Cor Rigid A Andrei A Martins
Cor Rigid A Andrei A Martins
Cor Rigid A Andrei A Martins
São Carlos
2017
ANDREIA SOFIA MOREIRA MARTINS
São Carlos
2017
AUTORIZO A REPRODUCAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRONICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Em primeiro lugar quero agradecer aos meus pais, pelo apoio e incentivo, não só
durante a elaboração deste trabalho, como também durante todo este percurso e
experiências vividas no Brasil, mesmo do outro lado do Atlântico, sempre me
incentivaram a superar as adversidades impostas.
Ao meu Orientador, Professor Dr. Márcio Minto Fabricio por me proporcionar esta
oportunidade de conhecimento e compressão de uma nova cultura e pelo auxílio
prestado durante toda a minha estadia, sem ele não seria possível presenciar esta
oportunidade. Como também agradeço todo o seu apoio e partilha de conhecimento,
que me propiciaram um crescimento e amadurecimento profissional, através da
autonomia e confiança que me foi depositada, ao longo desta pesquisa.
Aos meus amigos do grupo ARQUITEC, IAU e LaMEM, em especial à Marta, que se
tornaram uma segunda família durante a minha permanência, pelos momentos vividos,
pela orientação e conhecimento, transmitido sobre a sua cultura, e me fizeram sentir
cada vez mais que eu pertenço a este lugar.
À CAPES por me conceber o financiamento desta pesquisa, por meio de uma bolsa de
estudo, que me permitiu uma dedicação integral no desenvolvimento desta dissertação.
E, por último, ao Daniel Reis, o meu parceiro ao longo desta jornada, sem ele não seria
possível iniciar nem finalizar este percurso, pelo companheirismo e apoio ao longo dos
anos, auxiliando a ultrapassar todos os obstáculos e incentivando a superar novos
desafios pessoais e profissionais, sem a sua presença e dedicação nem tudo seria possível,
o meu muito obrigada.
"A vida é todo um processo de demolição. Existem golpes que vêm de dentro, que só
se sentem quando é demasiado tarde para fazer seja o que for, e é quando nos
apercebemos definitivamente de que em certa medida nunca mais seremos os
mesmos."
Scott Fitzgerald
Martins, A. S. M. Diretrizes para o planejamento de uma demolição sustentável em
edifícios. 2017. 209 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Instituto de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016.
Resumo
Abstract
The traditional demolition process has experienced several changes, and the emergence
of environmental concerns leads today, to seek for more sustainable ways, such as
applying a demolition that promotes the dismantling and the selective removal of
materials, through early planning and the continuous application of safety rules,
making it much more diverse materials obtained and performing a proper management
of the waste stream through reuse. This work main objective has to develop a set of
guidelines that allow to improve the planning of the demolition activities of small
buildings, through a national and international normative analysis of the demolition
process, promoting more sustainable practices to be adopted by small demolition
companies. In this way, the empirical research was carried out by the application of
three case studies, developing a diagnosis of the activities that companies practice, by
using the selective demolition in small buildings, with the elaboration of interviews,
monitoring the demolitions and the resale of the materials. As result, it was possible
to verify the existence of markets for reused materials and components of the
demolition works. The most wanted materials are solid bricks, ceramic tiles, and wood,
such as Peroba Rosa. This research contributed to the development of a set of actions
that maximize the coordination of the execution of the tasks at work, in order to
improve the safety and the use of materials, reducing the cost of demolition through
the resale of the obtained materials, and minimizing the production of solid waste.
Figura 3.1: Caraterização dos resíduos de construção e demolição nos EUA, adaptado
Figura 5.1: Fluxograma das atividades realizadas nos estudos de caso ...................... 88
Figura 6.1: Habitação de piso térreo a ser demolida (GOOGLE, 2011) ..................... 99
Figura 6.2: Reaproveitamento de janelas e portas em obra (Autor, 2014) ................. 99
2014)............................................................................................................... 100
Figura 6.5: Produção de resíduos durante o processo de demolição (Autor, 2014)... 101
Figura 6.6: Instalações elétricas, assinaladas pelas setas a vermelho (Autor, 2014) . 101
Figura 6.7: Habitação de piso térreo antes da demolição começar (GOOGLE, 2015)
....................................................................................................................... 102
Figura 6.8: Habitação a demolir já sem portas, janelas e coberturas (Autor, 2015) . 102
Figura 6.9: A demolição das paredes interiores (Autor, 2015) ................................. 103
Figura 6.10: Geração de resíduos no local de trabalho (Autor, 2015) ...................... 103
Figura 6.12: A falta de acessos a andares superiores (Autores, 2015) ...................... 104
Figura 6.13: Demolição das paredes exteriores (Autor, 2015) .................................. 104
Figura 6.14: Acumulação de entulho no final da demolição (Autor, 2015) .............. 105
Figura 6.15: Recolha e transporte dos resíduos de demolição (Autor, 2015) ............ 105
Figura 6.16: Tabela de preços de alguns materiais recuperados disponíveis para revenda
Figura 6.23: Venda de equipamentos para o banheiro e cozinha (Autor, 2015) ....... 110
Figura 6.25: Venda desorganizada de vários materiais de construção (Autor, 2015) 111
Figura 6.26: Habitação a ser demolida pela empresa E2 (GOOGLE, 2015)............. 112
Figura 6.27: Fase inicial do acompanhamento da demolição (Autor, 2015) ............. 113
Figura 6.28: Árvores cortadas dentro do canteiro de obra (Autor, 2015) ................ 114
Figura 6.29: Serviços públicos dentro do canteiro de obra (Autor 2015) ................. 114
Figura 6.31: Resíduos acumulados no local de obra (Autor, 2015) .......................... 115
Figura 6.32: Demolição das paredes interiores (Autor, 2015) .................................. 115
Figura 6.34: Móveis recuperados durante a demolição (Autor, 2015) ...................... 116
Figura 6.35: Tijolo maciço recuperado durante a demolição (Autor, 2015) ............. 117
2015)............................................................................................................... 118
Figura 6.38: Acesso precário e perigoso ao piso superior (Autor, 2015) ................... 119
Figura 6.39: Materiais aproveitados durante a demolição (Autor, 2015) ................. 119
Figura 6.40: Materiais aproveitados durante a demolição (Autor, 2015) ................. 120
Figura 6.41: Transporte do tijolo maciço e dos materiais metálicos (Autor, 2015) .. 120
....................................................................................................................... 121
Figura 6.43: Alguns dos portões recuperados, o portão da direita foi colocado na casa
....................................................................................................................... 123
....................................................................................................................... 123
....................................................................................................................... 128
Figura 8.5: Fluxograma dos diferentes tipos de demolição de acordo com a revisão
Figura 8.6: Esquema com as etapas da execução da demolição seletiva .................. 155
Lista de Quadros
Quadro 6.1: Atividades síntese das atividades realizadas durante os estudos empíricos
......................................................................................................................... 97
Quadro 6.3: Quadro síntese de comparação entre estudos de caso .......................... 126
Siglas, Abreviaturas e Símbolos
Cd Cádmio
Dióxido de Carbono
Pb Chumbo
Justificativa .............................................................................................. 29
Objetivos................................................................................................... 32
Estrutura da Dissertação........................................................................... 32
2.3.1.3 Reciclagem..................................................................................... 47
4.1 Introdução................................................................................................. 69
4.2.4 29 CFR 1926 Subpart t – Whether the demolition standard applies to moving
a residential structutre (Estados Unidos da América) ....................................... 73
4.2.8 Demolition – Best Practice Guidelines for Demolition in New Zealand (2013)
(Nova Zelândia) ................................................................................................ 78
1. Capítulo 1 – Introdução
Justificativa
Até o final do século XX, na Indústria da Construção Civil, o esgotamento dos recursos
não renováveis utilizados ao longo de toda a sua cadeia produtiva, os custos e prejuízos
causados pelo desperdício de materiais e o destino dado aos resíduos produzidos nesta
atividade não foram considerados como fatores de muita preocupação. A indústria da
construção brasileira não teve consciência ecológica, resultando em estragos ambientais
irreparáveis, agravados pelo excesso de migração ocorrido na segunda metade do século
passado, quando a relação existente de pessoas no campo e nas cidades, de 75% para
25% foi invertida, ocasionando uma enorme demanda de novas habitações
(MACHADO, MOUCO e SOARES, 2006).
A demolição não contém barreiras quanto à geração de entulho, o que produz uma
enorme quantidade de detritos que na maioria dos casos, são apenas adicionados aos
resíduos nos aterros sanitários. Devido às preocupações da comunidade sobre os
potenciais impactos e sobre o meio ambiente em áreas desenvolvidas, tornar-se cada
vez mais difícil a disponibilização de locais para aterros. Por outro lado, o fato dos
aterros tenderem a situar-se em zonas mais afastadas das áreas desenvolvidas, aumenta
os custos de transporte. Uma alternativa ao envio desses materiais para aterros
sanitários é escolher a desconstrução sobre o hábito mais comum que é a demolição
(COUTO e COUTO, 2010). Face às preocupações ambientais e à oposição pública,
estão sendo criados regulamentos para definir planos, com o intuito de reduzir o
descarte de resíduos sólidos em aterros sanitários (DANTATA, TOURAN e WANG,
2005).
Pulaski et al. descreve que os métodos atuais para a demolição de edifícios enfatizam
a reciclagem seletiva de resíduos. Muitos edifícios antigos contêm algum nível de
amianto, tinta à base de chumbo ou outros materiais potencialmente tóxicos que
apresentam risco para a saúde. Além disso, os projetos originais na maioria das vezes
não consideram o potencial da reutilização dos materiais e componentes de construção,
nem dão atenção ao processo de desconstrução. Estas questões proporcionam maiores
obstáculos para os empreiteiros de desconstrução ou demolição (PULASKI, HEWITT,
et al., 2003).
Assim torna-se importante procurar soluções para a fase final das edificações,
incentivando a prática de demolições mais sustentáveis, começando pela escolha
seletiva dos materiais que agregam mais valor para as empresas demolidoras envolvidas,
aplicando em pequenas construções. Até que futuramente seja empregado em grande
32
Objetivos
Estrutura da Dissertação
Por último são expostas todas as referências bibliográficas que foram consultadas
para o desenvolvimento e pesquisa deste trabalho e os apêndices A e B onde se
encontram as entrevistas e cheklist realizadas durante a pesquisa empírica.
35
2. Capítulo 2 – Resíduos de
Construção Civil
2.1 Enquadramento
A indústria da construção é um dos setores que mais recursos naturais consume, tendo
por isso grande responsabilidade na delapidação desses recursos e, por conseguinte, na
degradação do meio ambiente. Os resíduos resultantes desta indústria constituem uma
parte significativa do total de resíduos produzidos, sendo por isso, importante o seu
estudo. A melhor maneira de lidar com estes resíduos é, em primeiro lugar, evitá-los,
depois se deve tentar reciclar a maior quantidade possível. A incineração e a deposição
dos resíduos em aterros devem ser as últimas opções a ter em conta (MATEUS e
BRAGANÇA, 2006).
Figura 2.1: Impacto causado pela geração de resíduos de construção e demolição no canteiro
de obras na Região Metropolitana do Cariri Cearense em 2011, adaptado de (MARINHO e
SILVA, 2012)
Como qualquer outra atividade, a reciclagem também pode gerar resíduos, cuja
quantidade e características vão depender do tipo de reciclagem escolhida. Esses novos
resíduos, nem sempre são tão ou mais simples do que aqueles que foram reciclados. É
possível que eles se tornem ainda mais agressivos ao homem e ao meio ambiente do que
o resíduo que está a ser reciclado. Dependendo de sua periculosidade e complexidade,
estes rejeitos podem causar novos problemas, como a impossibilidade de serem
reciclados, a falta de tecnologia para os seus tratamentos, a falta de locais para dispô-
los e todo o custo que isto ocasionaria (ANGULO, ZORDAN e JOHN, 2001).
Quadro 2.1 : Classes e destinos dos resíduos da construção e demolição, segundo a Resolução
CONAMA 307 de 2002, adaptado de (KARPINSKI ET AL., 2009)
processo ou atividade que lhes deu origem, dos seus constituintes e características, e a
comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto
à saúde e ao meio ambiente é conhecido (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2004).
Justamente por serem tão danosos, alguns resíduos perigosos são descartados
aleatoriamente ou depositados no meio ambiente, pois não se sabe como lidar com eles
com segurança e espera-se que o ambiente absorva as substâncias tóxicas. Porém, essa
não é a solução correta para o problema, já que muitos metais e produtos químicos não
são naturais, nem biodegradáveis (SALADO e SICHIERI, 2016).
Prevenção e
Redução
Reutilização
Reciclagem
Eliminação
2.3.1.2 Reutilização
A Resolução CONAMA nº 307 de 2002, artigo nº 2 define que a reutilização “é o
processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo”. A reutilização
de materiais pode reduzir significativamente, ou evitar, a energia necessária para a
produção de novos materiais, para substituir aqueles já em serviço. Reduz o consumo
de energia a partir da reutilização de materiais e produz uma redução correspondente
47
Segundo Coelho e de Brito, sempre que possível, os materiais devem ser recuperados
em boas condições para serem reutilizados, incentivando as atividades comerciais de
venda dos materiais, a fim de garantir uma baixa relação de custo/lucro para cada
material recuperado. Já a reciclagem, embora positiva em termos ambientais e eficaz
em desviar os materiais dos aterros, pode não ser suficiente para dar uma vantagem
econômica sobre a demolição convencional: podendo neste caso ser necessário e muitas
vezes até preferível procurar o lucro real, com a venda de materiais e não apenas
cortando as despesas da disposição final (COELHO e DE BRITO, 2011).
2.3.1.3 Reciclagem
A reciclagem compreende todas as ações realizadas para o reaproveitamento dos rejeitos
produzidos pelo setor de construção civil. Todas as ações que tenham como objetivo
permitir a reutilização de materiais e/ou produtos, de modo a estender o seu ciclo de
vida e diminuir os problemas com a forma de deposição dos resíduos ou de emissão de
poluentes, são consideradas atividades de reciclagem. Os investimentos são todos os
ativos de longa duração usados na atividade de reciclagem. Enquanto, que os custos
para reciclar são todos os gastos necessários ao processo operacional da atividade de
reciclagem, que seriam o manuseio das máquinas e equipamentos, mão de obra,
insumos, etc. (PAIVA e RIBEIRO, 2011).
