Cor Rigid A Andrei A Martins

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Andreia Sofia Moreira Martins

DIRETRIZES PARA O PLANEJAMENTO DE UMA

DEMOLIÇÃO SUSTENTÁVEL EM EDIFÍCIOS

São Carlos

2017
ANDREIA SOFIA MOREIRA MARTINS

DIRETRIZES PARA O PLANEJAMENTO DE UMA

DEMOLIÇÃO SUSTENTÁVEL EM EDIFÍCIOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Instituto de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Área de Concentração: Arquitetura, Urbanismo e


Tecnologia

Orientador: Prof. Dr. Márcio Minto Fabricio

São Carlos

2017
AUTORIZO A REPRODUCAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRONICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto de Arquitetura e Urbanismo

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)


Agradecimentos

A realização desta dissertação só foi possível devido ao apoio e colaboração de algumas


pessoas, que de certa forma direta ou indiretamente se mostraram imprescindíveis na
sua elaboração. Pretendo aqui deixar o meu agradecimento a todos aqueles que me
ajudaram na realização desta dissertação.

Em primeiro lugar quero agradecer aos meus pais, pelo apoio e incentivo, não só
durante a elaboração deste trabalho, como também durante todo este percurso e
experiências vividas no Brasil, mesmo do outro lado do Atlântico, sempre me
incentivaram a superar as adversidades impostas.

Ao meu Orientador, Professor Dr. Márcio Minto Fabricio por me proporcionar esta
oportunidade de conhecimento e compressão de uma nova cultura e pelo auxílio
prestado durante toda a minha estadia, sem ele não seria possível presenciar esta
oportunidade. Como também agradeço todo o seu apoio e partilha de conhecimento,
que me propiciaram um crescimento e amadurecimento profissional, através da
autonomia e confiança que me foi depositada, ao longo desta pesquisa.

À Professora Dra. Kelen Dornelles pela oportunidade e confiança depositada em mim


como monitora PAE, a sua influência e transmissão de conhecimento foram
fundamentais para o meu crescimento na área de ensino e experiência numa sala de
aula.

Aos meus amigos do grupo ARQUITEC, IAU e LaMEM, em especial à Marta, que se
tornaram uma segunda família durante a minha permanência, pelos momentos vividos,
pela orientação e conhecimento, transmitido sobre a sua cultura, e me fizeram sentir
cada vez mais que eu pertenço a este lugar.

À CAPES por me conceber o financiamento desta pesquisa, por meio de uma bolsa de
estudo, que me permitiu uma dedicação integral no desenvolvimento desta dissertação.

Às empresas demolidoras pela disponibilidade, trocas de experiências e aprendizagem


no desenvolvimento deste estudo.

E, por último, ao Daniel Reis, o meu parceiro ao longo desta jornada, sem ele não seria
possível iniciar nem finalizar este percurso, pelo companheirismo e apoio ao longo dos
anos, auxiliando a ultrapassar todos os obstáculos e incentivando a superar novos
desafios pessoais e profissionais, sem a sua presença e dedicação nem tudo seria possível,
o meu muito obrigada.

"A vida é todo um processo de demolição. Existem golpes que vêm de dentro, que só
se sentem quando é demasiado tarde para fazer seja o que for, e é quando nos
apercebemos definitivamente de que em certa medida nunca mais seremos os
mesmos."

Scott Fitzgerald
Martins, A. S. M. Diretrizes para o planejamento de uma demolição sustentável em
edifícios. 2017. 209 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Instituto de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016.

Resumo

O processo de demolição tradicional tem experimentado várias mudanças, a emergência


das preocupações ambientais leva hoje a procurar formas mais sustentáveis, como a
aplicação de uma demolição que promova a desmontagem e a remoção seletiva dos
materiais, através do planejamento antecipado e da aplicação contínua das regras de
segurança, executando uma correta gestão do fluxo de resíduos por meio da sua
reutilização. Este trabalho tem como principal objetivo desenvolver um conjunto de
diretrizes que permitem aprimorar o planejamento das atividades de demolição de
pequenas edificações térreas, por meio de uma análise normativa nacional e
internacional sobre o processo de demolição, promovendo práticas mais sustentáveis a
serem adotadas por pequenas empresas demolidoras. Neste sentido a pesquisa empírica
foi realizada pela aplicação de três estudos de caso, desenvolvendo um diagnóstico do
funcionamento das atividades das empresas que praticam a demolição seletiva em
pequenas edificações, com a elaboração de entrevistas, acompanhamento das demolições
e da revenda dos materiais. Assim sendo, foi possível verificar a existência de mercados
para os materiais e componentes reaproveitados das obras de demolição, os materiais
mais procurados são os tijolos maciços, as telhas de cerâmica e a madeira, como por
exemplo a Peroba Rosa, foi possível também observar a escassa de segurança e a falta
do uso dos equipamentos de proteção. Esta pesquisa contribuiu com o desenvolvimento
de um conjunto de ações que maximizem a coordenação da execução das tarefas em
obra, de modo a melhorar a segurança e o aproveitamento de materiais, diminuindo o
custo da demolição através da revenda dos materiais obtidos, e minimizando a produção
de resíduos sólidos.

Palavras-chave: Demolição Seletiva, Desconstrução, Gestão de Resíduos de Demolição


e Reutilização.
Martins, A. S. M. Guidelines for planning a sustainable demolition on buildings. 2017. 209
f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Instituto de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016.

Abstract

The traditional demolition process has experienced several changes, and the emergence
of environmental concerns leads today, to seek for more sustainable ways, such as
applying a demolition that promotes the dismantling and the selective removal of
materials, through early planning and the continuous application of safety rules,
making it much more diverse materials obtained and performing a proper management
of the waste stream through reuse. This work main objective has to develop a set of
guidelines that allow to improve the planning of the demolition activities of small
buildings, through a national and international normative analysis of the demolition
process, promoting more sustainable practices to be adopted by small demolition
companies. In this way, the empirical research was carried out by the application of
three case studies, developing a diagnosis of the activities that companies practice, by
using the selective demolition in small buildings, with the elaboration of interviews,
monitoring the demolitions and the resale of the materials. As result, it was possible
to verify the existence of markets for reused materials and components of the
demolition works. The most wanted materials are solid bricks, ceramic tiles, and wood,
such as Peroba Rosa. This research contributed to the development of a set of actions
that maximize the coordination of the execution of the tasks at work, in order to
improve the safety and the use of materials, reducing the cost of demolition through
the resale of the obtained materials, and minimizing the production of solid waste.

Keywords: Demolition Selective Deconstruction, Demolition Waste Management and


Reuse.
Lista de Figuras

Figura 2.1: Impacto causado pela geração de resíduos de construção e demolição no

canteiro de obras na Região Metropolitana do Cariri Cearense em 2011, adaptado

de (MARINHO e SILVA, 2012) ........................................................................ 37

Figura 2.2: Fluxograma da gestão de resíduos de construção e demolição, segundo a

Resolução CONAMA 307 DE 2002, adaptado de (KARPINSKI ET AL., 2009) 44

Figura 2.3: Hierarquia de gestão de resíduos de construção e demolição ................... 46

Figura 2.4: Hierarquia de gestão de resíduos para a demolição e operações de

construção, adaptado de (KIBERT e CHINI, 2000) .......................................... 49

Figura 3.1: Caraterização dos resíduos de construção e demolição nos EUA, adaptado

de (SANTOS e BRITO, 2012) .......................................................................... 57

Figura 3.2: Esquema do processo da desconstrução (GENERALITAT DE

CATALUNYA DEPARTAMENTE DE MEDI AMBIENTE, 1995) ................. 60

Figura 3.3: Ciclo de vida de um edifício, adaptado de (EPA ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY, 2008) ..................................................................... 61

Figura 3.4: Possíveis cenários para o fim-de-vida do edifício, adaptado de

(CROWTHER, 2001) ....................................................................................... 62

Figura 5.1: Fluxograma das atividades realizadas nos estudos de caso ...................... 88

Figura 5.2: Fluxograma das atividades da pesquisa empírica .................................... 92

Figura 6.1: Habitação de piso térreo a ser demolida (GOOGLE, 2011) ..................... 99
Figura 6.2: Reaproveitamento de janelas e portas em obra (Autor, 2014) ................. 99

Figura 6.3: Reaproveitamento de portas, janelas e grelhas metálicas (Autor, 2014) .. 99

Figura 6.4: Reaproveitamento e armazenamento em obra de telhas cerâmicas (Autor,

2014)............................................................................................................... 100

Figura 6.5: Produção de resíduos durante o processo de demolição (Autor, 2014)... 101

Figura 6.6: Instalações elétricas, assinaladas pelas setas a vermelho (Autor, 2014) . 101

Figura 6.7: Habitação de piso térreo antes da demolição começar (GOOGLE, 2015)

....................................................................................................................... 102

Figura 6.8: Habitação a demolir já sem portas, janelas e coberturas (Autor, 2015) . 102

Figura 6.9: A demolição das paredes interiores (Autor, 2015) ................................. 103

Figura 6.10: Geração de resíduos no local de trabalho (Autor, 2015) ...................... 103

Figura 6.11: A falta da utilização de equipamento de proteção individual durante o

processo de demolição (Autor, 2015) ............................................................... 104

Figura 6.12: A falta de acessos a andares superiores (Autores, 2015) ...................... 104

Figura 6.13: Demolição das paredes exteriores (Autor, 2015) .................................. 104

Figura 6.14: Acumulação de entulho no final da demolição (Autor, 2015) .............. 105

Figura 6.15: Recolha e transporte dos resíduos de demolição (Autor, 2015) ............ 105

Figura 6.16: Tabela de preços de alguns materiais recuperados disponíveis para revenda

da empresa E1 (Autor, 2015) .......................................................................... 107


Figura 6.17: Venda de vários tipos de madeira (Autor, 2015) ................................. 108

Figura 6.18: Venda de telhas de fibrocimento (Autor, 2015) ................................... 108

Figura 6.19: Venda de tijolo Comum (Autor, 2015) ................................................ 109

Figura 6.20: Venda de vidro (Autor, 2015) ............................................................. 109

Figura 6.21: Venda de portas metálicas (Autor, 2015) ............................................ 109

Figura 6.22: Venda de caixilharias (Autor, 2015).................................................... 110

Figura 6.23: Venda de equipamentos para o banheiro e cozinha (Autor, 2015) ....... 110

Figura 6.24: Venda de portões de ferro (Autor, 2015) ............................................. 111

Figura 6.25: Venda desorganizada de vários materiais de construção (Autor, 2015) 111

Figura 6.26: Habitação a ser demolida pela empresa E2 (GOOGLE, 2015)............. 112

Figura 6.27: Fase inicial do acompanhamento da demolição (Autor, 2015) ............. 113

Figura 6.28: Árvores cortadas dentro do canteiro de obra (Autor, 2015) ................ 114

Figura 6.29: Serviços públicos dentro do canteiro de obra (Autor 2015) ................. 114

Figura 6.30: Desmontagem da cobertura (Autor, 2015) .......................................... 114

Figura 6.31: Resíduos acumulados no local de obra (Autor, 2015) .......................... 115

Figura 6.32: Demolição das paredes interiores (Autor, 2015) .................................. 115

Figura 6.33: O balanço da parede (Autor, 2015) ..................................................... 116

Figura 6.34: Móveis recuperados durante a demolição (Autor, 2015) ...................... 116
Figura 6.35: Tijolo maciço recuperado durante a demolição (Autor, 2015) ............. 117

Figura 6.36: Madeira recuperada durante a demolição (Autor, 2015)...................... 117

Figura 6.37: Armazenamento dos equipamentos para auxílio na demolição (Autor,

2015)............................................................................................................... 118

Figura 6.38: Acesso precário e perigoso ao piso superior (Autor, 2015) ................... 119

Figura 6.39: Materiais aproveitados durante a demolição (Autor, 2015) ................. 119

Figura 6.40: Materiais aproveitados durante a demolição (Autor, 2015) ................. 120

Figura 6.41: Transporte do tijolo maciço e dos materiais metálicos (Autor, 2015) .. 120

Figura 6.42: Acumulação de entulho e demolição do muro de vedação (Autor, 2015)

....................................................................................................................... 121

Figura 6.43: Alguns dos portões recuperados, o portão da direita foi colocado na casa

do proprietário, como portão da entrada da loja dos materiais de demolição

(Autor, 2016) .................................................................................................. 122

Figura 6.44: Armazenamento dos materiais recuperados da demolição (Autor, 2016)

....................................................................................................................... 123

Figura 6.45: Armazenamento dos materiais recuperados da demolição (Autor, 2016)

....................................................................................................................... 123

Figura 6.46: Fluxograma da gestão de resíduos de demolição nas empresas demolid

....................................................................................................................... 128

Figura 8.1: Categorias de análise das etapas da demolição...................................... 131


Figura 8.2: Esquema com as atividades de verificação antes da demolição.............. 134

Figura 8.3: Esquema com a documentação para a demolição .................................. 141

Figura 8.4: Esquema com as etapas da segurança na demolição.............................. 146

Figura 8.5: Fluxograma dos diferentes tipos de demolição de acordo com a revisão

normativa ....................................................................................................... 153

Figura 8.6: Esquema com as etapas da execução da demolição seletiva .................. 155
Lista de Quadros

Quadro 2.1 : Classes e destinos dos resíduos da construção e demolição, segundo a

Resolução CONAMA 307 de 2002, adaptado de (KARPINSKI ET AL., 2009) . 41

Quadro 2.2: Vantagens e desvantagens da separação na origem e dos centros de

triagem, adaptado de (GENERALITAT DE CATALUNYA DEPARTAMENTE

DE MEDI AMBIENTE, 1995) .......................................................................... 50

Quadro 3.1: Oportunidades e restrições da Desconstrução, adaptado de (GUY e

SHELL, 2002) ................................................................................................... 64

Quadro 4.1: Análise comparativa sobre as categorias de análise estudadas que se

encontram nas legislações.................................................................................. 81

Quadro 6.1: Atividades síntese das atividades realizadas durante os estudos empíricos

ao longo da dissertação ..................................................................................... 96

Quadro 6.2: Registo das atividades realizadas durante o desenvolvimento do trabalho

......................................................................................................................... 97

Quadro 6.3: Quadro síntese de comparação entre estudos de caso .......................... 126
Siglas, Abreviaturas e Símbolos

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANSI American National Standards Institute

ASSE American Society of Safety Engineers

Cd Cádmio

CFR Code of Federal Regulations

Dióxido de Carbono

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COV Compostos Orgânicos Voláteis

DfD Projeto para desconstrução/Design for Deconstruction

DfR Projeto para Reciclagem/Design for Recycling

EPA Environmental Protection Agency

EPC Equipamentos de Proteção Coletiva

EPI Equipamentos de Proteção Individual

EUA Estados Unidos da América

LBP Lead-Based Paint

NZDAA New Zealand Demolition and Asbestos Association

OPC Cimento Portland

OSHA Occupational Safety and Health Administration


PCB Bifenilos Policlorados

PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da


Construção Civil

Pb Chumbo

RCC Resíduos da Construção Civil

RCD Resíduos de Construção e Demolição

SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto


Sumário

1. Capítulo 1 – Introdução ................................................................................ 29

Justificativa .............................................................................................. 29

Objetivos................................................................................................... 32

Estrutura da Dissertação........................................................................... 32

2. Capítulo 2 – Resíduos de Construção Civil ................................................... 35

2.1 Enquadramento ......................................................................................... 35

2.2 Caracterização e classificação de resíduos segundo a Legislação Brasileira. 38

2.2.1 RESOLUÇÃO CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 ....................... 38

2.2.2 ABNT NBR 10004, de 30 de novembro de 2004, Resíduos Sólidos –


Classificação .................................................................................................... 41

2.3 Gestão de resíduos de construção civil....................................................... 42

2.3.1 Princípios da hierarquia de resíduos ...................................................... 45

2.3.1.1 Prevenção e redução ...................................................................... 46

2.3.1.2 Reutilização ................................................................................... 46

2.3.1.3 Reciclagem..................................................................................... 47

2.3.1.4 Outros tipos de valorização............................................................ 48

2.3.1.5 Eliminação ..................................................................................... 48

2.3.2 A importância da separação ou triagem dos resíduos no canteiro de obras


49
2.3.3 Destino final dos resíduos ...................................................................... 51

3. Capítulo 3 – Conceitos e Revisão Bibliográfica sobre a Demolição ................ 55

3.1 Impacto ambiental da demolição de edifícios ............................................. 55

3.2 A desconstrução e a demolição seletiva como alternativa à demolição ....... 59

3.3 Demolição versus Desconstrução: Aspectos econômicos, ambientais e sociais


65

4. Capítulo 4 – Análise Normativa da Demolição de Edifícios ........................... 69

4.1 Introdução................................................................................................. 69

4.2 Legislações aplicadas à execução da demolição de edifícios .............................. 70

4.2.1 NBR 5682/1977 - Contratação, execução e supervisão de demolições (Brasil)


......................................................................................................................... 71

4.2.2 Norma Regulamentadora NR18.5 – Condições e meio ambiente de trabalho


na indústria - Demolição (Brasil) ...................................................................... 72

4.2.3 ANSI/ASSE A10.6-2006: Safety and Health Program Requirements for


Demolition Operation (Estados Unidos da América); ........................................ 73

4.2.4 29 CFR 1926 Subpart t – Whether the demolition standard applies to moving
a residential structutre (Estados Unidos da América) ....................................... 73

4.2.5 BS 6187:2011 – Code of Practice for Demolition (Inglaterra).................... 74

4.2.6 AS 2601:2001 – The Demolition of Strutuctures (Austrália) ..................... 76

4.2.7 Demolition Work – Code of Practice (2016) (Austrália) ........................... 77

4.2.8 Demolition – Best Practice Guidelines for Demolition in New Zealand (2013)
(Nova Zelândia) ................................................................................................ 78

4.2.9 CSA:1980 (R2003) - Code of Practice for Safety in Demolition of Structures


(Canada)........................................................................................................... 78
4.3 Análise comparativa das normas técnicas........................................................ 79

Desmon. de materiais de revestimento .............................................................. 84

5. Capítulo 5 – Método de Pesquisa .................................................................. 87

6. Capítulo 6 - Estudos de Caso ........................................................................ 93

6.1 Estudo de caso I (E1)................................................................................ 98

6.1.1 Entrevista ao responsável pela demolição .............................................. 98

6.1.2 Visitas às obras de demolição ................................................................ 98

6.1.3 Visita à loja de revenda dos materiais ................................................. 106

6.2 Estudo de Caso ll (E2) ............................................................................ 111

6.2.1 Entrevista ao responsável .................................................................... 111

6.2.2 Visitas à obra de demolição ................................................................. 112

6.3 Estudo de Caso lll (E3) ........................................................................... 121

6.3.1 Entrevista ao responsável .................................................................... 121

6.3.2 Visita à loja de revenda dos materiais ................................................. 122

6.4 Análise dos estudos de caso ..................................................................... 123

7. Capítulo 7 – Diretrizes para o Planejamento de uma Demolição Sustentável


129

7.1 Considerações iniciais .............................................................................. 129

7.2 Contratação da Empresa ......................................................................... 131

7.3 Verificações antes da demolição .............................................................. 133

7.3.1 Inspeção do local ..................................................................................... 135


7.3.1.1 Caracterização do edifício ................................................................ 135

7.3.1.2 Substâncias Perigosas ...................................................................... 136

7.3.1.3 Edifícios Adjacentes......................................................................... 137

7.3.1.4 Serviços Públicos ............................................................................. 138

7.3.2 Inspeção estrutural .................................................................................. 139

7.4 Documentação para a demolição ............................................................. 140

7.4.1 Plano de Demolição................................................................................. 141

7.4.2 Medidas de Segurança e Saúde ................................................................ 143

7.4.3 Plano de Gestão de Resíduos .................................................................. 144

7.4.4 Licenciamento ......................................................................................... 144

7.5 Segurança na demolição .......................................................................... 145

7.5.1 Ambiente ................................................................................................ 147

7.5.2 Ferramentas ............................................................................................ 147

7.5.3 Supervisão e formação ............................................................................. 148

7.5.4 Limpeza do local ..................................................................................... 149

7.5.5 Equipamentos de proteção individual ...................................................... 149

7.5.6 Equipamentos de proteção coletiva ......................................................... 150

7.5.7 Medidas preventivas................................................................................ 151

7.6 Processos de Demolição ........................................................................... 152

7.6.1 Demolição Manual .................................................................................. 153

7.6.2 Demolição Mecânica ................................................................................ 154


7.6.3 Etapas da Execução da Demolição Seletiva ............................................. 154

7.6.3.3 Desmontagem de Materiais de Revestimento, Decoração e Acabamentos


155

7.6.3.4 Desmontagem da cobertura ............................................................. 156

7.6.3.5 Desmontagem de Paredes Divisórias ou não Portantes .................... 157

7.6.3.6 Demolição ou Desmontagem de Paredes de Fachada ou Estruturais 158

7.6.3.7 Demolição de Pavimentos ................................................................ 159

7.6.3.8 Demolição de Vigas e Pilares ........................................................... 160

7.7 Otimização de gestão de resíduos ............................................................ 161

7.7.1 Remoção, Separação e Armazenamento................................................... 162

7.7.2 Transporte para a destinação final .......................................................... 163

7.7.3 Limpeza do terreno ................................................................................. 164

8 Capítulo 8 – Conclusões .............................................................................. 165

Referências ............................................................................................................. 169

APÊNDICE A .................................................................................................... 177

APÊNDICE B .................................................................................................... 205


29

1. Capítulo 1 – Introdução

Justificativa

Até o final do século XX, na Indústria da Construção Civil, o esgotamento dos recursos
não renováveis utilizados ao longo de toda a sua cadeia produtiva, os custos e prejuízos
causados pelo desperdício de materiais e o destino dado aos resíduos produzidos nesta
atividade não foram considerados como fatores de muita preocupação. A indústria da
construção brasileira não teve consciência ecológica, resultando em estragos ambientais
irreparáveis, agravados pelo excesso de migração ocorrido na segunda metade do século
passado, quando a relação existente de pessoas no campo e nas cidades, de 75% para
25% foi invertida, ocasionando uma enorme demanda de novas habitações
(MACHADO, MOUCO e SOARES, 2006).

A construção civil afeta consideravelmente o meio ambiente através do consumo de


recursos minerais e da produção de resíduos. Delapidando jazidas de pedras, areias,
calcário, zinco, alumínio, ferro, entre outros e sendo consumidora voraz de madeira e
água. O crescimento desenfreado do consumo de recursos naturais fez o homem
repensar a sua forma atual de produção, percebendo os danos ambientais como o efeito
estufa, inversões térmicas, alterações nos habitats de vários seres vivos e
consequentemente a extinção e a diminuição destes (PAIVA e RIBEIRO, 2011).

O modelo de construção tradicional é responsável pela produção de grandes


quantidades de dióxido de carbono e de outras emissões nocivas aos diferentes
ecossistemas. Neste sentido, existem programas de orientação estratégica que
promovem boas práticas construtivas, isto é, práticas mais sustentáveis. No entanto,
são ainda poucos os responsáveis pela tomada de decisões, que facilitam e promovem a
sua aplicação prática e que incentivam a construção sustentável, por exemplo, através
de mecanismos financeiros (taxas, créditos, penalizações ecológicas, entre outros)
(CASTRO, MATEUS e BRAGANÇA, 2011). Para isso, torna-se necessário iniciar nas
30

etapas de projeto, a consideração de estratégias que visam a promoção da recuperação


de materiais e componentes da construção após a vida útil do edifício (ROCHA, 2007).

A demolição não contém barreiras quanto à geração de entulho, o que produz uma
enorme quantidade de detritos que na maioria dos casos, são apenas adicionados aos
resíduos nos aterros sanitários. Devido às preocupações da comunidade sobre os
potenciais impactos e sobre o meio ambiente em áreas desenvolvidas, tornar-se cada
vez mais difícil a disponibilização de locais para aterros. Por outro lado, o fato dos
aterros tenderem a situar-se em zonas mais afastadas das áreas desenvolvidas, aumenta
os custos de transporte. Uma alternativa ao envio desses materiais para aterros
sanitários é escolher a desconstrução sobre o hábito mais comum que é a demolição
(COUTO e COUTO, 2010). Face às preocupações ambientais e à oposição pública,
estão sendo criados regulamentos para definir planos, com o intuito de reduzir o
descarte de resíduos sólidos em aterros sanitários (DANTATA, TOURAN e WANG,
2005).

Um dos principais objetivos da construção sustentável deveria ser a aplicação de um


ciclo de vida fechado, ou seja, recuperar os materiais da fase de desconstrução ou
demolição dos edifícios, de tal modo, que os materiais reaproveitados no final da vida
útil dos edifícios possam ser levados de volta, para o mesmo fluxo de materiais ou em
diferentes condições e funcionalidades, após a sua recuperação (SCHULTMANN e
SUNKE, 2007). A desconstrução é um processo construtivo de desmontagem de
materiais e componentes. Tem como objetivo principal, recuperar o máximo possível
dos materiais de construção de forma a possibilitar a sua reutilização ou, até mesmo
reciclagem, para uma futura aplicação em novas construções.

Há um grande consenso geral sobre o que se considera a demolição, segundo alguns


autores é a eliminação completa de todas os elementos de um edifício em um
determinado local e horário específico, ou seja, o fim da vida útil para a construção.
No entanto, a demolição parcial na verdade começa durante a vida útil dos edifícios
como manutenção e adaptação, incluindo a substituição de componentes e materiais de
construção, o que resulta num desperdício considerável de resíduos (THOMSEN,
SCHULTMANN e KOHLER, 2011). É imprescindível que as empresas de construção
tenham capacidade para dar resposta a todas as exigências dos clientes, que, cada vez
31

mais, procuram a inclusão de uma componente ambiental (COUTO, COUTO e


TEIXEIRA, 2006).

Com a evolução da construção e do conceito “edifício sustentável”, foram emergindo


no mercado novos materiais e produtos de construção. Alguns deles sustentam rótulos
que alegam que os mesmos apresentam menores impactos ambientais do que os
materiais e produtos de construção convencionalmente utilizados. No entanto, não é
claro que os designados “materiais sustentáveis” são mais sustentáveis, quando
utilizados em edifícios em que seja necessário realizar as mesmas funções que os
convencionais (BRAGANÇA e MATEUS, 2012).

Pulaski et al. descreve que os métodos atuais para a demolição de edifícios enfatizam
a reciclagem seletiva de resíduos. Muitos edifícios antigos contêm algum nível de
amianto, tinta à base de chumbo ou outros materiais potencialmente tóxicos que
apresentam risco para a saúde. Além disso, os projetos originais na maioria das vezes
não consideram o potencial da reutilização dos materiais e componentes de construção,
nem dão atenção ao processo de desconstrução. Estas questões proporcionam maiores
obstáculos para os empreiteiros de desconstrução ou demolição (PULASKI, HEWITT,
et al., 2003).

A reciclagem de resíduos, também pode causar impactos negativos ao meio ambiente,


variáveis como o tipo de resíduo, a tecnologia empregue e a utilização proposta para o
material reciclado, podem tornar o processo de reciclagem ainda mais impactante do
que o próprio resíduo era antes de ser reciclado. Todo processo de reciclagem necessita
de energia para transformar o produto ou tratá-lo de forma a torná-lo apropriado a
ingressar novamente na cadeia produtiva. Além disso, muitas vezes, apenas a energia
não é suficiente para a transformação do resíduo, são necessárias também matérias-
primas para o modificar física e/ou quimicamente (ANGULO, ZORDAN e JOHN,
2001).

Assim torna-se importante procurar soluções para a fase final das edificações,
incentivando a prática de demolições mais sustentáveis, começando pela escolha
seletiva dos materiais que agregam mais valor para as empresas demolidoras envolvidas,
aplicando em pequenas construções. Até que futuramente seja empregado em grande
32

escala, de modo a possibilitar a desmontagem e reutilização de todos os elementos de


uma edificação, fechando assim o ciclo de vida dos edifícios, promovendo o mínimo de
fluxo de resíduos em obra, para que se possa obter o máximo de materiais reutilizáveis.

Objetivos

A presente dissertação de mestrado tem como principal objetivo desenvolver um


conjunto de diretrizes que permitem aprimorar o planejamento das atividades de
demolição de pequenas edificações térreas, sem qualquer valor histórico, considerando
a tecnologia atual para este tipo de obra no Brasil, promovendo boas práticas a serem
adotadas por pequenas empresas demolidoras, no sentido de aumentar o desempenho
da gestão dos resíduos e a prevenção de riscos, dentro do canteiro de obras, como
também melhorar a execução dos trabalhos.

Em função do objetivo geral do trabalho procurou-se definir mais detalhadamente as


etapas a serem realizadas durante o mestrado, assim sendo os objetivos específicos a
serem desenvolvidos sobre o presente trabalho são:

 Pesquisar e estudar o estado atual dos impactos da demolição e procurar


soluções mais sustentáveis, discutindo parâmetros econômicos, ambientais
e sociais;
 Estudar uma seleção de normas internacionais e códigos de trabalho sobre
o processo de demolição e os riscos desta atividade;
 Diagnosticar como acontecem as principais irregularidades efetuadas
durante o processo de demolição realizado pelas pequenas empresas no
Estado de São Paulo;

Estrutura da Dissertação

A dissertação de Mestrado está dividida em oito capítulos, sendo estes Introdução,


Resíduos da Construção Civil, Conceitos e Revisão Bibliográfica sobre a Demolição,
Análise Normativa da Demolição de Edifícios, Método de Pesquisa, Estudos de Caso,
Diretrizes para o Planejamento de uma Demolição Sustentável e as Conclusões e
33

Perspectivas Futuras. Contendo no final as referências bibliográficas e dois apêndices


A e B.

No primeiro capítulo é realizada uma introdução à situação atual da construção


civil no Brasil relativamente ao corrente processo das demolições e da respetiva
gestão de resíduos deste setor. Também é descrito neste capítulo os objetivos da
presente dissertação e para finalizar a descrição da estrutura do trabalho.

No segundo capítulo é discutido o impacto da produção de resíduos em demolições


e quais os documentos legislativos referentes à gestão de resíduos da construção
civil (RCC) no Brasil. De acordo com a Resolução CONAMA n° 307 de 5 de julho
de 2002 e a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 10004 de 30
de novembro de 2004 foi realizado uma caraterização e classificação dos resíduos
deste setor, e uma reflexão sobre a destinação final dos materiais e resíduos gerados
pela demolição.

No terceiro capítulo é analisada a revisão bibliográfica sobre a demolição de


edifícios, em que serão avaliadas as preocupações ambientais, sociais e econômicas,
como também, a procura por alternativas mais sustentáveis, como a desconstrução
ou a demolição seletiva e o projeto para a desconstrução, e potenciais aspetos a
melhorar no seu desempenho.

No quarto capítulo é elaborado em função de uma revisão bibliográfica das normas


e legislação de diferentes países sobre o processo de demolição, desenvolvendo um
conjunto de etapas para o planejamento da demolição de edifícios, e comparando
a legislação através de um quadro resumo.

No quinto capítulo é explicado o método de pesquisa selecionado e em que consiste a


pesquisa empírica do presente trabalho.

No sexto capítulo é apresentado e analisado os diagnósticos dos estudos de caso


realizados nas diferentes empresas de demolição no Estado de São Paulo, iniciando-
se pelas entrevistas que se encontram no apêndice A, posteriormente o
acompanhamento de uma obra de demolição, em que as respetivas cheklist de
34

verificação se encontram exposta no apêndice B e após acompanhamento, a visita


nas lojas de revenda dos materiais.

No sétimo capítulo é descrito o tema principal da dissertação, as diretrizes para o


planejamento de uma demolição sustentável, especificando passo-a-passo, todos os
aspetos relevantes, de apoio ao desenvolvimento de soluções sustentáveis em função
da demolição seletiva de um edifício, nomeadamente antes, durante e após o seu
desmantelamento. São também abordados os riscos de segurança e saúde e quais
as regras a seguir durante todo o processo, como também a destinação final dos
materiais removidos e a sua separação em obra.

No oitavo e último capitulo são apresentadas as conclusões a extrair da realização


deste trabalho e perspectivas futuras sobre este tema, bem como uma análise crítica
ao estado atual da demolição e do seu futuro.

