TCC - Luan Souza Oliveira

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 66

0

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E


TECNOLOGIA DE GOIÁS
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE MATRICIAL DE PÓRTICOS


ESPACIAIS PELO MÉTODO DA RIGIDEZ:
CONSIDERAÇÃO DE AÇÕES INDIRETAS

LUAN SOUZA OLIVEIRA

JATAÍ
2022
LUAN SOUZA OLIVEIRA

ANÁLISE MATRICIAL DE PÓRTICOS


ESPACIAIS PELO MÉTODO DA RIGIDEZ:
CONSIDERAÇÃO DE AÇÕES INDIRETAS

Trabalho apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia de Goiás, como requisito parcial à obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Fabrício Ribeiro Bueno.
Coorientador: Prof. Me. Fábio Felipe dos Santos.

JATAÍ
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Oliveira, Luan Souza.


Análise matricial de pórticos espaciais pelo método da rigidez:
consideração de ações indiretas [manuscrito] / Luan Souza Oliveira.
-- Jataí: IFG, Coordenação do Curso de Bacharelado em Engenharia
Civil, 2022.
64 f.; il.

Orientador: Prof. Dr. Fabrício Ribeiro Bueno


Coorientador: Prof. Me. Fábio Felipe dos Santos.
Bibliografias.

1. Análise matricial de estruturas. 2. Método da Rigidez. 3. Pórticos


espaciais. 4. Variações de temperatura. 5. Deslocamentos prescritos.
I. Bueno, Fabrício Ribeiro. II. Santos, Fábio Felipe dos. III. IFG,
Câmpus Jataí. IV. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Seção Téc.: Aquisição e Tratamento da Informação.


Bibliotecária – Rosy Cristina O. Barbosa – CRB 1/2380 – C. Jataí. Cód. F010/2023-1.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CÂMPUS JATAÍ

Folha de Aprovação

LUAN SOUZA DE OLIVEIRA

ANÁLISE MATRICIAL DE PÓRTICOS ESPACIAIS PELO MÉTODO DE RIGIDEZ -


CONSIDERAÇÕES DE AÇÕES INDIRETAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso Bacharelado em


Engenharia Civil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás –
Câmpus Jataí, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado, em 10 de dezembro de 2022, pela banca examinadora
constituída pelos seguintes membros:

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Fabrício Ribeiro Bueno


Presidente da banca / Orientador
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás

Profª. Drª. Monica Maria Emerenciano Bueno


Membro Interno
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás

Prof. Me. Vítor Freitas Gonçalves


Membro Externo
Una Jataí

Jataí - GO
2022
AGRADECIMENTOS

Sou grato primeiramente a Deus, pelo caminho que traçou para mim. Por todas as bênçãos e
oportunidades com que fui abençoado.

À minha família, em especial aos meus pais, Euzelio e Isabel, pelo suporte, apoio e dedicação.
Esta conquista também é de vocês.

À minha namorada, Kennia, por caminhar ao meu lado e me apoiar nos momentos em que foi
preciso. Sou grato à cumplicidade e à parceria que sempre tivemos. A caminhada foi muito
mais prazerosa ao seu lado.

Aos meus orientadores, Fabrício e Fábio, por contribuírem com este trabalho de tantas formas.
Agradeço por terem dado o melhor de si.

A todos os professores que de alguma forma contribuíram com a minha formação. Agradeço os
ensinamentos e a dedicação de vocês para com a educação.

Aos amigos por tornarem a jornada mais leve.


EPÍGRAFE

Quando você baseia suas expectativas apenas no


que consegue ver, você se limita a não enxergar as
possibilidades de uma nova realidade.

(Zaheer)
RESUMO

A análise de uma estrutura se faz de extrema importância para o projeto estrutural haja vista
que é a fase em que se compreende o comportamento da mesma. No entanto, frente à alta
produtividade exigida pelo mercado, o cálculo de uma estrutura sem o uso de ferramentas
computacionais se mostra inviável. Tendo isso em vista, estudos voltados ao entendimento do
comportamento estrutural, assim como a construção de novas ferramentas para este fim, se
fazem necessários para que se tenha o domínio das novas ferramentas, bem como o
conhecimento de suas limitações. Este trabalho objetivou o desenvolvimento de um programa
para análise matricial de pórticos espaciais valendo-se do Método da Rigidez e contemplando-
se a possibilidade de as estruturas estarem sujeitas às ações indiretas de temperatura ou devidas
à deslocamentos prescritos. Dessa forma, a partir da pesquisa desenvolvida foi possível
construir um programa que se apresenta como uma ferramenta educacional para o ensino e
aprendizado de disciplinas relacionadas à análise e ao dimensionamento de estruturas.

Palavras-chave: Análise matricial de estruturas. Método da Rigidez. Pórticos espaciais.


Variações de temperatura. Deslocamentos prescritos.
ABSTRACT

The analysis of a structure is extremely important for the structural project, since it is the stage
in which its behavior is understood. However, taking into the high productivity demanded by
the job market, the calculation of a structure without using computational tools proves to be
impracticable. With this in mind, studies aimed at understanding the structural behavior, as well
as the construction of new tools for this purpose, are necessary in order to have mastery of the
new tools, as well as knowledge of their limitations. This work aimed to develop a program for
matrix analysis of space frames using the Stiffness Method and contemplating the possibility
that structures are subject to indirect actions, such as temperature changes and prescribed
displacements. Thus, based on the research carried out, it was possible to build a program that
presents itself as an educational tool for teaching and learning subjects related to the analysis
and design of structures.

Keywords: Matrix Structural Analysis. Stiffness Method. Space frames. Temperature changes.
Support Displacements.
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 - Exemplo 1 – Dados acerca dos nós da estrutura. ................................................. 51

Tabela 4.2 - Exemplo 1 – Dados acerca das barras da estrutura. ............................................. 51

Tabela 4.3 - Exemplo 1 – Entrada das cargas nodais. .............................................................. 51

Tabela 4.4 - Exemplo 1 – Entrada das cargas distribuídas. ...................................................... 51

Tabela 4.5 - Exemplo 1 – Deslocamentos nodais resultantes................................................... 52

Tabela 4.6 - Exemplo 1 – Reações de apoio............................................................................. 52

Tabela 4.7 - Exemplo 2 – Dados acerca dos nós da estrutura. ................................................. 53

Tabela 4.8 - Exemplo 2 – Dados acerca das barras da estrutura. ............................................. 53

Tabela 4.9 - Exemplo 2 – Entrada das cargas nodais. .............................................................. 54

Tabela 4.10 - Exemplo 2 – Entrada das cargas distribuídas. .................................................... 54

Tabela 4.11 - Exemplo 2 – Deslocamentos nodais resultantes................................................. 54

Tabela 4.12 - Exemplo 2 – Reações de apoio........................................................................... 55

Tabela 4.13 - Exemplo 3 – Dados acerca dos nós da estrutura. ............................................... 56

Tabela 4.14 - Exemplo 3 – Dados acerca das barras da estrutura. ........................................... 56

Tabela 4.15 - Exemplo 3 – Entrada das cargas nodais. ............................................................ 56

Tabela 4.16 - Exemplo 3 – Entrada das cargas distribuídas. .................................................... 56

Tabela 4.17 - Exemplo 3 – Deslocamentos nodais resultantes................................................. 57

Tabela 4.18 - Exemplo 3 – Reações de apoio........................................................................... 57

Tabela 4.19 - Exemplo 4 – Dados acerca dos nós da estrutura. ............................................... 58


Tabela 4.20 - Exemplo 4 – Dados acerca das barras da estrutura. ........................................... 58

Tabela 4.21 - Exemplo 4 – Entrada das cargas nodais. ............................................................ 59

Tabela 4.22 - Exemplo 4 – Entrada das cargas distribuídas. .................................................... 59

Tabela 4.23 - Exemplo 4 – Deslocamentos nodais resultantes................................................. 59

Tabela 4.24 - Exemplo 4 – Reações de apoio........................................................................... 60

LUAN SOUZA OLIVEIRA Lista de Figuras


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 - Quatro níveis de abstração referentes a uma estrutura na análise estrutural. ....... 22

Figura 2.2 – Tipos de estruturas reticuladas (a) viga, (b) treliça plana, (c) treliça espacial, (d)
pórtico plano, (e) grelha, (f) pórtico espacial. .......................................................................... 24

Figura 2.3 – Seis graus de liberdade por nó de elemento de pórtico espacial. ......................... 25

Figura 2.4 – Membro de pórtico espacial. ................................................................................ 26

Figura 2.5 – Matriz de Rigidez de membro para pórticos espaciais......................................... 29

Figura 2.6 – Rotação de eixos em três dimensões. ................................................................... 30

Figura 2.7 – Barra sujeita à variação de temperatura em gradiente. ........................................ 33

Figura 2.8 – Deformação de um elemento infinitesimal de barra por variação de temperatura


em gradiente. ............................................................................................................................ 34

Figura 3.1 – Sequência de procedimentos para a construção computacional do método da


rigidez. ...................................................................................................................................... 39

Figura 3.2 – Desenvolvimento do aplicativo no ambiente App Designer do MATLAB. ........ 42