Um material reciclado ou é um elemento que passa através de, pelo menos, uma
transformação química da sua estrutura interna ou muda o seu estado físico. Enquanto
mantém as suas propriedades iniciais. Um exemplo é a reciclagem de metais, que pode
48
2.3.1.5 Eliminação
A eliminação é uma operação, que não seja de valorização, como por exemplo, o envio
dos resíduos para um aterro sanitário, ainda que se verifique como consequência
secundaria a recuperação de substâncias ou de energia.
49
Apenas um ou dois
recipientes no local
Não há necessidade de
trabalhadores para separar Custos de reciclagem mais
Centros de triagem
os materiais para reciclagem elevados
Um mercado, menos
informação para gerir
O que se contrapõe aos graves impactos causados pela grande quantidade de RCD que
são depositados, clandestinamente em terrenos baldios, áreas de preservação
permanente, margens e nascentes de córregos. A região, como a maioria das grandes
cidades brasileiras não possui espaços destinados à recepção adequada dos RCD,
conhecidos na literatura especializada como pontos de entrega voluntaria de resíduos
de construção civil. Esses espaços são definidos como sendo áreas licenciadas e
capacitadas para a recepção, triagem e destinação final correta desses resíduos. O
grande volume de resíduos dispensados pela construção civil gera impactos ambientais
significativos por sua disposição de forma incontrolada e sem critérios científicos
(MARINHO e SILVA, 2012).
Os materiais como a madeira, aço, pedra natural, tijolo, e concreto são alguns dos mais
encontrados nos edifícios na atualidade. É importante refletir como os seus sistemas
construtivos podem facilitar as atividades de demolição, e como é possível aumentar o
seu ciclo de vida, de modo a melhorar a eficiência do processo de reutilização e
reciclagem, dos elementos que estes materiais constituem, optando prioritariamente por
o reuso dos materiais em vez da sua reciclagem e modo a evitar a manufatura
(MATTARAIA, MARTINS e FABRICIO, 2016).
de exigir menos modificações nos materiais, tais como os orifícios dos parafusos, já o
aparafusamento simplifica a desmontagem. É necessário desenvolver outras tecnologias
que permitam a conexão entre materiais, para minimizar as modificações de fabricação,
tais como furos, encaixes ou prensas, selecionando tamanhos padrão e geometrias de
conexão que minimizam o uso de reforços e outros acessórios soldados, também facilita
a reutilização (WEBSTER e COSTELLO, 2005).
A madeira é um recurso natural renovável e, como tal, pode ter um impacto ambiental
muito baixo, quando comparado a outros materiais, além disso, há uma grande
possibilidade de reutilização. Se a madeira for classificada, e após, for colocado um selo
que forneça informações sobre a classe de resistência, o grupo e a origem das espécies.
Estas informações podem ser utilizadas para assegurar que a madeira se encontra
classificada por um perito. Os produtos de construção há base de madeira, tais como
madeira laminada colada e algumas vigas de grandes seções, meramente decorativas,
não são marcados com os selos de classificação, embora terá sido classificado no
passado. Muitos componentes de madeira que são recuperados a partir de estruturas
existentes contêm pregos e parafusos que devem ser removidos antes da reutilização ou
reciclagem. Isto é realizado manualmente, sendo um processo demorado, geralmente,
apenas se revela economicamente viável para itens de alto valor, tais como grandes
seções de vigas. Muitos componentes de menor valor terão de estar livres de pregos e
parafusos para que possam ser reciclados por picagem para a produção de placas
(HOBBS e HURLEY, 2001).
No caso da madeira como material de construção, têm sido feitos esforços nos últimos
anos para implementar estes princípios de projeto para a desconstrução, os edifícios
construídos com elementos de parede pré-montados woodframe podem ser facilmente
desmontados após a sua vida útil e a redução de produtos químicos na preservação da
madeira também facilita a reutilização como material secundário. No entanto, é ainda
necessário desenvolver e aplicar tecnologias de sensores analíticos robustos e eficientes
para garantir uma identificação correta das impurezas e contaminantes (HOGLMEIER,
WEBER-BLASCHKE e RICHTER, 2013).
A alvenaria tem uma longa história de reutilização. A pedra natural usada em edifícios
antigos foi muitas vezes reutilizada em novas construções E pode sempre voltar para a
pedreira e ser cortada como se fosse uma nova pedra, pois tem uma elevada
durabilidade e é fácil de desmontar se for colocada com argamassas de cal ou conexões
de encaixe, a argamassa mais utilizada é o cimento Portland. O tijolo é um dos
materiais mais populares disponível como material recuperado, no mercado atual, a
reciclagem de tijolos tem uma aparência confortável e acolhedora que os tornam fáceis
de recriar e serem produzidos em massa. A razão para ser recuperado com sucesso é
que as argamassas de cal são as mais suaves e podem ser facilmente removidas.
54
Poucos edifícios, na verdade, permanecem no seu estado inicial de construção por mais
do que alguns anos ou, no máximo, de algumas décadas. As alterações, reparações,
adições e manutenções, trabalham para alterarem continuamente o edifício, estando
este em constante mudança, em resposta às novas exigências do usuário e mudanças
das condições ambientais. Isto faz com que não exista, de fato, um só edifício, mas uma
série de edifícios diferentes ao longo do tempo (CROWTHER, 2001).
A construção civil reflete-se por meio da produção de resíduos provenientes das sobras
e do desperdício dos materiais de construção, que constituem os entulhos, sendo este
um dos principais danos causados ao meio ambiente, por serem normalmente deixados
em terrenos baldios, aterros limitados e margens de rios. O custo do impacto para uma
empresa é representado por penalidades como multa, ressarcimentos a terceiros por
prejuízos causados, recuperação de áreas degradadas entre outros fatores, que são
utilizados para penalizar estas empresas pela falta de mecanismos de proteção
ambiental (PAIVA e RIBEIRO, 2011).
Tal como se pode verificar na figura seguinte, as principais razões da origem dos
Figura 3.1: Caraterização dos resíduos de construção e demolição nos EUA, adaptado de
(SANTOS e BRITO, 2012)
ou não são conhecidos ou não são levados a sério, as demolidoras devem usar
tecnologias como a demolição seletiva em vez da demolição em massa, para
maximizar a taxa de recuperação de resíduos e de material útil;
Os contratantes geralmente não praticam a gestão e minimização de resíduos
no local. Todos os resíduos gerados são armazenados e transportados para
aterros sanitários. Os contratantes precisam incorporar planos de gestão de
resíduos nos seus documentos de propostas, a fim de melhorar a gestão dos
resíduos no local, economizar custos e gerar receitas provenientes de resíduos;
As empresas contratadas precisam exigir planos de gestão de resíduos
submetidos em concurso. Também precisam promover práticas de construções
ambientalmente sustentáveis e examinar a possibilidade de exigir a utilização
de uma determinada percentagem de materiais reutilizados na construção de
projetos;
Os recicladores e as saídas de materiais secundários geram receitas com a venda
de materiais e produtos secundários. Um dos principais determinantes do
sucesso desses serviços é a qualidade da saída. Isto depende da qualidade de
entrada do material. Por outro lado, mesmo que o reciclador consiga produzir
um bom material, ele ainda depende dos consumidores para comprá-lo e em
bom preço. Infelizmente, o preço do produto às vezes pode ser independente da
sua qualidade e depende apenas das condições de mercado. Os recicladores
devem manter uma boa reputação de fornecimento de material, isso requer um
bom controle da produção de alta qualidade e quantidade de material suficiente
disponível;
O governo é, provavelmente, um dos intérpretes mais importantes do
estabelecimento, de um mercado viável de materiais de construção secundário.
As atuais limitações de recursos financeiros e humanos têm um impacto
negativo sobre esse papel do governo (este atualmente não realiza tanta criação
de sensibilização, promoção de materiais secundários e investimento financeiro
como o necessário). O governo deve promover iniciativas que visem a utilização
de recursos sustentáveis. Como também deve defender o apoio de iniciativas de
reciclagem e a utilização de materiais reutilizados;
A valorização de resíduos em locais de construção e demolição é normalmente
realizada por coletores de resíduos formais e informais, demolidoras e
59
dia, porque a maior parte dos edifícios já construídos, não foram projetados para a sua
desconstrução (DORSTHORST e KOWALCZYK, 2001).
Segundo Guy, esta metodologia surge como um meio formal para aumentar a
recuperação e reutilização dos materiais resultantes das atividades de renovação e de
demolição de edifícios. A desconstrução também é chamada às vezes de recuperação,
mas por uma questão de clareza não é uma escolha selecionada, implicando apenas a
remoção dos materiais de maior valor, deixando o restante para descarte. A
desconstrução é uma estratégia de construção que abrange o desmantelamento de toda
a estrutura, para recuperar a máxima quantidade de materiais, de modo a que possam
ser reutilizáveis (GUY, 2001).
63
Oportunidades Restrições
Aumentar a segurança nos trabalhos/
Gestão de materiais perigosos trabalhados perigosos para a saúde do
trabalhador
Redução de aterros de resíduos Mais tempo necessário
Alguns autores Roussat, Dujet e Méhu definiram critérios que auxiliassem a avaliar a
sustentabilidade na demolição e gestão de resíduos. Estes critérios tiveram em conta os
aspectos de gestão de resíduos relativos ao desempenho econômico, ambiental, e social.
Definindo questões ambientais, que possam criar uma maior qualidade de vida para a
população, indicando impactos sanitários e ambientais, devido à dispersão de
substâncias perigosas (inicialmente contidos nos resíduos) para o ambiente. As questões
econômicas dizem respeito ao custo da demolição dos edifícios e aos custos de
eliminação de resíduos. Os custos são pagos pela comunidade urbana, e assim são pagos
pela população local indiretamente através dos impostos. Para as questões sociais,
foram considerados dois aspectos, o primeiro diz respeito ao emprego dos trabalhadores,
em relação à gestão de resíduos, este critério leva em consideração o número de novos
postos de trabalho e os riscos associados a estes trabalhos. E o segundo aspeto reflete
os impactos sobre a qualidade de vida, tais como as perturbações devidas ao local de
demolição e tráfego de caminhões e também a destruição das áreas naturais para
deposito dos resíduos obtidos (ROUSSAT, DUJET e MÉHU, 2009).
Este método tem como vantagem permitir um maior controlo durante a sua execução,
o que pode ser relevante, quando existe a intenção de reaproveitamento e separação de
determinados materiais construtivos. Como desvantagens aumenta a probabilidade de
66
De acordo como os métodos de demolição adotados pelas empresas dos estudos de caso,
decidiu-se fundamentar e estudar a demolição seletiva. Para muitos pesquisadores desta
área a demolição seletiva e a desconstrução são sinônimos, para outros diferem um
pouco na sua execução final, visto depender do gerenciamento de resíduos em obra.
Como o objetivo das pequenas empresas em estudo é selecionar os materiais com maior
procura e valor monetário no mercado, esses serão demolidos manualmente, de modo
a serem reutilizados, já aqueles elementos construtivos, muitas vezes elementos
estruturais, que persiste alguma dificuldade na sua demolição, devido à aplicação de
ligações químicas durante a sua construção, serão derrubados mecanicamente. Optou-
se então por realizar uma pesquisa no âmbito das boas práticas da demolição seletiva.
69
4.1 Introdução
Através de uma troca de e-mails com o Professor Engenheiro Paulo Grandiski, membro
de várias comissões de estudo das Normas Técnicas ABNT, tentou-se entender as
razões de que levaram ao cancelamento desta norma. No entanto, como se pode
verificar pela conversação no apêndice A, a justificação que levou ao cancelamento da
norma foi inconclusiva, pois segundo o Professor, a ABNT executou o cancelamento
sem o seu consentimento, prometendo que seria traduzida a norma americana referente
à execução de trabalhos de demolição, em sua substituição, mas nada foi avante.
71
Este capítulo foi elaborado com base na revisão bibliográfica sobre o processo de
execução da demolição e as medidas executadas anteriormente e posteriormente aos
trabalhos de demolição. O objetivo é realizar um levantamento da legislação
internacional e brasileira. São então apresentados vários documentos normativos de
diferentes países como, Brasil, Estados Unidos da América, Canada, Inglaterra,
Austrália e Nova Zelândia. Assim será elaborada uma análise comparativa de todas as
normas verificando os seus pontos em comum e as suas diferenças. Os documentos
internacionais abordados são:
Este documento será pouco abordado como base de comparação e análise entre as
diferentes normas escolhidas, devido ao fato de ser um documento que apenas contém
uma breve descrição sintetizada sobre as atividades da demolição. O propósito de estar
presente neste capítulo, deve-se ao fato de ser a atual referência vigente na área de
73
demolições nos Estados Brasileiros, visto que a NBR 5682/1977 se encontra cancelada
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Os principais pontos definidos por esta norma são as abordagens para a demolição, o
planejamento e gerenciamento de projetos, a documentão necessária para iniciar os
trabalhos de demolição e todo o conhecimento sobre o local de trabalho, como a
desativação dos serviços públicos, a identificação de estruturas perigosas, os perigos
para a saúde dos trabalhadores, que incluem a saúde e segurança dos trabalhadores no
local de trabalho, proteção das pessoas externas e do meio ambiente. Define também
os princípios, mecanismos e perigos da demolição estrutural e como evitar o colapso
estrutural não planejado, quais as estruturas temporárias para garantir a estabilidade,
75
A norma leva em conta a segurança, a saúde dos trabalhadores e as questões que afetam
a proteção do meio ambiente. Para os efeitos desta norma, as atividades de demolição
incluem, por exemplo, atividades que possam ser conhecidos como desmontagem total
e parcial, remoção, desativação, desconstrução total e parcial também conhecida como
“soft stripping”, e reforma estrutural, incluindo a renovação, reabilitação, reconstrução,
remodelação, recuperação, restauração, desenvolvimento, alargamento, conservação,
modificações, alterações, modificações estruturais e modernização. Esta não se aplica a
todas as atividades de reparação estruturais, só os que envolvem demolição parcial. É
essencial que aqueles que exercem atividades de demolição possuem os níveis de
competência necessários. Os clientes ou contratantes da demolição precisam garantir
que todos os empreiteiros, engenheiros e outros membros da equipe, sejam competentes
para cumprir os requisitos de saúde e segurança necessários para realizar as atividades
76
Esta norma foi desenvolvida pela Comissão de Normas Australianas, para substituir
AS 2601-1991: Demolição de Estruturas. O principal objetivo desta norma é fornecer
orientações aos gestores, engenheiros, empreiteiros e as partes interessadas sobre o
planejamento e os procedimentos para a demolição de uma estrutura. Na revisão da
norma, a Comissão teve em conta a experiência adquirida na aplicação da segunda
edição, a prevalência relativa dos tipos de estruturas demolidas atualmente e a
crescente tendência para a mecanização dos procedimentos da demolição
(STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001)
execução das atividades, em função do tipo de demolição escolhida. Dentro dos métodos
de demolição orienta a melhor forma de definir a sequência dos trabalhos e executar o
processo de demolição, tendo em causa o estado de que se encontra a nível estrutural
e como remover as substâncias perigosas contidas no edifício.