Por último são expostas todas as referências bibliográficas que foram consultadas
para o desenvolvimento e pesquisa deste trabalho e os apêndices A e B onde se
encontram as entrevistas e cheklist realizadas durante a pesquisa empírica.
35

2. Capítulo 2 – Resíduos de
Construção Civil

2.1 Enquadramento

A indústria da construção é um dos setores que mais recursos naturais consume, tendo
por isso grande responsabilidade na delapidação desses recursos e, por conseguinte, na
degradação do meio ambiente. Os resíduos resultantes desta indústria constituem uma
parte significativa do total de resíduos produzidos, sendo por isso, importante o seu
estudo. A melhor maneira de lidar com estes resíduos é, em primeiro lugar, evitá-los,
depois se deve tentar reciclar a maior quantidade possível. A incineração e a deposição
dos resíduos em aterros devem ser as últimas opções a ter em conta (MATEUS e
BRAGANÇA, 2006).

A competência da gestão urbana envolve três níveis de união, governamentais,


estaduais e municipais. O município é o que possui maior responsabilidade, pois, é no
âmbito municipal que é elaborado o Plano Diretor, instrumento básico da política
urbana; também, o município possui uma relação de instrumentos urbanísticos, dos
quais são citados os quatros principais: Lei de uso e ocupação do solo urbano
(zoneamento), Lei de parcelamento do solo urbano, Código de obras e Código de
posturas municipais. Considerando que a maioria da população brasileira reside nas
cidades e grande parte das atividades humanas acontece no espaço urbano, de forma
mais intensa e acelerada, por isso, a zona urbana sofre um crescimento descontrolado,
causado por vários fatores, como: o êxodo rural e a falta do controle da natalidade,
trazendo problemas de ordem alarmantes. É importante o acompanhamento dos
critérios de uso e ocupação do solo urbano, pois o não cumprimento traz um impacto
negativo, como perda e destruição dos ecossistemas inteiros ou degradação ambiental
dessas áreas (MACHADO, MOUCO e SOARES, 2006).
36

Os resíduos de construção e demolição são produzidos a partir de construções,


renovações, reparações e demolições de estruturas, como edifícios residenciais e
comerciais, estradas, pontes, etc. A composição dos resíduos varia para estas diferentes
atividades e estruturas, e frequentemente contêm volumosos e pesados materiais,
incluindo concreto, madeira (dos edifícios), asfalto (das estradas), gesso (o principal
componente do drywall), metais, tijolos, vidro, plásticos, telhas, componentes de
construção recuperados (portas, janelas e encanamentos), terra e rocha a partir da
limpeza do local. Mais importante, os resíduos podem conter substâncias perigosas, tais
como o amianto e metais pesados. Todos estes diferentes materiais precisam ser
gerenciados em um ambiente seguro e de forma viavelmente econômica. A indústria da
construção civil é, provavelmente, um dos mais importantes campos em uma escala
global, em relação a sua coesão econômica, tecnológica e impacto ambiental (BANIAS,
ACHILLAS, et al., 2010).

Na reforma de edifícios, a falta de cultura de reutilização e reciclagem dos materiais e


o desconhecimento da potencialidade dos resíduos reciclados, são as principais causas
da geração de resíduos nessas etapas, portanto, não relacionadas ao desperdício, mas à
não-reutilização do material. Os resíduos incorporados na edificação irão gerar mais
resíduos com o passar dos anos, através da manutenção da edificação, além da
sobrecarga na estrutura, o que acaba aumentando o custo e, consequentemente,
reduzindo a qualidade, podendo provocar patologias, diminuir a própria vida útil ou o
desempenho da edificação (KARPINSKI ET AL., 2009).

A partir da década de 90 os resíduos de construção e demolição (RCD) passaram a ser


objeto de pesquisa científica, resultando em diversas publicações, que culminaram, em
2002, na Resolução do Conama nº 307 passou a exigir dos municípios brasileiros a
elaboração e a implementação de um Plano Municipal de Gerenciamento dos Resíduos
de Construção Civil, conforme a situação local (TESSARO, SÁ e SCREMIN, 2012).
37

Impacto da Geração de Resíduos no


Canteiro de Obras (2011)
5% 10%
35%
50%

Muito Alto Alto Médio Baixo

Figura 2.1: Impacto causado pela geração de resíduos de construção e demolição no canteiro
de obras na Região Metropolitana do Cariri Cearense em 2011, adaptado de (MARINHO e
SILVA, 2012)

Como qualquer outra atividade, a reciclagem também pode gerar resíduos, cuja
quantidade e características vão depender do tipo de reciclagem escolhida. Esses novos
resíduos, nem sempre são tão ou mais simples do que aqueles que foram reciclados. É
possível que eles se tornem ainda mais agressivos ao homem e ao meio ambiente do que
o resíduo que está a ser reciclado. Dependendo de sua periculosidade e complexidade,
estes rejeitos podem causar novos problemas, como a impossibilidade de serem
reciclados, a falta de tecnologia para os seus tratamentos, a falta de locais para dispô-
los e todo o custo que isto ocasionaria (ANGULO, ZORDAN e JOHN, 2001).

Segundo os Autores, o risco de saúde dos novos materiais para os utilizadores


geralmente é desprezado na avaliação de produtos reciclados, e dos próprios
trabalhadores da indústria recicladora, devido à lixiviação de frações solúveis ou até
mesmo pela evaporação de frações voláteis. Os resíduos muitas vezes são constituídos
por elementos perigosos como metais pesados, como o Cádmio e o Chumbo (Cd, Pb) e
Compostos Orgânicos Voláteis (COV). Dessa forma, é preciso que a escolha da
reciclagem de um resíduo seja criteriosa e pondere todas as alternativas possíveis em
relação ao consumo de energia e matéria-prima pelo processo de reciclagem escolhido.
Os custos despendidos com os resíduos, como os de licenças ambientais, deposição de
resíduos, transportes, as multas ambientais, entre outros devem ser considerados para
a futura avaliação da viabilidade econômica da reciclagem (ÂNGULO, ZORDAN, &
JOHN, 2001).

É frequente o diário de obra especificar que a prática, pelo empreiteiro, de qualquer


38

crime de natureza ambiental é motivo de rescisão do contrato, sem prejuízo do


pagamento de todas as multas e sanções aplicadas. A intenção de publicar documentos
legislativos mais restritivos em termos ambientais é também um fator para o qual a
indústria da construção, em cada país tem que se preparar, nomeadamente no que se
refere à separação e encaminhamento de resíduos produzidos nas atividades
desenvolvidas nos canteiros de obras (COUTO, COUTO e TEIXEIRA, 2006).

2.2 Caracterização e classificação de resíduos segundo a


Legislação Brasileira

Os resíduos de construção e demolição possuem características bastante peculiares por


serem produzidos num setor onde há uma gama muito grande de diferentes técnicas e
metodologias de produção e cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente,
quando existe. Algumas características como composição e quantidade produzida
dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria local de construção,
como qualidade da mão de obra, técnicas construtivas empregadas e adoção de
programas de qualidade. A composição dos RCD, oriundos de cada uma das atividades
que compõem os trabalhos da construção civil, é diferente em cada etapa da obra, mas
sempre há um produto que se sobressai, o qual é diferente em cada país, em razão da
diversidade de tecnologias construtivas utilizadas (KARPINSKI ET AL., 2009).

2.2.1 RESOLUÇÃO CONAMA nº 307, de 5 de julho


de 2002

A Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002, desenvolvida pelo Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), tem como objetivo estabelecer diretrizes,


critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil, disciplinando
as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais. É também definida
a classificação dos resíduos da construção civil, e os objetivos dos geradores de resíduos,
como também a implementação da gestão de resíduos e do Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos, que deve ser elaborado pelos Municípios e pelo Distrito
Federal (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2002).
39

De acordo com a Resolução CONAMA nº 307 de 2002, artigo nº 3 descreve que os


resíduos da construção civil deverão ser classificados, da seguinte forma:

I. Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,


tais como:
a) De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação
e de outras obras de infraestruturas, inclusive solos provenientes
de terraplanagem;
b) De construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-
moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.)
produzidas nos canteiros de obras;
II. Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
III. Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação.
IV. Classe D – são os resíduos perigosos, oriundos do processo de
construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles
contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clinicas
radiológicas, instalações industriais e outros.
A Resolução CONAMA nº 307 de 2002, define que os responsáveis pela produção de
resíduos da construção civil devem se responsabilizar pelos restos das atividades de
construção, reformas e demolições de estruturas e estradas, bem como pelas sobras
resultantes de remoção de vegetação e escavação de solos. Determina também que os
resíduos da construção civil não podem ser dispostos em aterros de resíduos sólidos
urbanos, em terrenos baldios, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas
protegidas por lei, devendo ser adequadamente destinados das seguintes formas
(SALADO e SICHIERI, 2016):
40

I. Classe A – Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou


encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;
II. Classe B – Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo disposto de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura;

III. Classe C – Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade


com as normas técnicas específicas;

IV. Classe D – Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em


conformidade com as normas técnicas específicas.
41

Quadro 2.1 : Classes e destinos dos resíduos da construção e demolição, segundo a Resolução
CONAMA 307 de 2002, adaptado de (KARPINSKI ET AL., 2009)

Classes Integrantes Destinação


Encaminhar para um triturador de blocos previamente
instalado no canteiro, sendo o material final reutilizado em
Componentes
calçadas, bases e sub-bases.
cerâmicos,
A Reutilizar ou reciclar na forma de agregados.
argamassas,
Encaminhar para um aterro de resíduos da construção civil,
concretos.
dispondo de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem
futura.
Reutilizar, reciclar ou encaminhar para as áreas de
Plásticos, papel armazenamento temporário, permitindo a utilização ou
e papelão, reciclagem futura.
B metais, vidros, Armazenar num local predeterminado e enviar para a
madeiras e empresa habilitada ao seu recolhimento, por meio do
outros. transporte de materiais e equipamentos.
Enviar à empresa compradora.
Armazenar, transportar e escolher a destinação final em
C Gesso e outros. conformidade com as normas técnicas específicas.
Armazenar em depósito até à destinação final.
Armazenar, transportar, reutilizar e escolher a destinação
Tintas,
final em conformidade com as normas técnicas específicas.
solventes, óleos
As sobras podem ser reutilizadas para pintura de tapumes e
D e outros
outras utilizações dentro do canteiro, e a destinação final deve
resíduos
ser da responsabilidade da empresa habilitada para o seu
contaminados.
recolhimento.

2.2.2 ABNT NBR 10004, de 30 de novembro de 2004,


Resíduos Sólidos – Classificação
Esta Norma classifica os resíduos sólidos, quanto aos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente.
Estabelece também os critérios de classificação e os códigos para a identificação dos
resíduos de acordo com as suas caraterísticas. Os resíduos sólidos são classificados em
dois grupos – perigosos e não perigosos, sendo ainda este último grupo subdividido em
inertes e não inertes. A classificação de resíduos sólidos envolve a identificação do
42

processo ou atividade que lhes deu origem, dos seus constituintes e características, e a
comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto
à saúde e ao meio ambiente é conhecido (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2004).

Justamente por serem tão danosos, alguns resíduos perigosos são descartados
aleatoriamente ou depositados no meio ambiente, pois não se sabe como lidar com eles
com segurança e espera-se que o ambiente absorva as substâncias tóxicas. Porém, essa
não é a solução correta para o problema, já que muitos metais e produtos químicos não
são naturais, nem biodegradáveis (SALADO e SICHIERI, 2016).

A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes


deu origem, de seus constituintes e suas características, como também a comparação
destes constituintes, com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao
meio ambiente é conhecido. A identificação dos constituintes a serem avaliados na
caracterização do resíduo deve ser criteriosa e estabelecida de acordo com as matérias-
primas, os insumos e o processo que lhe deu origem. De acordo com a ABNT NBR
10004 de 2004, os resíduos sólidos são classificados como:

a) Resíduos Classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam periculosidade,


conforme definido, nesta Norma;
b) Resíduos Classe II – Não perigosos;
a. Resíduos Classe II A – Não inertes: são aqueles que não se enquadram
nas classificações de resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe
II B – Inertes, estes resíduos podem ter propriedades, tais como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
b. Resíduos Classe II B – Inertes: Quaisquer resíduos que, quando
amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007,
e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não
tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto,
cor, turbidez, dureza e sabor.
43

2.3 Gestão de resíduos de construção civil

O consumo de agregados naturais varia entre 1 e 8 toneladas/habitante por ano. No


Brasil o consumo de agregados naturais somente na produção de concreto e argamassas
é de 220 milhões de toneladas. Em São Paulo a areia natural, em sua grande parte
viaja distâncias superiores a 100 km, elevando o custo para valores em torno de
R$25/m3. A construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída e a
maioria das florestas não é manejada adequadamente. Algumas matérias-primas
tradicionais da construção civil têm reservas mapeadas e escassas. O cobre e o zinco,
por exemplo, têm reservas suficientes apenas para 60 anos. Embora estes valores
possam sempre ser questionados, certamente exercem influência no preço dos produtos,
dificultando o seu uso (PAIVA e RIBEIRO, 2011).

Além de extrair recursos naturais, a produção de materiais de construção também gera


poluição, como a poeira e o dióxido de carbono ( ). Para cada tonelada de clinquer
produzido, mais de 600 kg de dióxido de carbono são gerados. As medidas de produção
ambientais de outras indústrias e o crescimento da produção mundial do cimento fazem
com que a participação do cimento no total gerado tenha mais que dobrado no
período 30 anos (1950 e 1980). Outros materiais usados em grande escala têm
problemas similares. A construção civil é certamente um dos maiores geradores de
resíduos de toda a sociedade. O volume de resíduos de construção e demolição gerado
é até duas vezes maior que o volume de lixo sólido urbano (PAIVA e RIBEIRO, 2011).

A Resolução CONAMA nº 307 de 2002, artigo nº 2 define que o gerenciamento de


resíduos “é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar os resíduos,
incluindo planejamento, responsabilidades práticas, procedimentos e recursos para
desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas
em programas e planos”. Esta resolução define também que para a implementação da
gestão de resíduos da construção civil é necessário um Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos que deve ser elaborado pelos Municípios e pelo Distrito
Federal, e deve conter:

I. O programa Municipal de gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e


II. Os projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção civil.
44

Figura 2.2: Fluxograma da gestão de resíduos de construção e demolição, segundo a Resolução


CONAMA 307 DE 2002, adaptado de (KARPINSKI ET AL., 2009)

De acordo com o artigo nº 6 da Resolução CONAMA nº 307 de 2002, no Plano


Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção deve constar:

I. As diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de


Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos
grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os
geradores;
II. O cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,
triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade
com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos
resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;
45

III. O estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de


beneficiamento e de disposição final de resíduos;
IV. A proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;
V. O incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo
produtivo;
VI. A definição de critérios para o cadastramento de transportadores;
VII. As ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;
VIII. As ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua
segregação.

De acordo com o artigo nº 9 da Resolução CONAMA nº 307 de 2002, os projetos de


Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes
etapas:

I. Caraterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;


II. Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou
ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade,
respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no artigo nº 3 desta Resolução;
III. Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a
geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja
possível, as condições de reutilização e de reciclagem;
IV. Transportes: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e
de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
V. Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução.

Todos os pedidos de construção e demolição a realizar devem ser acompanhados de um


plano de gestão de resíduos que define as quantidades e tipos de resíduos que irão ser
gerados e os meios de tratamento pretendido.

2.3.1 Princípios da hierarquia de resíduos

As recomendações de alcance internacional para a gestão de resíduos foram


estabelecidas na Agenda 21 da Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento, conhecida como “Hierarquia dos Resíduos”, implantada em
diversos países.
46

Prevenção e
Redução

Reutilização

Reciclagem

Outros tipos de valorização

Eliminação

Figura 2.3: Hierarquia de gestão de resíduos de construção e demolição

2.3.1.1 Prevenção e redução


A prevenção é a adoção de medidas antes de uma substância, material ou produto
assumir a natureza de resíduo, com o objetivo de reduzir a quantidade de resíduos
produzidos, designadamente através da reutilização de produtos ou do prolongamento
do tempo de vida útil dos produtos; os impactos adversos no ambiente e na saúde
humana resultantes dos resíduos produzidos; e o teor de substâncias presentes nos
materiais e produtos.

É necessário minimizar e prevenir, sempre que possível, a produção de resíduos, apesar


das possibilidades de prevenção de resíduos serem muito limitadas nos locais de
demolição. Deve constar no contrato entre o cliente e a empresa contratada, uma
obrigação de prevenção de resíduos. Trata-se de um acordo voluntário que vai
influenciar a boa vontade dos participantes.

2.3.1.2 Reutilização
A Resolução CONAMA nº 307 de 2002, artigo nº 2 define que a reutilização “é o
processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo”. A reutilização
de materiais pode reduzir significativamente, ou evitar, a energia necessária para a
produção de novos materiais, para substituir aqueles já em serviço. Reduz o consumo
de energia a partir da reutilização de materiais e produz uma redução correspondente
47

em danos ambientais, particularmente a produção de gás de efeito estufa


(CROWTHER, 2000).

A reutilização dos componentes do edifício tem várias vantagens em relação à


reciclagem. Em primeiro lugar, ao contrário da reciclagem, a reutilização preserva o
investimento da energia necessária para produzir os componentes para a desconstrução
ou demolição seletiva do edifício através da reutilização e do prolongamento sua vida
útil. A reutilização de materiais também reduz significativamente o custo, o consumo
de energia e as emissões de carbono resultantes da demolição (AKBARNEZHAD, ONG
e CHANDRA, 2014).

Segundo Coelho e de Brito, sempre que possível, os materiais devem ser recuperados
em boas condições para serem reutilizados, incentivando as atividades comerciais de
venda dos materiais, a fim de garantir uma baixa relação de custo/lucro para cada
material recuperado. Já a reciclagem, embora positiva em termos ambientais e eficaz
em desviar os materiais dos aterros, pode não ser suficiente para dar uma vantagem
econômica sobre a demolição convencional: podendo neste caso ser necessário e muitas
vezes até preferível procurar o lucro real, com a venda de materiais e não apenas
cortando as despesas da disposição final (COELHO e DE BRITO, 2011).

2.3.1.3 Reciclagem
A reciclagem compreende todas as ações realizadas para o reaproveitamento dos rejeitos
produzidos pelo setor de construção civil. Todas as ações que tenham como objetivo
permitir a reutilização de materiais e/ou produtos, de modo a estender o seu ciclo de
vida e diminuir os problemas com a forma de deposição dos resíduos ou de emissão de
poluentes, são consideradas atividades de reciclagem. Os investimentos são todos os
ativos de longa duração usados na atividade de reciclagem. Enquanto, que os custos
para reciclar são todos os gastos necessários ao processo operacional da atividade de
reciclagem, que seriam o manuseio das máquinas e equipamentos, mão de obra,
insumos, etc. (PAIVA e RIBEIRO, 2011).

Um material reciclado ou é um elemento que passa através de, pelo menos, uma
transformação química da sua estrutura interna ou muda o seu estado físico. Enquanto
mantém as suas propriedades iniciais. Um exemplo é a reciclagem de metais, que pode
48

atingir quase 100%, dependendo da qualidade do produto coletado (VEFAGO e


AVELLANEDA, 2013).

A Resolução CONAMA nº 307 de 2002, artigo nº 2 define que o agregado reciclado “é


o material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que
apresentem caraterísticas técnicas para a aplicação em obras de edificação, de
infraestruturas, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia”. Já a reciclagem
é definida como “o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido
submetido à transformação”.

2.3.1.4 Outros tipos de valorização


A valorização pode ser definida como uma operação, cujo objetivo seja a transformação
de um resíduo para o seu fim de vida útil, como por exemplo, a compostagem ou a
inceneração ou um reprocesso biológico, através da substituição de outros materiais.

2.3.1.5 Eliminação
A eliminação é uma operação, que não seja de valorização, como por exemplo, o envio
dos resíduos para um aterro sanitário, ainda que se verifique como consequência
secundaria a recuperação de substâncias ou de energia.
49

Figura 2.4: Hierarquia de gestão de resíduos para a demolição e operações de construção,


adaptado de (KIBERT e CHINI, 2000)

2.3.2 A importância da separação ou triagem dos


resíduos no canteiro de obras
A capacidade de reciclagem de um modo geral pode ser conseguida principalmente no
local onde se procede à desconstrução ou demolição do edificado, com todo o material
sendo classificado mecanicamente ou manualmente e colocado em pilhas separadas para
a remoção de mercados identificados. Esta medida é geralmente conhecida como "fonte
de separação". A alternativa é comumente conhecida como separação de "misturados",
isto é, onde todos os materiais são transportados para um local exterior aquele onde
ocorre a desconstrução ou demolição, para serem separados nos depósitos de
processamento e posteriormente à sua reciclagem. Um centro de triagem ou estação de
transferência pode-se definir como o local onde são recebidos os materiais a granel,
provenientes da recolha dos resíduos, e se procede à separação minuciosa e criteriosa
dos diferentes tipos: plásticos, metais, vidro, papel, cartão, inertes e têxtil, com o
objetivo de prepará-los para serem transportados para, outro local de tratamento,
reciclagem ou destino final (GENERALITAT DE CATALUNYA DEPARTAMENTE
DE MEDI AMBIENTE, 1995).
50

Quadro 2.2: Vantagens e desvantagens da separação na origem e dos centros de triagem,


adaptado de (GENERALITAT DE CATALUNYA DEPARTAMENTE DE MEDI
AMBIENTE, 1995)

Método de reciclagem Vantagens Desvantagens

Vários recipientes no local

Menores custos de de trabalho

reciclagem Trabalhos devem separar os

Separação na origem materiais para a reciclagem

Logística mais complexa


Receitas pagas para alguns
Mercados múltiplos, mais
materiais
informação para administrar

Apenas um ou dois
recipientes no local

Não há necessidade de
trabalhadores para separar Custos de reciclagem mais
Centros de triagem
os materiais para reciclagem elevados

Logística mais fácil

Um mercado, menos
informação para gerir

O que se contrapõe aos graves impactos causados pela grande quantidade de RCD que
são depositados, clandestinamente em terrenos baldios, áreas de preservação
permanente, margens e nascentes de córregos. A região, como a maioria das grandes
cidades brasileiras não possui espaços destinados à recepção adequada dos RCD,
conhecidos na literatura especializada como pontos de entrega voluntaria de resíduos
de construção civil. Esses espaços são definidos como sendo áreas licenciadas e
capacitadas para a recepção, triagem e destinação final correta desses resíduos. O
grande volume de resíduos dispensados pela construção civil gera impactos ambientais
significativos por sua disposição de forma incontrolada e sem critérios científicos
(MARINHO e SILVA, 2012).

Atualmente a reciclagem dos resíduos de concreto é levada a cabo recorrendo a diversas


51

operações de fragmentação (britagem, granulação ou moagem). Para esse efeito são


utilizados equipamentos mecânicos (britadeiras de maxilas ou giratórias, moinhos de
martelos), que procedem à redução das dimensões dos referidos resíduos. Além disso,
admite-se que as centrais de reciclagem irão receber e processar RCD provenientes de
inúmeras fontes esse fato irá aumentar o grau de variabilidade dos agregados reciclados,
aumentando o grau de dispersão da qualidade do concreto produzido com esses
agregados (TORGAL e JALALI, 2010).

2.3.3 Destino final dos resíduos

Os materiais como a madeira, aço, pedra natural, tijolo, e concreto são alguns dos mais
encontrados nos edifícios na atualidade. É importante refletir como os seus sistemas
construtivos podem facilitar as atividades de demolição, e como é possível aumentar o
seu ciclo de vida, de modo a melhorar a eficiência do processo de reutilização e
reciclagem, dos elementos que estes materiais constituem, optando prioritariamente por
o reuso dos materiais em vez da sua reciclagem e modo a evitar a manufatura
(MATTARAIA, MARTINS e FABRICIO, 2016).

Os resíduos de construção e demolição reciclados podem substituir em grande parte os


agregados naturais empregados na produção de concreto, blocos e base de
pavimentação. Muitas vezes a reciclagem pode reduzir o consumo de energia na
produção de materiais. A reciclagem de sucata de aço permite a produção de um novo
aço, consumindo aproximadamente 70% da energia gasta na produção de aço,
recorrendo a matérias-primas. Já a utilização de sucata de vidro como matéria-prima
para a produção de vidro reduz em cerca de 5% o consumo de energia. A substituição
do clínquer Portland em 50% por escória de alto forno permite uma redução de cerca
40% no consumo de energia. Muitas vezes a distância de transporte é crítica em uma
avaliação de balanço energético. Os resíduos não reciclados são depositados em aterros
sanitários. Estes aterros ocupam espaços cada vez mais valorizados, especialmente
aqueles próximos aos grandes centros urbanos (PAIVA e RIBEIRO, 2011).

As estruturas em aço são um forte candidato para a reutilização. No entanto, o aço é


quase sempre recuperado, mas separado de outros materiais e reciclado. Fazer ligações
aparafusadas simplifica a desmontagem, mas as ligações soldadas oferecem a vantagem
52

de exigir menos modificações nos materiais, tais como os orifícios dos parafusos, já o
aparafusamento simplifica a desmontagem. É necessário desenvolver outras tecnologias
que permitam a conexão entre materiais, para minimizar as modificações de fabricação,
tais como furos, encaixes ou prensas, selecionando tamanhos padrão e geometrias de
conexão que minimizam o uso de reforços e outros acessórios soldados, também facilita
a reutilização (WEBSTER e COSTELLO, 2005).

O fornecimento de uma ferramenta para a remoção automatizada dos parafusos e


conexões poderia aumentar o número de seções disponíveis para a reutilização, em vez
de reciclá-los. A indústria de demolição desenvolveu trituradores e pulverizadores para
permitir o reforço do vergalhão, a ser removido a partir de estruturas de concreto
armado. Também houve a recente evolução do guindaste, que permite o corte ao girar,
provocando o cisalhamento, pode girar até 360 graus (HOBBS e HURLEY, 2001).

O concreto é um dos materiais estruturais mais desafiadores, para projetar para


reutilização futura. É difícil mesmo imaginar como os constituintes do concreto
moldado no local poderão ser recuperados. A sua estrutura é formada por um conjunto
contíguo, sem junções convenientes onde podem ser separados. Os elementos estruturais
são pesados e difíceis de transportarem. Esses elementos têm muitas vezes um design
personalizado para a sua aplicação. E é impossível ver como os membros são reforçados
a partir do exterior, de modo que o engenheiro no futuro não terá a informação sobre
como será a manutenção e a reutilização. O concreto pré-moldado oferece maior
potencial de reutilização do que o concreto moldado no local, os pré-moldados vêm
frequentemente em tamanho padrão e com quantidades padrão de reforço (WEBSTER
e COSTELLO, 2005).

A alta pressão do jato de água, mais conhecida como hidrodemolição, é frequentemente


usada para cortar concreto em situações de reparação e deixa tanto o aço de reforço,
como o concreto circundante, limpos e reutilizáveis. A lança térmica e outros métodos
de demolição de aquecimento poderiam ser mais amplamente utilizados no futuro. No
entanto existe um crescimento na área da reutilização de componentes de concreto na
sua forma original. Esta é a pavimentação de blocos de concreto que está a ser usada
cada vez mais nas calçadas, parques e estacionamento (HOBBS e HURLEY, 2001).
53

A madeira é um recurso natural renovável e, como tal, pode ter um impacto ambiental
muito baixo, quando comparado a outros materiais, além disso, há uma grande
possibilidade de reutilização. Se a madeira for classificada, e após, for colocado um selo
que forneça informações sobre a classe de resistência, o grupo e a origem das espécies.
Estas informações podem ser utilizadas para assegurar que a madeira se encontra
classificada por um perito. Os produtos de construção há base de madeira, tais como
madeira laminada colada e algumas vigas de grandes seções, meramente decorativas,
não são marcados com os selos de classificação, embora terá sido classificado no
passado. Muitos componentes de madeira que são recuperados a partir de estruturas
existentes contêm pregos e parafusos que devem ser removidos antes da reutilização ou
reciclagem. Isto é realizado manualmente, sendo um processo demorado, geralmente,
apenas se revela economicamente viável para itens de alto valor, tais como grandes
seções de vigas. Muitos componentes de menor valor terão de estar livres de pregos e
parafusos para que possam ser reciclados por picagem para a produção de placas
(HOBBS e HURLEY, 2001).

No caso da madeira como material de construção, têm sido feitos esforços nos últimos
anos para implementar estes princípios de projeto para a desconstrução, os edifícios
construídos com elementos de parede pré-montados woodframe podem ser facilmente
desmontados após a sua vida útil e a redução de produtos químicos na preservação da
madeira também facilita a reutilização como material secundário. No entanto, é ainda
necessário desenvolver e aplicar tecnologias de sensores analíticos robustos e eficientes
para garantir uma identificação correta das impurezas e contaminantes (HOGLMEIER,
WEBER-BLASCHKE e RICHTER, 2013).

A alvenaria tem uma longa história de reutilização. A pedra natural usada em edifícios
antigos foi muitas vezes reutilizada em novas construções E pode sempre voltar para a
pedreira e ser cortada como se fosse uma nova pedra, pois tem uma elevada
durabilidade e é fácil de desmontar se for colocada com argamassas de cal ou conexões
de encaixe, a argamassa mais utilizada é o cimento Portland. O tijolo é um dos
materiais mais populares disponível como material recuperado, no mercado atual, a
reciclagem de tijolos tem uma aparência confortável e acolhedora que os tornam fáceis
de recriar e serem produzidos em massa. A razão para ser recuperado com sucesso é
que as argamassas de cal são as mais suaves e podem ser facilmente removidas.
54

Infelizmente, é extremamente difícil separar as argamassas de cimento Portland a partir


do tijolo em unidades de alvenaria, garantindo quase certamente que a alvenaria
construída hoje e ao longo dos últimos oitenta anos não serão recuperadas. Além disso,
grande parte da construção de alvenaria é hoje reforçada em aço. Os códigos de
construção exigem que a alvenaria estrutural em regiões sismicamente ativas serem
reforçadas para tornar a construção mais segura durante os terramotos. O reforço é
tipicamente incorporado com argamassa de cimento portland, o que torna impossível
reutilizar qualquer um dos materiais constituintes (WEBSTER e COSTELLO, 2005).

A criação simultânea de um plano de demolição, juntamente com o plano de construção


e a rotulagem de componentes, para os materiais que o constitui. Similar aos produtos,
como uma etiqueta plástica com códigos numéricos para indicar o tipo de plástico ou
madeira, por exemplo, irá fornecer instruções para a disposição de materiais, auxiliando
o contratante e o processo de manutenção e demolição (GUY e SHELL, 2002).
55

3. Capítulo 3 – Conceitos e Revisão


Bibliográfica sobre a Demolição

3.1 Impacto ambiental da demolição de edifícios

Poucos edifícios, na verdade, permanecem no seu estado inicial de construção por mais
do que alguns anos ou, no máximo, de algumas décadas. As alterações, reparações,
adições e manutenções, trabalham para alterarem continuamente o edifício, estando
este em constante mudança, em resposta às novas exigências do usuário e mudanças
das condições ambientais. Isto faz com que não exista, de fato, um só edifício, mas uma
série de edifícios diferentes ao longo do tempo (CROWTHER, 2001).

A construção civil reflete-se por meio da produção de resíduos provenientes das sobras
e do desperdício dos materiais de construção, que constituem os entulhos, sendo este
um dos principais danos causados ao meio ambiente, por serem normalmente deixados
em terrenos baldios, aterros limitados e margens de rios. O custo do impacto para uma
empresa é representado por penalidades como multa, ressarcimentos a terceiros por
prejuízos causados, recuperação de áreas degradadas entre outros fatores, que são
utilizados para penalizar estas empresas pela falta de mecanismos de proteção
ambiental (PAIVA e RIBEIRO, 2011).

