2017 Rececao Do Pensamento de Antonio S2

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Receção do pensamento de António Sardinha

nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e


Diário de Pernambuco.

Susana Rocha Relvas

Introdução
A receção e influência do Integralismo Lusitano no Brasil, iniciado na década de
vinte, com a distribuição da revista Nação Portuguesa em terras de Vera Cruz, é
protagonizada por uma plêiade de políticos e escritores brasileiros que divulgam o
pensamento de António Sardinha na imprensa, intensificam o diálogo epistolar e
intercambiam livros e revistas. São eles Gilberto Freire, Oliveira Lima, Jackson de
Figueiredo e Elysio de Carvalho que nas páginas de A Ordem, América Brasileira e
Diário de Pernambuco, serão unânimes na admiração pelo poeta, revisor da história
nacional e criador de um sistema politico e cultural hispânico que dará os seus frutos nas
décadas seguintes. Por seu lado, são conhecidas da intelectualidade brasileira as páginas
que Sardinha dedica ao Brasil, eivadas de comunhão espiritual e de meditada doutrina
política e social, como o próprio defende: “O nosso rumo, o rumo verdadeiro da Península
leva-nos à América” (SARDINHA,1943, pp.106-107). Se, no plano simbólico, o Brasil
representa o melhor exemplo da vocação apostólica portuguesa, no plano doutrinário, o
mestre integralista defende para as repúblicas latino-americanas um sistema
presidencialista ao comando de Estados corporativos e autoritários, inspirado na
monarquia orgânica.

Esta rede de contactos e conhecimentos alarga-se a outros interlocutores que serão


peças chave na ponte transatlântica estabelecida com o núcleo integralista de Sardinha,
como os portugueses Fidelino de Figueiredo, Carlos Lobo de Oliveira, Agostinho de
Campos e Luís de Almeida Braga e os brasileiros Hamilton Nogueira, Cláudio Ganns,
José Lins do Rego ou Félix Pacheco que, como colaboradores das revistas A ordem,
América Brasileira e Diário de Pernambuco, afetas à doutrina tradicionalista, terão um
papel de relevo na divulgação do pensamento de António Sardinha no Brasil.

Após a Primeira Guerra Mundial, e amenizadas as contendas políticas resultantes


da mudança de regime verificada quer no Brasil, quer em Portugal, as relações luso-
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͞Receção do pensamento de António Sardinha nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e
Diário de Pernambuco͟. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-
Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
2017, pp.1-24. Recurso online. ISBN 978-85-5676-014-2
brasileiras tomam um rumo inédito, no sentido de uma reaproximação e conhecimento
mútuo que merecerá o apoio dos respetivos governos. Acresce a estes fatores, os de ordem
social e cultural, tendo em conta o transito de estudantes, emigrantes e intelectuais que
propicia uma dinâmica cultural resultante desse apaziguamento, que se reflete na profusão
de movimentos literários que, entre a tradição e a modernidade, procuram um
rejuvenescimento pátrio aquém e além-mar (SARAIVA, 1986). A cultura do
“ressurgimento”, de cariz contrarrevolucionário, tem em vista, no entender de Artur
Gaspar Viana, referindo-se ao programa de ação política antidemocrática emergente no
Brasil, o derrube da política liberal (VIANA, 1926, ccxxxix). Esta mudança de paradigma
na cena política nacional, de crescimento de uma oposição política nacionalista e
conservadora que se vem fortalecendo no Brasil e em Portugal desde o início do século,
fomenta o aparecimento de uma rede de sociabilidade transatlântica que se traduz na
campanha editorial de intercâmbio de livros e revistas doutrinárias e culturais que
espelham o grau de cultura e desenvolvimento dos dois países. Do lado português, os
movimentos culturais da Renascença Portuguesa, do Integralismo Lusitano, dos grupos
em torno das revistas Seara Nova, Orpheu e Presença aderem à corrente de mudança que
procura através da aproximação luso-brasileira estabelecer contacto com seus congêneres
brasileiros. Aproximação que se verifica através do intercâmbio de revistas e livros, de
ideias e projetos e de troca de correspondência entre a elite de interlocutores luso-
brasileiros, onde se expressa, com maior veemência, o sentimento e a ideia que a enforma.

1. António Sardinha – mestre do Integralismo Lusitano

Figura 1 António Sardinha.

Nascido em Monforte do Alentejo, em 1887, António


de Sousa Sardinha foi, durante a sua formação académica na
Universidade de Coimbra, um republicano convicto. No
entanto, após a implantação da Primeira República,
desiludido com o rumo político e social do país, adere à causa
monárquica, tornando-se mentor do movimento político,
cultural e estético do Integralismo Lusitano (1914). É nas
páginas das revistas Nação Portuguesa (1914-1938) e A
Monarquia (1919-1924), que Sardinha começa, por volta de 1914, a delinear um sistema
político baseado na monarquia católica, tradicionalista e antiparlamentar, assente no
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antissemitismo e na raça para afirmar a identidade nacional, na linha de Charles Mauras,
Maurice Barrès e Gustave Le Bon.

Em 1915, o grupo integralista de António Sardinha, constituído por Pequito


Rebelo, Rolão Preto, Luís de Almeida Braga e Hipólito Raposo organizam as chamadas
Conferências da Liga Naval, que representam uma afirmação da doutrina integralista em
reação às pretensões ibéricas dos republicanos para unificar Portugal e Espanha num
sistema federalista (Sardinha, 1916). No seu ensaio intitulado "O Território e a Raça",
Sardinha sublinha a origem étnica nacional, a tradição "municipalista" e as irrefutáveis
diferenças entre Portugal e a Espanha, que justificam a soberania lusitana.

