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Curso Extensivo TEEM 2024 AfyaEndocrinopapers e

Curso de Questões TEEM 2024 AfyaEndocrinopapers

Resumo sobre
Endocrinologia
do Esporte
e do Exercício
com questões para praticar
Material Bônus
Nota elaborada pelos professores:
Alguns tópicos relacionados à Endocrinologia do
Esporte carecem de evidências científicas
suficientes, com informações divergentes em
diferentes fontes. Buscamos nos basear nas
principais publicações da área, assim como no
manual da SBEM, que consta nas referências
bibliográficas do TEEM.
Outros tópicos, que já foram abordados
no curso, têm relação com o tema e
podem ser revisados:

Abuso de esteroides
anabolizantes

Amenorreia hipotalâmica

Avaliação de risco
cardiovascular no DM1

Composição corporal

Sarcopenia
Capítulo 1:
Princípios Básicos
Atividade física versus exercício
Atividade física: ação muscular com gasto de energia acima do repouso,
como uma caminhada, por exemplo.
Exercício físico: atividade programada com objetivo e intensidade específica,
como na musculação.

Tipos de fibras musculares


• Fibras do tipo I: vermelhas, devido ao grande conteúdo de mioglobina e elevada
vascularização — contração mais lenta.
Metabolismo oxidativo de glicose e ácidos graxos: maior atividade
mitocondrial, — exercícios aeróbicos.
• Fibras do tipo II: fibras brancas, fibras rápidas (pela alta velocidade de contração) ou
glicolíticas. Esgotamento mais rápido das reservas energéticas, com
menor resistência à fadiga. Armazenam maiores quantidades de ATP
e fosfato de creatina. Exercícios anaeróbicos.

Definição de exercício físico aeróbico e anaeróbico


• Via aeróbica:
Mais lenta, mais eficiente. A produção de energia segue a via da respiração celular/
fosforilação oxidativa (glicólise, ciclo de Krebs e cadeia respiratória) produzindo 38
moléculas de ATP. Quando os substratos oxidados são os triglicérides (betaoxidação), o
fornecimento de energia pode chegar a um total de 130 ATPs.
• Via anaeróbica:
Mais rápida, menos eficiente. A produção de energia segue a via da glicólise anaeróbica.
Uma molécula de glicose — 2 piruvato — 2 ATP — maior formação de acido lático. Garante
energia para exercícios de maior intensidade, porém de curta duração — 30 a 240
segundos.
• Limiar anaeróbico:
Ponto onde inicia maior participação da via anaeróbica. Produção de ácido láctico = à
sua taxa de remoção. Alcançado entre 50 a 70% do VO2 max em atletas destreinados).
Exercícios com intensidade de 85 a 95% do VO2 máximo produzirão mais ácido láctico do
que o corpo pode eliminar. Esse processo leva a aumento do CO2, que estimula o
aumento da frequência respiratória para sua eliminação.
• Ponto de compensação respiratória:
O indivíduo não conseguirá mais acelerar a frequência respiratória, pelo esgotamento da
musculatura, alcançado entre 85 e 95% do VO2 max.

Não há uma barreira precisa entre os metabolismos anaeróbicos e aeróbicos.


A utilização dessas vias dependerá sempre da intensidade do VO2 com que o indivíduo
está se exercitando.
Conceitos em Medicina Esportiva
1. Reversibilidade
A adaptação obtida a partir do treinamento será perdida se houver destreino.

2. Especificidade
Aplicação do treinamento o mais perto possível do objetivo e da individualidade do
paciente.

3. Adaptação
Adaptação à carga de treinamento. Para maiores ganhos é necessário buscar sobrecarga
(“sair” da adaptação).

4. Sobrecarga
Pode ser trabalhada em volume (quantidade de treino) e intensidade (maior esforço).

5. Interdependência volume/intensidade
Um trabalho muito intenso só consegue ser mantido por curto espaço de tempo.
Havendo necessidade de um esforço de maior duração, a carga deverá ser reduzida para
que haja a execução do movimento.

6. Individualidade biológica
Capacidades e limitações de cada indivíduo.

7. Periodização
Programação para desenvolvimento de treino, em um período predeterminado.
Capítulo 2:
O exercício físico no tratamento
das doenças metabólicas
Em um estudo observacional, com 4.840 indivíduos com sobrepeso e
obesidade, observou-se melhora dos parâmetros cardiometabólicos com os
maiores níveis de atividade física. Houve redução dos níveis de LDL,
colesterol não HDL e triglicérides.

O HIIT é um programa de atividade física constituído por exercícios intervalados de


curta duração e alta intensidade. Redução de 32,9% na prevalência de Síndrome
Metabólica (SM), num follow up de 9 meses, com adesão de 97%. O HIIT não deve ser
prescrito a indivíduos com neuropatia severa, doença cardiovascular instável, doença
pulmonar obstrutiva crônica descompensada ou grave, angioplastia recente (menos de
12 meses), arritmia cardíaca, hipertensão arterial sistêmica não controlada, diabetes
mellitus instável, lesões ortopédicas graves e distúrbios de equilíbrio.

Papel do exercício na perda de peso:


Necessário combinação com dieta hipocalórica. Dados apontam menor reganho de
peso, após 2,7 anos, no grupo que se mantém fisicamente ativo. Para a redução
ponderal, recomendam-se exercícios de moderada a alta intensidade, num volume maior
(de 5 a 7 vezes por semana, de 60 minutos). Atividades aeróbicas e anaeróbicas podem
ser combinadas.

Papel do exercício na dislipidemia:


O exercício físico melhora a capacidade de lipólise muscular. Dados apontam melhora
do perfil lipídico, mesmo quando não ocorre redução do peso corporal. Para isso, o
tempo mínimo necessário de atividade física foi de 120 minutos semanais, sendo a
duração mais importante que a intensidade.
Numa revisão sistemática (42 ensaios clínicos, 2.808 pacientes), o exercício
supervisionado foi efetivo para a redução da pressão arterial, redução dos níveis
glicêmicos, redução do LDL e elevação do HDL em pacientes portadores de diabetes
mellitus.
Papel do exercício na hipertensão arterial sistêmica:
Numa análise específica de exercícios isométricos, observou-se redução da PA
(10,4 mmHg na PAS e 6,7 mmHg na PAD) similar à de exercícios de endurance ou
resistência dinâmica.
O efeito de redução da PA pelo exercício físico é multifatorial e independente da
perda ponderal.
De acordo com o American College of Sports Medicine, valores de PA maiores que
180x105 mmHg representam uma contraindicação relativa à prática regular de atividade
física.

Papel do exercício no diabetes mellitus tipo 2:


O exercício físico previne o desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2), bem
como ajuda no controle glicêmico.
No estudo DPP, as modificações de estilo de vida preveniram a incidência de diabetes
mellitus em 58% dos indivíduos de alto risco, e em 39% nos de baixo risco, com reversão
a normoglicemia em 24%.
A atividade física melhora o controle glicêmico e reduz comorbidades e complicações.
Independentemente da redução de peso corporal, o exercício físico reduz a
insulinorresistência. Os mecanismos fisiopatológicos envolvidos são diversos. Entre os
mecanismos, temos a maior expressão dos receptores de membrana (GLUT4) em nível
muscular, redução dos níveis de insulinemia, otimização das vias glicolíticas, melhora da
sensibilidade insulínica e melhor captação de glicose pelas células adiposas e
musculares.
As atividades físicas aeróbicas são recomendadas numa intensidade moderada (150
minutos semanais) ou intensa (75 minutos semanais), associadas a exercícios resistidos,
de 2 a 3 vezes por semana. Devem ser orientados, também, exercícios de equilíbrio e
coordenação motora (principalmente na população mais idosa).
Idealmente, a glicemia antes do início do exercício deve estar entre 100 e 200 mg/dL.
Caso a glicemia capilar esteja inferior a 100 mg/dL, recomenda-se a ingestão de
carboidrato de rápida absorção e esperar entre 15 e 30 minutos. Quando a glicemia
estiver superior a 200 mg/dL, na ausência de cetose, podem se realizar exercícios com
cautela e, caso necessário, aplicar de 1 a 3 unidades de insulina rápida antes de iniciá-los.
Tecido muscular — um órgão endócrino