A demolição é a resposta ao fim de vida dos edifícios ou estruturas, quando estes se


encontram em estado degradado ou em risco de instabilidade, em que o custo de
manutenção ou reabilitação seja demasiado elevado face à demolição total, ou que
coloque em causa a segurança da população e das construções vizinhas. Segundo o
Autor Bill Addis pode ser um termo utilizado para designar tanto a indústria como o
processo intencional de desmontagem e redução de um edifício, ou parte dele, sem
necessariamente preservar a integridade dos seus componentes ou materiais (ADDIS,
2006 (2010)).
56

Este processo significa o desmantelamento ou destruição de qualquer edifício ou


estrutura ou qualquer parte do mesmo, por meio de métodos pré-planejados e
controlados. Os métodos de demolição podem variar, dependendo do local onde será
realizado, o tempo disponível, os materiais de construção, o objetivo da demolição e a
forma de detritos que vão ser acumulados. Os métodos em que o ruído, a poeira e a
vibração são limitados, vão aumentar o custo de demolição.

Os fatores de perturbação associados às atividades de demolição enquadram-se em três


categorias a poeira, o ruído e a vibração. A poeira é um dos problemas mais frequentes
causados por qualquer demolição, as novas tecnologias tornaram possível que os
equipamentos controlem as poeiras de forma mais eficaz, impedindo que se torne um
incômodo para os vizinhos e trabalhadores. As emissões de poeira também podem ser
reduzidas modificando os métodos de demolição. Os níveis de ruído e a vibração
provocados pelas atividades da demolição podem ser atenuados pelo uso de dispositivos
de supressão de som, em equipamentos pesados e com o agendamento dos trabalhos,
para evitar, ou pelo menos reduzir, os níveis de ruído e controlar os problemas
relacionados com a vibração durante a noite ou em eventos especiais (DIVEN e
TAYLOR, 2006).

Tal como se pode verificar na figura seguinte, as principais razões da origem dos

resíduos nos Estados Unidos da América (EUA) são as demolições e as renovações,


verificando-se também que os principais motivos para a demolição são a mudança na
utilização do solo, a degradação do edifício e a inadaptabilidade, entre outras, sendo
que, dentro dos estudos de caso, para as demolições acompanhadas, a razão pela sua
execução é apenas a mudança do uso do solo, ou seja, os edifícios térreos são demolidos
apenas para se poder construir novas edificações, normalmente apartamentos de vários
andares, devido à sua localização junto ao centro das cidades ou áreas mais habitáveis,
no qual existe uma grande procura.
57

Figura 3.1: Caraterização dos resíduos de construção e demolição nos EUA, adaptado de
(SANTOS e BRITO, 2012)

O porquê de se demolir reflete-se na obsolescência do edifício, sendo esta a dimensão


que determina o início da demolição do edifício. A demolição ocorre geralmente, no
ponto em que o edifício não tem mais utilidade. Os elementos construtivos podem ser
reutilizados ou reciclados e o edifício pode ser capaz de se renovar, para quem faz a sua
manutenção de uma maneira eficiente e eficaz. O futuro desenvolvimento da demolição
sustentável, eficiente e próspero vê os materiais e a reutilização dos componentes como
um aspecto-chave, exigindo um investimento considerável em termos de tempo,
dinheiro, habilidades, ferramentas, tecnologias, padrões e riscos (BOWES e GOLTON,
2001).

Para alcançar uma minimização de resíduos de construção e demolição, todos os


intervenientes envolvidos em todo este processo necessitam de desempenhar o seu
papel. Como por exemplo (MACOZOMA, 2001):

 Os projetistas tradicionalmente não consideram as implicações dos projetos de


construção sobre a quantidade de resíduos gerados no fim da vida útil dos
edifícios. Muitos edifícios antigos foram sobredimensionados ou não têm
flexibilidade para serem desconstruídos ou adaptados para um uso diferente;
 Os projetistas devem reduzir a quantidade de resíduos que é gerado. Isto pode
ser realizado através de um projeto para a redução de resíduos e de um projeto
para a desconstrução;
 As demolidoras ainda acreditam que a demolição maciça e com rápida remoção
dos resíduos do local são a melhor maneira de aumentar os lucros. Os conceitos
de construção, desconstrução ou demolição seletiva e minimização de resíduos
58

ou não são conhecidos ou não são levados a sério, as demolidoras devem usar
tecnologias como a demolição seletiva em vez da demolição em massa, para
maximizar a taxa de recuperação de resíduos e de material útil;
 Os contratantes geralmente não praticam a gestão e minimização de resíduos
no local. Todos os resíduos gerados são armazenados e transportados para
aterros sanitários. Os contratantes precisam incorporar planos de gestão de
resíduos nos seus documentos de propostas, a fim de melhorar a gestão dos
resíduos no local, economizar custos e gerar receitas provenientes de resíduos;
 As empresas contratadas precisam exigir planos de gestão de resíduos
submetidos em concurso. Também precisam promover práticas de construções
ambientalmente sustentáveis e examinar a possibilidade de exigir a utilização
de uma determinada percentagem de materiais reutilizados na construção de
projetos;
 Os recicladores e as saídas de materiais secundários geram receitas com a venda
de materiais e produtos secundários. Um dos principais determinantes do
sucesso desses serviços é a qualidade da saída. Isto depende da qualidade de
entrada do material. Por outro lado, mesmo que o reciclador consiga produzir
um bom material, ele ainda depende dos consumidores para comprá-lo e em
bom preço. Infelizmente, o preço do produto às vezes pode ser independente da
sua qualidade e depende apenas das condições de mercado. Os recicladores
devem manter uma boa reputação de fornecimento de material, isso requer um
bom controle da produção de alta qualidade e quantidade de material suficiente
disponível;
 O governo é, provavelmente, um dos intérpretes mais importantes do
estabelecimento, de um mercado viável de materiais de construção secundário.
As atuais limitações de recursos financeiros e humanos têm um impacto
negativo sobre esse papel do governo (este atualmente não realiza tanta criação
de sensibilização, promoção de materiais secundários e investimento financeiro
como o necessário). O governo deve promover iniciativas que visem a utilização
de recursos sustentáveis. Como também deve defender o apoio de iniciativas de
reciclagem e a utilização de materiais reutilizados;
 A valorização de resíduos em locais de construção e demolição é normalmente
realizada por coletores de resíduos formais e informais, demolidoras e
59

empreiteiros. A falta de controle no local resulta em elevados custos de


recuperação, com impacto negativo sobre os benefícios financeiros do exercício.
Os aterros devem fornecer armazenamento e instalações, para os resíduos de
construção e demolição recebidos e permitir a triagem periódica e esmagamento
por um britador móvel, para produzir materiais reciclados.

3.2 A desconstrução e a demolição seletiva como


alternativa à demolição

O termo desconstrução discutido nesta dissertação refere-se apenas ao processo de


desmonte de materiais em edificações, ao contrário do que é utilizado na Arquitetura,
como movimento desconstrutivista ou desconstrutivismo. Não existe nenhuma
semelhança entre estes dois temas. Optou-se por utilizar o termo desconstrução, devido
ao fato de ser o mais encontrado na literatura internacional e nos artigos citados.

De acordo com Hobbs e Hurley, a demolição é o termo utilizado para um processo de


destruição intencional, a desmontagem ou desmonte, tal como o próprio nome indica é
o processo de desmontar componentes/materiais sem danificar, mas não
necessariamente para serem reutilizados, já a desconstrução é um processo semelhante
à desmontagem, mas com o objetivo de reutilizar os materiais e componentes obtidos
(HOBBS e HURLEY, 2001). Já Addis defende que a desconstrução ou a demolição
seletiva é o processo de desmontar cuidadosamente os materiais e elementos
construtivos, possivelmente com alguns danos, com a intenção de reutilizar alguns
deles. E a desmontagem, o processo reversível de desmontar os componentes de um
artefato sem danificá-los, com a intenção de remontar o artefato por inteiro (ADDIS,
2006 (2010)).

A desconstrução de acordo com Dantata el al. (2005), também conhecida como


desmonte seletivo, é o processo de desmontagem de componentes de construção na
ordem inversa em relação à forma como os edifícios foram originalmente construídos.
É um processo em que o último material a ser colocado é o primeiro a ser retirado.
Oferece potenciais benefícios econômicos e ambientais, em comparação com a prática
convencional de demolição total do edifício. Os benefícios econômicos vêm do
60

aproveitamento de materiais reutilizados vendidos e das taxas de descarte evitadas. O


principal benefício ambiental é a redução da geração de resíduos. No entanto, a
desconstrução pode demorar mais tempo do que a demolição tradicional devido à sua
natureza de trabalho manual intensivo (DANTATA, TOURAN e WANG, 2005).

Tal como a figura seguinte demonstra, no processo de desconstrução começa-se por


desmontar todos os equipamentos móveis e desativar as instalações técnicas, depois
retira-se os elementos não estruturais decorativos, acabamentos e revestimentos. Após
ser retirado esses elementos, procede-se à desmontagem da cobertura, pois o edifício
será desconstruído no sentido descendente, piso por piso, começando por as paredes
divisórias não estruturais, seguido das paredes de fachada e estruturais, até serem
retirados os elementos estruturais como a laje, as vigas e os pilares. Por último são
retiradas as fundações.

Figura 3.2: Esquema do processo da desconstrução (GENERALITAT DE CATALUNYA


DEPARTAMENTE DE MEDI AMBIENTE, 1995)

Em contraste com a demolição mecânica onde fluxos maciços de detritos da construção


civil são transportados para aterros, a desconstrução (a estratégia para o
desmantelamento de estruturas para o máximo de recuperação) desvia os materiais do
edifício do fluxo de resíduos, devolvendo-os aos proprietários ou redirecionando-os de
volta para o mercado. Os pesquisadores que estudam a desconstrução estão interessados
em fechar o ciclo de vida, onde os materiais de construção são levados de volta para o
fluxo de materiais de modo a reduzir o esgotamento dos recursos e a crescente pegada
de carbono inerente à produção de materiais (DENHART, 2010).

O termo ciclo de vida é frequentemente usado em arquitetura como um período de


tempo em que os materiais de construção executam as suas funções como foi
61

estabelecido em projeto, sem perda significativa de desempenho na fase de operação


dos edifícios. Hoje em dia, os materiais de construção são reciclados no final dos seus
ciclos de vida (VEFAGO e AVELLANEDA, 2013).

Figura 3.3: Ciclo de vida de um edifício, adaptado de (EPA ENVIRONMENTAL


PROTECTION AGENCY, 2008)

Uma das possíveis contribuições para a construção sustentável é manter os materiais


do edifício no seu próprio ciclo, desde que possível. Esta situação pode ser realizada em
duas ocasiões: durante a fase de concepção ou durante a fase de demolição. Deve ser
escolhido na fase de projeto, um sistema de construção desmontável adequado, para
que todos os elementos e componentes possam ser reutilizados facilmente e diretamente
após o desmantelamento. Esta etapa é chamada de projeto para desmontagem ou
desconstrução, conhecida como Design for Deconstruction (DfD). O projeto para
reciclagem ou Design for Recycling (DfR) é outro sistema de construção, onde deve ser
considerado o que fazer com materiais do edifício, após a demolição. A separação de
materiais de construção é bastante simples, durante o processo de demolição e após
processamento adicional (por exemplo, esmagamento), os materiais separados podem
ser usados como matéria-prima para a produção de novos materiais de construção. A
segunda alternativa é fazer tudo o que é possível no local de demolição, no sentido de
melhorar a reciclagem de materiais e elementos. Este é a solução mais comum hoje em
62

dia, porque a maior parte dos edifícios já construídos, não foram projetados para a sua
desconstrução (DORSTHORST e KOWALCZYK, 2001).

Figura 3.4: Possíveis cenários para o fim-de-vida do edifício, adaptado de (CROWTHER,


2001)

Em comparação com a construção de um edifício, a desconstrução é caracterizada por


ser o processo inverso, isto é, enquanto que a construção de um edifício representa um
processo convergente, a desconstrução de um edifício é um processo divergente em que,
em geral, certo número de materiais, elementos e módulos emergem simultaneamente
a partir de um edifício (SCHULTMANN e SUNKE, 2007).

Segundo Guy, esta metodologia surge como um meio formal para aumentar a
recuperação e reutilização dos materiais resultantes das atividades de renovação e de
demolição de edifícios. A desconstrução também é chamada às vezes de recuperação,
mas por uma questão de clareza não é uma escolha selecionada, implicando apenas a
remoção dos materiais de maior valor, deixando o restante para descarte. A
desconstrução é uma estratégia de construção que abrange o desmantelamento de toda
a estrutura, para recuperar a máxima quantidade de materiais, de modo a que possam
ser reutilizáveis (GUY, 2001).
63

No campo da demolição e da desconstrução de edifícios, algumas diretrizes foram


publicadas durante os últimos anos por parte das autoridades públicas. O objetivo
destas orientações é informar como os trabalhos de demolição e de desconstrução podem
ser realizados de uma maneira econômica, sem negligenciar as questões ecológicas. Isso
é necessário porque, por um lado, significa que a melhoria da qualidade dos resíduos
produzidos pode ser conseguida, pela aplicação seletiva de técnicas de
desmantelamento. Por outro lado, o desmantelamento de estruturas exige mais mão-
de-obra e equipamentos técnicos de demolição tradicional, que leva ao aumento dos
custos. Estes custos mais elevados podem ser compensados em alguns casos, por custos
mais baixos para a reciclagem ou descarte dos materiais, se o desmantelamento e a
reciclagem forem bem planejados (SCHULTMANN, GARBE, et al., 2001). Por estas
razões, deve ser definido e desenvolvido o modelo ideal para cada obra. Isto é, um
modelo adequado para atender as exigências ambientais de uma forma equilibrada,
tendo em conta as reais possibilidades do contexto técnico e desenvolvimento
econômico.

A desconstrução, pela aplicação intensiva de mão-de-obra, exige um protocolo rigoroso


de segurança e saúde ambiental e para gerir quaisquer materiais perigosos e proteger a
saúde dos trabalhadores. Existe uma maior atenção ao manuseamento dos materiais
perigosos (GUY, 2001). Estes trabalhos de recuperação de elementos arquitetônicos
podem ser completos ou parciais, de modo a que possam ser reutilizados com o mínimo
de operações de adaptação ou transformação, por exemplo, grades, escadas, portas,
móveis fixos de quartos de banho e cozinhas, etc. No caso de materiais contaminados,
o objetivo não é reintegrar os materiais na construção, é exclusivamente isolá-los dos
outros materiais, com o objetivo de submetê-los a um tratamento especial ou
transportá-los para um aterro específico.
64

Quadro 3.1: Oportunidades e restrições da Desconstrução, adaptado de (GUY e SHELL, 2002)

Oportunidades Restrições
Aumentar a segurança nos trabalhos/
Gestão de materiais perigosos trabalhados perigosos para a saúde do
trabalhador
Redução de aterros de resíduos Mais tempo necessário

A atividade econômica através de materiais Local para armazenamento de materiais


reutilizados recuperados

Falta de padrões para determinados materiais


Preservação dos recursos virgens
recuperados para reutilização

A remoção das estruturas ineficientes /


Falta de mercados de oferta
obsoletas

Os edifícios não foram concebidos para a


Redução dos detritos no local, em
desconstrução e necessitam de uma elevada
comparação com a demolição
variabilidade das técnicas de montagem
Intensidade de trabalho em termos de
A qualidade ou apelo estético de
competências e grau de processamento dos
componentes ou materiais com importância
materiais, particularmente na remoção dos
história ou valor elevado de revenda
materiais perigosos

As vantagens da desconstrução são significativas, oferecendo benefícios históricos,


sociais, econômicos e ambientais. Os edifícios mais antigos, muitas vezes contêm
elementos de valor histórico significativo com características arquitetônicas históricas
importantes, que podem ser retirados cuidadosamente, porque os materiais são
preservados durante a remoção. Neste caso a desconstrução é mais demorada e requer
mais habilidade do que simplesmente demolir a estrutura, embora o tempo necessário
possa atuar como um prejuízo, mas os postos de trabalho adicionais podem ser criados
para beneficiar a comunidade. Este processo fornece um mercado de trabalho com as
vendas do material reaproveitado e mais importante, a desconstrução coloca de volta
em circulação dos elementos e materiais, que podem ser usados diretamente em outras
construções, reduzindo a quantidade de resíduos enviados para aterros (COUTO;
COUTO, 2010).
65

3.3 Demolição versus Desconstrução: Aspectos


econômicos, ambientais e sociais

Alguns autores Roussat, Dujet e Méhu definiram critérios que auxiliassem a avaliar a
sustentabilidade na demolição e gestão de resíduos. Estes critérios tiveram em conta os
aspectos de gestão de resíduos relativos ao desempenho econômico, ambiental, e social.
Definindo questões ambientais, que possam criar uma maior qualidade de vida para a
população, indicando impactos sanitários e ambientais, devido à dispersão de
substâncias perigosas (inicialmente contidos nos resíduos) para o ambiente. As questões
econômicas dizem respeito ao custo da demolição dos edifícios e aos custos de
eliminação de resíduos. Os custos são pagos pela comunidade urbana, e assim são pagos
pela população local indiretamente através dos impostos. Para as questões sociais,
foram considerados dois aspectos, o primeiro diz respeito ao emprego dos trabalhadores,
em relação à gestão de resíduos, este critério leva em consideração o número de novos
postos de trabalho e os riscos associados a estes trabalhos. E o segundo aspeto reflete
os impactos sobre a qualidade de vida, tais como as perturbações devidas ao local de
demolição e tráfego de caminhões e também a destruição das áreas naturais para
deposito dos resíduos obtidos (ROUSSAT, DUJET e MÉHU, 2009).

Um dos principais aspetos da desconstrução é a grande dependência sobre a mão-de-


obra, devido ao fato de ser um trabalho predominantemente manual comparando com
uma demolição mecanizada. O que possibilita uma gestão ecologicamente preferencial
da remoção de todo o edifício e dos seus materiais, em oposição à "escolha seletiva",
que é uma forma de demolição seletiva, ou seja, remover apenas os materiais com valor
mais elevado e mais procurados no mercado de revenda, antes da convencional
demolição mecânica, com a redução e eliminação dos materiais, criando grandes
quantidade de entulho e impossibilitando a sua separação em obra. Como se foca numa
questão econômica, muitas demolições incluem variados graus de reciclagem de metais
e concreto, com o mínimo de reutilização (GUY, 2001).

Este método tem como vantagem permitir um maior controlo durante a sua execução,
o que pode ser relevante, quando existe a intenção de reaproveitamento e separação de
determinados materiais construtivos. Como desvantagens aumenta a probabilidade de
66

acidentes do trabalho devido a uma maior exposição dos trabalhadores e prolonga o


prazo de execução da obra por ser mais artesanal. Processa-se, sempre que possível, na
ordem inversa da construção, respeitando as características da edificação a demolir,
sendo executada preferencialmente para residências pequenas e médias, de dois
pavimentos, até 10 m de altura (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977).

A aplicação do princípio de projeto para a desconstrução de edifícios é um desafio,


muitos materiais de construção não são reutilizáveis e muitas vezes, os materiais são
interligados de forma que se torna difícil de separar e reutilizar, através de ligações
químicas como a argamassa, mesmo que sejam teoricamente reutilizáveis. O longo
tempo de vida dos edifícios torna-se difícil de prever, quais os materiais que terão valor
de revenda e que tecnologias estarão disponíveis para extrair esses materiais no fim da
vida útil do edifício (WEBSTER e COSTELLO, 2005).

Os benefícios da aplicação da desconstrução são os retornos referentes à aplicação na


reciclagem, que podem ser a economia de custos e o produto da venda de materiais
reciclados. A economia de custos existe quando se consegue diminuir os gastos com os
materiais que compõe a construção de uma obra, a partir do melhor aproveitamento
das matérias-primas e da eliminação das perdas. O produto da venda é o valor de venda
dos materiais reciclados, o qual se torna em redução de custos, tendo em vista os
materiais que compuseram os resíduos, têm seus custos inseridos no custo do produto
vendido (PAIVA e RIBEIRO, 2011).

Os edifícios que são convencionalmente construídos, com concreto armado, paredes de


alvenaria rebocadas e pintadas, com telhas cerâmicas, com as canalizações e condutas
para a fiação elétrica, que estão embutidos em paredes de alvenaria, são edifícios em
que esses materiais não possuem uma fácil desmontagem e o tipo e a quantidade de
componentes de construção recuperáveis é limitado. As articulações com argamassa
que são utilizadas em conexões estruturais e não estruturais são a principal razão para
as dificuldades da desconstrução. A severa queda na qualidade dos materiais reciclados,
o uso de argamassa de cimento em muitas das articulações não estruturais é motivo de
impossibilidade na reciclagem de alguns materiais (SAGHAFI e TESHNIZI, 2011).
67

Porque a desconstrução geralmente requer mais tempo do que a demolição


convencional, esta restrição deve ser superada para implementar a desconstrução de
uma forma generalizada. Os métodos para superar esta restrição incluem a redução do
tempo de preparação, e o aumento da informação sobre o tempo de trabalho e requisitos
de agendamento. Outros obstáculos são a incerteza dos mercados de revenda e a
capacidade de pré-venda de materiais, a fim de fazer um projeto de desconstrução
economicamente viável. A otimização da desconstrução dependerá, do local da
transferência comercial de materiais recuperados, o mais próximo possível do local da
obra. Deve ser realizado um inventário dos materiais e através de conjuntos de
fotografias digitais, que podem ser inseridas na internet, ajudando a promover a
comercialização dos materiais recuperáveis antes da desconstrução ocorrer, facilitando
na revenda dos materiais e diminuindo o seu armazenamento e transporte. Os valores
dos materiais retirados durante a desconstrução podem ser extremamente variáveis
(GUY, 2001).

De acordo com Guy e McLendon, num estudo desenvolvido em Massachusetts, Estados


Unidos da América, os custos dos trabalhos de desconstrução foram de 46% superiores
aos da demolição. Mesmo com um custo de vendas dos materiais recuperados da
desconstrução, este processo continua a ser 25% mais caro que o processo de demolição.
Contudo foi estimado o valor da venda dos materiais recuperados pode variar entre
25% a 50% do preço original. Estes custos estimados podem ainda variar devido à
experiência do empreiteiro na desconstrução (GUY e MCLENDON, 2000). Por outro
lado, a reciclagem de metais representa um valor residual elevado, esta percentagem
pode variar de 0 a 100%, dependendo do material e do seu estado (DANTATA,
TOURAN e WANG, 2005).

O governo é provavelmente uma das partes mais importantes para estabelecer um


mercado de materiais de construção secundários. Deve visivelmente apoiar esta meta,
promovendo o uso de materiais secundários e desencorajar o uso desnecessário de
matérias-primas nobres ou ainda no estado natural. Pode ter um papel efetivo na
promoção da desconstrução ou demolição seletiva, através de apoios financeiros e
exercer pressão para o cumprimento rigoroso das legislações. Deve também aumentar
a consciência pública sobre a necessidade e os benefícios da desconstrução e influenciar
o público a participar e investir neste mercado (SAGHAFI e TESHNIZI, 2011).
68

De acordo como os métodos de demolição adotados pelas empresas dos estudos de caso,
decidiu-se fundamentar e estudar a demolição seletiva. Para muitos pesquisadores desta
área a demolição seletiva e a desconstrução são sinônimos, para outros diferem um
pouco na sua execução final, visto depender do gerenciamento de resíduos em obra.
Como o objetivo das pequenas empresas em estudo é selecionar os materiais com maior
procura e valor monetário no mercado, esses serão demolidos manualmente, de modo
a serem reutilizados, já aqueles elementos construtivos, muitas vezes elementos
estruturais, que persiste alguma dificuldade na sua demolição, devido à aplicação de
ligações químicas durante a sua construção, serão derrubados mecanicamente. Optou-
se então por realizar uma pesquisa no âmbito das boas práticas da demolição seletiva.
69

4. Capítulo 4 – Análise Normativa


da Demolição de Edifícios

4.1 Introdução

Uma demolição de edifícios segura e eficiente requer um planejamento cuidadoso.


Determinar como e quando os trabalhos de demolição devem ser realizados é
especialmente crítico quando as condições são extremamente perigosas ou
circunstâncias únicas estão presentes. Desde o início da civilização, são realizadas
demolições de estruturas para criar espaço para as novas construções, reabilitar as
existentes, e criar novos edifícios com materiais retirados de estruturas existentes.
Atualmente, a demolição é um barômetro da atividade econômica, quando ocorre, é
geralmente um sinal de que haverá crescimento, expansão, ou renovação na cidade
(DIVEN e TAYLOR, 2006).

A remoção de um elemento único, ou a remoção de parte de uma estrutura ou edifício


também é considerada como atividades da demolição. A maioria dos trabalhos de
demolição prossegue na ordem inversa da construção, fazendo uma compreensão dos
métodos de construção e materiais úteis no planejamento da demolição. Também é
necessário o conhecimento dos custos associados à remoção e à eliminação de materiais
de construção, o valor dos resíduos removidos, as oportunidades para o envio de
resíduos de aterros por meio da sua reciclagem e reutilização de materiais, e os
requisitos regulamentares que regem os trabalhos de demolição. O conhecimento dos
métodos de demolição é importante para determinar a forma mais adequada para
remover os materiais. A maioria dos especialistas em demolição adquire os seus
conhecimentos e habilidades a partir do treinamento no próprio local de trabalho.

Determinar a sequência dos trabalhos de demolição é a forma de definir a ordem pela


qual certas partes da estrutura serão removidas. O planejamento cuidadoso da
sequência de trabalhos é importante por muitas razões, como por exemplo, agendar
70

aspectos difíceis da demolição, evitando a remoção de fundações em dias chuvosos. Os


problemas ambientais podem ser minimizados ou até mesmo evitados através do
planejamento das atividades, considerando uma cuidadosa sequência de trabalhos
(DIVEN e TAYLOR, 2006).

4.2 Legislações aplicadas à execução da demolição de


edifícios

A legislação internacional sobre os trabalhos de demolição de edifícios e estruturas nada


mais é que diretrizes internacionais, elaboradas em cada país sobre regras
especificamente apropriadas e de acordo com as soluções construtivas utilizadas em
cada país. A análise normativa tem o intuito de auxiliar na execução do planejamento
das atividades de demolição, propondo práticas a serem adotadas no canteiro de obras,
antes, durante e depois do processo de demolição.

Cada país possui as suas organizações encarregadas por desenvolverem as normas


técnicas, no Brasil a associação responsável é a ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) que foi responsável por elaborar e aplicar a NBR 5682:1977 -
Contratação, execução e supervisão de demolições, em dezembro de 1977, sendo depois
cancelada em novembro de 2008. Esta norma tinha como objetivo fixar as condições
exigíveis para contratação e licenciamento de trabalhos de demolição, providências e
precauções a serem tomadas antes, durante e após os trabalhos de demolição, métodos
de execução e demolições. A ABNT justifica que a norma foi cancelada, devido ao fato
de não ser mais utilizada pelo setor. Existe também a Norma Regulamentadora nº 18.5
que é bastante incompleta comparada com a NBR.

Através de uma troca de e-mails com o Professor Engenheiro Paulo Grandiski, membro
de várias comissões de estudo das Normas Técnicas ABNT, tentou-se entender as
razões de que levaram ao cancelamento desta norma. No entanto, como se pode
verificar pela conversação no apêndice A, a justificação que levou ao cancelamento da
norma foi inconclusiva, pois segundo o Professor, a ABNT executou o cancelamento
sem o seu consentimento, prometendo que seria traduzida a norma americana referente
à execução de trabalhos de demolição, em sua substituição, mas nada foi avante.
71

Este capítulo foi elaborado com base na revisão bibliográfica sobre o processo de
execução da demolição e as medidas executadas anteriormente e posteriormente aos
trabalhos de demolição. O objetivo é realizar um levantamento da legislação
internacional e brasileira. São então apresentados vários documentos normativos de
diferentes países como, Brasil, Estados Unidos da América, Canada, Inglaterra,
Austrália e Nova Zelândia. Assim será elaborada uma análise comparativa de todas as
normas verificando os seus pontos em comum e as suas diferenças. Os documentos
internacionais abordados são:

 ANSI/ASSE A10.6-2006: Safety and Health Program Requirements for


Demolition Operation (Estados Unidos da América);
 29 CFR 1926 Subpart T – Whether the demolition standard applies to moving
a residential structure (Estados Unidos da América);
 BS 6187:2011 – Code of Practice for Demolition (Inglaterra);
 AS 2601:2001 – The Demolition of Strutuctures (Austrália);
 Demolition Work – Code of Practice (February 2016) (Austrália);
 Demolition – Best practice guidelines for demolition in New Zealand (2013)
(Nova Zelândia);
 CSA:1980 (R2003) - Code of practice for safety in demolition of structures
(Canadá).

E as legislações Nacionais já referidas anteriormente, são:

 NBR 5682:1977 - Contratação, execução e supervisão de demolições (Cancelada


devido ao fato de não ser mais utilizada pelo setor);
 NR 18.5 – Norma Regulamentadora: Condições e Meio Ambiente de Trabalho
na Indústria da Construção – Demolição.

4.2.1 NBR 5682/1977 - Contratação, execução e supervisão


de demolições (Brasil)

Esta norma define as condições exigíveis para a contratação e licenciamento de


trabalhos de demolição, as providências e precauções a serem tomadas antes, durante
e após os trabalhos de demolição. Destacando os tipos de demolição recomendados, as
72

providências preliminares, precauções e medidas de proteção, métodos de execução das


demolições e recomendações para demolição de vários tipos e elementos de estruturas
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

A NBR 5682/1977 define uma série de conceitos relacionados com as atividades de


demolição, além de especificar os tipos de demolições recomendados para cada situação.
Define detalhadamente quais as verificações a serem realizadas antes dos trabalhos
serem iniciados, descrevendo também quais são as obrigações do contratante e como
deve ser assegurado o contratado no caso de acidentes de trabalho. É também
estabelecida a segurança dos trabalhadores e das construções adjacentes durante a
demolição, explicando a importância de um planejamento estruturado e a sequência
das atividades de demolição inserindo precauções e medidas de proteção de acordo com
as atividades no local de trabalho, e as especificações de técnicas.

Também foram definidas as técnicas específicas e a descrição de cada processo de


demolição, sendo estabelecido para diferentes tipos de concreto como, concreto pré-
moldado e protendido, como também para diferentes tipos de estruturas, tais como,
estruturas mistas, de madeira, pontes e arcos de alvenaria, aço e concreto armado,
como também torreões de madeira, aço e concreto e tanques de combustíveis no solo.

4.2.2 Norma Regulamentadora NR18.5 – Condições e meio


ambiente de trabalho na indústria - Demolição (Brasil)

Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de


planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle
e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente
de trabalho na indústria da construção, incluindo as atividades e serviços de demolição.
A NR 18.5 foca a execução das atividades de demolição incluindo as antecedentes e
procedentes (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015).

Este documento será pouco abordado como base de comparação e análise entre as
diferentes normas escolhidas, devido ao fato de ser um documento que apenas contém
uma breve descrição sintetizada sobre as atividades da demolição. O propósito de estar
presente neste capítulo, deve-se ao fato de ser a atual referência vigente na área de
73

demolições nos Estados Brasileiros, visto que a NBR 5682/1977 se encontra cancelada
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.

4.2.3 ANSI/ASSE A10.6-2006: Safety and Health Program


Requirements for Demolition Operation (Estados Unidos da
América);

As normas americanas são desenvolvidas pelo American National Standards Institute


ANSI e em conjunto com a American Society of Safety Engineers ASSE criou a
ANSI/ASSE A10.6-2006, sobre um programa de requisitos para a segurança e saúde
dos trabalhadores durante as operações de demolição. Esta norma define as operações
de preparação do canteiro de obras, focando a proteção dos trabalhadores, do público
e das edificações vizinhas, como também a prevenção e proteção contra incêndios.
Outro ponto importante é o detalhamento da demolição manual de edifícios, da
remoção e armazenamento dos resíduos em obra. Como não foi possível obter o acesso
a esta norma, foi selecionada a 29 CFR 1926 Subpart T para ser analisada neste estudo
e para entender como são executados os processos de demolição nos Estados Unidos.