No entanto, entre 1919 e 1921, após o seu envolvimento nas tentativas armadas
de restabelecimento da monarquia, Sardinha vê-se forçado a exilar-se em Espanha, o que
representa um ponto de viragem determinante na sua filosofia política, abandonando
"preconceitos" hispanófobos e iniciando um diálogo frutífero com “intelectuais espanhóis
conservadores” que o levam à formulação de sua teoria hispanista (SARDINHA, 1943,
pp.3-4). Apesar de reconhecer a individualidade cultural e a autonomia política
portuguesa e espanhola, a aliança peninsular traduz um compromisso entre os dois países
ibéricos, alargado aos países da América Latina, Ásia e África, para recuperar a missão
ecumênica da Península no mundo. A aproximação ao Brasil torna-se, neste contexto,
vital dada a necessidade premente em dilatar a doutrina integralista no continente sul-
americano, cumprindo-se desse modo, a afirmação messiânica da pátria. O intercâmbio
das revistas culturais que se aproximam pela ideia da tradição terá, como veremos, papel
fundamental na vulgarização das ideias contrarrevolucionárias que reemergem nas
primeiras décadas do século XX.

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2. A Ordem e a ação de Jackson de Figueiredo
Figura 2 Jackson de Figueiredo.

Na génese da revista A Ordem1, emissário de combate


político e religioso, está um grupo de intelectuais conservadores,
formado, em 1910, que rejeitam a República como sistema político
e que, já na década de vinte, sob a liderança do arcebispo do Rio
de Janeiro D. Sebastião Leme, amadurecem como movimento
contrarrevolucionário, de afirmação tradicionalista e católica.
Dirigida por Jackson de Figueiredo e editada pelo Centro D. Vital
(1922), a revista de periodicidade mensal nasce, em 1921, como órgão deste movimento,
com o propósito de afirmar o primado da ordem sobre o progresso. Congênere nos seus
princípios à revista Nação Portuguesa há, todavia, diferenças de fundo a registar entre
ambas, facto que Jackson de Figueiredo partilha com António Sardinha em
correspondência trocada. Apesar da “amizade”, da “afinidade de espírito”, da valorização
da missão civilizadora dos portugueses e da convergência política, na defesa da tradição
e do catolicismo “na lição do passado, aos pés da Cruz Eterna”, Jackson admite haver
divergências quanto à resolução dos “problemas contemporâneos” (carta nº 1, Rio de
Janeiro, 10 julho 1923, RELVAS, 1998, pp.133.134), como é o caso do postulado
monárquico de Sardinha ou a sua visão do Brasil, que será de imediato corrigida pelo
integralista em “A lição do Brasil”, ensaio já moldado pelas advertências de Jackson de
Figueiredo (carta nº 3, Rio de Janeiro, 3 abril 1924, RELVAS, 1998, p.138).

Comprometido numa “luta quase diária” (carta nº 2, Rio de Janeiro 29 setembro


1923, RELVAS, 1998, p.136) com o problema nacional, o diretor de A Ordem refere-se
ao sentimento lusófobo dominante no Brasil, que as campanhas de João do Rio, de Júlio
Dantas e de Alberto Forjas Sampaio em prol de uma confederação luso-brasileira, não
ajudam a amenizar. Confessando-se um “amigo leal da cultura portuguesa” reconhece,
contudo, que o único sentimento de ligação a Portugal reside na herança civilizacional
cristã pois só a cultura cristã poderá assegurar as relações luso-brasileiras, com separação
política, do respeito pela autonomia que, garante, vem sendo defendida há mais de um
século (carta nº 1, Rio de Janeiro, 10 julho 1923, RELVAS, 1998, p.135). De facto,

1
Revista católica de periodicidade mensal fundada no Rio de Janeiro em 1921 sob a direção de Jackson de
Figueiredo e extinta em 1990.
4
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Diário de Pernambuco͟. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-
Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
2017, pp.1-24. Recurso online. ISBN 978-85-5676-014-2
verifica-se no Brasil o recrudescer do tomismo, tão florescente naquele país como em
Portugal, sobretudo a partir da década de trinta, como expressão do próprio
tradicionalismo, como defende António Paim (1991, p.152).

Jackson de Figueiredo aprova e segue o ideário da Nação Portuguesa, revista que


recebe periodicamente, e empenha-se para que, tanto a revista A Ordem como os estudos
que edita, cheguem às mãos do integralista português como o opúsculo Do Nacionalismo
na Hora presente. Em contrapartida, constatando o débil conhecimento do pensamento
português no Brasil, o ideólogo brasileiro insiste, junto de Sardinha, no envio de mais
livros de poesia e de doutrina política, considerando que o integralista possui um “sistema
de ideias” mais definidas do que Fidelino de Figueiredo e que são do interesse da
juventude brasileira (carta nº 3, Rio de Janeiro, 3 abril 1924, RELVAS, 1998, p.138). Do
mesmo modo, Jackson dá a conhecer autores brasileiros como Xavier Marques, membro
da Sociedade Brasileira de Letras, a quem elege como primeiro escritor brasileiro ou o
político Félix Pacheco, de quem envia um discurso, notando que teria gosto em aproximar
os dois ideólogos políticos (carta nº 4, Rio de Janeiro 24 junho 1924, RELVAS, 1998, p.
140).

