadeia, e o advogado Rui
Barbosa bateu às portas do Supremo Tribunal Federal para ________. Floriano avisou: “Se os juízes
concederem habeas corpus aos políticos, eu não sei quem amanhã ________ o habeas corpus de que, por sua vez,
necessitarão”.
(Élio Gaspari. Folha de S.Paulo, 11.12.2016. Adaptado)
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
39. INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
a) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
c) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
d) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
40. INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
a) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
b) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
c) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
d) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
e) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
41. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
b) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
c) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
42. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
43. INÉDITA
a) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia iludir seus
fiéis eleitores.
b) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a quem não
dispõe de equilíbrio emocional.
c) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em verdades
desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
d) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
e) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
44. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
Questões Comentadas
Atendendo ao emprego e à colocação dos pronomes determinados pela norma-padrão, a expressão destacada pode
ser substituída pela expressão entre parênteses na alternativa:
a) Para algumas pessoas, Sully deveria pousar o avião em LaGuardia ou Teterboro. (deveria pousá- -lo)
b) O filme de Eastwood motivou o jornalista a reler um ensaio filosófico que o marcou. (motivou-lhe)
c) Oakeshott está entre os filósofos que estudaram tendências intelectuais do Renascimento. (estudaram-nas)
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A - CERTA - O termo "o avião" funciona como objeto direto da forma verbal "pousar". Pode ser, assim,
substituído pelo oblíquo átono "o", resultando na seguinte construção: deveria pousá-lo (pousar + o).
ALTERNATIVA B - ERRADA - O termo "o jornalista" funciona como objeto direto da forma verbal "motivou". Pode ser,
assim, substituído pelo oblíquo átono "o", resultando nas seguintes construções: "motivou-o" ou "o motivou" .
ALTERNATIVA C - ERRADA - O termo "tendências intelectuais do Renascimento" funciona como objeto direto da
forma verbal "motivou". Pode ser, assim, substituído pelo oblíquo átono "as", que deve ser posicionado antes do verbo,
pois é atraído pelo fator de próclise - o pronome relativo "que". O resultando é construção: que as estudaram.
ALTERNATIVA D - ERRADA - O termo "155 passageiros" funciona como objeto direto da forma verbal "salvou". Pode
ser, assim, substituído pelo oblíquo átono "os", resultando nas seguintes construções: "os salvou" ou "salvou-os".
ALTERNATIVA E - ERRADA - O termo "imprudência criminosa" funciona como objeto direto da forma verbal
"configurava". Pode ser, assim, substituído pelo oblíquo átono "a", que deve ser posicionado antes do verbo, pois é
atraído pelo fator de próclise - o advérbio "provavelmente". O resultando é construção: provavelmente a configurava.
Resposta: A
Ou o gesto revelou uma imprudência criminosa, sobretudo quando existiam opções mais sensatas? (2° parágrafo)
... mesmo que os ensinamentos da prática não possam ser apresentados com rigor cartesiano. (6° parágrafo)
... contra toda a arrogância da modernidade, mostrava como a nossa imperfeição pode ser, às vezes, uma forma de
salvação. (último parágrafo)
As expressões destacadas apresentam, correta e respectivamente, as circunstâncias adverbiais de
RESOLUÇÃO
Já "com rigor cartesiano" expressa a ideia de modo. Note que a pergunta vinda da forma verbal é "... possam ser
apresentados COMO?".
Por fim, a expressão "às vezes" sinaliza a frequência, ou seja, possui valor adverbial de tempo.
Resposta: E
Na frase do último quadrinho “Pra ser bem sincero, gostaria de esclarecer bem essa questão...”, o termo “bem” é
empregado para modificar o sentido dos nomes a que se refere, imprimindo-lhes, respectivamente, circunstância de
a) intensidade e de modo.
b) afirmação e de dúvida.
c) dúvida e de negação.
d) modo e de afirmação.
e) tempo e de intensidade.
RESOLUÇÃO
Já "bem", na sua segunda aparição, expressa a ideia de modo. Note que a pergunta vinda da forma verbal é "... gostaria
de esclarecer COMO?".
Resposta: A
Entre as diversas facilidades com que os estonianos podem contar, o país oferece aos estonianos transporte gratuito.
Quanto a tratamento médico, o governo tem incluído tratamento médico entre os benefícios disponíveis para a
população e, tratando-se de quase 50% de economia, geralmente garante a economia de quase 50% para quem
precisa de remédios.
De acordo com as regras de emprego e de colocação dos pronomes estabelecidos pela norma-padrão, as expressões
destacadas na frase podem ser substituídas por
a) oferece-lhes ... tem incluído-o ... a garante
RESOLUÇÃO
O termo "aos estonianos" funciona como objeto indireto da forma verbal "oferece". Pode ser, assim, substituído pelo
oblíquo átono "lhes", que pode ser posicionado antes ou depois do verbo, haja vista que não há restrição alguma
quanto à colocação pronominal. Eliminam-se as letras D e E.
Já o termo "tratamento médico" funciona como objeto direto da forma verbal "tem incluído". Pode ser, assim,
substituído pelo oblíquo átono "o". Elimina-se a letra A, pois o pronome oblíquo está posicionado após particípio, o que
não é permitido pela norma culta.
Por fim, o termo "a economia de quase 50%" funciona como objeto direto da forma verbal "garante". Pode ser, assim,
substituído pelo oblíquo átono "a", que deve ser posicionado antes do verbo, haja vista que é atraído pelo fator de
próclise - o advérbio "geralmente". Elimina-se a letra C.
Resposta: B
Assinale a alternativa em que o termo destacado atribui uma qualidade à palavra anterior.
RESOLUÇÃO
Na letra A, a palavra "médica" atua como substantivo. Note que está determinada pleno artigo "uma".
Na letra B, a palavra "marido" atua como substantivo. Note que está determinada pleno artigo "o", presente na
contração "pelo".
Na letra C, o termo "adiante" atua como advérbio, modificando a forma verbal "levar".
Na letra D, a palavra "admiração" atua como substantivo. Note que está determinada pleno pronome indefinido
"qualquer".
Na letra E, temos em "infinitas" um adjetivo modificador do substantivo "oportunidades".
Resposta: E
Assinale a alternativa que reescreve passagem do texto em consonância com a norma-padrão de emprego e colocação
de pronome.
a) Existe, hoje, livro para ser ouvido que principalmente identifica-se pelo nome em inglês.
b) Havia fronteiras, mas a partir dos nichos dedicados à deficiência visual, os volumes de viva voz extrapolaram-lhes.
c) Seriam mais de 44000 títulos lançados anualmente nos Estados Unidos, aos quais teria-se acesso.
d) Foi proposta uma emenda autorizando a Biblioteca do Congresso a entrar no negócio; aprovaram-na os
deputados e senadores.
e) Os lançamentos de audiobooks superam os de volumes em capa dura, que também não comparam-se com
aqueles em preço.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A - ERRADA - Deve-se empregar o pronome SE antes do verbo, haja vista que ele é atraído pelo fator
de próclise - o advérbio "principalmente".
A frase corrigida ficaria assim: Existe, hoje, livro para ser ouvido que principalmente se identifica pelo nome em inglês.
ALTERNATIVA B - ERRADA - O verbo "extrapolar" pede objeto direto como complemento (quem extrapola extrapola
ALGO). Logo, deve-se empregar o pronome "os", e não o "lhes".
A frase corrigida ficaria assim: Havia fronteiras, mas a partir dos nichos dedicados à deficiência visual, os volumes de
viva voz os extrapolaram (ou extrapolaram-nos).
ALTERNATIVA C - ERRADA - Não se emprega ênclise com verbo no futuro (do presente ou do pretérito). Dessa
forma, deve-se empregar a próclise, até mesmo porque temos o fator de próclise - o pronome relativo "os quais".
ALTERNATIVA D - CERTA - O verbo "aprovar" pede objeto direto (quem aprova aprova ALGO). Dessa forma,
devemos empregar o pronome oblíquo "a", resultando na construção "aprovaram-na" (aprovaram + a).
ALTERNATIVA E - ERRADA - Devemos empregar o pronome SE antes do verbo, haja vista que temos um fator de
próclise - a palavra negativa "não".
Resposta: D
Assinale a alternativa em que a expressão entre colchetes substitui a destacada, de acordo com a norma-padrão de
emprego e colocação de pronome.
a) ... parecem ser atitudes que exigem o desafio da vontade férrea [exigem-no]
c) ... um caçador coletor que passou a vida errando em uma pequena área [passou ela]
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A - ERRADA - O verbo "exigir" está solicitando objeto direto. Na redação proposta, corretamente se
substituiu esse complemento pelo oblíquo "o". O erro se deve à colocação do pronome. Deve-se posicioná-lo antes do
verbo, haja vista que temos o fator de próclise - o pronome relativo "que".
A frase corrigida ficaria assim: ... parecem ser atitudes que o exigem.
ALTERNATIVA B - ERRADA - O verbo "invadir" está solicitando objeto direto. Na redação proposta, corretamente se
substituiu esse complemento pelo oblíquo "a". O erro se deve à colocação do pronome. Deve-se posicioná-lo antes do
verbo, haja vista que temos o fator de próclise - a conjunção subordinativa "que" -, que exerce atração remota. O fato
de haver termo intercalado não isolado por vírgulas entre o fator de próclise e o verbo não impede a próclise. A banca,
pelo visto, não atentou para esse fato.
A frase corrigida ficaria assim: Deixar que sentidos mais amplos a invadam.
ALTERNATIVA C - ERRADA - O verbo "passar" está solicitando objeto direto. Dessa forma, deveria ter sido empregada
a forma pronominal "a" para se substituir o complemento.
A frase corrigida ficaria assim: ... um caçador coletor que a passou errando em uma pequena área.
ALTERNATIVA D - ERRADA - O verbo "analisar" está solicitando objeto direto. Dessa forma, deveria ter sido
empregada a forma pronominal "as" para se substituir o complemento.
A frase corrigida ficaria assim: ... analisá-las (analisar + as) fora do que está posto.
ALTERNATIVA E - ERRADA - O verbo "resistir" está solicitando objeto indireto. Dessa forma, deveria ter sido
empregada a forma pronominal "lhe" ou a construção "a ela" para se substituir o complemento.
A frase corrigida ficaria assim: Resistir a ela é um desafio.
Resposta: B
Os termos destacados em
• ... devem ser administrados com cautela nesses pacientes. (1º parágrafo)
• ... contém corantes que podem, eventualmente, causar reações alérgicas. (3º parágrafo)
• ... a segurança e eficácia foram comprovadas mesmo em pacientes acima de 65 anos. (7º parágrafo)
RESOLUÇÃO
A locução adverbial "com cautela" imprime uma ideia de modo à construção verbal "devem ser administrados". Note
que a pergunta vinda do verbo é COMO.
Já o advérbio "eventualmente" traz consigo a ideia de tempo. Significa "de vez em quando".
Por fim, a palavra denotativa "mesmo" transmite uma ideia de inclusão. Pode ser substituída por "inclusive".
Resposta: C
Assinale a alternativa que apresenta livre reescrita de um trecho do texto de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa quanto ao emprego e à colocação do pronome.
a) Quanto a uma parte dos adultos nos Estados Unidos e no Reino Unido, atinge-lhes uma doença crônica.
c) As baixas taxas de adesão dos pacientes ao tratamento não produzem-lhes resultados mais efetivos.
d) É preciso observar o grau de confiança do doente em seu médico. Reforçá-lo é fundamental para o tratamento.
e) Quando julgam-na inativa, pela ausência de dor, a doença passa a agir silenciosamente.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A - ERRADA - O verbo "atingir" solicita objeto direto (quem atinge atinge alguém). Dessa forma, deve-
se empregar a forma pronominal "os", para se substituir esse complemento.
A frase corrigida ficaria assim: Quanto a uma parte dos adultos nos Estados Unidos e no Reino Unido, atinge-os uma
doença crônica.
ALTERNATIVA B - ERRADA - Não se pode iniciar frase com pronome oblíquo, daí o erro na redação proposta.
A redação corrigida ficaria assim: A gota tem relação com os cristais de urato. Produzem-nos (Produzem + os) o
organismo do paciente.
ALTERNATIVA C - ERRADA - Deve-se empregar o pronome oblíquo antes do verbo, haja vista que temos um fator de
próclise - a palavra negativa "não".
A frase corrigida ficaria assim: As baixas taxas de adesão dos pacientes ao tratamento não lhes produzem resultados
mais efetivos.
ALTERNATIVA D - CERTA - De fato! O verbo "reforçar" solicita objeto direto e este está corretamente substituído na
frase pelo oblíquo "o", resultando na construção "reforçá-lo" (reforçar + o).
ALTERNATIVA E - ERRADA - Deve-se empregar o pronome oblíquo antes do verbo, haja vista que temos um fator de
próclise - a conjunção subordinativa "quando".
A frase corrigida ficaria assim: Quando a julgam inativa, pela ausência de dor, a doença passa a agir silenciosamente.
Resposta: D
RESOLUÇÃO
A frase corrigida ficaria assim: Anunciou-se pelos cartazes que estrearia uma excelente companhia dramática.
A frase corrigida ficaria assim: Tinha-se falado na vinda da companhia, mas ninguém tinha certeza disso.
ALTERNATIVA C - ERRADA - O advérbio "Evidentemente" atua como fator de próclise, obrigando o pronome oblíquo
a se posicionar antes do verbo.
A frase corrigida ficaria assim: Evidentemente se certificaram todos de que a companhia anunciada era a melhor.
ALTERNATIVA D - ERRADA - O pronome indefinido e, ao mesmo tempo palavra negativa, "Ninguém" atua como fator
de próclise, obrigando o pronome oblíquo a se posicionar antes do verbo.
A frase corrigida ficaria assim: Ninguém se dizia totalmente certo de que a companhia de teatro viesse à cidade.
ALTERNATIVA E - CERTA - Após pausa, deve-se empregar a ênclise, resultando na construção "confirmava-se".
Resposta: E
Na frase do quinto parágrafo – Tal receptividade decerto não elimina... –, o advérbio destacado estabelece relação de
sentido de
a) dúvida e pode ser substituído por “possivelmente”.
RESOLUÇÃO
Resposta: C
Assinale a alternativa em que a frase está reescrita em conformidade com a norma-padrão da língua com a expressão
sublinhada substituída por um pronome
a) Em seu artigo supostamente sério, Sokal fazia crítica à ciência e ao bom senso. Em seu artigo supostamente
sério, Sokal fazia-os crítica.
b) Sokal queria que seu artigo inspirasse seriedade aos leitores da revista. Sokal queria que seu artigo os inspirasse
seriedade.
c) O livro de Sokal e Bricmont deixou os criticados e seus seguidores irados. O livro de Sokal e Bricmont lhes deixou
irados.
d) Acusaram Sokal e Bricmont de tudo o que há de mau e pior. Acusaram-nos de tudo o que há de mau e pior.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A - ERRADA - O termo "à ciência e ao bom senso" atua como objeto indireto do verbo "fazer". Deve ser
representando, portanto, pelo oblíquo átono "lhes" ou pelo oblíquo tônico "a eles".
A frase corrigida ficaria assim: Em seu artigo supostamente sério, Sokal fazia-lhes ( fazia a eles) crítica.
ALTERNATIVA B - ERRADA - O termo "aos leitores da revista" atua como objeto indireto do verbo "inspirar". Deve ser
representando, portanto, pelo oblíquo átono "lhes" ou pelo oblíquo tônico "a eles".
A frase corrigida ficaria assim: Sokal queria que seu artigo lhes inspirasse (inspirasse a eles) seriedade.
ALTERNATIVA C - ERRADA - O termo "os criticados e seus seguidores" atua como objeto direto do verbo "deixar".
Deve ser representando, portanto, pelo oblíquo átono "os".
A frase corrigida ficaria assim: O livro de Sokal e Bricmont os deixou irados.
ALTERNATIVA D - CERTA - O termo "Sokal e Bricmont" atua como objeto direto do verbo "acusar". Deve ser
representando, portanto, pelo oblíquo átono "os", resultando na construção "Acusaram-nos (= Acusaram + os)".
ALTERNATIVA E - ERRADA - O termo "generalizações indevidas e extrapolações indesejadas" atua como objeto
direto do verbo "evitar". Deve ser representando, portanto, pelo oblíquo átono "as".
A frase corrigida ficaria assim: Os autores evitam-nas (as evitam).
Resposta: D
A alternativa em que a colocação dos pronomes está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa está em:
b) Nunca espera-se que um filho não obedeça aos pais desde pequeno.
c) Não se sabe por que alguns pais não conseguem impor limite aos filhos.
RESOLUÇÃO
A frase corrigida ficaria assim: Informaram-nos que aquelas crianças estavam brincando no parque.
ALTERNATIVA B - ERRADA - O pronome "se" deve ser posicionado antes da forma verbal "espera", haja vista que ele é
atraído pelo fator de próclise - a palavra negativa e o advérbio "Nunca".
A frase corrigida ficaria assim: Nunca se espera que um filho não obedeça aos pais desde pequeno.
ALTERNATIVA C - CERTA - O oblíquo átono "se" está corretamente posicionado antes do verbo, haja vista que é
atraído pelo fator de próclise - a palavra negativa "não".
ALTERNATIVA D - ERRADA - O pronome "lhe" deve ser posicionado antes da forma verbal "indiquem", haja vista que
ele é atraído pelo fator de próclise - a locução conjuntiva concessiva "Mesmo que".
A frase corrigida ficaria assim: Mesmo que lhe indiquem algum psicólogo, ele não irá procurá-lo.
ALTERNATIVA E - ERRADA - O pronome "se" deve ser posicionado antes da forma verbal "conformam", haja vista
que ele é atraído pelo fator de próclise - a palavra negativa e o advérbio "Jamais".
A frase corrigida ficaria assim: Filhos mal-educados jamais se conformam com as frustrações.
Resposta: C
A indústria do fumo desenvolveu uma estratégia demoníaca __________ é __________ lucros imorais.
RESOLUÇÃO
Note que existe uma relação de posse entre "objetivo" e "estratégia" - objetivo da estratégia.
Para se fazer menção à ideia de posse por meio de pronome relativo, é inescapável o emprego do pronome "cujo" e
suas variações.
Dessa forma, a primeira lacuna deve ser preenchida com a forma "cujo", havendo concordância com o termo
subsequente "objetivo".
Já a segunda lacuna deve ser preenchida com o objeto indireto do verbo "assegurar" - quem assegura assegura A
ALGUÉM algo.
Dessa forma, como fazemos menção à indústria do fumo, podemos representar o objeto indireto pelo oblíquo átono
"lhe" ou pela forma oblíqua tônica "a ela".
Feitas essas observações, a única alternativa que as satisfaz é a letra D.
Resposta: D
Assinale a alternativa que traz, respectivamente, um substantivo cujo plural se faz a exemplo de “bem-estar” (termo
presente no 1º primeiro parágrafo); e outro substantivo, destacado em expressão do texto, com sentido de coletivo.
a) Alto-falante / “Quase metade da população mundial não tem acesso...” (6º parágrafo)
RESOLUÇÃO
O composto "bem-estar" é formado pelo advérbio "bem" e o verbo substantivado "estar". Seu plural, portanto, é "bem-
estares", variando-se, assim, apenas o segundo termo.
Precisamos, assim, encontrar um composto em cujo plural haja variação apenas do segundo elemento.
Letra A - CERTA - O composto "alto-falante" é formado pelo advérbio "alto" - invariável - e pelo adjetivo ou
substantivo "falante" - variável. Dessa forma, seu plural se faz com a flexão apenas do segundo elemento, resultando
em "alto-falantes". Além disso, podemos sim considerar o substantivo "população" como coletivo, uma vez que temos
nele a ideia de coleção, "um monte de".
Letra B - ERRADA - O composto "saca-rolha" é formado pelo verbo "saca" - invariável - e pelo substantivo "rolha" -
variável. Dessa forma, seu plural se faz com a flexão apenas do segundo elemento, resultando em "saca-rolhas". No
Ter uma supermemória significa que as memórias são gravadas em detalhes vívidos, o que é fascinante em termos
científicos, mas pode ser uma praga para quem tem a síndrome. Algumas pessoas com HSAM dizem que suas
memórias são muito organizadas, mas Sharrock descreve seu cérebro como “entupido” e diz que reviver memórias lhe
dá dor de cabeça e insônia. Apesar disso, ela aprendeu a tentar usar memórias positivas para superar as negativas: “No
começo de todo mês, eu escolho todas as melhores memórias que tive naquele mês em outros anos”. Reviver
acontecimentos positivos facilita na hora de lidar com as “memórias invasivas” que a fazem se sentir mal.