Miocinas:
Citocinas e peptídeos produzidos pelo músculo com ações metabólicas autócrinas,
parácrinas e endócrinas.
As miocinas reduzem resistência insulínica, estimulam a oxidação dos ácidos graxos, a
biogênese mitocondrial (provocando o fenômeno de "amarronamento" do tecido
adiposo), a termogênesse e a lipólise.
Destacamos a irisina, a miostatina, o BDNE, a IL-6 e a IL-15. O BDNF tem sido estudado
como fator protetor do desenvolvimento de demência, preservação de memória e
melhora de cognição.
Capítulo 3:
Suplementação de nutrientes
em atletas
Macronutrientes
A quantidade diária ideal de ingestão de carboidratos e proteínas depende da
intensidade do treino. Quando intenso, é preciso 6 a 10 g/kg/dia de carboidratos e
1,2 a 1,4 g/kg/dia de proteínas.
Não se deve restringir gordura (manter 25 a 30% das calorias diárias), mas restringir
gorduras saturadas até no máximo 10%.
Em competições esportivas ou treinos de moderada a alta intensidade, deve ser
realizada ingestão de carboidratos antes (para maximizar a quantidade de glicogênio a
ser utilizada durante a atividade) e depois (para repor o glicogênio consumido).
Para adequada reposição no pós-treino, recomenda-se a ingestão de até 1 g/kg de
carboidrato de alto índice glicêmico logo após o término do exercício (podendo repetir
após 2 horas).
Caso o treino dure mais 90 minutos, o estoque de glicogênio será completamente
consumido, recomendando-se o consumo de até 1 g/kg/h de carboidrato durante a
atividade para evitar a queda de performance e desempenho caso o glicogênio se
esgote.
Após uma atividade física, ocorre aumento da síntese proteica no organismo por um
período de 24 horas. Este aumento pode ser intensificado pela suplementação proteica.
Para ganho de massa muscular, recomenda-se 1,6 a 2 g/kg/dia de proteína de alto
valor biológico.
Não há obrigatoriedade deste consumo ser imediatamente após o treino, podendo ser
dividido em 3 a 4 tomadas diárias.
Micronutrientes
Suplementação de minerais
A suplementação de ferro só deve ser realizada quando houver níveis baixos de
ferritina ou anemia por deficiência de ferro.
Quando indicada, a suplementação de ferro deve ser feita preferencialmente com
ferripolimaltose.
Deve-se considerar suplementação de cálcio nos atletas que não ingerem leite e
derivados e naqueles com deficiência energética relativa do esporte.
Mas o objetivo não é o de melhorar a performance. A suplementação pode ser feita
com carbonato de cálcio.
A suplementação de sódio só deve ser considerada quando a atividade física for
prolongada (ou realizada em ambientes muito quentes), pelo risco de hiponatremia
devido à perda exacerbada de sódio pelo suor.

Suplementação de minerais em atletas


Baixa ingestão de
laticínios e/ou
Baixos níveis de deficiência energética Exercícios que causem
ferritina e/ou anemia relativa do esporte muita perda de suor

Repor ferro Repor cálcio Repor sódio

A suplementação de cromo, selênio, magnésio, zinco e fósforo não parece ter


benefícios.

Suplementação de vitaminas
Na ausência de deficiências, não parece haver benefício da suplementação rotineira
de vitaminas do complexo B nem de vitaminas E, A, K, C ou D.
No entanto, há evidência de que a suplementação diária de vitamina C em quem faz
exercícios intensos reduz o risco de sintomas respiratórios em quadros de infecção de
vias aéreas superiores.
Pode-se considerar a suplementação de vitamina D em atletas que estejam treinando
em vigência de baixa exposição a raios UVB, como durante o inverno.
Não há evidências que determinem o nível ótimo de 25-hidroxivitamina D sérica nos
atletas.
Capítulo 4:
Suplementos e exercício físico
Hipercalóricos e carboidratos
Introdução
Os suplementos chamados hipercalóricos são de uso mais restrito. São reservados,
por exemplo, para situações nas quais não se consegue atender às demandas
energéticas relacionadas ao exercício somente via dieta, o que ocorre, em geral, quando
o praticante tem peso corporal muito alto ou quando a carga (volume/intensidade) do
treinamento é elevada.
Por outro lado, os suplementos à base de carboidratos (CHOs), como gel de CHO,
maltodextrina, waxy maize, isomaltulose e dextrose, estão indicados nos esportes de
endurance (corrida, natação e ciclismo) com duração maior do que 60 minutos, com
vistas a preservar os estoques de glicogênio muscular durante a sessão de treinamento
(ou durante a prova), melhorando a performance; e também após a prática esportiva,
com vistas à recomposição do glicogênio muscular, pensando já na próxima sessão de
treinamento.

O que é preciso saber?


Para programas moderados de treinamento (1 hora de exercício de moderada
intensidade por sessão, 4 a 6 vezes/semana), o que representa a imensa maioria dos
nossos pacientes, o nutricionista deve prescrever de 5 a 7 g de CHOs/kg de peso/dia na
dieta do praticante e, no dia da prova, 1 a 4 horas antes do evento, ofertar 1 a 4 g/kg
adicionais.

Cota calórica necessária


Frequência de treinamento
para a manutenção do peso corporal

3 vezes por semana


25 a 35 kcal/kg/d
(30 a 40 minutos/sessão)
5 a 6 vezes por semana
(1 hora e 30 minutos/sessão) 50 a 80 kcal/kg/d
Programas muito intensos

Quanto maior a intensidade do exercício, maior a demanda por substrato glicídico. Em


intensidades mais leves, o fornecimento de energia se dá eminentemente a partir de
lípides, enquanto, em intensidades mais elevadas, a produção de ATP depende cada vez
mais do glicogênio muscular.
O fornecimento de suplementos ricos em CHOs deve ser utilizado quando a duração
da sessão de treinamento ou a prova em questão for maior que 1 hora. Para atividades
mais curtas, apenas em modalidades tipo stop and go de alta intensidade (futebol,
basquete etc.) pode ser adotada uma estratégia conhecida como mouth rinse, que
consiste em bochechar e cuspir (sem engolir) uma solução rica em CHOs (essa prática
pode estimular centros específicos no sistema nervoso central relacionados ao controle
voluntário da intensidade do exercício, aumentando intensidade e duração da atividade).

Abastecimento crônico:
Aporte rotineiro somando dieta + suplementação.

Intensidade do Total de CHOs (dieta +


Definição
treino suplementação)

Leve Programa leve 3 a 5 g/kg/d

Moderado 1 h/dia — moderada intensidade 5 a 7 g/kg/d

1 a 3 h/dia — moderada a alta


Intenso 6 a 10 g/kg/d
intensidade

Mais de 4 h/dia — moderada a alta


Muito intenso 8 a 12 g/kg/d
intensidade

Abastecimento agudo:
De 1 a 4 g/kg oferecidos de 1 a 4 horas antes do evento. Preferência por fontes pobres
em gorduras, fibras, proteínas e resíduos.

Supercompensação (ou loading de CHO):


Podemos indicar, ainda, a chamada supercompensação de CHOs alguns dias antes da
prova. Essa estratégia visa maximizar os estoques de glicogênio muscular por meio de
um aumento do aporte de CHOs combinado com uma redução na carga de treinamento.
Essa estratégia pode ser sugerida para eventos de mais de 90 minutos de duração.
Sugere-se 10 a 12 g de CHO/kg/dia durante as 36 a 48 horas antes da prova em
combinação com uma diminuição do treinamento da seguinte forma:
1. Uma semana antes da prova: redução de 30% no treinamento;
2. 48 horas antes da prova: redução de 50% no treinamento;
3. 24 horas antes do evento: não treinar.

Atividades intermitentes/stop and go activities com duração de 1h a 2h30:


entregar 30 a 60 g de CHO por hora de exercício.

Ceiling effect (saturação da absorção)