Após a morte de António Sardinha, em janeiro de 1925, as revistas brasileiras que


com a Nação Portuguesa estabeleceram intercâmbio, continuarão, nos anos
subsequentes, a consagrar ao mestre do Integralismo Lusitano as mais elogiosas páginas.
No número de A Ordem, dedicado a Jackson de Figueiredo (1891-1929), Hamilton
Nogueira compara o mentor desta revista a Chesterton e a António Sardinha, dada a
paradoxalidade das suas ideias face à decadência do pensamento contemporâneo
(NOGUEIRA, 1929, p.241) que se pretende combater através do catolicismo e da
filosofia tomista. Esta linha de pensamento conservadora é veiculada no livro de ensaios
Reação do Bom Senso (1921-22), que Nogueira recorda, considerando o seu autor “o mais
completo pensador político que o Brasil possuiu até hoje” (NOGUEIRA, 1929, p.242).
Note-se que Jackson de Figueiredo faz referência, nesse seu livro, às ideias tecidas pelos
integralistas portugueses sobre a classe operária, apontando os efeitos nefastos que a
Revolução Francesa sobre ela teria tido2, agora convertida em classe consciente,

2
Citamos, aqui, o trecho referente às ideias integralistas, referidas por Jackson de Figueiredo: “Até na
"Cartilha do Operario", editada pelo Integralismo lusitano (e em parte nenhuma mais que em Portugal o
operário tem sido victma dos idéaes revolucionaios), já encontramos palavras como estas: "Para aquellas
pessoas que se deixam guiar na vida pelas idéas alheias, evitando o trabalho de pensar, a Revolução
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͞Receção do pensamento de António Sardinha nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e
Diário de Pernambuco͟. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-
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sindicalizada e reivindicativa. Nogueira aponta, de igual modo, as afinidades entre a ação
política do Centro D. Vital, na esteira de Joseph de Maistre, e o Integralismo português,
considerando que “a ordem sobrenatural era o fundamento de toda a sua doutrinação
política” (NOGUEIRA, 1929, p.248). Neste mesmo número de homenagem, Cláudio
Ganns recorda, no seu artigo “O Jornalista”, as influências literárias e doutrinárias
determinantes na primeira e na segunda fases da vida intelectual de Jackson de
Figueiredo, colhidas de Mário de Alencar, Xavier Marques ou Farias de Brito, para, por
fim, aludir à figura intelectual de António Sardinha “o apóstolo do Integralismo Lusitano
– seu émulo intelectual e seu companheiro no destino interrompido” (GANNS, 1929,
p.284).

Dirigida, após a morte de Jackson de Figueiredo, por Tristão de Athayde e Perillo


Gomes, a revista afirma-se como “a mais bem organizada das nossas revistas de
pensamento” (REDAÇÃO, 1929, p.412), procurando seguir a mesma linha doutrinária
que o mestre tinha criado nos planos intelectual e moral. A publicação prossegue, nesse
sentido, com a recensão de livros afetos à doutrina conservadora como é o caso do ensaio
intitulado “Acção Catholica - A Personalidade Humana e a Liberdade” de Sebastião
Pagano. A propósito das ideias perfilhadas por este autor, a revista medita sobre a
importância civilizacional do catolicismo, defendido pelo jornalista monárquico
fundador, em 1928, da Ação Patrionovista Brasileira, com ligações ao Centro D. Vital,
fazendo referência ao Prefácio do livro Memória da História e Teoria das Cortes Gerais
do 2º Visconde de Santarém (1925) de António Sardinha (REDAÇÃO; 1929, p.198).

Por seu lado, A Nação Portuguesa, que passa a ser dirigida por Manuel Múrias,
nos anos que se seguem à morte de Sardinha, continua a ser enviada para o Brasil.
acusando A Ordem a sua receção e fazendo menção à obra do mentor do integralismo e à
relação de amizade com Jackson de Figueiredo:

“A Nação Portuguesa conta nesta casa as mais velhas e sinceras amizades. Aqui
abriu-lhe os braços o nosso saudoso e primeiro diretor, Jackson de Figueiredo; e a todos

Francesa representa ainda hoje um grande avanço na senda do progresso moral, material e politico dos
povos. Facilmente demonstraríamos como, pelo contrario, ella representa antes um retrocesso nesses trez
pontos, se a nossa acção neste trabalho não se restringisse apenas à sua acção deleteia no aspecto
econômico, começando por affirmar que a causa principal do descalabro econômico em que vegetamos foi
a Revolução, e que só com o regresso ao sindicalismo orgânico a questão social se solucionará." (Pag.
14)”. (FIGUEIREDO, 1922, pp.22-23).
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͞Receção do pensamento de António Sardinha nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e
Diário de Pernambuco͟. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-
Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
2017, pp.1-24. Recurso online. ISBN 978-85-5676-014-2
nós, neste texto, ensinou ele a conhecer e a admirar a obra que se impos a formosa revista
lusitana, e a conhecer e admirar os combatentes a que ela servia de bandeira”
(REDAÇAO, 1929, p.411).

3. A América Brasileira e a reinvenção do Brasil como potência mundial


Figura 3 Elysio de Carvalho.

Com atividade literária, entre 1921 e 1924, a América


Brasileira. Resenha da Actividade Nacional apresenta, como eixo
central, o debate quer das tendências artísticas brasileiras, entre o
tradicionalismo e o modernismo, quer das doutrinas políticas
afetas ao nacionalismo conservador e antiliberal. Aberta ao
pensamento internacional, a revista estará atenta às correntes
europeias em convergência com o seu posicionamento
doutrinário, como é o caso da Action Française e do Integralismo Lusitano. Apesar da
não conformidade com o regime monárquico perfilhado pelo Integralismo, o interesse da
América Brasileira pelo movimento português estende-se aos domínios doutrinário,
cultural e estético, uma vez que, se interessa aos ideólogos da revista brasileira um diálogo
convergente com um grupo congênere, essa afinidade passa pela referência à cultura
portuguesa expressa na sua arte e, em concreto, na poesia de António Sardinha e de
Afonso Lopes Vieira.