Considere a seguinte passagem:
Reviver acontecimentos positivos facilita na hora de lidar com as “memórias invasivas” que a fazem se sentir mal.
De acordo com a norma-padrão da língua, a lacuna que deve ser preenchida com o mesmo pronome destacado na
passagem do texto está em:
a) A supermemória de Sharrock é o que __ diferencia das demais pessoas.
e) Sharrock conta que suas memórias podem __ provocar dor de cabeça e insônia.
RESOLUÇÃO
COMENTÁRIOS: Primeiramente, é imperioso ressaltar que, no trecho indicado, o pronome oblíquo A – sujeito de
infinitivo (sentir-se ou se sentir) – é o termo pronominal oblíquo átono que deverá ser também usado corretamente em
uma das opções.
ALTERNATIVA A: OPÇÃO CORRETA. “A supermemória de Sharrock é o que A diferencia das demais pessoas.” É o
único pronome que cabe consoante a norma-padrão da língua.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. “Sharrock lembra-se dos presentes que LHE deram no seu primeiro
aniversário”. LHE = A ELA (Objeto indireto)
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. “Sharrock confessa que a supermemória nem sempre LHE traz boas
sensações.” LHE = A ELA (Objeto indireto)
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. “A supermemória de Sharrock permite LHE reviver experiências com
intensidade. LHE = A ELA (Objeto indireto)
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. “Sharrock conta que suas memórias podem provocar-LHE dor de cabeça e
insônia.” LHE = NELA (Objeto indireto)
Resposta: A
Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no português extremamente culto e correto que é falado pelos
personagens da novela. Com frases que parecem retiradas de um romance antigo, mesmo nos momentos mais banais,
os personagens se expressam de maneira correta e erudita.
Ao UOL, o autor da novela, Alcides Nogueira, diz que o linguajar de seus personagens é um ponto que leva a novela a
se destacar. “Não tenho nada contra a linguagem coloquial, ao contrário. Acho que a língua deve ser viva e usada em
sintonia com o nosso tempo. Mas colocar um português bastante culto torna a narrativa mais coerente com a época da
trama. Fora isso, é uma oportunidade de o público conhecer um pouco mais dessa sintaxe poucas vezes usada
atualmente”.
O escritor, que assina o texto da novela das 18h ao lado de Bia Corrêa do Lago, conta que a decisão de imprimir um
português erudito à trama foi tomada por ele e apoiada pelo diretor artístico, Jayme Monjardim. Ele revela que toma
diversos cuidados na hora de escrever o texto, utilizando, inclusive, o dicionário. “Muitas vezes é preciso recorrer às
gramáticas. No início, o uso do coloquial era tentador. Aos poucos, a escrita foi ficando mais fácil”, afirma Nogueira,
que também diz se inspirar em grandes escritores da literatura brasileira e portuguesa, como Machado de Assis e Eça
de Queiroz.
Para o autor, escutar os personagens falando dessa forma ajuda o público a mergulhar na época da trama de modo
profundo e agradável. Compartilhou-lhe o sentimento Jayme Monjardim, que também explica que a estética delicada
da novela foi pensada para casar com o texto. “É uma novela que se passa no fim dos anos 1920, então tudo foi
pensado para que o público entrasse junto com a gente nesse túnel do tempo. Acho que isso é importante para que o
telespectador consiga se sentir em outra época”, diz.
Considere as passagens:
“... para que o telespectador consiga se sentir em outra época”... (4º parágrafo)
RESOLUÇÃO
COMENTÁRIOS:
1. ... os personagens se expressam de maneira correta e erudita. (1º parágrafo) – o pronome SE, nesse caso, tem valor
de reflexividade haja vista a ideia de que o sujeito assume o papel de agente e de paciente, de dador e de recebedor da
ação verbal.
2. Compartilhou-lhe o sentimento Jayme Monjardim... (4º parágrafo) – o pronome LHE, nesse caso, tem valor ou ideia
de posse, equivalendo a SEU ou DELE: Jayme Monjardim compartilhou SEU sentimento ou o sentimento DELE.
3. “... para que o telespectador consiga se sentir em outra época”... (4º parágrafo) – o pronome SE, nesse caso, tem
valor de reflexividade haja vista a ideia de que o sujeito assume o papel de agente e de paciente, de dador e de
recebedor da ação verbal.
Resposta: A
Marieta
Sei que é falta de educação (mas pouca gente sabe hoje o que quer dizer falta de educação, ou mesmo educação) falar
em idade de mulher.
São múltiplas as teorias sobre idade feminina. Eu envelheceria ainda mais, se fosse anotar aqui todos os conceitos
alusivos a essa matéria; enquanto isso, as mulheres ficariam cada vez mais jovens. Depois, não estou interessado em
compendiar a incerta sabedoria em torno do tema incerto. Meu desejo é só este: contar a idade de Marieta, por
estranho que pareça.
E não é nada estranho, afinal. Marieta fazer 90 anos é tão simples quanto ela fazer 15. No fundo, está fazendo seis
vezes 15 anos, esta é talvez sua verdadeira idade, por uma graça da natureza que assim o determinou e assim o fez.
Privilégio.
Ah, Marieta, que inveja eu sinto de você, menos pelos seus 90, perdão, 6 x 15 anos, do que pelo sinal que iluminou seu
nascimento, sinal de alegria serena, de firmeza e constância, de leve compreensão da vida, que manda chorar quando é
hora de chorar, rir o riso certo, curtir uma forma de amor com a seriedade e a naturalidade que todo amor exige.
Sei não, Marieta (de batismo e certidão, Maria Luísa), mas você é a mais agradável combinação de gente com gente
que eu conheço.
(Carlos Drummond de Andrade, Boca de Luar. Adaptado)
Sei que é falta de educação (mas pouca gente sabe hoje o que quer dizer falta de educação, ou mesmo educação)
falar em idade de mulher.
Assinale a alternativa em que os trechos destacados estão, pela ordem, redigidos de acordo com a norma-
padrão de emprego de pronomes e em consonância com o sentido do texto.
a) revelá-la a idade / o que isto quer dizer
RESOLUÇÃO:
COMENTÁRIOS:
1. “Não resisto à tentação de revelar a idade de Marieta.” Revelar-LHE a idade, ou seja, “não resisto à tentação de
revelar a SUA idade (de Marieta) ou a idade DELA (de Marieta), em que o LHE tem valor de posse.
2. “Sei que é falta de educação (mas pouca gente sabe hoje o que quer dizer falta de educação, ou mesmo educação)
falar em idade de mulher.” O que ISSO quer dizer”, em que ISSO pronome demonstrativo anafórico – alude a termo já
anunciado anteriormente (falta de educação)
Resposta: E
Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: “É de uma pretensão sem
tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever”.
Pois é. Muita gente acredita que, ao contrário de todas as demais atividades humanas, da música à mecânica de
automóveis, do macramê à bocha, a escrita não pode ser ensinada.
Por quê? Porque é especial demais, elevada demais, dizem alguns. É o caso do leitor citado, que completou seu
comentário com esta pérola: “Saber escrever é uma questão de talento, quem não tem, não vai nunca aprender…”
Há os que chegam à mesma conclusão pelo lado oposto, a ilusão de que toda pessoa alfabetizada domina a escrita, e o
resto é joguinho de poder espúrio.
Talento literário é raro mesmo, mas não se trata disso. Também não estamos falando só de correção gramatical e
ortográfica, aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial.
Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é uma
riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e justa.
(Sérgio Rodrigues. Folha de S.Paulo, 07.12.2017)
RESOLUÇÃO
COMENTÁRIOS: Primeiramente, é imperioso ressaltar que o ADVÉRBIO se relaciona com o VERBO, com o ADJETIVO
e com outro ADVÉRBIO.
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. Muita gente acredita que, ao contrário de todas as demais atividades
humanas…” MUITA se relaciona com o substantivo “gente”, sendo, pois, um pronome indefinido adjetivo.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA “Porque é especial demais, elevada demais, dizem alguns”. DEMAIS se
relaciona com o adjetivo “especial”, sendo, pois, advérbio, mas carrega valor de “intensidade”, e não de afirmação
conforme indica a questão.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. “… quem não tem, não vai nunca aprender…”. NUNCA se relaciona com o
verbo “aprender”, é, pois, advérbio, mas carrega valor de tempo, e não de afirmação conforme indica a questão.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. “Há os que chegam à mesma conclusão pelo lado oposto…”. MESMA se
relaciona com “conclusão” (substantivo), não é, pois, advérbio, mas pronome demonstrativo adjetivo.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO CORRETA. “Talento literário é raro mesmo, mas não se trata disso.”. O termo MESMO se
relaciona com o adjetivo “raro” e carrega a ideia de afirmação, sendo, pois, advérbio: é VERDADEIRAMENTE raro ou é
raro MESMO.
Resposta: E
Black Friday? Levantamento feito pela Folha* mostrou que boa parte dos “descontos” oferecidos nesta sexta-feira não
passa de manipulações até meio infantis de preços, com o objetivo de iludir o consumidor.
Antes, porém, de imprecar contra a ganância dos capitalistas, convém perguntar se os consumidores não desejam ser
enganados. E há motivos para acreditar que pelo menos uma parte deles queira.
No recém-lançado Dollars and Sense (dinheiro e juízo), Dan Ariely e Jeff Kreisler relatam um experimento natural que
mostra que pessoas podem optar por ser “ludibriadas” voluntariamente e que, em algum recôndito do cérebro, isso faz
sentido.
A JCPenney é uma centenária loja de departamentos dos EUA que se celebrizou por jogar seus preços na lua para
depois oferecer descontos “irresistíveis”. Ao fim e ao cabo, os preços efetivamente praticados estavam em linha com os
da concorrência, mas os truques utilizados proporcionavam aos consumidores a sensação, ainda que ilusória, de ter
feito um bom negócio, o que lhes dava prazer.
Em 2012, o então novo diretor executivo da empresa Ron Johnson, numa tentativa de modernização, resolveu acabar
com a ginástica de remarcações e descontos e adotar uma política de preços “justa e transparente”.
Os clientes odiaram. Em um ano, a companhia perdera US$ 985 milhões e Johnson ficou sem emprego. Logo em
seguida, a JCPenney remarcou os preços de vários de eus itens em até 60% para voltar a praticar os descontos
irresistíveis. Como escrevem Ariely e Kreisler, “os clientes da JCPenney votaram com suas carteiras e escolheram ser
manipulados”.
Num mundo em que o cliente sempre tem razão, não é tão espantoso que empresas se dediquem a vender-lhe as
fantasias que deseja usar, mesmo que possam ser desmascaradas com um clique de computador.
e) modo, e pode ser corretamente substituído pela expressão “de maneira espontânea”.
RESOLUÇÃO:
COMENTÁRIOS: Em “pessoas podem optar por ser “ludibriadas” voluntariamente, o vocábulo-advérbio carrega ideia
ou valor de modo, com o sentido de “espontaneamente, de modo espontâneo”, o que se confirma com a pergunta e
com a resposta respectivas: COMO? ASSIM, desse modo. Ressalte-se que não há qualquer valor de “às pressas”, como
indica a opção A.
Resposta: E
A última crônica
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade, estou adiando o
momento de escrever.
A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco no
cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da
convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer
nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador. Sem mais nada para contar,
curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso de um poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu
último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos
que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim, um casal acaba de sentar-se numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de
espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma
menininha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa. Três
seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém,
que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom e aponta
no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para
atendê-lo. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo
com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A menininha olha a garrafa de refrigerante e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Vejo que os três, pai, mãe e
filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira
qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um
animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve o refrigerante, o pai
risca o fósforo e acende as velas. A menininha sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater
palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “parabéns pra você,
parabéns pra você...”. A menininha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher
está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre
os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito,
a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba
sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
Assinale a alternativa que indica, corretamente, entre parênteses, a circunstância presente na expressão destacada no
trecho do texto.
a) O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso... (causa)
d) São três velinhas brancas que a mãe espeta caprichosamente na fatia de bolo. (modo)
RESOLUÇÃO:
COMENTÁRIOS: Primeiramente, é imperioso ressaltar que o ADVÉRBIO se relaciona com o VERBO, com o ADJETIVO
e com outro ADVÉRBIO.
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. “que discretamente retirou do bolso”, vê-se que o advérbio em destaque se
relaciona com o verbo “retirou” emprestando a ele ideia ou valor de MODO. Retirou COMO?
ASSIM=DISCRETAMENTE.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. “A meu lado o garçom encaminha”, a expressão adverbial em destaque se
relaciona com o verbo “encaminhou” emprestando a ele ideia ou valor de LUGAR. Retirou ONDE? ASSIM=A MEU
LADO.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. “a menininha sopra com força”, a expressão adverbial em destaque se
relaciona com o verbo “sopra” emprestando a ele ideia ou valor de MODO. Sopra COMO? ASSIM = COM FORÇA.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO CORRETA. “a mãe espeta caprichosamente na fatia de bolo”, vê-se que o advérbio em
destaque se relaciona com o verbo “espeta”, emprestando a ele ideia ou valor de MODO. Espeta COMO?
ASSIM=CAPRICHOSAMENTE.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. “põe-se a bater palmas, muito compenetrada”, vê-se que o advérbio em
destaque se relaciona com o adjetivo “compenetrada” emprestando a ele ideia ou valor de INTENSIDADE. QUÃO
compenetrada? COM QUE INTENSIDADE compenetrada? MUITO compenetrada.
Resposta: D
De patas para o ar
Rafiki é um angolano, filho de uma economista e de um funcionário de multinacional. Veio para o Brasil estudar
medicina e foi surpreendido pela carga de preconceito que encontrou aqui. Já enfrentou o constrangimento de
perceber que pessoas fecham os vidros dos carros nos sinais quando o veem, ou mulheres se agarram a suas bolsas ao
cruzarem com ele na calçada.
O universitário Rafiki mora em um bairro de classe média alta e uma noite, quando estava para entrar em seu prédio, viu
um casal passar por ele, entrar e bater a porta.
O angolano entrou em seguida e encontrou o casal esperando o elevador. Como a mulher o encarava insistentemente,
ele perguntou:
─ Estou sujo? Tem alguma coisa errada comigo? Qual é o problema?
─ Sabe como é hoje em dia, né? A gente tem que ficar ligado...
Quando as pessoas, porém, ficam sabendo que Rafiki é estudante de medicina, mudam a forma de tratá-lo.
Rafiki também não compreende um comportamento que chama sua atenção no Brasil: as pessoas pedirem
informações na rua sem antes dizer “bom dia”, “por favor”, “com licença”. Mas ele não acredita que essa falta de
educação seja maior aqui do que em outros países. A gentileza tem sido pouco valorizada. Rafiki costuma dizer
ultimamente que o mundo todo está de patas para o ar.
(Leila Ferreira. A arte de ser leve. São Paulo: Globo, 2010. Adaptado)
a) modo.
b) tempo.
c) negação.
d) lugar.
e) dúvida.
RESOLUÇÃO:
COMENTÁRIOS: Em “Como a mulher o encarava insistentemente”, vê-se claramente a relação estabelecida entre o
advérbio INSISTENTEMENTE e o verbo ENCARAVA, bem assim a ideia ou valor de MODO que tal advérbio empresta ao
processo verbal: ENCARAVA COMO, DE QUE MODO? Assim, desse modo, insistentemente.
Resposta: A
Assunto: Advérbio
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por
discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque
Nos trechos – … Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui… – ; – … nunca se apaixonou por suas ideias… – ;
– A Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas… – e – Provavelmente, é sua frase menos citada. –, os
advérbios destacados expressam, correta e respectivamente, circunstância de:
a) lugar; tempo; modo; afirmação.
RESOLUÇÃO:
COMENTÁRIOS:
1. “Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui…. – o advérbio AQUI se relaciona com o verbo “esteja” e
carrega valor de LUGAR: não esteja ONDE? AQUI.
2. “… nunca se apaixonou por suas ideias…” - NUNCA se relaciona com o verbo “apaixonar-se”, e carrega valor de
tempo: QUANDO, EM QUE TEMPO? NUNCA.
3. “A Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas…” – o advérbio REALMENTE se relaciona com o
verbo SER e carrega ideia ou valor de afirmação: A Biologia é VERDADEIRAMENTE/DE FATO/CERTAMENTE um
campo...
4. “e – Provavelmente, é sua frase menos citada.” - O advérbio em destaque carrega valor ou ideia de dúvida,
possibilidade.
Resposta: B
Muitos adjetivos, permanecendo imóveis na sua flexão de gênero e número, podem passar a funcionar como advérbio.
O critério formal de diferenciação das duas classes de modificador é a variabilidade do primeiro e a invariabilidade do
segundo.
(Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Adaptado)
A análise do autor, citando o contexto em que um adjetivo pode funcionar como advérbio, está exemplificada com o
termo destacado na seguinte passagem:
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. “é o principal fator de dissuasão”, se pluralizarmos os termos, teremos “são
os principais fatores”, ou seja, o termo em destaque variou de número, é, pois, adjetivo por concordar com o
substantivo “fatores”.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. “a terceira maior população”, se pluralizarmos os termos, teremos “as
terceiras maiores populações”, ou seja, o termo em destaque variou de número, é, pois, adjetivo por concordar com o
substantivo “populações”.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. “Deve-se caminhar, ainda, no sentido da integração”, nem se precisa passar à
tentativa de flexão, pois o vocábulo “ainda” não se enquadra nos casos a que se refere Bechara. AINDA nunca funciona
como ADJETIVO.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO CORRETA. “Tudo isso depende, claro, da superação da crise orçamentária…” – eis o caso
citado por Bechara: “depende, CLARAMENTE/OBVIAMENTE/CERTAMENTE, da superação da crise.” Tem-se aqui o
adjetivo “claro” na condição de advérbio de afirmação, inclusive ficando invariável, ainda que pluralizemos os termos
circunvizinhos: “dependem, CLARO, das superações das crises”.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. “Parte considerável das prisões resulta” – notemos que o termo destacado é
adjetivo que se relaciona com o substantivo “parte”: PARTES CONSIDERÁVEIS das prisões resultam...
Resposta: D
Ei-lo agora, adolescente recluso em seu quarto, diante de um livro que não lê. Todos os seus desejos de estar longe
erguem, entre ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada que perturba as linhas. Ele está sentado diante da janela, a
porta fechada às costas. Página 48. Ele não tem coragem de contar as horas passadas para chegar à essa
quadragésima oitava página. O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas! Se ao
menos tivesse uns diálogos, vai.
Mas não! Páginas completamente cheias de linhas apertadas entre margens minúsculas, negros parágrafos
comprimidos uns sobre os outros e, aqui e acolá, a caridade de um diálogo – um travessão, como um oásis, que indica
que um personagem fala à outro personagem. Mas o outro não responde. E segue-se um bloco de doze páginas! Doze
páginas de tinta preta! Falta de ar! Ufa, que falta de ar! Ele xinga. Muitas desculpas, mas ele xinga. Página quarenta e
oito... Se ao menos conseguisse lembrar do conteúdo dessas primeiras quarenta e oito páginas!
(Daniel Pennac. Como um romance, 1993. Adaptado)
Com a passagem “O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas!”, entende-se que
a página “500” do livro seria a
a) quinquagésima, questionando a importância da obra.
RESOLUÇÃO:
Primeiramente, informemos que o numeral ordinal de 500 é “quingentésima”, sem outra forma para tal caso. Quanto
ao aspecto de sentido ou de contexto, notemos que a frase trata de uma obra de “quase” quinhentas páginas, o que é,
via de regra, uma obra extensa, daí a opção C, ou seja, o REFORÇO PARA A EXTENSÃO DA OBRA.
Resposta: C
Assunto: Preposição
Destruindo Riqueza
A economia cresce encontrando soluções, em geral tecnológicas, para reduzir ineficiências e, nesse processo, libera
mão de obra.
Um exemplo esclarecedor é o do emprego agrícola nos EUA. Até 1800, a produção de alimentos exigia o trabalho de
95% da população do país. Em 1900, a geração de comida para uma população já bem maior mobilizava 40% da força
de trabalho e, hoje, essa proporção mal chega a 3%. Quem abandonou a roça foi para cidades, integrando a força de
trabalho da indústria e dos serviços.
Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego e não conseguem se reciclar, mas é dele que
a sociedade extrai sua prosperidade. É o velho fazer mais com menos.
A internet, com sua incrível capacidade de conectar pessoas, abriu novos veios de ineficiências a eliminar. Se você tem
um carro e não é chofer de praça nem caixeiro viajante, ele passa a maior parte do dia parado, o que é uma ineficiência.
Se você tem um imóvel vago ou mesmo um dormitório que ninguém usa, está sendo improdutivo. O mesmo vale para
outros apetrechos que você possa ter, mas são subutilizados. Os aplicativos de compartilhamento, ao ligar de forma
instantânea demandantes a ofertantes, permitem à sociedade fazer muito mais com aquilo que já foi produzido
(carros, prédios, tempo disponível etc.), que é outro jeito de dizer que ela fica mais rica.
É claro que isso só dá certo se não forem criadas regulações desnecessárias que embaracem os acertos voluntários
entre as partes. A burocratização da oferta de serviços de aplicativos torna-os indistinguíveis. Dá para descrever isso
como a destruição de riqueza.
(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. 31.10.2017. Adaptado)
b) Quem abandonou a roça foi para cidades, integrando a força de trabalho da indústria e dos serviços.
c) Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego...
d) O mesmo vale para outros apetrechos que você possa ter, mas são subutilizados.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: OPÇÃO CORRETA. “A economia cresce encontrando soluções, em geral tecnológicas, para (a fim
de que, com a finalidade de) reduzir ineficiências...” Preposição PARA com valor ou ideia de FINALIDADE, inclusive
iniciando uma oração adverbial final reduzida de infinitivo.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. “Quem abandonou a roça foi para cidades”. Preposição PARA com valor ou
ideia de LUGAR: foi “para” ONDE?
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. “Esse processo pode ser cruel para com indivíduos”. Preposição vazia de
sentido, pois liga nome (adjetivo “cruel”) a seu complemento nominal.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. “O mesmo vale para outros apetrechos”. Preposição vazia de sentido, pois
liga o verbo (vale) a seu complemento indireto (outros apetrechos).
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. “Dá para descrever isso (...)”. Preposição vazia de sentido, pois liga dois
verbos sem que assuma valor semântico.
Resposta: A
Black Friday? Levantamento feito pela Folha* mostrou que boa parte dos “descontos” oferecidos nesta sexta-feira não
passa de manipulações até meio infantis de preços, com o objetivo de iludir o consumidor.
Antes, porém, de imprecar contra a ganância dos capitalistas, convém perguntar se os consumidores não desejam ser
enganados. E há motivos para acreditar que pelo menos uma parte deles queira.
No recém-lançado Dollars and Sense (dinheiro e juízo), Dan Ariely e Jeff Kreisler relatam um experimento natural que
mostra que pessoas podem optar por ser “ludibriadas” voluntariamente e que, em algum recôndito do cérebro, isso faz
sentido.
A JCPenney é uma centenária loja de departamentos dos EUA que se celebrizou por jogar seus preços na lua para
depois oferecer descontos “irresistíveis”. Ao fim e ao cabo, os preços efetivamente praticados estavam em linha com os
da concorrência, mas os truques utilizados proporcionavam aos consumidores a sensação, ainda que ilusória, de ter
feito um bom negócio, o que lhes dava prazer.
Em 2012, o então novo diretor executivo da empresa Ron Johnson, numa tentativa de modernização, resolveu acabar
com a ginástica de remarcações e descontos e adotar uma política de preços “justa e transparente”.
Os clientes odiaram. Em um ano, a companhia perdera US$ 985 milhões e Johnson ficou sem emprego. Logo em
seguida, a JCPenney remarcou os preços de vários de seus itens em até 60% para voltar a praticar os descontos
irresistíveis. Como escrevem Ariely e Kreisler, “os clientes da JCPenney votaram com suas carteiras e escolheram ser
manipulados”.
Num mundo em que o cliente sempre tem razão, não é tão espantoso que empresas se dediquem a vender-lhe as
fantasias que deseja usar, mesmo que possam ser desmascaradas com um clique de computador.
* Jornal Folha de São Paulo (‘Caveat emptor’. Hélio Schwartsman. http://www1.folha.uol.com.br/
colunas/helioschwartsman/2017/11/1937658-caveat-emptor.shtml 24.11.2017. Adaptado)
O termo destacado na frase – ... é uma centenária loja de departamentos dos EUA que se celebrizou por jogar seus
preços na lua... – forma uma expressão com sentido de
a) modo.
b) causa.
c) origem.
d) oposição.
e) finalidade.
RESOLUÇÃO:
Observemos que a oração iniciada pela preposição POR é uma adverbial causal reduzida de infinitivo: que se celebrizou
POR jogar seus preços na lua (ou PORQUE – CAUSA – jogou seus preços na lua). Daí, celebrizou-se POR isso (POR
CAUSA DISSO).
Resposta: B
Sentado no coletivo, observo a roupa que cada um está usando e fico imaginando como escolheu aquele modelito pra
sair de casa.
Tem de tudo. Gente bem vestida, gente de qualquer jeito, bom gosto, mau gosto, roupa limpa, roupa suja.
Toda vez que penso nisso, lembro-me do poeta Paulo Leminski, com quem trabalhei no final dos anos 1980. Leminski
era o que chamamos de “figuraça”. Fazíamos o Jornal de Vanguarda juntos na TV Bandeirantes.
Lema, como o chamávamos, ia trabalhar de qualquer jeito. Uma calça Lee surrada, sem cinto, caindo, camiseta branca
encardida e muitas vezes aparecia na redação de chinelo franciscano.
Um dia, foi surpreendido no corredor da Band pelo comentarista de economia Celso Ming.
– Paulo Leminski, você percebeu que está usando uma meia de cada cor?
Lema levantou ligeiramente sua calça Lee e constatou que Ming – que ele chamava de Dinastia Ming – estava certo.
Não pensou duas vezes e respondeu na lata.
– Dinastia Ming, eu estou me lixando! Acordo, me visto no escuro e só vejo como estou quando chego na rua.
Assinale a alternativa em que a preposição de, em destaque, está empregada em conformidade com a norma-padrão.
b) Ming fez com que Leminski reparasse de que suas meias tinham cores diferentes.
c) Leminski, de quem o autor foi colega na TV Bandeirantes, ia trabalhar com chinelo franciscano.
d) Após notar de que cada meia tinha uma cor diferente, Leminski confessou vestir-se no escuro.
e) Celso Ming, de quem Paulo Leminski trabalhou na TV Bandeirantes, escreve sobre economia.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. “Paulo Leminski, de que era poeta, trabalhou no Jornal Vanguarda, na TV
Bandeirantes.” Notemos que NÃO HÁ qualquer termo – nome ou verbo – que reja ou exija a preposição em destaque,
sendo ela, pois, dispensável e desnecessária, acrescentando-se que o pronome relativo “que” é sujeito e repele
preposição.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. “Ming fez com que Leminski reparasse de que suas meias tinham cores
diferentes.”. Notemos que NÃO HÁ qualquer termo – nome ou verbo – que reja ou exija a preposição em destaque,
sendo ela, pois, dispensável e desnecessária. Acrescente-se que “reparar” é transitivo direto: Leminski reparasse ISTO.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO CORRETA. “Leminski, de quem o autor foi colega na TV Bandeirantes, ia trabalhar com
chinelo franciscano.” Nesse caso, sim, o nome “colega” rege a preposição DE, pois quem é colega é colega DE alguém.
O autor foi colega DE Leminski.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. “Após notar de que cada meia tinha uma cor diferente, Leminski confessou
vestir-se no escuro.”. Notemos que NÃO HÁ qualquer termo – nome ou verbo – que reja ou exija a preposição em
destaque, sendo ela, pois, dispensável e desnecessária. Acrescente-se que “notar” é transitivo direto: Após notar ISTO.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. “Celso Ming, de quem Paulo Leminski trabalhou na TV Bandeirantes, escreve
sobre economia.” Notemos que NÃO HÁ qualquer termo – nome ou verbo – que reja ou exija a preposição em
destaque, sendo ela, pois, dispensável e desnecessária. Acrescente-se que “trabalhar”, no contexto, não rege a
preposição DE, no caso, tem-se a necessidade da preposição COM: Celso Ming, COM quem Paulo Leminski trabalhou”,
quem trabalha trabalha COM alguém.
Resposta: C
De patas para o ar
Rafiki é um angolano, filho de uma economista e de um funcionário de multinacional. Veio para o Brasil estudar
medicina e foi surpreendido pela carga de preconceito que encontrou aqui. Já enfrentou o constrangimento de
perceber que pessoas fecham os vidros dos carros nos sinais quando o veem, ou mulheres se agarram a suas bolsas ao
cruzarem com ele na calçada.
O universitário Rafiki mora em um bairro de classe média alta e uma noite, quando estava para entrar em seu prédio, viu
um casal passar por ele, entrar e bater a porta.
O angolano entrou em seguida e encontrou o casal esperando o elevador. Como a mulher o encarava insistentemente,
ele perguntou:
─ Estou sujo? Tem alguma coisa errada comigo? Qual é o problema?
─ Sabe como é hoje em dia, né? A gente tem que ficar ligado...
Quando as pessoas, porém, ficam sabendo que Rafiki é estudante de medicina, mudam a forma de tratá-lo.
Rafiki também não compreende um comportamento que chama sua atenção no Brasil: as pessoas pedirem
informações na rua sem antes dizer “bom dia”, “por favor”, “com licença”. Mas ele não acredita que essa falta de
educação seja maior aqui do que em outros países. A gentileza tem sido pouco valorizada. Rafiki costuma dizer
ultimamente que o mundo todo está de patas para o ar.
(Leila Ferreira. A arte de ser leve. São Paulo: Globo, 2010. Adaptado)
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA B: OPÇÃO CORRETA. ”seja maior aqui do que EM outros países (lugar), o próprio advérbio “aqui”, que
antecede a preposição já indica o valor contextual de lugar, já que se tem uma expressão adverbial comparativa
“melhor AQUI do que EM outros países”.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. “se agarram a suas bolsas ao cruzarem com ele...” – Preposição vazia de
sentido, ou com valor de companhia, dependendo do contexto, mas nunca LUGAR.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. “O alagoano entrou EM seguida”. Tempo ou sequência (“depois” ou em
“sequência”)
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. “Rafiki é estudante DE Medicina”. Especialidade.
Resposta: B
Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: “É de uma pretensão sem
tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever”.
Pois é. Muita gente acredita que, ao contrário de todas as demais atividades humanas, da música à mecânica de
automóveis, do macramê à bocha, a escrita não pode ser ensinada.
Por quê? Porque é especial demais, elevada demais, dizem alguns. É o caso do leitor citado, que completou seu
comentário com esta pérola: “Saber escrever é uma questão de talento, quem não tem, não vai nunca aprender…”
Há os que chegam à mesma conclusão pelo lado oposto, a ilusão de que toda pessoa alfabetizada domina a escrita, e o
resto é joguinho de poder espúrio.
Talento literário é raro mesmo, mas não se trata disso. Também não estamos falando só de correção gramatical e
ortográfica, aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial.
Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é uma
riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e justa.
a) Talento literário é raro mesmo, e onde vivemos é comum ouvir que dificilmente encontramo-lo por aí.
b) Escrever com clareza e precisão é uma riqueza e esta deve-se distribuir de forma igualitária numa sociedade.
c) Me disse um leitor que eu tinha pretensão sem tamanho, ao comentar o que falei sobre o livro de Zinsser.
d) Hoje se entende que só correção gramatical e ortográfica não são qualidades suficientes para uma boa escrita.
e) Poderia-se dizer que a escrita, ao contrário de todas as demais atividades humanas, não pode ser ensinada?
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. “é comum ouvir que dificilmente encontramo-lo por aí.” – o advérbio
“dificilmente” atrai obrigatoriamente o pronome oblíquo “o”: é comum ouvir que dificilmente O encontramos por aí.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. “e esta deve-se distribuir de forma igualitária” – o pronome demonstrativo
substantivo atrai o pronome oblíquo, em próclise (esta SE deve distribuir de forma igualitária, construção menos usada,
mas correta) ou em ênclise, já que se tem locução verbal (esta deve distribuir-SE de forma igualitária).
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. “Me disse um leitor que eu tinha(...) – o pronome oblíquo átono não deve
iniciar frase, em colocação proclítica.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO CORRETA. “Hoje se entende que só correção gramatical” – o advérbio HOJE atrai
obrigatoriamente o pronome oblíquo (SE).
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. “Poderia-se dizer que a escrita” – com o futuro do pretérito iniciando oração,
o pronome virá em mesóclise (no meio da forma verbal): poder-SE-ia dizer que a escrita (...) .
Resposta: D
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por
discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque
o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia as bases do comportamento. Como a tecnologia de então
não lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a psicanálise. Cientista que era, contudo, nunca se
apaixonou por suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a afirmar: “A Biologia é realmente um
campo de possibilidades ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais surpreendentes. Portanto, não
podemos imaginar que respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas que formulamos. Talvez essas
respostas venham a ser tais que farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”. Provavelmente, é sua frase menos
citada. Por razões óbvias.
(Galileu, novembro de 2017. Adaptado)
Nos enunciados – … Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las. – e – Como a tecnologia de
então não lhe permitia avançar… –, os termos destacados são
a) acessórios da oração, ambos exercendo a função de adjunto adnominal.
RESOLUÇÃO:
COMENTÁRIOS:
“…Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las. – e – Como a tecnologia de então não lhe
permitia avançar… – ATUALIZÁ-LAS (verbo transitivo direto: atualizar algo/alguém, no caso, “elas (as = las), as ideias”,
AUTALIZAR + AS = ATUALIZÁ-LAS), sendo o pronome LAS Objeto Direto do verbo “atualizar”; NÃO LHE PERMITIA
AVANÇAR, ou seja, NÃO PERMITIA A ELE = LHE (a Freud), sendo o LHE objeto indireto do verbo “permitir”.
Lembremos que os complementos verbais (Objetos diretos e indiretos) são termos integrantes.
Resposta: D
32.VUNESP - PMSP)/2017
A palavra assexuado foi formada com um prefixo de negação, assim como o vocábulo:
a) cruzamento.
b) análise.
c) reprodução.
d) processo.
e) invertebrados.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO – A palavra “cruzamento” foi formada por sufixação, com o acréscimo do sufixo
“mento”.
ALTERNATIVA B – ERRADO – A palavra “análise” vem do verbo “analisar”, configurando, portanto, uma derivação
regressiva.
ALTERNATIVA C – ERRADO – Na palavra “reprodução”, ocorre a presença do prefixo “re”, que indica repetição.
ALTERNATIVA D – ERRADO – A palavra “processo” vem do verbo “processar”, configurando, portanto, uma
derivação regressiva.
ALTERNATIVA E – CERTO – Na palavra “invertebrado”, ocorre a presença do prefixo “in”, que indica negação. O
termo “invertebrado” significa “que não é vertebrado”, ou seja, “que não possui esqueleto”.
Resposta: E
Briga de irmãos... Nós éramos cinco e brigávamos muito, recordou Augusto, olhos perdidos num ponto X, quase
sorrindo. Isto não quer dizer que nos detestássemos. Pelo contrário. A gente gostava bastante uns dos outros e não
podia viver na separação. Se um de nós ia para o colégio (era longe o colégio, a viagem se fazia a cavalo, dez léguas na
estrada lamacenta, que o governo não consertava.), os outros ficavam tristes uma semana. Depois esqueciam, mas a
saudade do mano muitas vezes estragava o nosso banho no poço, irritava ainda mais o malogro da caça de passarinho:
“Se Miguel estivesse aqui, garanto que você não deixava o tiziu fugir”, gritava Édison. “Você assustou ele falando alto...
Miguel te quebrava a cara”. Miguel era o mais velho, e fora fazer o seu ginásio. Não se sabe bem por que a sua presença
teria impedido a fuga do pássaro, nem ainda por que o tapa no rosto de Tito, com o tiziu já longínquo, teria remediado
o acontecimento. Mas o fato é que a figura de Miguel, evocada naquele instante, embalava nosso desapontamento e
de certo modo participava dele, ajudando-nos a voltar para casa de mãos vazias e a enfrentar o risinho malévolo dos
Guimarães: “O que é que vocês pegaram hoje?” “Nada”. Miguel era deste tamanho, impunha -se. Além disto, sabia
palavras difíceis, inclusive xingamentos, que nos deixavam de boca aberta, ao explodirem na discussão, e que
decorávamos para aplicar na primeira oportunidade, em nossas brigas particulares com os meninos da rua. Realmente,
Miguel fazia muita falta, embora cada um de nós trouxesse na pele a marca de sua autoridade. E pensávamos com
ânsia no seu regresso, um pouco para gozar de sua companhia, outro pouco para aprender nomes feios, e bastante
para descontar os socos que ele nos dera, o miserável.
(Carlos Drummond de Andrade, A Salvação da Alma. Em: O sorvete e outras histórias.)
Assinale a alternativa em que estão destacados, respectivamente, um adjetivo e uma locução adjetiva.
e) …os socos que ele nos dera, o miserável. /… de certo modo participava dele.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO – A palavra “alto” modifica a forma verbal “falando”. Trata-se de um advérbio. Já “do
pássaro” modifica o substantivo “fuga”, estabelecendo com este uma relação de posse. Trata-se de uma locução
adjetiva.
ALTERNATIVA B – ERRADO – A palavra “velho” é uma qualidade de Miguel. Trata-se de um adjetivo. Já “a cavalo”
modifica a forma verbal “se fazia”, estabelecendo com esta uma relação de modo. Trata-se de uma locução adverbial.
ALTERNATIVA C – ERRADO – A palavra “ânsia” é um substantivo. Já “de Tito” modifica o substantivo “rosto”,
estabelecendo com este uma relação de posse. Trata-se de uma locução adjetiva.
ALTERNATIVA D – CERTO - A palavra “feios” modifica o substantivo “nomes”. Trata-se de um adjetivo. Já “dos
Guimarães” modifica o substantivo “risinho”, estabelecendo com este uma relação de posse. Trata-se de uma locução
adjetiva.
ALTERNATIVA E – ERRADO – A palavra “miserável” foi substantiva pelo artigo “o”. Já a locução “de certo modo” é
adverbial e modifica a forma verbal “participava”.
Resposta: D
Um funcionário do Judiciário que precise encaminhar um documento oficial a um juiz iniciará seu texto da seguinte
forma:
a) Ilustríssimo Juiz, segue o relatório para que Vossa Excelência analise a necessidade ou não de incluir novas
informações.
b) Juiz, segue o relatório para que Sua Excelência analiseis a necessidade ou não de incluir novas informações.
c) Senhor Juiz, segue o relatório para que Vossa Excelência analise a necessidade ou não de incluir novas informações.
d) Senhor Juiz, segue o relatório para que Sua Excelência analise a necessidade ou não de incluir novas informações.
e) Sua Excelência Senhor Juiz, segue o relatório para Vossa Excelência analisar a necessidade ou não de incluir novas
informações.
RESOLUÇÃO:
Essa questão requer o conhecimento de Redação Oficial, mais precisamente das normas previstas no Manual de
Redação Oficial da Presidência da República, que prevê o vocativo “Senhor Juiz” para juízes.
Isso posto, devemos empregar o pronome de tratamento “Vossa Excelência”, caso estejamos tratando com uma 2ª
pessoa; e “Sua Excelência”, caso estejamos tratando com uma 3ª pessoa. No caso específico, devemos empregar a
forma “Vossa Excelência”, pois se está falando com a pessoa – no caso, um juiz.
Além disso, lembremo-nos de que, independentemente se o pronome de tratamento é de 2ª ou 3ª pessoa, devemos
flexioná-lo em 3ª pessoa, o que justifica o emprego da forma verbal de 3ª pessoa “analise”.
A alternativa que atende a essas combinações é a C.
Resposta: C
a) A dispensa de servidores onde o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
b) A dispensa de servidores que o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
c) A dispensa de servidores cujo desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
d) A dispensa de servidores o qual o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
e) A dispensa de servidores aonde o desempenho é insuficiente não pode ser posta em prática.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO – O pronome relativo “onde” é empregado somente para retomar a ideia de lugar, o que
não é o caso, já que o termo antecedente é “servidores”.