Este código de boas práticas foi desenvolvido para auxiliar no gerenciamento de riscos
de saúde e segurança associados aos trabalhos de demolição. É um código de conduta
aprovado ao abrigo da secção 274 da Saúde e Segurança do Trabalho da Austrália
(WHS). Este código de conduta foi desenvolvido pela Safe Work Australia como um
código modelo de prática sob o Conselho de Acordo Intergovernamental dos governos
australianos, para a reforma regulamentar e operacional em Saúde e Segurança no
Trabalho, adotado pelos governos de Commonwealth, estaduais e territoriais, como
sendo um código focado na prática, ou seja, é um guia prático para atingir os padrões
de saúde, segurança e bem-estar obrigados nos termos da Lei de Saúde e Segurança do
Trabalho (WHS).
Este Código fornece orientação prática para pessoas que conduzem um negócio ou uma
empresa em como gerenciar os riscos de saúde e segurança associados com o trabalho
de demolição. Aplica-se a todos os tipos de trabalhos de demolição. A orientação é
relevante para empreiteiros de demolição, bem como as pessoas que conduzem um
negócio ou empresa que têm uma gestão ou controlo dos locais, onde os trabalhos de
demolição são realizados, como contratantes principais.
Este código auxilia a identificar os materiais que contêm riscos para a saúde dos
trabalhadores e como se protegerem das substâncias tóxicas. Outro ponto discutido é
o planejamento dos trabalhos de demolição e o controlo dos riscos durante os trabalhos,
são também descritos alguns métodos de demolição como manual, mecânico e o uso de
explosivos. Para além da demolição de outras estruturas especiais como concreto
protendido, estruturas danificadas por incêndios, entre outras.
78
Estas diretrizes foram elaboradas pela New Zealand Demolition and Asbestos
Association (NZDAA), para informar os contratantes, empreiteiros, trabalhadores e
outros com funções no âmbito da Saúde e Segurança no Emprego, sobre as precauções
e práticas de segurança que devem ser seguidas quanto à realização de trabalhos de
demolição. Descrevem as atuais normas e procedimentos de melhores práticas da
indústria para uma demolição segura e eficiente de estruturas e edifícios, sendo
baseadas nas normas australianas (Australian Standards - AS), normas zelandesas
(New Zealand Standars - NZS) e britânicas (British Standard - BS).
Esta norma foi desenvolvida em resposta ao pedido feito em 1973 pela Comissão
Associada do Código de Construção Nacional do Canada. Não se destinando a fornecer
instruções passo-a-passo para os procedimentos da demolição, mas, em vez disso,
descrever os requisitos para precauções de segurança, a serem observados, de modo a
garantir a segurança do público, dos trabalhadores, e propriedades adjacentes. Como
orientação, o apêndice A descreve métodos para a demolição de diferentes elementos
da estrutura. Esta norma também descreve as precauções de segurança a serem
observadas e os procedimentos a serem usados antes, durante e após as operações de
demolição. Os procedimentos de demolição para ambos os métodos e a descrição das
falhas progressivas e sistemáticas. São indicadas recomendações para técnicas de
demolição de elementos estruturais específicos e tipos de estruturas, incluindo concreto
protendido (CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION, 2003).
79
Quadro 4.1: Análise comparativa sobre as categorias de análise estudadas que se encontram nas legislações
Categorias de NBR NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
Análise 5682 1926
Segurança na Ambiente
Demolição
Ferramentas
Supervisão e Formação
(supervisão (supervisão (supervisão
) ) )
Limpeza do Local
Equipamentos de
Proteção Individual
Equipamentos de
Proteção Coletiva
Medidas Preventivas
Prevenção e Proteção
contra Incêndios
Contenção de Fachadas
Processos de Demolição Manual
Demolição
Demoliçã Por tração
o ou
Mecânica compressão
83
Categorias NBR 5682 NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
de Análise 1926
Por Corte ou
Perfuração
Por impacto
da bola de
demolição
Por colapso
planejado
Demolição por processos
térmicos
(lança (maçarico e (lança
térmica) lança térmica)
térmica)
Demolição por processos
abrasivos
(hidro (corte com (hidro
demolição) lâmina demolição)
abrasiva)
Demolição por agentes
químicos
(explosivos (explosivos (explosivos e (explosivos) (explosivos) (explosivos) (explosivos)
) ) gás
expansivo)
84
Categorias de NBR 5682 NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
Análise 1926
Demolição por processos
elétricos
(Choque
elétrico e arco
voltaico)
Execução Desmon. de
do materiais de
Processo revestimento
Desmontage
m da
cobertura
Demolição
de paredes
divisórias ou
não
portantes
Demolição
de paredes
de fachada
ou
estruturais
85
Categorias NBR 5682 NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
de Análise 1926
Demolição
de
pavimento
Demolição
de Vigas
Demolição
de Pilares
Muros de
Contenção
Otimização Remoção, Separação e
da gestão de Armazenamento
(remoção) (remoção) (remoção e (remoção, (remoção) (remoção) (remoção, (remoção e
resíduos
armazena separação e separação e armazename
mento) armazenamen armazenamen nto)
to) to)
Transporte para a
destinação final
Limpeza do terreno
Número total de vistos por norma (40) 31 8 18 36 26 27 27 23
86
87
Para tal foi realizada uma pesquisa bibliográfica aprofundada com base em artigos,
anais de congressos, teses, dissertações, livros, manuais e legislação relacionadas com
os temas em estudo, demolição, demolição seletiva, desconstrução e gestão de resíduos
de construção civil. Com o cruzamento da legislação nacional e internacional sobre o
processo de demolição foi possível criar referências que permitissem desenvolver as
diretrizes para o planejamento de uma demolição sustentável em pequenos edifícios.
Por conseguinte, os três estudos de caso propostos, referentes a três empresas diferentes
Empresa 1 (E1), Empresa 2 (E2) e Empresa 3 (E3), focaram três pontos essenciais para
88
•Entrevista ao Responsável
•Acompanhamento da demolição
Estudo de
Caso 1 (E1) •Visita à loja de Revenda
•Entrevista ao Responsável
Estudo de •Acompanhamento da demolição
Caso 2 (E2)
•Entrevista ao Responsável
Estudo de •Visita à loja de Revenda
Caso 3 (E3)
YIN (2005) define que os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se
colocam questões do tipo “como“ e “por que“, quando o pesquisador tem pouco controle
sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos
inseridos em algum contexto da vida real. Este autor explica também que o estudo de
caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas
quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta
com muitas técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes
de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador:
observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e entrevistas das
pessoas nelas envolvidas (YIN, 2005).
1. Contratação da empresa;
2. Verificações antes da demolição;
3. Documentação para a demolição;
4. Segurança na demolição;
5. Execução do processo;
6. Otimização da gestão de resíduos.
Para o estudo empírico foram criados objetivos específicos, que apoiam a coleta de
evidências e através destas, elaborar uma análise crítica dos resultados. Posteriormente
à execução desta análise de resultados empíricos e repertório teórico adquirido, foram
desenvolvidas as diretrizes para auxiliar e melhorar o desempenho das atividades e
procedimentos a realizar no canteiro de obras. Para tal foi composto um quadro no
sexto capítulo que explicita como serão desenvolvidos os estudos de caso, originando
os seguintes objetivos:
O primeiro passo para o estudo de caso foi pesquisar pequenas empresas de demolição
seletiva de forma a viabilizar a pesquisa. Após a seleção das empresas foi enviado uma
carta via e-mail informando sobre o tema da pesquisa deste trabalho, e comunicar o
interesse em entrevistar os responsáveis pelo planejamento do processo da demolição
de cada empresa, realizando um breve questionário, encontrando-se este no apêndice
A, tal como as entrevistas realizadas. Apesar das dificuldades na comunicação com as
empresas, por não terem respondido ao e-mail enviado, verificou-se um grande interesse
das empresas que participaram nesta pesquisa, as participações durante a entrevista e
em obra foram imprescindíveis para a elaboração deste trabalho. Pois sem essa
colaboração não seria possível realizar as entrevistas. Como também obter autorização
para visitar o canteiro de obras e o local de armazenamento dos materiais em alguns
casos.
Contratação da empresa;
Verificações antes da demolição;
Documentação para a execução de demolições;
Segurança na demolição;
Execução da demolição;
Otimização da gestão de resíduos.
Dentro de cada categoria de análise foram escolhidas algumas perguntas, com o intuito
de compreender o funcionamento das pequenas empresas de demolição. Após a
realização de cada entrevista, efetuou-se o acompanhamento de obras de demolição
seletiva de modo a proporcionar uma maior aprendizagem e compreensão de como é
organizado e gerido os resíduos obtidos dentro do canteiro de obra.
Foi criado o Quadro 6.1 que explicita como serão desenvolvidos os estudos de caso.
Para esse quadro foram desenvolvidos uns objetivos específicos, de acordo com o que
se pretende analisar durante o trabalho empírico, sendo esses objetivos elaborados em
função das fontes de evidências que serão verificadas em cada estudo de caso, como se
pode confirmar a seguir, esses objetivos são:
Quadro 6.1: Atividades síntese das atividades realizadas durante os estudos empíricos ao longo da dissertação
Evidências Material
Objetivos Específicos: Entrevista com Observação em obra Visita à utilizado na
o responsável Fotografias Checklist Loja/Stock pesquisa
Verificar como é efetuada a venda dos materiais Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1
Questionário,
reaproveitados e efetuar uma análise sobre as Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2
Fotografias
oportunidades de mercado Empresa E3 Não se verificou Não se verificou Empresa E3
Não se aplica Não se verificou
97
15/04/2015 a
Contato com as Empresas via telefone
22/04/2015
Entrevista com o responsável pelas
23/04/15
demolições da empresa demolidora E1
Visita à loja de revenda dos materiais
23/04/15
da Empresa Demolidora E1
15/06/2015 a Acompanhamento de obra de demolição
18/06/2015 da empresa E1
Contato com a Empresas E2 e visita à
15/10/15
obra da Empresa E2
15/10/2015 a Acompanhamento de obra de demolição
20/10/2015 E2
Entrevista com o responsável pelas
16/10/15
demolições da Empresa Demolidora E2
Contato com a Empresa E3 por via
23/02/16
telefone
Entrevista com o responsável pelas
25/02/16
demolições da Empresa Demolidora E3
Visita à loja de revenda dos materiais
04/08/16
da Empresa Demolidora E3
98
Como tal, foram efetuadas algumas visitas a duas obras de demolição seletiva e um breve
acompanhamento do processo de demolição das habitações térreas. Em ambos os
processos se optou por iniciar por uma demolição manual, com o auxílio de equipamentos
manuais como martelo e a picareta, apenas é utilizado equipamentos mecânicos como a
escavadeira, para limpeza do terreno e remoção do entulho, ou para derrubar algum
elemento estrutural, que seja difícil a sua demolição manual. Para auxiliar esse
acompanhamento foi feito um registro fotográfico das obras selecionadas e o
preenchimento de um checklist que se encontra no apêndice B. Foi possível observar que
não existia qualquer tipo de documento em obra, como as medidas de segurança, um
plano de gerenciamento de resíduos, ou mesmo um cronograma para a execução dos
trabalhos.
Como é possível verificar nas imagens 6.2 e 6.3, o primeiro passo a ser dado durante o
processo da demolição seletiva é a remoção dos elementos não estruturais, como as portas
e janelas. Inicia-se então por retirar todas as esquadrias manualmente, para depois serem
revendidas. O depósito dos materiais é efetuado ao longo da habitação devido à falta de
espaço e a ausência de um local para o armazenamento em obra, até serem transportados
para a loja, onde serão vendidos os materiais.
Após serem retiradas todas as portas, janelas e grelhas metálicas, estas são enviadas para
a loja onde serão revendidas. O próximo passo a realizar é retirar toda a cobertura do
edifício. Durante esta tarefa é necessário ser extremamente cuidadoso, devido ao fato das
telhas cerâmicas serem um material muito frágil, partindo-se muito facilmente no
decorrer do processo de demolição, provocando assim, desperdício de material que poderia
ser reutilizado, como também o aumento da quantidade de resíduos em obra, acumulando
entulho no pavimento do local de trabalho.
No entanto, verificou-se que durante o processo de demolição existe uma grande produção
de resíduos, principalmente detritos de alvenaria, que correspondem às paredes interiores
e exteriores da habitação, como também detritos de telha cerâmica, que vão ser
posteriormente enviados para aterro ou para uma usina de reciclagem.
Constatou-se também que não existe nenhum tipo de separação em obra, nem
classificação de resíduos como se pode ver nas imagens seguintes, apenas uma junção de
todo o entulho e lixo acumulado que será posteriormente transportado por um caminhão,
para o local de despejo. Nesta obra não foi encontrado qualquer tipo de reservatório
adequado para os materiais e entulho, como por exemplo, caçambas ou Big Bags.
101
A figura 6.6, mostra que todas as instalações elétricas foram desativadas, de forma a não
provocar acidentes por choque elétrico durante o processo de demolição. Para segurança
de todo os trabalhadores, estes locais devem ficar devidamente assinalados, para reduzir
o perigo durante os trabalhos de demolição.
Figura 6.6: Instalações elétricas, assinaladas pelas setas a vermelho (Autor, 2014)
Figura 6.7: Habitação de piso térreo antes da demolição começar (GOOGLE, 2015)
Figura 6.8: Habitação a demolir já sem portas, janelas e coberturas (Autor, 2015)
103
Para finalizar foram demolidas a paredes exteriores e adjacentes aos edifícios vizinhos,
após todo o interior da habitação estar demolido, com auxílio de equipamentos manuais
e nos elementos mais resistentes com o derrube da máquina escavadora.