Concebida nos seus princípios por Lima Barreto e Elysio de Carvalho que,
durante a sua breve existência, será o seu diretor, América Brasileira destaca-se pela
heterogeneidade de colaborações que se reflete, segundo Felipe Cazetta, na permanente
“tensão entre o conservadorismo e o modernismo” (CAZETTA, 2014, p.1), como é o caso
de conservadores próximos do Centro D. Vital e do Instituto Varnhagen, como o
historiador Rocha Pombo, o sociólogo Oliveira Vianna e o crítico literário e pensador
Tristão de Athayde (pseudónimo de Alceu Amoroso Lima), que teria estabelecido
contacto em França com o grupo de Charles Maurras (CAZETTA, 2014, p.4), mas
também de modernistas como Sérgio Buarque de Holanda, Graça Aranha ou o poeta e
crítico Ronald de Carvalho, próximo de Fernando Pessoa, colaborador da revista Orpheu
e admirador da poesia de António Sardinha (RELVAS, 1998, p.132). Este poeta e político

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Diário de Pernambuco͟. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-
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brasileiro toma contacto, por volta de 1923, com a poesia de Sardinha, nomeadamente A
Epopeia da Planície, Quando as nascentes Despertam e Na Côrte da Saudade, que
considera um “punhado rescendente da terra portuguesa” e, em correspondência trocada
com António Sardinha, dá conta das suas impressões:

“Há, em sua poesia, o que se pode chamar o genio da gleba, aquele sentimento
profundo e numeroso das coisas humildes geradoras dos santos, dos poetas e dos herois.
Encanta-me, em verdade, a riqueza da sua imaginação, refreiada por uma
disciplina tão subtil da inteligencia.//
As formas tradicionais sàem mais elegantes, mais livres e mais engenhosas das
suas mãos de artista, que não asprece pelo artifício, a parte de humanidade do nosso
coração.
Dou-lhe os meus sinceros parabéns por sua Poesia modelar, digna de emparelhar
com a sinceridade e a nobreza da sua alma de velho e intrepido luso”. (carta nº1, Rio de
Janeiro, 3-IV-1923, RELVAS, 1998, p.132).

Se António Sardinha experimenta, no seu percurso intelectual, uma mutação


ideológica, abandonando o republicanismo da juventude para aderir à monarquia, também
Elysio de Carvalho transita da militância anarquista3 para o conservadorismo. O seu
multifacetado e heterogêneo percurso revela-nos um intelectual polémico, criador da
Universidade Popular (1904), divulgador de Nietzsche no Brasil, analista da realidade
brasileira e defensor da ordem, tendo sido fundador, diretor e professor da escola de
Polícia do Rio de Janeiro e especialista em criminologia4.

No total de cinco cartas enviadas ao hispanista português, Elysio de Carvalho


(1880-1925) manifesta a sua admiração pelo mentor do Integralismo e pelo poeta, com o
qual afirma partilhar uma “identidade completa de pensamento”. Na primeira carta,
revelando conhecer já a obra de Sardinha, Elysio dirige-se ao poeta português como
“ilustre confrade” e envia-lhe os seus mais recentes livros Brava Gente, Bastiões da
Nacionalidade e Candeia de Argila para que Sardinha possa conhecer melhor a “diretriz
mental” do seu pensamento (carta nº1, Rio de Janeiro,1 fev. 1923, RELVAS, 1998, p.

3
Veja-se a obra de Moacir Medeiros de Sant’Ana. Elysio de Carvalho, um militante doo anarquismo.
Arquivo Público de Alagoas. Brasil: Secretaria da Cultura, 1982.
4
Cf. Lená Medeiros de Menezes, “Elysio de Carvalho: um intelectual controverso e controvertido”.
Intellèctus, vol. 4, nº2 (2004), pp.1-11.
8
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Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
2017, pp.1-24. Recurso online. ISBN 978-85-5676-014-2
141-142). São inúmeras as afinidades entre a doutrina integralista e as ideias preconizadas
pelo grupo da América Brasileira, assente no tradicionalismo, no reconhecimento da
matriz cultural portuguesa na formação do Brasil e na vontade de elevar este país da
América Latina a potência mundial. Nesta campanha de divulgação da obra de Sardinha
no Brasil, Elysio de Carvalho publica na América Brasileira um ensaio intitulado “O
Génio Peninsular”, alusivo ao estudo homónimo de Sardinha, editado no mesmo número:

“O seu integralismo lusitano, doutrina política, literária e estética com


fundamentos na história, no desenvolvimento étnico e na idealidade do povo português,
é movimento que possui todos os atributos para ser triunfante, com a maior satisfação,
verifico que muito se apesenta com as ideias e os princípios que inspiram América
Brasileira, cujo programa nacionalista insiste em ligar o culto dos nossos antepassados //
à energia dos contemporâneos, em fortalecer a permanência histórica e sagrada, em
guardar esta consciência serena e imprescritível que faz do antigo e do Brasil dos nossos
dias um todo indissolúvel, geográfico e moralmente, em preparar o advento da América
Brasileira como potência mundial. Há identidade completa de pensamento” (carta nº1,
Rio de Janeiro,1 fev. 1923, RELVAS, 1998, p.142).

Apesar da “postura lusofóbica” (CAZETTA, 2014, p.8) inicialmente tomada por


Elysio de Carvalho, notória sobretudo nos artigos publicados sob o pseudónimo de
Sargento Albuquerque e das convicções antimonárquicas que partilha com António
Sardinha, Elysio assume, de modo muito pessoal, o apego à cultura portuguesa, que,
afirma: “prezo por vínculos eternos e sagrados” (carta nº1, Rio de Janeiro, 1 fevereiro
1923, RELVAS, 1998, p. 141).