Trabalho publicado em 2013 apontou melhora no desempenho conforme maior oferta
de CHO, porem com limite desse efeito a partir de 72 g/h (ultrapassado esse ponto não
houve incremento de performance, sugerindo saturação na absorção/disponibilidade de
CHO).
Há sugestão de ofertar diferentes tipos de CHOs para atrasar essa saturação. Sugere-
se um aporte de frutose:glicose na proporção de 0,5:1 ou de 1:1, com taxa ótima de
aporte de 1,3 a 2,4 g de CHO/min (não há comprovação de melhora de desempenho com
essa estratégia).
Do ponto de vista racional, parece fazer sentido ofertar CHOs de mais baixo Índice
Glicêmico (IG) antes da prova (isomaltulose ou waxy maize — mais estáveis, evitar
hipoglicemia) e de mais alto IG após a prova (dextrose — recomposição mais rápida do
glicogênio muscular).
Os dados na literatura ainda são escassos.
Suplementos proteicos e aminoácidos
O que é preciso saber?
Os suplementos proteicos, em especial os de origem animal, se comprovaram eficazes
para o ganho de massa muscular, enquanto a suplementação de aminoácidos (AAs)
isolados carece de comprovação científica no que diz respeito ao aumento da síntese
proteica.
Mais recentemente, a leucina vem ganhando destaque como protagonista na ativação
de vias celulares de síntese proteica, porém não de forma isolada, mas sim quando
combinada de forma proporcionada com os demais AAs essenciais (AAEs).
Uma metanálise analisou 22 ensaios clínicos, randomizados, controlados, agrupando
dados de 680 indivíduos. Coletivamente, houve um registro de aumento de massa
magra e de força muscular induzido pela suplementação proteica, em combinação com
treinamento resistido, da ordem de 0,69 kg.
O benefício foi encontrado tanto em jovens quanto em idosos.
A qualidade da fonte proteica é determinada pelo adequado fornecimento de AAEs
(que não são sintetizados pelo organismo) e por sua capacidade de absorção e
digestibilidade. Em linhas gerais, as fontes proteicas de origem animal e láctea
apresentam a maior concentração de AAEs quando comparadas às proteínas de origem
vegetal.
Ao analisarmos o papel dos AAEs na síntese proteica, vemos que a concentração de
leucina constitui um fator fundamental. A leucina tem se mostrado um importante
"deflagrador" de síntese proteica muscular através da ativação da via mTOR. Porém,
isoladamente, tanto a leucina quanto BCAAs (AAs de cadeia ramificada — valina, leucina
e isoleucina) falharam em induzir aumento de síntese muscular ou melhora de
hipertrofia e força.
A concentração de AAEs na circulação no período pós alimentar exerce influência na
síntese proteica. Uma ingestão de fonte proteica contendo maior proporção de AAEs
livres poderia ser uma estratégia benéfica para maximizar a síntese proteica muscular.
Com relação às proteínas do leite, temos duas classes: proteína do soro (whey) e
caseína. São fontes que contêm os maiores percentuais de leucina. O whey é composto
por aproximadamente 40 a 50% de AAEs e é digerido e absorvido rapidamente.
Enquanto o whey é solúvel em água, se mistura facilmente e é rapidamente absorvido, a
caseína é insolúvel em água, sofre coagulação no estômago e é digerida mais
lentamente do que o whey. O whey parece mais eficaz do que a caseína em promover
síntese proteica, tanto em repouso quanto após o treinamento resistido, possivelmente
pelo seu maior conteúdo de leucina.
Glutamina: estudos falharam em demonstrar benefícios na imunidade.
Em 2017, a International Society of Sports Nutrition (ISSN) publicou as suas principais
diretrizes sobre suplementação proteica. A seguir, as recomendações:
1. Tanto o treinamento resistido (musculação, por exemplo) quanto a ingestão de
proteínas estimulam a síntese proteica muscular, além de ter efeitos sinérgicos
quando o consumo de proteína se dá antes ou depois da sessão de treinamento.
2. Para a construção e a manutenção da massa muscular, é fundamental atingir um
balanço proteico muscular positivo. Recomenda-se para ganho de massa muscular,
uma ingesta de 1,4 a 2 g de proteína/kg/dia, em combinação com um programa de
treinamento resistido.
3. Evidências recentes sugerem que uma ingesta proteica ainda maior (3 g/kg/dia)
promova efeitos positivos sobre a composição corporal (como redução de massa
gorda) em indivíduos submetidos ao programa de treinamento resistido.
4. No que diz respeito à quantidade ótima de ingestão proteica por tomada com o
intuito de maximizar a síntese proteica muscular, os dados são mistos e dependem
da idade do indivíduo, assim como da proximidade com o exercício resistido. Em
linhas gerais, recomenda-se uma ingesta de 0,25 g/kg de proteínas de alto VB por
tomada, ou uma dose absoluta entre 20 e 40 g por tomada.
5. A ingesta de uma fonte proteica deve conter um conteúdo total de leucina
de até 3 g por porção, em combinação com a presença de outros AAEs.
O whey protein representa uma dessas opções.
6. As doses proteicas devem ser idealmente distribuídas ao longo do dia, a cada 3 a 4
horas, contrariando o conceito de protein pulse feeding, no qual se preconiza que
doses maiores de proteína (80% da dose total diária, por exemplo) sejam ofertadas
em uma única refeição (almoço, por exemplo).
7. O período ideal para a ingestão de fontes proteicas (conceito de timing) depende
de algumas variáveis, como tolerância individual, uma vez que os benefícios da
ingestão proteica acontecem com a tomada tanto antes quanto depois do
treinamento resistido. É importante destacar que a resposta anabólica induzida
pelo exercicio é duradoura, permanecendo o músculo “sensibilizado" por um
período de até 24 horas. Dessa forma, o período após o treino continua a ser o
indicado para a ingestão de proteínas, entretanto, a ingesta proteica total diária é o
fator mais importante.
8. Apesar de ser possível atingir as quantidades diárias necessárias de proteínas
apenas por meio da dieta, o uso de suplementos proteicos representa uma
alternativa prática para a obtenção de uma ingesta de proteína quantitativa e
qualitativamente adequada, o que é particularmente vantajoso para indivíduos
atletas ou amadores que atingem alto volume de treinamento. O uso de
suplementos proteicos permite, ainda, minimizar a ingesta calórica.
9. Proteínas de rápida digestão e que contêm um alto conteúdo de leucina (whey
protein, por exemplo) são as mais eficazes em otimizar a síntese proteica muscular.
10. Diferentes tipos de proteínas diferem também em sua qualidade, de modo que a
biodisponibilidade de AAs que se segue a uma ingestão proteica difere de acordo
com o tipo de fonte proteica utilizada. Proteínas de origem animal são de
qualidade superior às de origem vegetal.
11. Atletas e indivíduos amadores que atingem volume/intensidade de treinamento
elevado devem priorizar o consumo de fontes proteicas (comida ou suplementos)
que contenham todos os AAEs, os quais são requeridos, em combinação, para o
estímulo da síntese proteica.
12. Atletas de endurance devem priorizar uma ingesta adequada de carboidratos a fim
de otimizar sua performance. A adição de proteínas pode ajudar a minimizar o
dano muscular e acelerar a recuperação do músculo.
13. A ingestão da caseína bedtime (30 a 40 g) promove um aumento da síntese
proteica muscular ao longo da madrugada.
Suplementação com creatina

Introdução
A creatina é um composto de aminoácidos sintetizado pelo próprio organismo no rim,
fígado e pâncreas a partir da arginina, glicina e metionina. A creatina, também obtida
pela ingestão de carnes e peixes, é transportada no plasma através da proteína
transportadora de creatina (CRT). Cerca de 95% da reserva de creatina se encontra no
músculo esquelético, e os 5% restantes, no cérebro, fígado, testículos e rins.
De forma geral, a suplementação de creatina proporciona a melhora do desempenho
em exercícios de alta intensidade e curta duração de até 150 segundos, apresentando
efeito mais pronunciado em atividades de até 30 segundos. Nesse contexto, a ressíntese
do ATP nos primeiros segundos críticos do esforço é obtida predominantemente pela
degradação anaeróbica da fosfocreatina e do glicogênio muscular.

Figura 1 — Cinética da utilização das fontes de energia no exercício


Cr: creatina
PCr: fosfocreatina
CK: creatinoquinase

Figura 2 — Papel da creatina na reciclagem de ATP

A fadiga de curto prazo em exercícios exaustivos foi relacionada mais claramente a


uma baixa concentração de fosfocreatina do que a uma alta concentração de lactato
muscular.
A creatina tem, ainda, importantes implicações em mecanismos antioxidantes,
controlando as concentrações de cálcio intracelular, regulando as concentrações de
glutamato extracelular e regulando a permeabilidade mitocondrial.

O que é preciso saber?


Uso clínico da creatina
A suplementação de creatina tem apresentado papel relevante na prevenção ou
mesmo no retardo do aparecimento de doenças neurodegenerativas e de sarcopenia
associadas ao envelhecimento. O uso do suplemento dietético tem sido considerado no
tratamento da insuficiência cardíaca congestiva, nas atrofias, resistência à insulina,
cânceres e hipercolesterolemia.
Diante das propriedades antioxidantes da creatina e sua relação com a saúde do
sistema nervoso central, auxiliando na redução da sensação de fadiga e prevenção da
neurotoxicidade, sua suplementação tem sido considerada nos distúrbios como
depressão e transtorno bipolar, além de ser pontuada como um importante adjuvante
no combate a doenças relacionadas à idade, como a doença de Parkinson, a doença de
Huntington, a esclerose lateral amiotrófica, a doença de Alzheimer e o acidente vascular
cerebral.
Estudos não apenas têm demonstrado o benefício potencial do uso de creatina para
melhorar a função vascular, mas também elucidaram o potencial da creatina para aliviar
os vários fatores que contribuem para o desenvolvimento de doença cardiovascular
(DCV). A creatina demonstrou potencial para: (1) diminuir os níveis de homocisteína em
pessoas com homeostase disfuncional, (2) aumentar os estoques de creatina específicos
na célula endotelial, (3) extinguir os radicais livres prejudiciais como o superóxido e o
peroxinitrito, que há muito tempo estão associados à DCV, (4) controlar a resposta
inflamatória, (5) melhorar a estabilidade da membrana da célula endotelial e diminuir a
infiltração na célula, (6) preservar a integridade e eficiência das mitocôndrias e reduzir a
produção de espécies reativas de oxigênio, (7) reduzir as respostas hemodinâmicas e
inflamatórias ao exercício e (8) aumentar a densidade da microvasculatura e do tônus
vascular.
Apesar de todos esses potenciais benefícios, as indicações são bastante controversas,
pela ausência de estudos prospectivos randomizados com robustez suficiente para
comprová-los.

Prescrição de creatina
Dose de carga:
20 a 25 g por dia, divididas em 4 vezes diariamente durante cinco a sete dias
(controversa).
Manutenção: 5 g por dia, por um período médio de quatro a seis semanas.
A suplementação reduz a produção endógena. Tal efeito é revertido em caso de
interrupção da suplementação.
Estudos sugerem também que consumir a creatina imediatamente após o exercício
parece proporcionar maiores resultados em relação ao consumo antes do esforço para a
melhora da composição corporal e força devido à resposta adaptativa ao exercício
relacionada ao tempo de ingestão.

A World Anti Doping Agency (WADA) e o Comitê Olímpico Internacional (COI)


permitem a utilização da creatina como suplementação legal em atletas, entretanto
alertam sobre a possibilidade de contaminantes nas formulações disponíveis.
Efeitos adversos
De forma geral, o uso de creatina em curto prazo é considerado seguro e sem efeitos
adversos significativos, embora a cautela deva ser considerada devido à limitação do
número de estudos de longo prazo.
Observa-se um aumento potencial no peso ponderal em cerca de 1 a 2 kg devido à
retenção hídrica.
Em revisões sobre os efeitos colaterais do suplemento, estudos examinaram os níveis
séricos de creatinina, e nenhum deles evidencia um aumento da creatinina sérica em
indivíduos jovens e saudáveis. Houve relatos de casos isolados de atletas com lesão
hepática com uso da creatina, porém envolvendo uso excessivo, inadequado ou com
múltiplos auxílios ergogênicos.
A administração diária de creatina nas doses preconizadas não apresenta efeito
negativo para a saúde em longo prazo.