Alguns dos materiais recuperados, para além das portas, janelas e outros objetos
metálicos de valor, também foram recuperadas as telhas cerâmicas, as vigas de madeira,
os tijolos e as telhas de fibrocimento. No entanto, devido ao descuido dos trabalhadores
durante o processo de demolição, vários materiais foram quebrados, acumulando entulho
na obra, aumentando assim a quantidade de resíduos de demolição.
A visita à loja de revenda dos materiais foi realizada também no dia 23 de abril de 2015.
Por meio da entrevista foi possível entender o funcionamento do processo da revenda dos
materiais, verificou-se a preocupação da importância da gestão dos materiais dentro do
canteiro de obras, e que o desempenho do planejamento de uma demolição seletiva
previamente elaborado, pode ter um aumento da quantidade e da qualidade dos materiais
reutilizáveis.
Esta visita teve como objetivos verificar como é efetuada a venda dos materiais que são
reaproveitados das obras de demolição, e como é gerido e organizado o depósito desses
materiais. Tal como foi explicado pelo responsável da loja, existe bastante procura pelos
materiais em segunda mão, não só pelos seus preços inferiores em relação aos materiais
novos, como também pela qualidade superior de alguns materiais, que por vezes aumenta
o seu preço relativamente aos novos, que é o caso da madeira, por exemplo. Segundo o
responsável pela loja os materiais mais procurados são a madeira e o tijolo, que se justifica
pela sua elevada qualidade em comparação com os novos materiais fabricados.
A figura 6.16 mostra uma tabela dos preços que alguns materiais de construção são
vendidos. Todos os materiais à venda possuem o preço escrito no próprio artigo, de modo
a facilitar a venda dos produtos, haja vista não existir um registo com a quantificação
dos materiais existentes em loja.
Como se pode verificar nas figuras seguintes, existe uma grande variedade de materiais
recuperados à venda, apesar do estado de degradação em que se encontram alguns. Alguns
dos materiais encontrados precisam de uma recuperação ou manutenção, o que provoca
uma grande variação nos preços colocados.
107
Figura 6.16: Tabela de preços de alguns materiais recuperados disponíveis para revenda da
empresa E1 (Autor, 2015)
Nas pequenas obras de demolição, que existe uma prática mais manual na execução dos
trabalhos, torna-se possível a recuperação de grande parte dos materiais de construção,
em comparação com uma demolição mais mecanizada e dependendo também do interesse
do seu responsável, nos materiais a recuperar. Alguns dos materiais mais retirados para
revenda são a madeira, as telhas de fibrocimento, os lavatórios de cozinha com banca e
os lavatórios de banheiro, as portas e os portões, as janelas e os vidros. Existe uma grande
variedade dos materiais recuperados, tal como pode ser demonstrado nas seguintes
figuras.
Na figura 6.17 é possível verificar que existe uma grande diversidade nos tamanhos e
geometria das madeiras recuperadas. Como foi descrito na entrevista pelo responsável da
loja, este material é um dos mais procurados, principalmente por os Madeireiros, devido
à elevada qualidade que por vezes se encontra, como também o fato de atualmente certas
madeiras serem de espécies protegidas pelo Estado Brasileiro e como tal é proibido cortar,
elevando ainda mais o preço dessas espécies encontradas nas obras de demolição. É um
material com elevada taxa de reutilização, especialmente quando se encontra no seu
estado natural e não sofre grandes alterações durante o ciclo de vida do edifício ou
estrutura em que se enquadra, contém uma grande durabilidade e não polui o ambiente.
A Peroba Rosa é bastante procurada para fazer móveis.
108
O tijolo comum é outro material recuperado muito procurado, devido à sua qualidade
que pode ser superior em relação aos novos tijolos fabricados. É também um dos materiais
de construção mais utilizados em pequenas habitações de alvenaria.
109
Diferentes tipos de portas podem ser encontrados à venda, desde portas em ferro com
acabamentos em tinta a portas em madeira, em função das dimensões e feitios
pretendidos. De acordo com a figura 6.21 pode-se ver que algumas se encontram um
pouco degradadas necessitando de uma recuperação ou um acabamento.
Tal como a venda de portas, existe também uma grande variedade nos tipos e tamanhos
das caixilharias, algumas para além dos vidros trazem também proteção passiva, para a
luz solar, como portadas exteriores.
Para além de toda esta variedade, entre outros materiais que não foram demonstrados
neste trabalho, denota-se a falta de organização do local e cuidado com os
materiais/componentes recuperados, como se vê nas seguintes figuras, a carência de
limpeza e a ausência de um local coberto e protegido das variações climáticas e das
intempéries. Provocando assim uma diminuição no ciclo de vida dos materiais, como
também da sua qualidade para reutilização.
Por meio desta entrevista foi possível entender como são realizadas as demolições por
esta empresa, apesar de ser uma empresa de construção também executa trabalhos de
demolição. Compreendeu-se quais são as principais tarefas executadas e como são
112
executadas, quais os materiais mais recuperados e qual a sua procura a nível de mercado
de reutilizados e reciclados.
Como se pode ver na figura seguinte, a obra de demolição já tinha sido iniciada quando
se começou a fazer o seu acompanhamento. O compartimento central da habitação já
não possuía cobertura nem algumas paredes interiores e exteriores, os elementos não
estruturais, como portas e janelas já tinham sido retirados, como todos os objetos soltos
interiores.
113
Foi possível verificar no local da obra o acumular de resíduos no pavimento, não existindo
locais específicos para o seu depósito, ficando assim os resíduos de demolição misturados
e amontoados num canto da obra ou até mesmo no local de passagem dos trabalhadores,
como se pode observar.
Outro aspeto que pode ser observado, é o corte das árvores dentro do canteiro de obras,
como se pode ver na seguinte figura. Sendo que por lei é necessário que um perito enviado
pelo governo local identifique as árvores expostas, caso exista espécies protegidas, o
proprietário do terreno será notificado e estas estarão isoladas durante o processo de
demolição para não serem danificadas. Este é um exemplo em que não foi comprida a lei
e que o responsável optou por cortar, para evitar que as espécies fossem reconhecidas,
podendo ser penalizado legalmente pelo ato cometido, não informando a Prefeitura da
cidade.
114
O responsável garantiu que antes de iniciar a demolição os serviços públicos como água,
eletricidade, gás, etc., já tinham sido notificados e desativados, para este canteiro de
obras.
Alguns objetos, como móveis e bancadas de cozinha, foram retirados durante o processo
de demolição com o objetivo de serem reaproveitados, como se pode verificar na imagem
seguinte a 6.34.
O tijolo maciço foi dos materiais mais recuperados, para não se misturar com o entulho
dentro do canteiro de obra foi armazenado na calçada, ficando desprotegido contra roubos
e correndo risco de cair em algum pedestre ou viatura. Apesar de ser uma situação
temporária o responsável pela demolição não colocou tapumes nem teve o cuidado de
escolher outro lugar para armazenar este material, sendo no final da demolição
transportado para o destino final por um caminhão.
117
A madeira foi outro tipo de material retirado e recuperado, para além de ter sido
armazenado e vendido em obra. Esta madeira encontrada na seguinte figura é a madeira
comum, pois a Peroba Rosa a madeira estrutural, já tinha sido vendida após ser retirada
do edifício.
Figura 6.37: Armazenamento dos equipamentos para auxílio na demolição (Autor, 2015)
Foi possível observar que para além de tijolo maciço e a madeira, outros materiais
também foram recuperados para venda como portões de ferro, janelas e portas tanto em
ferro como em madeira, nota-se que existe uma falta de rigor e cuidado durante a
execução dos trabalhos e no seu armazenamento, devido à falta de interesse do
responsável em preservar algum materiais e elementos construtivos e devido à escassa
formação dos trabalhadores.
Figura 6.41: Transporte do tijolo maciço e dos materiais metálicos (Autor, 2015)
Após a revenda dos materiais e toda a demolição manual ser realizada, executa-se a
demolição mecânica, este tipo de demolição é elaborado com o auxílio de uma máquina
como se pode ver na figura 6.42, normalmente serve para derrubar as paredes mais
resistentes que possam conter armadura. Depois do empuxe de todas as paredes é a vez
da laje de fundação e para finalizar a limpeza do terreno. É necessário o terreno ficar
pronto para a próxima construção, então será retirado todo entulho e depois transportado
121
por um caminhão para o aterro da cidade. Para finalizar foi demolido o muro de vedação
manualmente para reaproveitamento do tijolo maciço.
Tal como já foi descrito anteriormente, para o terceiro estudo de caso também foi
realizada uma entrevista ao responsável pela empresa de demolição, que também é o
responsável pela revenda dos materiais recuperados. A entrevista foi realizada no dia 25
de fevereiro de 2016, e encontra-se disponível no apêndice A.
Por falta de obras de demolição não foi possível fazer o acompanhamento da execução de
uma demolição seletiva realizada por esta empresa.
122
A visita à loja de revenda dos materiais foi realizada no dia 4 de agosto de 2016. Por
meio da entrevista ao responsável foi possível entender o funcionamento do processo da
revenda dos materiais, em que após a sua remoção, este são estocados em obra para
depois serem transportados para a loja. A loja é um local de estocagem dentro da casa
do proprietário da empresa de demolição, com pouco espaço e em condições bastante
precárias, sem qualquer proteção contra intempéries, ficando distribuídos pelo jardim em
contato com o solo, acabando por enferrujar e degradar parte dos elementos expostos,
como portas, janelas, grades metálicas, portões, entre outros. O proprietário possui
também outro local para estocagem, que utiliza para guardar alguns dos materiais para
revenda.
Com esta visita foi possível observar como é gerido e organizado o depósito dos materiais
e elementos reaproveitados das obras de demolição. Tal como foi explicado pelo
responsável da empresa durante a entrevista, existe bastante procura pelos materiais em
segunda mão, não só pelos seus preços inferiores em relação aos materiais novos, como
também pela qualidade superior de alguns materiais, que por vezes aumenta o seu preço
relativamente aos novos, que é o caso da madeira, por exemplo. Mas existe também uma
procura de elementos construtivos, com valor histórico, como portas de fazendas antigas,
ou candelabros, entre outros, elementos com pormenores artísticos, que após o seu
restauro podem ser vendidos a um preço muito superior ao original.
Figura 6.43: Alguns dos portões recuperados, o portão da direita foi colocado na casa do
proprietário, como portão da entrada da loja dos materiais de demolição (Autor, 2016)
123
Como se pode ver nas seguintes figuras os materiais mais encontrados foram portas de
madeira e portões de metal, algumas janelas e grelhas metálicas. É possível também
verificar que não existe nenhuma sequência de organização, os elementos são apenas
depositados aleatoriamente pelo local, muitas vezes uns sobre os outros, sem nenhuma
preocupação quanto às intempéries, animais ou até mesmo danos provocados por os
materiais sobrepostos.
somente cresce quando todos ganham alguma coisa. A opção mais fácil e mais rápida
para uma demolidora é demolir um edifício o mais rapidamente possível e ganhar o
máximo que puder vendendo os materiais obtidos, partindo do princípio que a empresa
é proprietária dos materiais. As empresas demolidoras sempre tentarão reduzir ao
máximo a quantidade de material despejado em aterros, por causa do seu custo. Estas
empresas resgatam e reaproveitam os elementos e materiais que podem ser facilmente
retirados de uma construção e que possuem um valor alto o suficiente para cobrir os
esforços e cuidados necessários, para mantê-los em boas condições, ou seja, nenhuma
demolidora irá preservar um elemento que não possa ser vendido rapidamente, mantendo
assim os seus custos de armazenamento baixos, principalmente se forem necessários
cuidados especiais para a remoção do material, para garantir que possa ser reutilizado.
Em geral, os modernos processos de demolição são altamente mecanizados e requerem
instalações e equipamentos caros. Existem fortes pressões comerciais para garantir a plena
utilização e a demolição de edifícios o mais rapidamente possível. Como as empresas de
demolição podem ser facilmente encontradas por meio de associações comerciais, na
internet ou em listas telefônicas, é importante considerar o seu grau de especialização
(ADDIS, 2006 (2010)).
Durante a pesquisa bibliográfica, surgiram algumas perguntas sobre a gestão dos resíduos
e como é executada no canteiro de obras. Com o conhecimento adquirido durante a
realização do estudo empírico, tornou-se possível responder e discutir algumas questões,
tais como:
Para entender a destinação final dos resíduos de demolição foram realizados três estudos
de caso discutindo a execução das operações de demolição seletiva de três pequenas
empresas. Por meio da monitorização das atividades de demolição, conversando com os
empreiteiros responsáveis e observando a gestão de resíduos no canteiro de obras, foi
possível compreender a importância da escolha do método de demolição, uma vez que
influência gradualmente a qualificação dos resíduos obtidos como examinado na revisão
da literatura.
Conclusões semelhantes foram alcançadas com base nos diferentes estudos de caso. Após
a aprovação do alvará de demolição pela prefeitura, não foi encontrado nenhum
documento em obra, apenas é realizado uma vistoria visual por parte do responsável para
verificar quais os materiais e elementos de maior valor comercial. Nem existe um
planejamento das atividades a executar apenas a prática convencional. Por conseguinte,
verificou-se que estas empresas de demolição usam o mesmo processo de demolição
seletiva, iniciado por uma demolição manual de modo a recuperar o máximo de materiais
e elementos construtivos possíveis e posteriormente uma demolição mecânica com o
auxílio da máquina escavadora, para derrubar os elementos da estrutura mais reforçados,
por vezes vigas e pilares de concreto armado, que inicialmente não foi possível demolir
manualmente ou até o pavimento térreo e as fundações, finalizando com limpeza do
terreno.
Além destes, todos os materiais metálicos são recuperados, entre outros elementos como
portas, janelas, banheiros, móveis, cozinhas, vidro e telhas de fibrocimento. Pela falta de
cuidado dos trabalhadores durante a demolição, é acumulado uma grande variedade de
resíduos. Tudo o que se torna resíduo é misturado no local e é enviado para o aterro da
cidade, para depois ser reciclado. Se houver argamassas e concreto, estes são reciclados e
transformados em detritos para pavimentação de estradas, calçadas e até mesmo bancos
de parque. Pode-se concluir que a escolha do tipo de demolição tem uma grande influência
sobre a qualidade e a quantidade de material recuperado, e também a quantidade de
resíduos formados.
e CHANDRA, 2014).