ALTERNATIVA B – ERRADO – Há uma relação de posse entre “desempenho” e o termo antecedente “servidores”, o
que torna obrigatório o emprego do relativo “cujo”.
ALTERNATIVA C – CERTO – Há uma relação de posse entre “desempenho” e o termo antecedente “servidores”, o que
torna obrigatório o emprego do relativo “cujo” - desempenho dos servidores = servidores cujo desempenho.
ALTERNATIVA D – ERRADO – Há uma relação de posse entre “desempenho” e o termo antecedente “servidores”, o
que torna obrigatório o emprego do relativo “cujo”.
ALTERNATIVA E – ERRADO – O pronome relativo “aonde” é empregado somente para retomar a ideia de lugar, o que
não é o caso, já que o termo antecedente é “servidores”.
Resposta: C
Assinale a alternativa em que o pronome em destaque está empregado com o mesmo sentido de posse que tem o
pronome “lhe”, na passagem – Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-
lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...
a) Chegou-nos a notícia do desaparecimento do helicóptero.
RESOLUÇÃO:
O pronome “lhe” no trecho destacado está assumindo valor possessivo. Isso pode ser atestado por meio da seguinte
reescrita:
Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos
cabelos...
= Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater no SEU rosto e entrar pelos
SEUS cabelos...
ALTERNATIVA A – ERRADO – O pronome “nós” é empregado como objeto indireto da forma verbal “Chegou”.
Podemos substituí-lo pela forma “a nós”.
ALTERNATIVA B – ERRADO – O pronome “a” é complemento do verbo causativo “fazer” e sujeito acusativo da forma
verbal de infinitivo “ver”.
ALTERNATIVA C – ERRADO – O pronome “o” é objeto direto da forma verbal “vá forçar”.
ALTERNATIVA D – CERTO – O pronome “me” no trecho destacado está assumindo valor possessivo. Isso pode ser
atestado por meio da seguinte reescrita:
Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão.
ALTERNATIVA E – ERRADO – O pronome “lhes” é objeto indireto da forma verbal “esperávamos entregar”.
Resposta: D
Assinale a alternativa em que, na expressão destacada, o termo “o” está empregado como pronome demonstrativo.
RESOLUÇÃO:
Nas alternativas B, C, D e E, o termo “o” está determinando os substantivos “cofre”, “rosto”, “resfriado” e “falecido”.
Trata-se de um artigo “o” contraído com a preposição “de”, formando “do”.
Já na letra A, é possível substituir a forma “do que” por “daquilo que”, deixando evidente que o termo “o” atua como
demonstrativo em companhia do “que” pronome relativo.
Resposta: A
Muita gente não gosta de Floriano Peixoto, o “Marechal de Ferro”. Em 1892, um senador-almirante e políticos
sediciosos _______. Ele avisara: “Vão discutindo, que eu vou mandando prender”. Encheu a cadeia, e o advogado Rui
Barbosa bateu às portas do Supremo Tribunal Federal para ________. Floriano avisou: “Se os juízes
concederem habeas corpus aos políticos, eu não sei quem amanhã ________ o habeas corpus de que, por sua vez,
necessitarão”.
(Élio Gaspari. Folha de S.Paulo, 11.12.2016. Adaptado)
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
RESOLUÇÃO:
A primeira lacuna deve ser preenchida com “desafiaram-no”, que consiste na junção da forma verbal “desafiaram” com
o pronome oblíquo átono “o”. Utiliza-se esse pronome, pois o verbo “desafiar” solicita objeto direto. Como o verbo tem
terminação nasal AM, a forma “o” se converte em NO.
A segunda lacuna deve ser preenchida com “soltá-los”, que consiste na junção da forma verbal “soltar” com o
pronome oblíquo átono “os”. Utiliza-se esse pronome, pois o verbo “soltar” solicita objeto direto. Como o verbo tem
terminação R, este é suprimido e a forma “o” se converte em LO, resultando em “soltá-lo”.
Por fim, a terceira lacuna deve ser preenchida com “lhes dará”. O pronome obrigatoriamente deve ser posicionado
antes do verbo (próclise), pois ocorre a atração por parte do fator de próclise “amanhã”, que é um advérbio. Além
disso, deve-se empregar a forma “lhes” pois o verbo “dar” solicita objeto direto e indireto (... dar algo A ALGUÉM).
Resposta: A
39. INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
a) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
c) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
d) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADO – Não se deve empregar “onde” e suas variações – aonde, donde, etc. – para se referir a
termos que não transmitam a ideia de lugar. É o que ocorre na redação: o pronome relativo “onde” se refere ao
antecedente “época”, mas este não indica lugar, e sim tempo.
No lugar, deve-se empregar a forma “em que” – pronome relativo “que” antecedido da preposição “em” -, haja vista
que a forma verbal “atuava” solicita a regência da preposição “em” para se ligar ao termo “época” (Grande parte dos
cientistas atuavam em laboratórios em alguma época).
ALTERNATIVA B – CERTO – Deve-se empregar a forma “a que”, haja vista que a forma verbal “se prendem” solicita a
regência da preposição “a” para se ligar ao termo “artificialismo” (Alguns âncoras de TV se pendem ao artificialismo.).
ALTERNATIVA C – ERRADO - Deve-se empregar a forma “de que”, haja vista que a forma verbal “se fala” solicita a
regência da preposição “de” para se ligar ao termo “versões” (Fala-se de versões nos bastidores).
ALTERNATIVA D – ERRADO - Deve-se empregar a forma “com cujo”, haja vista que a forma verbal “contar” solicita a
regência da preposição “com” para se ligar ao termo “trabalho da pessoa” (Podemos contar com o trabalho da pessoa =
A pessoa com cujo trabalho podemos contar).
ALTERNATIVA E – ERRADO – Está errado o emprego do pronome relativo “cujo”, pois simplesmente não ocorre na
frase em questão uma relação de posse. Não há a figura de possuidor e de um possuído que viabilize o emprego das
formas cujo(a)(s).
Exemplo:
Deve-se empregar simplesmente o pronome relativo “que” ou a forma “o qual”, para substituir o termo antecedente
“filme”.
Resposta: B
40. INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
a) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
b) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
c) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
d) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
e) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
RESOLUÇÃO:
Na frase I, tem-se o adjetivo “erradas”, que concorda em gênero e número com o substantivo “tarefas”.
Interpretando a frase I, dá-se a entender que foram realizadas as tarefas erradas, não as corretas. Ou seja, escolheram-
se as tarefas erradas para se fazer.
Na frase II, tem-se o advérbio “errado”, que modifica a forma verbal “Fizemos”.
Lembremo-nos de que o advérbio é uma classe de palavra invariável em gênero e número. Poderíamos empregar a
forma “erradamente”, mas nada impede de se utilizar a forma reduzida “errado”.
Interpretando a frase II, dá-se a entender que a forma como foram feitas as tarefas não foi correta. Fez-se de forma
errada, portanto.
As duas construções, portanto, estão corretas quanto à concordância, mas dizem coisas diferentes uma da outra.
A resposta é a letra B.
Resposta: B
41. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
b) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
c) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
RESOLUÇÃO:
Exemplos:
Note que os verbos “conhecer” e “beijar” não pedem objetos indiretos. O pronome “lhe”, nesses casos, não exerce a
função de complemento verbal. Assume sim a função de adjunto adnominal.
Analisemos item a item:
ALTERNATIVA A – O verbo “enviar” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma completa lista de exercícios”; já o
indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma
tônica “a ele”.
O professor enviou-lhe, após o expediente, uma completa lista de exercícios.
ALTERNATIVA B - O verbo “entregar” pede objetos direto e indireto. O direto é “a relação dos colegas faltosos”; já o
indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma
tônica “a ele”.
O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
= O aluno entregou a ele, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
ALTERNATIVA C - O verbo “pedir” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma ajuda financeira”; já o indireto é
representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a
ele”.
Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
= Pedimos a ele uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
ALTERNATIVA D - O verbo “oferecer” pede objetos direto e indireto. O direto é “a mais cobiçada oportunidade de
emprego”; já o indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é
substituí-lo pela forma tônica “a ele”.
ALTERNATIVA E – Observe que o verbo “seguir” não pede objeto indireto (quem segue segue algo/alguém). Dessa
forma, o “lhe” em destaque não exerce a função de objeto indireto.
Note que é possível resscrever a frase da seguinte forma:
Portanto, na letra E, o “lhe” exerce uma função diferente do das demais opções.
Resposta: E
42. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO
Em "fazem dos mais experientes", o objeto indireto "dos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome oblíquo
tônico "deles (de+eles)" ou pela forma oblíqua átona "lhes". As formas pronominais "o(s)", "a(s)" substituem objetos
diretos e seriam inadequadas para essa substituição.
Atenção!
Vale ressaltar que os pronomes ele, ela, nós, vós, eles e elas, quando precedidos de preposição, funcionam na prática
como oblíquos tônicos.
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o primeiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "fazem-lhes" ou "fazem deles".
Em "atribuem aos mais experientes", o objeto indireto "aos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome
oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes".
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o segundo trecho destacado pode ser substituído pelas formas "atribuem-lhes" ou "atribuem a eles".
Por fim, em "assiste aos mais experientes", o verbo "assistir" é empregado no sentido de "caber" e seu objeto indireto
pode ser substituído pelo pronome oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes" (algo assiste a alguém).
Há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo "lhes", haja vista que não se emprega próclise
(pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o terceiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "assiste-lhes" ou "assiste a eles".
Resposta: A
43. INÉDITA
a) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia iludir seus
fiéis eleitores.
b) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a quem não
dispõe de equilíbrio emocional.
c) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em verdades
desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
d) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
e) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A - ERRADO - Em lugar de "nos quais", deve-se empregar "dos quais", uma vez que a forma verbal "se
valer" solicita a regência da preposição "de" (quem se vale, se vale de algo). Além disso, não faz sentido o emprego do
pronome relativo "cuja", uma vez que não temos uma relação de posse.
O correto, então, seria: "Os motivos dos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação
que pretendia iludir seus fiéis eleitores.".
ALTERNATIVA B - CERTO - O uso da preposição "para", antes do pronome relativo "cujo", é necessidade requerida
pela forma verbal "são exigidas" (são exigidas para algo). Além disso, a preposição "a" antes de "quem" é necessidade
da regência da forma verbal "são indicadas"(são indicadas a alguém).
ALTERNATIVA C - ERRADO - O uso de "do que" está equivocado, uma vez que a regência do verbo "preferir" é dada
pela preposição "a". É equivocado também o uso do pronome relativo "onde", uma vez que este não indica lugar.
Assim, o correto seria: "Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis a uma apoiada
em verdades desagradáveis em que nem todos querem acreditar.".
ALTERNATIVA D - ERRADO - O uso da preposição "de", entes do primeiro pronome relativo "que", é equivocado, uma
vez que a forma verbal "se imputa" não a solicita (se imputa algo a alguém = se imputa mau juízo aos sindicatos).
Da mesma forma, o uso da preposição "em", antes do segundo pronome relativo "que", é equivocado, uma vez que a
forma verbal "se atribui" não a solicita (se atribui algo a alguém = se atribui juízo aos partidos políticos).
Assim, o correto seria: "O mau juízo que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele que se atribui aos partidos
políticos.”.
ALTERNATIVA E - ERRADO - O uso do pronome relativo "cujo" é inadequado, uma vez que não existe uma relação de
posse. É equivocado também o emprego da crase em "à", uma vez que é solicitado apenas o artigo definido "a".
Assim, o correto seria: “A confiança de que não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser
exercida segundo a natureza do interesse público.”
Resposta: B
44. INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO
Em "fazem dos mais experientes", o objeto indireto "dos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome oblíquo
tônico "deles (de+eles)" ou pela forma oblíqua átona "lhes". As formas pronominais "o(s)", "a(s)" substituem objetos
diretos e seriam inadequadas para essa substituição.
Atenção!
Vale ressaltar que os pronomes ele, ela, nós, vós, eles e elas, quando precedidos de preposição, funcionam na prática
como oblíquos tônicos.
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o primeiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "fazem-lhes" ou "fazem deles".
Em "atribuem aos mais experientes", o objeto indireto "aos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome
oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes".
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o segundo trecho destacado pode ser substituído pelas formas "atribuem-lhes" ou "atribuem a eles".
Por fim, em "assiste aos mais experientes", o verbo "assistir" é empregado no sentido de "caber" e seu objeto indireto
pode ser substituído pelo pronome oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes" (algo assiste a alguém).
Há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo "lhes", haja vista que não se emprega próclise
(pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o terceiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "assiste-lhes" ou "assiste a eles".
Resposta: A
Gabarito
1. A
2. E
3. A
4. B
5. E
6. D
7. B
8. C
9. D
10. E
11. C
12. D
13. C
14. D
15. A
16. A
17. A
18. E
19. E
20. E
21. D
22. A
23. B
24. D
25. C
26. A
27. B
28. C
29. B
30. D
31. D
32. E
33. D
34. C
35. C
36. D
37. A
38. A
39. B
40. B
41. E
42. A
43. B
44. A
45.
Lista de Questões
A palavra álcool vem do árabe al kohl, al-kuhul ou al-ghawl, que significa “fino composto utilizado para a maquiagem
obtido através da destilação“. As palavras encontradas no texto derivadas do substantivo primitivo álcool − alcoolismo,
alcoolistas, alcoólatras − sofrem o processo de derivação denominado
a) derivação prefixal.
b) derivação sufixal.
e) derivação parassintética.
Em relação às palavras psicossocial, velhice, lembrança e desamparo, é correto afirmar que ocorre:
e) justaposição em psicossocial e em desamparo. Tanto velhice quanto lembrança são palavras simples.
Em “O presidente americano, Bill Clinton, disse que estava ‘profundamente entristecido’”, as palavras
“profundamente” e “entristecido” são formadas, respectivamente, por
a) derivação sufixal e composição por justaposição.
De acordo com o conteúdo Formação de palavras na Língua Portuguesa, assinale a alternativa que apresenta exemplo
e regras adequados.
a) As palavras “identidades” e “sexualidade” são formadas por derivação prefixal.
c) O verbo “expressar” e o advérbio “extremamente” possuem o prefixo “ex”, portanto, são palavras formadas por
derivação prefixal.
d) “Desespero” e “Imperfeito” são exemplos de palavras que contêm os prefixos “des” e “im” e são relacionadas aos
verbos “esperar” e ao substantivo “perfeição”, respectivamente.
e) A palavra “postura” tem, em sua formação, uma composição por aglutinação.
Zygmunt Bauman
O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças que
geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das coisas
humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza física e à
inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe de apagar a “mãe de todos
os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência da nossa mortalidade e da
impossibilidade de fugir da morte.
Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o principal
motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber a cultura como
esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou
pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo de morrer que nos
tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.
A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E se, por
puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...].
Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade de que os
projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa
consciência que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde
o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que
separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma ponte para
passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a
eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.
Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto focal das
reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus
próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo
alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa
sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas. [...]
(Adaptado de http://www.ihu.unisinos.br/563878-os-medos-que-o -poder-transforma-em-mercadoria -politica-e-
comercial-artigo-dezygmunt- bauman - Acesso em 26/03/2018)
O processo de derivação imprópria de palavras compreende a mudança de classe de uma palavra, estendendo-
lhe a significação. Assinale a alternativa cujo excerto apresenta tal processo de derivação na palavra em
destaque.
a) “A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível [...]”
c) “[...] todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos [...]”
“Usas um vestido / Que é uma lembrança / Para o meu coração. / Usou-o outrora / Alguém que me ficou /
Lembrada sem vista. / Tudo na vida / Se faz por recordações. / Ama-se por memória.”
O poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos mais conhecidos do escritor português Fernando Pessoa (1888-
1935), remete ao conceito universal de que a memória é o que nós somos. Sem que tenhamos a possibilidade de
recordar, a existência se esvazia por completo. A vida se sustenta com base nas ideias do presente, nas referências do
passado e na forma como processamos e armazenamos as nossas experiências. Por isso, ninguém quer perder a
memória, todos querem melhorá-la. Pois um novo e ousado procedimento médico foi capaz de impulsionar o
mecanismo que forma e preserva as lembranças, um feito inédito na medicina. Eletrodos implantados em uma área
específica do cérebro recuperaram 15% da memória de pacientes. A taxa equivale ao que se perde em dois anos e meio
com a degeneração provocada pela doença de Alzheimer. Ou ao que se esvai naturalmente em dezoito anos de vida de
uma pessoa saudável. Traduzindo: quem tem 56 anos hoje pode, em tese, voltar a ter a mesma memória que tinha aos
38 anos. Disse à VEJA Youssef Ezzyat, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, autor principal da técnica: “O método
abre um caminho de possibilidades para auxiliar as pessoas com problemas de memória”. Publicado na revista Nature
Communications, o trabalho tem sido considerado por especialistas do mundo todo como um dos feitos mais
promissores ocorridos na neurologia nas últimas décadas, desde a disseminação dos aparelhos de ressonância
magnética que revelam o cérebro em atividade.
Adaptado de: <https://veja.abril.com.br/saude/nasce-o-primeiro-antidoto-contra-a-falta-de-memoria/>. Acesso em 22
jun. 2018.
Considerando as classes gramaticais em uso, assinale a alternativa INCORRETA em relação ao que se afirma.
a) Em “Usas um vestido [...]”, embora “um” seja classificado como um artigo indefinido, a oração “[…] que é uma
lembrança para o meu coração […]” especifica o vestido ao qual ele se refere.
b) Em “O meu coração [...]”, o artigo definido em destaque, aliado ao pronome possessivo “meu”, serve para
determinar, especificar o coração do eu lírico.
c) Em “[…] tudo na vida […]”, o elemento em destaque é artigo definido, mas tem função generalizadora e, portanto, é
utilizado para se referir apenas à vida do eu lírico.
d) Em “[…] Se faz por recordações. / Ama-se por memória. [...]”, a ausência de artigo, seja definido ou indefinido, antes
de “recordações e memória”, serve para dar maior abrangência a esses elementos.
e) Em “[…] Usou-o outrora [...]”, o termo em destaque é um pronome que retoma “o vestido”, com função de
especificar e retomar o vestido ao qual o eu lírico se refere.
Mitologia: as dietas
Daniel Piza
A neurose por emagrecimento no mundo atual é diretamente proporcional à falta de tempo no dia-a-dia. Porque tem
poucas horas livres, exceto para a TV, a maioria das pessoas come mal e é sedentária; logo, está mais e mais vulnerável à
propaganda de regimes e exercícios milagrosos – que as fazem emagrecer por alguns meses e depois voltar ao que
eram ou a situação pior. Há fenômenos que ressurgem periodicamente, como agora o da corrida (“cooper”, no
passado), mas que são subprodutos das mesmas questões. O que menos se encontra é a tão alardeada moderação. O
tom dominante é o exagero para cima ou para baixo.
O ponto é o seguinte: se você quiser emagrecer, precisa comer menos e melhor; reduzir doces, massas e gorduras,
principalmente à noite. O resto é redundância midiática. Praticar esportes é para manter o peso (depois de emagrecer)
e o condicionamento, afinal 30 minutos na esteira consomem menos que 400 calorias ou dois sucos de laranja. Esse
papo de que caminhar uma hora por dia emagrece é bobagem, assim como essas dietas que suprimem um grupo de
alimentos (a carne vermelha é sempre o diabo da lista, embora tenha proteínas dificilmente substituíveis), para não falar
de regimes “da lua” e outros semi-esoterismos. Capas e capas de revistas anunciam “segredos” numa área em que eles
não existem. Mas, tal como o silicone e a fast-food, seu apelo está em iludir o público com efeitos fáceis.
Já virar maratonista amador depois de certa idade, lamento, não vai lhe garantir vida mais longeva. Muito menos pele
bonita. Se esse for o estilo de vida que deseja, parabéns e boa sorte. Mas não venha dizer que é uma espécie de
existência ideal, como se passar duas ou três horas do dia se exercitando fosse uma prerrogativa de perfeição moral ou
visual, não um vício narcisista em muitos casos (que poderiam ser batizados de “serotoninômanos”). Não dá para
querer que todo mundo seja atleta. Três dias de atividade física por semana são mais que suficientes para um cidadão
empregado que tenha filhos, vida social e cultural, etc. E ajudam a emagrecer, mas bem menos que a redução calórica.
