Fundamento Direito Societario

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FUNDAMENTOS DE

DIREITO SOCIETÁRIO

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ÍNDICE
1. FUNDAMENTOS DO DIREITO SOCIETÁRIO............................................................. 4
Noções Iniciais de Direito Societário.........................................................................................................................4
Unidade do Direito Societário........................................................................................................................................4
Natureza Societária................................................................................................................................................................ 5
Distinções de Institutos Similares................................................................................................................................. 5

2. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTRATO DE SOCIEDADE...............................7

3. CAPITAL SOCIAL..............................................................................................................9
Patrimônio.................................................................................................................................................................................. 10

4. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA......................................11


Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica........................................................................ 11
Pressupostos Legais da Desconsideração da Personalidade Jurídica............................................12

5. SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS....................................................................14


A) Sociedade em Comum...............................................................................................................................................14
B) Sociedade em Conta de Participação..............................................................................................................14
Sociedades Personificadas..............................................................................................................................................15
E) EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada)...........................................................17
F) Sociedade Anônima......................................................................................................................................................17
G) Sociedade de Comandita por Ações...............................................................................................................17

6. DISSOLUÇÃO SOCIAL..................................................................................................19
A) Vontade dos Sócios......................................................................................................................................................19
B) Decurso de Prazo............................................................................................................................................................19
C) Unipessoalidade...............................................................................................................................................................19
D) Exaurimento ou Realização do Objeto Social............................................................................................19
E) Extinção da Autorização de Funcionamento.............................................................................................19
F) Falência.................................................................................................................................................................................20

7. RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO AO SÓCIO................................... 21


Resolução da Sociedade Limitada e S/A..............................................................................................................21

8. PROCEDIMENTO DA DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE....................... 24


A) Legítimos Ativos:........................................................................................................................................................... 24
B) Procedimento:...................................................................................................................................................................25
C) Liquidação:..........................................................................................................................................................................25
D) Pagamento......................................................................................................................................................................... 26
1. Fundamentos do Direito Societário

Noções Iniciais de Direito Societário


O objeto do direito societário é constituído por dois pilares: pela relação societária
(relação dos sócios entre si) e pela estrutura societária (formação da sociedade).

Dessa forma, o Direito Societário é o ramo do Direito relacionado ao estudo das


sociedades empresárias, bem como dos sócios e acionistas dessas pessoas jurídicas e
às suas diversas peculiaridades, como alterações de controle e de participação, questões
gerenciais, conflitos societários etc.

A sociedade se constitui a partir do fenômeno associativo, que nada mais é do que a


cooperação entre dois ou mais sujeitos, em dado ramo de atividade, para a consecução
de uma determinada finalidade. Geralmente, essas associações costumam ter finalidade
econômica, mas existem exceções.

Diante dessa formação, existirão duas relações na sociedade: a relação interna, que diz
respeito à relação entre os sujeitos entre si (associados) e a relação externa, que diz
respeito às relações da sociedade como uma unidade com terceiros no exercício da
atividade.

O problema que surge com essa definição é a existência das sociedades unipessoais,
que são sociedades que não possuem, como de praxe, mais de uma pessoa. Diante
disso, uma definição mais moderna seria a de que o objeto do direito societário, mais
do que fenômeno associativo enquanto cooperação de duas ou mais pessoas, seria o
direito das associações finalísticas privadas, ou seja, o estudo de qualquer organização
que constitui uma autonomia própria para realizar uma atividade econômica.

Unidade do Direito Societário


O direito societário possui seu fundamento inicial no art. 5º, XVII a XX, da Constituição
Federal, dispositivos que estabelecem a liberdade de associação como direito
fundamental. Ademais, o Código Civil de 2002, em seu art. 44, §2°, coloca a associação
como gênero do qual a sociedade é espécie.

Assim, mediante todo o exposto até o momento, fica evidente a diferenciação entre
associações e sociedades, vez que a sociedade é caracterizada pelo exercício comum de
uma atividade econômica com o escopo de dividir lucros, não existindo sociedade se o
intuito dela não for o de partilhar resultados.

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Natureza Societária
Dentre a classificação doutrinária das sociedades empresarias, chama atenção a que
distingue esta organização em contratuais, regidas por um contrato, das institucionais,
encontrando no estatuto seu elemento de disciplina jurídica.

As sociedades contratuais têm como ato constitutivo e regulamentar o contrato social.


Para a dissolução deste tipo de sociedade, não basta a vontade majoritária dos sócios.
A jurisprudência reconhece o direito de os sócios, mesmo minoritários, de manterem a
sociedade contra a vontade da maioria. São sociedades contratuais: em nome coletivo,
em comandita simples e limitada.

Por outro lado, uma sociedade em instituição é uma organização permanente de pessoas
e/ou coisas que visam a alcançar uma determinada finalidade. Assim, no ordenamento
brasileiro, as sociedades anônimas e em comandita por ações têm natureza institucional.
Nesse tipo de sociedade, o interesse não é apenas dos sócios, existem terceiros a quem
muito interessa sua performance.

A forma clássica de se verificar a natureza de uma sociedade se dá a partir do contrato


plurilateral, ou seja, com mais de duas partes. A grande diferença deste contrato,
especialmente quanto ao contrato plurilateral associativo, é que ele possui prestações que
se adicionam, sem antagonismos. Todos os interesses das partes estão harmonizados.