A estrutura a ser demolida está perto da população (por exemplo, num centro
altamente congestionado de áreas habitacionais);
Uma estrutura contaminada por substancias tóxicas requer técnicas de demolição
especiais e manuseio de materiais para evitar o agravamento das condições
perigosas, como também equipamentos de proteção específicos para os
trabalhadores;
A estrutura a ser demolida tem um valor histórico em certos elementos ou até a
própria fachada deve ser preservada;
Um edifício com características estruturais especiais requer uma demolição com
técnicas especiais (por exemplo, edifícios com danos estruturais significativos,
etc.);
Partes dos edifícios devem continuar em fase de utilização, enquanto em outras
partes adjacentes, são executados os trabalhos de demolição;
Elementos construtivos com alto valor comercial ou histórico são recuperados
para venda ou para reutilização.
Para tal este capítulo foi dividido em seis partes que correspondem a diferentes etapas
do processo da demolição no qual se decidiu chamar de categorias de análise, sendo a
primeira referente à escolha da empresa que irá executar a demolição, seguindo-se as
verificações a serem realizadas antes de iniciar os trabalhos de demolição, ou seja, as
vistorias a serem efetuadas ao edifício, a caracterização dos materiais constituintes, a sua
toxidade, e o estado em que se encontra o edifício. A terceira categoria descreve a
documentação que sustenta o processo, que é exigida pela prefeitura municipal da cidade
131
Contratação da empresa
Segurança na demolição
Execução do processo
Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 3 e 5
AS 2601:2001 Anexo B
BS 6187:2011 Seção 6
De acordo com a NBR 5682 DE 1977, define-se por contratante a pessoa física ou jurídica
de direito público ou privado que, promove a execução dos serviços de demolição, através
do contratado, técnica, jurídica e financeiramente habilitado. Entende-se por contratado
a pessoa física ou jurídica de direito privado, legalmente habilitada, que se obriga à
132
execução de serviços e/ou obras na forma estabelecida pelo contratante e de acordo com
a legislação em vigor (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
O contratante deve estar ciente de quaisquer responsabilidades diretas sob o seu dever
de cuidado e receber aconselhamento profissional adequado. Todas as atividades de
demolição devem ser planejadas, projetadas e realizadas dentro do seguinte acordo de um
contrato formal escrito. Este deve ser celebrado e assinado tanto pelo cliente (ou seus
representantes legais) como pela empresa contratada pelas atividades de demolição. O
contrato deve conter uma cláusula que elimine a possibilidade do contratado
subempreitar ou firmar qualquer acordo com terceiros, relativo a uma parte do contrato,
sem o consentimento escrito do contratante. Em relação aos prazos impostos, deve ficar
clara a posição do contratado ao não cumprimento dos prazos e as interferências que
justifiquem demoras ou paralisações (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011)
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
O contrato formal por escrito deve ser realizado entre o proprietário do imóvel e a
empresa demolidora contratada. A preparação da proposta e outros documentos do
contrato devem ser elaborados com assessoria de um profissional especializado. Além das
condições exigidas no contrato, deve ser dada uma especial atenção aos seguros, sendo
estes o seguro de acidentes de trabalho, o seguro de responsabilidade civil e o seguro da
garantia contratual (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 5 e 6
AS 2601:2001 Anexo A
BS 6187:2011 Seção 4, 5, 7, 8 e 10
CFR 1926 Subpart T 1926.850 e 1926.859
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 3, 4, 5 e 7
Code of Practice (AS) Seção 2 e 4
NR 18.5 18.5.1 e 18.5.2
Verificações antes da
Demolição
Inspeção do Inspeção
Local Estrutural
Valor Histórico
Caraterização Substâncias Edifícios Serviços
dos elementos
do Edifício Perigosas Adjacentes
arquitetônicos
Públicos
Bifenilos
Agentes
Amianto Chumbo Policlorados Sílica
Patogênicos
(PCB)
Antes das operações de demolição começarem, uma vistoria ao local deve ser realizada,
incluindo, se necessário, um levantamento de todo o edifício, para determinar o tipo de
construção e os materiais constituintes, a condição da estrutura e a sua relação com as
construções vizinhas, e as condições do local (CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION, 2003). Os métodos de trabalho devem, portanto, enfatizar a importância
do planejamento e dos levantamentos antes de qualquer trabalho ser realizado. As
vistorias exigidas devem ser explícitas, tais pesquisas podem ser intrusivas para garantir
uma inspeção adequada do estado atual da estrutura. As inspeções devem executar as
avaliações estruturais formando uma base fundamental para a manutenção da
estabilidade do edifício, adequada sempre que necessário, de modo que a terminologia e
os requisitos sejam claros para evitar qualquer dúvida (NEW ZEALAND DEMOLITION
AND ASBESTOS ASSOCIATION, 2013).
As atividades de demolição iniciam-se com uma visita ao local para examinar o edifício,
que consiste no levantamento visual, dentro e fora do edifício, para estimar o tipo de
materiais, a condição geral da estrutura e o que a rodeia. Para além da localização dos
serviços públicos que serão desativados antes dos trabalhos de demolição começarem.
Também é útil observar as condições básicas, tais como danos causados por incêndios,
inundações, podridão, e possíveis perigos biológicos, tais como restos de animais. Em
suma, o objetivo da visita ao local é ter o conhecimento real do estado atual do edifício,
especialmente os elementos que garantam a sua resistência e estabilidade, para
determinação dos métodos e técnicas de desmontagem e demolição mais adequados. A
pesquisa realizada ao local de trabalho deve reunir informações sobre aspectos do
ambiente construído que futuramente possam representar riscos para a saúde e segurança
dos trabalhadores.
Quando se executam demolições de edificações onde tenham sido usadas substâncias que
apresentem elevado risco para a saúde, tais como tintas à base de chumbo e amianto,
substâncias que causem poeiras ou fumos nocivos à saúde, substâncias radioativas, etc.,
é importante tomar todas as precauções especiais indicadas para cada caso
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977). Quando a presença
de tais substâncias é aparente ou suspeita, devem ser realizados testes que comprovem a
sua existência e o perigo eliminado antes da demolição ser iniciada (OCCUPATIONAL
SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION, 2016).
Sempre que a avaliação pré-contratual indicar que o solo ou edifício do canteiro de obras
possa estar contaminado, será realizado uma investigação ao solo e ao edifício. A
investigação deve ser executada por uma pessoa competente, que compreende os
problemas, perigos e riscos associados à recolha de amostras, e as precauções adequadas,
137
que devem incluir uma avaliação de qualquer material perigoso encontrado, e confirmar
se os contaminantes presentes serão um risco à saúde dos trabalhadores, devido à sua
inalação, ingestão ou contato com a pele. O monitoramento deve ser iniciado e mantido
durante o prosseguimento da demolição, para garantir que os locais de trabalho estejam
de acordo com o planejado (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011). É importante
coordenar com o empreiteiro as atividades que concernem à remoção do material
contaminado, evitando danificar os materiais recuperáveis. É fundamental planejar essas
atividades, e notificar em caso de atrasos ou imprevistos, de acordo com a gestão de
tempo do cronograma geral do projeto.
Gases, vapores, fumos e poeiras que podem ser inaladas e que podem ser
cronicamente tóxicos, alergênicos, fibrogênicos, cancerígenos ou asfixiantes;
Poeiras, e líquidos em contato com a pele que podem ser tóxicos ou corrosivos ou
dar origem a, por exemplo, dermatite ou câncer;
Poeiras inertes que em grandes quantidades podem causar, por exemplo, irritação.
As condições das construções vizinhas e outras que possam vir a ser afetadas, e a sua
relação com a edificação a ser demolida, devem ser consideradas, levando em conta a
existência de arrendamentos temporários, direitos de terceiros, paredes divisórias ou
portantes comuns e outras possíveis implicações. As construções adjacentes à obra de
demolição devem ser examinadas, prévia e periodicamente, no sentido de ser preservada
a sua estabilidade e a integridade física de terceiros (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1977), (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015).
que os trabalhos não venham a causar inconvenientes ou vir de encontro aos direitos dos
proprietários vizinhos. Em muitos casos isto implica numa vistoria completa dos prédios
adjacentes e do seu conteúdo, sendo muito recomendável que sejam tiradas fotografias
para registro e futura consulta (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977).
Também é importante que outros edifícios em torno do local de demolição não sejam
adversamente afetados pela vibração ou choque durante o processo de demolição.
Nenhuma parte do processo de demolição deve causar inundações ou a penetração da
água em qualquer edifício adjacente (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).
determinada, como podem ser especialmente perigosas durante qualquer demolição com
máquinas. Todos os trabalhadores são informados sobre a localização de qualquer serviço
existente ou realocado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION, 2016).
Além das infraestruturas habituais e visíveis (gás, eletricidade, etc.), reguladas através
de contratos de abastecimento, há a necessidade de verificar se existem ligações antigas
ou clandestinas, que em geral, não são facilmente detectáveis na fase de visita ao local e
que durante os processos de demolição ou das novas construções, poderão criar situações
inesperadas de alto risco.
Um edifício a ser demolido, com muitos anos de existência, é comum que os elementos
incorporados e, em particular a estrutura estejam danificados de alguma forma. A causa
determinante da degradação dos materiais tem origem em lesões de envelhecimento e
operações relacionadas, que envolveram uma redução da resistência. Por isso não é fácil
saber a resistência de todos os outros elementos.
Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 5 e 6
AS 2601:2001 Seção 2 e Anexo A
BS 6187:2011 Seção 5, 8 e 12
CFR 1926 Subpart T 1926.850 e 1926.859
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 4
Code of Practice (AS) Seção 3 e Anexo B
Depois das verificações iniciais devem ser obtidas todas as permissões, autorizações ou
alvarás/licenças que são necessárias para iniciar os trabalhos de demolição e se for
necessário colocar em prática qualquer medida especial, como trabalhos em estruturas
perigosas. Atualmente, para um pequeno edifício ser demolição apenas é obrigatório o
alvará de demolição. Deve-se então tomar consciência de que é necessário a
implementação de um plano que gerencie todas as atividades da demolição, que sejam
planejadas inicialmente, propondo medidas de segurança e gestão de resíduos dentro do
canteiro de obra.
As obras de demolição devem ser planejadas de tal forma que seja efetuado um sistema
de trabalho que leva em consideração a segurança, saúde, meio ambiente, e eficiência.
Todos os envolvidos para a execução do contrato, devem assegurar um planejamento
eficaz, a comunicação entre todos, e o fornecimento de tempo suficiente para permitir a
execução de um projeto bem-sucedido e eficiente. Os prazos necessários para a aquisição
das licenças ou autorizações devem estar descritos na programação dos trabalhos. Depois
do contrato ser adjudicado, antes do início dos trabalhos, o contratante deve determinar
a sequência das operações e os seguros propostos numa avaliação dos riscos comparativos,
141
Documentação para a
Demolição
Medidas de Plano de
Plano de
Segurança e Gestão de Licenciamento
Demolição
Saúde Resíduos
Alvará de
Demolição
O plano de demolição deve ser considerado como um documento que deve estar presente
no local de trabalho e deve ser atualizado sempre que houver mais informações disponíveis
no decorrer do projeto, sendo disponibilizado para todas as partes envolvidas no trabalho,
como parte da divulgação de informações sobre o local (BRITISH STANDARD
INSTITUTE, 2011), (STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001).
7.4.4 Licenciamento
para prescrever após a sua emissão. Os documentos necessários para a sua requisição na
prefeitura municipal da cidade estudada no interior do Estado de São Paulo são:
Antes das operações de demolição, todas as licenças necessárias serão obtidas e todas as
partes susceptíveis de serem afetadas serão notificadas da intenção de demolir com tempo
suficiente para tomar qualquer ação necessária da sua parte (CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION, 2003).
Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 5 e 6
AS 2601:2001 Seção 1
BS 6187:2011 Seção 5, 11, 12, 13,
15 e 20
CFR 1926 Subpart T 1926.851
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 3, 4 e 5
Code of Practice (AS) Seção 2
NR 18.5 18.5.3, 18.5.4, 18.5.5
e 18.5.6
Antes do início de cada trabalho de demolição, o empreiteiro deve tomar uma série de
medidas para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores no local de trabalho. Estas
operações preparatórias envolvem um planejamento global dos trabalhos de demolição,
incluindo os métodos a serem usados para desmantelar a estrutura, o equipamento
necessário para executar os trabalhos, e as medidas a tomar para a realização de um
146
Ambiente
Ferramentas
Segurança na Demolição
Supervisão e Formação
Limpeza do Terreno
Equipamentos de Proteção
Individual (EPI)
Medidas Preventivas
Contenção de Fachadas
7.5.1 Ambiente
Nos casos em que a demolição é realizada em lugares muito expostos ao ambiente, devem
ser tomadas providências cuidadosas prevendo a possibilidade de mudanças climáticas
repentinas que possam vir a afetar o ritmo dos trabalhos ou provocar qualquer colapso
prematuro. Antes de programar qualquer parte dos trabalhos de demolição, o contratado
deve considerar as condições meteorológicas. Deve-se ter cuidados especiais com os
possíveis efeitos de ventanias e tomar precauções para evitar a inundação do local da
demolição (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION, 2003), (STANDARDS AUSTRALIA
INTERNATIONAL, 2001).
7.5.2 Ferramentas
Antes de iniciar a demolição, devem ser removidos todos os resíduos encontrados dentro
do canteiro de obras. Cabe ao contratado sanificar o imóvel a ser demolido combatendo
ratos, baratas, etc., os produtos usados devem ser tais que não apresentem riscos de vida
aos trabalhadores (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015).
As árvores ou outras vegetações não devem ser removidas sem instruções precisas, deve
conter no contrato uma descrição e desenho ou planta, indicando as suas posições. No
caso em que as mesmas devam permanecer, serão relacionadas e numeradas, pois devem
ser protegidas de possíveis danos ao tronco e galhos por cercas apropriadas. Estas cercas
devem ficar a uma distância mínima de 1 metro da copa, mas se possível a uma distância
maior. As árvores que permanecerem não devem ser usadas de nenhuma maneira possível
como auxílio dos trabalhos de demolição. Os veículos pesados devem ser mantidos
afastados para evitar danos aos ramos e às raízes por compressão do solo. Se forem
executados trabalhos de escavações, estes devem ser realizadas nas proximidades, com
cuidado para que não sejam causados danos às raízes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1977), (STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001).