Suplementação com HMB


Introdução
A suplementação com beta-hidroximetilbutirato (HMB) apresenta potencial benefício
em promover ganho de massa muscular (pelo estímulo da via mTOR) e minimizar seu
catabolismo, com potencial benefício na regeneração e recuperação muscular. Além dos
benefícios relacionados ao exercício, o HMB tem sido avaliado em indivíduos idosos, em
especial no que diz respeito à melhora da funcionalidade nessa população.
O HMB é naturalmente produzido em humanos a partir da leucina (apenas 5% da
leucina é convertida em HMB). Essa é a razão pela qual um indivíduo necessitaria ingerir
600 g de proteína de alto valor biológico para obter 60 g de leucina, quantidade
necessária para alcançar 3 g de HMB, sendo, em geral, essa a dose ergogênica
demonstrada nos estudos em humanos.

Recomendações
Em 2013, a International Society of Sports Nutrition (ISSN) emitiu o seguinte
posicionamento com relação à suplementação com HMB:
• O HME pode ser utilizado com o intuito de atenuar o dano muscular induzido pelo
exercício tanto em indivíduos treinados quanto em não treinados;
• Com relação ao timing de sua suplementação, parece que o seu consumo próximo ao
exercício (1 hora antes, por exemplo) é o mais adequado;
• Assim como ocorre com outros suplementos, o início de sua suplementação deve
acontecer algum tempo antes do início do ciclo de treinamento (de duas a três
semanas antes, em casos de indivíduos não treinados, e seis ou mais semanas, em
caso de indivíduos treinados durante o período de periodização do treinamento);
• A dose de 3 g/dia (geralmente dividido em 3 tomadas) parece ser a mais eficaz para
otimizar a hipertrofia, a força e a potência musculares;
• Existem duas formulações de suplementos contendo HMB: HMB cálcico
(HMB-Ca) e HMB Free Acid (HMB-FA). Este último, ainda não disponível no Brasil,
teoricamente poderia ter alguma vantagem em promover maiores absorção e
retenção de HMB (dados controversos).
• O HMB vem despontando como um suplemento eficaz para ganho de massa
muscular e funcionalidade em idosos sedentários;
• O HMB, em conjunto com um programa estruturado de dieta e exercícios, pode
promover maior perda de massa gorda durante o processo de perda de peso;
• O seu consumo crônico parece ser seguro tanto em jovens quanto em idosos.

Suplementação com beta-alanina e bicarbonato de sódio


O que preciso saber
Beta-alanina e bicarbonato de sódio
Nas atividades musculares de alta intensidade, a produção de energia pela via
glicolítica lava a formação de H+ e lactato em grande quantidade, com acidose local e
reduçao de performance. Agentes tamponantes como bicarbonato de sódio e
beta-alanina têm sido usados com o objetivo de atenuar este processo e melhorar
o desempenho dos atletas.

Mecanismos de perda de rendimento pelo estado de acidose


Menor fornecimento de energia: inibição do processo de glicólise e glicogenólise,
além de aumento da taxa de degradação da creatina intramuscular.
Alterações de eletrólitos: redução de K+, aumento de Na, Cl, Ca e H, prejudicando a
excitabilidade do músculo.
Acúmulo de H+ no SNC levando a fadiga.
Reduçao da capacidade contrátil: o acúmulo de H+ competiria com as moléculas de
Ca+ pela ligação nas moléculas de miosina.
Indicações para o uso de agentes tamponantes
O processo de tamponamento é feito por tamponantes intracelulares (carnosina,
creatina e fosfatos) e extracelulares (bicarbonato).
O benefício parece ser mais evidente com atividades físicas intensas e prolongadas
nas quais a fonte de energia é derivada principalmente das vias anaeróbicas. Nesse
sentido, estariam inclusos, sobretudo, esportes com duração de 1 a 7 minutos, como
provas de remo, luta, natação etc.; contudo, apesar de poucos estudos, o uso crônico
pode, talvez, melhorar a performance em atividades mais longas (30 a 60 minutos),
envolvendo períodos de atividade aeróbica intercalada com períodos de maior
intensidade com esforço no limiar anaeróbico.

Bicarbonato de sódio
A ingestão de NaHCO origina íons de bicarbonato (HCO), elevando o pH e gerando um
ambiente alcalino no compartimento extracelular.
Ocorre estimulo do cotransporte de lactato/H+ com remoção desses elementos do
miócito, gerando uma ganho de rendimento na ordem de até 12%.
O uso agudo de bicarbonato parece ter um efeito preferencial sobre as células
musculares do tipo 2 (fibras de contração rápida), responsáveis pelas atividades físicas
mais explosivas, tendo maior beneficio na via glicolítica (anaeróbia).

Dose e modo de administração


A dose recomendada para a ingesta aguda é de 0,2 a 0,3 g/kg, devendo ser tomado
cerca de 1 a 3 horas antes da competição e diluído numa quantidade razoável
(500 a 700 mL) de líquido. Essa solução deve ser tomada aos poucos, num intervalo de
30 a 60 minutos, visando evitar a sobrecarga osmótica que pode causar distúrbios
intestinais. Outro ponto que pode favorecer a ingesta da solução seria a ingestão
concomitante de carboidratos, o que atenua o paladar e pode favorecer a redução de
desconforto intestinal.
Uso crônico: 0,2 g/kg, continuamente por seis a 10 semanas.
Outra estratégia relatada seria 0,5 g/kg/dia, em 3 a 4 tomadas ao longo do dia, por
cinco dias antes da competição. Esse modo de uso aparenta ter menos efeitos adversos
intestinais e o efeito alcalinizante poderia durar por até 24 horas após a última dose.

Efeitos adversos
Os principais efeitos adversos do NaHCO são alterações gastrintestinais como
náuseas, dor de estômago, cólicas intestinais, diarreia e vômitos.
Recomenda-se tomar o bicarbonato com bastante água ou associado à comida, ao
longo de um período de 1 hora, para reduzir o risco de diarreia hiperosmótica ou
administração por meio de cápsulas de liberação entérica.
Outros efeitos adversos seriam a retenção hídrica e a super-hidratação decorrente do
aporte de uma grande quantidade de sal (6 g de Na+ num atleta de 70 kg) e água num
período curto de tempo. É prudente o controle da pressão arterial, sendo a
suplementação contraindicada a hipertensos.

Beta-Alanina
A Beta-Alanina (BA) é um aminoácido não essencial produzido endogenamente
sobretudo pelo figado (e, em menor quantidade, pelo intestino e pelos rins) e que
também pode ser obtido na dieta por meio do consumo de carne e aves.
Atua como elemento formador da carnosina (em combinação com L-histidina,
encontrada em abundância no plasma e no músculo).
A carnosina atua como tampão intracelular durante exercícios de alta intensidade e
como antioxidante reduzindo radicais livres e o estresse oxidativo. É considerada mais
efetiva que o bicarbonato nessa ação. A reposição oral direta de carnosina não é viável
devido à carnosinase, enzima que degrada a carnosina antes que ela alcance o músculo.
A suplementação resulta em aumento de até 80% do conteúdo de carnosina
intramuscular, correspondendo a um incremento de 3 a 5% na capacidade de
tamponamento celular, podendo ser maior nas fibras de contração rápida (tipo 2).
É recomendada, sobretudo, para atividades físicas de alta intensidade e curta duração
(60 a 240 segundos).

Dose e modo de administração


4 a 6 g por dia, por via oral, na forma de cápsulas ou pó, em 4 doses iguais ao longo
do dia (menores que 2 g).
A elevação dos níveis intracelulares de carnosina é observada a partir de pelo menos
duas semanas de uso (aumento de 20 a 30%), obtendo maiores concentrações com o
uso mais prolongado, podendo resultar em até 80% de aumento após 10 semanas.
Recomenda-se a BA junto com as refeições, pois foi demonstrado aumentar mais
efetivamente os níveis de carnosina.

Efeitos adversos
A beta-alanina é considerada segura quando usado nas doses recomendadas.
O efeito adverso mais relatado é a parestesia 10 a 20 minutos após a ingestão e que
pode durar até 1 hora.

Uso combinado (beta-alanina e bicarbonato de sódio)


O uso combinado está associado a benefícios adicionais modestos.
Capítulo 5:
Suplementação em
grupos especiais
Como sabemos, a suplementação deve ser adotada quando a
necessidade fisiológica de determinado nutriente não é atendida com o
padrão alimentar rotineiro. Isso acontece, por exemplo, em pacientes que
praticam exercício físico de alta intensidade.

Vejamos a seguir algumas considerações sobre o uso de suplementos por pacientes


portadores de diabetes mellitus e também em pacientes idosos.

Suplementação alimentar em portadores


de diabetes mellitus

Whey protein
Em alguns estudos, o uso de whey protein foi associado a retardo do esvaziamento
gástrico, com aumento da secreção das incretinas GLP-1 e GIP, levando a uma redução
da glicemia pós-prandial em pacientes portadores de diabetes mellitus.
O efeito glicêmico do whey protein parece ser maior quando administrado pela
manhã e antes da refeição.
Veja um resumo do efeito glicêmico desse suplemento no esquema a seguir:

Figura 1 — Efeitos do whey protein para redução da glicemia pós-prandial


Fonte: Whey protein: the "whey" forward for treatment of type 2 diabetes?, 2015.