A mania do emagrecimento é sintoma de uma sociedade que cada vez mais convive com a obesidade por mistura de
fatores alimentares e genéticos. Olhar feio para pessoas que estão 5 kg acima do peso, como se fosse motivo de
discriminação, é, para dizer o mínimo, irrealista. Não é preciso ter, sei lá, 10% de taxa de gordura para ter saúde,
autoestima ou beleza, itens que dependem de muitos fatores além da vontade e do dinheiro. Mas a boa forma física
pode ter alguma chance quando não é exaltada como fonte de juventude eterna.
Fonte: http://www.estadao.com.br/blogs/daniel-piza/mitologias-as-dietas/. Acesso em: Junho/2017.
Assinale a alternativa em que o vocábulo “a” tenha a mesma classe morfológica do “a” destacado no seguinte
excerto do final do terceiro parágrafo: “E ajudam a emagrecer [...].”.
a) “[...] e depois voltar ao que eram [...]” (primeiro parágrafo).
d) “[...] uma sociedade que cada vez mais convive com a obesidade [...]” (quarto parágrafo).
e) “Mas a boa forma física pode ter alguma chance [...]” (quarto parágrafo).
Um rato que morava na cidade, acertando de ir ao campo, foi convidado por outro, que lá morava, e levando-o à sua
cova, comeram ambos coisas do campo, ervas e raízes. Disse o Cidadão ao outro: – Por certo, compadre, tenho dó de
ti, e da pobreza em que vives. Vem comigo morar na cidade, verás a riqueza, e a fartura que gozas. Aceitou o rústico e
vieram ambos a uma casa grande e rica, e entrados na despensa, estavam comendo boas comidas e muitas, quando de
súbito entra o despenseiro, e dois gatos após ele. Saem os Ratos fugindo. O de casa achou logo seu buraco, o de fora
trepou pela parede dizendo: Ficai vós embora com a vossa fartura; que eu mais quero comer raízes no campo sem
sobressaltos, onde não há gato nem ratoeira. E assim diz o adágio: Mais vale magro no mato, que gordo na boca do
gato.
Moral da história: Mais vale magro no mato, que gordo na boca do gato.
Assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma a respeito das palavras retiradas do texto.
a) Embora – advérbio com significado de sair, de se retirar. Surge, etimologicamente, de “em boa hora”.
c) Sobressaltos – substantivo que indica a ação de saltar e que deveria ser grafado com hífen.
d) Despensa – substantivo que se refere a um compartimento de uma casa e que deveria ser grafado com “i”, da
seguinte forma: dispensa.
e) Cova – substantivo que tem como significado uma espécie de caverna, uma escavação
Assinale a alternativa que apresenta somente substantivos sobrecomuns, aqueles “[...] que têm um só gênero
gramatical para designar pessoas de ambos os sexos.” (CUNHA E CINTRA, 2013).
a) O dentista, a artista.
b) A artista, o membro.
c) O membro, o dentista.
d) A vítima, o dentista.
e) A vítima, a criança.
12. Instituto AOCP - Analista Fiscal de Tributos Municipais (Pref Pinhais)/2017 (e mais 5 concursos)
Leia o texto “De volta à tradição”, apresentado abaixo, o qual é parte do capítulo de um livro, e, a partir dele, responda
a questão que o segue.
De volta à tradição
Em 1930, ocorreu uma mudança na vida de Villa-Lobos que deu à sua obra uma nova orientação, bastante forte.
Iniciavam-se aí os quinze anos, aproximadamente, em que Villa-Lobos se dedicaria totalmente a seu país. Com isso,
chegava ao fim o papel da vanguarda parisiense, marcada pela ousadia inovadora e pela criatividade experimental. Villa-
Lobos manteve-se ligado ao pensamento nacional-brasileiro, mas não se relacionava mais com o público parisiense
curioso e versado, que esperava dele uma música impressionante pouco convencional, exótica e excêntrica. Seus
companheiros, agora, eram os funcionários do regime Vargas, que se prevaleciam da fidelidade nacional, e os
professores de música pouco experientes e pouco viajados.
O retorno às formas tradicionais da música brasileira deu-se simultaneamente com a dedicação à língua materna. Nessa
fase, as obras vocais novamente adquiriram maior importância, e foi possível a Villa-Lobos mais uma vez cultivar o
contato com os poetas. Dentre eles, sobressaíram-se dois, com os quais o compositor, além do trabalho profissional
conjunto, também teve uma estreita amizade por toda sua vida: Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, os
poetas mais musicados do Brasil. A relação deles com Villa-Lobos era de especial intensidade e confiança.
Manuel Bandeira originava-se da grande cidade de Recife, no noroeste de Pernambuco. No início comprometido com o
Simbolismo, Bandeira uniu-se, como muitos literatos e artistas de sua geração, ao Modernismo. Ele tinha amizade com
uma série inteira de compositores, como Villa-Lobos, Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Frutuoso Viana e Jaime
Ovale. [...]
Carlos Drummond de Andrade foi o poeta lírico brasileiro mais representativo do século XX. No início, dedicava-se a
poemas satíricos e logo foi influenciado pelo Modernismo e por Walt Whitman. Sua obra, no decorrer de sua fase
criativa, dividiu-se em diversas facetas, em poemas do cotidiano, em poemas políticos e posteriormente, também, em
obras metafísicas, como “A máquina do mundo”. [...]
NEGWER, M. Villa-Lobos. O florescimento da música brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 2009. p. 210-212.
(adaptado)
O segundo parágrafo do texto apresenta a seguinte expressão: “os poetas mais musicados do Brasil”, na qual se
verifica
a) o grau superlativo relativo.
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho (BRASIL, CONSTITUIÇÃO, 1988, p. 137).
“Eu, Maricotinha, aluna de escola pública, abrindo a Bienal do Livro. Não é lindo?”. Foi assim que Maria Bethânia
encerrou sua apresentação na sexta-feira, 26, não sem antes pedir desculpas por ter ultrapassado os 40 minutos
combinado – não que alguém tenha achado ruim ouvi-la cantar e ler trechos de poemas e livros. A cantora, ligada ao
universo literário há muito tempo, fez uma versão reduzida de seu show Bethânia e As Palavras, antes dos discursos
habituais na cerimônia de abertura da Bienal Internacional do Livro de São Paulo – apenas o ministro da Educação,
Mendonça Filho, evitou o microfone. Até 4 de setembro, são esperadas 700 mil pessoas no Anhembi.
Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Mia Couto, Manuel Bandeira, o professor da infância, Nestor Oliveira, que
apresentou a poesia a Bethânia e Caetano. Eles e muitos outros, todos juntos, entre um verso e outro, uma música e
outra, na voz de uma Bethânia toda de branco, cabelo preso quase até o fim do show, óculos de grau.
A Poetas Populares (Os nomes dos poetas populares / Deveriam estar na boca do povo / No contexto de uma sala de
aula / Não estarem esses nomes me dá pena), de Antonio Vieira, ela emendou Trenzinho Caipira, num dos momentos
mais bonitos – como foi quando ela cantou Romaria. A leitura de um longo trecho de Grande Sertão Veredas também
foi um dos pontos altos.
O moçambicano Mia Couto apareceu mais de uma vez. Dele, ela leu: “Agora, meu ouro é a palavra. Agora, a poesia é a
minha única visita de família” e “Na escolinha, a menina propícia a equívocos disse que masculino de noiva é navio”.
“Que coisa linda!”, ela disse após ler esta última frase – e então cantou trecho de Oração ao Tempo.
Na sequência, leu Velha Chácara, de Manuel Bandeira, comentou sobre o aprendizado com Nestor de Oliveira, seu
professor em Santo Amaro, na Bahia, e deu seu recado: “É possível, sim, uma boa e plena educação nas escolas
públicas. Veja eu, Maricotinha, abrindo a Bienal do Livro. Beijinho no ombro”. Ela voltou a repetir isso – sem a
referência à Valeska Popozuda – no final.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
a) “Foi assim que Maria Bethânia encerrou sua apresentação na sexta-feira (...)”
b) “(...) não que alguém tenha achado ruim ouvi-la cantar e ler trechos de poemas e livros.”
c) “‘Que coisa linda!’, ela disse após ler essa última frase (...)”
d) “‘(...) Na escolinha, a menina propícia a equívocos disse que masculino de noiva é navio’”.
Conhecimento que transforma: acompanhe, na linha do tempo a seguir, descobertas que ajudaram a desenvolver a
sociedade. Controlar a realidade. É o que defendiam os filósofos Francis Bacon e René Descartes, que viam o
conhecimento como uma forma de emancipação humana. Conhecer nos permite entender o mundo e, a partir dessa
sabedoria, criar técnicas para dominar a natureza — ou pelo menos é o que a gente pensa que faz.
Observar e compreender a origem do fogo, por exemplo, permitiu que os ancestrais humanos desenvolvessem
métodos para acender as primeiras fogueiras, uma descoberta fundamental para a humanidade. Se esse conhecimento
não tivesse sido passado de geração para geração, o mundo moderno não teria sido criado.
A ideia de conhecimento caracteriza a passagem do mundo arcaico para o moderno: usando a razão, o homem pôde
entender por que as coisas são como são e, a partir disso, buscar soluções para os grandes problemas do mundo, desde
a cura de doenças até a descoberta da eletricidade.
Publicado em: 24/01/2018 Texto adaptado. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/a- -incrivel-jornada-em-
busca-do-conhecimento/ Acesso em: 01/02/2018
No trecho “Visitei o apartamento da mãe de Maria, o qual muito me interessou.”, usou-se “o qual” ao invés de “que”
por qual razão?
a) A locução conjuntiva “o qual” pertence a norma-culta da Língua Portuguesa.
d) Depois de nome próprio não se deve usar pronome relativo, por isso não pode-se utilizar o “que”.
CELULARES CAUSAM CÂNCER? UMA ANÁLISE SOBRE COMO A MÍDIA TRATA QUESTÕES DE RISCO À
SAÚDE
30/03/2015 - 09H03 - POR CARLOS ORSI
Neste mês, um colunista de informática do New York Times, Nick Bilton, escreveu um artigo sobre computadores
“vestíveis” – equipamentos de informática integrados ao vestuário, como o Google Glass ou o Apple Watch – sugerindo
que o uso desses acessórios, principalmente quando ligados a redes sem fio ou de telefonia celular, poderia representar
um risco de câncer comparável ao trazido pela fumaça de cigarro.
A tese de Bilton era de que, como existem pesquisas indicando que o uso de celular junto ao ouvido pode causar
câncer de cérebro, seria lógico supor que usar o mesmo tipo de tecnologia junto a outras partes do corpo, como os
olhos ou a pele, também não seria seguro. Três dias depois de publicar a coluna, no entanto, o jornal se viu
constrangido a fazer uma retratação registrando o seguinte:
“Nenhum estudo epidemiológico ou de laboratório jamais encontrou evidência confiável de tais riscos [ligando
celulares a câncer], e não há nenhuma teoria amplamente aceita de como eles poderiam surgir. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), ‘até o momento, não se estabeleceu nenhum efeito de saúde adverso associado
ao uso de telefones móveis’ [...]”.
Essa nota de retificação [...] gera uma questão espinhosa: como o jornalista do Times pôde se enganar tanto? A
resposta é instrutiva e nos ensina algo sobre como a mídia em geral tende a tratar questões de risco à saúde.
A primeira coisa a notar é que, em princípio, não faz sequer sentido imaginar que celulares possam causar câncer: as
ondas eletromagnéticas que usam para transmitir e receber sinal não têm energia suficiente para penetrar no núcleo
das células e alterar seu DNA: de fato, os raios do Sol são mais potentes (e perigosos). Mas, até aí, seguro morreu de
velho, e diversos grupos de pesquisadores se dedicaram a estudar o assunto.
A nota de retificação fala que “não há evidência convincente”. A palavra-chave aí é “convincente”. Como explica o
oncologista americano David Gorski [...], existe, fundamentalmente, um só grupo de cientistas que afirma ter
encontrado repetidas provas estatísticas de uma ligação entre os equipamentos e a doença. [...]
A comunidade científica, em geral, e os órgãos responsáveis pela saúde pública, em particular, tendem a se guiar,
corretamente, pela evidência preponderante – no caso, de que não há perigo – e não por resultados isolados. Mas o
jornalismo costuma dar mais atenção aos sinais de alerta, e a desconfiar das comunicações tranquilizadoras,
principalmente quando essas últimas parecem servir a interesses econômicos (no caso, dos fabricantes de celular).
Trata-se de uma atitude que costuma ser interpretada, no meio, como sinal de “saudável senso crítico”. Mas a verdade é
que, sem analisar os detalhes técnicos e evitando dar o devido peso ao mérito próprio de cada afirmação, desconfiar de
tudo é uma atitude tão ingênua quanto acreditar em tudo. [...]
Para finalizar, uma notícia que não vi ninguém dando com destaque aqui no Brasil: um estudo realizado na Nova
Zelândia, divulgado em fevereiro, encontrou uma relação entre o uso de celular e a redução no número de casos de
câncer de cérebro no país! [...] Isso quer dizer que a radiação do celular evita câncer? Mata as células malignas? Muito
provavelmente, não. Existe, afinal, uma coisa chamada coincidência – e é por isso que estudos isolados têm de ser
olhados com alguma reserva, quer tenham conclusões boas ou más.
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2015/03/celulares-causam-cancer-uma-analise-sobre-
como-midia- trata-questoes-de-risco-saude.html.
Assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma a respeito das palavras em destaque em “Neste mês, um
colunista de informática do New York Times, Nick Bilton, escreveu um artigo sobre computadores ‘vestíveis’.”.
a) A expressão “neste mês” poderia ser substituída por “naquele mês”, sem prejuízo sintático ou semântico.
Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado
num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu
seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez,
ainda mal se sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do
corpo, tremulavam desamparadas diante dos seus olhos.
– O que aconteceu comigo? – pensou.
Não era um sonho. Seu quarto, um autêntico quarto humano, só que um pouco pequeno demais, permanecia calmo
entre as quatro paredes bem conhecidas. Sobre a mesa, na qual se espalhava, desempacotado, um mostruário de
tecidos – Samsa era caixeiroviajante –, pendia a imagem que ele havia recortado fazia pouco tempo de uma revista
ilustrada e colocado numa bela moldura dourada. Representava uma dama de chapéu de pele e boá de pele que,
sentada em posição ereta, erguia ao encontro do espectador um pesado regalo também de pele, no qual desaparecia
todo o seu antebraço.
O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do
parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.
– Que tal se eu continuasse dormindo mais um pouco e esquecesse todas essas tolices? – pensou, mas isso era
completamente irrealizável, pois estava habituado a dormir do lado direito e no seu estado atual não conseguia se
colocar nessa posição. Qualquer que fosse a força com que se jogava para o lado direito, balançava sempre de volta à
postura de costas. Tentou isso umas cem vezes, fechando os olhos para não ter de enxergar as pernas
desordenadamente agitadas, e só desistiu quando começou a sentir do lado uma dor ainda nunca experimentada, leve
e surda.
–Ah, meu Deus! – pensou. – Que profissão cansativa eu escolhi. Entra dia, sai dia – viajando. A excitação comercial é
muito maior que na própria sede da firma e além disso me é imposta essa canseira de viajar, a preocupação com a troca
de trens, as refeições irregulares e ruins, um convívio humano que muda sempre, jamais perdura, nunca se torna
caloroso. O diabo carregue tudo isso!
Sentiu uma leve coceira na parte de cima do ventre; deslocou-se devagar sobre as costas até mais perto da guarda da
cama para poder levantar melhor a cabeça; encontrou o lugar onde estava coçando, ocupado por uma porção de
pontinhos brancos que não soube avaliar; quis apalpá-lo com uma perna, mas imediatamente a retirou, pois ao contato
acometeram-no calafrios.
Franz Kafka. A metamorfose (tradução de Modesto Carone). São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Em “Qualquer que fosse a força com que se jogava para o lado direito, balançava sempre de volta à postura de costas.
Tentou isso umas cem vezes, [...] e só desistiu quando começou a sentir do lado uma dor ainda nunca experimentada,
leve e surda.”, os termos destacados são, respectivamente:
a) pronome indefinido; pronome relativo; substantivo; artigo indefinido.
a) Em “Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome oblíquo
átono destacado poderia ser utilizado, segundo a norma gramatical, também antes do verbo “Irritam”.
b) Em “[...] e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome destacado também poderia ser colocado na
ênclise do verbo organizar, uma vez que o verbo está no infinitivo e é precedido de preposição.
c) Em “Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”, o pronome “se” está proclítico devido à presença do
sujeito explícito “Pais órfãos”.
d) Em “Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial [...]”, o pronome destacado tem
colocação facultativa, podendo ocorrer tanto a ênclise quanto a próclise.
e) Em “As pessoas se enxergam como recursos ou clientes.”, o pronome é obrigatoriamente proclítico, o que nos
permite afirmar que a próclise seria impossível nesse caso.
Em “Aquela situação, porém, não me permitia simplesmente bater em retirada.”, com relação à colocação pronominal,
constata-se que o pronome em destaque está em posição de
a) mesóclise, pois encaixa-se em estrutura com verbo no futuro.
No que se refere à colocação pronominal, assinale a alternativa em que o pronome oblíquo destacado está
posicionado INCORRETAMENTE.
a) “Muito fala-se dos desdobramentos e reflexos dessa mensagem no leitor (...)”
b) “(...) sonha que seu texto inspire e mude a vida de alguém, ou apenas que lhe abra um leve sorriso e aquiete o
coração.”
c) “(...) sem ela, ele simplesmente não vive, pois não se expressa.”
d) “O eu lírico do poeta, por exemplo, necessita da poesia para sobreviver, não apenas a faz por hobby ou prazer (...)”
e) “(...) assim como a poesia, que liberta o poeta de suas próprias amarras, trazendo-o à luz de fora da caverna.”
Referente às regras de colocação pronominal, assinale a alternativa em que é obrigatório o uso de ênclise.
a) “[...] a pessoa se movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.”.
b) “[...] um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio altino de mens
sana in corpore sano, desviando-o descaradamente para o corpo.”.
c) “Ao longo da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que se envelhecia
[...]”.
d) “[...] e deixam a sabedoria nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos.”.
e) “Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso [...]”.
Assinale a alternativa em que a colocação pronominal NÃO está de acordo com a Norma-Culta da Língua Portuguesa.
e) Analisar-se-á os acontecimentos.
22. INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
a) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
c) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
d) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
23.INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
a) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
b) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
c) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
d) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
e) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
24. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
b) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
c) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
25.INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
26. INÉDITA
a) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia iludir seus
fiéis eleitores.
b) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a quem não
dispõe de equilíbrio emocional.
c) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em verdades
desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
d) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
e) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
27.INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
28. INÉDITA
Os adultos brasileiros frequentaram menos anos de escola do que a população de mesma faixa etária da Colômbia —
cujo PIB “per capita”, durante boa parte do século XX, foi inferior ao brasileiro. A conclusão está em relatório do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Sendo coerente com o conteúdo da notícia, podemos afirmar que em sua manchete:
a) o termo “colombianos” é substantivo, uma vez que se refere àqueles que nasceram na Colômbia.
b) o termo “colombianos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “adultos”.
c) o termo “adultos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “brasileiros”.
29. INÉDITA
Na tirinha, foi gerado um efeito de humor a partir de um equívoco de entendimento do segundo falante. Para que não
houvesse o mal-entendido, ele deveria ter identificado no advérbio “religiosamente” um sentido associado à ideia de:
a) modo
b) hábito
c) intensidade
d) finalidade
30. INÉDITA
O homem já sabe como alimentar a terra inteira. Já descobriu como fazer a todos beneficiários do progresso e da
riqueza. Já dominou suficientemente a ciência para colocá-la a serviço da justiça, do bem e da humanidade. Por que,
então, não realiza tudo isso? Por que para exatamente no ponto em que venceu o que antes eram resistências ao
progresso? Por que se perde e entra em desespero exatamente quando já dominou os meios materiais necessários ao
equilíbrio da vida?
Sobre o pronome “isso” em destaque, é correto afirmar que
Questões Comentadas
RESOLUÇÃO
Letra D – CERTA – Para que haja desespero, alguém deve se desesperar. Portanto, “desespero” deriva de “desesperar”,
o que configura um caso de derivação regressiva ou deverbal.