Devem ser tomadas medidas para evitar que choques ou vibrações venham a causar danos
a propriedades vizinhas, a tubulações e linhas de distribuição, ou ainda que fragmentos
projetados causem estes mesmos problemas. Também devem ser tomadas precauções para
impedir a penetração de água nos terrenos ou construções vizinhas. Quando o subsolo
estiver construído abaixo do lençol freático deve ser colocada uma sobrecarga para
impedir a flutuação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 6, 7 e 8
AS 2601:2001 Seção 2, 3 e Anexo E
BS 6187:2011 Seção 14, 17 e 19
CSA:1980 (R2003) Seção 4
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 6
Code of Practice (AS) Seção 3 e 5
Existe uma variedade de métodos de demolição que podem ser utilizados individualmente
ou combinados, em toda a edificação ou em diferentes partes. Os métodos de trabalho
devem ser elaborados após a conclusão das avaliações de risco definidas pela inspeção
estrutural. As precauções de segurança relevantes para cada método de trabalho precisam
ser claramente definidas, para que todos os trabalhadores estejam plenamente conscientes
das exigências. Em geral, a escolha da técnica deverá permitir a reutilização e/ou a
reciclagem de materiais resultantes da demolição. Todos os trabalhadores devem estar
familiarizados, e adequadamente treinados, com a utilização das máquinas, ferramentas
e equipamentos que serão necessários para operar a demolição (BRITISH STANDARD
INSTITUTE, 2011), (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).
153
Figura 7.5: Fluxograma dos diferentes tipos de demolição de acordo com a revisão normativa
Deve ser retirado primeiramente o telhado para diminuir o peso sobre as janelas e portas
e assim facilitar o desmonte destes elementos. A desmontagem em planos inclinados deve
ser iniciada pela cumeeira e seguindo o sentido descendente, até ao beiral. Durante a
157
Após a remoção da cobertura procede-se à demolição das paredes não portantes, como
paredes divisórias e revestimentos, e paredes externas não estruturais. Deve ser dada
atenção ao fato de que em certas estruturas lineares os painéis entre os elementos têm a
função de transmissão de esforços e, portanto, a sua remoção ocasionaria a instabilidade
da estrutura restante (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
As paredes de alvenaria, ou outras seções de alvenaria, não devem cair sobre os pisos do
edifício, ao ponto de exceder a capacidade de carga de segurança dos pavimentos.
Nenhuma seção de parede, que é mais do que um andar de altura, será permitida ficar
sem escoramento lateral, a menos que essa parede seja originalmente concebida e
construída para ficar sem esse apoio lateral, e esteja em uma condição segura e suficiente
para ser auto-sustentável (OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH
ADMINISTRATION, 2016). A demolição deve ser progressiva, andar por andar, levando
em consideração o tipo de estrutura em causa. Não devem ser amontoados fragmentos e
detritos em lotes de altura superior a 2 metros do piso, principalmente exercendo empuxo
lateral contra as paredes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
1977).
qualquer demolição da estrutura começar. Sempre que possível, os painéis devem ser
removidos por um guindaste. Os pontos de elevação originais ou acessórios não devem
ser utilizados para levantar ou apoiar um painel durante a sua remoção se estiverem
degradados ou corroídos. Antes de remover qualquer painel individual, deve ser
plenamente apoiado, tanto na vertical quanto na horizontal, acima do seu centro de
massa, de modo a impedir qualquer movimento de rotação súbita, durante o seu
desprendimento da estrutura de suporte (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).
As paredes de concreto devem ser cortadas em faixas e demolidas como se fossem pilares
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977). Se forem estruturais,
deve-se desmantelar previamente todos os elementos de construção localizados acima
destas, tais como, lajes entre outros, piso por piso. Se a parede tem apenas função de
preenchimento, o desmantelamento deverá ser efetuado depois de ser retirada a laje de
cobertura (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).
159
Quando as vigas são contínuas de duas seções consecutivas, é necessário ter em atenção
na seção central da laje, que não deve ser cortada. E em que condições a laje da cobertura
se encontra, em caso de deformação ou queda. As cargas suportadas pelos escoramentos
a serem transmitidas pelos elementos estruturais que estavam em boas condições, não
160
devem exceder a sua carga admissível. Os escoramentos devem ser executados de baixo
para cima, no sentido oposto ao processo de remoção e inicia-se pelos vãos em balanço.
É necessário ter cuidado nas zonas junto a instalações sanitárias, canalizações e chaminés
(GENERALITAT DE CATALUNYA DEPARTAMENTE DE MEDI AMBIENTE,
1995).
Para a remoção das vigas é importante que exista um cabo de suporte nas extremidades
a apoiar estes elementos. O concreto deve ser cortado nas extremidades, expondo a
armação. Esta deve ser colocada de tal maneira que a viga possa ser baixada lentamente
para o solo ou piso (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION, 2003).
Após a demolição das lajes, vigas e todos os elementos estruturais que descarregam nos
pilares, deverá ser executada a demolição destes, cortando os pilares pela base. Se o pilar
é de concreto armado, devem-se cortar as armaduras de uma das faces e, por tração
controlada fazê-lo cair sobre o pavimento, com o auxílio de uma corda. Por último, corta-
se as armaduras da outra face (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977).
Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 6 e 7
BS 6187:2011 Seção 12 e 18
CFR 1926 Subpart T 1926.852, 1926.853,
1926.854 e 1926.857
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 5 e 8
Code of Practice (AS) Seção
NR 18.5 18.5.7, 18.5.8, 18.5.9,
18.5.10 e 18.5.12
É importante planear o sistema de remoção e separação dos resíduos, devido aos grandes
condicionalismos que estes apresentam, em termos da ocupação de espaço no interior dos
edifícios para o exterior. O seu transporte para o aterro, deve ser efetuado em condições
de segurança e em cumprimento da legislação e diretrizes aplicáveis em termos
ambientais, com a utilização de guias, um contrato com um aterro licenciado, etc.
É permitida a remoção de entulhos em queda livre através das aberturas, desde que esteja
totalmente desimpedido, permitindo a passagem livre dos detritos. Devem ser fechadas
quaisquer outras aberturas nos pisos e paredes dos andares inferiores adjacentes à área
em que se faz a remoção do material por queda livre. Os elementos volumosos de aço,
concreto ou madeira podem ser descidos por meio de equipamentos de guindar e devem
ser suportadas pelos mesmos equipamentos durante a operação de armazenamento. Esses
elementos também podem ser removidos por meio de calhas ou condutas de descarga em
queda livre desde que reduzidos a fragmentos suficientemente pequenos (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977), (OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH ADMINISTRATION, 2016).
Os veículos usados neste transporte devem ser cobertos para evitar a perda de material
infestado, e depois varridos e imunizados antes de serem usados novamente. O contratado
deve tomar precauções para evitar o espalhamento, por veículos, de lama e resíduos sobre
vias públicas e a sua penetração em esgotos públicos ou cursos de água (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
Os resíduos devem ser classificados de acordo com sua composição e potencial para
prejudicar o meio ambiente. Os materiais que contêm substâncias perigosas devem ser
isolados e vedados antes de serem enviados para uma instalação licenciada. Certos
materiais usados devem sempre ser tratados como resíduos perigosos, por exemplo, o
amianto e as lâmpadas fluorescentes. Isto é em parte para maximizar os benefícios
ambientais e para evitar a contaminação com os resíduos não perigosos (BRITISH
STANDARD INSTITUTE, 2011).
Após a conclusão do trabalho de demolição, o local deve ser nivelado e limpo. Qualquer
pessoa que leve a efeito uma operação de demolição deve certificar-se de que ao completá-
la, a menos que se proceda imediatamente às operações de reconstrução, o terreno seja
imediatamente limpo e nivelado, e isolado por cercas, tapumes ou cancelas que evitem
por completo o acesso de terceiros. No final das operações de demolição deve ser realizado
um exame final às estruturas adjacentes, para assegurar que são deixadas em condições
seguras, de acordo com a sua construção inicial (CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION, 2003), (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
1977).
165
8 Capítulo 8 – Conclusões
A indústria da construção civil é um setor que produz uma grande quantidade de resíduos,
particularmente na fase final do ciclo de vida de uma edificação, o que a torna responsável
por procurar novas soluções para o gerenciamento de resíduos, tanto dentro do canteiro
de obra, como também nas usinas para a destinação final. O consumo desmedido de
matéria-prima e a falta de controlo durante o descarte dos resíduos são os principais
problemas do impacto ambiental provocado por este setor. Tal como foi discutido na
revisão bibliográfica, é importante focar na implementação dos três pilares da
sustentabilidade, não só exclusivamente no desempenho ambiental, mas também no social
e no econômico.
Por mais simples que sejam as demolições, existe uma necessidade de desenvolver medidas
de segurança aplicadas à demolição seletiva. É essencial a implementação de um
cronograma de atividades que possibilite aos responsáveis gerirem a duração e a execução
das tarefas em obra. Outro documento que é relevante é um plano de gerenciamento de
resíduos, que permita controlar quais os materiais que serão aproveitados, quais os
resíduos gerados e como serão separados, armazenados e transportados para aterro. É
importante conter também uma tabela da orçamentação dos materiais para revenda, que
permita avaliar o lucro das vendas obtidas.
Através dos estudos de caso foi possível entender que as pequenas empresas de demolição
necessitam de uma mão-de-obra mais especializada na demolição seletiva, por vez os
trabalhadores não têm nenhuma formação em obra, nem são informados como identificar
os materiais perigosos, existindo em alguns dos casos, um responsável em obra com essa
função, como na empresa E2. Outro dos grandes problemas destas empresas é que nem
sempre os trabalhadores estão registrados, executando trabalhos com risco de acidentes,
mas sem um seguro formal. Para atenuar esse problema, a maioria dos trabalhadores não
utiliza EPI, e os EPC em obra são escassos e precários, tal como foi verificado durante o
acompanhamento em obra. Existem grandes adversidades a melhorar dentro da
segurança em obra, tanto por parte dos responsáveis, como por parte dos trabalhadores.
A dimensão das medidas preventivas, como a formação e informação dos trabalhadores,
a continua supervisão por parte dos responsáveis e a correta utilização dos EPI e EPC
são aspetos que devem ser melhorados por estas empresas.
167
Existem hoje oportunidades para a indústria investir em atividades que criarão lucro,
sendo uma mais-valia em termos de resultados ambientais, extraindo valiosos recursos do
fluxo de resíduos de construção e demolição e criando mercados para esses recursos.
169
Referências
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Posso. São Paulo: Oficina de Textos, 2006 (2010).
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Deconstruction Techniques in Portuguese Construction Sites. Sustainability, v. 2, p. 428-
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DANTATA, N.; TOURAN, A.; WANG, J. An analysis of the cost and duration for
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[S.l.], p. 40. 2016.
TINGLEY, D. D.; DAVISON, B. Design for deconstruction and material reuse. ice -
Institution of Civil Engineers, Sheffield, v. 164, p. 195-204, 2011.
APÊNDICE A
1. Contratação da empresa
2.3 O que é identificado nessa vistoria (composição dos matérias, peças e componentes)?
2.5 O que é que têm normalmente em conta antes da demolição (tipo de construção,
local, materiais a serem removidos, localização dos serviços públicos, estado atual do
edifício, perigos tóxicos para a saúde dos trabalhadores, estabilidade do edifício,
condicionamentos locais, valor histórico do edifício e dos materiais)?
178
2.6 Quais são os materiais tóxicos e perigosos para a saúde dos trabalhadores usualmente
encontrados? Amianto? É seguida alguma legislação para os materiais perigosos?
3.4 O que poderia ser feito para facilitar o processo de demolição (projeto de demolição,
cronograma e orçamento, gestão de resíduos)?
4. Segurança na demolição
4.5 Em obra existe sempre algum responsável para avaliar a potencialidade dos riscos da
demolição?
5. Execução do processo
5.1 Qual o tipo de edifícios que costuma demolir? Pequenas habitações de alvenaria?
Estruturas metálicas ou de madeira? Edifícios de concreto armado?
5.4 Quais as técnicas de demolição mais utilizadas? Como são selecionadas? A duração
interfere na escolha? E o orçamento?
6.2 Há separação dos materiais em obra? Como é realizado o depósito dos materiais em
obra? Ou são depositados num outro local?
6.5 Quais os materiais que são reutilizados? Quais os materiais que podem ser reciclados?
6.8 O cliente sabe para onde são destinados os materiais removidos (aterros da prefeitura,
deposição é legal, se vão ser revendidos ou não e se saem triturados)?
6.9 Como funciona o processo de venda dos materiais? É vendido no local da demolição
ou numa loja? Há encomendas antes de iniciar a demolição?
180
6.10 Como é definido o preço dos materiais? Tem um valor fixo? São mais caros ou mais
baratos que os equivalentes novos?
6.11 Em sua opinião quais são as principais dificuldades para a reutilização dos materiais
de demolição?
E1: 4 anos.
Eu: Os serviços prestados são demolição, revenda, faz também terraplanagem, mais
alguma coisa?
E1: É meu.
Eu: A contratação normalmente é feita por telefone, e-mail ou o cliente vem aqui
(escritório) falar consigo? Como funciona?
Eu: Normalmente a pessoa o que é que exige mais? É o prazo? Se quer com certos
equipamentos? Se quer saber qual o destino dos materiais? Ou não fazem exigência
nenhuma?
E1: Não fazem exigência nenhuma, a minha demolição é mais à mão mesmo, para poder
aproveitar o material. Isso é o que eu faço.
181
E1: Nada.
E1: Não, é por serviço, vê o serviço e fala quanto você quer, independentemente da
quantidade que vier de entulho.
E1: Isso.
Eu: Agora eu queria fazer umas perguntas sobre como é realizado o processo de demolição,
porque o meu trabalho é sobre isso, portanto:
Eu: Normalmente o que é que faz antes de iniciar a demolição? Vai visitar o local?
E1: É, visitar o local e vê com o patrão (cliente) se ele tem o Alvará de Demolição, e é
só isso.
Eu: Só isso.
Eu: Normalmente repara quais são os materiais ou é indiferente? No seu caso deve
reparar, porque tem interesse em ficar com os materiais, certo?
182
E1: Eu só pego a demolição se tiver que ficar com os materiais, se não o serviço nem me
interessa. Para mim só me interessa é o material.