A revista brasileira conta com dois colaboradores portugueses. Agostinho de


Campos e Carlos Lobo de Oliveira. O primeiro, no seu ensaio “O Pensamento e a
Expressão na Literatura Nacional”, alude a António Sardinha, posicionando-o ao lado dos
grandes nomes da cultura europeia a que faz referência, atacando a poética do simbolista
Eugénio de Castro e a “filosofia literária” do pensador da Renascença Portuguesa
Leonardo Coimbra. O segundo, poeta simbolista, saudosista e modernista, autor do livro
Roteiro das Saudades (1925), edita o texto “António Sardinha, Poeta do Lusitanismo”,
dando conta do percurso poético do integralista, anunciando uma renovação das letras
portuguesas. Do seu ciclo de amigos contam-se Fernando Pessoa, o compositor Villa-

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͞Receção do pensamento de António Sardinha nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e
Diário de Pernambuco͟. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-
Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
2017, pp.1-24. Recurso online. ISBN 978-85-5676-014-2
Lobos, Ronald de Carvalho, Sérgio Buarque de Hollada e o escritor argentino Jorge Luís
Borges.
Estes ensaios de propagação da obra de Sardinha têm, segundo Elysio, o objetivo
de “prestar pública homenagem a um dos mais brilhantes e íntegros espíritos de Portugal
de agora” (carta nº1, Rio de Janeiro, 1 fevereiro 1923, RELVAS, 1998, pp. 141-142).
Elysio participa, ainda, a Sardinha a criação do Instituto Varnhagen 5, sociedade de
estudos brasileiros, para o qual conta com o seu “apoio e simpatia” e envia os respetivos
estatutos para conhecimento. Através desta rede de contactos, António Sardinha, sem
nunca se ter deslocado ao Brasil, inteira-se da dinâmica cultural realizada do outro lado
do Atlântico.

Mas nem só o Sardinha poeta e doutrinador interessam a Elysio de Carvalho,


também os estudos de cultura do integralista português são valorizados e difundidos na
revista brasileira com o intuito de “divulgar o seu pensamento, e continuará assim
procedendo, siente de estar prestando relevante serviço à cultura brasileira” (carta nº3,
Rio de Janeiro, 1 de abril e 1924, RELVAS, 1998, pp.143-144). Tal é o caso do ensaio
“Amadis”, publicado na Nação Portuguesa e que o diretor da América Brasileira irá
transcrever para a sua revista no número de fevereiro, de 1924, com uma nota introdutória
que apresenta o estudo e o seu autor nos moldes seguintes:
”A propósito do «Romance de Amadis» recriado pela fulgurante inteligência do
admirável poeta que é Afonso Lopes Vieira, escreveu António Sardinha para explicar o
sentido estético e histórico do célebre poema, o ensaio que adiante estampamos transcrito
da «Nação Portuguesa» e que com ser brilhante documento de uma alta e opulenta cultura
literária, muito honra à erudição lusitana” (CARVALHO, 1924, pp. 42-46).

Já em carta dirigida a Sardinha, Elysio refere-se à publicação deste estudo,


realçando o eruditismo e o valor da sua obra que supera a de autores consagrados como
Menéndez Pidal:
“O seu ensaio sobre o Amadis é trabalho que honraria as letras eruditas de
qualquer país europeu onde esses estudos se praticam com superioridade. Na Espanha
actual, por exemplo, não vejo ninguem que podesse se colocar em plano acima do seu. E,

5
Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), historiador, militar e diplomata, autor da História Geral do
Brazil, e, por esse motivo visto como o construtor da narrativa nacional, é a personalidade inspiradora deste
Instituto criado em 1922.
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͞Receção do pensamento de António Sardinha nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e
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Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
2017, pp.1-24. Recurso online. ISBN 978-85-5676-014-2
assim, dizendo, não esqueço Menendez Pidal” (carta nº3, Rio de Janeiro, 1 de Abril e
1924, RELVAS, 1998, p. 144).
De igual modo, a receção e recenção de revistas e jornais ocupa um espaço próprio
na América Brasileira, na seção de “Revisas e Jornais”, sendo por diversas vezes referida
a exemplaridade da Nação Portuguesa, como revista de doutrina e cultura: “Dirigida por
António Sardinha, esta revista de cultura nacionalista é superiormente dirigida e
orientada. Todos os meses insere estudos, ensaios e artigos que se recomendam pela
seleção cuidada de temas, pela sua elevação ideológica e pela sua moderna orientação
filosófica” (CARVALHO, 1923, p.81). Noutro número, reafirma-se o valor da revista
portuguesa: “sempre interessante esta revista de cultura nacionalistaa que dirige António
Sardinha, umas das publicações mais inteligentemente dirigidas de Portugal”
(CARVALHO, 1923, p.94).
Em carta, datada de 1 de abril de 1924, Elysio de Carvalho dá conta das impressões
sobre o número da Nação Portuguesa dedicado ao Brasil (nº11, 1923) e, em especial, o
ensaio “A lição do Brasil” que será publicado na íntegra também na América Brasileira6.
Neste texto de vulgarização contrarrevolucionária, Sardinha afirma o seu nacionalismo
orgânico, anti-individualista e antidemocrático, o apego à Igreja “como unidade espiritual
da Nação” e à monarquia “que a mantivera e consolidara” (SARDINHA, 1924, p.106)
para reiterar a importância do Brasil como modelo enquanto emblema das qualidades
herdadas da nação que o descobriu e fundou. Na esteira do ideário propagado pela
América Brasileira, Sardinha confia nas potencialidades das terras de Vera Cruz “nas
vésperas de se afirmar como potência mundial” (SARDINHA, 1924, p.106). No artigo
“Uma homenagem ao Brasil”, alusivo ao número da Nação Portuguesa dedicado aquele
país irmão, Elysio de Carvalho apresenta Sardinha como colaborador da América
Brasileira e regozija-se pela homenagem que esta edição portuguesa representa e que
“muito nos sensibiliza a nós brasileiros, que amamos Portugal e reconhecemos sua
gloriosa ascendência” (CARVALHO, 1924, p.125).