Para facilitar o entendimento, vejamos o exemplo de um contrato de compra e venda:


uma parte quer comprar um objeto e, em contrapartida, dará o dinheiro. A obrigação
será perfeita com a transferência de prestações, sendo, assim, antagônicas. Por outro
lado, no contrato plurilateral associativo, todas as partes irão realizar prestações com o
mesmo fim para a execução de uma mesma atividade.

Distinções de Institutos Similares


Importante ressaltar a diferenciação de associações com dois institutos que não se
confundem com estas:

(i) condomínio ou comunhão e

(ii) fundação:

" O condomínio não é um contrato, é um estado ou situação jurídica em que mais de uma pessoa
tenha titularidade sobre um bem (arts. 1314 e segs., CC).
" As fundações, diferentemente das sociedades, não se dão pela união de pessoas, mas sim de
um patrimônio personalizado.

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Art. 5º, XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Art. 44, §2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que
são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código (o Livro II trata das sociedades empresárias).

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2. Elementos Essenciais do Contrato de Sociedade
Os elementos essenciais do contrato de sociedades são os elementos que garantirão
a sua existência. O contrato de sociedade simplesmente não poderia existir sem esses
fundamentos: pluralidade de sócios (com única exceção da Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada), direitos e obrigações dos sócios e finalidade comum.
1. Pluralidade de Sócios --> O contrato da sociedade deve ser celebrado por
duas ou mais partes (art. 981 CC). Conforme o CC/2002, a ausência desse ele-
mento gera a dissolução da sociedade, se a situação não for resolvida dentro de
180 dias (art. 1033, IV, CC).
2. Direitos e Obrigações dos Sócios --> Primeiramente, temos a participação
de cada sócio nos lucros e nas perdas da sociedade (art. 997, VII, CC e 109, I,
L.6404/76). Essa é a prerrogativa mais importante, tendo em vista que sem esta
o contrato social é inválido.
Ademais, temos ainda as responsabilidades sociais, que dizem respeito às contribuições
dos sócios para a sociedade, e responsabilidade societária, que é a limitação ou não da
responsabilidade do sócio diante de perdas da sociedade.

Existe, ainda, a obrigação do sócio de fiscalizar a sociedade (art. 109, L.6404/76) por meio
dos livros, dos papéis da companhia, da verificação dos dados e contratos celebrados
etc.

Por fim, o direito de preferência é garantido aos sócios na aquisição de participação


societária, seja em casos de alienação da participação ou de aumento de capital.
3. Finalidade Comum à toda sociedade: A FINALIDADE comum se refere ao
meio pelo qual a atividade será desenvolvida para alcançar o objetivo de lucrar
e partilhar. Esse meio é o chamado objeto ou fim social. O OBJETIVO final será
a partilha de lucros, mas isso se refere à natureza da sociedade.
O objeto social não poderá ser ilícito; impossível; indeterminado ou indeterminável;
contrário aos bons costumes, à ordem pública ou à moral. O objeto social deverá ser
exequível (art. 1304, II, CC e art. 599, §2º, CPC) e indicar com precisão e clareza as
atividades a serem desenvolvidas pelo empresário, sendo vedada a inserção de termos
estrangeiros, exceto quando não houver termo correspondente em português ou já
incorporado ao vernáculo nacional.

Existe a nova Normativa nº 38 do DREI (Departamento de Registro Empresarial e


Integração) que diz que, uma vez passado o prazo de 180 dias, a empresa somente
poderá registrar atos que reconstituam a pluralidade da sociedade.

Este seria um clássico exemplo de ‘sociedade leonina’, que é aquela em que se faz a
distribuição do lucro em benefício de apenas um ou alguns dos sócios. Esta distorção
ocorria porque muitas sociedades eram criadas com a quase totalidade das quotas e favor

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de um sócio, existindo o outro apenas para justificar a composição de uma sociedade.
Essa distorção já foi corrigida pelo legislador com a implantação da Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada (980-A, CC), já mencionada, em que apenas uma pessoa
figura como sócio de uma empresa de responsabilidade limitada.

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3. Capital Social
O capital social é o valor que os sócios estimam ser necessário ao desenvolvimento
da atividade social. É a soma da contribuição de todos os sócios que é destinada à
sociedade para consecução de sua atividade fim.

Nesse passo, o capital social é cláusula obrigatória nos contratos sociais, nos termos do
artigo 997, IV, do Código Civil, dividindo-se em quotas, iguais ou desiguais, pertencentes
aos sócios, como prescreve o artigo 1.055 do mesmo diploma legal.

Para fins de registro do comércio, deverá constar, no documento de constituição


empresarial, o montante da subscrição e como será feita a conferência do valor: em
moeda corrente, bens ou direitos. Importante ressaltar que o capital social é passivo
inexigível, vez que deve permanecer intocado enquanto durar a sociedade, somente em
seu momento da liquidação.

De acordo com o professor Alfredo Lamy Filho, “é função do capital social garantir
os credores da companhia, conciliando a responsabilidade limitada dos acionistas
(indispensável para que se possam associar, na mesma empresa, centenas ou milhares de
sócios) com proteção ao crédito, necessário ao funcionamento do sistema econômico”.
Assim, além da função de fornecer recursos para que a empresa possa expandir-se em
seu período inicial, há objetivo de proteção aos credores, conforme citado acima.