Eu: É que há muitas empresas que só vão lá, só para deitar o edifício abaixo e depois não
tem interesse.
Eu: Normalmente repara se existe algum material que seja tóxico ou não?
E1: Não.
Eu: No caso do amianto, por exemplo as telhas ou normalmente não costuma existir?
E1: Muito pouco. É mais a telha francesa. Só se for em barracão, mas na cidade é muito
pouco, é mais a telha romana e a francesa e menos a brasileira (amianto).
Eu: E a nível dos trabalhadores que tem, eles têm alguma informação sobre os materiais?
Se são tóxicos ou não?
Eu: Normalmente a pessoa que o contrata lhe fornece alguma planta do edifício ou mesmo
o Alvará? Algum documento?
E1: Tem de ter a planta para dar. Se não, não pode ser demolido eu acho, sem a planta
não dá para demolir.
E1: Certo.
Eu: E existe algum cronograma, as tarefas são distribuídas de alguma maneira? Ou você
já chega lá e já sabe o que tem de fazer?
E1: Não. Já sabe o que tem de fazer, não tem tarefa não. Todo mundo trabalha mensal
e normal.
183
Eu: Ok.
E1: Eles já estão registados, já é uma segurança, porque se eles se machucarem vai ser à
facada. Se não, segurança segura não pago, mas têm. Eles trabalham, mas estão
registados, já trabalha a firma certa.
E1: Dependendo do serviço tem que ter mão-de-obra especializada, dependendo do tipo
de serviço que vai demolir. Quando é uma casa normal, serviço de mão-de-obra, mas
quando é uma coisa mais fora do padrão eu tenho de ter a ferramenta certa e a pessoa
certa também.
Eu: E pratica normalmente só demolição? Ou também desmonte? Vai tirando peça por
peça?
E1: É claro, mais forte e para pegar nela e para não quebrar, para aproveitar.
E1: Comigo, graças a deus, faz tempo que não acontecem, nunca mais teve não.
E1: Sempre tem alguém, quando eu saio, alguém que dê uma olhada para mim. Tem que
ter, eu sei que tem.
Eu: Segue alguma Legislação? CONAMA? Alguma coisa? Não tem interesse?
E1: Não.
Eu: Em obra à separação de materiais, porque o senhor traz depois os materiais para cá.
É feito aqui (Loja) a separação ou já é feito em obra?
E1: É tudo feito aqui, traz os materiais e vê o que dá para vender e o que não.
Eu: E o depósito também é feito nesta Loja? Fica tudo aqui e depois é vendido aos
clientes?
E1: Isso.
E1: Isso.
E1: Que eu retiro da obra? Tijolo e madeira. Eles são os que mais retiramos.
E1: Lógico que tem tudo, portas, janelas, os que mais aparecem nas obras são tijolo e
madeira.
E1: Vai o entulho. O entulho vai para onde reciclam o material, que eu acho que reciclam,
bem eu pago para isso, para não jogar fora, para reciclar.
Eu: E os seus clientes têm noção que uma parte dos materiais são retirados e outra parte
vai para um local que ...
E1: Que eu tenho que pagar para jogar. As pessoas têm que saber que têm que pagar
para jogar fora.
Eu: Porque há algumas pessoas que jogam mesmo fora em qualquer lugar.
E1: Agora tem que ter noção que não se faz isso, porque agora é preciso pagar para jogar
fora, agora faz 2 anos que...
E1: Agora é obrigatório jogar no lugar certo, por isso é que eu fico explicando isso, porque
o patrão não quer pagar, e então também não faço (demolição), se ele não paga não faz.
Eu: Mas mesmo assim ainda tem muita comprar aqui na Lojinha?
E1: Tem porque eu compro dos outros. Eu compro das pessoas que demolem, eu compro
de quem está reformando, porque senão já tinha fechado a Loja. A demolição caiu 90%,
por causa de pagar para a gente de fora (Usina ou Aterro). Mas pagar, os clientes não
querem pagar, então não posso pegar o serviço. Eu dantes teria 2 ou 3 demolições por
dia, agora a ninguém quer pagar.
Eu: Mas ainda tem muita gente a comparar materiais em segunda mão?
E1: Também, também por causa do preço. Mas tem coisas que são mais caras, mas
também são melhores. A qualidade é melhor do que as novas (materiais) de hoje.
186
E1: Madeira, por exemplo, eu vendo bastante para Madeireiros. O tijolo eu vendo muito
mais caro que o novo e a turma que compra não deixa nem parar aqui na loja, todos os
que tiro vendo, porque é tijolo bom.
Eu: O processo de venda aqui funciona normalmente, coloca aqui à venda? As pessoas
vêm cá comprar?
E1: É.
Eu: E dentro das demolições, quais os serviços que são prestados? A retirada dos materiais
e a limpeza do terreno é outra empresa?
E2: Não, chama alguém. A gente tira o que presta para aproveitar e o que resta a máquina
vem e faz a terraplanagem.
Eu: Portanto é o senhor que tem o interesse em comprar o terreno, para depois poder
construir?
Eu: Antes da demolição começar, quais as atividades que são realizadas? Costuma ir ao
local da obra, ver o que irá ser aproveitado? Ver como é o terreno?
187
E2: Antes de começar, eu vou na prefeitura e pego o Alvará, depois que tenho o Alvará
em mãos, vai e pega e começa. A gente vê o que presta e não presta e vai desmanchando.
Eu: Portanto, vai vendo os materiais que são bons e os que não são...
Eu: Sabe se aqui tem algum material que seja tóxico? Por exemplo, o amianto?
E2: Não, tem três qualidades de amianto, mas é tão antigo já não se vê.
Eu: Eu sei o amianto aqui não foi tão aplicado, é raro existir.
E2: É o amianto já saiu fora, tem a telha, mas também já saiu fora, de amianto não tem
mais.
Eu: Mas quem trabalha consigo sabe identificar quando tem estes materiais em obra? Se
for tóxico ou tem amianto? Presta alguma informação?
E2: Não sabe, a pessoa coitada não sabe nada, aí eu é que tenho de dizer.
Eu: Em relação à execução da demolição só precisa do Alvará? Não são necessários outros
documentos?
E2: Não.
E2: Não, só se for coisa antiga. Os três que que eu demoli até hoje foram casas.
Eu: Quais as atividades que são executadas na demolição? Existe algum cronograma?
188
Eu: Mas tem uma ideia das atividades que têm de ser realizadas? Primeiro vai demolir o
telhado, depois as paredes...
E2: Não, primeiro o telhado, eu tiro essas telhas antigas e aproveito, mas eu joguei fora.
A gente começa de cima para baixo, pelo telhado, a madeira também aproveita.
E2: As janelas vão tirar depois que descobrir, tira o peso de cima da casa e depois aí tira
as portas, porque é perigoso você mexer em baixo com o peso do telhado.
E2: O primeiro passo, a gente tira o telhado, as madeiras e as paredes lá em cima. Depois
entra por dentro e tira as portas e depois pronto.
Eu: Em relação à segurança dos seus trabalhadores. Repara se eles têm cuidado? Se
utilizam equipamentos de segurança?
E2: É uma raridade, eu trouxe luvas, mas só eu estou usando luvas e também eles são só
provisórios, é mas vai trabalhar e vai embora.
Eu: Esta equipa não vai ser a mesma que vai trabalhar na construção?
E2: Eu pego pessoas que estão de férias e são temporárias, depois quando começar o
projeto, faz o registo dos trabalhadores.
E2: Até demolir são 10 dias e eles ajudam-me, depois vão para o serviço deles.
Eu: E quantos aos materiais aproveitados também não há assim nenhum controle, vai
colocando ali o tijolo que quer aproveitar, as janelas, mas não tem a certeza do que vai
nem quanto leva para aterro?
E2: Não sabe quanto está saindo, quase que não compensa, se fosse só o tijolo não
compensava.
E2: Então, a gente usa alguma coisa e o resto as pessoas pedem e vão levando.
189
E2: É a gente não vai vender, mas é mais caro que o novo. Estão a vender a 1 real cada
um, é o dobro do preço.
E2: O que compensou foi a madeira, o que acontece é que a madeira é rápida e tem
licença de madeira.
E2: Dura mais de 100 anos. Está perfeita. A Peroba é Peroba Rosa.
Eu: Normalmente, acontece algum acidente em obras? Ou não é usual neste tipo de
obras?
E2: Não as pessoas que chegam à minha obra, nunca tiveram. É às vezes um cortezinho,
faz. Um rapaz bateu num prego furou um pouquinho, coisa pouca.
E2: Sim. Agora eu vou demolir e depois vou dar uma parada até sair o projeto. Mas a
demolição vai ser de segunda a sábado. Sábado vêm um caminhão buscar os tijolos e vão
para um sitio para serem guardados, não vão usar já.
190
E2: Nada, só casa antiga mesmo e terreno bom, porque o canteiro é pequeno e compensa.
E2: Isso, as telhas, depois as ripas, as tábuas, as vigotas, depois a gente tira as portas e
janelas. Depois que começa a tirar as lajes, quebra a laje, o forro e depois começa a tirar
as paredes mais fáceis, bloqueia uns pontos e derrube ela inteira.
E2: Essa ainda não tirou porque é muito forte não compensa. A massa não se aproveita.
E2: Vêm a máquina e derruba ela, quebra inteira com o bico da pá e carrega.
E2: Não. É muito trabalhoso, enche e depois é preciso carregar à mão. Aqui vem um
trator vai arrancando tudo e leva, carregando todo o entulho. E depois esse entulho vai
lá para a reciclagem. Esse é o cara que mais ganha, ele cobra 220 ou 230 por cada
caminhão.
E2: Depois eles pegam, reciclam isso aqui, depois eles vendem o pó para argamassa, eles
tiram o plástico, o metal, o ferro e vende separado, é mina de dinheiro.
E2: É obrigatório, eu acho que deveria ser obrigatório mas devia ser a Prefeitura que
arrecadava e não uma pessoa privada.
E2: Eu não sou contra isso de aproveitar e cobrar, mas desde que seja um bem próprio
da prefeitura. E não para o bem de uma pessoa que é parente de alguém, que fica
milionário.
191
E2: As janelas vou vender, o portão também ou vou guardar e um dia uso.
E2: O resto vai tudo para o entulho. E depois vai na Receita Federal pagar o imposto da
casa que desmanchou. Pago o imposto da Prefeitura da demolição e depois pago na
Receita Federal mais um imposto da demolição. Daí fica depois a prefeitura verba, fica
um terreno sem benfeitoria, para depois entrar o projeto novo.
E2: Não. Agora que a verba entrar em território público, sai uma matricula nova, e sai
que é um terreno em tal Rua com a localização, sem benfeitoria, sai limpinho o terreno.
Depois que vai fazer um projeto em cima e no futuro a verba o prédio.
E2: É que a vida do terreno é uma matricula, ela vem desde o loteamento até hoje. Se
puxar o vintenário, ele fala tudo o que foi, se foi um terreno vazio, uma casa. A vida do
terreno está na matricula.
Eu: Obrigada.
E3: Sim.
192
E3: Nas demolições acho que uns 30 anos, porque eu sou uma pessoa que sempre tive
várias atividades. Tinha caminhão de transporte.
E3: Eu faço demolição, limpeza do terreno, qualquer coisa que a pessoa quer, vamos supor
assim, você quer que faça uma demolição vai precisar de alguma escavação, quer que eu
deixe assim, eu faço também (movimento de terra).
E3: Tenho os equipamentos, o que não tenho alugo. Eu faço demolições no estado inteiro.
Porque temos de saber o que vamos fazer, porque uns querem que faça demolição e
querem aproveitar os materiais, eu trabalho com restauração, inclusive eu tenho
empregados que fazem a restauração.
E3: Eu já vendi porta por 50.000 reais, porta que era património histórico, era do
Almirante Tamandaré, essa porta tinha 182 anos era patrimônio histórico e ia construir
uma obra de estado lá, se não, não podia. Também tive uma demolição do Barão do
café, mas como era para o estado eu consegui o alvará.
E3: A porta de 182 anos estava intacta, quando chegou o engenheiro veio ter comigo e
disse “aqui ao estado não vai interessar nada”, então eu trouxe a porta.
E3: Aí eu tinha uma freguesa minha de Ouro Preto e na conversa descobri que ela
pertencia à família bem distante desse Almirante e ela perguntou-me quanto eu queria
pela porta e eu disse 50.000 reais. Ela passou em cheque e disse que queria um documento
escrito a comprovar que pertencia ao Almirante.
Eu: Tem de comprovar que a porta realmente pertencia ao Almirante e era patrimônio
histórico.
E3: Realmente. Esse Almirante era quarta geração da família dela, que barbaridade.
193
Eu: Coincidência.
Eu: Quais as exigências dos clientes sobre o processo de demolição? Tem um prazo para
demolir?
E3: Sim tem um prazo, tem obra que a pessoa quer um prazo muito curto.
Eu: E o destino dos materiais? Eles escolhem se querem ficar com os materiais?
E3: Escolhem o que interessa e não interessa, eles dizem com o que vão ficar e depois eu
faço o orçamento. O prazo, porque tem prazo que é rápido, a gente combina se o prazo
tem multa ou não e escolhe prazo.
Eu: Se for um prazo muito curto não consegue fazer uma demolição manual?
194
E3: Tem de empurrar com a máquina, muitas coisas têm de ser jogadas, agora se 50%
que é parte de madeira, a gente aproveita tudo. A madeira de lei, de demolição a gente
tira tudo. Agora quando é parte de tijolo e escavação, a gente tem que empurrar e não
aproveita nada.
E3: Esses dias fui fazer uma demolição e dá até pena, aqueles tijolões.
E3: O prazo era curto. Então não deu para aproveitar, porque afinal de contas tinha de
fazer limpeza rápido. Porque tinha de empurrar para deixar o terreno limpo e rápido.
Eu: Em relação ao que vem antes da demolição. O que é que normalmente faz no início?
Você vai ver o local? Os materiais?
E3: Vou ver o local, os materiais que podem ser aproveitados. O que é que você quer que
faça a limpeza. Se quer que rebaixa a terra, qualquer coisa. Porque se vai fazer uma
construção depois, a gente deixa num patamar, o terreno plano, essas coisas. Então tem
esses prédios aí, eu fiz muitos prédios. 50% fui eu que demoli aí, então depois você vai
fazer a fundação uns com uns tubulão, já à com broca, eu deixo pronto.