Apesar da divergência de pensamento, no que toca à doutrina política, revelando-


-se Elysio de Carvalho mais radicalizado nas suas convicções, que o aproximam dos
regimes totalitários emergentes nessa época, sobrepõe-se a convergência de pensamento

6
“A Lição do Brasil: A Jackson de Figueiredo”. Nação Portuguesa. Revista de Cultura Nacionalista,
Lisboa, 2 série, 2 vol, 1922-1923, p. 546. e América Brasileira. Resenha da vida Nacional, Rio de Janeiro,
Ano 3, N. 28, Abril de 1924, p.106.
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͞Receção do pensamento de António Sardinha nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e
Diário de Pernambuco͟. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-
Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
2017, pp.1-24. Recurso online. ISBN 978-85-5676-014-2
e a necessidade de união entre os dois movimentos doutrinários para o sucesso da causa
que advogam:

“Li com o carinho que me inspira tudo quanto lhe diz respeito à sua mente o
numero da Nação Portuguesa dedicado ao Brasil. A Lição do Brasil é de mestre. A
questão que se propõe tratar foi posta nos verdadeiros termos, e resolvida com
clarividencia, com superioridade. Ha mister assignalar apenas o excesso de sympathia
transformando um humilde cavaqueiro das letras ou da historia em pensador de alta visão.
Deslocada // a categoria do escriba, cuja obra tem apenas como titulo de recommendação
a generosidade dos mestres, ser inspirada pelo mais são pacotismo, o resto está quase
certo. Digo quasi, porque, meu caro Sardinha, tenho as minhas duvidas àcerca da
superioridade da philosophia que lhe serve de guia e a que o seu admiravel talento
empresta tanto fulgor. A única diferença que exista talvez: é Você catholico, monarchista
e nacionalista, enquanto eu, imperialista e nacionalista, sou profundamente pagão,
amoralista, e o meu aristocratismo tem fundamentos no cesarismo, na tyrannia. Não
quero, porem, desdobrar esta carta em artigo, descutindo pontos de doutrina que exigiriam
muito espaço e reflexão para serem esclarecidos. O que sei é que a somma de affinidades
que existe entre nós é bastante // para evitar qualquer separação. Vivemos do mesmo
ideal, e semelhante é a nossa obra, e já agora não podemos prescindir um do outro para a
realização do sonho que nos alimenta, nos illumina, nos consomme” (carta nº 3, 1 abril
1924, RELVAS, 1998, p.143).

Apesar de se anunciar, logo no início do ano de 1924, a Renato de Almeida como


novo diretor da revista, que até aí tinha desempenhado funções como redator chefe,
alegadamente devido ao “esgotamento” de Elysio de Carvalho, o certo é que a
correspondência trocada com António Sardinha deixa transparecer uma vitalidade nas
ideias e nos projetos que só a partir de julho começam a escassear devido a uma bronquite
que o torna numa “esterilidade completa”, como o próprio confidencia a António
Sardinha (carta nº 4, Rio de Janeiro, 15 de Agosto de 19240, RELVAS; 1998, p.144).
Contudo, a correspondência manter-se-á até 25 de novembro, quando Elysio de Carvalho
anuncia que irá, no ano seguinte, viajar à Europa por motivos de saúde, aproveitando para
passar por Portugal e visitar os seus amigos integralistas. Facto que não chega a contecer,
devido à morte de Sardinha em Janeiro desse ano, que será também para Elysio o seu
último ano de vida.

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4. Diário de Pernambuco e a campanha de Gilberto Freire

Figura 4 Gilberto Freyre.

O Diário de Pernambuco, o mais antigo jornal da


América Latina, foi fundado no Recife, em 1825. Dirigido, na
década de vinte, por Carlos Lyra Filho, congrega colaboradores
assíduos e dinamizadores de ideias e defensor da vida regional e
nacional, como Gilberto Freire e Odilon Nestor, que divulgam
nas suas páginas o pensamento integralista e a obra poética de
António Sardinha. Logo, em 1920, quando a distribuição da Nação Portuguesa começa
a ter impacto, Gilberto Freyre revela já conhecer o pensamento de Sardinha, quando na
rúbrica “Notícias de Portugal”, tomando a notícia em segunda mão da imprensa
portuguesa, dá conta de que Sardinha terá reconhecido a República Portuguesa: ”os
jornais informam que o chefe monárquico Sr. António Sardinha, integralista,
recentemente exilado na Hespanha, esteve recentemente na legação portuguesa de
Madrid, onde declarou que renunciava às suas ligações partidárias e que reconhecia a
República” (FREYRE, 1920, p.1). Nos anos seguintes, o autor do Manifesto Regionalista
continuará atento à ação de Sardinha. No ensaio “Um escritor português”, o sociólogo
brasileiro enaltece as qualidades do integralista como doutrinador, líder do movimento,
diretor da revista Nação Portuguesa e poeta (FREYRE, 1923b, p.1). Presta, ainda,
especial atenção ao número da Nação Portuguesa dedicado ao Brasil, (FREYRE, 1924,
p.1) e publica uma resenha sobre o livro Ao Princípio era o Verbo (FREYRE, 1924b,
p.3).

A obra poética de Sardinha será, igualmente, notada no Diário de Pernambuco,


espelhando a extensa propagação dos seus livros em verso. Enquanto Gilberto Freyre
dedica uma curta recensão a Chuva da Tarde (FREYRE, AB, nº21, 1923, p.270), Odilon
Nestor (1874-1968), poeta, ensaísta, publicista e professor de Direito, num discurso
intitulado “As árvores na poesia”, que a revista transcreve, cita longos trechos do poema
“A Azinheira” de António Sardinha como exemplo de amor à terra e respeito pela árvore
(NESTOR 1924, pp.4-5).

Igualmente atento à atividade de Sardinha, o sociólogo Gilberto Freyre faz


referência ao banquete realizado em Lisboa em homenagem ao mentor do integralismo,

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enumerando as figuras presentes e retendo passagens do seu discurso, como o trecho
seguinte: “sem a angústia metafísica de Antero, sem a tragédia de Oliveira Martins, sem
o suicídio de Mouzinho, sem o purgatório de Fialho e sem a conversão de Ramalho
Ortigão nós nunca teríamos sidos possíveis” (FREYRE, 1925, p.1).