4.2.4 29 CFR 1926 Subpart t – Whether the demolition


standard applies to moving a residential structutre (Estados
Unidos da América)

A norma americana apresentada pela 29 of the Code of Federal Regulations referente


aos trabalhos de demolição define atividades específicas e de forma sintetizada, focando
a execução dos trabalhos criada pela organização OSHA (Occupational Safety & Health
Administration). As atividades definidas por esta norma são as operações preparatórias,
a utilização correta dos equipamentos e acessos como calhas, escadas e corredores
utilizados durante as atividades da demolição. O detalhamento da remoção de materiais
por meio de aberturas do piso, remoção de paredes de alvenaria e chaminés, para além
da remoção manual e mecânica de pisos e materiais. O armazenamento e remoção de
estruturas em aço e demolição mecânica com o uso da bola de demolição e utilização
de explosivos, são alguns dos pontos focados por esta norma.
74

4.2.5 BS 6187:2011 – Code of Practice for Demolition


(Inglaterra)

A norma britânica BS 6187:2011 – código de práticas para a demolição reflete os


avanços na tecnologia e equipamentos na indústria de demolição. Esta norma descreve
recomendações para os métodos e técnicas utilizados na demolição total e parcial,
incluindo a reforma estrutural, a consideração de diferentes tipos específicos de
estruturas, com o objetivo de refletir as boas práticas atuais e em desenvolvimento e
definindo técnicas e métodos inovadores para serem empregues e dar recomendações
sobre as seguintes áreas principais (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011):

 O desenvolvimento e gestão do projeto, avaliações no local, avaliações de risco,


procedimentos de derrube, disposições ambientais e retenção de fachadas;
 As técnicas de desconstrução, incluindo as atividades de reutilização e
reciclagem;
 E as zonas de exclusão e espaços de trabalho seguros, incluindo a sua concepção
e aplicação.

Como um código de conduta, esta norma britânica toma a forma de orientação e


recomendações, assumindo que as execuções das suas disposições serão confiadas e
qualificadas de forma adequada a pessoas experientes. Este código de conduta diz
respeito ao processo de demolição, incluindo a demolição total, e parcial da estrutura,
a partir de considerações iniciais e por meio de um planejamento e gestão para as
etapas de execução.

Os principais pontos definidos por esta norma são as abordagens para a demolição, o
planejamento e gerenciamento de projetos, a documentão necessária para iniciar os
trabalhos de demolição e todo o conhecimento sobre o local de trabalho, como a
desativação dos serviços públicos, a identificação de estruturas perigosas, os perigos
para a saúde dos trabalhadores, que incluem a saúde e segurança dos trabalhadores no
local de trabalho, proteção das pessoas externas e do meio ambiente. Define também
os princípios, mecanismos e perigos da demolição estrutural e como evitar o colapso
estrutural não planejado, quais as estruturas temporárias para garantir a estabilidade,
75

suporte, e acesso da estrutura a demolir. Descreve as diferentes técnicas de demolição,


como a demolição manual e a demolição mecanizada, entre outros processos de
demolição e caracteriza a manipulação e processamento dos materiais, métodos de
demolição mais usuais para os vários tipos de estruturas, até à conclusão dos trabalhos.

Este padrão é, portanto, aplicável às atividades de demolição empreendidas como parte


da reforma estrutural. Também abrange o desmonte, em particular, são dadas
recomendações para (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011):

 Gerir adequadamente e eficazmente os processos de demolição, incluindo


aqueles que fazem parte da reforma estrutural;
 Manter a estabilidade estrutural, nomeadamente através da prestação de apoio
estrutural temporário, sempre que necessário;
 Gerir o colapso estrutural deliberadamente;
 Identificar e estabelecer responsabilidades durante todas as fases dos processos
de demolição;
 Adquirir um conhecimento do local de trabalho, incluindo os seus antigos usos;
 Gerir as questões ambientais;
 Gerir e controlar os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores;
 Realizar avaliações de risco e planejar os trabalhos em conformidade;
 Determinar e gerir em segurança das zonas de exclusão.

A norma leva em conta a segurança, a saúde dos trabalhadores e as questões que afetam
a proteção do meio ambiente. Para os efeitos desta norma, as atividades de demolição
incluem, por exemplo, atividades que possam ser conhecidos como desmontagem total
e parcial, remoção, desativação, desconstrução total e parcial também conhecida como
“soft stripping”, e reforma estrutural, incluindo a renovação, reabilitação, reconstrução,
remodelação, recuperação, restauração, desenvolvimento, alargamento, conservação,
modificações, alterações, modificações estruturais e modernização. Esta não se aplica a
todas as atividades de reparação estruturais, só os que envolvem demolição parcial. É
essencial que aqueles que exercem atividades de demolição possuem os níveis de
competência necessários. Os clientes ou contratantes da demolição precisam garantir
que todos os empreiteiros, engenheiros e outros membros da equipe, sejam competentes
para cumprir os requisitos de saúde e segurança necessários para realizar as atividades
76

de demolição, ou nomeiem alguém responsável por essa tarefa (BRITISH STANDARD


INSTITUTE, 2011).

4.2.6 AS 2601:2001 – The Demolition of Strutuctures


(Austrália)

Esta norma foi desenvolvida pela Comissão de Normas Australianas, para substituir
AS 2601-1991: Demolição de Estruturas. O principal objetivo desta norma é fornecer
orientações aos gestores, engenheiros, empreiteiros e as partes interessadas sobre o
planejamento e os procedimentos para a demolição de uma estrutura. Na revisão da
norma, a Comissão teve em conta a experiência adquirida na aplicação da segunda
edição, a prevalência relativa dos tipos de estruturas demolidas atualmente e a
crescente tendência para a mecanização dos procedimentos da demolição
(STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001)

Outro objetivo da presente norma é o aumento da consciência pública e as expectativas


dos trabalhadores quanto às questões de segurança, bem como uma maior preocupação
em relação à proteção do meio ambiente, como também os desenvolvimentos
ecologicamente sustentáveis, são outros pontos importantes que se destacaram. Aborda
também a nova fase da indústria da construção em termos de requisitos legislativos e
a tendência para a privatização dos certificadores e a diminuição da entrada de
autoridades regulamentares. A norma também fornece aconselhamento e orientação
sobre uma grande variedade de processos de demolição controlados, de modo a que o
risco seja minimizado para a saúde e segurança do público e do local, e para os
ocupantes de uma propriedade adjacente, como também para os danos causados ao
ambiente e nas instalações adjacentes (STANDARDS AUSTRALIA
INTERNATIONAL, 2001).

Os principais pontos descritos nesta norma são a documentação referente às atividades


de demolição, os métodos novos ou alternativos, a saúde e segurança dos trabalhadores,
as substancias tóxicas encontradas em obras de demolição, instalações e equipamentos
utilizados durante o processo. Foca também o planejamento e execução das atividades,
através da investigação e estudo para obter o melhor plano de trabalho que auxilie na
77

execução das atividades, em função do tipo de demolição escolhida. Dentro dos métodos
de demolição orienta a melhor forma de definir a sequência dos trabalhos e executar o
processo de demolição, tendo em causa o estado de que se encontra a nível estrutural
e como remover as substâncias perigosas contidas no edifício.

4.2.7 Demolition Work – Code of Practice (2016)


(Austrália)

Este código de boas práticas foi desenvolvido para auxiliar no gerenciamento de riscos
de saúde e segurança associados aos trabalhos de demolição. É um código de conduta
aprovado ao abrigo da secção 274 da Saúde e Segurança do Trabalho da Austrália
(WHS). Este código de conduta foi desenvolvido pela Safe Work Australia como um
código modelo de prática sob o Conselho de Acordo Intergovernamental dos governos
australianos, para a reforma regulamentar e operacional em Saúde e Segurança no
Trabalho, adotado pelos governos de Commonwealth, estaduais e territoriais, como
sendo um código focado na prática, ou seja, é um guia prático para atingir os padrões
de saúde, segurança e bem-estar obrigados nos termos da Lei de Saúde e Segurança do
Trabalho (WHS).

Este Código fornece orientação prática para pessoas que conduzem um negócio ou uma
empresa em como gerenciar os riscos de saúde e segurança associados com o trabalho
de demolição. Aplica-se a todos os tipos de trabalhos de demolição. A orientação é
relevante para empreiteiros de demolição, bem como as pessoas que conduzem um
negócio ou empresa que têm uma gestão ou controlo dos locais, onde os trabalhos de
demolição são realizados, como contratantes principais.

Este código auxilia a identificar os materiais que contêm riscos para a saúde dos
trabalhadores e como se protegerem das substâncias tóxicas. Outro ponto discutido é
o planejamento dos trabalhos de demolição e o controlo dos riscos durante os trabalhos,
são também descritos alguns métodos de demolição como manual, mecânico e o uso de
explosivos. Para além da demolição de outras estruturas especiais como concreto
protendido, estruturas danificadas por incêndios, entre outras.
78

4.2.8 Demolition – Best Practice Guidelines for Demolition


in New Zealand (2013) (Nova Zelândia)

Estas diretrizes foram elaboradas pela New Zealand Demolition and Asbestos
Association (NZDAA), para informar os contratantes, empreiteiros, trabalhadores e
outros com funções no âmbito da Saúde e Segurança no Emprego, sobre as precauções
e práticas de segurança que devem ser seguidas quanto à realização de trabalhos de
demolição. Descrevem as atuais normas e procedimentos de melhores práticas da
indústria para uma demolição segura e eficiente de estruturas e edifícios, sendo
baseadas nas normas australianas (Australian Standards - AS), normas zelandesas
(New Zealand Standars - NZS) e britânicas (British Standard - BS).

Os principais pontos destacados neste documento são os requisitos gerais, as


verificações antes da demolição, a segurança dentro do canteiro de obra, destacando os
principais perigos encontrados durante as atividades de demolição, e os métodos de
demolição mais aplicados. Também definem diretrizes para a limpeza de locais
contaminados e a otimização da reciclagem de resíduos da demolição.

4.2.9 CSA:1980 (R2003) - Code of Practice for Safety in


Demolition of Structures (Canada)

Esta norma foi desenvolvida em resposta ao pedido feito em 1973 pela Comissão
Associada do Código de Construção Nacional do Canada. Não se destinando a fornecer
instruções passo-a-passo para os procedimentos da demolição, mas, em vez disso,
descrever os requisitos para precauções de segurança, a serem observados, de modo a
garantir a segurança do público, dos trabalhadores, e propriedades adjacentes. Como
orientação, o apêndice A descreve métodos para a demolição de diferentes elementos
da estrutura. Esta norma também descreve as precauções de segurança a serem
observadas e os procedimentos a serem usados antes, durante e após as operações de
demolição. Os procedimentos de demolição para ambos os métodos e a descrição das
falhas progressivas e sistemáticas. São indicadas recomendações para técnicas de
demolição de elementos estruturais específicos e tipos de estruturas, incluindo concreto
protendido (CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION, 2003).
79

4.3 Análise comparativa das normas técnicas

De uma maneira geral as comparações entre as legislações normativas internacionais


apontam mais semelhanças do que diferenças em termos de tópicos avaliados. Neste
trabalho apresentam-se as estruturas de oito legislações normativas de diferentes países,
incluindo o modelo brasileiro, que se encontra no estado desativado pela própria ABNT
devido ao fato de não ser mais utilizada pelo setor.

A identificação das diferenças e semelhanças entre os vários modelos internacionais e o


brasileiro é apresentada nesta subcapítulo, segue a descrição detalhada da análise
comparativa, de acordo com os tópicos avaliados, sendo posteriormente sintetizada e
colocada em tabelas resumo, em que o símbolo do visto significa que essa categoria de
análise foi abordada pela legislação.

Numeração dos documentos normativos selecionadas, de acordo com o quadro 5.1:

 NBR 5682 - NBR 5682/1977 - Contratação, execução e supervisão de


demolições (Brasil);
 NR 18.5 - Norma Regulamentadora NR18.5 – Condições e meio ambiente
de trabalho na indústria - Demolição (Brasil);
 CFR 1926 - CFR 1926 Subpart t – Whether the demolition standard
applies to moving a residential structutre (EUA);
 BS 6187 - BS 6187:2011 – Code of Practice for Demolition (Inglaterra);
 AS 2601 - AS 2601:2001 – The Demolition of Strutuctures (Austrália);
 DW-Au - Demolition Work – Code of Practice (2016) (Austrália);
 D-NZ - Demolition – Best Practice Guidelines for Demolition in New
Zealand (2013) (Nova Zelândia);
 CSA 1980 - CSA:1980 (R2003) - Code of Practice for Safety in Demolition
of Structures (Canadá).

As diretrizes estudadas no capítulo 7 foram desenvolvidas com o apoio das categorias


de análise selecionadas, por meio da consulta destas normas. Na seguinte tabela foi
possível verificar que algumas normas como a BS 6187:2011 e a NBR 5682/1977 são as
mais completas em função das categorias de análise selecionadas, por isso foram
80

também as mais citadas, focando assuntos como os processos de demolição pouco


abordados atualmente e a gestão de resíduos de demolição dentro do canteiro de obras.
81

Quadro 4.1: Análise comparativa sobre as categorias de análise estudadas que se encontram nas legislações

Categorias de Análise Legislação sobre o processo de demolição de edificações


NBR 5682 NR 18.5 CFR 1926 BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
Contratação da Empresa
  
Verificações Caraterização do edifício
     
antes da
demolição
Substâncias Perigosas
      
Valor Histórico do
 
Edifício
Edifícios Adjacentes
      
Serviços Públicos
       
Inspeção Estrutural
      
Documentaçã Projeto/ Plano de
   
o para a demolição
demolição Plano de Segurança
  
Plano de Gestão de
 
Resíduos
Licenciamento
  
82

Categorias de NBR NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
Análise 5682 1926
Segurança na Ambiente
     
Demolição
Ferramentas
     
Supervisão e Formação
      
(supervisão (supervisão (supervisão
) ) )
Limpeza do Local
     
Equipamentos de
    
Proteção Individual
Equipamentos de
      
Proteção Coletiva
Medidas Preventivas
       
Prevenção e Proteção
     
contra Incêndios
Contenção de Fachadas
     
Processos de Demolição Manual
      
Demolição
Demoliçã Por tração
     
o ou
Mecânica compressão
83

Categorias NBR 5682 NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
de Análise 1926
Por Corte ou
   
Perfuração
Por impacto
    
da bola de
demolição
Por colapso
    
planejado
Demolição por processos
  
térmicos
(lança (maçarico e (lança
térmica) lança térmica)
térmica)
Demolição por processos
  
abrasivos
(hidro (corte com (hidro
demolição) lâmina demolição)

abrasiva)
Demolição por agentes
      
químicos
(explosivos (explosivos (explosivos e (explosivos) (explosivos) (explosivos) (explosivos)
) ) gás
expansivo)
84

Categorias de NBR 5682 NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
Análise 1926
Demolição por processos

elétricos
(Choque
elétrico e arco
voltaico)
Execução Desmon. de
 
do materiais de
Processo revestimento
Desmontage
   
m da
cobertura
Demolição
   
de paredes
divisórias ou
não
portantes
Demolição
    
de paredes
de fachada
ou
estruturais
85

Categorias NBR 5682 NR 18.5 CFR BS 6187 AS 2601 DW-Au D-NZ CSA 1980
de Análise 1926
Demolição
     
de
pavimento
Demolição
    
de Vigas

Demolição
    
de Pilares
Muros de

Contenção
Otimização Remoção, Separação e
       
da gestão de Armazenamento
(remoção) (remoção) (remoção e (remoção, (remoção) (remoção) (remoção, (remoção e
resíduos
armazena separação e separação e armazename
mento) armazenamen armazenamen nto)
to) to)
Transporte para a
  
destinação final
Limpeza do terreno
  
Número total de vistos por norma (40) 31 8 18 36 26 27 27 23
86
87

5. Capítulo 5 – Método de Pesquisa


Tal como foi referido no primeiro capítulo, esta pesquisa tem como principal
objetivo desenvolver um conjunto de diretrizes que permitem melhorar o planejamento
das atividades de demolição seletiva em pequenos edifícios, por meio da análise de
documentos normativos nacionais e internacionais, sobre a prática da demolição em
edifícios e da realização dos estudos de caso. Pretende-se não só dar atenção à fase
de execução, mas também às fases antecedentes, tais como as vistorias a serem
efetuadas ao edifício, idade e estado em que este se encontra, respetivos materiais
de construção que o constitui e os que contêm riscos especiais. Como também a
segurança coletiva, individual dos trabalhadores e até do próprio edifício,
informando os equipamentos de segurança que devem ser utilizados neste tipo de
trabalho.

Para tal foi realizada uma pesquisa bibliográfica aprofundada com base em artigos,
anais de congressos, teses, dissertações, livros, manuais e legislação relacionadas com
os temas em estudo, demolição, demolição seletiva, desconstrução e gestão de resíduos
de construção civil. Com o cruzamento da legislação nacional e internacional sobre o
processo de demolição foi possível criar referências que permitissem desenvolver as
diretrizes para o planejamento de uma demolição sustentável em pequenos edifícios.

No sentido de entender o atual processo de demolição seletiva no Estado de São Paulo,


foi desenvolvido um estudo empírico, que consiste na realização de três estudos de caso,
em diferentes empresas de demolição. Estes estudos de caso consistem em observar se
as pequenas empresas inicialmente fazem alguma vistoria ao local, verificar se existe
uma inspeção ao edifício e aos materiais. Se existe um planejamento das atividades,
analisar como é elaborado esse planejamento, quais os métodos de trabalho utilizados
para a demolição, não só os construtivos como o nível de projeto. E verificar se é
delineado algum roteiro para a destinação de resíduos e reaproveitamento de materiais,
ou não é realizado nenhum tipo de separação em obra nem posteriormente.

Por conseguinte, os três estudos de caso propostos, referentes a três empresas diferentes

Empresa 1 (E1), Empresa 2 (E2) e Empresa 3 (E3), focaram três pontos essenciais para
88

a coleta de dados da presente pesquisa, sendo estes a entrevista ao especialista em


demolições de cada empresa (E1, E2 e E3), o acompanhamento da obra de demolição
seletiva (E1 e E2) e a visita à loja de revenda dos materiais recuperados (E1 e E3). No
seguinte esquema é possível ver como foram elaborados os estudos de caso.

•Entrevista ao Responsável
•Acompanhamento da demolição
Estudo de
Caso 1 (E1) •Visita à loja de Revenda

•Entrevista ao Responsável
Estudo de •Acompanhamento da demolição
Caso 2 (E2)

•Entrevista ao Responsável
Estudo de •Visita à loja de Revenda
Caso 3 (E3)

Figura 5.1: Fluxograma das atividades realizadas nos estudos de caso

YIN (2005) define que os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se
colocam questões do tipo “como“ e “por que“, quando o pesquisador tem pouco controle
sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos
inseridos em algum contexto da vida real. Este autor explica também que o estudo de
caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas
quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta
com muitas técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes
de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador:
observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e entrevistas das
pessoas nelas envolvidas (YIN, 2005).

Foi escolhida como metodologia a aplicação de estudos de caso exploratórios, porque o


âmbito do estudo empírico é conhecer a realidade das pequenas empresas de demolição,
por meio de visitas ao local da obra, para entender o seu funcionamento. Tal como já
foi referido, o estudo empírico desenvolve-se através da coleta e análise de múltiplas
fontes de evidência, que originou a elaboração de um diagnóstico de cada empresa.
Neste âmbito, realizou-se entrevistas aos responsáveis pela empresa e pelas atividades
89

de demolição e observações diretas, por meio do acompanhamento da demolição seletiva


de pequenas habitações térreas, sendo essas fontes de evidência coletadas em diferentes
etapas do processo de demolição, em função das visitas realizadas ao local dos trabalhos
de demolição e de venda dos materiais. Para avaliar o funcionamento das empresas
criaram-se várias etapas, que são designadas por categorias de análise, sendo que cada
etapa deverá ser referente a uma visita em campo (algumas categorias podem ser
coletadas na mesma visita). Estas categorias de análise serão a base para a elaboração
das diretrizes propostas no capítulo sete, em que serão definidas detalhadamente.
Seguindo esta sequência, as categorias propostas são:

1. Contratação da empresa;
2. Verificações antes da demolição;
3. Documentação para a demolição;
4. Segurança na demolição;
5. Execução do processo;
6. Otimização da gestão de resíduos.

Para o estudo empírico foram criados objetivos específicos, que apoiam a coleta de
evidências e através destas, elaborar uma análise crítica dos resultados. Posteriormente
à execução desta análise de resultados empíricos e repertório teórico adquirido, foram
desenvolvidas as diretrizes para auxiliar e melhorar o desempenho das atividades e
procedimentos a realizar no canteiro de obras. Para tal foi composto um quadro no
sexto capítulo que explicita como serão desenvolvidos os estudos de caso, originando
os seguintes objetivos:

1. Entender como é realizado o processo e contratação das empresas de demolição;


2. Analisar e observar as atividades e procedimentos realizados antes da demolição
e avaliar eventuais relatórios de vistoria ou inspeções de edifícios a demolir;
3. Averiguar se existe consulta do projeto ou das plantas de construção do edifício,
caso existam, como também de outros documentos que auxiliem o processo de
demolição;
4. Analisar o plano ou as medidas de segurança, caso existam, bem como o plano
de gerenciamento de resíduos;
90

5. Verificar o funcionamento das regras de segurança e a utilização dos


equipamentos de proteção dentro do canteiro de obra, por parte dos
trabalhadores;
6. Averiguar quais os principais perigos encontrados para os trabalhadores durante
o processo de demolições e quais as medidas de segurança aplicadas;
7. Estudar como são aplicadas as técnicas de demolição em obra e averiguar se as
soluções escolhidas pelas empresas são as mais sustentáveis no que se refere ao
aproveitamento dos resíduos de construção e demolição (RCD);
8. Analisar como é realizado o gerenciamento dos materiais e resíduos obtidos em
obra e classificar os materiais, consoante o seu destino final;
9. Verificar como é efetuado a venda dos materiais reaproveitados e fazer uma
análise sobre as oportunidades de mercado.

Os planos de trabalho propostos pela pesquisa, que foram desenvolvidos ao longo do


mestrado, para a elaboração da presente dissertação, abrangem as seguintes etapas:

 Este trabalho iniciou-se com uma pesquisa e leitura de documentação científica,


com base em livros, artigos, anais, dissertações, teses, normas e leis;
 Por meio da pesquisa realizada foi possível escrever uma revisão bibliografia
sobre os temas em estudo, demolição, demolição seletiva/desconstrução e
gestão de resíduos de construção civil, como já foi referido anteriormente;
 Posteriormente foi executado o trabalho em campo, que consistiu em efetuar
um diagnóstico às pequenas empresas de demolição, através de vários estudos
de caso. Para o desenvolvimento desses estudos descritivos serão consideradas
múltiplas fontes de evidência: entrevistas com as demolidoras,
acompanhamento in loco do processo de demolição, visita ao local de venda dos
materiais e discussão das possibilidades de reaproveitamento de materiais a
partir das práticas de demolição e das características dos materiais e
componentes envolvidos. Esse levantamento de dados explica a escolha dos
processos de demolição, sobre os processos utilizados, como são executados os
trabalhos e a recolha de resíduos, como também qual o planejamento realizado
pela empresa e como são geridos os trabalhos em fase de obra;
 Do cruzamento das múltiplas fontes de evidência desenvolveu-se uma análise
da eficiência do processo de demolição e a possibilidade de aproveitamento de
91

materiais para cada caso de estudo e posteriormente descreveu-se uma


comparação entre os casos estudados. Após o diagnóstico realizado às empresas,
foi desenvolvida uma análise crítica aos resultados obtidos à luz da literatura
estudada e das entrevistas com especialistas;
 Em função dos resultados obtidos e recorrendo ao apoio da pesquisa
bibliográfica foram desenvolvidas diretrizes, que irão definir os procedimentos
de boas práticas da demolição, em fase de obra;
Na seguinte figura é demonstrado qual o percurso e como foi realizada a pesquisa
empírica durante o mestrado.
92

Figura 5.2: Fluxograma das atividades da pesquisa empírica


93

6. Capítulo 6 - Estudos de Caso


Neste capítulo foram descritos os estudos de caso realizados durante o desenvolvimento
do trabalho. Tal como já foi referido anteriormente foram elaborados três estudos de
caso, cada um correspondendo a uma empresa de demolição seletiva. As empresas
escolhidas estão localizadas no Estado de São Paulo, no qual se designam por Empresa
1 (E1), Empresa 2 (E2) e Empresa 3 (E3).

O estudo empírico consiste em compreender e estudar como são executadas as


demolições seletivas, por meio da avaliação ao funcionamento das pequenas empresas,
para tal, foram criadas as categorias de análise, como já foi explicado no quinto
capítulo, que correspondem às várias etapas do planejamento da demolição. As fontes
de evidências utilizadas serão o questionário, as visitas a obras de demolição seletiva
de pequenos edifícios térreos, sendo estas registradas através de checklist e fotografias,
e as visitas às lojas ou estocagem de materiais, por meio de fotografias.

O primeiro passo para o estudo de caso foi pesquisar pequenas empresas de demolição
seletiva de forma a viabilizar a pesquisa. Após a seleção das empresas foi enviado uma
carta via e-mail informando sobre o tema da pesquisa deste trabalho, e comunicar o
interesse em entrevistar os responsáveis pelo planejamento do processo da demolição
de cada empresa, realizando um breve questionário, encontrando-se este no apêndice
A, tal como as entrevistas realizadas. Apesar das dificuldades na comunicação com as
empresas, por não terem respondido ao e-mail enviado, verificou-se um grande interesse
das empresas que participaram nesta pesquisa, as participações durante a entrevista e
em obra foram imprescindíveis para a elaboração deste trabalho. Pois sem essa
colaboração não seria possível realizar as entrevistas. Como também obter autorização
para visitar o canteiro de obras e o local de armazenamento dos materiais em alguns
casos.

O questionário elaborado para a entrevista foca as seguintes categorias de análise em


estudo, sendo estas:
94

 Contratação da empresa;
 Verificações antes da demolição;
 Documentação para a execução de demolições;
 Segurança na demolição;
 Execução da demolição;
 Otimização da gestão de resíduos.

Dentro de cada categoria de análise foram escolhidas algumas perguntas, com o intuito
de compreender o funcionamento das pequenas empresas de demolição. Após a
realização de cada entrevista, efetuou-se o acompanhamento de obras de demolição
seletiva de modo a proporcionar uma maior aprendizagem e compreensão de como é
organizado e gerido os resíduos obtidos dentro do canteiro de obra.

Foi criado o Quadro 6.1 que explicita como serão desenvolvidos os estudos de caso.
Para esse quadro foram desenvolvidos uns objetivos específicos, de acordo com o que
se pretende analisar durante o trabalho empírico, sendo esses objetivos elaborados em
função das fontes de evidências que serão verificadas em cada estudo de caso, como se
pode confirmar a seguir, esses objetivos são:

 Entender como é realizado o processo e contratação das pequenas empresas de


demolição;
 Analisar e observar as atividades e procedimentos realizados antes da demolição
e avaliar eventuais relatórios de vistoria ou inspeções de edifícios a demolir;
 Averiguar se existe consulta do projeto ou das plantas de construção do edifício,
caso existam, como também de outros documentos que auxiliem o processo de
demolição;
 Analisar o plano ou as medidas de segurança, caso existam, bem como o plano
de gerenciamento de resíduos;
 Verificar o funcionamento das regras de segurança e a utilização dos
equipamentos de proteção dentro do canteiro de obra, por parte dos
trabalhadores;
 Verificar quais os principais perigos encontrados para os trabalhadores durante
o processo de demolição e quais as medidas de segurança aplicadas;
95

 Estudar como são aplicadas as técnicas de demolição em obra e averiguar se as


soluções escolhidas pelas empresas são as mais sustentáveis no que se refere ao
aproveitamento dos RCD;
 Analisar como é realizado o gerenciamento dos materiais e resíduos obtidos em
obra e quantificar e classificar os materiais, consoante o seu destino final;
 Verificar como é efetuado a venda dos materiais reaproveitados e fazer uma
análise sobre a oportunidade de mercado.

Atualmente, o processo das pequenas demolições após a contratação da empresa segue


a seguinte estrutura:

 Solicitar na prefeitura da cidade uma autorização para efetuar a demolição, essa


autorização irá expedir um documento, designado por Alvará de Demolição, em
que deve conter a duração da execução da demolição;
 Dentro do prazo estabelecido, devem ser executadas as atividades de demolição;
 Após a demolição do edifício é realizada a remoção do entulho obtido, a
prefeitura deve ser notificada da finalização dos trabalhos de demolição e será
agendada uma visita à obra para confirmação;
 Depois de verificado a finalização dos trabalhos, deve ser solicitado um novo
prazo para a obtenção da certidão do terreno;
 Obtida essa certidão, esta deve ser entregue num cartório para registro e
averbação da demolição;
 Para finalizar, deve ser solicitada a nova matrícula do imóvel, contendo o
histórico do terreno que contém todas as informações das atividades de
construções desenvolvidas nesse terreno, em que será registrado o final da
demolição e designado como terreno vazio.
96

Quadro 6.1: Atividades síntese das atividades realizadas durante os estudos empíricos ao longo da dissertação

Evidências Material
Objetivos Específicos: Entrevista com Observação em obra Visita à utilizado na
o responsável Fotografias Checklist Loja/Stock pesquisa

Analisar e observar as atividades e procedimentos Empresa E1 Não se verificou Não se verificou


realizados antes da demolição e avaliar eventuais Empresa E2 Não se verificou Não se verificou Questionário,
relatórios de vistoria ou inspeções de edifícios a demolir Empresa E3 Não se verificou Não se verificou
Averiguar se existe consulta do projeto ou das plantas de Empresa E1
construção do edifício e, caso existam também de outros Empresa E2 Questionário
documentos que auxiliem no processo Empresa E3
Analisar o plano ou as medidas de segurança caso Empresa E1
existam, bem como o plano de gerenciamento de Empresa E2 Questionário
resíduos Empresa E3
Verificar o funcionamento das regras de segurança e a Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1 Questionário,
utilização dos equipamentos de proteção dentro do Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2 Fotografias,
canteiro de obra por parte dos trabalhadores Empresa E3 Não se verificou Não se verificou Checklist
Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1
Verificar quais os principais perigos encontrados para os Questionário,
trabalhadores durante o processo de demolição e quais as Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2 Fotografias,
medidas de segurança aplicadas Checklist
Empresa E3 Não se verificou Não se verificou
Estudar como são aplicadas as técnicas de demolição em Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1 Questionário,
obra e averiguar se as soluções escolhidas pelas empresas
Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2 Fotografias,
são as mais sustentáveis do ponto de vista de
Empresa E3 Não se verificou Não se verificou Checklist
aproveitamentos de RCD
Analisar como é realizado o gerenciamento dos materiais Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1 Questionário,
e resíduos obtidos em obra e classificar os materiais Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2 Fotografias,
consoante o seu destino final Empresa E3 Não se verificou Não se verificou Não se verificou Checklist

Verificar como é efetuada a venda dos materiais Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1 Empresa E1
Questionário,
reaproveitados e efetuar uma análise sobre as Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2 Empresa E2
Fotografias
oportunidades de mercado Empresa E3 Não se verificou Não se verificou Empresa E3
Não se aplica Não se verificou
97

Quadro 6.2: Registo das atividades realizadas durante o desenvolvimento do trabalho

Data Atividade Realizada

06/11/2014 a Visita a obra de demolição da empresa


08/11/2014 E1
Levantamento das Empresas
06/03/15
Demolidoras no Estado de São Paulo
09/03/2015 a Escrever o questionário para a
12/03/2015 entrevista às Empresas Demolidoras
Escrever carta a informar a pesquisa e
03/04/15 autorização para uma entrevista, a
enviar às Empresas Demolidoras
09/04/2015 a Envio da carta por e-mail às Empresas
15/04/2015 Demolidoras

15/04/2015 a
Contato com as Empresas via telefone
22/04/2015
Entrevista com o responsável pelas
23/04/15
demolições da empresa demolidora E1
Visita à loja de revenda dos materiais
23/04/15
da Empresa Demolidora E1
15/06/2015 a Acompanhamento de obra de demolição
18/06/2015 da empresa E1
Contato com a Empresas E2 e visita à
15/10/15
obra da Empresa E2
15/10/2015 a Acompanhamento de obra de demolição
20/10/2015 E2
Entrevista com o responsável pelas
16/10/15
demolições da Empresa Demolidora E2
Contato com a Empresa E3 por via
23/02/16
telefone
Entrevista com o responsável pelas
25/02/16
demolições da Empresa Demolidora E3
Visita à loja de revenda dos materiais
04/08/16
da Empresa Demolidora E3
98

6.1 Estudo de caso I (E1)

Durante esta pesquisa contatou-se várias pequenas empresas de demolição seletiva do


Estado de São Paulo, uma das empresas demolidoras que aceitou a realização da
entrevista possibilitou também a visita à Loja, onde é realizada a revenda dos materiais
recuperados das obras de demolição, pertencendo à empresa demolidora.