Figura 4.1 – Aplicativo para entrada de dados acerca da estrutura. ......................................... 44

Figura 4.2 – Planilha para entrada dos dados acerca dos nós da estrutura. .............................. 46

Figura 4.3 – Planilha para entrada dos dados acerca das barras da estrutura. .......................... 47

Figura 4.4 – Planilha para entrada dos dados acerca das ações distribuídas em cada barra..... 48

Figura 4.5 – Planilha para entrada dos dados acerca das ações nodais. ................................... 49

Figura 4.6 – Exemplo 1 – Pórtico plano sujeito à variação de temperatura. ............................ 50

Figura 4.7 – Exemplo 2 – Pórtico plano sujeito a deslocamentos prescritos. .......................... 53

Figura 4.8 – Exemplo 3 – Pórtico espacial. .............................................................................. 55


Figura 4.9 – Exemplo 4 – Pórtico espacial com carregamento distribuído triangular. ............ 58

LUAN SOUZA OLIVEIRA Lista de Figuras


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

rad – Radianos
LISTA DE SÍMBOLOS

® – Marca registrada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial

𝑢 – Deslocamentos nodais

𝑓 – Esforços nodais externos

[𝑘′] – Matriz de rigidez não rotacionada do elemento

{𝑢} – Vetor de deslocamentos nodais

{𝑓} – Vetor de forças nodais

𝑖 – Indicação de uma barra qualquer de pórtico espacial

𝑢 – Deslocamento no grau de liberdade “𝑛”

𝑓 – Força no grau de liberdade “𝑛”

𝐸 – Módulo de elasticidade do material de constituição do elemento

𝐴 – Área da seção transversal do elemento

𝐿 – Comprimento do elemento

𝑘′ , – Coeficiente de rigidez localizado na linha “𝑖” e coluna “𝑗” da matriz de


rigidez não rotacionada do elemento

𝑧 – Eixo “𝑧” local para o elemento analisado

𝑀 (𝑥) – Momento fletor em torno do eixo 𝑧 na posição 𝑥 do elemento

Iz – Momento de inércia em torno do eixo 𝑧

( )
– Derivada parcial segunda da deflexão 𝑦 em função da posição 𝑥

𝑥 – Indicação de uma posição qualquer dentro dos limites do elemento


𝑥 – Eixo “𝑥” local para o elemento analisado

𝑦 – Eixo “𝑦” local para o elemento analisado

𝐼 – Momento de inércia em torno do eixo y

𝐼 – Momento torcional de inércia em torno do eixo x

𝐺 – Módulo de elasticidade transversal do material de constituição do


elemento

𝑅 – Conjunto de cossenos diretores do membro

[𝑇] – Matriz de transformação ou rotação do elemento analisado

[𝑘] – Matriz de rigidez de membro rotacionada

{𝐹 } – Vetor rotacionado de esforços nodais equivalentes às cargas


distribuídas

[𝑇 ] – Matriz de transformação transposta do elemento

[𝐾] – Matriz de rigidez global da estrutura

{𝐹} – Vetor de forças da estrutura considerando-se a sobreposição das forças


nodais equivalentes e das aplicadas no sistema global de coordenadas

{𝑓 } – Vetor de reações de apoio

{𝑓internas } – Vetor de esforços internos desenvolvidos nos extremos de cada


elemento

𝛼 – Coeficiente de dilatação linear

Δ𝑇 – Variação de temperatura na face superior da barra

Δ𝑇 – Variação de temperatura na face inferior da barra

𝛿 – Deformação axial devido à variação de temperatura

Δ𝑇 – Variação de temperatura em grau Celsius


LUAN SOUZA OLIVEIRA Lista de Símbolos
ℎ – Altura da seção transversal do elemento

𝑇 – Variação média de temperatura entre as faces do elemento

𝑢 – Deslocamento devido à temperatura no grau de liberdade “𝑛”

𝑓 – Esforço nodal equivalente à variação de temperatura no grau de


liberdade “𝑛”

𝑑𝜃 – Rotação infinitesimal devido à variação de temperatura

𝑗 – Indicação de um grau de liberdade qualquer

𝜌 – Deslocamento prescrito em um grau de liberdade “𝑗” qualquer

𝑓 – Força nodal equivalente ao deslocamento prescrito “𝑗”, no grau de


liberdade “𝑖”

𝐾, – Coeficiente de rigidez da matriz global posicionado na linha “𝑖” e


coluna “𝑗”

𝑓 – Vetor de forças nodais equivalentes considerando-se os efeitos do


deslocamento prescrito

LUAN SOUZA OLIVEIRA Lista de Símbolos


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 18


1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 19
1.2 OBJETIVOS............................................................................................................. 20
1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 20
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 20
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 21
CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 22
2.1 ANÁLISE ESTRUTURAL ..................................................................................... 22
2.1.1 IDEALIZAÇÃO ESTRUTURAL .......................................................................... 23
2.2 MÉTODO DA RIGIDEZ ........................................................................................ 25
2.3 AÇÕES INDIRETAS .............................................................................................. 32
2.3.1 VARIAÇÕES DE TEMPERATURA .................................................................... 32
2.3.2 DESLOCAMENTOS PRESCRITOS .................................................................... 35
2.4 TRABALHOS CORRELATOS ............................................................................. 36
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA ...................................................................................... 38
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA....................................................................... 38
3.2 ETAPAS DE PESQUISA ........................................................................................ 38
3.3 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DO MÉTODO ............................... 39
3.4 DESENVOLVIMENTO DO APLICATIVO ........................................................ 41
3.5 VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 43
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 44
4.1 APLICATIVO .......................................................................................................... 44
4.1.1 PASTA DE TRABALHO MODELO PARA ENTRADA DE DADOS ............... 45
4.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DE ESTRUTURAS RETICULADAS ..................... 50
4.2.1 EXEMPLO 1 – PÓRTICO PLANO COM VARIAÇÃO DE TEMPERATURA . 50
4.2.2 EXEMPLO 2 – PÓRTICO PLANO COM DESLOCAMENTOS PRESCRITOS 52
4.2.3 EXEMPLO 3 – PÓRTICO ESPACIAL ................................................................. 55
4.2.4 EXEMPLO 4 – PÓRTICO ESPACIAL COM CARREGAMENTO
DISTRIBUÍDO TRIANGULAR .............................................................................................. 57
CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 61
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 62

LUAN SOUZA OLIVEIRA Sumário


CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

Kassimali (2015, p. 3) define a análise estrutural como sendo “a previsão do


desempenho de uma dada estrutura sob cargas prescritas e/ou outros efeitos externos, como os
movimentos dos apoios e as mudanças de temperatura” e, dessa forma, a mesma deve preceder
qualquer etapa de dimensionamento dos elementos estruturais, “pois são com seus resultados
que o dimensionamento e detalhamento dos elementos são realizados, bem como o
comportamento em serviço do edifício avaliado” (KIMURA, 2007, p. 111).

Nesse sentido, a análise estrutural é parte essencial ao projeto estrutural que, de acordo
com Martha (2017, p. 1), “tem como objetivo a concepção de uma estrutura que atenda a todas
as necessidades para as quais ela será construída”. Para tanto, há de se conhecer tanto as ações
atuantes sobre a mesma, como seu comportamento que, de modo geral, pode ser expresso por
seus esforços solicitantes e deslocamentos. Assim, faz-se necessário que estes aspectos sejam
analisados em consonância com os carregamentos de projeto.

Entretanto, é importante ressaltar que “uma análise exata de uma estrutura nunca pode
ser realizada, tendo em vista que estimativas sempre têm de ser feitas em relação às cargas e às
resistências dos materiais que compõem a estrutura” (HIBBELER, 2013, p. 24). Deste modo, o
modelo estrutural de cálculo deve ser definido visando a melhor simulação do comportamento
real do objeto de análise.

Uma possibilidade para idealização estrutural é a interpretação da estrutura como sendo


uma composição de elementos reticulados, isto é, elementos formados por barras “que se
caracterizam por ter uma dimensão preponderante em relação às suas demais dimensões”
(SORIANO, 2005, p. 1). Neste modelo, os elementos são representados por linhas, o que
simplifica a definição geométrica do mesmo e permite sua utilização em métodos básicos de
análise estrutural, como por exemplo, o Método da Rigidez.

Este método “tem como ideia básica determinar, dentro do conjunto de soluções em
deslocamentos que satisfazem as condições de compatibilidade, qual solução faz com que as
condições de equilíbrio também sejam satisfeitas” (MARTHA, 2017, p. 92). Sua formulação
por meio de álgebra matricial permite a disposição do problema estrutural de modo a viabilizar

LUAN SOUZA OLIVEIRA


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 19

sua implementação computacional (GERE; WEAVER JUNIOR, 1987), contribuindo, dessa


forma, para sua difusão, haja vista que os sistemas computacionais se mostram imprescindíveis
para o projeto de estruturas com algum grau de complexidade (SORIANO, 2005).