Diante disso, o capital social pode ser divido em duas funções: vinculativa e organizativa:

1. Função Vinculativa:

• Uma Medida: o capital será o parâmetro para determinar a quantidade mínima de


capital para exercer a atividade. Na “teoria do vaso”, de Vivante, a sociedade seria
um vaso que se preenche com o capital social, e somente aquilo que sobejar será
considerado lucro a ser distribuído entre os sócios.

• Uma Garantia aos Credores: o capital social servirá como garantia indireta ao
credores, vez que, apesar deste ser intocável, todo credor da sociedade terá certeza
de que pelo menos o montante relacionado ao capital social está presente.

2. Função Organizativa:

• Mecanismo de Divisão de Responsabilidade: de acordo com a contribuição para o


capital social, será definido poder de voto de cada sócio, determinando também a
distribuição de poder de comando da sociedade.

• Parâmetro de Distribuição de Resultados: de acordo com a contribuição para o capital


social, a divisão de lucro poderá ser desigual proporcionalmente à contribuição de
cada sócio para o capital da sociedade.

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Patrimônio
A figura do capital social não deve ser confundida com a do patrimônio. O patrimônio da
sociedade é o conjunto de valores de que esta dispõe. Nesse patrimônio, existem valores
ativos – tudo o que a sociedade tem (dinheiro, créditos, imóveis, móveis etc), e valores
passivos – o que a sociedade deve (títulos a pagar, empréstimos, folha salarial, impostos).

Diante disso, fala-se em patrimônio líquido, que é a diferença entre o ativo e o passivo.
Se o ativo for superior ao passivo, a sociedade terá um patrimônio líquido positivo; se
inferior, terá patrimônio líquido negativo. Nesse passo, evidente que, diferentemente do
capital social, o patrimônio não é fixo, sendo dotado de mutabilidade.

A supramencionada mutabilidade do patrimônio é essencial porque a atividade social é


decorrente justamente dessa flexibilidade do patrimônio. Iniciadas as atividades sociais,
o patrimônio líquido tende a exceder o capital, se a sociedade acumular lucros, e a
inferiorizar-se, na hipótese de prejuízos.

Importante ressaltar que a titularidade do patrimônio pode ser da própria empresa ou de


seus sócios. O patrimônio especial (art. 988, CC) é o produto da contribuição de todos
os sócios que servirá para o exercício da atividade social, sendo de titularidade comum
dos sócios. Destarte, vez que o patrimônio especial é titularizado pelos sócios, este não
necessita de personificação jurídica para se perfazer.

Por outro lado, no patrimônio social das sociedades personificadas, ocorre a transferência
da titularidade da contribuição dos sócios à sociedade, saindo da esfera jurídica
patrimonial do social e fundindo-se à esfera jurídica patrimonial da sociedade.

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4. Desconsideração da Personalidade Jurídica
O principal fundamento da limitação da responsabilidade dos empreendedores é o
estímulo à exploração das atividades econômicas. Poucos estariam dispostos a iniciar um
novo negócio, a constituir uma nova sociedade, se seus patrimônios pessoais pudessem
ser alcançados na hipótese de insucesso do empreendimento, não é mesmo?

Todavia, existem situações específicas que autorizam a responsabilização dos sócios


e administradores de sociedades por dívidas da pessoa jurídica quebrando, assim, o
princípio geral da autonomia patrimonial da sociedade em relação ao patrimônio de
seus sócios. Trata-se de não permitir a impunibilidade.

Primeiramente, importante ressaltar que a constituição de pessoa jurídica nem sempre


gera a limitação de responsabilidade, vez que essa limitação se justifica pela autonomia
da sociedade de gerir seu próprio patrimônio, adquirindo direito e deveres de forma
autônoma. A sociedade em nome coletivo (art. 1039, CC), por exemplo, é uma sociedade
que não possui limitação da responsabilidade, porque todos os sócios podem gerir o
fundo comum diretamente.

Tendo sido considerado isto, existe, no direito brasileiro, a teoria da desconsideração da


personalidade jurídica, cujo objetivo é tornar ineficaz a separação existente entre os bens
da sociedade e dos sócios, considerando-os uma universalidade capaz de responder
pelas obrigações contraídas em nome da sociedade em casos nos quais eles tenham,
aproveitando-se de sua posição na sociedade, incorrido em fraude ou abuso de direito.

Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica


O NCPC conta com um capítulo autônomo para disciplinar a aplicação deste instituto
(Capítulo IV do Título II), denominado justamente “Do Incidente de Desconsideração da
Personalidade Jurídica”.

A redação do art. 133 do novo CPC enterrou, de uma vez por todas, a tese de que o
mecanismo jurídico deve ser operado mediante ação autônoma na justiça, posto que
o texto permite ao juiz, em qualquer processo e em qualquer fase processual, aplicar o
instituto.

Esse incidente pode ser pedido pela parte ou pelo Ministério Público em qualquer fase
processual (dispensável se requisitado na petição inicial), se couber ao MP intervir no
processo, desde que observados os devidos pressupostos previstos em lei (art. 133, §1º e
art. 134, §4º do CPC).

Instaurado o incidente, o sócio (ou a pessoa jurídica) será citado para manifestar-se e
requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias. O incidente será resolvido por decisão
interlocutória, portanto, contra ela cabe agravo de instrumento. Ademais, a alienação

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ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao
requerente do pedido de desconsideração da personalidade jurídica.

Então, se o sócio alienou parte de seus bens em fraude à execução, ainda que ele
inicialmente não respondesse, diante da declaração de desconsideração, essa alienação
torna-se ineficaz.