Letra E – ERRADA - Adicionando o prefixo IN à palavra primitiva CAPAZ, forma-se INCAPAZ. Somando o sufixo
DADE à palavra primitiva CAPAZ, forma-se CAPACIDADE. Somando-se prefixo e sufixo, forma-se INCAPACIDADE.
Como o acréscimo de prefixo e sufixo não necessitou se dar simultaneamente para formação de palavra, tem-se uma
derivação prefixal e sufixal.
Resposta: D
A palavra álcool vem do árabe al kohl, al-kuhul ou al-ghawl, que significa “fino composto utilizado para a maquiagem
obtido através da destilação“. As palavras encontradas no texto derivadas do substantivo primitivo álcool − alcoolismo,
alcoolistas, alcoólatras − sofrem o processo de derivação denominado
a) derivação prefixal.
b) derivação sufixal.
e) derivação parassintética.
RESOLUÇÃO
Identifica-se nas palavras alcoolismo, alcoolistas, alcoólatras a presença de sufixos somados à palavra primitiva, o que
faz dessas palavras derivadas por sufixação.
Além disso, como o próprio enunciado sinalizou, é possível identificar componentes de línguas diversas na formação da
palavra: o radical árabe somado a sufixos empregados na Língua Portuguesa. Ocorrendo esse “mix” de elementos de
línguas distintas, é possível também identificar nessas palavras o processo de formação hibridismo.
Resposta: D
Em relação às palavras psicossocial, velhice, lembrança e desamparo, é correto afirmar que ocorre:
e) justaposição em psicossocial e em desamparo. Tanto velhice quanto lembrança são palavras simples.
RESOLUÇÃO
A palavra “psicossocial” é resultado da composição por justaposição de duas palavras primitivas: psico e social.
Resposta: C
Em “O presidente americano, Bill Clinton, disse que estava ‘profundamente entristecido’”, as palavras
“profundamente” e “entristecido” são formadas, respectivamente, por
a) derivação sufixal e composição por justaposição.
RESOLUÇÃO
À palavra primitiva PROFUNDO, somou-se o sufixo MENTE, formando-se PROFUNDAMENTE. Trata-se de uma
derivação sufixal.
À palavra primitiva TRISTE, somou-se SIMULTANEAMENTE o prefixo EN- e o sufixo -IDO, formando-se
ENTRISTECIDO. Somente o prefixo ou somente o sufixo não foram suficientes para formar a palavra. Foi necessário
que o acréscimo dos afixos se desse de forma simultânea, o que caracteriza a derivação parassintética.
Resposta: C
De acordo com o conteúdo Formação de palavras na Língua Portuguesa, assinale a alternativa que apresenta exemplo
e regras adequados.
a) As palavras “identidades” e “sexualidade” são formadas por derivação prefixal.
c) O verbo “expressar” e o advérbio “extremamente” possuem o prefixo “ex”, portanto, são palavras formadas por
derivação prefixal.
d) “Desespero” e “Imperfeito” são exemplos de palavras que contêm os prefixos “des” e “im” e são relacionadas aos
verbos “esperar” e ao substantivo “perfeição”, respectivamente.
e) A palavra “postura” tem, em sua formação, uma composição por aglutinação.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA - Nas duas palavras, identifica-se o sufixo formador de substantivos “dade”. Trata-se de palavras
formadas por derivação sufixal.
Letra B – ERRADA - Trata-se de palavra formada derivação sufixal (imperar + tivo).
Letra C – ERRADA – Na palavra “expressar”, de fato ocorre a presença do prefixo “ex”, que indica a significação de
exterior. Já em “extremamente”, não há prefixo “ex”. Esse fragmento compõe a raiz da palavra.
Letra D – CERTA - Exato! Trata-se de dois prefixos com a significação de negação.
Letra E – ERRADA – Trata-se de palavra formada por derivação sufixal (postar + ura).
Resposta: D
Zygmunt Bauman
O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças que
geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das coisas
humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza física e à
inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe de apagar a “mãe de todos
os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência da nossa mortalidade e da
impossibilidade de fugir da morte.
Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o principal
motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber a cultura como
esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou
pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo de morrer que nos
tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.
A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E se, por
puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...].
Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade de que os
projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa
consciência que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde
o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que
separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma ponte para
passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a
eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.
Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto focal das
reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus
próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo
alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa
sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas. [...]
(Adaptado de http://www.ihu.unisinos.br/563878-os-medos-que-o -poder-transforma-em-mercadoria -politica-e-
comercial-artigo-dezygmunt- bauman - Acesso em 26/03/2018)
O processo de derivação imprópria de palavras compreende a mudança de classe de uma palavra, estendendo-
lhe a significação. Assinale a alternativa cujo excerto apresenta tal processo de derivação na palavra em
destaque.
a) “A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível [...]”
c) “[...] todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos [...]”
RESOLUÇÃO:
Na letra E, a palavra “transitório”, originalmente um adjetivo, foi empregada como substantivo, determinado por artigo
“o” e modificado por locução adjetiva “do eterno”.
Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Note que, para formar a palavra, é necessário o acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo.
Resposta: A
“Usas um vestido / Que é uma lembrança / Para o meu coração. / Usou-o outrora / Alguém que me ficou /
Lembrada sem vista. / Tudo na vida / Se faz por recordações. / Ama-se por memória.”
O poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos mais conhecidos do escritor português Fernando Pessoa (1888-
1935), remete ao conceito universal de que a memória é o que nós somos. Sem que tenhamos a possibilidade de
recordar, a existência se esvazia por completo. A vida se sustenta com base nas ideias do presente, nas referências do
passado e na forma como processamos e armazenamos as nossas experiências. Por isso, ninguém quer perder a
memória, todos querem melhorá-la. Pois um novo e ousado procedimento médico foi capaz de impulsionar o
mecanismo que forma e preserva as lembranças, um feito inédito na medicina. Eletrodos implantados em uma área
específica do cérebro recuperaram 15% da memória de pacientes. A taxa equivale ao que se perde em dois anos e meio
com a degeneração provocada pela doença de Alzheimer. Ou ao que se esvai naturalmente em dezoito anos de vida de
uma pessoa saudável. Traduzindo: quem tem 56 anos hoje pode, em tese, voltar a ter a mesma memória que tinha aos
38 anos. Disse à VEJA Youssef Ezzyat, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, autor principal da técnica: “O método
abre um caminho de possibilidades para auxiliar as pessoas com problemas de memória”. Publicado na revista Nature
Communications, o trabalho tem sido considerado por especialistas do mundo todo como um dos feitos mais
promissores ocorridos na neurologia nas últimas décadas, desde a disseminação dos aparelhos de ressonância
magnética que revelam o cérebro em atividade.
Adaptado de: <https://veja.abril.com.br/saude/nasce-o-primeiro-antidoto-contra-a-falta-de-memoria/>. Acesso em 22
jun. 2018.
Considerando as classes gramaticais em uso, assinale a alternativa INCORRETA em relação ao que se afirma.
a) Em “Usas um vestido [...]”, embora “um” seja classificado como um artigo indefinido, a oração “[…] que é uma
lembrança para o meu coração […]” especifica o vestido ao qual ele se refere.
b) Em “O meu coração [...]”, o artigo definido em destaque, aliado ao pronome possessivo “meu”, serve para
determinar, especificar o coração do eu lírico.
c) Em “[…] tudo na vida […]”, o elemento em destaque é artigo definido, mas tem função generalizadora e, portanto, é
utilizado para se referir apenas à vida do eu lírico.
d) Em “[…] Se faz por recordações. / Ama-se por memória. [...]”, a ausência de artigo, seja definido ou indefinido, antes
de “recordações e memória”, serve para dar maior abrangência a esses elementos.
e) Em “[…] Usou-o outrora [...]”, o termo em destaque é um pronome que retoma “o vestido”, com função de
especificar e retomar o vestido ao qual o eu lírico se refere.
RESOLUÇÃO:
Letra A – CERTA – De fato, a primeira menção ao substantivo “vestido”, antecedido de artigo “um”, não o especifica.
Na sequência da leitura, no entanto, especifica-se de qual vestido se está falando.
Letra B – CERTA – De fato, os artigos e os pronomes possessivos são satélites do substantivo.
Letra D – CERTA – Exato! Dá-se a entender que se trata de recordações e memórias quaisquer.
Resposta: C
Mitologia: as dietas
Daniel Piza
A neurose por emagrecimento no mundo atual é diretamente proporcional à falta de tempo no dia-a-dia. Porque tem
poucas horas livres, exceto para a TV, a maioria das pessoas come mal e é sedentária; logo, está mais e mais vulnerável à
propaganda de regimes e exercícios milagrosos – que as fazem emagrecer por alguns meses e depois voltar ao que
eram ou a situação pior. Há fenômenos que ressurgem periodicamente, como agora o da corrida (“cooper”, no
passado), mas que são subprodutos das mesmas questões. O que menos se encontra é a tão alardeada moderação. O
tom dominante é o exagero para cima ou para baixo.
O ponto é o seguinte: se você quiser emagrecer, precisa comer menos e melhor; reduzir doces, massas e gorduras,
principalmente à noite. O resto é redundância midiática. Praticar esportes é para manter o peso (depois de emagrecer)
e o condicionamento, afinal 30 minutos na esteira consomem menos que 400 calorias ou dois sucos de laranja. Esse
papo de que caminhar uma hora por dia emagrece é bobagem, assim como essas dietas que suprimem um grupo de
alimentos (a carne vermelha é sempre o diabo da lista, embora tenha proteínas dificilmente substituíveis), para não falar
de regimes “da lua” e outros semi-esoterismos. Capas e capas de revistas anunciam “segredos” numa área em que eles
não existem. Mas, tal como o silicone e a fast-food, seu apelo está em iludir o público com efeitos fáceis.
Já virar maratonista amador depois de certa idade, lamento, não vai lhe garantir vida mais longeva. Muito menos pele
bonita. Se esse for o estilo de vida que deseja, parabéns e boa sorte. Mas não venha dizer que é uma espécie de
existência ideal, como se passar duas ou três horas do dia se exercitando fosse uma prerrogativa de perfeição moral ou
visual, não um vício narcisista em muitos casos (que poderiam ser batizados de “serotoninômanos”). Não dá para
querer que todo mundo seja atleta. Três dias de atividade física por semana são mais que suficientes para um cidadão
empregado que tenha filhos, vida social e cultural, etc. E ajudam a emagrecer, mas bem menos que a redução calórica.
A mania do emagrecimento é sintoma de uma sociedade que cada vez mais convive com a obesidade por mistura de
fatores alimentares e genéticos. Olhar feio para pessoas que estão 5 kg acima do peso, como se fosse motivo de
discriminação, é, para dizer o mínimo, irrealista. Não é preciso ter, sei lá, 10% de taxa de gordura para ter saúde,
autoestima ou beleza, itens que dependem de muitos fatores além da vontade e do dinheiro. Mas a boa forma física
pode ter alguma chance quando não é exaltada como fonte de juventude eterna.
Fonte: http://www.estadao.com.br/blogs/daniel-piza/mitologias-as-dietas/. Acesso em: Junho/2017.
Assinale a alternativa em que o vocábulo “a” tenha a mesma classe morfológica do “a” destacado no seguinte
excerto do final do terceiro parágrafo: “E ajudam a emagrecer [...].”.
a) “[...] e depois voltar ao que eram [...]” (primeiro parágrafo).
d) “[...] uma sociedade que cada vez mais convive com a obesidade [...]” (quarto parágrafo).
e) “Mas a boa forma física pode ter alguma chance [...]” (quarto parágrafo).
RESOLUÇÃO:
No trecho em destaque, a palavra “a” funciona como preposição. Isso pode ser facilmente verificado, trocando-a por
“para”.
Letra A – CERTA – Note que é possível reescrever o trecho “voltar ao que eram” assim: “voltar para o que eram”.
Resposta: A
Um rato que morava na cidade, acertando de ir ao campo, foi convidado por outro, que lá morava, e levando-o à sua
cova, comeram ambos coisas do campo, ervas e raízes. Disse o Cidadão ao outro: – Por certo, compadre, tenho dó de
ti, e da pobreza em que vives. Vem comigo morar na cidade, verás a riqueza, e a fartura que gozas. Aceitou o rústico e
vieram ambos a uma casa grande e rica, e entrados na despensa, estavam comendo boas comidas e muitas, quando de
súbito entra o despenseiro, e dois gatos após ele. Saem os Ratos fugindo. O de casa achou logo seu buraco, o de fora
trepou pela parede dizendo: Ficai vós embora com a vossa fartura; que eu mais quero comer raízes no campo sem
sobressaltos, onde não há gato nem ratoeira. E assim diz o adágio: Mais vale magro no mato, que gordo na boca do
gato.
Moral da história: Mais vale magro no mato, que gordo na boca do gato.
Assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma a respeito das palavras retiradas do texto.
a) Embora – advérbio com significado de sair, de se retirar. Surge, etimologicamente, de “em boa hora”.
c) Sobressaltos – substantivo que indica a ação de saltar e que deveria ser grafado com hífen.
d) Despensa – substantivo que se refere a um compartimento de uma casa e que deveria ser grafado com “i”, da
seguinte forma: dispensa.
e) Cova – substantivo que tem como significado uma espécie de caverna, uma escavação
RESOLUÇÃO
Letra C – ERRADA – Não se deve empregar hífen, pois o final do prefixo é diferente do início da palavra – os
diferentes se atraem.
Letra D – ERRADA – A grafia “dispensa” refere-se ao substantivo de significado: “ato de dispensar”.
Letra E – CERTA
Resposta: E
Assinale a alternativa que apresenta somente substantivos sobrecomuns, aqueles “[...] que têm um só gênero
gramatical para designar pessoas de ambos os sexos.” (CUNHA E CINTRA, 2013).
a) O dentista, a artista.
b) A artista, o membro.
c) O membro, o dentista.
d) A vítima, o dentista.
e) A vítima, a criança.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – Trata-se de dois substantivos uniformes comuns de dois gêneros: o/a dentista; o/a artista.
Letra B – ERRADA – O substantivo “artista” é uniforme comum de dois gêneros: o/a artista. Já “membro” é uniforme
sobrecomum: a forma “o membro” vale tanto para o feminino como para o masculino.
Letra C – ERRADA – O substantivo “membro” é uniforme sobrecomum: a forma “o membro” vale tanto para o
feminino como para o masculino. Já “dentista” é uniforme comum de dois gêneros: o/a dentista.
Letra D – ERRADA – O substantivo “vítima” é uniforme sobrecomum: a forma “a vítima” vale tanto para o feminino
como para o masculino. Já “dentista” é uniforme comum de dois gêneros: o/a dentista.
Letra E– CERTA – Os substantivos “vítima” e “criança” são uniformes sobrecomuns: a forma “a vítima” e “a criança”
valem tanto para o feminino como para o masculino.
Resposta: E
12. Instituto AOCP - Analista Fiscal de Tributos Municipais (Pref Pinhais)/2017 (e mais 5 concursos)
Leia o texto “De volta à tradição”, apresentado abaixo, o qual é parte do capítulo de um livro, e, a partir dele, responda
a questão que o segue.
De volta à tradição
Em 1930, ocorreu uma mudança na vida de Villa-Lobos que deu à sua obra uma nova orientação, bastante forte.
Iniciavam-se aí os quinze anos, aproximadamente, em que Villa-Lobos se dedicaria totalmente a seu país. Com isso,
chegava ao fim o papel da vanguarda parisiense, marcada pela ousadia inovadora e pela criatividade experimental. Villa-
Lobos manteve-se ligado ao pensamento nacional-brasileiro, mas não se relacionava mais com o público parisiense
curioso e versado, que esperava dele uma música impressionante pouco convencional, exótica e excêntrica. Seus
companheiros, agora, eram os funcionários do regime Vargas, que se prevaleciam da fidelidade nacional, e os
professores de música pouco experientes e pouco viajados.
O retorno às formas tradicionais da música brasileira deu-se simultaneamente com a dedicação à língua materna. Nessa
fase, as obras vocais novamente adquiriram maior importância, e foi possível a Villa-Lobos mais uma vez cultivar o
contato com os poetas. Dentre eles, sobressaíram-se dois, com os quais o compositor, além do trabalho profissional
conjunto, também teve uma estreita amizade por toda sua vida: Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, os
poetas mais musicados do Brasil. A relação deles com Villa-Lobos era de especial intensidade e confiança.
Manuel Bandeira originava-se da grande cidade de Recife, no noroeste de Pernambuco. No início comprometido com o
Simbolismo, Bandeira uniu-se, como muitos literatos e artistas de sua geração, ao Modernismo. Ele tinha amizade com
uma série inteira de compositores, como Villa-Lobos, Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Frutuoso Viana e Jaime
Ovale. [...]
Carlos Drummond de Andrade foi o poeta lírico brasileiro mais representativo do século XX. No início, dedicava-se a
poemas satíricos e logo foi influenciado pelo Modernismo e por Walt Whitman. Sua obra, no decorrer de sua fase
criativa, dividiu-se em diversas facetas, em poemas do cotidiano, em poemas políticos e posteriormente, também, em
obras metafísicas, como “A máquina do mundo”. [...]
NEGWER, M. Villa-Lobos. O florescimento da música brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 2009. p. 210-212.
(adaptado)
O segundo parágrafo do texto apresenta a seguinte expressão: “os poetas mais musicados do Brasil”, na qual se
verifica
RESOLUÇÃO:
No primeiro, tem-se o placar 2 a 1. Como assim? Pode-se comparar 1 (um) atributo entre 2 (dois) seres; ou 2 (dois)
atributos em 1(um) ser.
Vejamos alguns exemplos:
No segundo, tem-se o placar 1 a 1. Como assim? Há o confronto de 1(um) ser e 1(um) atributo
O grau superlativo se subdivide em superlativo absoluto ou relativo. O absoluto independe do espaço amostral; já o
relativo é tomado dentro de um espaço amostral. Como assim?
Ora, “uma pessoa muito alta” é alta independente do espaço amostral. Portanto, “alta” está flexionada no superlativo
absoluto.
Já “a pessoa mais alta” é alta em relação a um espaço amostral.
Perceba que não necessariamente “o mais alto” é “muito alto”, correto? Imaginemos uma família de baixinhos: quem
mede 1,70 m não é muito alto, mas, dentro dessa família, talvez seja o mais alto.
O mesmo raciocínio utilizado para descrever o grau dos adjetivos pode ser empregado para descrever o grau dos
advérbios.
No trecho “os poetas mais musicados do Brasil”, é possível dizer que se trata dos poetas mais musicado quando se
toma a amostra em relação ao Brasil.
Trata-se, portanto, do grau superlativo relativo.
Resposta: A
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho (BRASIL, CONSTITUIÇÃO, 1988, p. 137).
“Eu, Maricotinha, aluna de escola pública, abrindo a Bienal do Livro. Não é lindo?”. Foi assim que Maria Bethânia
encerrou sua apresentação na sexta-feira, 26, não sem antes pedir desculpas por ter ultrapassado os 40 minutos
combinado – não que alguém tenha achado ruim ouvi-la cantar e ler trechos de poemas e livros. A cantora, ligada ao
universo literário há muito tempo, fez uma versão reduzida de seu show Bethânia e As Palavras, antes dos discursos
habituais na cerimônia de abertura da Bienal Internacional do Livro de São Paulo – apenas o ministro da Educação,
Mendonça Filho, evitou o microfone. Até 4 de setembro, são esperadas 700 mil pessoas no Anhembi.
Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Mia Couto, Manuel Bandeira, o professor da infância, Nestor Oliveira, que
apresentou a poesia a Bethânia e Caetano. Eles e muitos outros, todos juntos, entre um verso e outro, uma música e
outra, na voz de uma Bethânia toda de branco, cabelo preso quase até o fim do show, óculos de grau.
A Poetas Populares (Os nomes dos poetas populares / Deveriam estar na boca do povo / No contexto de uma sala de
aula / Não estarem esses nomes me dá pena), de Antonio Vieira, ela emendou Trenzinho Caipira, num dos momentos
mais bonitos – como foi quando ela cantou Romaria. A leitura de um longo trecho de Grande Sertão Veredas também
foi um dos pontos altos.