Os números seguintes do Diário de Pernambuco, saídos durante o ano de 1925,


reportam-se à morte de Sardinha, fazendo notar o sociólogo que “era uma das figuras de
mais realce da vida mental portuguesa e no Brasil contava extensas e radicadas
sympatias” (FREYRE, 30 janeiro 1925c, p.1). Durante este ano, vários são os ensaios
publicados sobre os mais diversos temas em que o nome de Sardinha surge associado. No
artigo “Oliveira Lima no estrangeiro” Gilberto Freyre, amigo dileto de Oliveira Lima
(1867-1928), refere a proximidade entre o historiador, diplomata e publicista, autor da
obra de vulto “Dom João VI no Brasil” e o pensamento de António Sardinha, notando o
relevo que o monárquico português tinha dado à obra de Oliveira Lima no número da
Nação Portuguesa dedicado ao Brasil.

Mas, para além do alargamento da rede de sociabilidade que se cria em torno das
revistas literárias luso-brasileiras, que colocam Sardinha como uma referência no meio
culto brasileiro e, por outro lado, atestam o seu vasto conhecimento sobre o Brasil mental
do seu tempo, a sua obra é objeto de discussão no que respeita à sua ascendência sobre os
jovens nacionalistas brasileiros. Assim sucede quando José Lins do Rego, num artigo
publicado em Era Nova (Paraíba), refuta a suposta filiação dos conservadores brasileiros
no movimento de Charles Maurras, situando-o mais próximo do Integralismo português,
facto que é corroborado por Gilberto Freyre que afirma que a referência brasileira da
contrarrevolução está antes presente nos mestres portugueses: “A aproximação dos
adolescentes brasileiros que já não creem na perfeição da Democracia – deve ser antes
com o movimento reacionário português, ou hispânico, que com o francês. Tem razão o
Sr. José Lins em falar de António Sardinha e do Sr. Fidelino de Figueiredo como melhores
mestres para a mocidade do Brasil” (FREYRE, 1925d, p.3). De facto, Fidelino Figueiredo
(1888-1967), amigo e confrade doutrinário de Sardinha, com quem estabelece frutuosa
correspondência, partilha do ideário hispanista do mestre integralista e Freyre recordará
em diferentes momentos essa filiação apontando Fidelino como discípulo de Menéndez
y Pelayo e seguidor em Portugal e no Brasil do seu “critério hispânico” (Freyre, 1926,
p.1). Além de Sardinha e Fidelino, Freyre recomenda aos jovens a leitura de Menéndez y
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Pelayo, Gama e Castro, Ángel Ganivet e T. Lúcio de Azevedo. Deste modo, Freyre
aconselha a leitura d’A Aliança Peninsular e apela a um editor que envie para o Brasil o
livro de referência do hispanismo de Sardinha, para além de O Novo Príncipe de Gama e
Castro, Cultura Peninsular de Manuel Múrias e Pensamento Integralista (1923) de
Fernão da Vide. Noutro ensaio, publicado no ano seguinte, o sociólogo brasileiro que se
havia de destacar na década de trinta pelo seu luso-tropicalismo, continua a defender o
hispanismo e recorda o “saudoso amigo” António Sardinha, estabelecendo oposição entre
o progresso norte-americano e o sentido de civilização dos povos hispânicos “almas
inquietas de Dons Quixotes” (FREYRE, 1926, p.1). Defendendo, mais tarde, uma
comunidade luso-brasileira onde sobressaem as línguas e as culturas da Península como
traço de união entre os povos hispânicos, Gilberto Freyre partilha, em carta enviada já no
final do ano 1924, as suas impressões sobre o ideário aliancista do mestre português:

“Páginas fortes e agudas, nas quais muito me clarifiquei sobre o assumpto que há
anos me apaixona. De facto - minha primeira educação nos estados Unidos, fizera de mim
um hispanista. No seu livro encontrei o máximo de classificação. É um livro fecundante.
É um Fortúnio livro.” (carta nº2, RELVAS, 1998, p.140-141).

Freyre adere, consequentemente, ao movimento de ideias defensor do hispanismo


que, de modo similar, é traduzido n’A Aliança Peninsular, quando o mestre do
integralismo afirma: “os nossos nacionalismos, - o nacionalismo de brasileiros, o
nacionalismo de portugueses completam-se pelo Hispanismo, fortificado pela
inexgotável seiva católica” (SARDINHA, 1927, p.185).

5. A receção da Nação Portuguesa nas décadas de 30 a 50.

Figura 5 Plínio Salgado ao centro, à sua direita Alberto de Monsaraz,


Hipólito Raposo e à sua esquerda, José Pequito Rebelo e Luis de Almeida Braga.

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O alcance da Nação Portuguesa no Brasil, enquanto órgão do Integralismo
Lusitano, supera em larga medida, as restantes revistas portuguesas que naquele país
procuram a internacionalização e o intercâmbio, convertendo-se numa revista de
referência para a intelectualidade conservadora brasileira. A sua doutrina passa a ser
discutida nos centros políticos das principais cidades brasileiras. Plínio Salgado divulga
na Sociedade de Estudos Políticos (SEP), fundada em 1932, em São Paulo, criando, pelo
Manifesto de Outubro, de 1932, o movimento do Integralismo Brasileiro. Com o seu
exílio em Portugal, entre 1939 e 1946, devido a incompatibilidades com o regime de
Getúlio Vargas, Plínio Salgado terá nos seus correligionários integralistas portugueses
Luís de Almeida Braga, Hipólito Raposo, Pequito Rebelo e Alberto de Monsaraz uma
plataforma de apoio que se estenderá a outros movimentos europeus de feição totalitária.
Também Arlindo Veiga do Santos (1902-1978), fundador da Ação Imperial Patrianovista
Brasileira, cria em1935, o movimento monárquico Pátria Nova, congregando sobretudo
jovens simpatizantes da causa monárquica no Brasil. Já na década de 40, Guilherme
Martínez Auler será um dos divulgadores do pensamento do integralista português com o
seu livro António Sardinha (1943) e uma série de ensaios publicados na Revista Tradição
(1937), com colaboração de Manuel Múrias e Carlos Malheiro Dias, acompanhando a
revivescência da obra do mestre que se fazia sentir também em Portugal e Espanha com
as edições de À Lareira de Castela (1943), A Aliança Peninsular (1930) com Prefácio de
Gabriel Maura Gamazo, La Alianza Peninsular, de 1930 e 1939 e La Cuestión Peninsular
(1940), com tradução de Beneyto Pérez e prólogo de Marqués de Lozoya. Outro seguidor
do pensamento de Sardinha seria José Pedro Galvão de Sousa (1912-1992), que nas
páginas de A Reconquista – revista bilingue de cultura (1950-1952), dedica um número a
António Sardinha e ao Integralismo.