Creatina
O uso da creatina em idosos com sarcopenia está associado ao aumento da massa
magra e da força muscular. Em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2,
o uso desse suplemento promoveu aumento da massa magra, redução da glicemia
pós-prandial e da HbA1c.
O uso da creatina na dose de 3 a 5 g/dia é considerado seguro, mas seu impacto
em pacientes com comprometimento leve da função renal ainda não foi bem definido.
Por fim, salientar que o uso da creatina deve ser feito por pacientes mantendo
programa regular de treino com força.
Isomaltulose
A isomaltulose é um dissacarídeo de baixo índice glicêmico, totalmente digerido e
absorvido no intestino delgado, porém de modo mais lento quando comparado aos
carboidratos convencionais.
Pela absorção mais lenta em relação à sacarose, a isomaltulose promove menos picos
glicêmicos pós-prandiais em pacientes com DM2. Além disso, ajuda a estabilizar os níveis
glicêmicos em pacientes com DM1.

Beta-hidroxibetametilbutirato (HMB)
Quanto ao beta-hidroxibetametilbutirato (HMB), ainda não há evidências suficientes
para recomendação formal de uso em pacientes com diabetes mellitus.

Suplementação alimentar em idosos


Suplementação alimentar em idosos

Suplementação de proteínas e energia podem ser úteis na


prevenção e na reversão da sarcopenia, como parte de uma
abordagem terapêutica multimodal

Recomenda-se uma ingestão proteica


total entre 1 e 1,5 g/kg/dia
Opções de suplementos em idosos
Whey protein Creatina HMB
Excelente opção. Apresenta bons A suplementação em
Uso associado à melhora resultados em idosos. idosos hospitalizados
da força e velocidade Uso adicional ao está associada à
de marcha, além exercício físico resistido. preservação de massa
de aumento da Nas doses habituais magra e prevenção de
massa magra. de 3 a 5 g/dia atrofia muscular. No
não causa malefícios entanto, os resultados
em pacientes
ambulatoriais foram
controversos.

Fonte: Whey protein: the "whey" forward for treatment of type 2 diabetes?, 2015.
Capítulo 6:
Termogênicos
Definição
São suplementos também como conhecidos como pré-treinos vendidos
com a promessa de melhorar o desempenho do praticante de atividade
física, auxiliar na perda de peso e até mesmo “queimar” gorduras. São
comumente comercializados como misturas de vários componentes, muitos
dos quais sem benefício ou segurança para o uso. Sem contar as
substâncias não declaradas nos rótulos, as quais podem conter hormônios,
diuréticos, anorexígenos dentre outros. Dentre as moléculas isoladas
usadas para esse fim, citaremos algumas características a seguir.

Cafeína
É uma metilxantina encontrada nos grãos de café e folhas de chá verde.
Tem ações múltiplas:
• Inibição da fosfodiesterase: amplifica a ação das catecolaminas;
• Antagonista da adenosina no SNC: aumento do estado de alerta;
• Ação muscular: melhora da contração muscular.
Tem metabolização hepática.
Promove aumento do gasto energético, porém sem relevância clínica em termos de
perda de peso.
Pode melhorar performance atlética principalmente em atividades aeróbicas.
Efeitos adversos: taquicardia, sudorese, palpitações, cefaleia, ansiedade, insônia, até
arritmias, aumento da pressão arterial.
Prescrição usual: 3 a 6 mg/kg de cafeína 1 h antes da atividade física.
L-carnitina
Aminoácido produzido naturalmente no organismo humano. Na dieta, obtido por
fontes animais.
Transporta ácidos graxos através das mitocôndrias para serem convertidos em energia
pela beta-oxidação lipídica. Daí o racional, ao menos teórico, de levar a “queima” de
gorduras, entretanto resultados consistentes em relação à perda de peso são
controversos na literatura.
Efeitos adversos: gastrintestinais, potencial promoção de aterosclerose.
Prescrição usual: 1 a 6 g/dia divididos em 2 a 3 doses/dia.

Chá verde
Os extratos de chá verde são ricos em polifenóis (catequinas) e cafeína. Acredita-se
que os polifenóis possam aumentar o gasto energético e a oxidação lipídica, já que a
cafeina isoladamente não explicaria o aumento total do gasto energético.
Assim como a cafeína, também é questionada a relevância clínica da perda de peso
com os extratos de chá verde, já que não é consistente entre estudos, é de pequena
monta e não isenta de efeitos adversos.
Eventos adversos são usualmente relacionados a doses excessivas, não
recomendadas: náuseas, dispepsia, insônia, tonturas, taquicardia, hepatotoxicidade.

Agentes catecolaminérgicos

ATENÇÃO!
Substâncias catecolaminérgicas como: clembuterol, ioimbina, sinefrina,
DMAA (dimetilamilamina) e efedrina, além de não serem
comercializados com regulamentação adequada sobre composição
e doses, não apresentam literatura com bom nível de evidência
que justifique seus potenciais benefícios frente a seus riscos à saúde
(arritmias). Dessa forma, as duas últimas já foram banidas pelo FDA
(órgão regulatório americano) devido a questões de segurança, e
o uso do clembuterol é considerado doping pelo Comitê Olímpico
Internacional.

Fonte: Supplements and sports foods in high performance sport, 2022.


Capítulo 7:
Deficiência energética
relativa do esporte
Atletas podem apresentar déficit de energia quando o gasto enérgico
supera o consumo enérgico, especialmente na vigência de dietas restritivas.

Vale ressaltar que o gasto enérgico durante a prática de atividade física não deve ser
exatamente igual ao consumo energético, pois não sobraria energia para manter
os processos homeostáticos do organismo. A esta quantidade de energia residual,
chama-se, atualmente, disponibilidade energética, cuja fórmula é a seguinte:

Ingestão Gasto energético


energética (kcal) (kcal)
Disponibilidade
energética
(kcal/kg)
Massa magra (kg)

Na mulher, é aceito um ponte de corte de 30 kcal/kg de massa magra, abaixo do qual


a disponibilidade energética está baixa. No homem, ainda é mais discutível o melhor
ponto de corte, mas é menor do que na mulher (sugestões variam de 9 a 25 kcal/kg).
A queda da disponibilidade energética pode ser adaptável ou problemática:

Disponibilidade energética baixa Disponibilidade energética baixa


Adaptável Problemática

Leve e/ou transitória Grave e persistente


Redução transitória de processos Prejuízo persistente de múltiplos
fisiológicos “dispensáveis” sistemas
Sem prejuízos para a saúde Prejuízos para saúde e bem-estar

Fonte: adaptado de 2023 International Olympic Commi‫מּ‬ee's (IOC) consensus statement on Relative Energy
Deficiency in Sport (REDs), 2023.
Quando o atleta é exposto à disponibilidade energética baixa problemática de forma
severa e prolongada, pode desenvolver a deficiência energética relativa do esporte.

ATENÇÃO!
Deficiência energética relativa do esporte
Síndrome de comprometimento do funcionamento fisiológico
e/ou psicológico vivenciado por atletas femininos ou masculinos
e causada pela exposição prolongada à baixa disponibilidade
energética problemática.

A deficiência energética relativa do esporte pode ter impacto negativo sobre o


metabolismo energético, a função reprodutiva, a imunidade, a saúde
musculoesquelética, o sistema cardiovascular e o sistema hematopoético.
Causa prejuízo ao bem-estar, aumenta risco de lesões (como fratura de estresse) e
diminui o desempenho esportivo.
A deficiência energética relativa do esporte, na mulher, pode corresponder à
síndrome da mulher atleta (ver adiante).
Uma forma de evitar esta síndrome é manter um aporte adequado de
macronutrientes.
Capítulo 8:
Excesso de exercícios
Algumas condições patológicas podem advir do excesso de exercícios,
geralmente em esportes com altas demandas para melhora de
performance, associados a restrição calórica inapropriada.
Destacamos as seguintes.

Síndrome da mulher atleta


Condição que pode acontecer quando o excesso de atividade física vem acompanhado
de uma restrição calórica excessiva nas mulheres.
Pode ocasionar amenorreia ou oligomenorreia de causa hipotalâmica e como
consequência do hipoestrogenismo, com perda de massa óssea associada.

Fisiopatologia: redução da gordura corporal, redução da leptina, inibição da


pulsatilidade das gonadotrofinas, graus variáveis de hipogonadismo desde redução da
fase lútea até amenorreia.
É importante descartar outras causas de amenorreia como gestação e síndrome dos
ovários policísticos (ver Guia de Estudo para a prova de título em Endocrinologia
Endocrinopapers para mais detalhes), bem como descartar outras causas de
hipogonadismo hipogonadotrófico.

ATENÇÃO!
Tríade da síndrome da mulher atleta:
1. Redução do aporte calórico (pode ou não estar associado a distúrbios
alimentares como bulimia/anorexia);
2. Alterações do ciclo menstrual (até amenorreia e infertilidade);
3. Perda de massa óssea (baixa massa óssea para idade até osteoporose).

Tratamento: consiste principalmente em corrigir o déficit energético. Caso não haja


melhora clínica, pode ser necessário terapia de reposição hormonal baseado em
estrógenos naturais associado a progesterona para proteção endometrial nos mesmos
moldes do tratamento de qualquer etiologia de hipogonadismo feminino (ver Guia de
Estudo para a prova de título em endocrinologia Endocrinopapers para mais detalhes).
Risco aumentado de infecções
Mais comum em atletas de alta intensidade e com duração de atividade física
maior que 1,5 h/dia, associadas a dietas restritivas.
Maior risco de infecções gastrintestinais e de vias aéreas superiores (IVAS).

Fisiopatologia: em atividade física leve/moderada ocorre uma produção de citocinas


anti-inflamatórias. Entretanto, durante atividade física extenuante o balanço entre
produção de citocinas anti e pró-inflamatória se dá no sentido de maior produção das
últimas (IL-1, TNF-alfa, IFN-gama). Essas citocinas seriam ativadas pelo dano muscular
excessivo. Além disso alguns tipos de esportes expõem seus atletas a dano mecânico do
sistema ventilatório, o que poderia contribuir para as IVAS.