De uma forma geral, grande parte das pesquisas desenvolvidas neste campo não levam
em consideração ações indiretas – tais como, variações de temperatura, recalques prescritos e
modificações de montagem – as quais não incidem nas estruturas diretamente como os
carregamentos convencionais, mas impõem deformações que podem influir nos esforços
internos das mesmas. Este Trabalho de Conclusão de Curso trará enfoque a estas tendo em vista
que podem ser recorrentes em situações de projeto e desprezá-las pode significar um mal
dimensionamento dos elementos da estrutura.

1.1 JUSTIFICATIVA

Simultaneamente aos avanços tecnológicos ocorridos ao longo do tempo, computadores


e softwares alcançaram grande capacidade de processamento e, com isso, tornou-se possível
calcular estruturas complexas de forma mais produtiva e prática. Entretanto, a qualificação
técnica ainda se mostra imprescindível para que se tenha o domínio das novas ferramentas e
conhecimento de suas limitações.

Tendo isso em vista, estudos voltados à compreensão do comportamento estrutural, bem


como a elaboração de novas ferramentas para esta finalidade, se fazem necessários visando o
desenvolvimento da maturidade acerca da análise de estruturas na comunidade científico-
acadêmica.

Por este mérito, o presente trabalho visa desenvolver um programa para análise matricial
de pórticos espaciais através do Método da Rigidez contemplando a possibilidade de as
estruturas estarem sujeitas às ações indiretas de temperatura ou devidas à deslocamentos
prescritos, apresentando-se como uma continuação do trabalho realizado por Nogueira (2021),
no qual considerou-se apenas ações diretas.

Assim, o programa em questão apresenta-se como uma ferramenta gratuita de auxílio


ao aprendizado de análise de estruturas por estudantes de engenharia, além de contribuir para o
desenvolvimento da pesquisa na área de Métodos Numéricos e Computacionais Aplicados à
Engenharia na Instituição de Ensino de desenvolvimento do mesmo.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Introdução


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 20

1.2 OBJETIVOS

A seguir serão apresentados os objetivos gerais e específicos que se pretende atingir


com este Trabalho.

1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver um programa para análise matricial de pórticos espaciais através do


Método da Rigidez contemplando a possibilidade de se analisar estruturas sujeitas às ações
indiretas devido a variações de temperatura, recalques prescritos e modificações de montagem.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Possibilitar ao usuário uma opção mais intuitiva e dinâmica para a entrada de dados
acerca da estrutura a ser analisada através de planilhas;

 Implementar um algoritmo para análise estrutural pelo Método da Rigidez no software


MATLAB®;

 Implementar um algoritmo para análise de estruturas sujeitas a variações de temperatura


e/ou deslocamentos prescritos, valendo-se do Método da Rigidez no software
MATLAB®;

 Desenvolver um aplicativo para a entrada de dados no ambiente App Designer do


software MATLAB®;

 Comparar resultados obtidos com outros softwares de análise estrutural, tais como
Ftool®, SAP2000® e Robot®;

 Verificar a eficácia e a robustez do algoritmo implementado.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Introdução


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 21

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este Trabalho de Conclusão de Curso é composto por cinco capítulos. Após este
Capítulo 1, que contém a introdução, justificativa e objetivos, os demais capítulos seguem
conforme descrito a seguir:

Capítulo 2 – traz o arcabouço teórico no qual a pesquisa se pauta, apresentando os


principais conceitos e alguns autores relevantes ao tema.

Capítulo 3 – apresenta a classificação da pesquisa, bem como a metodologia utilizada


para a implementação computacional do método e para o desenvolvimento do aplicativo.

Capítulo 4 – apresenta o aplicativo desenvolvido, bem como os resultados os obtidos


através do algoritmo implementado.

Capítulo 5 – apresenta as considerações finais acerca do estudo desenvolvido.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Introdução


CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo trará o referencial teórico no qual a pesquisa se embasa, apresentando os


principais conceitos relevantes ao tema. Além disso, serão apresentados trabalhos correlatos
realizados na Instituição de Ensino de desenvolvimento deste.

2.1 ANÁLISE ESTRUTURAL

Entende-se por análise de uma estrutura a fase de projeto na qual o comportamento da


mesma perante às ações que lhe foram impostas é compreendido. Assim, esta se faz de
fundamental importância para o projeto estrutural pois mesmo que não seja o interesse final
deste, de nada adianta dimensionar e detalhar seus elementos de forma extremamente refinada
se os esforços solicitantes calculados estiverem imprecisos e não traduzirem a realidade à qual
a estrutura estará sujeita (KIMURA, 2018).

Entretanto, frente à alta produtividade exigida pelo mercado, a análise estrutural de uma
edificação acaba sendo negligenciada por muitas vezes e, dessa forma, o cálculo de uma
estrutura sem o auxílio da ferramenta computacional se mostra inviável (NOGUEIRA, 2021),
pensamento corroborado por Kimura (2018) que afirma que ignorar os benefícios decorrentes
do uso da informática aplicada ao projeto de edifícios não faz sentido, significando um enorme
retrocesso.

De acordo com Martha (2017), visando uma abordagem computacional do problema


estrutural há de se trabalhar com quatro níveis de abstração responsáveis por interpretar a
estrutura real em um modelo estrutural e transformá-lo em um modelo discreto para análise,
conforme indicado na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Quatro níveis de abstração referentes a uma estrutura na análise estrutural.

Fonte: Adaptado de Martha (2017)


LUAN SOUZA OLIVEIRA
Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 23

2.1.1 IDEALIZAÇÃO ESTRUTURAL

A análise adequada de uma estrutura demanda que algumas idealizações sejam feitas e,
com isso, haja a definição do modelo estrutural ou modelo matemático que, segundo Martha
(2017), incorpora as teorias e hipóteses elaboradas para descrever o comportamento da estrutura
em função das diversas solicitações levando-se em consideração as leis físicas, tais como o
equilíbrio entre forças e tensões, as relações de compatibilidade entre deslocamentos e
deformações, e as leis constitutivas dos materiais.

Uma alternativa para a idealização do comportamento de determinada estrutura é a


interpretação desta como uma composição de elementos reticulados que são caracterizados por
apresentar comprimento superior às dimensões da seção transversal. Assim, o modelo
matemático das estruturas reticuladas pode ser expresso por barras de eixos bem definidos
representados por linhas. Além disso, os pontos de interseção destas, bem como, os pontos de
apoio, extremidades livres e pontos de variação da seção são conhecidos como nós (GERE;
WEAVER JUNIOR, 1987). Dessa forma, há uma simplificação geométrica do problema haja
vista que neste modelo “a informação tridimensional das barras fica representada por
propriedades globais de suas seções transversais, tais como área e momentos de inércia”
(MARTHA, 2017, p. 4).

As estruturas constituídas de barras podem ser divididas em seis categorias distintas


entre si quanto aos esforços seccionais desenvolvidos em seus elementos: vigas, treliças planas,
treliças espaciais, pórticos planos, grelhas e pórticos espaciais, apresentadas, respectivamente,
na Figura 2.2. Segundo Gere e Weaver Junior (1987), esta divisão se justifica no fato de que
cada qual representa uma classe de estrutura com características especiais, sendo a última o
foco deste trabalho.

Entende-se por pórtico espacial um modelo tridimensional no qual compreende-se a


estrutura como um todo, sem restrições no posicionamento dos nós e direcionamento das barras,
permitindo, dessa forma, a aplicação concomitante de ações verticais e horizontais. Assim, este
modelo estrutural traduz o tipo mais geral de estruturas reticuladas, haja vista que representam
todos os pilares e vigas presentes em um edifício, o que permite uma avaliação completa e
eficiente do comportamento global da estrutura (KIMURA, 2018).

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 24

Figura 2.2 – Tipos de estruturas reticuladas (a) viga, (b) treliça plana, (c) treliça espacial, (d) pórtico
plano, (e) grelha, (f) pórtico espacial.

Fonte: Gere e Weaver Jr. (1987)

Devido à abordagem tridimensional, observam-se seis graus de liberdade por nó (Figura


2.3), sendo estes expressos por três translações e três rotações associadas a forças axiais
internas, binários torsores e binários fletores em ambas direções principais da seção transversal
(GERE; WEAVER JUNIOR, 1987).

Ademais, a modelagem da estrutura como um pórtico espacial traz vantagens à análise


da mesma uma vez que todos os efeitos tridimensionais de ações externas e vinculações entre
os elementos podem ser considerados simultaneamente (MARTHA, 2017) e, portanto,
apresenta-se como uma boa aproximação do comportamento real da edificação.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 25

Figura 2.3 – Seis graus de liberdade por nó de elemento de pórtico espacial.

Fonte: Kimura (2018)

2.2 MÉTODO DA RIGIDEZ

Dentre os métodos básicos de análise estrutural, o Método da Rigidez é o mais aplicado


em implementações computacionais dado que sua formulação matricial permite a aplicação de
métodos numéricos para sua resolução. Além disso, diferentemente do Método da Flexibilidade
(ou Método das Forças), o primeiro dispõe da mesma abordagem para o cálculo de estruturas
determinadas e indeterminadas estaticamente, fato este que favorece o uso da informática
aplicada a avaliações de estruturas por meio da construção de rotinas computacionais de
cálculo.

O método da rigidez está pautado na superposição das soluções de deslocamentos


aplicados às condições de contorno que garantem o equilíbrio estático da estrutura. Assim, a
análise estrutural na situação estática apresenta-se como um problema de contorno que deve
satisfazer as condições de suporte e ações externas (MARTHA, 2017).