Pressupostos Legais da Desconsideração da Personalidade Jurídica


O pedido de desconsideração da personalidade jurídica de uma sociedade personificada
e com limitação de responsabilidade somente pode ser feito diante de alguma justificativa,
algum pressuposto previsto em lei, que deve ser indicado na petição (inicial ou de
incidente). Vejamos:
1. Desvio de Finalidade ou Confusão Patrimonial: o desvio de finalidade ocorre
quando a sociedade exerce atividade diversa de seu objeto social, enquanto a
confusão patrimonial se dá quando o patrimônio do sócio e o da sociedade se
misturam (art. 50, CC).
2. Subcapitalização: conforme mencionado anteriormente neste módulo, o
capital social consiste na soma da contribuição de todos os sócios destinada à
sociedade para consecução da atividade fim; assim, quando essa contribuição
não é suficiente para a realização da atividade social, estamos diante da sub-
capitalização, vez que, se não existe capital suficiente para executar a atividade
social e esta sociedade está operando, está sendo utilizado um patrimônio que
não é da empresa, então não existe autonomia.
3. Teoria Maior e Teoria Menor (CDC): o Código de Defesa do Consumidor pos-
sui dois dispositivos que estabelecem hipóteses de desconsideração da perso-
nalidade jurídica;
(I) Teoria Maior (art. 28) – quando, em detrimento do consumidor, houve abuso de
direito, excesso de poder, ilegalidades etc.

(II) Teoria Menor (art. 28) – apesar de chamar-se teoria menor, este dispositivo
contém uma expressão muito ampla, permitindo a desconsideração sempre que
“sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores”.
4. Impossibilidade de Exigência do Cumprimento da Obrigação Principal: o
Código Tributário Nacional prevê uma desconsideração menos ampla, atingindo
sócios específicos; o art. 134, VII, determina a desconsideração da personalidade
jurídica diante da impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação
principal pelo contribuinte, ou seja, um motivo fático.
5. Atos Praticados com Excesso de Poderes: o art. 135 do CTN determina que,
diante da criação de obrigações tributárias com excesso de poderes ou infração
de lei, contrato social ou estatutos, serão pessoalmente responsáveis os direto-

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res, gerentes ou representantes da sociedade que executaram o ato.
6. Grupo Industrial e Comercial (Direito Trabalhista): o art. 2, §2º da CLT prevê a
possibilidade de responsabilização solidária sempre que uma ou mais empresas,
tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob
a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial ou
comercial; aqui é importante atentar-se à jurisprudência trabalhista, vez que é
permitido buscar a dívida de emprego com pessoas físicas, configurando des-
consideração da personalidade.
7. Antitruste/Ambiental/Anticorrupção: apesar de não ser o momento para
adentrar nas especificidades dessas leis, importante ressaltar que existem esses
regramentos com previsões específicas para a desconsideração da personalida-
de jurídica de sociedades que ferirem suas disposições.

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos
estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado
de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

Art. 25, §5°. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

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5. Sociedades Não Personificadas
Como ensinado anteriormente no presente módulo, a sociedade em sentido amplo é
a união de duas ou mais pessoas através de um contrato de sociedade, em que estas
pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir para o exercício de atividade econômica
e a partilha dos resultados.

Observemos que, segundo esta visão, se duas ou mais pessoas se encontrarem na


situação citada, terão constituído uma sociedade, que poderá ser personificada ou não
personificada.

A sociedade não personificada é aquela que, embora constituída mediante instrumento


escrito, não formalizou o arquivamento ou registro dos seus atos constitutivos. Assim,
o contrato ou acordo tem validade somente entre os sócios, não tendo força contra
terceiros. Portanto, a sociedade não personificada pode ser constituída de forma oral
ou documental. O Código Civil prevê dois tipos de sociedades não personificadas: (a)
Sociedade em Comum e (b) Sociedade em Conta de Participação.

A) Sociedade em Comum
A sociedade em comum é qualquer sociedade que explora uma atividade econômica e
que ainda não está registrada. É também conhecida por “sociedade de fato” ou“sociedade
irregular”.

Não se trata de um tipo de sociedade empresária, pois lhe falta o registro como pessoa
jurídica. Determina o código que, enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á
a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto nos seus artigos 986 a
990, que trata da sociedade em comum.

Portanto, uma sociedade pode ser comum tanto pela vontade das partes de criar
uma sociedade privada sem registro quanto pela pendência de registro de outro tipo
societário. Se uma sociedade limitada, por exemplo, estiver em processo de constituição,
enquanto não for concluído o seu registro e, se já estiver em funcionamento, será regida
na forma de sociedade em comum.

Importante atentar-se a que nesse tipo de sociedade, conforme inteligência do art. 990,
todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.

B) Sociedade em Conta de Participação


A sociedade em conta de participação, disciplinada pelos arts. 991 a 996 do CC, possui
características excepcionalmente próprias, seja por sua despersonalização, seja por seu
caráter de sociedade secreta.

Quando duas ou mais pessoas se associam para um empreendimento comum, poderão


fazêlo na forma de sociedade em conta de participação, ficando um ou mais sócios

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em posição ostensiva (exercendo a atividade) e outros, em posição oculta (chamam-se
estes de sócios participantes. Na prática, são investidores).