Tratamento: consiste principalmente em reduzir a carga de treinos (número e


intensidade), aumentar o tempo de recuperação entre os treinos e ter um aporte
calórico suficiente.
A suplementação de alguns aminoácidos como glutamina poderia melhorar a
recuperação muscular e o consequente estado imunológico, no entanto, apesar da
plausibilidade biológica, os resultados de estudos científicos com esse fim não se
mostraram positivos.
Já o uso de probióticos pode (embora de maneira não consistente entre os estudos)
reduzir o número de algumas infecções em atletas como IVAS e diarreia. A
suplementação de vitamina C para atletas durante períodos de intensa atividade física
(por exemplo: preparação para maratonas, competições) que venham apresentando
resfriados recorrentes pode ser realizada de acordo com alguns especialistas.

Síndrome de overtrainning
Condição decorrente de um conjunto de fatores que pode acometer o atleta de alto
rendimento, como excesso de treinamento, ingestão insuficiente de nutrientes e
calorias, sono de má qualidade, falta de descanso físico e mental, os quais resultariam
numa piora de performance atlética (mais de 10%), fadiga e até distúrbios psicológicos.
Como resultado, ocorre um “descondicionamento” global do atleta.
Apesar do nome overtrainning, o excesso de treinamento não parece ser a única
condição que desencadeia a síndrome, que é multifatorial.
Na sua fisiopatologia estão envolvidos: hipometabolismo global, hipoestimulação
hipotalâmica relativa (em comparação a atletas sem a síndrome), não reparação de
danos, entre outros.
É diagnóstico de exclusão, após afastadas causas orgânicas: infecções, doenças
sistêmicas (cardiológicas, endocrinológicas, renais, pulmonares, neurológicas etc.).
A detecção precoce dos atletas em risco pode ser mais eficaz que o manejo da
síndrome, uma vez que é de lenta e por vezes não completa recuperação.

ATENÇÃO!
Como critério básico para o diagnóstico da síndrome de overtrainning,
precisamos demonstrar a perda do rendimento físico maior que 10%
(seja em intensidade, peso, velocidade) em relação ao que o atleta
fazia previamente. É fundamental a exclusão de causas sistêmicas.

Sua prevenção se baseia em: ingesta adequada calórica por kg/peso do atleta, evitar
treinamentos intensos sem a devida recuperação, priorizar a hidratação, realizar boa
higiene do sono e evitar intensificar os treinos em momentos de estresse pessoal do
atleta.
Capítulo 9:
Exercício físico no DM1
O exercício físico é uma estratégia essencial para o adequado tratamento
de pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1). No entanto, o impacto de
cada exercício sobre a glicemia deve ser considerado na elaboração do
plano terapêutico, com atenção especial ao risco de hipoglicemia.

Impacto do exercício físico sobre o DM1 e recomendações


da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)
A atual diretriz da SBD recomenda que pessoas com DM1 realizem, no mínimo, 150
minutos semanais de exercício aeróbico de moderada ou vigorosa intensidade, não
permanecendo mais do que dois dias consecutivos sem exercício físico, para melhor
aptidão física e controle do IMC.
A combinação de exercício aeróbico (caminhada rápida, corrida, bicicleta, natação)
com exercício resistido (pesos livres, aparelhos de musculação, bandas elásticas ou uso
do próprio peso corporal) demonstrou-se eficaz à saúde de pessoas com diabetes,
promovendo redução da HbA1c.
Um dos cuidados necessários é a estratificação de risco cardiovascular do paciente
com DM1 antes de iniciar exercício físico (ver no módulo Diabetes Mellitus do curso
extensivo).
Há um risco aumentado de hipoglicemia que pode estar relacionado com a melhora
da sensibilidade à insulina.

Pacientes com DM1

Aumento do fluxo sanguíneo muscular e aumento global


do transporte de glicose

Maior sensibilidade à insulina

Queda na concentração de glicose

Insulina estável
(insulina aplicada, sem controle endógeno)

Hipoglicemia
Resposta ao exercício aeróbico
Exercícios de alta intensidade podem aumentar os níveis glicêmicos e não os reduzir,
especialmente se a glicemia pré-exercício estiver elevada ou se os efeitos dos hormônios
contrarreguladores se sobressaírem aos da insulina circulante.
Alguns cuidados podem prevenir hipoglicemia durante o exercício e aumentar a
segurança das pessoas com diabetes e insulinizados, entre os quais:
• Informar aos profissionais que estejam supervisionando/orientando e aos seus
parceiros de exercício sobre sua condição clínica;
• Ter disponível carboidrato de rápida absorção;
• Monitorar a glicemia capilar antes, durante e após o exercício;
• Atentar para possíveis sintomas de hipoglicemia.
Em pessoas com DM1, podemos considerar a monitorização contínua da glicose
intersticial durante o exercício físico.

ATENÇÃO!
O exercício resistido pode aumentar a glicemia durante a sua execução,
determinando menor risco de hipoglicemia, tanto agudamente quanto
pós-exercício, em comparação ao exercício aeróbico. Antecipar
o exercício resistido em relação ao treino aeróbico parece eficiente
para minimizar o risco de hipoglicemia em pessoas insulinizadas.
O quadro a seguir sugere ajustes de dose de bolus de insulina para refeições que
antecedem em até 90 minutos os exercícios de pessoas com DM1.

Glicemia (mg/dL) Recomendação

Ingerir 15 a 30 g de carboidrato antes do início do exercício


Abaixo de 90 físico, em especial em atividades mais prolongadas
(mais de 30 a 45 min).
Consumir carboidrato a partir do início do exercício físico
90 a 150 (0,5 a 1,0 g/kg/hora), dependendo do tipo de exercício físico
e da quantidade de insulina circulante.
Iniciar o exercício físico e atrasar o consumo de carboidrato,
151 a 250
até que os níveis de glicemia sejam menores que 150 mg/dL.
Testar para cetonas, se disponível, e não realizar exercícios
físicos se estas estiverem presentes em moderada a grande
251 a 350
quantidade. Exercícios físicos de leve a moderada intensidade
poderão ser realizados.
Testar para cetonas, se disponível, e não realizar exercícios
físicos se estiverem presentes em moderada a grande
quantidade. Se cetonas negativas (ou apenas traços),
Acima de 350
considerar correção de glicemia com doses mais baixas de
insulina (50% da dose). Evitar exercícios físicos intensos até
redução dos níveis de glicemia.
Fonte: Atividade física e exercício no DM1, 2023.
Capítulo 10:
Tipos de dietas e sua relação com
exercício
Dietas low carb
As recomendações atuais de ingesta de macronutrientes englobam o conceito
de faixa de distribuição aceitável: carboidratos (45 a 65%), lipídios (20 a 35%),
proteínas (10 a 35%) e fibras (de 15 a 23 g).

Dietas paleolíticas
Estimativa de 35% de gorduras, 35% de carboidratos e 30% de proteínas, com cerca
de 100 g de fibras diárias.

Dietas low carb


Consumo de carboidratos inferior a 45% da ingesta diária.
Não há uma faixa única e padrão para essa definição. Os guidelines existentes não
mencionam faixas mínimas ou máximas de consumo de carboidratos claramente, e é
essa variabilidade que gera as controvérsias da literatura.
Racional: redução dos níveis de glicemia e insulinemia, com consequente aumento de
lipólise, levando a um estado cetótico, o qual, por sua vez, apresentaria efeito
anorexígeno.
Convencionalmente, dietas chamadas cetogênicas consistem num consumo diário
entre 20 e 50 g de carboidrato. As chamadas dietas low carb contêm entre 50 e 150 g de
carboidratos por dia.

Efeitos metabólicos da baixa ingesta de carboidratos


Uma ingesta inferior a 50 g/dia de carboidratos reduz o aporte de glicose para o
fígado, os músculos e o cérebro, bem como o estoque de glicogênio. Com isso, ocorre
um aumento da gliconeogênese.
Quando a produção de glicose através da gliconeogênese é insuficiente para suprir a
demanda energética celular, são produzidos os corpos cetônicos, que se originam da
lipólise. Nessas condições, a insulinemia é reduzida e, consequentemente, diminui o
acúmulo de glicose e gorduras.
O papel das dietas low carb na ação insulínica
Redução ponderal, melhora da sensibilidade insulínica, menor variabilidade glicêmica
e redução dos níveis de glicemia de jejum seriam decorrentes da perda de peso e não da
composição da dieta.

O papel das dietas Low Carb High Fat (LCHF) no consumo de fibras
Dietas low carb podem reduzir o consumo de fibras e impactar negativamente sobre a
função intestinal e a saúde em geral.

O papel das dietas LCHF na síndrome metabólica


Tanto as dietas pobres em carboidratos como as dietas pobres em gorduras reduzem
o peso corporal e melhoraram os fatores de risco cardiometabólicos. Não houve
diferenças significativas estatisticamente em termos de peso corporal, circunferência
abdominal e fatores de risco metabólicos. Dessa forma, ambos os modelos de dieta
apresentariam efeitos similares sobre a redução dos fatores de risco cardiovasculares.