Dessa forma, a solução básica obtida a partir da análise de uma estrutura por este método
é o conjunto de deslocamentos nodais ocasionados pela situação de carregamento
(VANDERBILT, 1974). Tendo isso em vista, “a aplicação do método da rigidez exige
subdividir a estrutura em uma série de elementos finitos discretos e identificar seus pontos
extremos como nós” (HIBBELER, 2013, p. 402), o que permite o estudo isolado de suas barras
visando a superposição final de seus efeitos.

Assim sendo, para a abordagem isolada das barras, utiliza-se um sistema de referência
próprio dependente da direção dos elementos dando importância à facilidade advinda dessa
LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica
Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 26

decisão, isto é, o processamento de forças e deslocamentos em um sistema de coordenadas


locais permite utilizar soluções fundamentais para um elemento de barra.

Tomando-se por exemplo um elemento de pórtico espacial, tem-se que seus


deslocamentos nodais (𝑢) obtidos podem ser relacionados aos esforços nodais externos (𝑓) por
meio de sua matriz de rigidez (𝑘′), conforme indicado na Equação 2.1 (LOGAN, 2017).

[𝑘′] ⋅ {𝑢} = {𝑓} (2.1)

A matriz de rigidez de uma barra (𝑘′) é responsável por descrever a relação de


compatibilidade entre forças e deslocamentos nesta. Assim, para um elemento de pórtico
espacial com seis graus de liberdade por nó, a matriz 𝑘′ tem dimensão 12 × 12, uma vez que
abrange os nós inicial e final do mesmo, sendo composta por valores que traduzem a influência
das forças nodais em cada um dos graus de liberdade. Estes valores são conhecidos por
coeficientes de rigidez do elemento.

Os coeficientes de rigidez, por sua vez, podem ser calculados a partir de expressões que
relacionam as forças aos deslocamentos. Como exemplo, tomando uma barra 𝑖 qualquer de um
pórtico espacial, tem-se que, para cada um dos graus de liberdade da mesma, há um par de
força-deslocamento, conforme indicado pela Figura 2.4.

Figura 2.4 – Membro de pórtico espacial.

Fonte: Gere e Weaver Jr. (1987)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 27

Assim, supondo-se que seja aplicado um deslocamento unitário no grau de liberdade 1


(𝑢 = 1,0 m), o qual se refere ao movimento de translação no sentido e direção da peça, haverá,
então, uma força 𝑓 correspondente ao esforço normal.

Desse modo, por meio das definições de tensão em relação a força e deformação,
conclui-se a relação entre força normal e deslocamento axial indicado na Equação 2.2.

𝐸𝐴
𝑓 = ⋅𝑢 (2.2)
𝐿

Como pode-se observar na expressão acima, as forças normais 𝑓 no nó próximo (inicial)


relacionam-se ao movimento de translação no sentido axial por meio do coeficiente de rigidez
𝑘′ , = 𝐸𝐴/𝐿, em que E é o módulo de elasticidade do material de constituição, A é a área da
seção transversal do elemento e L representa seu comprimento.

De maneira análoga, supondo-se a aplicação de um deslocamento unitário no grau de


liberdade 12 (𝑢 = 1,0 rad), isto é, uma rotação em torno do eixo 𝑧 no nó distante (final),
tem-se que a partir da equação da linha elástica da barra descrita na Equação 2.3, em que 𝑀 (𝑥)
refere-se ao momento fletor em torno do eixo 𝑧 ao longo de seu comprimento e 𝐸𝐼 representa
o módulo de resistência do membro equivalente ao produto entre o módulo de elasticidade do
mesmo e seu momento de inércia em relação ao eixo 𝑧 .

(𝜕 𝑦) 𝑀 (𝑥)
= (2.3)
𝜕𝑥 𝐸𝐼

Analisando-se a situação descrita na Figura 2.4 em que se tem uma barra com todos os
graus de liberdade restringidos, conclui-se que as componentes de força que influem no
momento 𝑀 serão aquelas aplicadas aos graus 2 e 6, ou seja, 𝑓 e 𝑓 , de modo que pode ser
expresso em função destas e da posição 𝑥 conforme a Equação 2.4.

𝑀 (𝑥) = 𝑓 ⋅ 𝑥 − 𝑓 (2.4)

Assim, aplicando-se esta última na Equação 2.3 e considerando-se as condições de


contorno que traduzem as condições de sua vinculação e também de seu deslocamento prescrito
(𝑢 = 1,0 rad), conclui-se as relações apresentadas nas Equações 2.5 e 2.6.

6 ⋅ 𝐸𝐼
𝑓 = ⋅𝑢 (2.5)
𝐿
LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica
Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 28

2 ⋅ 𝐸𝐼
𝑓 = ⋅𝑢 (2.6)
𝐿

Ademais, utilizando-se das condições de equilíbrio em que os somatórios das forças e


momentos aplicados aos eixos principais do membro (𝑥 , 𝑦 e 𝑧 ) devem ser nulos, tem-se
também as relações descritas nas Equações 2.7 e 2.8.

6 ⋅ 𝐸𝐼
𝑓 = − ⋅𝑢 (2.7)
𝐿

4 ⋅ 𝐸𝐼
𝑓 = ⋅𝑢 (2.8)
𝐿

Dessa forma, depreende-se que as relações entre as forças 𝑓 , 𝑓 , 𝑓 e 𝑓 e o movimento


de rotação em torno de eixo 𝑧 , são descritas pelos coeficientes de rigidez expressos nas
Equações 2.9, 2.10, 2.11 e 2.12, respectivamente.

6 ⋅ 𝐸𝐼
𝑘′ , = (2.9)
𝐿

2 ⋅ 𝐸𝐼
𝑘′ , = (2.10)
𝐿

6 ⋅ 𝐸𝐼
𝑘′ , = − (2.11)
𝐿

4 ⋅ 𝐸𝐼
𝑘′ , = (2.12)
𝐿

Com todas as relações de força e deslocamento calculadas, faz-se possível compor a


matriz de rigidez do elemento que é expressa conforme indicado na Figura 2.5, em que
aparecem três novas variáveis: 𝐼 , 𝐼 e 𝐺, que referem-se, respectivamente, ao momento de
inércia da seção em torno do eixo 𝑦 , ao momento torcional de inércia (inércia em torno do
próprio eixo do elemento 𝑥 ) e ao módulo de elasticidade transversal. Sendo assim, as matrizes
𝑘′ dos membros serão aplicadas na Equação 2.1 junto às forças nodais equivalentes para se
obter as soluções locais de cada barra.

No entanto, objetivando-se a superposição destas soluções locais faz-se necessário que


estas estejam em um mesmo sistema de coordenadas, haja vista que cargas e deslocamentos são

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 29

quantidades vetoriais e, portanto, demandam a especificação de sua direção e sentido


corretamente (HIBBELER, 2013).

Figura 2.5 – Matriz de Rigidez de membro para pórticos espaciais.

Fonte: Gere e Weaver Junior (1987)

Isto posto, faz-se necessário transformar as matrizes de rigidez de membro determinadas


em coordenadas locais para as coordenadas globais e, para tanto, determina-se as matrizes de
rotação para cada membro. Desse modo, a relação entre os sistemas de coordenadas de cada
barra (locais) e o sistema geral (global) da estrutura é dado pela Matriz de Rotação (ou
Transformação).

A Matriz de Rotação é obtida a partir de manipulações vetoriais de seus cossenos


diretores levando-se em consideração as coordenadas globais de seus nós inicial e final, de
modo que, a transformação das soluções de uma barra em um sistema tridimensional local para
um global exige a determinação do conjunto (𝑅) de cossenos diretores do membro que
expressam as direções principais (𝑥 , 𝑦 e 𝑧 ) do mesmo em coordenadas globais, conforme
indicado na Figura 2.6 e expresso pela equação 2.13.

𝑥 ×
𝑅 × = 𝑦 × (2.13)
𝑧 ×

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 30

Figura 2.6 – Rotação de eixos em três dimensões.

Fonte: Gere e Weaver Junior (1987)

Tal conjunto compõe a diagonal principal da matriz de transformação 𝑇 do elemento


(expressa de modo simplificado na Equação 2.14) que tem por objetivo transformar forças e
deslocamentos de um sistema de coordenadas para o outro, isto é, trazer os efeitos para um
mesmo sistema de referência, viabilizando, dessa forma, a avaliação da interação entre as
soluções para cada barra.

𝑅 × 0 0 0
0 𝑅 × 0 0
𝑇 × = (2.14)
0 0 𝑅 × 0
0 0 0 𝑅 ×

Assim sendo, a matriz de transformação de cada membro pode ser aplicada às


respectivas matrizes de rigidez (𝑘′) e às forças nodais equivalentes (𝑓) visando obter suas
componentes vetoriais rotacionadas (𝑘 e 𝐹′, respectivamente) como indicado nas Equações 2.15
e 2.16 (HIBBELER, 2013).