6.1.1 Entrevista ao responsável pela demolição

Conforme enunciado anteriormente, foi realizada uma entrevista ao responsável pela


demolição, que neste caso é também o dono da empresa e da loja de revenda dos materiais
recuperados. A entrevista foi concretizada no dia 23 de abril de 2015, e encontra-se
disponível no apêndice A. Por meio desta entrevista foi possível entender o funcionamento
de uma pequena empresa deste ramo da demolição seletiva, quais os seus principais
objetivos e obstáculos, como também quais os possíveis benefícios, que a revenda de
materiais pode trazer.

6.1.2 Visitas às obras de demolição

Como tal, foram efetuadas algumas visitas a duas obras de demolição seletiva e um breve
acompanhamento do processo de demolição das habitações térreas. Em ambos os
processos se optou por iniciar por uma demolição manual, com o auxílio de equipamentos
manuais como martelo e a picareta, apenas é utilizado equipamentos mecânicos como a
escavadeira, para limpeza do terreno e remoção do entulho, ou para derrubar algum
elemento estrutural, que seja difícil a sua demolição manual. Para auxiliar esse
acompanhamento foi feito um registro fotográfico das obras selecionadas e o
preenchimento de um checklist que se encontra no apêndice B. Foi possível observar que
não existia qualquer tipo de documento em obra, como as medidas de segurança, um
plano de gerenciamento de resíduos, ou mesmo um cronograma para a execução dos
trabalhos.

As visitas à obra de demolição da habitação mostrada na seguinte figura ocorreram entre


6 a 8 de novembro de 2014.
99

Figura 6.1: Habitação de piso térreo a ser demolida (GOOGLE, 2011)

Como é possível verificar nas imagens 6.2 e 6.3, o primeiro passo a ser dado durante o
processo da demolição seletiva é a remoção dos elementos não estruturais, como as portas
e janelas. Inicia-se então por retirar todas as esquadrias manualmente, para depois serem
revendidas. O depósito dos materiais é efetuado ao longo da habitação devido à falta de
espaço e a ausência de um local para o armazenamento em obra, até serem transportados
para a loja, onde serão vendidos os materiais.

Figura 6.2: Reaproveitamento de janelas e portas em obra (Autor, 2014)

Figura 6.3: Reaproveitamento de portas, janelas e grelhas metálicas (Autor, 2014)


100

Após serem retiradas todas as portas, janelas e grelhas metálicas, estas são enviadas para
a loja onde serão revendidas. O próximo passo a realizar é retirar toda a cobertura do
edifício. Durante esta tarefa é necessário ser extremamente cuidadoso, devido ao fato das
telhas cerâmicas serem um material muito frágil, partindo-se muito facilmente no
decorrer do processo de demolição, provocando assim, desperdício de material que poderia
ser reutilizado, como também o aumento da quantidade de resíduos em obra, acumulando
entulho no pavimento do local de trabalho.

Figura 6.4: Reaproveitamento e armazenamento em obra de telhas cerâmicas (Autor, 2014)

No entanto, verificou-se que durante o processo de demolição existe uma grande produção
de resíduos, principalmente detritos de alvenaria, que correspondem às paredes interiores
e exteriores da habitação, como também detritos de telha cerâmica, que vão ser
posteriormente enviados para aterro ou para uma usina de reciclagem.

Constatou-se também que não existe nenhum tipo de separação em obra, nem
classificação de resíduos como se pode ver nas imagens seguintes, apenas uma junção de
todo o entulho e lixo acumulado que será posteriormente transportado por um caminhão,
para o local de despejo. Nesta obra não foi encontrado qualquer tipo de reservatório
adequado para os materiais e entulho, como por exemplo, caçambas ou Big Bags.
101

Figura 6.5: Produção de resíduos durante o processo de demolição (Autor, 2014)

A figura 6.6, mostra que todas as instalações elétricas foram desativadas, de forma a não
provocar acidentes por choque elétrico durante o processo de demolição. Para segurança
de todo os trabalhadores, estes locais devem ficar devidamente assinalados, para reduzir
o perigo durante os trabalhos de demolição.

Figura 6.6: Instalações elétricas, assinaladas pelas setas a vermelho (Autor, 2014)

Foi também acompanhada outra obra de demolição pela mesma empresa, de 15 a 18 de


junho de 2015, uma habitação térrea, tal como a anterior. As seguintes imagens mostram
a habitação antes, durante e após o processo de demolição.
102

Figura 6.7: Habitação de piso térreo antes da demolição começar (GOOGLE, 2015)

Quando se procedeu ao acompanhamento desta obra, a demolição já tinha sido iniciada.


Começou-se por retirar as portas, janelas e objetos metálicos de valor, como encanamento
e grelhas de saneamento para serem revendidos na loja. Depois foi desmantelada a
cobertura, retirando as telhas, uma de cada vez, também para revender, ficando apenas
com as paredes exteriores e interiores. Todos esses materiais retirados já foram
encaminhados para a loja nos dias da visita.

Figura 6.8: Habitação a demolir já sem portas, janelas e coberturas (Autor, 2015)
103

Procede-se então ao empuxe das paredes interiores manualmente, com o auxílio de


equipamentos manuais, como se pode ver na figura anterior e nas seguintes.

Figura 6.9: A demolição das paredes interiores (Autor, 2015)

É possível visualizar o acumular de entulho no pavimento durante o processo de


demolição, como a desorganização total do local de trabalho, devido à colocação de
resíduos de materiais por todo o espaço. Torna-se impossível a circulação dentro do
edifício, podendo aumentar os acidentes de trabalho, o que dificulta também o
armazenamento do material a reaproveitar, devido à falta de espaço encontrado.

Figura 6.10: Geração de resíduos no local de trabalho (Autor, 2015)

Pode ser também observado, a falta de equipamento de proteção individual (EPI),


durante as atividades de trabalho. Os trabalhadores não utilizam capacete de proteção,
nem luvas e óculos de proteção contra poeiras, e alguns trabalhadores nem possuem
roupas que cubra todo o corpo durante o trabalho, deixando os braços e as pernas
desprotegidas, possibilitando a ocorrência de pequenos acidentes, como cortes e
arranhões. Em nenhuma das obras em estudo foi encontrado sinalização sobre o uso
104

obrigatório dos equipamentos de proteção individual, nem a presença do responsável de


obra.

Figura 6.11: A falta da utilização de equipamento de proteção individual durante o processo de


demolição (Autor, 2015)

Figura 6.12: A falta de acessos a andares superiores (Autores, 2015)

Para finalizar foram demolidas a paredes exteriores e adjacentes aos edifícios vizinhos,
após todo o interior da habitação estar demolido, com auxílio de equipamentos manuais
e nos elementos mais resistentes com o derrube da máquina escavadora.

Figura 6.13: Demolição das paredes exteriores (Autor, 2015)


105

Alguns dos materiais recuperados, para além das portas, janelas e outros objetos
metálicos de valor, também foram recuperadas as telhas cerâmicas, as vigas de madeira,
os tijolos e as telhas de fibrocimento. No entanto, devido ao descuido dos trabalhadores
durante o processo de demolição, vários materiais foram quebrados, acumulando entulho
na obra, aumentando assim a quantidade de resíduos de demolição.

Figura 6.14: Acumulação de entulho no final da demolição (Autor, 2015)

Para finalizar, é realizada a limpeza do terreno. O entulho é agrupado com o auxílio da


escavadeira, para posteriormente ser colocado num caminhão e enviado para o aterro. Na
seguinte figura observam-se os resíduos de demolição a serem colocados dentro do
caminhão, no entanto verifica-se que o transporte escolhido não tem o cuidado de cobrir
os resíduos durante o percurso até ao aterro destinado, possibilitando o risco de queda
de detritos durante o trajeto da transportadora.

Figura 6.15: Recolha e transporte dos resíduos de demolição (Autor, 2015)


106

6.1.3 Visita à loja de revenda dos materiais

A visita à loja de revenda dos materiais foi realizada também no dia 23 de abril de 2015.
Por meio da entrevista foi possível entender o funcionamento do processo da revenda dos
materiais, verificou-se a preocupação da importância da gestão dos materiais dentro do
canteiro de obras, e que o desempenho do planejamento de uma demolição seletiva
previamente elaborado, pode ter um aumento da quantidade e da qualidade dos materiais
reutilizáveis.

Esta visita teve como objetivos verificar como é efetuada a venda dos materiais que são
reaproveitados das obras de demolição, e como é gerido e organizado o depósito desses
materiais. Tal como foi explicado pelo responsável da loja, existe bastante procura pelos
materiais em segunda mão, não só pelos seus preços inferiores em relação aos materiais
novos, como também pela qualidade superior de alguns materiais, que por vezes aumenta
o seu preço relativamente aos novos, que é o caso da madeira, por exemplo. Segundo o
responsável pela loja os materiais mais procurados são a madeira e o tijolo, que se justifica
pela sua elevada qualidade em comparação com os novos materiais fabricados.

A figura 6.16 mostra uma tabela dos preços que alguns materiais de construção são
vendidos. Todos os materiais à venda possuem o preço escrito no próprio artigo, de modo
a facilitar a venda dos produtos, haja vista não existir um registo com a quantificação
dos materiais existentes em loja.

Como se pode verificar nas figuras seguintes, existe uma grande variedade de materiais
recuperados à venda, apesar do estado de degradação em que se encontram alguns. Alguns
dos materiais encontrados precisam de uma recuperação ou manutenção, o que provoca
uma grande variação nos preços colocados.
107

Figura 6.16: Tabela de preços de alguns materiais recuperados disponíveis para revenda da
empresa E1 (Autor, 2015)

Nas pequenas obras de demolição, que existe uma prática mais manual na execução dos
trabalhos, torna-se possível a recuperação de grande parte dos materiais de construção,
em comparação com uma demolição mais mecanizada e dependendo também do interesse
do seu responsável, nos materiais a recuperar. Alguns dos materiais mais retirados para
revenda são a madeira, as telhas de fibrocimento, os lavatórios de cozinha com banca e
os lavatórios de banheiro, as portas e os portões, as janelas e os vidros. Existe uma grande
variedade dos materiais recuperados, tal como pode ser demonstrado nas seguintes
figuras.

Na figura 6.17 é possível verificar que existe uma grande diversidade nos tamanhos e
geometria das madeiras recuperadas. Como foi descrito na entrevista pelo responsável da
loja, este material é um dos mais procurados, principalmente por os Madeireiros, devido
à elevada qualidade que por vezes se encontra, como também o fato de atualmente certas
madeiras serem de espécies protegidas pelo Estado Brasileiro e como tal é proibido cortar,
elevando ainda mais o preço dessas espécies encontradas nas obras de demolição. É um
material com elevada taxa de reutilização, especialmente quando se encontra no seu
estado natural e não sofre grandes alterações durante o ciclo de vida do edifício ou
estrutura em que se enquadra, contém uma grande durabilidade e não polui o ambiente.
A Peroba Rosa é bastante procurada para fazer móveis.
108

Figura 6.17: Venda de vários tipos de madeira (Autor, 2015)

Outro material construtivo muito utilizado em coberturas, especialmente em lugares


públicos ou acessos entre edifícios, é a telha de fibrocimento, como se pode verificar na
figura 6.18. Este material é fácil de ser removido, quando se encontra em bom estado,
devido as suas conexões simples, através de parafusos, o que simplifica o processo de
reaproveitamento.

Figura 6.18: Venda de telhas de fibrocimento (Autor, 2015)

O tijolo comum é outro material recuperado muito procurado, devido à sua qualidade
que pode ser superior em relação aos novos tijolos fabricados. É também um dos materiais
de construção mais utilizados em pequenas habitações de alvenaria.
109

Figura 6.19: Venda de tijolo Comum (Autor, 2015)

O vidro é um material comum bastante encontrado, pode ser de portas envidraçadas ou


em tamanhos menores, é fácil de recuperar caso não esteja partido e tem um longo ciclo
de vida útil.

Figura 6.20: Venda de vidro (Autor, 2015)

Diferentes tipos de portas podem ser encontrados à venda, desde portas em ferro com
acabamentos em tinta a portas em madeira, em função das dimensões e feitios
pretendidos. De acordo com a figura 6.21 pode-se ver que algumas se encontram um
pouco degradadas necessitando de uma recuperação ou um acabamento.

Figura 6.21: Venda de portas metálicas (Autor, 2015)


110

Tal como a venda de portas, existe também uma grande variedade nos tipos e tamanhos
das caixilharias, algumas para além dos vidros trazem também proteção passiva, para a
luz solar, como portadas exteriores.

Figura 6.22: Venda de caixilharias (Autor, 2015)

A venda de equipamentos sanitários e de cozinhas como bancadas e pias, algumas em


pedra natural, encontram-se em bom estado, apesar do local de revenda desorganizado,
para além da falta de limpeza e sem qualquer proteção contra as intempéries.

Figura 6.23: Venda de equipamentos para o banheiro e cozinha (Autor, 2015)

A variedade de formas de portões em ferro e grelhas de saneamento, como também arcos


e outros componentes metálicos.
111

Figura 6.24: Venda de portões de ferro (Autor, 2015)

Para além de toda esta variedade, entre outros materiais que não foram demonstrados
neste trabalho, denota-se a falta de organização do local e cuidado com os
materiais/componentes recuperados, como se vê nas seguintes figuras, a carência de
limpeza e a ausência de um local coberto e protegido das variações climáticas e das
intempéries. Provocando assim uma diminuição no ciclo de vida dos materiais, como
também da sua qualidade para reutilização.

Figura 6.25: Venda desorganizada de vários materiais de construção (Autor, 2015)

6.2 Estudo de Caso ll (E2)


Entrou-se em contato com outra empresa de demolição que é também uma empresa de
construção, ao qual se designou por Empresa 2 (E2), em que o Dono da Empresa é o
responsável pela demolição e aceitou ser entrevistado. Foi também realizado o
acompanhamento de uma obra de demolição e venda de materiais, sendo esta realizada
dentro do canteiro de obras.

6.2.1 Entrevista ao responsável

Conforme enunciado anteriormente, foi realizada uma entrevista ao responsável pela


demolição, que neste caso é o responsável pela revenda dos materiais recuperados. A
entrevista foi concretizada no dia 16 de outubro de 2015, e encontra-se disponível no
apêndice A.

Por meio desta entrevista foi possível entender como são realizadas as demolições por
esta empresa, apesar de ser uma empresa de construção também executa trabalhos de
demolição. Compreendeu-se quais são as principais tarefas executadas e como são
112

executadas, quais os materiais mais recuperados e qual a sua procura a nível de mercado
de reutilizados e reciclados.

6.2.2 Visitas à obra de demolição

O acompanhamento da obra de demolição foi realizado entre o dia 15 de outubro de 2015


a 20 de outubro de 2015, em que o processo de demolição já tinha sido iniciado uns dias
atrás. No entanto ainda foi possível acompanhar grande parte da execução da obra de
demolição e da revenda dos materiais. Diferente do primeiro estudo de caso em que o
dono da empresa tem a sua própria loja para revenda dos materiais recuperados, estes
são vendidos no local da demolição, durante a execução do processo.

Figura 6.26: Habitação a ser demolida pela empresa E2 (GOOGLE, 2015)

Como se pode ver na figura seguinte, a obra de demolição já tinha sido iniciada quando
se começou a fazer o seu acompanhamento. O compartimento central da habitação já
não possuía cobertura nem algumas paredes interiores e exteriores, os elementos não
estruturais, como portas e janelas já tinham sido retirados, como todos os objetos soltos
interiores.
113

Figura 6.27: Fase inicial do acompanhamento da demolição (Autor, 2015)

Foi possível verificar no local da obra o acumular de resíduos no pavimento, não existindo
locais específicos para o seu depósito, ficando assim os resíduos de demolição misturados
e amontoados num canto da obra ou até mesmo no local de passagem dos trabalhadores,
como se pode observar.

Outro aspeto que pode ser observado, é o corte das árvores dentro do canteiro de obras,
como se pode ver na seguinte figura. Sendo que por lei é necessário que um perito enviado
pelo governo local identifique as árvores expostas, caso exista espécies protegidas, o
proprietário do terreno será notificado e estas estarão isoladas durante o processo de
demolição para não serem danificadas. Este é um exemplo em que não foi comprida a lei
e que o responsável optou por cortar, para evitar que as espécies fossem reconhecidas,
podendo ser penalizado legalmente pelo ato cometido, não informando a Prefeitura da
cidade.
114

Figura 6.28: Árvores cortadas dentro do canteiro de obra (Autor, 2015)

O responsável garantiu que antes de iniciar a demolição os serviços públicos como água,
eletricidade, gás, etc., já tinham sido notificados e desativados, para este canteiro de
obras.

Figura 6.29: Serviços públicos dentro do canteiro de obra (Autor 2015)

Procedeu-se também à demolição da última parte da cobertura da habitação, foi


desmontada material por material, começando pelas telhas e após as ripas, caibros e
terças de madeira.

Figura 6.30: Desmontagem da cobertura (Autor, 2015)


115

Figura 6.31: Resíduos acumulados no local de obra (Autor, 2015)

Ao longo de toda a demolição verificou-se que dentro do canteiro de obras foi-se


acumulando cada vez mais entulho entre outros resíduos como vigas de madeira, tábuas,
barras de metal, etc.

Houve a possibilidade de acompanhar a demolição das paredes interiores, construídas


com tijolo maciço, que com a aplicação da demolição manual foi possível aproveitar
grande parte destes materiais, apesar do desperdício gerado por falta de cuidado dos
trabalhadores. Pode-se observar nas imagens 6.32 e 6.33 o processo de demolição de uma
parede exterior com o auxílio da marreta, em que foram quebrando as duas extremidades
da parede, no final a parede é balançada até cair. Existe bastante falta de cuidado no
modo como foi executado, há falta de equipamentos de proteção, principalmente do
capacete e das luvas, para além de que, se por algum momento a parede quebrar no lugar
errado pode cair sobre o trabalhador. Apesar do responsável estar presente em obra,
notou-se que durante o processo de demolição existe bastante descuido e que não
acompanham as medidas de segurança.

Figura 6.32: Demolição das paredes interiores (Autor, 2015)


116

Figura 6.33: O balanço da parede (Autor, 2015)

Alguns objetos, como móveis e bancadas de cozinha, foram retirados durante o processo
de demolição com o objetivo de serem reaproveitados, como se pode verificar na imagem
seguinte a 6.34.

Figura 6.34: Móveis recuperados durante a demolição (Autor, 2015)

O tijolo maciço foi dos materiais mais recuperados, para não se misturar com o entulho
dentro do canteiro de obra foi armazenado na calçada, ficando desprotegido contra roubos
e correndo risco de cair em algum pedestre ou viatura. Apesar de ser uma situação
temporária o responsável pela demolição não colocou tapumes nem teve o cuidado de
escolher outro lugar para armazenar este material, sendo no final da demolição
transportado para o destino final por um caminhão.
117

Figura 6.35: Tijolo maciço recuperado durante a demolição (Autor, 2015)

A madeira foi outro tipo de material retirado e recuperado, para além de ter sido
armazenado e vendido em obra. Esta madeira encontrada na seguinte figura é a madeira
comum, pois a Peroba Rosa a madeira estrutural, já tinha sido vendida após ser retirada
do edifício.

Figura 6.36: Madeira recuperada durante a demolição (Autor, 2015)

Foi também possível verificar que os equipamentos e acessórios utilizados durante o


processo de demolição não continham um espaço para serem armazenados dentro do
canteiro de obras, como se pode visualizar na seguinte imagem estes equipamentos, como
andaime, entre outros, foram colocados num canto dentro da obra, junto com o entulho
que se ia formando.
118

Figura 6.37: Armazenamento dos equipamentos para auxílio na demolição (Autor, 2015)

Durante o acompanhamento do processo de demolição foi possível observar a falta de


utilização de equipamentos de segurança individuais e coletivos, como também a falta de
acessos a pavimentos superiores, nas seguintes imagens é importante destacar que não
existiam meios de transporte dos materiais da laje superior para a laje inferior, ou seja,
o tijolo maciço era lançado por um trabalhador da laje de cima e o trabalhador da laje
abaixo apanhava-o, que posteriormente seriam colocados no carrinho de mão para serem
transportados até ao local de deposito. Não existiam escadas nem andaimes comum para
acessar ao piso superior e os trabalhadores não estavam a utilizar luvas, óculos nem
capacete. O trabalhador que se encontra no piso superior não usava cinto para evitar a
sua queda, correndo o risco de provocarem algum pequeno acidente ou algo mais grave.
Foi também verificado que não existia nenhum tipo de sinalização em obra, apesar do
responsável pela demolição se encontrar sempre no local, as medidas de segurança eram
escassas e os trabalhadores não se preocupavam em cumpri-las. Por meio da entrevista
foi possível entender que os trabalhadores contratados não são registrados durante as
obras de demolição, tornando a situação do seu trabalho não regularizada, e sem nenhum
tipo de seguro ou responsabilidade por parte da empresa que os contrata, é um trabalho
temporário, pago por dia de serviço, normalmente executado durante as férias dos
trabalhadores que são funcionários de outras empresas da construção civil.
119

Figura 6.38: Acesso precário e perigoso ao piso superior (Autor, 2015)

Foi possível observar que para além de tijolo maciço e a madeira, outros materiais
também foram recuperados para venda como portões de ferro, janelas e portas tanto em
ferro como em madeira, nota-se que existe uma falta de rigor e cuidado durante a
execução dos trabalhos e no seu armazenamento, devido à falta de interesse do
responsável em preservar algum materiais e elementos construtivos e devido à escassa
formação dos trabalhadores.

Figura 6.39: Materiais aproveitados durante a demolição (Autor, 2015)


120

Figura 6.40: Materiais aproveitados durante a demolição (Autor, 2015)

Todos os materiais recuperados foram revendidos em obra, os clientes passavam pelo


local, iam vendo se lhe interessavam algum material e compravam. Foi realizado o
acompanhamento da revenda de alguns materiais como se pode ver nas figuras abaixo o
transporte de tijolo maciço, metais e madeira, entre outros.

Figura 6.41: Transporte do tijolo maciço e dos materiais metálicos (Autor, 2015)

Após a revenda dos materiais e toda a demolição manual ser realizada, executa-se a
demolição mecânica, este tipo de demolição é elaborado com o auxílio de uma máquina
como se pode ver na figura 6.42, normalmente serve para derrubar as paredes mais
resistentes que possam conter armadura. Depois do empuxe de todas as paredes é a vez
da laje de fundação e para finalizar a limpeza do terreno. É necessário o terreno ficar
pronto para a próxima construção, então será retirado todo entulho e depois transportado
121

por um caminhão para o aterro da cidade. Para finalizar foi demolido o muro de vedação
manualmente para reaproveitamento do tijolo maciço.

Figura 6.42: Acumulação de entulho e demolição do muro de vedação (Autor, 2015)

6.3 Estudo de Caso lll (E3)


6.3.1 Entrevista ao responsável

Tal como já foi descrito anteriormente, para o terceiro estudo de caso também foi
realizada uma entrevista ao responsável pela empresa de demolição, que também é o
responsável pela revenda dos materiais recuperados. A entrevista foi realizada no dia 25
de fevereiro de 2016, e encontra-se disponível no apêndice A.

Por meio da entrevista realizada foi possível entender o funcionamento da empresa na


área das demolições, que se encontra no mercado há 30 anos e já executou trabalhos de
construção, limpeza do terreno e movimento de terra, apesar de não ser este o foco da
empresa. Durante a entrevista foi possível compreender quais são as principais tarefas
executadas e como são executadas durante a demolição, quais os materiais mais
recuperados, como é realizada a sua remoção e armazenamento em obra e qual a sua
procura a nível de mercado de reutilizados e reciclados, e para onde são enviados.

Por falta de obras de demolição não foi possível fazer o acompanhamento da execução de
uma demolição seletiva realizada por esta empresa.
122

6.3.2 Visita à loja de revenda dos materiais

A visita à loja de revenda dos materiais foi realizada no dia 4 de agosto de 2016. Por
meio da entrevista ao responsável foi possível entender o funcionamento do processo da
revenda dos materiais, em que após a sua remoção, este são estocados em obra para
depois serem transportados para a loja. A loja é um local de estocagem dentro da casa
do proprietário da empresa de demolição, com pouco espaço e em condições bastante
precárias, sem qualquer proteção contra intempéries, ficando distribuídos pelo jardim em
contato com o solo, acabando por enferrujar e degradar parte dos elementos expostos,
como portas, janelas, grades metálicas, portões, entre outros. O proprietário possui
também outro local para estocagem, que utiliza para guardar alguns dos materiais para
revenda.

Com esta visita foi possível observar como é gerido e organizado o depósito dos materiais
e elementos reaproveitados das obras de demolição. Tal como foi explicado pelo
responsável da empresa durante a entrevista, existe bastante procura pelos materiais em
segunda mão, não só pelos seus preços inferiores em relação aos materiais novos, como
também pela qualidade superior de alguns materiais, que por vezes aumenta o seu preço
relativamente aos novos, que é o caso da madeira, por exemplo. Mas existe também uma
procura de elementos construtivos, com valor histórico, como portas de fazendas antigas,
ou candelabros, entre outros, elementos com pormenores artísticos, que após o seu
restauro podem ser vendidos a um preço muito superior ao original.

Figura 6.43: Alguns dos portões recuperados, o portão da direita foi colocado na casa do
proprietário, como portão da entrada da loja dos materiais de demolição (Autor, 2016)
123

Como se pode ver nas seguintes figuras os materiais mais encontrados foram portas de
madeira e portões de metal, algumas janelas e grelhas metálicas. É possível também
verificar que não existe nenhuma sequência de organização, os elementos são apenas
depositados aleatoriamente pelo local, muitas vezes uns sobre os outros, sem nenhuma
preocupação quanto às intempéries, animais ou até mesmo danos provocados por os
materiais sobrepostos.

Figura 6.44: Armazenamento dos materiais recuperados da demolição (Autor, 2016)

Muitos dos materiais dispostos no local encontram-se já em degradação, com ferrugem,


a pintura em decomposição, alguns elementos em madeira a apodrecer devido ao contato
com a chuva, os vidros das janelas e das portas partidos. O proprietário justificou-se que
seria necessário restaurar esses elementos para depois serem vendidos.

Figura 6.45: Armazenamento dos materiais recuperados da demolição (Autor, 2016)

6.4 Análise dos estudos de caso

O tamanho e o crescimento do mercado da reutilização e reciclagem obedecem à


conhecida lei da oferta e da procura e, como sempre acontece na economia, o mercado
124

somente cresce quando todos ganham alguma coisa. A opção mais fácil e mais rápida
para uma demolidora é demolir um edifício o mais rapidamente possível e ganhar o
máximo que puder vendendo os materiais obtidos, partindo do princípio que a empresa
é proprietária dos materiais. As empresas demolidoras sempre tentarão reduzir ao
máximo a quantidade de material despejado em aterros, por causa do seu custo. Estas
empresas resgatam e reaproveitam os elementos e materiais que podem ser facilmente
retirados de uma construção e que possuem um valor alto o suficiente para cobrir os
esforços e cuidados necessários, para mantê-los em boas condições, ou seja, nenhuma
demolidora irá preservar um elemento que não possa ser vendido rapidamente, mantendo
assim os seus custos de armazenamento baixos, principalmente se forem necessários
cuidados especiais para a remoção do material, para garantir que possa ser reutilizado.
Em geral, os modernos processos de demolição são altamente mecanizados e requerem
instalações e equipamentos caros. Existem fortes pressões comerciais para garantir a plena
utilização e a demolição de edifícios o mais rapidamente possível. Como as empresas de
demolição podem ser facilmente encontradas por meio de associações comerciais, na
internet ou em listas telefônicas, é importante considerar o seu grau de especialização
(ADDIS, 2006 (2010)).

Durante a pesquisa bibliográfica, surgiram algumas perguntas sobre a gestão dos resíduos
e como é executada no canteiro de obras. Com o conhecimento adquirido durante a
realização do estudo empírico, tornou-se possível responder e discutir algumas questões,
tais como:

 Como é realizada a separação de materiais/resíduos no canteiro de obras?


 O que acontece com os materiais e componentes recuperados?
 Será que a qualidade e o desempenho dos trabalhadores influenciam o
destino final de resíduos/materiais? Como?
 Quais os materiais que são mais recuperados?
 Que resíduos vão para aterros sanitários?
 Quais os resíduos que são reciclados?
 Como esses materiais são colocados de volta no mercado?
 Que materiais/elementos têm mais demanda no mercado de segunda mão?
Porquê?
125

Para entender a destinação final dos resíduos de demolição foram realizados três estudos
de caso discutindo a execução das operações de demolição seletiva de três pequenas
empresas. Por meio da monitorização das atividades de demolição, conversando com os
empreiteiros responsáveis e observando a gestão de resíduos no canteiro de obras, foi
possível compreender a importância da escolha do método de demolição, uma vez que
influência gradualmente a qualificação dos resíduos obtidos como examinado na revisão
da literatura.

Conclusões semelhantes foram alcançadas com base nos diferentes estudos de caso. Após
a aprovação do alvará de demolição pela prefeitura, não foi encontrado nenhum
documento em obra, apenas é realizado uma vistoria visual por parte do responsável para
verificar quais os materiais e elementos de maior valor comercial. Nem existe um
planejamento das atividades a executar apenas a prática convencional. Por conseguinte,
verificou-se que estas empresas de demolição usam o mesmo processo de demolição
seletiva, iniciado por uma demolição manual de modo a recuperar o máximo de materiais
e elementos construtivos possíveis e posteriormente uma demolição mecânica com o
auxílio da máquina escavadora, para derrubar os elementos da estrutura mais reforçados,
por vezes vigas e pilares de concreto armado, que inicialmente não foi possível demolir
manualmente ou até o pavimento térreo e as fundações, finalizando com limpeza do
terreno.

Constatou-se também que não se seguem as medidas de segurança, os trabalhadores estão


sujeitos a riscos de queda de materiais, ou acidentes de trabalho, algumas das empresas
não tem um responsável em obra permanentemente, apenas permanecem os
trabalhadores, que não são incentivados a utilizar os equipamentos de proteção individual
(EPI) obrigatórios, como capacete de proteção, botas, óculos, luvas, roupa coberta e
cintos arnês, nem os equipamentos de proteção coletiva (EPC), como andaimes, redes ou
tapumes, a insistência de uma proteção do canteiro de obras em contato com a calçada
e o público, prevendo da queda de materiais e detritos ou poeiras. Não existe sinalização
em obra a identificar o local de demolição, nem dos EPI, algumas empresas nem a sua
identificação colocam, ficando sem saber qual a empresa de demolição que executou o
serviço. Foi também verificado que a informação que é transmitida aos trabalhadores é
escassa ou nem formação têm para estes trabalhos, tanto a nível de segurança em obra
como a nível de conhecimento e execução das atividades. Não existe nenhum incentivo,
126

no sentido de recuperar o máximo possível de materiais e elementos, nem nenhuma


preocupação quando à forma como são dispostos e armazenados em obra.

Apenas os materiais fáceis de recuperar e com valor comercial foram separados e


armazenados, enquanto os detritos iam-se acumulando sobre o piso de trabalho, porque
não havia um local para separação dos resíduos em obra, que posteriormente eram
enviados, misturados, em um caminhão para o aterro da cidade. Os materiais recuperados
são enviados para uma loja de venda de materiais em segunda mão, ou vendidos no
próprio local de trabalho. Tal como acontece em obra, foi possível verificar que na loja
de revenda também não há qualquer preocupação em conservar os materiais, são deixados
às intempéries, degradando-se com o passar do tempo. Em conversa com os empreiteiros,
tornou-se evidente que os materiais mais procurados dos trabalhos de demolição são os
tijolos maciços, telhas de cerâmica e madeira, por exemplo a Peroba Rosa. De acordo
com os vendedores, os clientes preferem estes materiais pela qualidade de fabricação, no
caso de materiais cerâmicos, já a Peroba Rosa é uma madeira rara e muito procurada
para a fabricação de móveis, pois pode durar mais de 100 anos.