O moçambicano Mia Couto apareceu mais de uma vez. Dele, ela leu: “Agora, meu ouro é a palavra. Agora, a poesia é a
minha única visita de família” e “Na escolinha, a menina propícia a equívocos disse que masculino de noiva é navio”.
“Que coisa linda!”, ela disse após ler esta última frase – e então cantou trecho de Oração ao Tempo.
Na sequência, leu Velha Chácara, de Manuel Bandeira, comentou sobre o aprendizado com Nestor de Oliveira, seu
professor em Santo Amaro, na Bahia, e deu seu recado: “É possível, sim, uma boa e plena educação nas escolas
públicas. Veja eu, Maricotinha, abrindo a Bienal do Livro. Beijinho no ombro”. Ela voltou a repetir isso – sem a
referência à Valeska Popozuda – no final.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
a) “Foi assim que Maria Bethânia encerrou sua apresentação na sexta-feira (...)”
b) “(...) não que alguém tenha achado ruim ouvi-la cantar e ler trechos de poemas e livros.”
c) “‘Que coisa linda!’, ela disse após ler essa última frase (...)”
d) “‘(...) Na escolinha, a menina propícia a equívocos disse que masculino de noiva é navio’”.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – O “que” está atuando não como pronome, mas como conjunção, conectando orações.
Letra B – ERRADA – O “que” está atuando não como pronome, mas como conjunção, conectando orações.
Letra C – CERTA – Trata-se de um pronome indefinido adjetivo, que modifica o substantivo “coisa”.
Letra D – ERRADA - O “que” está atuando não como pronome, mas como conjunção, conectando orações.
Letra E – ERRADA – O “que” atua como pronome relativo substantivo, substituindo o termo anterior “Nestor
Oliveira”.
Resposta: C
Conhecimento que transforma: acompanhe, na linha do tempo a seguir, descobertas que ajudaram a desenvolver a
sociedade. Controlar a realidade. É o que defendiam os filósofos Francis Bacon e René Descartes, que viam o
conhecimento como uma forma de emancipação humana. Conhecer nos permite entender o mundo e, a partir dessa
sabedoria, criar técnicas para dominar a natureza — ou pelo menos é o que a gente pensa que faz.
Observar e compreender a origem do fogo, por exemplo, permitiu que os ancestrais humanos desenvolvessem
métodos para acender as primeiras fogueiras, uma descoberta fundamental para a humanidade. Se esse conhecimento
não tivesse sido passado de geração para geração, o mundo moderno não teria sido criado.
A ideia de conhecimento caracteriza a passagem do mundo arcaico para o moderno: usando a razão, o homem pôde
entender por que as coisas são como são e, a partir disso, buscar soluções para os grandes problemas do mundo, desde
a cura de doenças até a descoberta da eletricidade.
Publicado em: 24/01/2018 Texto adaptado. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/a- -incrivel-jornada-em-
busca-do-conhecimento/ Acesso em: 01/02/2018
No trecho “Visitei o apartamento da mãe de Maria, o qual muito me interessou.”, usou-se “o qual” ao invés de “que”
por qual razão?
a) A locução conjuntiva “o qual” pertence a norma-culta da Língua Portuguesa.
d) Depois de nome próprio não se deve usar pronome relativo, por isso não pode-se utilizar o “que”.
RESOLUÇÃO:
O pronome relativo “que”, uma vez empregado, poderia se referir a “apartamento” ou a “mãe de Maria” ou “Maria”,
gerando, assim, várias possibilidades de interpretação. O apartamento pode ter interessado muito ou a mãe de Maria
pode ter interessado muito ou até a Maria pode ter interessado muito.
Com o emprego da forma masculina singular do pronome relativo – o qual -, fica clara a menção a “apartamento”.
Resposta: E
CELULARES CAUSAM CÂNCER? UMA ANÁLISE SOBRE COMO A MÍDIA TRATA QUESTÕES DE RISCO À
SAÚDE
30/03/2015 - 09H03 - POR CARLOS ORSI
Neste mês, um colunista de informática do New York Times, Nick Bilton, escreveu um artigo sobre computadores
“vestíveis” – equipamentos de informática integrados ao vestuário, como o Google Glass ou o Apple Watch – sugerindo
que o uso desses acessórios, principalmente quando ligados a redes sem fio ou de telefonia celular, poderia representar
um risco de câncer comparável ao trazido pela fumaça de cigarro.
A tese de Bilton era de que, como existem pesquisas indicando que o uso de celular junto ao ouvido pode causar
câncer de cérebro, seria lógico supor que usar o mesmo tipo de tecnologia junto a outras partes do corpo, como os
olhos ou a pele, também não seria seguro. Três dias depois de publicar a coluna, no entanto, o jornal se viu
constrangido a fazer uma retratação registrando o seguinte:
“Nenhum estudo epidemiológico ou de laboratório jamais encontrou evidência confiável de tais riscos [ligando
celulares a câncer], e não há nenhuma teoria amplamente aceita de como eles poderiam surgir. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), ‘até o momento, não se estabeleceu nenhum efeito de saúde adverso associado
ao uso de telefones móveis’ [...]”.
Essa nota de retificação [...] gera uma questão espinhosa: como o jornalista do Times pôde se enganar tanto? A
resposta é instrutiva e nos ensina algo sobre como a mídia em geral tende a tratar questões de risco à saúde.
A primeira coisa a notar é que, em princípio, não faz sequer sentido imaginar que celulares possam causar câncer: as
ondas eletromagnéticas que usam para transmitir e receber sinal não têm energia suficiente para penetrar no núcleo
das células e alterar seu DNA: de fato, os raios do Sol são mais potentes (e perigosos). Mas, até aí, seguro morreu de
velho, e diversos grupos de pesquisadores se dedicaram a estudar o assunto.
A nota de retificação fala que “não há evidência convincente”. A palavra-chave aí é “convincente”. Como explica o
oncologista americano David Gorski [...], existe, fundamentalmente, um só grupo de cientistas que afirma ter
encontrado repetidas provas estatísticas de uma ligação entre os equipamentos e a doença. [...]
A comunidade científica, em geral, e os órgãos responsáveis pela saúde pública, em particular, tendem a se guiar,
corretamente, pela evidência preponderante – no caso, de que não há perigo – e não por resultados isolados. Mas o
jornalismo costuma dar mais atenção aos sinais de alerta, e a desconfiar das comunicações tranquilizadoras,
principalmente quando essas últimas parecem servir a interesses econômicos (no caso, dos fabricantes de celular).
Trata-se de uma atitude que costuma ser interpretada, no meio, como sinal de “saudável senso crítico”. Mas a verdade é
que, sem analisar os detalhes técnicos e evitando dar o devido peso ao mérito próprio de cada afirmação, desconfiar de
tudo é uma atitude tão ingênua quanto acreditar em tudo. [...]
Para finalizar, uma notícia que não vi ninguém dando com destaque aqui no Brasil: um estudo realizado na Nova
Zelândia, divulgado em fevereiro, encontrou uma relação entre o uso de celular e a redução no número de casos de
câncer de cérebro no país! [...] Isso quer dizer que a radiação do celular evita câncer? Mata as células malignas? Muito
provavelmente, não. Existe, afinal, uma coisa chamada coincidência – e é por isso que estudos isolados têm de ser
olhados com alguma reserva, quer tenham conclusões boas ou más.
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2015/03/celulares-causam-cancer-uma-analise-sobre-
como-midia- trata-questoes-de-risco-saude.html.
Assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma a respeito das palavras em destaque em “Neste mês, um
colunista de informática do New York Times, Nick Bilton, escreveu um artigo sobre computadores ‘vestíveis’.”.
a) A expressão “neste mês” poderia ser substituída por “naquele mês”, sem prejuízo sintático ou semântico.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA - A expressão “neste mês” faz menção ao mês vigente, ou seja, o mês do relato. Já a expressão
“naquele mês” faz menção a um mês do passado.
Letra B – CERTA
Resposta: B
Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado
num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu
seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez,
ainda mal se sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do
corpo, tremulavam desamparadas diante dos seus olhos.
– O que aconteceu comigo? – pensou.
Não era um sonho. Seu quarto, um autêntico quarto humano, só que um pouco pequeno demais, permanecia calmo
entre as quatro paredes bem conhecidas. Sobre a mesa, na qual se espalhava, desempacotado, um mostruário de
tecidos – Samsa era caixeiroviajante –, pendia a imagem que ele havia recortado fazia pouco tempo de uma revista
ilustrada e colocado numa bela moldura dourada. Representava uma dama de chapéu de pele e boá de pele que,
sentada em posição ereta, erguia ao encontro do espectador um pesado regalo também de pele, no qual desaparecia
todo o seu antebraço.
O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do
parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.
– Que tal se eu continuasse dormindo mais um pouco e esquecesse todas essas tolices? – pensou, mas isso era
completamente irrealizável, pois estava habituado a dormir do lado direito e no seu estado atual não conseguia se
colocar nessa posição. Qualquer que fosse a força com que se jogava para o lado direito, balançava sempre de volta à
postura de costas. Tentou isso umas cem vezes, fechando os olhos para não ter de enxergar as pernas
desordenadamente agitadas, e só desistiu quando começou a sentir do lado uma dor ainda nunca experimentada, leve
e surda.
–Ah, meu Deus! – pensou. – Que profissão cansativa eu escolhi. Entra dia, sai dia – viajando. A excitação comercial é
muito maior que na própria sede da firma e além disso me é imposta essa canseira de viajar, a preocupação com a troca
de trens, as refeições irregulares e ruins, um convívio humano que muda sempre, jamais perdura, nunca se torna
caloroso. O diabo carregue tudo isso!
Sentiu uma leve coceira na parte de cima do ventre; deslocou-se devagar sobre as costas até mais perto da guarda da
cama para poder levantar melhor a cabeça; encontrou o lugar onde estava coçando, ocupado por uma porção de
pontinhos brancos que não soube avaliar; quis apalpá-lo com uma perna, mas imediatamente a retirou, pois ao contato
acometeram-no calafrios.
Franz Kafka. A metamorfose (tradução de Modesto Carone). São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Em “Qualquer que fosse a força com que se jogava para o lado direito, balançava sempre de volta à postura de costas.
Tentou isso umas cem vezes, [...] e só desistiu quando começou a sentir do lado uma dor ainda nunca experimentada,
leve e surda.”, os termos destacados são, respectivamente:
a) pronome indefinido; pronome relativo; substantivo; artigo indefinido.
RESOLUÇÃO:
Resposta: A
a) Em “Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome oblíquo
átono destacado poderia ser utilizado, segundo a norma gramatical, também antes do verbo “Irritam”.
b) Em “[...] e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome destacado também poderia ser colocado na
ênclise do verbo organizar, uma vez que o verbo está no infinitivo e é precedido de preposição.
c) Em “Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”, o pronome “se” está proclítico devido à presença do
sujeito explícito “Pais órfãos”.
d) Em “Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial [...]”, o pronome destacado tem
colocação facultativa, podendo ocorrer tanto a ênclise quanto a próclise.
e) Em “As pessoas se enxergam como recursos ou clientes.”, o pronome é obrigatoriamente proclítico, o que nos
permite afirmar que a próclise seria impossível nesse caso.
RESOLUÇÃO:
Letra B – CERTA –Diante de infinitivo não flexionado antecedido de preposição ou de palavra negativa, admite-se
próclise ou ênclise.
Letra C – ERRADA – O pronome está proclítico devido à presença da palavra negativa “não”.
Letra E – ERRADA – Não há restrições quanto à posição do pronome oblíquo antes ou depois do verbo. Portanto, na
frase em questão, é facultativo o emprego da próclise ou da ênclise.
Resposta: B
Em “Aquela situação, porém, não me permitia simplesmente bater em retirada.”, com relação à colocação pronominal,
constata-se que o pronome em destaque está em posição de
a) mesóclise, pois encaixa-se em estrutura com verbo no futuro.
RESOLUÇÃO:
De fato, o pronome oblíquo “me” está em posição proclítica, atraído pela palavra de negação “não”.
Resposta: E
No que se refere à colocação pronominal, assinale a alternativa em que o pronome oblíquo destacado está
posicionado INCORRETAMENTE.
a) “Muito fala-se dos desdobramentos e reflexos dessa mensagem no leitor (...)”
b) “(...) sonha que seu texto inspire e mude a vida de alguém, ou apenas que lhe abra um leve sorriso e aquiete o
coração.”
c) “(...) sem ela, ele simplesmente não vive, pois não se expressa.”
d) “O eu lírico do poeta, por exemplo, necessita da poesia para sobreviver, não apenas a faz por hobby ou prazer (...)”
e) “(...) assim como a poesia, que liberta o poeta de suas próprias amarras, trazendo-o à luz de fora da caverna.”
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADA – Deve-se empregar o oblíquo antes do verbo, pois este é atraído pelo advérbio “Muito”, fator de
próclise.
Letra B – CERTA – O pronome oblíquo “lhe” é atraído pela conjunção subordinativa “que”, fator de próclise.
Letra C – CERTA – O pronome oblíquo “se” é atraído pela palavra negativa “não”, fator de próclise.
Letra D – CERTA – O pronome oblíquo “a” é atraído pelo advérbio “apenas”, fator de próclise.
Letra E – CERTA – O pronome oblíquo “o” é empregado após o verbo, pois não se admite próclise após pausa.
Resposta: A
Referente às regras de colocação pronominal, assinale a alternativa em que é obrigatório o uso de ênclise.
a) “[...] a pessoa se movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.”.
b) “[...] um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio altino de mens
sana in corpore sano, desviando-o descaradamente para o corpo.”.
c) “Ao longo da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que se envelhecia
[...]”.
d) “[...] e deixam a sabedoria nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos.”.
e) “Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso [...]”.
RESOLUÇÃO:
Letra B – CERTA – Deve-se empregar obrigatoriamente o pronome oblíquo “o” após o verbo, haja vista que não se
admite próclise após pausa.
Letra C – ERRADA – Não há restrições para o uso da próclise ou da ênclise.
Letra D – ERRADA – É obrigatório o emprego da próclise, haja vista que o pronome relativo “que” atua como fator de
próclise.
Letra E – ERRADA – Diante de infinitivo não flexionado antecedido por preposição ou palavra negativa, é facultativo o
emprego da próclise ou da ênclise.
Resposta: B
Assinale a alternativa em que a colocação pronominal NÃO está de acordo com a Norma-Culta da Língua Portuguesa.
e) Analisar-se-á os acontecimentos.
RESOLUÇÃO:
Letra A – CERTA – A expressão negativa “Nunca mais” atua como fator de próclise.
Letra B – ERRADA – O pronome interrogativo “Quem” atua como fator de próclise, forçando o oblíquo “me” a se
posicionar antes do verbo.
Letra C – CERTA - Exige-se próclise nas construções “Em + se + verbo no gerúndio”.
Letra E – CERTA - Não se admite próclise em início de frase nem se admite ênclise com verbo no futuro. Deve-se optar,
portanto, pela mesóclise.
Resposta: B
22. INÉDITA
Assinale a opção em que o elemento em destaque foi empregado de acordo com os preceitos da norma culta.
a) Na época onde grande parte dos cientistas atuavam em laboratórios locais houve inúmeros avanços científicos.
c) As versões que se fala nos bastidores contém trechos contraditórios que demonstram conflito de interesses.
d) A pessoa em cujo trabalho podemos contar tem uma posição estratégica na equipe.
RESOLUÇÃO:
Letra A – ERRADO – Não se deve empregar “onde” e suas variações – aonde, donde, etc. – para se referir a termos que
não transmitam a ideia de lugar. É o que ocorre na redação: o pronome relativo “onde” se refere ao antecedente
Deve-se empregar simplesmente o pronome relativo “que” ou a forma “o qual”, para substituir o termo antecedente
“filme”.
Resposta: B
23.INÉDITA
Um estudante apresenta dificuldades com a flexão plural, pois tem dificuldades em identificar as palavras que são
invariáveis. Ao se deparar com as duas frases a seguir, ficou em dúvida sobre qual forma estaria correta do ponto de
vista da norma culta.
I – Fizemos as tarefas erradas.
a) Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
b) Em II, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Em I, foram realizadas tarefas que não eram corretas.
Ambas, portanto, estão de acordo com a norma culta.
c) Em I, as tarefas realizadas foram as erradas. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e “maneira”.
Apenas I, portanto, está de acordo com a norma culta.
d) Em II, as tarefas realizadas foram as erradas. Em I, foi errada a maneira como foram feitas as tarefas. Ambas,
portanto, estão de acordo com a norma culta.
e) Em I, deveria ser empregada a forma “erradamente”. Em II, há um problema de concordância entre “errado” e
“maneira”. Assim, I e II são construções em desacordo com a norma culta.
RESOLUÇÃO:
Na frase I, tem-se o adjetivo “erradas”, que concorda em gênero e número com o substantivo “tarefas”.
Interpretando a frase I, dá-se a entender que foram realizadas as tarefas erradas, não as corretas. Ou seja, escolheram-
se as tarefas erradas para se fazer.
Na frase II, tem-se o advérbio “errado”, que modifica a forma verbal “Fizemos”.
Lembremo-nos de que o advérbio é uma classe de palavra invariável em gênero e número. Poderíamos empregar a
forma “erradamente”, mas nada impede de se utilizar a forma reduzida “errado”.
Interpretando a frase II, dá-se a entender que a forma como foram feitas as tarefas não foi correta. Fez-se de forma
errada, portanto.
As duas construções, portanto, estão corretas quanto à concordância, mas dizem coisas diferentes uma da outra.
A resposta é a letra B.
Resposta: B
24. INÉDITA
Assinale a opção cujo “lhe” em destaque exerce uma função diferente da dos demais.
b) O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
c) Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
RESOLUÇÃO:
Exemplos:
Note que os verbos “conhecer” e “beijar” não pedem objetos indiretos. O pronome “lhe”, nesses casos, não exerce a
função de complemento verbal. Assume sim a função de adjunto adnominal.
Analisemos item a item:
Letra A – O verbo “enviar” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma completa lista de exercícios”; já o indireto é
representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a
ele”.
O professor enviou-lhe, após o expediente, uma completa lista de exercícios.
Letra B - O verbo “entregar” pede objetos direto e indireto. O direto é “a relação dos colegas faltosos”; já o indireto é
representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a
ele”.
O aluno lhe entregou, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
= O aluno entregou a ele, após insistentes pedidos, a relação dos colegas faltosos.
Letra C - O verbo “pedir” pede objetos direto e indireto. O direto é “uma ajuda financeira”; já o indireto é representado
pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela forma tônica “a ele”.
Pedimo-lhe uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
= Pedimos a ele uma ajuda financeira, em decorrência do desemprego de boa parte dos nossos familiares.
Letra D - O verbo “oferecer” pede objetos direto e indireto. O direto é “a mais cobiçada oportunidade de emprego”; já
o indireto é representado pelo “lhe. Uma forma prática de visualizar o “lhe” como objeto indireto é substituí-lo pela
forma tônica “a ele”.
Ofereceram-lhe a mais cobiçada oportunidade de emprego.
Letra E – Observe que o verbo “seguir” não pede objeto indireto (quem segue segue algo/alguém). Dessa forma, o
“lhe” em destaque não exerce a função de objeto indireto.
Note que é possível resscrever a frase da seguinte forma:
Portanto, na letra E, o “lhe” exerce uma função diferente do das demais opções.
Resposta: E
25.INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO
Em "fazem dos mais experientes", o objeto indireto "dos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome oblíquo
tônico "deles (de+eles)" ou pela forma oblíqua átona "lhes". As formas pronominais "o(s)", "a(s)" substituem objetos
diretos e seriam inadequadas para essa substituição.
Atenção!
Vale ressaltar que os pronomes ele, ela, nós, vós, eles e elas, quando precedidos de preposição, funcionam na prática
como oblíquos tônicos.
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o primeiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "fazem-lhes" ou "fazem deles".
Em "atribuem aos mais experientes", o objeto indireto "aos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome
oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes".
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o segundo trecho destacado pode ser substituído pelas formas "atribuem-lhes" ou "atribuem a eles".
Por fim, em "assiste aos mais experientes", o verbo "assistir" é empregado no sentido de "caber" e seu objeto indireto
pode ser substituído pelo pronome oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes" (algo assiste a alguém).
Há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo "lhes", haja vista que não se emprega próclise
(pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o terceiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "assiste-lhes" ou "assiste a eles".