[𝑘] = [𝑇 ] ⋅ [𝑘′] ⋅ [𝑇] (2.15)


LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica
Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 31

{𝐹 } = [𝑇 ] ⋅ {𝑓} (2.16)

Deste modo, tanto as forças como os coeficientes de rigidez podem ser somados e
sobrepostos ao vetor de forças global e à matriz de rigidez da estrutura nos seus graus de
liberdade correspondentes. Assim, estando as forças e os coeficientes de rigidez em um mesmo
sistema de referência, torna-se possível aplicar as condições de contorno da estrutura para
resolver o sistema linear apresentado na Equação 2.17, objetivando-se encontrar os
deslocamentos dos nós não restringidos que se apresentam como incógnitas do problema
estrutural.

[𝐾] ⋅ {𝑢} = {𝐹} (2.17)

Na equação acima, 𝐾 representa a matriz de rigidez global da estrutura composta pelos


coeficientes rotacionados das matrizes de cada elemento alocados nos graus de liberdade
devidos. Enquanto que 𝑢 refere-se aos deslocamentos nodais decorrentes da situação de
carregamento 𝐹, composta pelas cargas nodais equivalentes das ações distribuídas somadas às
cargas nodais, isto é, já aplicadas nos nós.

Ademais, de acordo com Martha (2017), além dos deslocamentos nodais, as reações de
apoio e os esforços internos nas extremidades de cada barra se apresentam como resultados
usuais da análise de uma estrutura reticulada.

De acordo com Süssekind (1981), os apoios tem como função restringir os graus de
liberdade da estrutura e, portanto, desenvolvem reações nas direções impedidas (𝑓 ). Estas
podem ser calculadas no método da rigidez a partir das forças nodais externas e dos resultados
de deslocamentos da estrutura, conforme descrito pela Equação 2.18.

{𝑓 } = [𝐾] ⋅ {𝑢} − {𝐹} (2.18)

Os esforços internos (𝑓internas), por sua vez, se mostram de extrema importância para o
entendimento do comportamento estrutural, bem como para o processo de dimensionamento
dos elementos constituintes da estrutura. Estes podem ser calculados considerando-se os
deslocamentos resultantes rotacionados para as coordenadas locais, associados às matrizes de
rigidez de cada barra e descontando-se destes os efeitos dos carregamentos nodais equivalentes
das mesmas, assim como indicado na Equação 2.19.

{𝑓internas } = [𝑘 ] ⋅ [𝑇] ⋅ {𝑢} − {𝑓} (2.19)


LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica
Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 32

Dessa forma, o método da rigidez permite uma análise completa e abrangente de uma
estrutura, idealizando-a como uma estrutura reticulada visando obter os resultados usuais como
deslocamentos, reações de vinculo e esforços internos.

2.3 AÇÕES INDIRETAS

De acordo com ABNT (2019), as ações podem ser entendidas como “causas que
provocam esforços solicitantes que atuam sobre a estrutura, capazes de produzir ou alterar as
deformações ou o estado de tensão nos elementos estruturais”.

Além disso, Kimura (2018) traz que essas causas não necessariamente são cargas
externas aplicadas diretamente à estrutura. Como exemplo, podem ser mencionadas as
variações de temperatura, os deslocamentos de apoios, e também as imperfeições geométricas.
Neste sentido, as forças e as deformações impostas por estas, podem ser tratadas como se
fossem as próprias ações, sendo assim, designadas por ações indiretas (ABNT, 2003).

Este trabalho tem como foco a consideração das ações indiretas decorrentes das
variações de temperatura e dos deslocamentos prescritos que, segundo Gere e Weaver Junior
(1987), ocasionam esforços nodais equivalentes nos elementos restringidos e, portanto, podem
produzir efeitos significativos em uma estrutura.

2.3.1 VARIAÇÕES DE TEMPERATURA

As variações de temperatura influem sobre o material do qual o elemento é constituído


através do fenômeno de dilatação térmica, que consiste na alteração proporcional das dimensões
de um corpo, de modo que sua variação percentual de comprimento por unidade de variação de
temperatura é representada pela constante de proporcionalidade 𝛼, isto é, o coeficiente de
dilatação linear (NUSSENSVEIG, 2014).

Estas variações podem ser uniformes ou até mesmo apresentar gradientes térmicos e,
consequentemente, os elementos reticulados de uma estrutura podem estar sujeitos a variações
de temperatura distintas para suas faces superior e inferior (MARTHA, 2017), conforme
indicado na Figura 2.7.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 33

Figura 2.7 – Barra sujeita à variação de temperatura em gradiente.

Fonte: Adaptado de Gere e Weaver Junior (1987)

Dessa forma, os esforços nodais equivalentes à variação de temperatura podem ser


calculados a partir das deformações impostas, utilizando-se os coeficientes de rigidez
correspondentes.

Por exemplo, para a situação descrita na figura acima, Δ𝑇 e Δ𝑇 referem-se,


respectivamente, às variações de temperatura nas faces superior e inferior da barra de
comprimento 𝐿. Assim, as forças nodais equivalentes nos graus de liberdade 1 e 7, ou seja, no
sentido da barra 𝑥 (Figura 2.4), podem ser calculadas a partir dos coeficientes de rigidez 𝑘 ,

e𝑘 , .

As deformações (𝛿 ) em função da variação de temperatura podem ser calculadas


conforme indicado pela Equação 2.20, em que 𝛼 é o coeficiente de dilatação linear, Δ𝑇 é a
variação de temperatura e 𝐿 o comprimento inicial da barra. No entanto, para o caso geral em
que o elemento está sujeito a variações térmicas diferentes ao longo de sua altura ℎ, tem-se que
a deformação 𝛿 pode ser determinada tomando-se por referência um eixo neutro localizado à
meia profundidade e, portanto, utiliza-se uma variação média de temperatura 𝑇 , como indicado
na Equação 2.21 (HIBBELER, 2013).

𝛿 = 𝛼 ⋅ Δ𝑇 ⋅ 𝐿 (2.20)

𝑇 +𝑇
𝑇 = (2.21)
2

Assim sendo, conclui-se que o deslocamento resultante dos extremos das barras é dado
pela Equação 2.22, podendo, então, ser aplicado aos coeficientes de rigidez correspondentes,
visando-se obter as forças nodais equivalentes (Equações 2.23 e 2.24).

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 34

𝑢 = −𝑢 = − 𝛼 ⋅ 𝑇 ⋅ 𝐿 (2.22)

𝑓 =𝑘 ⋅ 𝑢 = −𝐸 ⋅ 𝐴 ⋅ 𝛼 ⋅ 𝑇 (2.23)

𝑓 =𝑘 ⋅𝑢 =𝐸⋅𝐴⋅𝛼⋅𝑇 (2.24)

De maneira análoga, os efeitos de uma mudança de temperatura em gradiente sobre os


esforços de momento podem ser determinados a partir do ângulo de rotação das seções extremas
em relação ao eixo 𝑧 . Considerando-se um elemento infinitesimal de barra com comprimento
𝑑𝑥 sujeito a uma variação térmica em gradiente (Figura 2.8), tem-se que as dilatações das faces
superior e inferior do mesmo são expressas conforme as Equações 2.25 e 2.26, respectivamente.

Figura 2.8 – Deformação de um elemento infinitesimal de barra por variação de temperatura em


gradiente.

Fonte: Adaptado de Martha (2017)

𝛿 = 𝛼 ⋅ Δ𝑇 ⋅ 𝑑𝑥 (2.25)

𝛿 = 𝛼 ⋅ Δ𝑇 ⋅ 𝑑𝑥 (2.26)

Assim, a rotação infinitesimal devido à temperatura (𝑑𝜃 ) pode ser calculada a partir da
razão entre a diferença de dilatação das faces do elemento e sua altura (Equação 2.27).
Entretanto, na equação da linha elástica descrita na Equação 2.3, tem-se explicitada a relação
𝜕 𝑦⁄𝜕𝑥 , que nada mais é que a taxa de variação da rotação do elemento em função de sua
posição, isto é, 𝑑𝜃⁄𝑑𝑥 . Dessa forma, aplicando a Equação 2.27 na Equação 2.3, tem-se que os
momentos resultantes da variação térmica nos nós inicial e final são dados, respectivamente,
como se segue nas Equações 2.28 e 2.29.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 35

𝛼 ⋅ (Δ𝑇 − Δ𝑇 ) ⋅ 𝑑𝑥
𝑑𝜃 = (2.27)

𝐸𝐼 ⋅ 𝛼 ⋅ (Δ𝑇 − Δ𝑇 )
𝑓 = (2.28)

𝐸𝐼 ⋅ 𝛼 ⋅ (Δ𝑇 − Δ𝑇 )
𝑓 =− (2.29)

Dessa maneira, todos os efeitos das deformações impostas pela variação de temperatura
podem ser considerados no cálculo estrutural de estruturas reticuladas, valendo-se do Método
da Rigidez.

2.3.2 DESLOCAMENTOS PRESCRITOS

Os deslocamentos prescritos em uma estrutura são entendidos como condições impostas


à mesma (GERE; WEAVER JUNIOR, 1987), podendo ser ocasionados por diversos fatores,
tais como recalques de apoios, imperfeições geométricas e modificações de fabricação.