Além destes, todos os materiais metálicos são recuperados, entre outros elementos como
portas, janelas, banheiros, móveis, cozinhas, vidro e telhas de fibrocimento. Pela falta de
cuidado dos trabalhadores durante a demolição, é acumulado uma grande variedade de
resíduos. Tudo o que se torna resíduo é misturado no local e é enviado para o aterro da
cidade, para depois ser reciclado. Se houver argamassas e concreto, estes são reciclados e
transformados em detritos para pavimentação de estradas, calçadas e até mesmo bancos
de parque. Pode-se concluir que a escolha do tipo de demolição tem uma grande influência
sobre a qualidade e a quantidade de material recuperado, e também a quantidade de
resíduos formados.

Quadro 6.3: Quadro síntese de comparação entre estudos de caso

Categorias de Estudos de Caso


Análise Empresa E1 Empresa E2 Empresa E3
Contratada por um A própria empresa Contratada por um
cliente. construtora é que cliente.
Contratação da
executa a demolição,
Empresa
não há contratação
oficial.
127

São realizadas São realizadas São realizadas


Verificações antes
visualmente através visualmente através visualmente através
da Demolição
da visita ao local. da visita ao local. da visita ao local.
Existe o alvará de Existe o alvará de Existe o alvará de
demolição para o demolição para o demolição para o
licenciamento e o licenciamento e o licenciamento e o
Documentação
comprovante de como comprovante de como comprovante de como
para a Demolição
os resíduos foram os resíduos foram os resíduos foram
enviados para um enviados para um enviados para um
aterro registrado. aterro registrado. aterro registrado.
Falta de utilização de Falta de utilização de Não foi possível
EPI e EPC e EPI e EPC e verificar em obra.
sinalização em obra, sinalização em obra,
não existe um técnico apesar de existir um
em obra e uma técnico em obra, não
limpeza do local há qualquer
precária com resíduos informação ou
Segurança na por toda a obra. formação sobre o
Demolição trabalho. Os
operários contratados
encontravam-se
ilegais, sem registro
de trabalho. Existe
uma limpeza do local
precária com resíduos
por toda a obra.
Execução de uma Execução de uma Não foi possível
demolição manual de demolição manual de observar em obra.
modo a retirar todos modo a retirar todos
os materiais possíveis os materiais possíveis
em obra. Os em obra. Os
Execução da
elementos estruturais elementos estruturais
Demolição
resistentes eram resistentes eram
derrubados pela derrubados pela
demolição mecânica demolição mecânica
com auxílio de uma com auxílio de uma
máquina escavadeira. máquina escavadeira
Sem separação de Sem separação de Não foi possível
Otimização da resíduos em obra, resíduos em obra, observar em obra. Os
Gestão de Resíduos apenas os materiais e apenas os materiais e materiais e elementos
elementos eram elementos eram recuperados são
128

separados para serem separados para serem separados para serem


enviados para a loja. vendidos na própria enviados para a loja.
Os resíduos eram obra. Os resíduos
acumulados e eram acumulados e
transportados por um transportados por um
caminhão para aterro. caminhão para aterro.

Na seguinte imagem é possível entender o funcionamento destas empresas de demolição,


em função dos métodos escolhidos e a destinação final dos resíduos de demolição.

Figura 6.46: Fluxograma da gestão de resíduos de demolição nas empresas demolidoras


129

7. Capítulo 7 – Diretrizes para o


Planejamento de uma Demolição
Sustentável

7.1 Considerações iniciais

A conscientização entre os proprietários, engenheiros e empreiteiros sobre a importância


da sustentabilidade na indústria da construção, bem como os benefícios econômicos
alcançáveis através da demolição seletiva aumentou significativamente ao longo das
últimas décadas. Como resultado, a atenção tem sido focada sobre a substituição da
demolição tradicional e a deposição em aterro pela estratégia de uma demolição seletiva,
em que a energia e o capital investido em materiais de construção são totalmente ou
parcialmente recuperados, através da reutilização e reciclagem (AKBARNEZHAD, ONG

e CHANDRA, 2014).

As normas estudadas durante o mestrado consideram os trabalhos de demolição como


atividades de demolição, desconstrução e desmontagem, envolvendo tarefas como
derrubar, quebrar e desmantelar os edifícios inteiros ou apenas partes com o auxílio de
ferramentas manuais, máquinas ou equipamentos específicos para este tipo de trabalhos.
Para garantir que a execução dos trabalhos possa ser realizada com segurança, é
elaborado um planejamento da demolição. Este processo considera o ambiente inserido,
a segurança do público, dos trabalhadores e outros requisitos obrigatórios, bem como as
metas de custo, tempo e dos próprios clientes. Este planejamento implica uma estreita
colaboração e interação entre cliente, responsáveis pela demolição,
engenheiros/arquitetos, caso seja necessário, agências reguladoras, empreiteiros e
subempreiteiros.

O planejamento da demolição é especialmente crucial para projetos em que a remoção de


materiais apresente riscos para a segurança das pessoas ou propriedades adjacentes. Para
130

certas situações de projeto, os empreiteiros de demolição, devem determinar quais os


métodos e técnicas a serem aplicados. Por exemplo, as seguintes situações podem requerer
um maior nível de rigor de análise e planejamento:

 A estrutura a ser demolida está perto da população (por exemplo, num centro
altamente congestionado de áreas habitacionais);
 Uma estrutura contaminada por substancias tóxicas requer técnicas de demolição
especiais e manuseio de materiais para evitar o agravamento das condições
perigosas, como também equipamentos de proteção específicos para os
trabalhadores;
 A estrutura a ser demolida tem um valor histórico em certos elementos ou até a
própria fachada deve ser preservada;
 Um edifício com características estruturais especiais requer uma demolição com
técnicas especiais (por exemplo, edifícios com danos estruturais significativos,
etc.);
 Partes dos edifícios devem continuar em fase de utilização, enquanto em outras
partes adjacentes, são executados os trabalhos de demolição;
 Elementos construtivos com alto valor comercial ou histórico são recuperados
para venda ou para reutilização.

Durante a pesquisa observou-se a importância de procurar referências para desenvolver


e detalhar mais aprofundadamente as atividades de demolição através da análise da
normalização internacional e nacional. Foi então realizada uma pesquisa bibliográfica que
possibilitou o desenvolvimento dessas referências, que permitem auxiliar no planejamento
dos trabalhos de demolição seletiva e melhorar o gerenciamento dos materiais e resíduos
dentro do canteiro de obra.

Para tal este capítulo foi dividido em seis partes que correspondem a diferentes etapas
do processo da demolição no qual se decidiu chamar de categorias de análise, sendo a
primeira referente à escolha da empresa que irá executar a demolição, seguindo-se as
verificações a serem realizadas antes de iniciar os trabalhos de demolição, ou seja, as
vistorias a serem efetuadas ao edifício, a caracterização dos materiais constituintes, a sua
toxidade, e o estado em que se encontra o edifício. A terceira categoria descreve a
documentação que sustenta o processo, que é exigida pela prefeitura municipal da cidade
131

estudada no interior do Estado de São Paulo e os documentos que usualmente são


sugeridos em outros países, como um plano para a demolição, um plano de segurança e
saúde e um plano de gestão de resíduos, possibilitando o auxílio na execução das
atividades desenvolvidas dentro do canteiro. A seguinte categoria define as regras de
segurança a serem aplicadas dentro do canteiro de obra e os respetivos equipamentos de
proteção a serem utilizados. Em seguida a execução do processo de demolição descrevendo
quais os métodos mais sustentáveis que podem ser utilizados, os mais praticados e os
equipamentos mecânicos utilizados, e por último a gestão dos resíduos da demolição, que
define como deve ser desenvolvido o gerenciamento dos resíduos em obra e qual a melhor
destinação final, aplicando estas diretrizes as pequenas empresas de demolição seletiva.

Contratação da empresa

Verificaçoes antes da demolição

Documentação para a demolição

Segurança na demolição

Execução do processo

Otimização da gestão de resíduos

Figura 7.1: Categorias de análise das etapas da demolição

7.2 Contratação da Empresa

Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 3 e 5
AS 2601:2001 Anexo B
BS 6187:2011 Seção 6

De acordo com a NBR 5682 DE 1977, define-se por contratante a pessoa física ou jurídica
de direito público ou privado que, promove a execução dos serviços de demolição, através
do contratado, técnica, jurídica e financeiramente habilitado. Entende-se por contratado
a pessoa física ou jurídica de direito privado, legalmente habilitada, que se obriga à
132

execução de serviços e/ou obras na forma estabelecida pelo contratante e de acordo com
a legislação em vigor (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

O contratante deve estar ciente de quaisquer responsabilidades diretas sob o seu dever
de cuidado e receber aconselhamento profissional adequado. Todas as atividades de
demolição devem ser planejadas, projetadas e realizadas dentro do seguinte acordo de um
contrato formal escrito. Este deve ser celebrado e assinado tanto pelo cliente (ou seus
representantes legais) como pela empresa contratada pelas atividades de demolição. O
contrato deve conter uma cláusula que elimine a possibilidade do contratado
subempreitar ou firmar qualquer acordo com terceiros, relativo a uma parte do contrato,
sem o consentimento escrito do contratante. Em relação aos prazos impostos, deve ficar
clara a posição do contratado ao não cumprimento dos prazos e as interferências que
justifiquem demoras ou paralisações (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011)
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

O contratante deve selecionar uma empresa de demolição com experiência necessária,


conhecimento, prática e recursos para que as obras de demolição sejam concluídas de
forma segura, sem danos ou prejuízos aos seus funcionários ou outros. Qualquer contrato
terá elementos básicos, incluindo:

 O orçamento e cronograma de pagamentos vinculados à percentagem de trabalho


que foi concluída;
 A duração e prazo do início e final da obra;
 Os materiais que serão recuperados pelo proprietário e/ou pelo empreiteiro de
demolição;
 Os limites físicos e o espaço envolvente da obra que o empreiteiro é responsável;
 As taxas que são legalmente impostas ou exigências do proprietário ou do governo,
caso existam desvios nas metas a alcançar;
 Os termos de rescisão do contrato;
 Os termos de licenciamento, seguros e responsabilidades, se necessário;
 Os responsáveis pelo contrato;
 Definição de critérios de mediação de controvérsias caso ocorra mudanças durante
o processo de demolição em função de ocorrências imprevisíveis no processo de
planejamento da obra.
133

Em ambos os casos, o contrato é um acordo entre ambas as partes, para um determinado


trabalho, de modo a ser efetuado pela empresa de demolição e geralmente, dentro de um
período de tempo especificado. O elemento chave para um contrato de demolição é o
acordo entre ambas as partes antes do início das atividades. É importante, que haja um
registro permanente do acordo, que abranja inequivocamente todos os aspectos e arranjos
do contrato em obra, que seja destinado a desempenhar este papel informativo
(STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001).

O contrato formal por escrito deve ser realizado entre o proprietário do imóvel e a
empresa demolidora contratada. A preparação da proposta e outros documentos do
contrato devem ser elaborados com assessoria de um profissional especializado. Além das
condições exigidas no contrato, deve ser dada uma especial atenção aos seguros, sendo
estes o seguro de acidentes de trabalho, o seguro de responsabilidade civil e o seguro da
garantia contratual (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

7.3 Verificações antes da demolição

Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 5 e 6
AS 2601:2001 Anexo A
BS 6187:2011 Seção 4, 5, 7, 8 e 10
CFR 1926 Subpart T 1926.850 e 1926.859
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 3, 4, 5 e 7
Code of Practice (AS) Seção 2 e 4
NR 18.5 18.5.1 e 18.5.2

Neste subcapítulo, serão abordadas as medidas preparatórias, para a elaboração e


desenvolvimento de um plano de atividades da demolição, e para tal é necessário efetuar
uma visita ao local de modo a verificar o estado em que o edifício se encontra. O edifício
deve ser analisado e observado por técnicos competentes, como também as condições em
que se encontram os edifícios adjacentes. É necessária a elaboração de uma lista dos
materiais que contêm riscos especiais, e só posteriormente a essa análise e que é será
realizada uma avaliação estrutural.
134

Verificações antes da
Demolição

Inspeção do Inspeção
Local Estrutural

Valor Histórico
Caraterização Substâncias Edifícios Serviços
dos elementos
do Edifício Perigosas Adjacentes
arquitetônicos
Públicos

Bifenilos
Agentes
Amianto Chumbo Policlorados Sílica
Patogênicos
(PCB)

Figura 7.2: Esquema com as atividades de verificação antes da demolição

Antes das operações de demolição começarem, uma vistoria ao local deve ser realizada,
incluindo, se necessário, um levantamento de todo o edifício, para determinar o tipo de
construção e os materiais constituintes, a condição da estrutura e a sua relação com as
construções vizinhas, e as condições do local (CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION, 2003). Os métodos de trabalho devem, portanto, enfatizar a importância
do planejamento e dos levantamentos antes de qualquer trabalho ser realizado. As
vistorias exigidas devem ser explícitas, tais pesquisas podem ser intrusivas para garantir
uma inspeção adequada do estado atual da estrutura. As inspeções devem executar as
avaliações estruturais formando uma base fundamental para a manutenção da
estabilidade do edifício, adequada sempre que necessário, de modo que a terminologia e
os requisitos sejam claros para evitar qualquer dúvida (NEW ZEALAND DEMOLITION
AND ASBESTOS ASSOCIATION, 2013).

É importante que o cliente forneça ao empreiteiro o máximo de informações possíveis,


para garantir que qualquer demolição dos elementos estruturalmente danificados, seja
conduzida de uma forma segura. Estas informações devem incluir (NEW ZEALAND
DEMOLITION AND ASBESTOS ASSOCIATION, 2013):

 O valor histórico do edifício;


 A idade da construção da estrutura;
 Os desenhos, plantas e cortes, relatórios, planos estruturais e a relação do edifício
135

com as propriedades vizinhas;


 Os planos detalhando a localização dos serviços, incluindo a entrada de serviços
públicos no local;
 Os trabalhos anteriores que impliquem remoção ou planos de gestão de materiais
perigosos (por exemplo, materiais que contêm amianto) e a localização de todas
as substâncias perigosas conhecidas e condições perigosas relativas ao local de
trabalho;
 Informações sobre a localização de extintores de incêndio, materiais perigosos ou
inflamáveis que possam representar riscos potenciais para os trabalhadores
durante o processo de demolição.

7.3.1 Inspeção do local

As atividades de demolição iniciam-se com uma visita ao local para examinar o edifício,
que consiste no levantamento visual, dentro e fora do edifício, para estimar o tipo de
materiais, a condição geral da estrutura e o que a rodeia. Para além da localização dos
serviços públicos que serão desativados antes dos trabalhos de demolição começarem.
Também é útil observar as condições básicas, tais como danos causados por incêndios,
inundações, podridão, e possíveis perigos biológicos, tais como restos de animais. Em
suma, o objetivo da visita ao local é ter o conhecimento real do estado atual do edifício,
especialmente os elementos que garantam a sua resistência e estabilidade, para
determinação dos métodos e técnicas de desmontagem e demolição mais adequados. A
pesquisa realizada ao local de trabalho deve reunir informações sobre aspectos do
ambiente construído que futuramente possam representar riscos para a saúde e segurança
dos trabalhadores.

7.3.1.1 Caracterização do edifício

Antes de ser iniciado qualquer trabalho de demolição, é necessário realizar um


levantamento visual detalhando a constituição da edificação, a ser demolida. Para criar
um registro, devem ser tiradas fotografias e anotações. Durante o levantamento, é preciso
dispensar uma atenção especial à natureza da estrutura e aos métodos construtivos usados
na edificação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977). Os
materiais constituintes, a sua qualidade e características devem ser examinados para
136

identificar o tipo de construção, o seu desgaste ou degradação, que podem afetar a


capacidade de suporte de carga da estrutura, e fazer com que esta, se comporte de forma
imprevisível durante a demolição. As causas da degradação dos elementos construtivos
devem ser identificadas sempre que possível, a fim de determinar o seu comportamento
e grau de instabilidade durante o processo de demolição (BRITISH STANDARD
INSTITUTE, 2011).

É necessário efetuar uma investigação que determine a presença de poços e sistemas de


tubulação, a sua localização, constituição, tamanho e uso (CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION, 2003). O cliente deve fornecer ao empreiteiro uma prova escrita da
condição atual do edifício, e o empreiteiro tem a obrigação de confirmar a existência
dessas condições. Se o empreiteiro determinar que a estrutura aparenta risco de colapso,
deve ser verificado com as autoridades responsáveis, a causa dos danos ou fraqueza da
construção. As condições que justificam a preocupação podem incluir perigos ambientais
que teriam danificado a estrutura, tal como ação sísmica e do vento ou qualquer outro
ato da natureza, estruturas ou edifícios inclinados, pilares ou vigas fissurados ou
inclinados, ou qualquer dano que comprometa a integridade estrutural (NEW ZEALAND
DEMOLITION AND ASBESTOS ASSOCIATION, 2013).

7.3.1.2 Substâncias Perigosas

Quando se executam demolições de edificações onde tenham sido usadas substâncias que
apresentem elevado risco para a saúde, tais como tintas à base de chumbo e amianto,
substâncias que causem poeiras ou fumos nocivos à saúde, substâncias radioativas, etc.,
é importante tomar todas as precauções especiais indicadas para cada caso
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977). Quando a presença
de tais substâncias é aparente ou suspeita, devem ser realizados testes que comprovem a
sua existência e o perigo eliminado antes da demolição ser iniciada (OCCUPATIONAL
SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION, 2016).

Sempre que a avaliação pré-contratual indicar que o solo ou edifício do canteiro de obras
possa estar contaminado, será realizado uma investigação ao solo e ao edifício. A
investigação deve ser executada por uma pessoa competente, que compreende os
problemas, perigos e riscos associados à recolha de amostras, e as precauções adequadas,
137

que devem incluir uma avaliação de qualquer material perigoso encontrado, e confirmar
se os contaminantes presentes serão um risco à saúde dos trabalhadores, devido à sua
inalação, ingestão ou contato com a pele. O monitoramento deve ser iniciado e mantido
durante o prosseguimento da demolição, para garantir que os locais de trabalho estejam
de acordo com o planejado (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011). É importante
coordenar com o empreiteiro as atividades que concernem à remoção do material
contaminado, evitando danificar os materiais recuperáveis. É fundamental planejar essas
atividades, e notificar em caso de atrasos ou imprevistos, de acordo com a gestão de
tempo do cronograma geral do projeto.

Os principais riscos para a saúde, que afetam as pessoas ligadas às atividades de


demolição surgem a partir de substâncias que podem ser inaladas, ingeridas, ou que
entram em contato com a pele e são absorvidas durante os trabalhos, estes riscos podem
ser identificados como (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011):

 Gases, vapores, fumos e poeiras que podem ser inaladas e que podem ser
cronicamente tóxicos, alergênicos, fibrogênicos, cancerígenos ou asfixiantes;
 Poeiras, e líquidos em contato com a pele que podem ser tóxicos ou corrosivos ou
dar origem a, por exemplo, dermatite ou câncer;
 Poeiras inertes que em grandes quantidades podem causar, por exemplo, irritação.

7.3.1.3 Edifícios Adjacentes

As condições das construções vizinhas e outras que possam vir a ser afetadas, e a sua
relação com a edificação a ser demolida, devem ser consideradas, levando em conta a
existência de arrendamentos temporários, direitos de terceiros, paredes divisórias ou
portantes comuns e outras possíveis implicações. As construções adjacentes à obra de
demolição devem ser examinadas, prévia e periodicamente, no sentido de ser preservada
a sua estabilidade e a integridade física de terceiros (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1977), (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015).

O contratante deve notificar os proprietários vizinhos quando os trabalhos de demolição


possam causar danos a outras propriedades, a fim de que seja alcançado um entendimento
completo antes do início dos trabalhos, em relação a certos assuntos, tais como
escoramento provisório, proteção (provisória e definitiva), perturbações e outros, para
138

que os trabalhos não venham a causar inconvenientes ou vir de encontro aos direitos dos
proprietários vizinhos. Em muitos casos isto implica numa vistoria completa dos prédios
adjacentes e do seu conteúdo, sendo muito recomendável que sejam tiradas fotografias
para registro e futura consulta (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977).

É necessário ter atenção em zonas urbanas, onde existem grandes condicionalismos em


termos de espaço e de acessos. Há a necessidade de proteger os edifícios confinantes e as
zonas públicas, de poeiras e de eventuais projeções de materiais, com recurso a jatos de
água e estruturas protegidas com redes, lonas ou outros elementos rígidos, em função das
características da demolição e dos edifícios ou elementos a proteger. Os condicionalismos
locais são em geral uma constante, sobretudo em zonas de malha urbana densa, o edifício
está limitado por diversos edifícios confinantes e pela via pública.

Também é importante que outros edifícios em torno do local de demolição não sejam
adversamente afetados pela vibração ou choque durante o processo de demolição.
Nenhuma parte do processo de demolição deve causar inundações ou a penetração da
água em qualquer edifício adjacente (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).

7.3.1.4 Serviços Públicos

Antes do início de qualquer trabalho de demolição, o proprietário ou seu agente deve


notificar os fornecedores de água, eletricidade, gás, telefone, televisão, internet, esgotos,
etc., a fim de que sejam tomadas providências para o desvio, interrupção, paralisação,
proteção e isolamento dos serviços que possam ser afetados pela demolição. Em cada
caso, qualquer companhia de serviço público que está envolvido deve ser notificada com
antecedência, e a sua aprovação ou serviços, se necessário (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 1977), (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO,
2015), (STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001).

É importante a realização de um estudo para verificar-se a necessidade de remoção de


tubulação e linhas de distribuição. Se for necessário manter algum serviço, como a água
ou eletricidade, devem ser aplicadas medidas adequadas de proteção e realocação dos
serviços. A localização de todas as fontes de energia aéreas também necessita ser
139

determinada, como podem ser especialmente perigosas durante qualquer demolição com
máquinas. Todos os trabalhadores são informados sobre a localização de qualquer serviço
existente ou realocado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION, 2016).

O empreiteiro de demolição tem a obrigação de assegurar que todas as desconexões ou


isolamentos e similares são confirmados por escrito pelo fornecedor do serviço público.
Os registros de confirmação devem ser mantidos no local da obra, durante toda a
demolição, para verificação e referência. Todas as tomadas de alimentação internas devem
ser testadas pela pessoa responsável pelo fornecimento de energia, e um registro desses
testes também serão mantidos em obra, pelo diário de obra. É preciso um cuidado especial
quando se construir as vedações ou pórticos, para garantir que suas fundações não causem
estragos nos serviços públicos que ainda estão em uso. Criar medidas para a segurança
de pedestres e veículos que passam no local e os caminhos precisam de ser mantidos em
condições de segurança (NEW ZEALAND DEMOLITION AND ASBESTOS
ASSOCIATION, 2013).

Além das infraestruturas habituais e visíveis (gás, eletricidade, etc.), reguladas através
de contratos de abastecimento, há a necessidade de verificar se existem ligações antigas
ou clandestinas, que em geral, não são facilmente detectáveis na fase de visita ao local e
que durante os processos de demolição ou das novas construções, poderão criar situações
inesperadas de alto risco.

7.3.2 Inspeção estrutural

Um edifício a ser demolido, com muitos anos de existência, é comum que os elementos
incorporados e, em particular a estrutura estejam danificados de alguma forma. A causa
determinante da degradação dos materiais tem origem em lesões de envelhecimento e
operações relacionadas, que envolveram uma redução da resistência. Por isso não é fácil
saber a resistência de todos os outros elementos.

Antes de se iniciarem os trabalhos de demolição é necessário realizar uma vistoria na


edificação, para determinar o estado de resistência da estrutura, evitando assim a
possibilidade de colapso não planejado de qualquer parte da mesma. Esta tarefa deve ser
140

realizada por um engenheiro competente, em que posteriormente será apresentado um


relatório que contenha os cálculos estruturais de todo o edifício e os seus constituintes.
Qualquer estrutura adjacente, em que os trabalhadores possam estar expostos, necessita
igualmente ser verificada e deve ser fornecido ao empreiteiro o relatório que contém as
informações da inspeção realizada. O empreiteiro de demolição deve manter uma cópia
escrita deste levantamento, é aconselhável fotografar os danos existentes em estruturas
vizinhas para registro (OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH
ADMINISTRATION, 2016).

7.4 Documentação para a demolição

Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 5 e 6
AS 2601:2001 Seção 2 e Anexo A
BS 6187:2011 Seção 5, 8 e 12
CFR 1926 Subpart T 1926.850 e 1926.859
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 4
Code of Practice (AS) Seção 3 e Anexo B

Depois das verificações iniciais devem ser obtidas todas as permissões, autorizações ou
alvarás/licenças que são necessárias para iniciar os trabalhos de demolição e se for
necessário colocar em prática qualquer medida especial, como trabalhos em estruturas
perigosas. Atualmente, para um pequeno edifício ser demolição apenas é obrigatório o
alvará de demolição. Deve-se então tomar consciência de que é necessário a
implementação de um plano que gerencie todas as atividades da demolição, que sejam
planejadas inicialmente, propondo medidas de segurança e gestão de resíduos dentro do
canteiro de obra.

As obras de demolição devem ser planejadas de tal forma que seja efetuado um sistema
de trabalho que leva em consideração a segurança, saúde, meio ambiente, e eficiência.
Todos os envolvidos para a execução do contrato, devem assegurar um planejamento
eficaz, a comunicação entre todos, e o fornecimento de tempo suficiente para permitir a
execução de um projeto bem-sucedido e eficiente. Os prazos necessários para a aquisição
das licenças ou autorizações devem estar descritos na programação dos trabalhos. Depois
do contrato ser adjudicado, antes do início dos trabalhos, o contratante deve determinar
a sequência das operações e os seguros propostos numa avaliação dos riscos comparativos,
141

relacionados especificamente com as condições do local (BRITISH STANDARD


INSTITUTE, 2011).

Documentação para a
Demolição

Medidas de Plano de
Plano de
Segurança e Gestão de Licenciamento
Demolição
Saúde Resíduos

Alvará de
Demolição

Figura 7.3: Esquema com a documentação para a demolição

7.4.1 Plano de Demolição

Com base na inspeção de todo o edifício, em conjunto com a vistoria da estrutura e do


local, um plano de trabalho deve ser preparado, documentado e submetido para
aprovação. Nenhuma atividade de remoção ou demolição deve ser iniciada até que o plano
de trabalho seja aprovado (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011).

O plano de demolição, deve incluir o seguinte (BRITISH STANDARD INSTITUTE,


2011), (STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001), (SAFE WORK
AUSTRALIA, 2016), (NEW ZEALAND DEMOLITION AND ASBESTOS
ASSOCIATION, 2013):

 Todas as vistorias relevantes no local de trabalho;


 Os planos mostrando a localização, propriedade e natureza das paredes de
contorno, cercas, sebes e árvores, e a localização dos edifícios, estruturas ou
recursos subterrâneos que estão a ser objeto das obras ou que estejam a ser
preservados;
 A confirmação por escrito de cada uma das empresas de serviços públicos que
prestam serviços no local da obra, por exemplo, água, gás, eletricidade,
telecomunicações, que precisa de desconectar o seu fornecimento e a confirmação
142

de desativação dos serviços públicos no local de trabalho (alguns dos serviços


públicos podem ser necessário, como água e eletricidade);
 As exigências locais relacionadas com o fornecimento de painéis, pórticos,
andaimes, acordos de trabalho e avisos antes do início dos trabalhos por estas
atividades de demolição;
 As disposições de indenização de seguros do proprietário do edifício e da cobertura
de empregadores públicos e terceirizados até um nível especificado adequado e
suficiente para cobrir eventuais riscos específicos decorrentes;
 O contrato adequado para o regime, incluindo as disposições que estabelecem toda
a documentação, as obras acordadas, o método de lidar com qualquer atraso no
andamento das obras, a conclusão das obras, a capacidade de a empresa
contratada acabar as obras na duração prevista, disposições de pagamento,
insolvência, quer do proprietário do edifício ou do contratado, entre outras
condições;
 A data, para o início das obras e a data, ou duração permitida, para a conclusão
das obras;
 Os acordos relativos ao edifícios adjacentes e horários de condições, incluindo
material fotográfico e uma lista dos nomes dos proprietários adjacentes,
juntamente com os dos seus agentes, acordado entre o proprietário do edifício e
os proprietários / ocupantes dos edifícios vizinhos;
 As restrições específicas impostas aos métodos de trabalho, incluindo acordos em
relação a materiais perigosos;
 Uma descrição dos métodos de demolição propostos para serem utilizados e o tipo
de equipamento proposto para a implementação desses métodos, com uma
descrição da sequência proposta da execução dos trabalhos de demolição e uma
estimativa do tempo, em dias, das fases de cada atividade;
 O arquivo de saúde e segurança (Plano de segurança e saúde ou PCMAT) com
os detalhes de medidas de proteção, incluindo a contenção de fachadas, tapumes
ou galerias e andaimes;
 Provisão de um plano de gestão do tráfego para a estrutura e local, que inclui
veículos e gerenciamento de riscos em relação à operação no local de trabalho e
interação com o público (se for necessário);
143

 Um plano para a gestão dos resíduos, incluindo tipos e quantidades prováveis,


remoção e armazenamento temporário no local, e as opções de reutilização,
reciclagem, recuperação, eliminação, etc.;
 As medidas de emergência, por exemplo, para colapsos parciais ou em caso de
pequenos acidentes.

O plano de demolição deve ser considerado como um documento que deve estar presente
no local de trabalho e deve ser atualizado sempre que houver mais informações disponíveis
no decorrer do projeto, sendo disponibilizado para todas as partes envolvidas no trabalho,
como parte da divulgação de informações sobre o local (BRITISH STANDARD
INSTITUTE, 2011), (STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001).

7.4.2 Medidas de Segurança e Saúde

O PCMAT é o programa de condições e meio ambiente do trabalho na indústria da


construção civil, que tem como objetivo a prevenção de riscos e a informação e formação
dos trabalhadores, ajudando a reduzir os acidentes de trabalho, assim como diminuir as
suas consequências quando são produzidos. (SAMPAIO, 1998). O programa de condições
e meio ambiente do trabalho deverá ser elaborado por engenheiros de segurança do
trabalho, já a sua execução cabe ao engenheiro responsável pela obra ou ao técnico de
segurança do trabalho (SKOWRONSKI e COSTELLA, 2004).

Prioriza o treinamento de todos os trabalhadores da obra, isto é, os trabalhadores serão


estimulados a participarem, seja na identificação dos riscos quanto nas decisões das
medidas preventivas necessárias, além de garantir que todas as medidas de segurança e
saúde sejam repassadas aos mesmos. Dando ênfase à temática de prevenção de acidentes
e doenças do trabalho, e a determinar que todos os empregados deverão receber
treinamento admissional e periódico, visando a garantia da execução de suas atividades.
Junto ao treinamento os funcionários receberão os equipamentos de proteção individual
básicos, bem como a orientação sobre como utilizá-los, uma vez que é responsabilidade
do empregador a entrega, gratuitamente dos equipamentos e proteção adequados ao risco
e em perfeito estado de conservação e funcionamento, além de auxiliá-los e orientá-los
sobre como utilizar os mesmos (SAMPAIO, 1998).
144

7.4.3 Plano de Gestão de Resíduos

A aplicação da hierarquia de gestão de resíduos e a recuperação de materiais em prática


deve procurar minimizar resíduos contaminados e maximizar a oportunidade para
reutilização e reciclagem. O processo de demolição deve ser, por conseguinte, projetado
para a recuperação de materiais, mas tendo em conta as questões de saúde e segurança
no trabalho. A inspeção do local, que pode incluir a coleta de informações para o
desenvolvimento de um plano de gestão de resíduos, deverá incluir também uma
estimativa de qual o tipo e quantidade de resíduos que são susceptíveis de serem gerados
e como esses resíduos devem ser geridos (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011).

O plano de gestão de resíduos auxilia no planejamento das opções de armazenamento, de


transporte e de recuperação dos materiais resultantes da demolição e encontra soluções
adequadas para reutilizar os materiais e componentes. Deve ser dada preferência à
reutilização dos materiais (no local se possível), e como segunda opção a reciclagem. A
fim de maximizar a reutilização e reciclagem de materiais, diferentes tipos de materiais
devem ser segregados para evitar a contaminação cruzada (uma pequena percentagem de
madeira com concreto pode reduzir significativamente a reciclagem potencial de concreto
triturado). Outros tipos de materiais que podem ser considerados para a segregação ou
reciclagem incluem solo superficial (vegetação), metal, madeira e gesso cartonado
(BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011).