O papel das dietas low carb na atividade física


A restrição de carboidratos compromete as reservas de glicogênio para a atividade
física, o que pode propiciar fadiga e comprometer o desempenho.
O glicogênio muscular é o principal contribuinte energético durante o exercício. Dietas
low carb são insuficientes para manter os níveis de glicogênio necessários a indivíduos
fisicamente ativos.
A estratégia de treinamentos com aporte de carboidratos reduzido a fim de melhorar
a adaptação do músculo esquelético em atletas de endurance é conhecida como o
paradigma train low, compete high. O chamado train low representa periodizações com
treinamentos com aporte de carboidratos reduzido (por exemplo, baixa ingesta de
carboidratos em 30 a 50% das vezes) e inclui diversos modelos, como:
A. Restrição de carboidratos num dos treinos do dia;
B. Treino em jejum;
C. Restrição de carboidratos no pós-treino;
D. Restrição de carboidratos ao deitar e ao levantar no dia seguinte antes do treino.
A redução do glicogênio muscular aumenta a via AMPK. A via ativa a PGC1a que
estimula aumento de mitocôndrias e atividade de tecido adiposo marrom.
Exercícios em condições de aporte reduzido de carboidratos aumentam a lipólise
intramuscular e no tecido adiposo. Dentre as adaptações teciduais musculares, observa-
se aumento da sinalização celular, expressão gênica e atividade oxidativa.
Por fim, hoje não há evidências científicas suficientes que demonstrem a
superioridade das dietas low carb em relação às dietas convencionais hipocalóricas para
a redução do peso corporal e a melhora de parâmetros metabólicos ou de performance
esportiva.

Jejum intermitente
Definição
Jejum Intermitente (JI): indivíduo abstém voluntariamente do consumo de alimentos
por um determinado período de tempo.
Vantagens: reduzir o percentual de gordura e manter a massa magra. Tem sido
considerado estratégia para o controle dos lipídios, glicemia e marcadores de atividade
inflamatória.
Os protocolos mais comuns de JI são compostos por jejuns diários de 16 horas
(também chamados 16/8) ou jejuns de 24 horas, duas vezes por semana.
O protocolo Leangains, ou método 16/8, propõe uma janela de alimentação de 8 horas e
um período de jejum de 16 horas. Dentro da janela de alimentação, podem-se fazer de duas
a três refeições, ou até mais, mantendo dieta balanceada, para alcançar restrição calórica.
Para seguir esse método, basta não comer nada depois do jantar e pular o café da
manhã. Um efeito colateral inicial do protocolo 16/8 é a sensação de fome aumentada no
início, mas a adaptação costuma ser rápida.
Está liberado o consumo de água, café e qualquer outra bebida não calórica durante o
período de jejum, o que ajuda a reduzir os níveis de fome.

Mecanismos fisiológicos
Os efeitos positivos do JI sobre a redução do peso e do percentual de gordura não são
explicados completamente apenas pela restrição calórica, tendo em vista que estudos
randomizados comparando um grupo que fez JI com outro que fez Restrição Calórica
Simples (RCS) mostraram uma redução mais acentuada no percentual de gordura no
grupo do JI mesmo com o consumo de quantidades semelhantes de calorias.
Vários estudos mostram um aumento dos níveis de adiponectina em pacientes
submetidos a protocolos de JI do tipo 16/8. A adiponectina teria um papel no estímulo
da via da AMPK-PGC-1-alfa, responsável pela biogênese mitocondrial. A adiponectina
também atuaria no cérebro, estimulando o gasto energético e, consequentemente, a
perda de peso.
Outra hipótese seria uma melhora na resposta termogênica à epinefrina,
o que elevaria o gasto energético em repouso.
Além do aumento da adiponectina, o JI promove uma redução dos estoques de
glicogênio e a ativação das vias de neoglicogênese, com redução da resistência
insulínica, aumento da mobilização de gorduras e melhora no perfil lipídico.
O JI acarreta, ainda, aumento na secreção de hormônio do crescimento (essa elevação é
comum em qualquer estado de privação alimentar), diminuição na expressão de genes
pró-inflamatórios e em marcadores de inflamação (TNF-alfa, IL-1 beta e IL-6) e ativação
de genes benéficos relacionados ao aumento da longevidade.

Aspectos práticos no emagrecimento e no esporte


O JI mostrou-se tão eficaz quanto a RCS quanto ao total de peso perdido e total de
massa gorda perdida (JI = 4 a 8% e 11 a 16%, respectivamente, versus RCS = 5 a 8% e 10 a
20%) para um período de três a 12 semanas de estudo. Porém, o JI teve maior adesão.
O JI também foi mais eficaz na preservação da massa magra quando comparado com
a RCS em um protocolo do tipo 16/8 com duração de oito semanas em atletas de
musculação, apesar de esse estudo ter mostrado também uma redução dos níveis de
testosterona e IGF-1, hormônios sabidamente anabólicos.
A maioria dos estudos são de curta duração e não temos como afirmar qual seria a
repercussão de protocolos desse tipo aplicados por períodos mais prolongados no
tocante à preservação da massa magra. O JI não é recomendado a gestantes, lactantes,
crianças e pacientes que sofrem de transtornos alimentares como anorexia e bulimia. O
indivíduo também pode apresentar queixas de cefaleia, fraqueza, mal-estar e
irritabilidade, principalmente em períodos de jejum mais prolongados.
Os poucos estudos com atletas avaliando o impacto do JI na performance esportiva
não apontaram prejuízo no desempenho esportivo entre os que realizaram algum tipo
de JI.
Apesar da escassez de estudos de longo prazo em humanos, estudos em modelos
animais demonstram um aumento da longevidade, redução de doenças
neurodegenerativas, melhora no estresse oxidativo e redução da incidência de
neoplasias. Todavia, em razão da falta de estudos, não podemos afirmar que esses
benefícios se estendam à espécie humana.
Capítulo 11:
Doping
Definição
É o uso de drogas que aumentam performance (performance-enhancing
drugs) durante esportes de competição.

Para fiscalizar e instituir políticas antidoping, existe um instituição internacional


específica: a WADA (World Anti Doping Agency). Sua atuação engloba todos os
esportes.
No quadro a seguir, temos a lista de drogas consideradas doping pela WADA e,
portanto, proibidas.

Substâncias consideradas doping


Esteroides anabolizantes
Hormônio do crescimento e IGF-1
Glicocorticoides
Agentes beta-2-agonistas
Diuréticos
Moduladores metabólicos e hormonais
(por exemplo, moduladores seletivos
do receptor de androgênio — SARMs)
Narcóticos
Canabinoides
Estimulantes

Androstenediona e DHEA também são considerados esteroides anabolizantes.


Os esteroides androgênicos anabolizantes podem ser naturais ou sintéticos
(derivados da testosterona).
Quem faz abuso de Esteroides Anabólicos Androgênicos (EAA) tem o objetivo de
buscar um esteroide que possua mais atividade anabólica (levando a ganho de massa
muscular) e menos atividade androgênica (causando menos virilização).
Nenhum esteroide sintético tem apenas efeito anabolizante. Mas a nandrolona e a
trembolona possuem alta atividade anabólica em detrimento da atividade androgênica.
São formadas a partir de uma modificação na estrutura do anel da testosterona.

A nandrolona tem uma indicação clínica: o tratamento da caquexia. A trembolona é


indicada apenas para uso veterinário.
Outra técnica de síntese de EAA é a 17-alfa-alquilação da molécula da testosterona,
cujo objetivo é tornar a substância biodisponível por via oral. É o exemplo da
oxandrolona. No entanto, estes tipos de EAA têm alto risco de hepatotoxicidade.
As indicações clínicas da oxandrolona são: grandes queimados e baixa estatuta (em
situações específicas como na síndrome de Turner).
Atletas que cursam com sinais que podem sugerir uso de EAA (como ginecomastia,
acne, infertilidade por azoospermia, ruptura de tendão, mudança de comportamento) ou
que aumentem de forma desproporcional sua performance em pouco tempo devem ser
investigados para possível doping.
Questões para praticar
Curso Extensivo TEEM 2024
1. Sobre a suplementação alimentar em pacientes portadores de diabetes mellitus que
praticam exercício físico, escolha a alternativa CORRETA:
a. a suplementação de whey protein pode ser benéfica para reduzir a glicemia
pós-prandial em pacientes portadores de DM1, não apresentando qualquer
benefício no DM2
b. é contraindicado o uso de creatina por pacientes idosos, mesmo que estejam
mantendo treino regular de força
c. em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2, o uso de creatina promoveu
aumento da massa magra, no entanto com aumento da HbA1c
d. pela absorção mais lenta em relação à sacarose, a isomaltulose promove menos
picos glicêmicos pós-prandiais em pacientes com DM2

2. Cecília, 25 anos, portadora de diabetes mellitus tipo 1 há 8 anos, busca orientação do


endocrinologista pois vai iniciar programa de exercícios físicos. Sobre as
recomendações da SBD para esta paciente, escolha a alternativa CORRETA:
a. ela deve fazer, no mínimo, 200 minutos semanais de exercício aeróbico de
moderada ou vigorosa intensidade, não permanecendo mais do que dois dias
consecutivos sem exercício físico
b. não há necessidade de estratificar o risco cardiovascular antes de iniciar um
programa de exercícios físicos
c. o exercício resistido pode aumentar a glicemia durante a sua execução,
determinando menor risco de hipoglicemia, tanto agudamente quanto pós-
exercício, em comparação ao exercício aeróbico
d. não é necessário checar a glicemia capilar durante o exercício físico, apenas antes e
depois
3. Homem, 25 anos, ciclista participante de competições internacionais, incluindo os
últimos Jogos Olímpicos, refere redução da sua performance nos últimos meses,
associada a redução da libido e aumento da fadiga. Sua avaliação nutricional indica
uma Disponibilidade Energética (DE) de 10 kcal/kg. Sobre este caso, marque a
alternativa correta:
a. como a disponibilidade energética do paciente é normal, deve-se prosseguir
investigação para hipogonadismo hipergonadotrófico de possível origem
traumática
b. o paciente provavelmente tem deficiência energética relativa do esporte, uma vez
que a ingestão calórica diária de apenas 10 kcal/kg é baixa
c. o paciente apresenta risco aumentado de infertilidade e de prejuízo da imunidade,
mas não de fraturas de estresse
d. a energia que sobra neste paciente após o gasto gerado pela atividade física não
deve estar sendo suficiente para manter suas funções homeostáticas normais