Levando-se em conta que, na análise estrutural, deve-se constar toda e qualquer ação
capaz de produzir efeitos relevantes à segurança da estrutura em exame (CARVALHO;
FIGUEIREDO FILHO, 2020), a consideração dos deslocamentos prescritos se faz de grande
importância, haja vista que podem acarretar esforços adicionais significativos em toda a
estrutura.

Além disso, as ações indiretas, como os recalques de apoio, apresentam grande impacto
em estruturas hiperestáticas, de modo que, quanto maior a rigidez, maior será sua influência.
As isostáticas, por sua vez, apresentam a capacidade de acomodar-se frente a pequenas
modificações sem que apareçam esforços adicionais (MARTHA, 2017).

Neste sentido, os deslocamentos impostos configuram-se, no Método da Rigidez, como


condições de contorno a serem adicionadas no sistema, satisfazendo-se as condições de
compatibilidade e equilíbrio. Dessa forma, sua consideração demanda apenas a determinação
do valor do deslocamento estimado.

Assim, o deslocamento resultante em um grau de liberdade 𝑗 qualquer (𝜌 ) demanda que


sua contribuição seja considerada nos demais graus de liberdade. Para tanto, subtrai-se de cada

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 36

parcela do vetor de forças, os esforços nodais equivalentes à condição imposta conforme


indicado na Equação 2.30.

𝑓 = 𝑓 −𝐾, ⋅𝜌 (2.30)

A equação acima demonstra a forma como o deslocamento prescrito no grau 𝑗, influi


nos demais graus de liberdade 𝑖. Com isso, o sistema linear a ser resolvido para calcular os
deslocamentos desconhecidos é dado conforme Equação 2.31.

[𝐾] ⋅ {𝑢} = 𝑓 (2.31)

2.4 TRABALHOS CORRELATOS

Tendo em vista a importância da análise estrutural e da elaboração de novas ferramentas


voltadas a esta, diversos estudos têm sido desenvolvidos considerando-se a aplicação do
Método da Rigidez à construção de programas para cálculo matricial de estruturas. Não
obstante, na Instituição de desenvolvimento deste trabalho, podem ser mencionados, por
exemplo, os trabalhos desenvolvidos por Oliveira (2018), Ribeiro (2019), Ferreira (2019) e
Nogueira (2021).

Oliveira (2018) deu início à pesquisa na área de Métodos Numéricos e Computacionais


Aplicados à Engenharia na Instituição por meio do desenvolvimento de uma ferramenta
computacional para o cálculo matricial de treliças espaciais e elementos de viga.

Em sequência, Ribeiro (2019) e Ferreira (2019) abordaram de forma isolada os modelos


estruturais de pórticos planos e grelhas, respectivamente. Com isso, seus trabalhos
possibilitaram a avaliação do comportamento de estruturas planas sujeitas a ações contidas no
plano de disposição de seus elementos, bem como a carregamentos perpendiculares ao mesmo.

Nogueira (2021), por sua vez, construiu um programa voltado à análise de pórticos
espaciais. No entanto, em sua abordagem, observou-se a consideração apenas de ações diretas,
tais como os carregamentos externos referentes ao peso próprio e às sobrecargas.

Dessa forma, é possível dizer que todas as pesquisas supracitadas contribuíram para o
amadurecimento dos conceitos e conhecimentos acerca do método, mostrando-se de extrema
importância para elaboração deste trabalho que se apresenta como uma continuação dos demais,
LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica
Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 37

mas desta vez, também levando-se em consideração os efeitos de ações indiretas aplicadas a
pórticos espaciais.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Revisão Bibliográfica


CAPÍTULO 3 METODOLOGIA

Neste capítulo será apresentada a classificação da pesquisa, bem como a metodologia


utilizada para implementação computacional do Método da Rigidez e para o desenvolvimento
do aplicativo. Além disso, serão definidos os meios utilizados para validação dos resultados
obtidos com o produto deste trabalho.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa aplicada, qualitativa e experimental,


pois objetiva a aplicação do método da rigidez para o desenvolvimento de uma ferramenta
computacional para análise estrutural.

3.2 ETAPAS DE PESQUISA

A pesquisa compreendeu as seguintes etapas:

1. Revisão bibliográfica: a revisão bibliográfica foi desenvolvida no Capítulo 2 e


trouxe elementos importantes para o entendimento do método e de
conhecimentos relevantes à implementação computacional;

2. Implementação computacional do método: toda a implementação foi feita no


software MATLAB® utilizando-se a linguagem do mesmo. Nesta etapa,
construíram-se rotinas computacionais para cálculos estruturais e manipulação
dos dados de entrada;

3. Desenvolvimento do aplicativo para a entrada de dados: o desenvolvimento do


aplicativo deu-se no ambiente App Designer do software MATLAB®. Nesta
etapa, objetivou-se a construção de um ambiente intuitivo e dinâmico para a
entrada de dados acerca da estrutura;

4. Validação dos resultados: os resultados obtidos com o programa foram validados


a partir da comparação com outros softwares, como o Ftool®, SAP2000® e
Robot®;

LUAN SOUZA OLIVEIRA


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 39

3.3 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DO MÉTODO

O cálculo matricial de estruturas demanda a organização de suas informações na forma


de matrizes e vetores, o que justifica a opção pelo software MATLAB® que dispõe de uma
linguagem de programação própria na qual é possível expressar matrizes de forma direta
(MATHWORKS, 2022).

Dessa forma, a construção das rotinas de cálculo foi facilitada, permitindo-se assim
focar no método e nos detalhes de sua construção computacional. Neste sentido, a
implementação do método pautou-se na sequência de procedimentos (Figura 3.1) descrita a
seguir:

Figura 3.1 – Sequência de procedimentos para a construção computacional do método da rigidez.

Fonte: Autor (2022)

1. Reunião de dados da estrutura: tendo-se em vista que a entrada de dados se deu


exclusivamente por meio do aplicativo desenvolvido, construiu-se uma rotina para
armazenar e organizar os dados em matrizes, bem como salvar as opções de saída de
relatório.

1.1. Dados acerca dos nós: uma vez armazenados em uma matriz, tornou-se possível a
manipulação destes para se obter o número de nós e, consequentemente, a quantidade
de graus de liberdade da estrutura em análise. Além disso, informações como as
coordenadas nodais e as condições de contorno (vinculações de apoio e deslocamentos
prescritos) foram armazenadas pensando-se em uma futura recorrência.

1.2. Dados acerca das barras: a partir destes, foi possível determinar a quantidade de barras
que delimitaria os laços para o processamento das informações dos elementos. Assim,
foram armazenadas informações como nós inicial e final, propriedades da seção e do
material de constituição.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Metodologia


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 40

1.3. Dados acerca das ações: aqui, deu-se o armazenamento das informações das ações
distribuídas ao longo de cada elemento, tais como carregamento convencional e
variação de temperatura. Além disso, foram armazenadas também as informações
acerca das ações nodais.

2. Processamento das informações de cada barra: os procedimentos de análise de cada barra


foram realizados em sequência no intuito de se aproveitar o mesmo laço, conforme
detalhado abaixo.

2.1. Construção das matrizes de rotação para cada barra: nesta etapa foram consideradas as
coordenadas globais dos pontos inicial e final de cada barra para o cálculo dos cossenos
diretores do elemento e, consequentemente, para a construção da matriz de rotação do
mesmo.

2.2. Construção das matrizes de rigidez para cada barra: nesta etapa foram consideradas as
propriedades da seção e do material de constituição da barra para o cálculo dos
coeficientes de rigidez desta.

2.3. Análise da influência de cada barra na estrutura: tendo-se a matriz de rotação e a matriz
de rigidez de cada barra, fez-se possível avaliar a influência de cada elemento na matriz
de rigidez global da estrutura, considerando-se a contribuição nos graus de liberdade
correspondentes.

2.4. Análise das ações distribuídas: as ações distribuídas foram transformadas em ações
nodais equivalentes e, posteriormente, rotacionadas para se sobrepor seus efeitos na
estrutura.

3. Processamento das cargas nodais: uma vez que a entrada de cargas nodais se dá em
coordenadas globais e independem das barras, suas parcelas foram consideradas
diretamente nos graus de liberdade correspondentes.

4. Processamento das condições de contorno: a partir dos dados armazenados de cada nó, as
condições de contorno de vinculação e de deslocamentos prescritos foram consideradas de
forma que sua influência fosse considerada conforme exposto no Capítulo 2 (Equações 2.30
e 2.31).

LUAN SOUZA OLIVEIRA Metodologia


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 41

5. Cálculo dos resultados: com o processamento das informações supracitadas, fez-se possível
calcular os resultados da estrutura conforme abordado no Capítulo 2 e explicitado a seguir.

5.1. Deslocamentos incógnitas: o cálculo dos deslocamentos deu-se a partir da matriz de


rigidez e do vetor de ações já considerando as condições de contorno aplicadas
(Equações 2.30 e 2.31).

5.2. Reações de apoio: para o cálculo das reações de apoio, utilizou-se os resultados de
deslocamentos, conforme descrito no Capítulo 2 (Equação 2.18).

5.3. Esforços internos desenvolvidos nos extremos de cada barra: os esforços internos
foram calculados valendo-se da teoria exposta no capítulo anterior (Equação 2.19).