7.4.4 Licenciamento

Antes do início de qualquer trabalho de demolição, o proprietário ou seu agente deve


requerer às autoridades locais uma licença para executar a demolição. O contratado deve
tomar providências junto às autoridades competentes, relativamente à obtenção de um
acesso apropriado ao local da obra, que não prejudique terceiros. Qualquer elemento em
balanço sobre a calçada pública deve estar de acordo com o especificado pela autoridade
competente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977), (SAFE
WORK AUSTRALIA, 2016).

O alvará de demolição é um documento exigido pela prefeitura da cidade que autoriza o


requerente a executar a demolição total ou parcial de uma edificação, tendo prazos legais
145

para prescrever após a sua emissão. Os documentos necessários para a sua requisição na
prefeitura municipal da cidade estudada no interior do Estado de São Paulo são:

 1 via do Requerimento Eletrônico;


 1 cópia do comprovante de pagamento da taxa municipal para este requerimento
- R$ 203,79;
 1 cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de
Responsabilidade Técnica (RRT), e seu respectivo comprovante de pagamento,
do Responsável Técnico pela execução da demolição;
 1 cópia simples de um comprovante de endereço do proprietário;
 1 cópia simples do CPF ou CNPJ do proprietário;
 1 via do Croqui, que deverá conter a área de implantação do edifício no lote, a
situação urbana sem escala da quadra e quadro de áreas a serem demolidas;
 1 cópia da Matrícula atualizada, escritura ou documento devidamente assinado e
legitimado que comprove a propriedade ou posse do imóvel.

Antes das operações de demolição, todas as licenças necessárias serão obtidas e todas as
partes susceptíveis de serem afetadas serão notificadas da intenção de demolir com tempo
suficiente para tomar qualquer ação necessária da sua parte (CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION, 2003).

7.5 Segurança na demolição

Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 5 e 6
AS 2601:2001 Seção 1
BS 6187:2011 Seção 5, 11, 12, 13,
15 e 20
CFR 1926 Subpart T 1926.851
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 3, 4 e 5
Code of Practice (AS) Seção 2
NR 18.5 18.5.3, 18.5.4, 18.5.5
e 18.5.6

Antes do início de cada trabalho de demolição, o empreiteiro deve tomar uma série de
medidas para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores no local de trabalho. Estas
operações preparatórias envolvem um planejamento global dos trabalhos de demolição,
incluindo os métodos a serem usados para desmantelar a estrutura, o equipamento
necessário para executar os trabalhos, e as medidas a tomar para a realização de um
146

trabalho em segurança. O planejamento da demolição é tão importante quanto a sua


execução, portanto, deve ser realizado por uma pessoa competente, com experiência em
todas as suas fases.

Ambiente

Ferramentas
Segurança na Demolição

Supervisão e Formação

Limpeza do Terreno

Equipamentos de Proteção
Individual (EPI)

Equipamentos de Proteção Coletiva


(EPC)

Medidas Preventivas

Contenção de Fachadas

Figura 7.4: Esquema com as etapas da segurança na demolição

É essencial que sejam tomadas precauções adequadas antes e durante os trabalhos de


demolição, as quais podem ser divididas em três categorias principais (BRITISH
STANDARD INSTITUTE, 2011), (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977):

 Preocupações relativas à segurança de pessoas diretamente envolvidas nos


trabalhos;
 Precauções necessárias à segurança de pessoas não envolvidas nos trabalhos
diretamente, incluindo público de um modo geral;
 Precauções necessárias à segurança e à integridade de propriedades que possam
ser afetadas pelos trabalhos de demolição.
147

O primeiro passo no processo de gestão de risco é identificar os perigos associados aos


trabalhos de demolição. Exemplos de riscos de demolição incluem (SAFE WORK
AUSTRALIA, 2016):

 Colapso da estrutura não planejado;


 Queda de objetos, como materiais ou equipamentos;
 A localização de serviços essenciais acima e subterrâneos, incluindo o fornecimento
de gás, de água, saneamento básico, telecomunicações, eletricidade;
 A exposição a produtos químicos perigosos - estes podem estar presentes no
material de demolidos ou nos pavimentos, onde o trabalho de demolição deve ser
realizado (locais contaminados);
 Ruído das máquinas e equipamentos, e os explosivos usados em trabalhos de
demolição, e
 A proximidade do edifício ou estrutura a ser demolido para outros edifícios ou
estruturas.

7.5.1 Ambiente

Nos casos em que a demolição é realizada em lugares muito expostos ao ambiente, devem
ser tomadas providências cuidadosas prevendo a possibilidade de mudanças climáticas
repentinas que possam vir a afetar o ritmo dos trabalhos ou provocar qualquer colapso
prematuro. Antes de programar qualquer parte dos trabalhos de demolição, o contratado
deve considerar as condições meteorológicas. Deve-se ter cuidados especiais com os
possíveis efeitos de ventanias e tomar precauções para evitar a inundação do local da
demolição (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION, 2003), (STANDARDS AUSTRALIA
INTERNATIONAL, 2001).

7.5.2 Ferramentas

As ferramentas necessárias para a execução dos trabalhos devem seguir as especificações


apropriadas, ou na inexistência destas, serem o melhor possível para o trabalho em
questão. É da responsabilidade do contratado que as suas instalações e equipamentos
sejam do tipo e padrão exigidos pela localização e gênero de trabalho contratado,
confiados a um operador competente e mantido em condições de funcionalidade e
148

segurança a qualquer momento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 1977). A exposição a vibração no corpo inteiro ou na mão-braço resultante
da utilização de ferramentas, instalações e máquinas deve ser evitada, sempre que possível
(BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011).

Todas as máquinas, equipamentos e acessórios devem ser usados, inspecionados e


mantidos de acordo com as recomendações do fabricante. As máquinas não devem ser
sobrecarregadas, o peso e a carga útil devem permanecer dentro da capacidade de
elevação da máquina (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011). O manual de
instruções que abrange o funcionamento seguro do equipamento deve ser colocado à
disposição dos funcionários e supervisores, que devem garantir que este seja estritamente
seguido (NEW ZEALAND DEMOLITION AND ASBESTOS ASSOCIATION, 2013).

7.5.3 Supervisão e formação

O contratado deve selecionar um mestre-de-obras, com experiência no método de


demolição em questão e legalmente habilitado, para supervisionar e controlar os trabalhos
no local. No caso de dois ou mais contratados a operarem no mesmo local
simultaneamente, cada um é responsável pela indicação de um mestre-de-obras
competente para supervisionar a sua parte dos trabalhos. Para que os trabalhos decorram
com eficiência e segurança, estes mestres-de-obras devem colaborar entre si na execução
das tarefas, isto não implica na impossibilidade da indicação de um único mestre-de-
obras, por dois ou mais contratados. É do interesse do contratante que o mesmo
providencie uma fiscalização e supervisão dos trabalhos no local (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977), (MINISTÉRIO DO TRABALHO E
EMPREGO, 2015).

Todos os empregadores, incluindo empreiteiros de demolição, devem proceder a uma


necessidade de formação análise com base nas necessidades da organização (atuais e
futuros), atual experiência, formação dos participantes e suas tarefas e deveres. O
treinamento pode ser fornecido tanto pelo empregador, ou terceirizado para a formação
especializada (como primeiros socorros no local de trabalho, sistemas anti-queda e de
formação em espaços confinados). O empreiteiro deve também garantir que os seus
funcionários sejam devidamente treinados para a correta e segura utilização, manutenção
149

e inspeção de todas as instalações e equipamentos que são necessários para operar,


incluindo qualquer equipamento de proteção pessoal e roupas que são obrigatórias usar
durante a operação deste equipamento (NEW ZEALAND DEMOLITION AND
ASBESTOS ASSOCIATION, 2013).

7.5.4 Limpeza do local

Antes de iniciar a demolição, devem ser removidos todos os resíduos encontrados dentro
do canteiro de obras. Cabe ao contratado sanificar o imóvel a ser demolido combatendo
ratos, baratas, etc., os produtos usados devem ser tais que não apresentem riscos de vida
aos trabalhadores (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015).

As árvores ou outras vegetações não devem ser removidas sem instruções precisas, deve
conter no contrato uma descrição e desenho ou planta, indicando as suas posições. No
caso em que as mesmas devam permanecer, serão relacionadas e numeradas, pois devem
ser protegidas de possíveis danos ao tronco e galhos por cercas apropriadas. Estas cercas
devem ficar a uma distância mínima de 1 metro da copa, mas se possível a uma distância
maior. As árvores que permanecerem não devem ser usadas de nenhuma maneira possível
como auxílio dos trabalhos de demolição. Os veículos pesados devem ser mantidos
afastados para evitar danos aos ramos e às raízes por compressão do solo. Se forem
executados trabalhos de escavações, estes devem ser realizadas nas proximidades, com
cuidado para que não sejam causados danos às raízes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1977), (STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001).

7.5.5 Equipamentos de proteção individual

O equipamento de proteção individual são todos os dispositivos de uso individual


destinado a proteger a integridade física do trabalhador (SAMPAIO, 1998). É necessário
que todos os trabalhadores envolvidos no processo da demolição usem roupas apropriadas
e todo o equipamento de proteção individual necessário (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
150

Durante a fase de planejamento do trabalho, todas as necessidades de equipamentos de


segurança devem ser determinadas. O método de trabalho escolhido deve assegurar que
a exposição ao risco é minimizada de tal forma que os EPI são necessários para
proporcionar apenas uma proteção contra os riscos que não podem ser evitados por
qualquer outra abordagem planejada para o trabalho. Como resultado dos riscos
conhecidos para a saúde e segurança que estão presentes durante trabalhos de demolição,
todos os trabalhadores devem ser obrigados a usar, além de capacetes de segurança,
vestuário de proteção básico adequado que cubra todo o corpo, como calçados com
biqueira em aço, luvas e roupas de alta visibilidade. Adicionalmente pode ser necessário,
óculos de proteção para os olhos, sistemas de detenção de quedas (incluindo cintos
corporais), proteção auditiva, máscara respiratória. Deve ser sempre fornecida uma
formação adequada relativamente ao uso de EPI. Esse equipamento deve ser
adequadamente mantido e armazenado para garantir a continuidade dos níveis de
desempenho exigido (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011).

7.5.6 Equipamentos de proteção coletiva

Se por um lado as proteções individuais protegem um operário, as coletivas estão apoiadas


sobre o elemento do local de trabalho (SAMPAIO, 1998). O encarregado da demolição
deve certificar-se do cumprimento da proibição de acesso a pessoas estranhas ao local da
demolição, mesmo durante a interrupção dos trabalhos, desde de que a estrutura seja
deixada em condições de estabilidade e segurança no final de cada dia de trabalho
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

O contratado deve obedecer às disposições legais que concernem a necessidade de licenças


para tapumes, cercas, iluminação, plataformas, rampas, trilhos e outros. Além disso, a
autoridade competente deve exigir que o local seja isolado por meio de tapumes de tábuas
sem frestas, ou cercas de altura apropriada. Quando os trabalhos de demolição puderem
ocasionar espalhamento de detritos e fragmentos sobre rodovias públicas, devem ser
instaladas cerca e/ou telas protetoras, as quais devem ser impermeabilizadas quando
houver possibilidade de jatos de água ou respingos atingirem os usuários da via pública
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).
151

Apenas as escadas, passagens, e acessos temporários, designados como meios de acesso à


estrutura de um edifício podem ser utilizados. Outras formas de acesso devem ser
inteiramente fechadas em todos os momentos. Todas as escadas, corredores e
equipamentos relevantes para o efeito, que são cobertos por esta seção, devem ser
periodicamente inspecionados e mantidos em uma condição limpa e segura
(OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION, 2016).

7.5.7 Medidas preventivas

Um kit de primeiros socorros adequadamente abastecido conforme determinado por um


médico, deve estar disponível no local de trabalho, contendo material aprovado em um
recipiente à prova de intempéries com pacotes fechados e individuais para cada tipo de
item. Que deve também incluir luvas de borracha para evitar a transferência de doenças
infecciosas (OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION, 2016).
O responsável por desenvolver as especificações ou os procedimentos para a demolição de
uma estrutura, precisa considerar os possíveis métodos de trabalho disponíveis e riscos
associados à segurança e saúde dos trabalhadores, propondo métodos de demolição e
medidas de controle (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).

Quando uma interdição temporária de rua ou ruas puder facilitar os trabalhos de


demolição, o contratante deve procurar as autoridades competentes com antecedência,
com vista a conseguir o encerramento das vias públicas e outras facilidades, pelo tempo
necessário (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

Devem ser tomadas medidas para evitar que choques ou vibrações venham a causar danos
a propriedades vizinhas, a tubulações e linhas de distribuição, ou ainda que fragmentos
projetados causem estes mesmos problemas. Também devem ser tomadas precauções para
impedir a penetração de água nos terrenos ou construções vizinhas. Quando o subsolo
estiver construído abaixo do lençol freático deve ser colocada uma sobrecarga para
impedir a flutuação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

Quando forem executadas demolições de fundações adjacentes a prédios vizinhos ou


trechos que não são demolidos, devem-se tomar precauções para que as fundações ou o
152

solo em sua volta estejam suficientemente suportados, e não sejam afetados


(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

7.6 Processos de Demolição

Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 6, 7 e 8
AS 2601:2001 Seção 2, 3 e Anexo E
BS 6187:2011 Seção 14, 17 e 19
CSA:1980 (R2003) Seção 4
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 6
Code of Practice (AS) Seção 3 e 5

O planejamento envolve a identificação e a avaliação de riscos, para determinar quais as


medidas de controle apropriadas, consultando todas as pessoas relevantes envolvidas no
trabalho, incluindo contratante, empreiteiro de demolição e operadores de equipamentos
móveis pesados, caso necessário (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).

Existe uma variedade de métodos de demolição que podem ser utilizados individualmente
ou combinados, em toda a edificação ou em diferentes partes. Os métodos de trabalho
devem ser elaborados após a conclusão das avaliações de risco definidas pela inspeção
estrutural. As precauções de segurança relevantes para cada método de trabalho precisam
ser claramente definidas, para que todos os trabalhadores estejam plenamente conscientes
das exigências. Em geral, a escolha da técnica deverá permitir a reutilização e/ou a
reciclagem de materiais resultantes da demolição. Todos os trabalhadores devem estar
familiarizados, e adequadamente treinados, com a utilização das máquinas, ferramentas
e equipamentos que serão necessários para operar a demolição (BRITISH STANDARD
INSTITUTE, 2011), (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).
153

Figura 7.5: Fluxograma dos diferentes tipos de demolição de acordo com a revisão normativa

7.6.1 Demolição Manual

Geralmente, as estruturas devem ser demolidas na ordem inversa à sua construção. A


ordem da demolição de uma edificação deve ser progressiva, piso por piso, no sentido
descendente, tendo em conta o tipo de construção, e mantendo a estabilidade da estrutura
de modo a impedir o colapso inesperado, durante a remoção dos materiais e elementos
estruturais (STANDARDS AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001), (SAFE WORK
AUSTRALIA, 2016).

A demolição manual inclui qualquer técnica que utiliza ferramentas manuais ou


ferramentas portáteis motorizadas, tais como martelos pneumáticos, martelos manuais,
picaretas entre outros, podendo também receber auxílio de equipamentos móveis para
suspender ou descer elementos estruturais devidamente selecionadas ou outros elementos
construtivos. Os riscos que estão presentes nestas atividades são o colapso inesperado,
queda de resíduos e objetos, exposição ao ruído, poeira e substâncias perigosas para a
saúde dos trabalhadores e do meio ambiente. Para gerenciar o risco de colapso não
planejado, a condição em que se encontram os telhados, paredes e pisos do edifício, deve
ser avaliada por uma pessoa competente antes de iniciar os trabalhos de demolição (SAFE
WORK AUSTRALIA, 2016).
154

7.6.2 Demolição Mecânica

A demolição mecânica é realizada com recurso a equipamentos mecânicos de pequenas e


grandes dimensões, que provocam o derrube ou a fragmentação das estruturas. É definida
em função do tipo de equipamento utilizado e o modo como é aplicado na estrutura a
demolir, as ações provocadas pelos equipamentos mecânicos podem ser classificadas como
tração, compressão, impacto, colapso planejado com o uso direto da máquina, corte e
perfuração. Em casos mais complexos podem ser utilizadas combinações de dois ou mais
métodos de demolição.

Durante a operação de demolição mecânica por compressão, sendo este o método de


demolição com o auxílio de maquinas de grande porte mais utilizado nas demolições
seletivas, o equipamento de empurro só deve ser usado quando o equipamento motor
(guindaste, escavadeiras, etc.) estiver sobre solo firme e nivelado, a estrutura é
comprimida pelo impulso causado pela máquina, até ceder pelo efeito das “pancadas”. O
equipamento deve, em geral, ser usado de fora para dentro, o dispositivo conjugado ao
equipamento motor para realizar o empurro deve ser de aço, próprio para este tipo de
trabalho, não podendo ser usado outro tipo de material. Este procedimento é utilizado
principalmente em alvenarias, e no derrube de estruturas de concreto de pequena
espessura e debilmente armadas, no entanto, exige também uma grande margem de
segurança devido a projeção dos detritos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977).

7.6.3 Etapas da Execução da Demolição Seletiva

Todos os participantes no processo da demolição seletiva devem observar as medidas de


aplicação gerais, com a finalidade, de uma ação não danificar a edificação, tornando
perigosa a ação de outro participante no processo. É uma medida prioritária desmontar
o edifício na direção oposta da sua construção lógica, assim sendo, o processo tem de ser
desenvolvido do piso de cima para o de baixo, no sentido descendente e inicia-se com a
desmontagem dos acabamentos, terminando no pavimento do rés-do-chão ou nas
fundações (GENERALITAT DE CATALUNYA DEPARTAMENTE DE MEDI
AMBIENTE, 1995).
155

A execução da demolição seletiva é essencialmente um processo de demolição e


desmontagem de elemento por elemento, para alcançar o objetivo principal, sendo este,
recuperar o maior número possível de elementos de construção para reutilização e
reciclagem de materiais, de modo que os trabalhos não afetem a segurança dos
procedimentos.

Figura 7.6: Esquema com as etapas da execução da demolição seletiva

7.6.3.3 Desmontagem de Materiais de Revestimento,


Decoração e Acabamentos

Antes de começar qualquer trabalho de desmontagem é realizada uma vistoria, para


determinar os equipamentos e outros elementos valiosos que podem ser retirados na
“primeira limpeza” (também conhecido como “soft strip”, que é o estágio inicial do
processo de demolição seletiva, durante o qual os elementos com maior valor monetário
e mais fáceis de remover são retirados antes do desmantelamento do edifício, de modo a
evitar que sejam danificados), e as quantidades aproximadas de outros elementos e
materiais com potencial para preservação e reaproveitamento (addis,2010).
156

A primeira fase é quando se procede à desmontagem dos elementos arquitetónicos


recuperáveis que não pertencem à estrutura do edifício e os acabamentos que não são
suporte de outros elementos. A demolição total ou parcial dos edifícios deve começar com
a remoção de materiais perigosos, por exemplo, o amianto, entre outros. Isto deve ser
seguido pela a remoção de produtos não estruturais, por exemplo, luminárias e acessórios,
portas, janelas, caixilhos e tetos falsos, mas garantindo os acessos seguros aos locais de
trabalho, antes do trabalho sobre a estrutura em si começar (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).

7.6.3.4 Desmontagem da cobertura

Se partirmos do princípio que um trabalho de demolição é geralmente iniciado pela ordem


inversa à sua construção, a remoção das coberturas é geralmente umas das primeiras
atividades e devem ser tomados os cuidados necessários, devido à altura que este trabalho
se insere. A estabilidade das coberturas inclinadas é dependente da resistência às forças
verticais e horizontais desenvolvidas nos seus suportes, a liberação descontrolada ou
mesmo desequilibrada destas forças pode resultar no colapso súbito de todo o telhado. A
cobertura plana deve ser desmontada como se fosse um pavimento (STANDARDS
AUSTRALIA INTERNATIONAL, 2001).

A cobertura deve ser inicialmente inspecionada, para identificar que é estruturalmente


adequada para a execução dos trabalhos, confirmando a existência de qualquer material
frágil ou se o telhado tem um aspeto frágil, por exemplo, uma claraboia ou uma seção
desgastada. Os materiais quebradiços ou frágeis da cobertura podem incluir telhas de
fibrocimento, painéis de vidro, fibra de vidro, acrílico ou outros semelhantes. É
importante verificar se existem telhas de fibrocimento ou revestimento com amianto,
neste caso deve ser dada prioridade máxima à remoção destes materiais, com o auxílio
de um supervisor e trabalhadores com formação específica para estes trabalhos e com a
adequada utilização dos EPI obrigatórios para proteção contra estas substâncias (SAFE
WORK AUSTRALIA, 2016).

Deve ser retirado primeiramente o telhado para diminuir o peso sobre as janelas e portas
e assim facilitar o desmonte destes elementos. A desmontagem em planos inclinados deve
ser iniciada pela cumeeira e seguindo o sentido descendente, até ao beiral. Durante a
157

remoção progressiva de elementos estruturais nas coberturas inclinadas devem sempre


ser deixadas as terças, ripas e caibros suficientes para garantir a estabilidade, enquanto
a desmontagem prossegue, por meios manuais. Se for necessário, deve ser usado
contraventamento provisório, para manter a estabilidade. O processo deve seguir uma
forma simétrica para que não se provoque a queda de seções devido a desequilíbrios nas
cargas. Desde as camadas exteriores até às camadas interiores, ou seja, primeiro deve ser
removido os materiais do revestimento exterior, em seguida o plano de apoio e para
finalizar a estrutura da cobertura (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977).

7.6.3.5 Desmontagem de Paredes Divisórias ou não


Portantes

Após a remoção da cobertura procede-se à demolição das paredes não portantes, como
paredes divisórias e revestimentos, e paredes externas não estruturais. Deve ser dada
atenção ao fato de que em certas estruturas lineares os painéis entre os elementos têm a
função de transmissão de esforços e, portanto, a sua remoção ocasionaria a instabilidade
da estrutura restante (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

As paredes de alvenaria, ou outras seções de alvenaria, não devem cair sobre os pisos do
edifício, ao ponto de exceder a capacidade de carga de segurança dos pavimentos.
Nenhuma seção de parede, que é mais do que um andar de altura, será permitida ficar
sem escoramento lateral, a menos que essa parede seja originalmente concebida e
construída para ficar sem esse apoio lateral, e esteja em uma condição segura e suficiente
para ser auto-sustentável (OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH
ADMINISTRATION, 2016). A demolição deve ser progressiva, andar por andar, levando
em consideração o tipo de estrutura em causa. Não devem ser amontoados fragmentos e
detritos em lotes de altura superior a 2 metros do piso, principalmente exercendo empuxo
lateral contra as paredes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
1977).

Se uma estrutura é composta por painéis pré-fabricados é necessária uma inspeção às


fixações dos elementos estruturais, juntas entre elementos, e o levantamento dos pontos
ou acessórios, para estabelecer a sua natureza e a condição em que se encontra, antes de
158

qualquer demolição da estrutura começar. Sempre que possível, os painéis devem ser
removidos por um guindaste. Os pontos de elevação originais ou acessórios não devem
ser utilizados para levantar ou apoiar um painel durante a sua remoção se estiverem
degradados ou corroídos. Antes de remover qualquer painel individual, deve ser
plenamente apoiado, tanto na vertical quanto na horizontal, acima do seu centro de
massa, de modo a impedir qualquer movimento de rotação súbita, durante o seu
desprendimento da estrutura de suporte (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).

Em edifícios de estruturas de concreto armado, se as paredes divisórias não se encontram


submetidas a cargas verticais, estas devem ser cortadas verticalmente de cima para baixo,
de modo a facilitar a queda por derrube. Quando as paredes são constituídas por
alvenaria, e as vigas do edifício em madeira ou metal, é necessário removê-las pela ordem
inversa à ordem em que foi construída (BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011).

7.6.3.6 Demolição ou Desmontagem de Paredes de


Fachada ou Estruturais

A condição e a estabilidade das paredes devem ser determinadas, as cargas identificadas


e a segurança das ligações nas extremidades das paredes transversais estabelecidas. A
condição estrutural das paredes que deverão permanecer, incluindo as paredes de
qualquer propriedade vizinha, deve ser estabelecida e devidamente escoradas. O possível
efeito sobre a restante estrutura durante a remoção das paredes também deve ser
considerado, com particular relevo para a ação do vento. Deve-se considerar a possível
instabilidade local, incluindo flambagem da parede devido à remoção de partes da
estrutura que forneciam escoramento. Os tipos construtivos podem variar desde
alvenaria, blocos ou tijolos, até sistemas mais industrializados (BRITISH STANDARD
INSTITUTE, 2011).

As paredes de concreto devem ser cortadas em faixas e demolidas como se fossem pilares
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977). Se forem estruturais,
deve-se desmantelar previamente todos os elementos de construção localizados acima
destas, tais como, lajes entre outros, piso por piso. Se a parede tem apenas função de
preenchimento, o desmantelamento deverá ser efetuado depois de ser retirada a laje de
cobertura (SAFE WORK AUSTRALIA, 2016).
159

7.6.3.7 Demolição de Pavimentos

Após todos os elementos referidos anteriormente serem retirados e o edifício resumir-se


unicamente à parte estrutural, inicia-se o processo de demolição das lajes. Para tal é
necessário retirar as vigas, paredes e os pilares que se apoiam na laje. Caso não seja
possível a reutilização e reciclagem de elementos de construção estruturais, procede-se a
demolição da estrutura.

Antes de demolição é definido as características de suporte de carga da laje, confirmando


os detalhes de reforço, incluindo a direção do reforço principal, por exemplo, por detecção
electrónica ou fazendo furos de pequenas dimensões experimentais. A resistência e a
qualidade do concreto também devem ser determinadas. O método de demolição precisa
ter em conta o padrão do reforço, por exemplo, se é unidirecional ou bidirecional.
Ausência de reforço faz uma laje suspensa susceptível ao súbito colapso (BRITISH
STANDARD INSTITUTE, 2011).

Os elementos estruturais ou de suporte de carga em qualquer pavimento não devem ser


cortados ou removidos até que todos os pisos acima estejam demolidos e removidos
(OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION, 2016). Nos
elementos estruturais pesados de madeira ou aço, estes devem ser segurados ou apoiados
nas extremidades antes de serem cortados e em seguida transportados de maneira segura.
Os pisos de concreto armado devem ser demolidos em faixas paralelas à armação
principal. Em lajes monolíticas, deve-se determinar a direção da armação principal e
depois cortar em faixas paralelas a esta direção, removendo faixa por faixa. Quando for
o caso de lajes nervuradas, o critério de cálculo e os métodos construtivos devem ser
conhecidos antes do início dos trabalhos de demolição, não se devem cortar nervuras
inadvertidamente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

Quando as vigas são contínuas de duas seções consecutivas, é necessário ter em atenção
na seção central da laje, que não deve ser cortada. E em que condições a laje da cobertura
se encontra, em caso de deformação ou queda. As cargas suportadas pelos escoramentos
a serem transmitidas pelos elementos estruturais que estavam em boas condições, não
160

devem exceder a sua carga admissível. Os escoramentos devem ser executados de baixo
para cima, no sentido oposto ao processo de remoção e inicia-se pelos vãos em balanço.
É necessário ter cuidado nas zonas junto a instalações sanitárias, canalizações e chaminés
(GENERALITAT DE CATALUNYA DEPARTAMENTE DE MEDI AMBIENTE,
1995).

7.6.3.8 Demolição de Vigas e Pilares

Para a remoção das vigas é importante que exista um cabo de suporte nas extremidades
a apoiar estes elementos. O concreto deve ser cortado nas extremidades, expondo a
armação. Esta deve ser colocada de tal maneira que a viga possa ser baixada lentamente
para o solo ou piso (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977),
(CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION, 2003).

Após a demolição das lajes, vigas e todos os elementos estruturais que descarregam nos
pilares, deverá ser executada a demolição destes, cortando os pilares pela base. Se o pilar
é de concreto armado, devem-se cortar as armaduras de uma das faces e, por tração
controlada fazê-lo cair sobre o pavimento, com o auxílio de uma corda. Por último, corta-
se as armaduras da outra face (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1977).

A execução do processo da demolição é uma das categorias de maior relevância dentro


de todas as atividades estudadas, a demolição seletiva efetuada pelas empresas em estudo
define-se pela utilização dois métodos de demolição, a manual que é realizada com o
auxílio de mão-de-obra predominante e equipamentos manuais, e a demolição mecânica
por compressão, com auxílio de uma máquina escavadeira, sendo utilizado
maioritariamente o método manual. Em função do prazo da demolição e do interesse da
empresa em recuperar os materiais para reutilização, a predominância destes métodos
pode variar, acabando por ser executada uma demolição mais mecanizada, se o prazo da
demolição for mais curto. O propósito destas diretrizes é implementar uma demolição o
mais manual possível, e como isso recuperar o máximo de materiais, deixando apenas os
elementos estruturais mais resistentes serem derrubados pela demolição mecânica, que
impossibilita a sua reutilização, mas permite a sua reciclagem pelo aterro da cidade.
161

7.7 Otimização de gestão de resíduos

Fundamentação
ABNT NBR 5682/1977 Seção 6 e 7
BS 6187:2011 Seção 12 e 18
CFR 1926 Subpart T 1926.852, 1926.853,
1926.854 e 1926.857
CSA:1980 (R2003) Seção 3
Best Practice Guidelines for Demolition in NZ Seção 5 e 8
Code of Practice (AS) Seção
NR 18.5 18.5.7, 18.5.8, 18.5.9,
18.5.10 e 18.5.12

É importante planear o sistema de remoção e separação dos resíduos, devido aos grandes
condicionalismos que estes apresentam, em termos da ocupação de espaço no interior dos
edifícios para o exterior. O seu transporte para o aterro, deve ser efetuado em condições
de segurança e em cumprimento da legislação e diretrizes aplicáveis em termos
ambientais, com a utilização de guias, um contrato com um aterro licenciado, etc.

O depósito de resíduos pode aumentar significativamente devido à degradação, danos e


inadequada estocagem causada pela má formação dos trabalhadores e controle por parte
dos responsáveis em obra. A movimentação de boas práticas deve ser planejada e adotada
para minimizar a acumulação desses resíduos. As avaliações devem ter em conta, por
exemplo: corte e elevação (como uma operação), separação de materiais para reutilização
e reciclagem, elevação e transporte, criação de um armazenamento estável, remoção dos
resíduos e trabalhadores que apliquem as boas práticas de saúde e segurança. O equilíbrio
e segurança de cargas devem ser verificados para o movimento de transporte de resíduos
(BRITISH STANDARD INSTITUTE, 2011).

A optimização da reciclagem vem junto com a indústria da demolição, que se tornaram


muito hábeis com a utilização das recentes tecnologias, para minimizar os desperdícios
de resíduos em aterros. Isso também reduz os custos gerais, tanto para o contratante de
demolição como para os seus clientes. Os clientes devem ter como objetivo continuar a
minimizar o desperdício para aterros e garantir que, sempre que possível qualquer
elemento de natureza histórica ou cultural seja recuperado e colocado de volta no
mercado. O empreiteiro de demolição deve implementar um plano de gestão de resíduos.
162

O registro deve conter informações detalhadas, identificando os tipos de resíduos,


quantidade, destino e medidas de reciclagem e eliminação a aplicar. Ao carregar os
resíduos em caminhões é preciso ter cuidado para não derramar detritos ao longo do
percurso até ao aterro, o carregamento só deve ser feito no local de demolição e com a
permissão dada pela autoridade territorial para carregar na estrada (NEW ZEALAND
DEMOLITION AND ASBESTOS ASSOCIATION, 2013).

7.7.1 Remoção, Separação e Armazenamento

Os objetos pesados ou volumosos devem ser removidos mediante o emprego de


dispositivos mecânicos, ficando proibido o lançamento em queda livre de qualquer
material. No ponto de descarga da calha, deve existir um dispositivo de fechamento, por
uma comporta de madeira ou ferro, manobrada por um operário. Os elementos da
construção em demolição não devem ser abandonados em posição que torne possível o
seu desabamento. Os materiais das edificações, durante a demolição e remoção, devem

ser previamente umedecidos. E a armazenagem de resíduos e detritos em qualquer piso


não deve exceder as cargas por piso permitido (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1977), (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015).