Notas conclusivas

A receção do pensamento de António Sardinha no Brasil fez-se através da Nação


Portuguesa, revista de referência, quer para nomes destacados da cultura brasileira, quer
para os seus mais jovens e emergentes autores. Como alternativa política ao sistema
democrático e à República vigentes, aquém e além-mar, o ideário do Integralismo

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͞Receção do pensamento de António Sardinha nas revistas Brasileiras: A Ordem, América Brasileira e
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Americano. (Org.) Eliana Brites Rosa e Maria Emília Prado. Rio de Janeiro: Rede Sirius; Porto, Portugal,
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Lusitano afigura-se mais próximo do que outros grupos contrarrevolucionários que na
Europa procuravam afirmar-se como alternativa política.

Mais do que um órgão de um movimento político, a Nação Portuguesa afirmou-


se nas terras de Vera Cruz, tanto pelo seu ideário político como pelas suas propostas de
renovação cultural, ética e estética, assentes no ressurgimento pátrio e na afirmação das
qualidades nacionais, sendo a vertente nacionalista a premissa coincidente com o
pensamento de Gilberto Freyre, Jackson de Figueiredo, Oliveira Lima ou Elysio de
Carvalho.

Bibliografia consultada

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Brasileira, nº 26, 1924, pp.42-46.

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_______________. “Nação Portuguesa” (dez. 1922). América Brasileira, ano II, nº15,
março 1923, p.94.

_______________. “Uma homenagem ao Brasil”. América Brasileira. Ano III, abril


1924, p.125.

CAZETTA, Felipe. “A Revista América Brasileira e a sua trajetória ao conservadorismo:


análise de projetos politicos (1921-1924). Fênix. Revista de História e Estudos Culturais,
Janeiro-Junho, vol. 11, ano XI, nº1, 2014, pp.1-22.

FIGUEIREDO, Jackson. Reacção do Bom Senso. Contra o Demagogismo e a Anarchia


Militar. Artigos publicados n’O Jornal”, do Rio de Janeiro 1921-1922. Rio de Janeiro:
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_________. “11”. Diário de Pernambuco, 1 de julho de 1923a, p.4.

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_________. “Nação Portuguesa”. Diário de Pernambuco, 2 de abril 1924a, p.1

_________. “Um livro de revisão histórica”. Diário de Pernambuco, 18 de dezembro


1924b, p.3.

_________.“Homenagem a um escritor”. Diário de Pernambuco, 3 de janeiro de 1925a,


p.1.

_________.“António Sardinha”. Diário de Pernambuco, 13 de janeiro de 1925b, p.3.

_________.“Vida Portuguesa”. Diário de Pernambuco, 30 de janeiro de 1925c, p.1.

__________. “Oliveira Lima no estrangeiro”. Diário de Pernambuco, 30 de abril de


1925d, p.3.

__________. “Sugestões a um livreiro”. Diário de Pernambuco, 18 de junho de 1925e,


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GANNS, Cláudio. “O Jornalista”. A Ordem, ano VIII –vol. I (Nova Série). Rio de Janeiro,
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NOGUEIRA, Hamilton. “Jackson de Figueiredo - O Pensador Político”. A Ordem, ano


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PAIM, António. A Filosofia Brasileira. Lisboa: Biblioteca Breve, 1991.

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RELVAS, Susana Rocha. As relações culturais de António Sardinha com a Espanha.


Pactos de Quinas e de Flores de Lis, entre os “Semeadores de Nacionalidades”. Vol.1.
Tese de Mestrado. FCSH Universidade Nova de Lisboa, 1998.

_____________Apêndice Documental. Correspondência Espanhol, Brasileira e Hispano-


Americana dirigida a António Sardinha. Vol. II. Tese de Mestrado. FCSH Universidade
Nova de Lisboa, 1998.

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para o seu estudo e para a história das suas relações. Vila Nova de Gaia: Rocha Artes
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SARDINHA, António. “A lição do Brasil”. America Brasileira. Resenha da vida


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APENDICE

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Figura 2 A Ordem, 1929. Biblioteca Nacional Digital.
http://memoria.bn.br/DocReader/cache/5625805476605/I0000001-5Alt=000585Lar=000377LargOri=004186AltOri=006496.JPG

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Figura 3 América Brasileira. Ano II, nº14 fevereiro 1923. Biblioteca Nacional Digital
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=158089&PagFis=839&Pesq=Ant%C3%B3nio%20Sardinha

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Figura 4 América Brasileira, ano II, nº18 junho 1923.
http://www.historiadealagoas.com.br/elysio-de-carvalho-do-anarquismo-para-a-policia.html

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Figura 5 António Sardinha, ͞O Significado do Amadis͟. América Brasileira, nº26, fevereiro, pp.42-43.
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Figura 10 Diário Pernambucano, Recife, 18 dezembro 1923, p.1. Biblioteca Nacional Digital.
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=029033_10&pasta=ano%20192&pesq=Ant%C3%B3nio%20Sa
rdinha

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