Por não ter personalidade jurídica, a sociedade em conta de participação não assume,
em seu nome, nenhuma obrigação. São os sócios ostensivos - juntos ou separadamente
- que assumem, como obrigações pessoais, as obrigações da sociedade. Assim sendo,
em se tratando de responsabilidade pessoal, não há que se falar de subsidiariedade ou
limitação.

Os sócios ostensivos, desta forma, respondem ilimitadamente pelas obrigações que, em


nome próprio, assumirem para o desenvolvimento do empreendimento comum. Já os
sócios participantes não respondem senão perante os ostensivos e na forma do que
houver sido pactuado, ou seja, limitada ou ilimitadamente, de acordo com o previsto no
contrato firmado entre eles.

Os sócios participantes não mantêm qualquer relação jurídica com os credores por
obrigações decorrentes do empreendimento comum. Estes credores devem demandar
do sócio ou sócios ostensivos, os quais, em regresso, e nas condições do contrato,
poderão voltar-se contra os participantes. Do mesmo modo, os participantes não podem
demandar os devedores da sociedade.

Convém salientar que o sócio participante, embora não possa administrar a sociedade,
tem direito de fiscalizar a gestão dos negócios. Contudo, se passar a tomar parte nas
relações do sócio ostensivo com terceiros, passará a responder solidariamente com ele.

Sociedades Personificadas
As sociedades personificadas - arts. 997 a 1.101 do CC/2002 - possuem personalidade
jurídica, que é adquirida com o registro, nos termos do art. 985 e do art. 1.150, ambos do
CC/2002.

A) SOCIEDADE SIMPLES
A sociedade simples é a mais importante sociedade personificada, tendo sido escolhida
pelo legislador como o centro regulador de todas as sociedades, sendo a sociedade que
tem a regulação mais extensa e completa, enquanto as outras sociedades utilizam seus
parâmetros para formar novos tipos societários.

A sociedade simples remete a parcerias entre profissionais prestadores de serviços,


constituindo casos nos quais eles mesmos exercem a atividade para a qual a sociedade
existe, como sociedades entre médicos, advogados e outros cujas atividades, ou seja,
correspondem à própria finalidade da união.

De forma resumida, então, a sociedade simples é constituída por pessoas exercendo


suas profissões, sendo de “caráter pessoal” a prestação de serviços feita por elas. Por
isso, as cooperativas (art. 1093/96, CC) e associações, independentemente do número

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de participantes, serão sempre consideradas sociedades simples (pois os profissionais
exercem a atividade fim da parceria).

A sociedade empresarial diferencia-se da simples justamente por ter, como finalidade,


o exercício profissional de atividades econômicas voltadas à produção e circulação de
produtos ou serviços.

B) SOCIEDADE EM NOME COLETIVO


A sociedade em nome coletivo é um tipo societário em que todos os sócios são solidários
e todos respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade, ou seja, a dívida da
sociedade pode atingir os bens dos sócios.

De acordo com o art. 1.039 do CC, essa sociedade é constituída, necessariamente, por
pessoas físicas. A administração desta sociedade cabe exclusivamente aos sócios, não
podendo um terceiro exercer este papel administrativo (art. 1.042, CC).

Por fim, esta sociedade deve adotar a firma social. Todas as peculiaridades da sociedade
em nome coletivo estão previstas nos arts. 1.039 a 1.044 do CC.

C) SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES


A sociedade em comandita simples é composta por dois tipos de sócios: os comanditários
e os comanditados. Os sócios comanditários são aqueles que respondem de forma
limitada (apenas até o valor de suas quotas) pelas obrigações da sociedade, e podem
ser pessoas físicas ou jurídicas, que contribuem apenas com capital subscrito (art. 1.045,
CC).

Por outro lado, têm-se os sócios comanditados, que são pessoas físicas que respondem
solidariamente e de forma ilimitada pelas obrigações sociais, podendo contribuir com
capital e trabalho.

A administração desta sociedade pode ser exercida somente pelos sócios comanditados.
De acordo com o previsto no art. 1.047 do CC: “não pode o comanditário praticar
qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às
responsabilidades de sócio comanditado”. Todas as peculiaridades deste tipo societário
estão previstas nos arts. 1.045 a 1.051 do CC.

D) SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA


A sociedade empresária limitada, também conhecida apenas como limitada, é o tipo
societário de maior presença na economia brasileira, representando hoje mais de 90%
das sociedades empresárias registradas nas Juntas Comerciais! A limitada é disciplinada
em capítulo próprio do Código Civil (arts. 1.052 a 1.087).

A sociedade limitada consiste num tipo de associação que estabelece normas com
base no valor investido por cada associado. Esse formato de sociedade permite que

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a empresa tenha um administrador que não pertence ao quadro de sócios, desde que
tenha o consentimento desses.

Importante ressaltar que, aqui, falamos da empresária limitada, vez que a sociedade
simples também pode ser limitada, ou melhor dizendo, a limitada pode adotar natureza
simples quando não empresária. Conforme mencionado anteriormente, o art. 966, CC
dispõe que a natureza empresária advém do exercício profissional de atividade com
escopo lucrativo, então as atividades intelectuais e artísticas a que uma limitada venha
a se dedicar não são empresárias, sendo esta hipotética sociedade de natureza simples,
não empresária.

E) EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada)


A EIRELI é uma categoria empresarial que permite a constituição de uma empresa com
apenas um sócio: o próprio empresário.