6. Escrita do relatório: nesta etapa, levou-se em consideração as opções de relatório


informadas pelo usuário, de modo a apresentar somente os resultados desejados dentre os
apresentados no tópico anterior.

3.4 DESENVOLVIMENTO DO APLICATIVO

O desenvolvimento do aplicativo dentro do ambiente App Designer® (Figura 3.2) do


MATLAB®, pautou-se na ideia de proporcionar uma entrada de dados intuitiva e prática.
Pensando nisso, foi desenvolvida uma interface para upload de arquivos no formato de planilhas
(.xls, .xlsx e .xlsm).

Tendo isso em vista, desenvolveu-se uma pasta de trabalho modelo para assegurar a
correta leitura dos dados e garantindo, assim, a execução correta do programa. Esta pasta de
trabalho foi dividida em planilhas que, além de organizar os dados para a leitura, guiam o
usuário nesta fase de entrada de dados.

Além disso, no ambiente de entrada de dados do aplicativo desenvolvido, buscou-se


oferecer para o usuário opções de saída, tais como relatório de deslocamentos resultantes,
reações de apoio e esforços internos. Vale-se ressaltar também que, no intuito de construir uma
ferramenta de apoio educacional, foram adicionadas mais duas opções de resultados: relatório
das matrizes de rigidez (de cada um dos elementos e geral da estrutura) e do vetor de ações.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Metodologia


Figura 3.2 – Desenvolvimento do aplicativo no ambiente App Designer do MATLAB.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA


3.5 VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS

Visando-se a verificação da eficácia e robustez do algoritmo implementado para a


análise estrutural, buscou-se analisar estruturas que contemplassem o foco principal deste
trabalho, isto é, pórticos espaciais sujeitos a ações indiretas. Para tanto, fez-se um estudo
comparativo com os resultados obtidos por programas já estabelecidos no mercado como
Ftool®, SAP2000® e Robot®, de modo que fossem analisados os resultados de deslocamentos
resultantes e reações de apoio.

No entanto, a modelagem de uma estrutura espacial sujeita a ações indiretas não se


mostra acessível nos softwares gratuitos disponíveis no mercado. Pensando-se nisso, a
validação dos efeitos de temperatura e de deslocamentos prescritos em estruturas pautou-se na
comparação com os resultados de estruturas planas modeladas no software Ftool®. Enquanto
isso, a análise de uma estrutura espacial sujeita aos carregamentos diretos foi validada através
da comparação dos resultados obtidos a partir dos softwares SAP2000® e Robot®.

Vale-se ressaltar que a escolha por estes softwares se justifica no fato de que tanto o
Ftool® quanto o Robot® são mais acessíveis, haja vista que ambos têm sua versão gratuita para
estudantes. Além disso, os resultados obtidos com o SAP2000® foram extraídos do trabalho
desenvolvido por Nogueira (2021).

LUAN SOUZA OLIVEIRA Metodologia


CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresentará os resultados obtidos a partir da metodologia supracitada.

4.1 APLICATIVO

Como descrito nos capítulos anteriores, um dos objetivos deste trabalho é proporcionar
uma entrada de dados mais intuitiva e dinâmica que os arquivos de texto. Para tanto, foi
desenvolvido um aplicativo para a leitura de dados em formato de planilhas como indicado na
Figura 4.1.

Figura 4.1 – Aplicativo para entrada de dados acerca da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 45

No aplicativo “Space Frames App” apresentado acima, pode-se observar o campo


Project, de preenchimento facultativo, no qual deve ser informado o nome do relatório da
estrutura. Logo abaixo, tem-se o campo Address, no qual deve ser obrigatoriamente informado
o endereço da pasta de trabalho com as planilhas referentes aos dados da estrutura. Para facilitar
a entrada do endereço do arquivo, programou-se o botão Choose File, responsável por abrir o
explorador de arquivos para que o usuário selecione a pasta de trabalho desejada.

Dessa forma, o usuário deve informar, adicionalmente, as escolhas de relatório


desejadas. Dentre as opções de saída tem-se: os deslocamentos resultantes (Displacements and
Rotations), as reações de apoio (Reaction Values), os esforços internos (Internal Forces), as
matrizes de rigidez dos elementos e a global (Stiffness Matrix) e, por fim, o vetor de ações
(Action Vector). Assim, as duas primeiras escolhas são ativadas por padrão, podendo o usuário
desativá-las.

Após informar o endereço da pasta de trabalho com os dados da estrutura e as opções


de saída para relatório, o usuário deve selecionar o botão Run para que a estrutura seja analisada
pelo algoritmo desenvolvido. Uma vez finalizado o procedimento, o aplicativo retorna algumas
mensagens informando a correta execução ou possíveis erros na entrada de dados.

4.1.1 PASTA DE TRABALHO MODELO PARA ENTRADA DE DADOS

Visando minimizar os possíveis erros na entrada dos dados, desenvolveu-se uma pasta
de trabalho modelo, na qual as informações acerca da estrutura são informadas
sequencialmente. Primeiro, na planilha “Nodes” (Figura 4.2) informa-se as posições de cada nó
na estrutura, bem como as condições de contorno (vinculações e deslocamentos prescritos) dos
mesmos.

Em seguida, na planilha “Bars” (Figura 4.3), entra-se com os dados a respeito das barras,
tais como, nó inicial, nó final e as propriedades da seção e do material de constituição de cada
elemento. Com isso, faz-se possível a inserção das cargas distribuídas em cada barra e também
das ações nodais nas planilhas “Distributed_Loads” (Figura 4.4) e “Nodal_Forces” (Figura
4.5), respectivamente. É importante ressaltar que as ações nodais são lançadas no sistema global
da estrutura, enquanto que as ações distribuídas são informadas considerando-se o sistema de
coordenadas locais para cada barra.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Figura 4.2 – Planilha para entrada dos dados acerca dos nós da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 47

Figura 4.3 – Planilha para entrada dos dados acerca das barras da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 48

Figura 4.4 – Planilha para entrada dos dados acerca das ações distribuídas em cada barra.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 49

Figura 4.5 – Planilha para entrada dos dados acerca das ações nodais.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


4.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DE ESTRUTURAS RETICULADAS

Através da metodologia apresentada anteriormente foi possível construir um programa


para análise matricial de pórticos espaciais a partir do qual foram obtidos os resultados que
serão apresentados a seguir. Além disso, serão também apresentados os resultados obtidos com
outros programas para as mesmas estruturas visando-se a validação do algoritmo
implementado.

Tendo isso em vista, vale ressaltar que o programa desenvolvido neste trabalho adota
um sistema de referência (conforme desenvolvido no Capítulo 2) diferindo-se de outros
softwares voltados ao cálculo de estruturas espaciais e, por isso, as rotações e os momentos
aparecem com sinal inverso quando comparados com os calculados pelo SAP2000® e pelo
Robot®. Entretanto, quando comparados com os resultados do software Ftool®, não são
observadas tais divergências, uma vez que se buscou adotar a mesma convenção para o sistema
de referência dos eixos globais da estrutura.

4.2.1 EXEMPLO 1 – PÓRTICO PLANO COM VARIAÇÃO DE


TEMPERATURA

Este primeiro exemplo objetivou a verificação da eficácia e robustez do código no que


se refere à análise de estruturas sujeitas às ações indiretas devidas à variação de temperatura.
Para tanto, no Ftool®, modelou-se o pórtico plano indicado na Figura 4.6, em que se pode
observar a incidência de uma variação térmica em gradiente.

Figura 4.6 – Exemplo 1 – Pórtico plano sujeito à variação de temperatura.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 51

Os elementos posicionados na vertical apresentam seção transversal retangular de


25cm × 40cm, enquanto que os demais apresentam seção retangular de 20cm × 60cm.

A entrada da estrutura na pasta de trabalho ocorre conforme exposto anteriormente neste


capítulo e indicado a seguir pelas Tabelas 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4.

Tabela 4.1 - Exemplo 1 – Dados acerca dos nós da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.2 - Exemplo 1 – Dados acerca das barras da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.3 - Exemplo 1 – Entrada das cargas nodais.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.4 - Exemplo 1 – Entrada das cargas distribuídas.

Fonte: Autor (2022)

Dessa forma, os deslocamentos resultantes da estrutura podem ser observados na

Tabela 4.5. Além disso, verifica-se que os resultados obtidos com os dois programas
não apresentam divergência alguma. As reações de apoio, por sua vez, são apresentadas na
Tabela 4.6 em que se pode observar uma divergência máxima de 0,0050%.
LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados
Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 52

Tabela 4.5 - Exemplo 1 – Deslocamentos nodais resultantes.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.6 - Exemplo 1 – Reações de apoio.

Fonte: Autor (2022)

4.2.2 EXEMPLO 2 – PÓRTICO PLANO COM DESLOCAMENTOS


PRESCRITOS

Este exemplo, por sua vez, objetivou a verificação da eficácia e robustez do código no
que se refere à análise de estruturas sujeitas às ações indiretas devidas a deslocamentos

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 53

prescritos. Dessa forma, no Ftool®, modelou-se o pórtico plano indicado na Figura 4.6, em que
se pode observar a prescrição de dois deslocamentos no nó 6.