Eu: Então o primeiro passo a ser feito é identificar quais são os materiais?
E3: Os materiais, que nem o telhado que eu aproveito muito essas telhas antigas.
Eu: Então os primeiros documentos que você precisa é sempre o alvará de demolição?
E3: O alvará de demolição e depois ele vai exigir tapumes e você parte da prefeitura.
195
Eu: Porque você tem de verificar se os serviços públicos têm de ser desligados. A água, a
eletricidade...
E3: Exatamente, isso tudo depois de o alvará sair. Porque depois do alvará isso tudo vai
para o SAAE, o SAAE vai dar o desligamento da água e a rede de esgoto e elétrica
também, aí precisa de saber como é que vai ser feito, tem que analisar tudo, antes da
demolição começar.
E3: Material de construção não, na cidade de Aracy tem um local para jogar os materiais,
para aterro.
Eu: De qualquer maneira os seus trabalhadores sabem que existe materiais que são
tóxicos?
E3: A responsabilidade é minha, qualquer coisa que acontece eu é que sou o responsável.
Eu: Depois precisa de um documento para comprovar que o terreno está limpo?
E3: Sim.
E3: Depende do que a gente vai fazer, a gente cobra o serviço. Tudo tem um preço, tem
casa que você vai aproveitar muitas coisas, tem coisas que você não aproveita nada e vai
dar muito entulho.
Eu: Isso depende do tipo de demolição? Aquela demolição rápida, como tem de quebrar
tudo é só entulho?
196
Eu: Esse entulho depois vai todo parra o aterro da cidade, não é?
Eu: Você é que transporta para lá? E tem caminhão para levar?
Eu: Porque há outras pequenas empresas que contratam um caminhão que leva o entulho
para o aterro.
E3: Tudo registrado. Primeiro tem que ter contrato de experiência, tem de saber quanto
tempo eles têm de experiência.
Eu: Exatamente.
E3: Mesmo assim você não vai contratar uma pessoa com experiência. Porque ás vezes
no momento são todos bonzinhos, mas por trás você não sabe o currículo deles.
E3: É grande. É preciso ser uma coisa porque se eu olhar numa pessoa e conversar, ás
vezes não se consegue saber se vão dar problemas.
E3: Coloco tapume. Para não invadiram o terreno e para não cair tijolo na calçada.
Também para se caso deixar material na obra, não seja roubado. Porque às vezes eu
vendo o próprio material no local.
197
Eu: Utiliza um cronograma de trabalhos? A duração em que a demolição vai ser realizada
tem algum cronograma? Ou é estabelecido no contrato? As tarefas da demolição ficam
estabelecidas desde o início ou vai fazendo?
E3: Ele fala assim “eu quero essa demolição em tanto tempo”.
Eu: Só o geral?
E3: E eu vou vendo como vou começar, o que vou tirar primeiro. O que é mais perigoso/
menos perigoso.
Eu: Você já tinha dito que os seus trabalhadores têm experiência por isso, à partida nem
é necessário explicar. Eles já sabem o que têm de fazer, mas suponhamos que você
contrata alguém com pouca experiência?
E3: Não têm sempre o encarregado, porque afinal de contas a responsabilidade é minha,
o encarregado trabalha para mim, está lá para exercer, olhar e tomar conhecimento do
que fazer e o que não fazer, se o empregado está trabalhando certo, se manda parar ou
sair uma coisa ou outra.
E3: Toda a gente que trabalha comigo são especializadas. São pessoas que já trabalham
há algum tempo e eu tenho confiança, porque eu também tenho que ter confiança.
Eu: Existe uma relação de confiança com o trabalhador. Porque já teve problemas com
roubos e acidentes?
Eu: Mas acidentes de obra não é normal acontecerem? Nunca houve nenhum grande
acidente?
E3: Não.
E3: Porque sabe o que é que às vezes a gente tem de ter conhecimento, a gente tem que
saber o que pode acontecer ou não acontecer. Onde o trabalhador pode ficar.
Eu: Nas suas obras de demolição os seus trabalhadores usam sempre os equipamentos de
segurança?
E3: Não. Porque segurança tem conforme o local, porque praticamente é o cuidado do
que vão fazer, porque afinal de contas você vai desmanchar lá em cima você não tem
onde pôr nada para se segurar. Porque se não vai cair junto com a obra.
Eu: Sim, mas os equipamentos individuais? O capacete? Botas? Luvas? Roupa coberta?
E3: Não eles têm que ir com sapatão de sola de ferro em baixo, por isso é que tem aí,
pega pessoas muito barato.
199
E3: Pessoas que não têm experiência, vão fazer uns dias.
E3: Sim tenho, exatamente. Mexer com o ser humano em obra é um perigo, às vezes eles
não tem tanto cuidado na vida deles, você é que é o responsável pela vida deles.
Eu: Normalmente qual é o tipo de edifícios que costuma demolir? Madeira? Estruturas
metálicas?
Eu: Pega tudo? Se tiver tempo para demolir, vai desmontando tudo aos poucos para
aproveitar ao máximo? Fazendo as etapas contrarias à construção?
E3: Não. A parte do material é tudo manual, você tem ali pé de cabra, todo o
equipamento, a marreta, tudo.
Eu: De todas as tarefas de demolição, qual é que acha que são as maiores dificuldades?
E3: A dificuldade é assim? Você em primeiro lugar tem que saber quem está a contratar,
para saber se pode demolir ou não, é preciso saber se os caras são os legítimos donos do
local.
E3: É necessário ter os documentos certos, sobre as empresas que nos contratam.
Eu: Se é legal?
Eu: E em relação aos materiais, vocês fazem alguma separação em obra? Fazem, porque
vão vender os materiais e separam em obra?
E3: Ao lixo. Depende, às vezes você pode já tirar uma parte, porque às vezes numa
demolição, cai e já começa a fazer muito entulho e já tiro uma parte.
Eu: Vocês não deixam o entulho lá em caçambas, vai logo para aterro?
E3: Basicamente, caçamba é mais para obra de construção. É porque além de ficar mais
barato o basculante, a caçamba sai a cada 5 tem de carregar no caminho para lá, e o
caminhão basculante vai na máquina logo para lá e leva 20 .
201
E3: Não, tudo é de responsabilidade minha. Eu já dou o orçamento com tudo completo.
E3: Eu sei. Você sabe quanto custa cada , se for, depende da terra, o entulho você
consegue, vamos supor se for na terra firme ele aumenta 40%, entendeu? Com o
entulho o entulho vai diminuir se fizer um buraco, mas quando a terra é firme vai
aumentar.
Eu: Já tem uma ideia. E esse entulho depois vai para o aterro e lá é reciclado o metal?
E3: Lá no aterro da prefeitura, mas antes não tinha esse aterro era tudo na marginal.
Eu: Mas antigamente não havia a lei que obrigava a levar os materiais para aterro?
E3: Não.
E3: Telha, tijolo, madeira, janelas, portas, eu gosto de janela antiga e tem pouco comercio
para vender estas coisas, porque eu tenho muitos tipos de janelas e quem vai usar isso aí,
praticamente ou é pessoa que tem um local para colocar aquilo lá e em vez de mandar
fazer a janela compra já feita, há outras janelas que são padrão praticamente se a senhora
comprar na loja paga parcelado em cartão e é mais caro.
Eu: É uma questão de preço, mas mesmo assim há materiais que são mais caros? Madeira?
Peroba Rosa? Ou outra madeira?
E3: A madeira comum assim já não tem muito valor, hoje em dia essas casas novas, todo
o madeiramento é uma madeira que não tem muito valor.
202
E3: A Peroba Rosa há uma procura que é barbaridade. É uma madeira extinta. E o
Pinho de Riga?
Eu: Tem um preço superior ao do mercado novo? Porquê? Por causa da qualidade?
E3: A qualidade inclusive não é coisa que você acha fácil e não só você não vai rebocar
ele, vai ficar tudo aparente aí você separa dá uma lixa nele enverniza e fica como novo.
E3: Não, não aqui tem um pouco que eu trouxe aí, está sujo, ninguém entra lá.
E3: Muitas partes eu vendo na obra, tem muitas partes que eu levo o depósito.
E3: Eu recupero os materiais, como portas e vendo, eu vendi 2 portas de Pinho de Riga.
Eu: E pessoas que preferem produtos de alto valor, que querem produtos de demolição e
aqueles materiais com valor histórico?
Eu: Depois há sempre aquelas pessoas que não conseguem pagar o preço inteiro e preferem
comprar um material mais barato?
A.4 Entrevista através de e-mail com o Prof. Eng. Paulo Grandiski (PG)
Eu: O meu nome é Andreia Martins e sou aluna de mestrado do Instituto de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo, estou a fazer uma pesquisa sobre as normas
existentes na área de demolições e gestão de resíduos da construção civil. Esta semana
entrei em contato com o setor CB-002 da ABNT para me auxiliar em algumas dúvidas
sobre a norma ABNT NBR-5683/1977 Contratação, Execução e Supervisão de
Demolições, no qual foi mencionado o nome do Professor, como sendo a pessoa mais
indicada para discutir este assunto, como também informado o seu contato e-mail.
Durante a minha pesquisa sobre a normalização brasileira eu reparei que a norma ABNT
NBR-5683/1977 Contratação, Execução e Supervisão de Demolições foi cancelada em
2008 pela falta de utilização da norma pelo setor da construção civil. Eu gostaria de
saber quais os motivos que levaram ao seu cancelamento e se existe previsão de alguma
atualização? Apesar de existir a NR 18.5, mas é bastante incompleta comparada com a
NBR 5683/1977. Quais foram os principais pontos de discussão que levaram ao
cancelamento e como foi verificado que a norma não era utilizada pelo setor?
PG: Eu fui um dos raros engenheiros que tomou conhecimento da consulta nacional do
cancelamento da norma de demolições, e o único a votar oficialmente contra esse
cancelamento, baseado na frase padrão sempre adotada pela ABNT, de que "essa norma
não é mais utilizada pelo setor." No site da ABNT já constava o cancelamento que se
daria em fevereiro. Com o meu voto, esse cancelamento foi suspenso. Rotineiramente, a
C.E. deveria marcar reunião para decidir, convocando os votantes contrários, no caso, só
eu. Essa convocação nunca ocorreu. No final do ano fui surpreendido pela publicação
204
Eu: Pelo que eu entendi, o cancelamento foi executado sem o seu consentimento e sem
justificação. Então o problema é que a ABNT acha que o setor não necessita de uma
norma regulamentada para as demolições. Mas já são cometidas tantas infrações devido
à falta de controle e fiscalização por parte das entidades responsáveis, sem uma legislação
detalhada de todo o processo da demolição, cada empresa atua da forma que lhe convém.
O Professor referiu também que iriam mandar traduzir uma norma americana, como
atualização da norma brasileira. Não sabe se a norma americana é a 07/17/2008 -
Whether the demolition standard applies to moving a residential structure, 29 CFR 1926
Subpart T - Demolition? Caso não seja esta, sabe qual é a norma? E porque uma norma
americana e não outra?
PG: 1) - Desconheço qual era a norma a ser traduzida, pois o assunto não foi adiante.
2) Tomo a liberdade de assinalar que V. está focada num tema muito específico
"demolição", quando o problema é muito maior, por envolver TODAS as normas da
ABNT e a função desta. Apenas para exemplificar, reproduzo abaixo as respostas ao post
[9] de meu blog ENGENHARIA LEGAL, acessível em www.piniweb.com.br, que mostra
outro exemplo de cancelamento de normas (VEJA A INTEGRA NO PORTAL DA
PINI). Este tema aparece em reportagens antiga da revista CONSTRUÇÃO MERCADO.
Eu: Muito obrigada pelo envio da discussão do seu post, achei bastante interessante e
consegui compreender melhor o seu ponto de vista. Entendo agora que afinal o problema
não está só relacionado com uma norma especifica, mas sim com atitude da ABNT
perante várias normas da construção civil.
205
APÊNDICE B
A seguinte checlist está dividida em cinco partes sendo estas, as verificações antes da
demolição, a documentação para a demolição, a segurança na demolição, a execução do
processo e a otimização da gestão de resíduos. Na coluna das observações serão colocadas
quatro hipóteses, verifica-se, quando é comprovada a descrição apresentada na checklist,
não se verifica, quando não é comprovada a descrição apresentada, não foi verificado,
quando não foi possível verificar a descrição e não se aplica, quando a descrição não se
aplica aquela obra de demolição. Em seguida são apresentados os tópicos da checklist a
aplicar em obra:
Não foi
Existência de materiais tóxicos
verificado
Não foi
Existência de substancias perigosas e inflamáveis ou riscos de incêndio
verificado
Edifício contem valor histórico ou materiais com valor histórico Não se verifica
Não foi
Desconexão de todos os serviços públicos
verificado
Os acessos de entrada estão barrados ao público/ local de obra isolado Não se verifica
Documentação para a demolição Observações
Planificação em obra dos trabalhos de demolição a executar Não se verifica
Existência de um plano em obra para o armazenamento, o transporte, a Não se verifica
venda dos materiais
Existência de um projeto para o desmonte Não se verifica
Segurança na demolição Observações
Sinalização de perigos e dos equipamentos de segurança Não se verifica
Responsável no local de demolição Não se verifica
Colocação de escoramentos no edifício Não se aplica
Informação sobre segurança ou Plano de segurança Não se verifica
Local de trabalho arrumado Não se verifica
Utilização de capacete de proteção Não se verifica
Utilização de luvas de proteção Não se verifica
Utilização de óculos de proteção Não se verifica
Utilização de botas de biqueira de aço Verifica-se
Utilização de roupa de trabalho coberta Não se verifica
Utilização de máscaras de filtro ou respiratórias Não se aplica
Utilização do cinto Não se aplica
Proteção das construções vizinhas Não se aplica
Utilização de andaimes Não se aplica
Utilização de guarda corpos Não se aplica
Utilização de redes de proteção contra quedas em altura Não se aplica
Utilização da contenção de fachadas Não se aplica
Existência de extintores de incêndios Não se aplica
Existência de um Kit de primeiros socorros Não se verifica
Funcionários estão suficientemente treinados e são competentes para as Verifica-se
tarefas e deveres em obra
Execução do processo Observações
Desmonte do edifício por elementos Verifica-se
Processo de demolição está relacionado com o processo de construção Verifica-se
Desmonte só com ferramentas manuais Verifica-se
208