Essa modalidade foi criada em 2011 e surgiu com o propósito de acabar com a figura do
sócio “fictício”, prática comum dentre aqueles que não desejavam operar suas empresas
com um sócio. Antes, empresas só poderiam ser registradas se constituídas por, no
mínimo, duas pessoas, e agora podem ser abertas com um único sócio.

A EIRELI permite a separação entre o patrimônio empresarial e privado. Ou seja, caso


o negócio contraia dívidas, apenas o patrimônio social da empresa será utilizado para
quitá-las, exceto em casos de fraude, como vimos.

F) Sociedade Anônima
A sociedade anônima, apesar de prevista no Código Civil de 2002, é regulada pela Lei
6.404/76. A sociedade anônima é uma sociedade de capital: os títulos representativos
da participação societária (ação) são livremente negociáveis. Nenhum dos acionistas
pode impedir, por conseguinte, o ingresso de quem quer que seja no quadro associativo.

O capital social deste tipo societário é fracionado em unidades representadas por ações.
Os seus sócios, por isso, são chamados de acionistas, e eles respondem pelas obrigações
sociais até o limite do que falta para a integralização das ações de que sejam titulares.

Por fim, a sociedade anônima é sempre empresária, mesmo que seu objeto seja atividade
econômica civil (CC, art. 982, parágrafo único; LSA, art. 2º, § 1º).

G) Sociedade de Comandita por Ações


O derradeiro tipo societário é a sociedade em comandita por ações, à qual se aplicam
todas as normas relativas à sociedade anônima, com as alterações previstas nos arts.
1.090 a 1.092 do CC (LSA, arts. 280 a 284). Ao lado da sociedade anônima, a sociedade

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em comandita por ações é um dos dois tipos de sociedade por ações admitidos no
direito brasileiro.

Atualmente, contrariando boa parte da doutrina que prega a extinção desse tipo de
estrutura societária, dado o seu desuso, o direito brasileiro manteve o tratamento dado às
sociedades em comandita por ações. Fran Martins, por exemplo, informa que, em todo o
território nacional, não existem mais que dez sociedades em comandita por ações ainda
em atividade.

Em suma, poderíamos dizer que a sociedade em comandita por ações é aquela em


que o capital social é dividido em ações, sendo que os acionistas respondem apenas
pelo valor delas subscritas ou adquiridas, mas tendo os administradores (diretores) de
responsabilidade subsidiária, ilimitada e solidária, em razão das obrigações sociais.

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6. Dissolução Social
Como mencionado anteriormente no presente módulo, a sociedade simples é o centro
normativo do direito societário brasileiro, sendo a sociedade mais completa, da qual a
outras derivam.

Este modelo societário será o foco deste tópico, tendo em vista que estas hipóteses
serão aplicáveis à maioria das sociedades. Quaisquer especificidades de outros tipos
societários serão abordadas em momento oportuno.

Nesse contexto, as hipóteses legais de dissolução da sociedade são diversas: vontade


dos sócios, decurso de prazo, unipessoalidade, cumprimento do objeto social, extinção
da autorização de funcionamento e falência.

A) Vontade dos Sócios


é a razão mais óbvia: os sócios simplesmente acordam que a sociedade deve deixar de
existir.

B) Decurso de Prazo
está ligado às sociedades que têm tempo de funcionamento determinado previamente.

C) Unipessoalidade
a unipessoalidade (art. 1.033, IV, CC.), ou seja, a falta de, pelo menos, dois sócios na
sociedade, conforme mencionado na aula de elementos essenciais do contrato, gera a
dissolução da sociedade (importante lembrar da existência do IN38 do DREI, que fala de
bloqueio de registros ao invés de dissolução).

D) Exaurimento ou Realização do Objeto Social


não se trata de uma sociedade por tempo determinado específico, mas acaba por ter
semelhanças com este tipo societário, vez que essa sociedade se inicia com um objetivo
específico e, quando esse objetivo é alcançado ou se torna impossível, a sociedade se
dissolve.

E) Extinção da Autorização de Funcionamento


certas atividades necessitam de autorização para que funcionem, em razão do seu alto
risco ou impacto social (atividades nucleares, que afetem o mercado financeiro etc). Se
essa autorização for revogada por qualquer razão, a sociedade será dissolvida.

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F) Falência
uma sociedade que não possui mais viabilidade econômica, poderá ter decretada
sua falência, resultando na liquidação de seus bens para o pagamento das dívidas e,
finalmente, a sociedade dissolvida.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias.

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7. Resolução da Sociedade em Relação ao Sócio
Nosso ordenamento jurídico explana algumas possibilidades de resolução da sociedade
em relação a algum sócio.

A primeira possibilidade se dá com a morte do sócio (art. 1.028, CC). Diante deste cenário,
existem dois possíveis caminhos a serem tomados: liquidação da cota do sócio falecido
ou substituição dele por seus herdeiros. Importante ressaltar que, nas sociedades
regidas pelo Código Civil (especialmente sociedades simples e limitada), será necessária
a aprovação dos demais sócios para que ocorra a substituição.

A segunda possibilidade é o direito de retirada (art. 1.029, CC). O sócio pode sair a
qualquer momento de uma sociedade por tempo indeterminado mediante notificação
com prazo de antecedência de 60 dias.

Por fim, essencial frisar que, em qualquer dos casos, tanto o sócio retirante quanto os
herdeiros de sócio falecido, permanecem responsáveis por suas obrigações sociais pelo
período de 2 anos.