Figura 4.7 – Exemplo 2 – Pórtico plano sujeito a deslocamentos prescritos.

Fonte: Autor (2022)

O elemento delimitado pelos nós 1 e 3 apresenta seção circular com diâmetro de 2cm.
Já os demais elementos apresentam seção retangular de 20cm × 30cm.

A entrada da estrutura na pasta de trabalho ocorre conforme apresentado nas Tabelas


4.7 a 4.10.

Tabela 4.7 - Exemplo 2 – Dados acerca dos nós da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.8 - Exemplo 2 – Dados acerca das barras da estrutura.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 54

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.9 - Exemplo 2 – Entrada das cargas nodais.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.10 - Exemplo 2 – Entrada das cargas distribuídas.

Fonte: Autor (2022)

Assim, os deslocamentos resultantes da estrutura e as reações de apoio podem ser


observados, respectivamente, nas Tabelas 4.11 e 4.12. Ademais, observa-se que os resultados
obtidos com os dois programas não apresentam divergência alguma.

Tabela 4.11 - Exemplo 2 – Deslocamentos nodais resultantes.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 55

Tabela 4.12 - Exemplo 2 – Reações de apoio.

Fonte: Autor (2022)

4.2.3 EXEMPLO 3 – PÓRTICO ESPACIAL

Buscando-se a verificação das estruturas espaciais, modelou-se o pórtico apresentado


na Figura 4.8 para comparação com os resultados obtidos a partir do software Robot®.

Figura 4.8 – Exemplo 3 – Pórtico espacial.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 56

Nesta estrutura todas as barras apresentam seção quadrada de 20cm × 20cm. Sendo a
distância entre os eixos 1 e 2 de 6m. Os eixos A e B também distam 6m entre si. Já a distância
entre os eixos B e B’ é de 8m.

Deste modo, a entrada de dados no programa deu-se como indicado nas Tabelas 4.13,
4.14, 4.15 e 4.16.

Tabela 4.13 - Exemplo 3 – Dados acerca dos nós da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.14 - Exemplo 3 – Dados acerca das barras da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.15 - Exemplo 3 – Entrada das cargas nodais.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.16 - Exemplo 3 – Entrada das cargas distribuídas.

Fonte: Autor (2022)

Com isso, os deslocamentos resultantes da estrutura e as reações de apoio podem ser


observados, respectivamente, nas Tabelas 4.17 e 4.18. Vale-se destacar que os resultados de
rotação e de momento apresentam sinal inverso de um programa para o outro por conta do
sistema de referência adotado. Todavia, os resultados apresentam uma divergência máxima de
0,0011%.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 57

Tabela 4.17 - Exemplo 3 – Deslocamentos nodais resultantes.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.18 - Exemplo 3 – Reações de apoio.

Fonte: Autor (2022)

4.2.4 EXEMPLO 4 – PÓRTICO ESPACIAL COM CARREGAMENTO


DISTRIBUÍDO TRIANGULAR

Por fim, visando a verificação da robustez do programa para o cálculo de estruturas


espaciais, modelou-se o pórtico espacial extraído do trabalho de Nogueira (2021) que segue
apresentado na Figura 4.9. Os resultados obtidos com o programa foram então validados através
da comparação com os mesmos calculados pelo software SAP2000®.

A distância entre os eixos 1 e 2 é de 4m enquanto que entre os eixos A e B é de 6m. A


estrutura tem uma altura total de 5m. Os elementos na vertical apresentam seção quadrada de
20cm × 20cm, enquanto que as vigas delimitadas pelos nós 2 e 3, 6 e 7 apresentam seção
retangular de 20cm × 60cm. As demais vigas apresentam seção retangular de 20cm × 40cm.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 58

Deste modo, a entrada de dados no programa deu-se como indicado nas Tabelas 4.19,
4.20, 4.21 e 4.22.

Figura 4.9 – Exemplo 4 – Pórtico espacial com carregamento distribuído triangular.

Fonte: Adaptado de Nogueira (2021)

Tabela 4.19 - Exemplo 4 – Dados acerca dos nós da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.20 - Exemplo 4 – Dados acerca das barras da estrutura.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 59

Tabela 4.21 - Exemplo 4 – Entrada das cargas nodais.

Fonte: Autor (2022)

Tabela 4.22 - Exemplo 4 – Entrada das cargas distribuídas.

Fonte: Autor (2022)

Dessa forma, os deslocamentos resultantes da estrutura e as reações de apoio podem ser


analisados, respectivamente, nas Tabelas 4.23 e 4.24. Vale-se destacar que os resultados de
rotação e de momento apresentam sinal inverso de um programa para o outro por conta do
sistema de referência adotado. No entanto, os resultados apresentam uma divergência máxima
de 2,2667% que se deve a forma de calcular o módulo torcional de inércia.

Tabela 4.23 - Exemplo 4 – Deslocamentos nodais resultantes.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 60

Tabela 4.24 - Exemplo 4 – Reações de apoio.

Fonte: Autor (2022)

LUAN SOUZA OLIVEIRA Resultados


CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados apresentados, pode-se concluir que o programa desenvolvido é


eficaz para a análise de pórticos planos e espaciais considerando-se a ocorrência de variações
de temperatura e deslocamentos prescritos em determinada estrutura, com uma margem de erro
de resultados irrisória quando comparado a outros softwares já consolidados no mercado.

Além disso, uma vantagem de sua utilização reside no fato de o mesmo ser um programa
gratuito, garantindo uma maior acessibilidade e a possibilidade de sua utilização para fins
acadêmicos.

Tendo isso em vista, recomenda-se o desenvolvimento de estudos acerca desta


aplicabilidade tendo em conta, também, a sua interface simplificada que proporciona uma
utilização mais intuitiva e dinâmica, podendo mostrar-se como uma opção ao uso dos demais
softwares. Ademais, como propostas de trabalhos futuros nesta linha de pesquisa tem-se que
pode ser adicionado ao código do programa a possibilidade de se modelar ligações articuladas
(rótulas) e apoios elásticos.

LUAN SOUZA OLIVEIRA Conclusão


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Ações para o cálculo


de estruturas de edificações. 2 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. 60 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: Ações e segurança


nas estruturas - Procedimento. 1 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 18 p.

CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEIREDO FILHO, Jasson Rodrigues de. Cálculo e


Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado: segundo a NBR 6118:2014. 4.
ed. São Carlos: Edufscar, 2020. 415 p.

FERREIRA, Lohrane Aparecida. Análise Matricial de Grelhas pelo Método da Rigidez.


2019. 48 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Instituto Federal de Goiás, Jataí,
2019.

GERE, James Monroe; WEAVER JUNIOR, William. Análise de Estruturas Reticuladas.


Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 443 p. Tradução de: Carlos M. P. Ferreira Pinto.

HIBBELER, Russell Charles. Análise das Estruturas. 8. ed. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2013. 522 p. Tradução de: Jorge Ritter; Revisão técnica de: Pedro Vianna.

KASSIMALI, Aslam. Análise Estrutural. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. 820 p.
Tradução de: Noveritis do Brasil; Revisão técnica de: Luiz Antônio Vieira Carneiro.

KIMURA, Alio. Informática aplicada a estruturas de concreto armado. 2. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2018. 428 p.

LOGAN, Daryl L.. A First Course in the Finite Element Method. 6. ed. Platteville:
Cengage Learning, 2017. 973 p.

MARTHA, Luiz Fernando. Análise de estruturas: conceitos e métodos básicos. 2. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2017. 569 p.

MATHWORKS, The. MATLAB: designed for the way you think and the work you do. 2022.
Disponível em: https://www.mathworks.com/products/matlab.html. Acesso em: 08 set. 2022.

NOGUEIRA, Williamar Vilela. Análise Matricial de Estruturas pelo Método da Rigidez:


pórtico espacial. 2021. 66 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Instituto Federal
de Goiás, Jataí, 2021.

NUSSENZVEIG, Herch Moysés. Curso de Física Básica: fluidos, oscilações e ondas, calor.
Vol. 2. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Edgard Blucher, 2014. 375 p. 4 v.

OLIVEIRA, Patrick Lopes de. Análise Matricial de Estruturas pelo Método da Rigidez.
2018. 71 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Instituto Federal de Goiás, Jataí,
2018.

LUAN SOUZA OLIVEIRA


Análise Matricial de Pórticos Espaciais pelo Método da Rigidez: Consideração de Ações Indiretas 63

RIBEIRO, Kelly Santos. Análise Matricial de Estruturas pelo Método da Rigidez: pórtico
plano. 2019. 26 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Instituto Federal de Goiás,
Jataí, 2019.

SORIANO, Humberto Lima. Análise de Estruturas: formulação matricial e implementação


computacional. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2005. 346 p.

SÜSSEKIND, José Carlos. Curso de Análise Estrutural: estruturas isostáticas. Vol. 1. Rio
de Janeiro: Editora Globo, 1981. 366 p. 3 v.

VANDERBILT, M. Daniel. Matrix Structural Analysis: with numerous examples and


solved illustrative problems. New York: Quantum, 1974. 397 p.

LUAN SOUZA OLIVEIRA

Você também pode gostar