Resposta: A
26. INÉDITA
a) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia iludir seus
fiéis eleitores.
b) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a quem não
dispõe de equilíbrio emocional.
c) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em verdades
desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
d) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
e) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
RESOLUÇÃO:
Letra A - ERRADO - Em lugar de "nos quais", deve-se empregar "dos quais", uma vez que a forma verbal "se
valer" solicita a regência da preposição "de" (quem se vale, se vale de algo). Além disso, não faz sentido o emprego do
pronome relativo "cuja", uma vez que não temos uma relação de posse.
O correto, então, seria: "Os motivos dos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação
que pretendia iludir seus fiéis eleitores.".
Letra B - CERTO - O uso da preposição "para", antes do pronome relativo "cujo", é necessidade requerida pela forma
verbal "são exigidas" (são exigidas para algo). Além disso, a preposição "a" antes de "quem" é necessidade da regência
da forma verbal "são indicadas"(são indicadas a alguém).
Letra C - ERRADO - O uso de "do que" está equivocado, uma vez que a regência do verbo "preferir" é dada pela
preposição "a". É equivocado também o uso do pronome relativo "onde", uma vez que este não indica lugar.
Assim, o correto seria: "Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis a uma apoiada
em verdades desagradáveis em que nem todos querem acreditar.".
Letra D - ERRADO - O uso da preposição "de", entes do primeiro pronome relativo "que", é equivocado, uma vez que a
forma verbal "se imputa" não a solicita (se imputa algo a alguém = se imputa mau juízo aos sindicatos).
Da mesma forma, o uso da preposição "em", antes do segundo pronome relativo "que", é equivocado, uma vez que a
forma verbal "se atribui" não a solicita (se atribui algo a alguém = se atribui juízo aos partidos políticos).
Assim, o correto seria: "O mau juízo que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele que se atribui aos partidos
políticos.”.
Letra E - ERRADO - O uso do pronome relativo "cujo" é inadequado, uma vez que não existe uma relação de posse. É
equivocado também o emprego da crase em "à", uma vez que é solicitado apenas o artigo definido "a".
Assim, o correto seria: “A confiança de que não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser
exercida segundo a natureza do interesse público.”
Resposta: B
27.INÉDITA
As gerações atuais veem os mais experientes de forma negativa, fazem dos mais experientes um fardo, atribuem aos
mais experientes vícios ou manias incorrigíveis e, devido a essa inversão de valores, assiste aos mais experientes não
mais transmitir conhecimento, mas sim apenas entreter os mais jovens com lembranças do passado.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
RESOLUÇÃO
Em "fazem dos mais experientes", o objeto indireto "dos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome oblíquo
tônico "deles (de+eles)" ou pela forma oblíqua átona "lhes". As formas pronominais "o(s)", "a(s)" substituem objetos
diretos e seriam inadequadas para essa substituição.
Atenção!
Vale ressaltar que os pronomes ele, ela, nós, vós, eles e elas, quando precedidos de preposição, funcionam na prática
como oblíquos tônicos.
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o primeiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "fazem-lhes" ou "fazem deles".
Em "atribuem aos mais experientes", o objeto indireto "aos mais experientes" deve ser substituído pelo pronome
oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes".
No caso de utilização do pronome átono "lhes", há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo, haja
vista que não se emprega próclise (pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da
ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o segundo trecho destacado pode ser substituído pelas formas "atribuem-lhes" ou "atribuem a eles".
Por fim, em "assiste aos mais experientes", o verbo "assistir" é empregado no sentido de "caber" e seu objeto indireto
pode ser substituído pelo pronome oblíquo tônico "a eles" ou pela forma oblíqua átona "lhes" (algo assiste a alguém).
Há uma restrição quanto ao posicionamento do pronome oblíquo "lhes", haja vista que não se emprega próclise
(pronome antes do verbo) após pausa, sendo forçoso no exemplo o emprego da ênclise (pronome depois do verbo).
Assim, o terceiro trecho destacado pode ser substituído pelas formas "assiste-lhes" ou "assiste a eles".
Resposta: A
28. INÉDITA
Os adultos brasileiros frequentaram menos anos de escola do que a população de mesma faixa etária da Colômbia —
cujo PIB “per capita”, durante boa parte do século XX, foi inferior ao brasileiro. A conclusão está em relatório do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Sendo coerente com o conteúdo da notícia, podemos afirmar que em sua manchete:
a) o termo “colombianos” é substantivo, uma vez que se refere àqueles que nasceram na Colômbia.
b) o termo “colombianos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “adultos”.
c) o termo “adultos” é adjetivo, uma vez que qualifica o substantivo oculto “brasileiros”.
RESOLUÇÃO
É preciso tomar bastante cuidado com o enunciado da questão, pois este nos pede que sejamos coerentes com o
conteúdo da notícia.
Se nos detivermos apenas à análise do título, podemos incorrer na precipitada conclusão de que o termo
“colombianos” é substantivo, haja vista que está antecedido de artigo.
Por que ocorre o equívoco?
Observe o trecho “Os adultos brasileiros frequentaram menos anos de escola do que a população de mesma faixa
etária da Colômbia...”.
Fica claro que a comparação se dá entre adultos que nasceram no Brasil e adultos que nasceram na Colômbia.
Isso significa que, no título da notícia, antes de “colombianos”, é preciso subtender o substantivo “adultos”.
Letra A – ERRADO – O termo “colombianos” não é substantivo, e sim adjetivo, pois modifica o substantivo oculto
“adultos”.
Letra B – CERTO – Vide a explicação dada para a letra A.
Letra C – ERRADO – O termo “adultos” é substantivo e os termos “brasileiros” e “colombianos” são adjetivos. Trata-se
de adultos (substantivo) que são brasileiros (adjetivo) e de adultos (substantivo) que são colombianos (adjetivo).
Letras D e E – ERRADO – Vide explicação dada para a letra C.
Resposta: B
29. INÉDITA
Na tirinha, foi gerado um efeito de humor a partir de um equívoco de entendimento do segundo falante. Para que não
houvesse o mal-entendido, ele deveria ter identificado no advérbio “religiosamente” um sentido associado à ideia de:
a) modo
b) hábito
c) intensidade
d) finalidade
RESOLUÇÃO
O primeiro falante empregou o advérbio “religiosamente” num sentido associado a “hábito”. Já o segundo falante
tomou ao pé da letra o seu significado, associando-o a modo (religiosamente = de maneira religiosa).
Dessa forma, para que NÃO houvesse o mal-entendido, o segundo falante deveria ter identificado o sentido de
HÁBITO.
Resposta: B
30. INÉDITA
O homem já sabe como alimentar a terra inteira. Já descobriu como fazer a todos beneficiários do progresso e da
riqueza. Já dominou suficientemente a ciência para colocá-la a serviço da justiça, do bem e da humanidade. Por que,
então, não realiza tudo isso? Por que para exatamente no ponto em que venceu o que antes eram resistências ao
progresso? Por que se perde e entra em desespero exatamente quando já dominou os meios materiais necessários ao
equilíbrio da vida?
Sobre o pronome “isso” em destaque, é correto afirmar que
RESOLUÇÃO
O demonstrativo “isso” funciona como um anafórico, ou seja, ele retoma algo já mencionado no texto. No caso, ele
retoma todo o conteúdo até então exposto. Note que a letra A está errada, pois nela se afirma que o pronome resume
todo o texto. Na verdade, ele aglutina a ideia dos períodos anteriormente citados.
Resposta: B
Gabarito
1. D
2. D
3. C
4. C
5. D
6. E
7. A
8. C
9. A
10. E
11. E
12. A
13. C
14. E
15. B
16. A
17. B
18. E
19. A
20. B
21. B
22. B
23. B
24. E
25. A
26. B
27. A
28. B
29. B
30. B
Resumo Direcionado
😊
Veja a seguir um resumão que eu preparei com tudo o que vimos de mais importante nesta aula. Espero que
você já tenha feito o seu resumo também.
Palavras cognatas compartilham do mesmo radical, têm uma mesma origem, pertencem a uma mesma
família etimológica, ou seja, tiveram a mesma raiz de formação. Observe as palavras locutor, locutório,
elocução, eloquência, interlocutor, locução, etc. Elas compartilham de um mesmo elemento formador - no
caso, loc. Esse elemento formador comum é o radical e as palavras reunidas em torno desse radical
são cognatas.
Já a palavrar “aterrorizar” é formada pelo acréscimo do prefixo “a -” e do sufixo “- izar” à palavra primitiva
“terror”. Note que, para formar palavra, esse acréscimo deve ser simultâneo, pois não se forma palavra apenas com o
acréscimo de prefixo ou apenas com o acréscimo de sufixo. Caracteriza-se, assim, o processo de derivação
parassintética.
SUBSTANTIVO
Atenção para alguns gêneros que nos causam confusão nas provas!
Podem ser masculinos ou femininos: o/a dengue, o/a agravante, o/a diabetes, o/a personagem, etc.
Quando o substantivo composto é formado por dois substantivos e o segundo delimita o primeiro, conferindo a
ele uma ideia de tipo, finalidade ou semelhança, ADMITE-SE a flexão apenas do primeiro substantivo. O plural
de pombo-correio pode ser pombos – correios ou pombos – correio. Note que “pombo” e “correio” são substantivos e o
segundo delimita o primeiro. Dessa forma, admite-se a flexão somente do primeiro substantivo. O plural de palavra-
chave pode ser palavras – chaves ou palavras – chave. Note que “palavra” e “chave” são substantivos e o segundo
delimita o primeiro. Dessa forma, admite-se a flexão somente do primeiro substantivo.
Quando o substantivo composto é formado por palavras repetidas ou onomatopeias (imitação de sons), flexiona-
se apenas o último elemento. É o caso de corre-corres, pula-pulas, bem-te-vis, pingue-pongues, tique-taques.
Quando o substantivo composto é formado por substantivo + preposição + substantivo, flexiona-se apenas o
primeiro elemento. É o caso de pores do sol, fins de semana, pés de moleque, mulas sem cabeça, etc.
Há duas maneiras de formar diminutivos sintéticos. Uma é utilizar os sufixos –zinho ou –zinha. Outra
forma é utilizar os sufixos –inho ou –inha. No primeiro caso, a palavra primitiva não sofre alteração,
somando-se os sufixos –zinho ou –zinha ao final da palavra. É o que ocorre em cinemazinho,
programazinho, motozinha e fotozinha. Já no segundo caso, a palavra primitiva sofre alteração, com a
interposição de “inh” entre a palavra e sua vogal final. É o que ocorre em cineminha (cinem – inh
- a), programinha (program – inh - a), motinho (mot – inh - o) e fotinho ( fot – inh - o). Note que, ao
acrescentar os sufixos –inho ou –inha, mantém-se a vogal final da palavra primitiva, independente se
ela é masculina ou feminina. Dessa forma, o diminutivo de foto ou é fotozinha ou é fotinho. Não
existe a forma fotinha. Da mesma maneira, o diminutivo de moto ou é motozinha ou é motinho. Não
existe a forma motinha (só na Dança da Motinha, rsrsrs. Desculpem! Não resisti!).
O plural dos diminutivos terminados em –inho e –inha se faz com a simples soma do S ao final. Dessa
forma, o plural de casinha é casinhas; de asinha é asinhas; de piadinha é piadinhas, etc. Já o plural dos
diminutivos terminados em –zinho e –zinha é mais trabalhoso. Devemos fazer o plural da palavra
primitiva, eliminar o S final e somar os sufixos plurais –zinhos ou –zinhas. Observe os exemplos a
seguir:
Exemplos:
IMPORTANTE
Algumas palavrinhas merecem destaque, por assumirem mais de uma classe gramatical.
A palavra MEIO pode ser substantivo, numeral fracionário e advérbio. Somente como advérbio, é que essa
palavra será invariável.
Exemplos:
(A palavra “meio” está determinada por artigo “um” e por adjetivo “eficaz”. Trata-se
de SUBSTANTIVO.)
Tomei meio (meia) copo (xícara) da bebida.
(A palavra “meio” está modificando o adjetivo “decepcionado(as)”. Trata-se de ADVÉRBIO. Note que,
independentemente de o adjetivo ser masculino ou feminino, singular ou plural, o advérbio fica
invariável. )
A palavra BASTANTE pode ser adjetivo (sinônimo de “suficiente”), pronome indefinido (indicando
quantidade e modificando substantivo) ou advérbio (expressando intensidade e modificando verbo,
adjetivo ou advérbio). Somente como advérbio, é que essa palavra será invariável.
Exemplos:
Causa dúvida o emprego da forma plural BASTANTES, que soa bem estranha aos nossos ouvidos. Uma dica
fácil é substituir pelos sinônimos “muito” ou “suficiente”. Se nessa substituição aparecer uma forma plural, é
sinal de que devemos empregar a forma BASTANTES.
Exemplos:
(Substituindo por “muito”, teremos “Os alunos ficaram MUITO confusos com as notícias
desencontradas.”. Como “muito” não variou em número, devemos empregar a forma
singular BASTANTE.)
Tivemos (bastante/bastantes) desilusões com a nova versão do aplicativo.
(Substituindo por “muito”, teremos “Tivemos MUITAS desilusões com a nova versão do aplicativo.”.
Como “muito” variou em número, devemos empregar a forma plural BASTANTES.)
Não julgamos (bastante/bastantes) essas medidas adotadas pelo Governo para combater a
insegurança.
(Substituindo por “suficiente”, teremos “Não julgamos SUFICIENTES essas medidas adotadas pelo
Governo...”. Como “suficiente” variou em número, devemos empregar a forma plural BASTANTES.)
A palavra TODO pode funcionar como advérbio, modificando adjetivos. Pode-se empregá-la na forma
invariável, haja vista se tratar de advérbio. Admite-se, no entanto, sua flexão no gênero e número do adjetivo
que modifica. Trata-se de uma excepcionalidade de advérbio variável.
Exemplo:
IMPORTANTE
Cuidado para não confundir LOCUÇÃO ADJETIVA e LOCUÇÃO ADVERBIAL. Uma pequena mudança na
construção, principalmente no emprego das preposições, já é capaz de alterar a classificação.
Exemplos:
Note que “de salão” modifica o substantivo “dança” (Que tipo de dança? A resposta é “dança de salão”.),
funcionando morfologicamente como locução adjetiva. Já “no salão” modifica a forma verbal “praticamos” (Onde
praticamos a dança? A resposta é “praticamos no salão”.)
Sempre aprendemos que é errado o emprego da forma “mais bom”, “mais ruim”, “mais grande” e “mais
pequeno”, certo? No lugar, deveríamos empregar a forma sintética “melhor”, “pior”, “maior” e “menor”, não é verdade?
Calma, jovem! Isso tudo é verdade, quando estamos falando da comparação clássica – dois seres e um atributo.
Com certeza é errado dizer “Aquele jogador é mais bom do que você nessa posição.”. O certo é “Aquele
jogador é melhor do que você nessa posição.”.
Com certeza é errado dizer “Aquele prédio é mais grande do que este.”. O certo é “Aquele prédio é maior do
que este.”.
No entanto, quando estamos falando da comparação de dois atributos para o mesmo ser, as
construções analíticas “mais bom”, “mais ruim”, “mais grande” e “mais pequeno” são viáveis.
Note que agora não estamos mais na comparação clássica, e sim na comparação de dois atributos para o
mesmo ser. Na primeira frase comparamos a bondade com o senso de justiça; na segunda, o tamanho com o conforto.
Seria ERRADO o emprego da forma sintética “melhor” e “maior” nessas redações.
Muita atenção aqui, moçada! Diante de adjetivos ou particípios, deve-se empregar as formas “mais bem”
e “mais mal”, e NUNCA as formas sintéticas “melhor” e “pior”. Mas entenda! Isso somente se as formas estiverem
acompanhando adjetivos ou particípios.
Note que a forma “mais mal” acompanha o particípio “assessorado”. Estranho, né?
Listemos as principais circunstâncias e advérbios respectivos. É interessante destacar as formas eruditas, pois
elas, muitas vezes, aparecem em questões que exploram significado de palavras e expressões no texto.
Foi bom para mim ler este livro. (Está CORRETO, pois “Ler este livro é bom para mim.”. Foi bom
para quem?)
É essencial para mim assistir às aulas. (Está CORRETO, pois “Assistir às aulas é essencial para
mim.”. É essencial para quem?)
IMPORTANTE!
Os pronomes oblíquos podem, excepcionalmente, exercer função de sujeito acusativo, de verbos no infinitivo
ou gerúndio.
Sujeito acusativo é um tipo especial de sujeito. É um sujeito agente sob a influência de outro sujeito ligado a
verbos causativos ou sensitivos. Causativos são os verbos que exprimem uma relação de causa ("fazer", "mandar" e
"deixar"). Sensitivos são os verbos que indicam a existência de um dos sentidos ("ver", "sentir" e "ouvir").
O sujeito acusativo será representado por um substantivo ou por um pronome oblíquo átono (me, te, se,
o, a, nos, vos, os, as). É o único caso de sujeito em que não se podem usar os pronomes pessoais do caso reto (eu,
tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas).
Exemplos:
Deixe-me verificar o que ocorre com o serviço. (O pronome me é complemento do causativo “deixar” e
sujeito acusativo do verbo principal “verificar”)
Mande-o sair daqui urgentemente. (O pronome o é complemento do causativo “mandar” e sujeito
acusativo de “sair”)
Vi-a chorar no baile. (O pronome a é complemento do sensitivo “ver” e sujeito acusativo de “chorar”)
Essas construções, típicas da linguagem coloquial, não estão de acordo com a norma culta. O correto seria:
IMPORTANTE!
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Exemplos:
(O livro está relativamente distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem se fala.)
(A expressão “esse ano” dá entender que se trata de um ano passado, não muito distante do
atual.)
Observações:
Exemplos:
Vai e faz o que deves fazer. (= Vai e faz aquilo que deve fazer)
Leve esse dinheiro – é tudo o que tenho (= é tudo aquilo que tenho)
Exemplos:
Pedro Paulo e René são nossos professores: este, de Geografia, e aquele, de Matemática.
O pronome “este” está retomando o nome mais próximo, ou seja, “René”; já “aquele” retoma o nome
mais distante, ou seja, “Pedro Paulo”.
Os pronomes este(s), esta(s) e isto podem funcionar como pronomes catafóricos, isto é, pronomes que
se referem a algo que ainda vai ser citado. Já esse(s), essa(s) e isso podem funcionar como pronomes
anafóricos, isto é, pronomes que referem a algo que já foi citado.
Exemplos:
Podemos citar estas causas para a desigualdade: concentração de renda, desvio de dinheiro público e
individualismo da sociedade.
(O pronome “estas” antecipa os elementos da enumeração, sendo, portanto, catafórico.)
PRONOMES RELATIVOS
Como o pronome relativo onde só é utilizado na indicação de lugares, são erradas as seguintes construções:
Na época onde ele viveu, tudo era diferente. (ERRADO, pois “época” expressa tempo, não lugar)
Aquele é o cavalo onde apostei todo meu dinheiro. (ERRADO, pois “cavalo” expressa o alvo da aposta,
não lugar)
Nesses casos, no lugar de “onde”, devemos utilizar “em que” ou “no(a) qual”:
Se desejamos unir essas duas frases em uma só, devemos nos atentar para a preposição “de”, requerida
pelo verbo “falar”. Na linguagem coloquial, é muito comum omitirmos essa preposição, resultando na
frase: Este é o livro que falei.
O correto seria a construção: Este é o livro de que eu falei.
Assim, devemos tomar muito cuidado com esse posicionamento da preposição diante dos pronomes
relativos, pois o uso normativo não corresponde, muitas vezes, ao uso informal presente na linguagem coloquial.
Assim,
O correto seria: “A garota de que gosto” ou “A garota da qual gosto” ou “A garota de quem gosto”.
Está errado na linguagem culta, pois quem conversa, conversa com alguém.
O correto seria: “A garota com que converso” ou “A garota com a qual converso” ou “A garota com quem
converso”.
Veja mais exemplos:
Minha namorada é a menina com quem eu saí ontem. (saí com a menina)
Os remédios dos quais temos necessidade foram entregues. (necessidade dos remédios)
O professor a cuja aula faltei esclareceu muitas dúvidas. (faltei à aula do professor)
O estagiário com cujo irmão falei acaba de chegar. (falei com o irmão do estagiário)
O presidente sobre cuja vida escrevi faleceu. (escrevi sobre a vida do presidente)