Resolução da Sociedade Limitada e S/A


A) SOCIEDADE LIMITADA
A sociedade limitada, apesar de ser regida pelo Código Civil, possui hipóteses de
resolução mais restritas. A primeira delas pode ser verificada na inteligência do art. 1.077
do CC/2002, que estabelece o direito de retirada do sócio num prazo de 30 dias após
alguma operação societária (fusão, cisão, transformação social etc) ou modificação do
contrato social com a qual o sócio não concorde.

Ademais, o direito de livre retirada do sócio mediante notificação e prazo de 60 dias,


mencionado anteriormente (art. 1.029, CC), também é aplicável no caso da sociedade
limitada sob pena de inconstitucionalidade, vez que o direito de associar-se ou desassociar-
se livremente é garantido pela Constituição Federal. (Este entendimento não é verificado
no texto legal, mas doutrinariamente e jurisprudencialmente pacificado.)

B) SOCIEDADE ANÔNIMA
A sociedade anônima é uma sociedade de capital por excelência, ou seja, não depende
de vínculo pessoal, sendo desnecessária a aprovação dos demais sócios para que alguém
entre ou saia da sociedade. Assim, na sociedade anônima é livre o direito de entrada e de
alienação da cota de participação do sócio (ação).

Conforme disposto no art. 109, IV, da L.6404/76, é direito essencial do acionista exercer
o direito retirada quando lhe couber esta faculdade. Dessa forma, qualquer tipo de
restrição é proibida, sendo vedada qualquer barreira a este direito no estatuto social.

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Nesse contexto, diante da própria natureza das S/A, as hipóteses específicas de resolução
da sociedade em relação ao sócio serão restritas.

A primeira possibilidade está prevista no art. 137, da L.6404/76, que autoriza a retirada
do acionista dissidente mediante reembolso de suas ações quando ocorrer criação de
ações preferenciais ou da mesma espécie.

A segunda possibilidade de retirada apresenta-se ao sócio diante da modificação do


objeto social ou da realização da operação societária de cisão.

Por fim, o art. 136-A da L.6404/76 garante, ao sócio dissidente, o direito de retirada
quando ocorrer a inclusão de cláusula arbitral no estatuto social da empresa.

Importante evidenciar uma exceção: as sociedades anônimas “familiares”. Essas


sociedades, também chamadas pela doutrina de heterotípicas, são S/A fechadas
(não inscritas na bolsa de valores) e estruturadas nesse formato de social por razões
mercadológicas, sendo que, internamente, seus sócios não estão ligados apenas por
capital, possuindo alguma afinidade real. Por exemplo, uma sociedade constituída de
irmãos, mas à qual a lei obriga que a atividade seja regida pela S/A, será uma sociedade
anônima familiar.

Nelas, o fator dominante de sua formação é a afinidade e identificação pessoal entre


os acionistas, marcadas pela confiança mútua. Nesses casos, porquanto reconhecida a
existência do vínculo de afinidade como fator preponderante na constituição da empresa,
não pode tal circunstância ser desconsiderada por ocasião de sua dissolução.

Diante disso, no caso de sociedades anônimas familiares, a jurisprudência garante o


direito de retirada, visando a evitar a venda da cota para um terceiro estranho que não
tenha o vínculo de afinidade, como em S/As comuns, e a impossibilidade de saída de
um dos sócios, tornando possível encontrar um substituto para a sociedade de forma
conveniente.

EXCLUSÃO DE SÓCIO
Além da possibilidade de saída voluntária do sócio, existe a possibilidade de excluir um
dos sócios contra seu alvedrio. Assim, a legislação permite a exclusão do sócio de duas
formas: exclusão judicial ou exclusão extrajudicial.

A exclusão judicial serve para qualquer tipo societário. As possibilidades para esse tipo
de exclusão estão dispostas no art. 1.030 do CC/2002: por falta grave no cumprimento
de suas obrigações (Entende-se por falta grave algum ato que atente contra o interesse
social da empresa ou contra o vínculo societário.) ou por incapacidade superveniente
(pode ser capacidade civil ou autorização legal, por exemplo, sociedade de advogados
em que um dos sócios perca sua inscrição nos quadros da OAB) mediante iniciativa da
maioria simples dos demais sócios.

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Por outro lado, a exclusão extrajudicial, prevista no art. 1.085 do CC/2002, somente é
possível na sociedade limitada. O supramencionado artigo somente permite a exclusão
mediante justa causa. O problema aqui é que o termo justa causa não possui um
entendimento fixo, sendo importante analisar o caso concreto. Via de regra, constitui-se
a justa causa mediante ato que gere risco à continuidade da empresa.

Importante ressaltar que a exclusão extrajudicial de sociedade limitada se dá em


assembleia ou reunião de sócios. Nesse contexto, para que a exclusão seja realizada, é
essencial que exista previsão no contrato social de exclusão extrajudicial.

Por fim, também é necessário que, no edital de convocação de assembleia, conste a


falta cometida pelo sócio a ser excluído, sendo possível que este compareça para se
manifestar.

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8. Procedimento da Dissolução Parcial de Sociedade
Os procedimentos que tratam da dissolução parcial da sociedade estão previstos no art.
599 e seguintes do NCPC.