4. A WADA é a agência internacional responsável por estabelecer as políticas anti-


doping, através da identificação do uso não apenas de esteroides anabolizantes mas
também de outras substâncias que podem aumentar performance em competições
esportivas. Sobre isto, marque a alternativa correta:
a. a identificação do uso de DHEA não é considerada doping
b. diuréticos e canabinoides também podem ser considerados doping
c. a nandrolona, além de ser considerada doping, tem alto risco de hepatotoxidade
devido ao seu uso oral
d. atletas em uso comprovado de trembolona para tratamento de baixa massa óssea
são dispensados dos testes antidoping

5. Sobre a creatina, assinale a alternativa CORRETA:


a. a suplementação de creatina proporciona a melhora do desempenho em exercícios
de alta intensidade e curta duração, por atuar na ressíntese de ATP
b. por promover retenção hídrica, seu uso deve ser evitado em indivíduos com
insuficiência cardíaca
c. seu uso em atletas é considerado doping pelas agências internacionais
d. seu uso está associado a elevações dos níveis de creatinina porém
sem evidencia de lesão renal
6. Durante o exercício, o aporte energético adequado para o musculo é fundamental
para o melhor desempenho. De acordo com a intensidade e duração do exercício,
diferentes vias energéticas são ativadas para garantir a demanda. Observe a figura a
seguir e assinale a alternativa com a correlação correta:

a. A – fosfocreatina; B – via glicolítica; C – respiração mitocondrial


b. A – via anaeróbia; B – via glicolítica; C – via aeróbica
c. A – respiração mitocondrial; B – via glicolítica; C – fosfocreatina
d. A – via aeróbica; B – via lipídica; C – via glicolítica

7. Sobre a fisiologia do exercício, assinale a alternativa CORRETA:


a. fibras musculares do tipo I têm elevada vascularização, porém contração mais lenta,
sendo mais recrutadas em exercícios aeróbicos
b. fibras musculares do tipo II, vermelhas, têm elevada vascularização e rápida
contração, sendo mais recrutadas em exercícios aneróbicos
c. exercícios de menor intensidade usam primariamente carboidratos como fonte de
energia, sendo menos efetivos na perda de gordura corporal
d. com o aumento da intensidade do exercício, ocorre maior produção de lactato. O
aumento da frequência respiratória (observado a partir do ponto de compensação
respiratória) busca eliminar esse excesso
8. Sobre a utilização de suplementos proteicos e aminoácidos, assinale a alternativa
correta:
a. suplementos proteicos e de aminoácidos isolados são efetivos no aumento da
síntese proteica e ganho de massa muscular
b. fontes proteicas de origem animal e vegetal apresentam a concentrações similares
de aminoácidos essenciais
c. whey protein parece mais eficaz do que a caseína em promover síntese proteica,
tanto em repouso quanto após o treinamento resistido
d. pela rápida absorção, o whey deve ser utilizado no período pós-treino, enquanto a
caseína, absorvida mais lentamente, deve ser usada pela manhã

9. Sobre a síndrome da mulher atleta, escolha a alternativa CORRETA:


a. o tratamento consiste em utilizar suplementos hipercalóricos e hiperproteicos, para
manter o nível habitual de exercício físico
b. a suplementação de alguns aminoácidos como glutamina comprovadamente
melhora a recuperação muscular e o consequente estado imunológico
c. o tratamento consiste principalmente em reduzir a carga de treinos (número e
intensidade), sem a necessidade de aumentar o tempo de recuperação entre os
treinos
d. está associada a infertilidade e baixa massa óssea, além de um maior risco de
infecções

10. Qual é o critério básico para diagnóstico da síndrome de overtrainning?


a. demonstrar a perda do rendimento físico maior que 5% (seja em intensidade, peso,
velocidade) em relação ao que o atleta fazia previamente. É fundamental a
exclusão de causas sistêmicas
b. demonstrar a perda do rendimento físico maior que 10% (seja em intensidade,
peso, velocidade) em relação ao que o atleta fazia previamente. É fundamental a
exclusão de causas sistêmicas
c. demonstrar a perda do rendimento físico maior que 15% (seja em intensidade, peso,
velocidade) em relação ao que o atleta fazia previamente. É fundamental a
exclusão de causas sistêmicas
d. demonstrar a perda do rendimento físico maior que 20% (seja em intensidade,
peso, velocidade) em relação ao que o atleta fazia previamente. É fundamental a
exclusão de causas sistêmicas
GABARITO COMENTADO
Questão 1: D
A suplementação de whey apresenta benefícios glicêmicos também em pacientes
com DM2 (alternativa A incorreta). O uso da creatina não é contraindicado em idosos
(alternativa B incorreta). O uso da creatina foi associado a redução da HBA1c
(alternativa C incorreta).

Questão 2: C
Ela deve fazer, no mínimo, 150 minutos semanais de exercício aeróbico de moderada ou
vigorosa intensidade, não permanecendo mais do que dois dias consecutivos sem
exercício físico. Há necessidade de estratificar o risco cardiovascular antes de iniciar um
programa de exercícios físicos. O exercício resistido pode aumentar a glicemia durante a
sua execução, determinando menor risco de hipoglicemia, tanto agudamente quanto
pós-exercício, em comparação ao exercício aeróbico. É necessário checar a glicemia
capilar antes, durante o exercício físico e depois, principalmente nos exercícios de maior
duração.

Questão 3: D
A disponibilidade energética se refere à energia que sobra após o gasto com o exercício,
sendo necessária para manter as funções homeostáticas basais. Quando baixa, causa
deficiência energética relativa do esporte. Em mulheres, isso ocorre com valores abaixo
de 30 kcal/kg de massa magra. Nos homens, o ponto de corte é ainda discutível, mas
varia de 9 a 25. Perceba, então, que o valor de 10 kcal/kg não se refere à ingestão
calórica diária. Esta condição também aumenta o risco de fraturas de estresse.

Questão 4: B
O DHEA é considerado doping. A nandrolona não é feita por via oral. E a trembolona não
tem qualquer indicação clínica em humanos (seu uso é veterinário).
Questão 5: A
O uso da creatina está associado a discreto ganho ponderal e retenção hídrica
intramuscular, sem impacto na volemia. Alguns estudos apontam melhora na função
vascular e muscular com potenciais benefícios na IC (alternativa B incorreta). O uso não
é considerado doping, mas a entidade alerta sobre potenciais contaminantes nas
formulações. Não há evidências de elevação de níveis de creatinina nem de lesão renal
nas doses habituais indicadas.

Questão 6: A
A via da fosfocreatina é responsável pela ressíntese de ATP, fornecendo energia em
atividades de muito alta intensidade e de curta duração. A via anaeróbica (ou glicolítica)
fornece energia com maior velocidade, porém menor eficiência na produção de ATP. A
via aeróbica (fosforilação oxidativa ou respiração mitocondrial) fornece maior
quantidade de ATP, porém demanda maior tempo para sua ativação, sendo mais
utilizada em exercícios de maior duração com intensidade intermediária.

Questão 7: A
As fibras musculares tipo II são chamadas brancas, com menor vascularização e
conteúdo de mioglobina, são rápidas, utilizando a via glicolítica (anaeróbia) para
disponibilizar energia mais rapidamente para exercícios de alta intensidade e curta
duração (alternativa B incorreta).
Exercícios de menor intensidade usam primariamente gorduras e glicogênio como fonte
de energia. Porém, para que ocorra perda de gordura corporal, é necessário déficit
energético, ou seja, precisariam de maior duração para garantir efetividade
(alternativa C incorreta).
O ponto de compensação respiratória é quando ocorre falha no mecanismo de aumento
da frequência respiratória na compensação do excesso de lactato
(alternativa D incorreta).

Questão 8: C
Suplementação de aminoácidos isolados ou BCAAs não tem evidência de aumento na
síntese proteica (alternativa A incorreta).
Fontes proteicas vegetais têm menor concentração de AAEs quando comparadas a
fontes animais (alternativa B incorreta).
As doses proteicas devem ser idealmente distribuídas ao longo do dia, a cada 3 a 4 horas.
Os benefícios da ingestão proteica acontecem com a tomada tanto antes quanto depois do
treinamento resistido. A janela anabólica se estende por até 24 h após o treino resistido.
Questão 9: D
Condição que pode acontecer quando o excesso de atividade física vem acompanhado
de uma restrição calórica excessiva nas mulheres. Pode ocasionar amenorreia ou
oligomenorreia de causa hipotalâmica e como consequência do hipoestrogenismo,
perda de massa óssea associada. Há maior risco de infecções gastrintestinais e das vias
aéreas superiores (IVAS).

Questão 10: B
Demonstrar a perda do rendimento físico maior que 10% (seja em intensidade, peso,
velocidade) em relação ao que o atleta fazia previamente. É fundamental a exclusão de
causas sistêmicas.
Referências bibliográficas:
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