Conforme a legislação, o objeto da ação de dissolução parcial será a resolução e/ou


a apuração de haveres. Apesar de não ser o escopo do presente módulo, importante
ressaltar que aqui surge um problema quando ocorrer a cumulação de pedidos, vez que
o legislador não se atentou a que a resolução de uma sociedade é uma tutela constitutiva
negativa, ou seja, dissolve um vínculo jurídico; enquanto a apuração de haveres é uma
tutela condenatória, condenando alguém a pagar uma quantia. Esse problema poderá
gerar obstáculos ligados à prescrição e decadência, assunto que será tratado em outro
módulo.

Nesse passo, a ação de dissolução de sociedades é aplicável a tipos societários específicos,


quais sejam: Sociedade Empresária Contratual ou Simples (A Sociedade Simples também
é contratual mas, aqui, o legislador refere-se às sociedades que não têm estatuto.): Art.
599, I, CPC, e S/A Fechada que não pode preencher seu fim (art. 599, §2º, CPC).

A) Legítimos Ativos:
Espólio do Sócio Falecido: o espólio do sócio falecido, por meio do inventariante, tem
legitimidade para pedir a dissolução de suas cotas.

Sucessores: se os sucessores desejarem retirar-se ou se não forem admitidos na sociedade,


é garantido a eles o direito de pedir a dissolução para receber o valor do quinhão.

Sociedade: se não for admitido o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido


nos quadros da sociedade, a própria sociedade pode tomar a iniciativa de dissolver a
participação dos não admitidos. Ademais, a sociedade também pode ser legitimada ativa
nos casos de exclusão de sócio que cometeu falta grave quando não houver clausula de
exclusão no contrato social.

Sócio: quando ele exerce o direito de retirada (saída imotivada) ou recesso (com base em
autorização legal) e quando ele é excluído da sociedade, cabe-lhe o direito de ingressar
com a ação para que sejam dissolvidas suas cotas.

Ex-Cônjuge: diante de uma separação, as ações de um dos cônjuges podem tornar-se


objeto de partilha entre as partes. Uma das opções seria a aprovação do ingresso do
cônjuge nos quadros da sociedade pelos outros sócios, caso contrário, cabe ao cônjuge
liquidar sua parte auferida na partilha por meio da ação de dissolução.

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B) Procedimento:
Primeiramente, essa ação possui um requisito especial já na petição inicial, que deve ser
instruída com o contrato social solidado da empresa (art. 599, §1º, CPC). Essa determinação
gera um problema, vez que depende de a sociedade de fato ter consolidado o contrato
nas ultimas alterações. Assim, ficou decidido que a inicial deve ser instruída com o último
contrato social consolidado junto com todas as alterações posteriores.

Após a citação da sociedade ou de todos os sócios individualmente (se todos os


sócios forem citados, não é necessário citar a sociedade pessoa jurídica mas esta, ainda
assim, será parte ré na lide e sofrerá os efeitos do processo normalmente), o prazo para
manifestação em sede de contestação será de 15 dias (art. 601, CPC). Após a apresentação
da contestação, a ação segue o procedimento comum, conforme previsto no art. 602,
§2º, CPC. Caso as partes acordem a dissolução parcial, a ação seguirá direto para a
liquidação. Nesse contexto, importante ressaltar que, independentemente do trâmite
em procedimento comum ou acordo, a liquidação em si será feita nos termos do modo
especial do procedimento.

A sociedade, ao apresentar sua defesa, tem a possibilidade de apresentar pedido de


indenização compensável com haveres (art. 602, CPC). Esse pedido será legítimo para
compensar a sociedade, por exemplo, nos casos de exclusão de sócio por falta grave,
vez que essa falta pode ter gerado prejuízos à sociedade.

C) Liquidação:
Ultrapassadas as outras questões processuais, será iniciada a liquidação, que começa
com fixação da data de resolução pelo juiz. A legislação traz alguns parâmetros para
auxiliar o julgador nessa situação:
1. Se a ação baseia-se no falecimento do sócio, a resolução será na data do
óbito;
2. Se der-se pelo exercício do direito de retirada, será 60 dias após a retirada;
3. Se pelo exercício do direito de recesso, será o dia do recebimento da notifica-
ção;
4. Se por decisão de todos os sócios, será a data da assembleia;
5. Se por decisão judicial, será a data da sentença que declarou o sócio excluí-
do.
Assim, tem-se o ato constitutivo negativo formado na data em que a sociedade se
desconstituiu parcialmente em relação ao sócio. A partir daí, verifica-se a segunda
hipótese de pedido dessa ação: a apuração de haveres.
1. Esse valor poderá ter critério definido no contrato social, o que será seguido
pelo juiz;
2. Sem valor estipulado previamente em contrato, aplica-se a regra geral do

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valor patrimonial das cotas, que será verificado por um perito especialista.
Por fim, insta salientar que, apesar desses parâmetros definidos em lei, o juiz tem
faculdade de modificar ou revisar a data ou critério para apuração de haveres por pedido
de qualquer uma das partes, desde que ainda não tenha sido iniciada a perícia (art. 607,
CPC).

D) Pagamento
Faz parte do valor de pagamento de haveres a participação nos lucros, juros sobre capital
próprio e remuneração como administrador até a data de resolução (art. 607, CPC). A
partir desta data, não se fala mais disso mas, após essa data, devem ser aplicados os
valores corrigidos e os juros legais (art. 608, p.ú., CPC).

Por fim, a forma de pagamento poderá estar prevista no contrato social ou estatuto. Caso
não exista disposição acerca do assunto, o art. 609, CPC, e 1031, §4º, CC, determinam o
pagamento em dinheiro no prazo de 90 dias.

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Fundamentos de
Direito Societário

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