É permitida a remoção de entulhos em queda livre através das aberturas, desde que esteja
totalmente desimpedido, permitindo a passagem livre dos detritos. Devem ser fechadas
quaisquer outras aberturas nos pisos e paredes dos andares inferiores adjacentes à área
em que se faz a remoção do material por queda livre. Os elementos volumosos de aço,
concreto ou madeira podem ser descidos por meio de equipamentos de guindar e devem
ser suportadas pelos mesmos equipamentos durante a operação de armazenamento. Esses
elementos também podem ser removidos por meio de calhas ou condutas de descarga em
queda livre desde que reduzidos a fragmentos suficientemente pequenos (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977), (OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH ADMINISTRATION, 2016).

Os resíduos devem ser transportados em recipientes ou contentores adequados e no caso,


em que são transportados em caminhões de caixa aberta, devem ser cobertos com redes
ou lonas, para evitar a libertação de poeiras durante o trajeto, desde a obra até aos
aterros autorizados.
163

A capacidade de reciclagem ótima pode ser alcançada principalmente no local da


demolição, colocando os diferentes tipos de resíduos em pilhas separadas, para depois
serem transportados para fora do canteiro. Esta medida é comumente conhecida como
"separação na origem", a alternativa é vulgarmente conhecida como "misturados". Este é
o lugar onde todos os materiais são transportados para um depósito sendo depois enviados
para reciclagem. Uma boa gestão local não só impede que a mistura da porção inerte
juntamente com a porção não inerte dos resíduos de demolição, mas também facilita a
triagem no local e a sua separação para a fonte (NEW ZEALAND DEMOLITION AND
ASBESTOS ASSOCIATION, 2013).

7.7.2 Transporte para a destinação final

Os veículos usados neste transporte devem ser cobertos para evitar a perda de material
infestado, e depois varridos e imunizados antes de serem usados novamente. O contratado
deve tomar precauções para evitar o espalhamento, por veículos, de lama e resíduos sobre
vias públicas e a sua penetração em esgotos públicos ou cursos de água (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1977).

Os resíduos devem ser classificados de acordo com sua composição e potencial para
prejudicar o meio ambiente. Os materiais que contêm substâncias perigosas devem ser
isolados e vedados antes de serem enviados para uma instalação licenciada. Certos
materiais usados devem sempre ser tratados como resíduos perigosos, por exemplo, o
amianto e as lâmpadas fluorescentes. Isto é em parte para maximizar os benefícios
ambientais e para evitar a contaminação com os resíduos não perigosos (BRITISH
STANDARD INSTITUTE, 2011).

O empreiteiro de demolição deve identificar potenciais mercados para os materiais.


Idealmente, os mercados finais devem ser localizados o mais próximo possível do local de
demolição para reduzir os custos de transporte e as emissões de carbono, durante o
transporte deve existir um documento que contenha uma descrição e quantidade dos
resíduos transportados (NEW ZEALAND DEMOLITION AND ASBESTOS
ASSOCIATION, 2013).
164

7.7.3 Limpeza do terreno

Após a conclusão do trabalho de demolição, o local deve ser nivelado e limpo. Qualquer
pessoa que leve a efeito uma operação de demolição deve certificar-se de que ao completá-
la, a menos que se proceda imediatamente às operações de reconstrução, o terreno seja
imediatamente limpo e nivelado, e isolado por cercas, tapumes ou cancelas que evitem
por completo o acesso de terceiros. No final das operações de demolição deve ser realizado
um exame final às estruturas adjacentes, para assegurar que são deixadas em condições
seguras, de acordo com a sua construção inicial (CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION, 2003), (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
1977).
165

8 Capítulo 8 – Conclusões
A indústria da construção civil é um setor que produz uma grande quantidade de resíduos,
particularmente na fase final do ciclo de vida de uma edificação, o que a torna responsável
por procurar novas soluções para o gerenciamento de resíduos, tanto dentro do canteiro
de obra, como também nas usinas para a destinação final. O consumo desmedido de
matéria-prima e a falta de controlo durante o descarte dos resíduos são os principais
problemas do impacto ambiental provocado por este setor. Tal como foi discutido na
revisão bibliográfica, é importante focar na implementação dos três pilares da
sustentabilidade, não só exclusivamente no desempenho ambiental, mas também no social
e no econômico.

Esta dissertação enfatiza a preocupação do rápido crescimento das demolições no Brasil,


e o aumento das taxas de resíduos nos aterros. Para tal foram sugeridas novas estratégias
para combater este processo de trabalho generalizado, que possui uma legislação
insuficiente e desatualizada, e uma precária inspeção e penalização às empresas, por parte
dos municípios e órgãos legislativos. A pesquisa teórica refletiu-se numa revisão
bibliográfica sobre este tema, bem como uma análise de normas nacionais e internacionais
sobre o processo de demolição, propondo práticas mais sustentáveis a serem adotadas por
empresas demolidoras, na etapa final da edificação. A estrutura das diretrizes
desenvolvidas procurou esclarecer e aprofundar o estado de arte estudado através da sua
abordagem teórica, focando as principais atividades a serem executadas em demolições
seletivas, sendo que alguns aspetos devem ser ajustados à realidade de cada situação.

Focou-se a importância de estudar as pequenas empresas de demolição porque são estas


que geram os mercados de revenda de materiais de segunda mão nas pequenas cidades,
por meio da aplicação de uma demolição mais manual que permite um maior
aproveitamento de materiais em relação ao tradicional processo mecânico. Apesar de
algumas empresas efetuarem uma visita inicial ao local da demolição, constatou-se que o
edifício é avaliado apenas de uma maneira muito superficial. É importante que estas
pequenas empresas aprofundem mais esta vistoria inicial e que com essa avaliação seja
166

gerado um relatório sobre o estado em que se encontra o edifício e os seus constituintes,


para que possam proporcionar um maior aproveitamento de materiais durante a
demolição do edifício. Foi verificado que todas as três pequenas empresas funcionam do
mesmo modo, para iniciar as atividades de demolição o cliente precisa entregar o alvará
de demolição obtido na prefeitura, após obtenção do alvará é notificado o SAAE para
desativação da água, rede de esgotos e energia elétrica, sendo que não foi necessária a
utilização destes serviços. Durante o acompanhamento das obras foi verificado que não
existe nenhum documento em obra, apenas existe uma noção da duração das atividades
pelo responsável. Pela empresa E3 também é pedido na prefeitura a licença para tapumes,
para vedação do canteiro de obra.

Por mais simples que sejam as demolições, existe uma necessidade de desenvolver medidas
de segurança aplicadas à demolição seletiva. É essencial a implementação de um
cronograma de atividades que possibilite aos responsáveis gerirem a duração e a execução
das tarefas em obra. Outro documento que é relevante é um plano de gerenciamento de
resíduos, que permita controlar quais os materiais que serão aproveitados, quais os
resíduos gerados e como serão separados, armazenados e transportados para aterro. É
importante conter também uma tabela da orçamentação dos materiais para revenda, que
permita avaliar o lucro das vendas obtidas.

Através dos estudos de caso foi possível entender que as pequenas empresas de demolição
necessitam de uma mão-de-obra mais especializada na demolição seletiva, por vez os
trabalhadores não têm nenhuma formação em obra, nem são informados como identificar
os materiais perigosos, existindo em alguns dos casos, um responsável em obra com essa
função, como na empresa E2. Outro dos grandes problemas destas empresas é que nem
sempre os trabalhadores estão registrados, executando trabalhos com risco de acidentes,
mas sem um seguro formal. Para atenuar esse problema, a maioria dos trabalhadores não
utiliza EPI, e os EPC em obra são escassos e precários, tal como foi verificado durante o
acompanhamento em obra. Existem grandes adversidades a melhorar dentro da
segurança em obra, tanto por parte dos responsáveis, como por parte dos trabalhadores.
A dimensão das medidas preventivas, como a formação e informação dos trabalhadores,
a continua supervisão por parte dos responsáveis e a correta utilização dos EPI e EPC
são aspetos que devem ser melhorados por estas empresas.
167

A execução do processo da demolição é uma das categorias de maior relevância dentro


de todas as atividades estudadas, a demolição seletiva efetuada pelas empresas em estudo
define-se pela utilização dois métodos de demolição, a manual que é realizada com o
auxílio de mão-de-obra predominante e equipamentos manuais, e a demolição mecânica
por compressão, com auxílio de uma máquina escavadeira, sendo utilizado
maioritariamente o método manual. Em função do prazo da demolição e do interesse da
empresa em recuperar os materiais para reutilização, a predominância destes métodos
pode variar, acabando por ser executada uma demolição mais mecanizada, se o prazo da
demolição for mais curto. O propósito destas diretrizes é implementar uma demolição o
mais manual possível, e como isso recuperar o máximo de materiais, deixando apenas os
elementos estruturais mais resistentes serem derrubados pela demolição mecânica, que
impossibilita a sua reutilização, mas permite a sua reciclagem pelo aterro da cidade.
Durante os estudos de caso e as entrevistas realizadas foi verificado que as pequenas
empresas demolidoras não seguem nenhuma legislação quanto à separação de resíduos
em obra, os resíduos são simplesmente misturados, e recolhidos por um caminhão que irá
transportá-los para o aterro da cidade para serem reciclados, sendo por lei obrigatório o
seu envio para o aterro, em todas as cidades. Nesta última categoria de análise reflete-se
a importância da separação em obra dos resíduos obtidos, facilitando a sua reciclagem
nos aterros de acordo com a legislação CONAMA. Os materiais e elementos construtivos
recuperados necessitam de um local dentro do canteiro, para o seu armazenamento seguro
e organizado, antes de serem enviados para as lojas de revenda. Possibilitando assim um
maior aproveitamento de materiais para reutilização.

Em conversa com os empreiteiros, tornou-se evidente que os materiais mais procurados


nos trabalhos de demolição são os tijolos maciços, telhas de cerâmica e madeira, se for
Peroba Rosa ou outra madeira em extinção. De acordo com os vendedores, os clientes
preferem estes materiais pela qualidade de fabrico, no caso de materiais cerâmicos, no
caso da Peroba Rosa é uma madeira de excelente qualidade que se encontra em extinção,
o que a torna muito procurada para a fabricação de móveis, devido à sua durabilidade e
resistência, podendo durar mais de 100 anos. Além destes, todos os elementos metálicos,
como a fiação em cobre, são recuperados, como também telhas de fibrocimento, portas,
janelas, sanitários, pias, bancas de cozinha, mobiliário e vidro. Tudo o que se torna
resíduo é misturado no local e é enviado para o aterro da cidade, e posteriormente
168

reciclado. Se houver argamassas e concretos estes são reciclados e transformados em


detritos para pavimentação de estradas.

Respetivamente às perspetivas futuras é necessário promover a contínua procura de novas


soluções para incentivar a demolição seletiva de edifícios e a expansão dos mercados para
os materiais originados por estes trabalhos de modo a aumentar o interesse pela sua
demanda, não só pela população de renda mais baixa, que tende a procurar os materiais
usados, considerando o maior preço dos materiais novos. É importante adotar medidas
que incentivem a correta separação e armazenamento no canteiro de obra, facilitando a
reciclagem de resíduos capazes de reutilização benéfica, minimizando assim a carga sobre
aterros e áreas públicas.

Destaca-se a necessidade de criar organizações regulamentadoras públicas ou cooperativas


privadas, focadas na execução das atividades de demolição, que auxiliem as empresas
demolidoras e os seus trabalhadores. Fornecendo informação, tais como as diretrizes
propostas e promovendo segurança e qualidade nos trabalhos de demolição. Contribuindo
com modelos e orientações para o desenvolvimento destas pequenas empresas de
demolição que promovem o mercado de revenda de materiais obtidos das obras de
demolição. Através da internet, estas organizações devem fornecer modelos de contratos,
alvará e auxílio no registro dos trabalhadores, cronograma da execução dos trabalhos,
plano de gerenciamento de resíduos e tabelas de orçamento dos materiais obtidos ou até
medidas de segurança a aplicar em obra. Existe também a necessidade de promover os
mercados de segunda mão, aumentando a sua procura, estas organizações podem também
dirigir o seu foco para uma melhoria no gerenciamento de resíduos, através de consultoria
às empresas de demolição.

Existem hoje oportunidades para a indústria investir em atividades que criarão lucro,
sendo uma mais-valia em termos de resultados ambientais, extraindo valiosos recursos do
fluxo de resíduos de construção e demolição e criando mercados para esses recursos.
169

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177

APÊNDICE A

Questionário para as Empresas de demolição:

1. Contratação da empresa

1.1 Nome / Cidade

1.2 Há quanto tempo está no mercado?

1.3 Quais são os serviços prestados?

1.4. Possui equipamentos próprios (ferramentas, máquinas, camiões)?

1.5 Como funciona o processo de contratação (telefone, e-mail, conversa pessoal)?

1.6 Quais as exigências do cliente sobre o processo de demolição (prazo, mão-de-obra


especializada, equipamentos, técnicas a serem empregues, destino dos materiais)?

2. Verificações antes da demolição

2.1 Quais as tarefas realizadas antes de começar a demolição?

2.2 É realizada um levantamento visual ao edifício e ao local da demolição?

2.3 O que é identificado nessa vistoria (composição dos matérias, peças e componentes)?

2.4 É realizado um relatório dessa vistoria ou algum registo?

2.5 O que é que têm normalmente em conta antes da demolição (tipo de construção,
local, materiais a serem removidos, localização dos serviços públicos, estado atual do
edifício, perigos tóxicos para a saúde dos trabalhadores, estabilidade do edifício,
condicionamentos locais, valor histórico do edifício e dos materiais)?
178

2.6 Quais são os materiais tóxicos e perigosos para a saúde dos trabalhadores usualmente
encontrados? Amianto? É seguida alguma legislação para os materiais perigosos?

2.7 Existe alguma formação/informação para os trabalhadores de como demolir esses


materiais e como os isolar dos restantes? Existe algum equipamento de segurança
utilizado para retirar esses materiais? Quais as medidas utilizadas?

3. Documentação para a demolição

3.1 Quais os documentos obrigatórios? E os fornecidos pelo cliente para a demolição?

3.2 Existe um projeto de demolição? O que contem (plantas do edifício, os processos de


demolição a utilizar, o seu planejamento e o cronograma dos trabalhos)?

3.3 Existe um cronograma dos trabalhos a serem executados e os respetivos prazos e


custos durante cada fase do processo de demolição? Como é realizado o planejamento?

3.4 O que poderia ser feito para facilitar o processo de demolição (projeto de demolição,
cronograma e orçamento, gestão de resíduos)?

3.5 Foi prevista uma sequência do desmonte em projeto ou em planejamento? Ou só


demolição?

3.6 Existe um plano de segurança para os trabalhadores? O que contem? E medidas de


segurança?

3.7 Existe um plano para o gerenciamento de resíduos? O que contem?

4. Segurança na demolição

4.1 Existe alguma formação ou informação sobre os processos de demolição aos


trabalhadores?

4.2 É necessário mão-de-obra especializada para a demolição ou desmonte dos materiais?

4.3 É usual acontecerem acidentes em obra?

4.4 Quais os acidentes mais comuns associados à demolição?


179

4.5 Em obra existe sempre algum responsável para avaliar a potencialidade dos riscos da
demolição?

5. Execução do processo

5.1 Qual o tipo de edifícios que costuma demolir? Pequenas habitações de alvenaria?
Estruturas metálicas ou de madeira? Edifícios de concreto armado?

5.2 Há alguma relação entre as etapas de demolição com as etapas da construção?

5.3 Quais as maiores dificuldades da demolição?

5.4 Quais as técnicas de demolição mais utilizadas? Como são selecionadas? A duração
interfere na escolha? E o orçamento?

6. Otimização da gestão de resíduos

6.1 Segue alguma legislação quanto ao gerenciamento de resíduos?

6.2 Há separação dos materiais em obra? Como é realizado o depósito dos materiais em
obra? Ou são depositados num outro local?

6.3 Como é realizado o transporte e armazenamento dos materiais? Quem é responsável?

6.4 Qual o destino final dos materiais reaproveitados? E dos resíduos?

6.5 Quais os materiais que são reutilizados? Quais os materiais que podem ser reciclados?

6.6 Quais os materiais que geram mais desperdício? Porquê?

6.7 Para quem fica o material (demolidora ou cliente ou outro)?

6.8 O cliente sabe para onde são destinados os materiais removidos (aterros da prefeitura,
deposição é legal, se vão ser revendidos ou não e se saem triturados)?

6.9 Como funciona o processo de venda dos materiais? É vendido no local da demolição
ou numa loja? Há encomendas antes de iniciar a demolição?
180

6.10 Como é definido o preço dos materiais? Tem um valor fixo? São mais caros ou mais
baratos que os equivalentes novos?

6.11 Em sua opinião quais são as principais dificuldades para a reutilização dos materiais
de demolição?

A.1 Entrevista à Empresa Demolidora 1 (E1)

Eu: Há quanto tempo está no mercado?

E1: 4 anos.

Eu: Os serviços prestados são demolição, revenda, faz também terraplanagem, mais
alguma coisa?

E1: Só isso, mas o nosso negócio é mais demolição.

Eu: Os equipamentos que utiliza são seus? Ou contrata alguma empresa?

E1: É meu.

Eu: É tudo seu.

Eu: A contratação normalmente é feita por telefone, e-mail ou o cliente vem aqui
(escritório) falar consigo? Como funciona?

E1: Como assim?

Eu: A pessoa que quer demolir alguma coisa.

E1: Aí liga, ou vem aqui.

Eu: Normalmente a pessoa o que é que exige mais? É o prazo? Se quer com certos
equipamentos? Se quer saber qual o destino dos materiais? Ou não fazem exigência
nenhuma?

E1: Não fazem exigência nenhuma, a minha demolição é mais à mão mesmo, para poder
aproveitar o material. Isso é o que eu faço.
181

Eu: E há normalmente algum problema com os clientes em termos de prazo? Custo?


Outro?

E1: Nada.

Eu: O orçamento normalmente é por metro quadrado? Ou como é que funciona?

E1: Não, é por serviço, vê o serviço e fala quanto você quer, independentemente da
quantidade que vier de entulho.

Eu: E o material que retira de lá fica para si?

E1: Isso.

Eu: O cliente nunca tem interesse em ficar com o material?

E1: Muito pouco.

Eu: Agora eu queria fazer umas perguntas sobre como é realizado o processo de demolição,
porque o meu trabalho é sobre isso, portanto:

Eu: Normalmente o que é que faz antes de iniciar a demolição? Vai visitar o local?

E1: É, visitar o local e vê com o patrão (cliente) se ele tem o Alvará de Demolição, e é
só isso.

Eu: Só isso.

E1: E combino o serviço e faz.

Eu: Ok, então é só um levantamento visual do edifício e do local?

E1: É, só tem que olhar os vizinhos que tem em volta.

Eu: Exato, se existem edifícios à volta.

Eu: Normalmente repara quais são os materiais ou é indiferente? No seu caso deve
reparar, porque tem interesse em ficar com os materiais, certo?
182

E1: Eu só pego a demolição se tiver que ficar com os materiais, se não o serviço nem me
interessa. Para mim só me interessa é o material.

Eu: É que há muitas empresas que só vão lá, só para deitar o edifício abaixo e depois não
tem interesse.

Eu: Normalmente repara se existe algum material que seja tóxico ou não?

E1: Não.

Eu: No caso do amianto, por exemplo as telhas ou normalmente não costuma existir?

E1: Muito pouco. É mais a telha francesa. Só se for em barracão, mas na cidade é muito
pouco, é mais a telha romana e a francesa e menos a brasileira (amianto).

Eu: E a nível dos trabalhadores que tem, eles têm alguma informação sobre os materiais?
Se são tóxicos ou não?

E1: Eles sabem, sabem isso aí.

Eu: Normalmente a pessoa que o contrata lhe fornece alguma planta do edifício ou mesmo
o Alvará? Algum documento?

E1: Tem de ter a planta para dar. Se não, não pode ser demolido eu acho, sem a planta
não dá para demolir.

Eu: Tem sempre a planta do edifício e o Alvará de Demolição, certo?

E1: Certo.

Eu: Sem isso nada feito.

E1: Nada feito.

Eu: E existe algum cronograma, as tarefas são distribuídas de alguma maneira? Ou você
já chega lá e já sabe o que tem de fazer?

E1: Não. Já sabe o que tem de fazer, não tem tarefa não. Todo mundo trabalha mensal
e normal.
183

Eu: Ok.

Eu: Existe algum plano de segurança para os trabalhadores? Ou não é necessário,


normalmente são edifícios simples?

E1: Eles já estão registados, já é uma segurança, porque se eles se machucarem vai ser à
facada. Se não, segurança segura não pago, mas têm. Eles trabalham, mas estão
registados, já trabalha a firma certa.

Eu: Normalmente, neste trabalho é necessário mão-de-obra especializada? Ou você aceita


qualquer pessoa e explica o funcionamento?

E1: Dependendo do serviço tem que ter mão-de-obra especializada, dependendo do tipo
de serviço que vai demolir. Quando é uma casa normal, serviço de mão-de-obra, mas
quando é uma coisa mais fora do padrão eu tenho de ter a ferramenta certa e a pessoa
certa também.

Eu: E pratica normalmente só demolição? Ou também desmonte? Vai tirando peça por
peça?

E1: Tudo, vai tirando peça por peça.

Eu: Nesse caso é preciso uma pessoa mais especializada?

E1: É claro, mais forte e para pegar nela e para não quebrar, para aproveitar.

Eu: E normalmente acontecem acidentes em obra? Ou não é usual?

E1: Comigo, graças a deus, faz tempo que não acontecem, nunca mais teve não.

Eu: Costuma ter um Responsável em obra? Ou nem sempre?

E1: Sempre tem alguém, quando eu saio, alguém que dê uma olhada para mim. Tem que
ter, eu sei que tem.

Eu: As técnicas de demolição mais utilizadas? Manual?

E1: A minha é quase toda manual.


184

Eu: Não utiliza maquinas de grande porte?

E1: Só para limpar o terreno. Para derrubar mesmo, eu faço à mão.

Eu: Segue alguma Legislação? CONAMA? Alguma coisa? Não tem interesse?

E1: Não.

Eu: Em obra à separação de materiais, porque o senhor traz depois os materiais para cá.
É feito aqui (Loja) a separação ou já é feito em obra?

E1: É tudo feito aqui, traz os materiais e vê o que dá para vender e o que não.

Eu: E o depósito também é feito nesta Loja? Fica tudo aqui e depois é vendido aos
clientes?

E1: Isso.

Eu: O transporte é através dos caminhões e vêm tudo para aqui?

E1: Isso.

Eu: Quais são os materiais mais reutilizados em obra?

E1: Que eu retiro da obra? Tijolo e madeira. Eles são os que mais retiramos.

Eu: São os que mais interessam?

E1: Lógico que tem tudo, portas, janelas, os que mais aparecem nas obras são tijolo e
madeira.

Eu: E algum é reciclado? Vai alguma coisa para reciclar? Concreto?

E1: Vai o entulho. O entulho vai para onde reciclam o material, que eu acho que reciclam,
bem eu pago para isso, para não jogar fora, para reciclar.

Eu: Então contrata uma empresa?

E1: Eu jogo lá e pago para jogar lá.


185

Eu: E os seus clientes têm noção que uma parte dos materiais são retirados e outra parte
vai para um local que ...

E1: Que eu tenho que pagar para jogar. As pessoas têm que saber que têm que pagar
para jogar fora.

Eu: Porque há algumas pessoas que jogam mesmo fora em qualquer lugar.

E1: Agora tem que ter noção que não se faz isso, porque agora é preciso pagar para jogar
fora, agora faz 2 anos que...

Eu: Já é obrigatório nesta cidade?

E1: Agora é obrigatório jogar no lugar certo, por isso é que eu fico explicando isso, porque
o patrão não quer pagar, e então também não faço (demolição), se ele não paga não faz.

E1: Daí caiu bastante, a demolição caiu, de 100% caiu 90%.

Eu: Mas mesmo assim ainda tem muita comprar aqui na Lojinha?

E1: Tem porque eu compro dos outros. Eu compro das pessoas que demolem, eu compro
de quem está reformando, porque senão já tinha fechado a Loja. A demolição caiu 90%,
por causa de pagar para a gente de fora (Usina ou Aterro). Mas pagar, os clientes não
querem pagar, então não posso pegar o serviço. Eu dantes teria 2 ou 3 demolições por
dia, agora a ninguém quer pagar.

Eu: Mas ainda tem muita gente a comparar materiais em segunda mão?

E1: Isso aí tem.

Eu: Mas preferem comprar em segunda mão?

E1: Com certeza, muito melhor que os novos.

Eu: Mas porquê? Por causa do preço?

E1: Também, também por causa do preço. Mas tem coisas que são mais caras, mas
também são melhores. A qualidade é melhor do que as novas (materiais) de hoje.
186

Eu: O que é que por exemplo, costuma ser mais caro?

E1: Madeira, por exemplo, eu vendo bastante para Madeireiros. O tijolo eu vendo muito
mais caro que o novo e a turma que compra não deixa nem parar aqui na loja, todos os
que tiro vendo, porque é tijolo bom.

Eu: O processo de venda aqui funciona normalmente, coloca aqui à venda? As pessoas
vêm cá comprar?

E1: É.

A.2 Entrevista à Empresa Demolidora 2 (E2)

Eu: Há quanto tempo está no mercado, na área de demolições?

E2: A gente está na parte de construção.

Eu: Mas já fez algumas demolições?

E2: Uns dois anos já.

Eu: E dentro das demolições, quais os serviços que são prestados? A retirada dos materiais
e a limpeza do terreno é outra empresa?

E2: Não, chama alguém. A gente tira o que presta para aproveitar e o que resta a máquina
vem e faz a terraplanagem.

Eu: E depois o material, vem um caminhão para transportar?

E2: Isso. Vem uma pessoa para transportar.

Eu: Portanto é o senhor que tem o interesse em comprar o terreno, para depois poder
construir?

E2: Isso, a gente compra através da imobiliária e depois constrói.

Eu: Antes da demolição começar, quais as atividades que são realizadas? Costuma ir ao
local da obra, ver o que irá ser aproveitado? Ver como é o terreno?
187

E2: Antes de começar, eu vou na prefeitura e pego o Alvará, depois que tenho o Alvará
em mãos, vai e pega e começa. A gente vê o que presta e não presta e vai desmanchando.

Eu: Portanto, vai vendo os materiais que são bons e os que não são...

E2: O que aproveita, o que não aproveita vai para a reciclagem.

Eu: Sabe se aqui tem algum material que seja tóxico? Por exemplo, o amianto?

E2: Não, tem três qualidades de amianto, mas é tão antigo já não se vê.

Eu: Eu sei o amianto aqui não foi tão aplicado, é raro existir.

E2: É o amianto já saiu fora, tem a telha, mas também já saiu fora, de amianto não tem
mais.

Eu: Mas quem trabalha consigo sabe identificar quando tem estes materiais em obra? Se
for tóxico ou tem amianto? Presta alguma informação?

E2: Não sabe, a pessoa coitada não sabe nada, aí eu é que tenho de dizer.

Eu: Mas você sabe prestar a informação necessária?

E2: Sim, eu é que sei o que é perigoso e o que não é.

Eu: Em relação à execução da demolição só precisa do Alvará? Não são necessários outros
documentos?

E2: Não.

Eu: Não tem acesso à planta da casa? Não há necessidade disso?

E2: Para a demolição é só o Alvará de demolição.

Eu: Normalmente, a demolição é edifícios térreos? Nunca um grande edifício?

E2: Não, só se for coisa antiga. Os três que que eu demoli até hoje foram casas.

Eu: Quais as atividades que são executadas na demolição? Existe algum cronograma?
188

E2: Eu só programo os dias, o que vai fazer, essas coisas.

Eu: Mas tem uma ideia das atividades que têm de ser realizadas? Primeiro vai demolir o
telhado, depois as paredes...

E2: Não, primeiro o telhado, eu tiro essas telhas antigas e aproveito, mas eu joguei fora.
A gente começa de cima para baixo, pelo telhado, a madeira também aproveita.

Eu: Janelas? Portas?

E2: As janelas vão tirar depois que descobrir, tira o peso de cima da casa e depois aí tira
as portas, porque é perigoso você mexer em baixo com o peso do telhado.

E2: O primeiro passo, a gente tira o telhado, as madeiras e as paredes lá em cima. Depois
entra por dentro e tira as portas e depois pronto.

Eu: Em relação à segurança dos seus trabalhadores. Repara se eles têm cuidado? Se
utilizam equipamentos de segurança?

E2: É uma raridade, eu trouxe luvas, mas só eu estou usando luvas e também eles são só
provisórios, é mas vai trabalhar e vai embora.

Eu: Esta equipa não vai ser a mesma que vai trabalhar na construção?

E2: Eu pego pessoas que estão de férias e são temporárias, depois quando começar o
projeto, faz o registo dos trabalhadores.

E2: Até demolir são 10 dias e eles ajudam-me, depois vão para o serviço deles.

Eu: E quantos aos materiais aproveitados também não há assim nenhum controle, vai
colocando ali o tijolo que quer aproveitar, as janelas, mas não tem a certeza do que vai
nem quanto leva para aterro?

E2: Não sabe quanto está saindo, quase que não compensa, se fosse só o tijolo não
compensava.

Eu: Alguém compra o material removido?

E2: Então, a gente usa alguma coisa e o resto as pessoas pedem e vão levando.
189

Eu: O tijolo é de boa qualidade?

E2: É de boa qualidade.

Eu: E vende-se bem?

E2: É a gente não vai vender, mas é mais caro que o novo. Estão a vender a 1 real cada
um, é o dobro do preço.

E2: O que compensou foi a madeira, o que acontece é que a madeira é rápida e tem
licença de madeira.

Eu: E é cara a madeira? Vende-se bem?

E2: Se for vender a preço de nova para usar.

Eu: A madeira ainda está em bom estado para ser vendida?

E2: Dura mais de 100 anos. Está perfeita. A Peroba é Peroba Rosa.

Eu: É Peroba Rosa?

E2: É tudo Peroba Rosa. É boa para fazer móveis.

Eu: Normalmente, acontece algum acidente em obras? Ou não é usual neste tipo de
obras?

E2: Não graças a Deus.

Eu: As pessoas já têm alguma experiência?

E2: Não as pessoas que chegam à minha obra, nunca tiveram. É às vezes um cortezinho,
faz. Um rapaz bateu num prego furou um pouquinho, coisa pouca.

Eu: E o Senhor está sempre presente em obra?

E2: Sim. Agora eu vou demolir e depois vou dar uma parada até sair o projeto. Mas a
demolição vai ser de segunda a sábado. Sábado vêm um caminhão buscar os tijolos e vão
para um sitio para serem guardados, não vão usar já.
190

Eu: Normalmente é sempre estas habitações, nunca estruturas metálicas, madeira?

E2: Nada, só casa antiga mesmo e terreno bom, porque o canteiro é pequeno e compensa.

Eu: E normalmente define as etapas como? A cobertura é sempre a primeira a ser


retirada?

E2: Isso, as telhas, depois as ripas, as tábuas, as vigotas, depois a gente tira as portas e
janelas. Depois que começa a tirar as lajes, quebra a laje, o forro e depois começa a tirar
as paredes mais fáceis, bloqueia uns pontos e derrube ela inteira.

E2: Essa ainda não tirou porque é muito forte não compensa. A massa não se aproveita.

Eu: E essa parte aqui como vai retirar?

E2: Vêm a máquina e derruba ela, quebra inteira com o bico da pá e carrega.

Eu: Até chegar a máquina tem de fazer a limpeza do terreno?

E2: Sim, dá 200 m de entulho, custa 350 por viagem.

Eu: Não é usual alugar caçambas para colocar o entulho?

E2: Não. É muito trabalhoso, enche e depois é preciso carregar à mão. Aqui vem um
trator vai arrancando tudo e leva, carregando todo o entulho. E depois esse entulho vai
lá para a reciclagem. Esse é o cara que mais ganha, ele cobra 220 ou 230 por cada
caminhão.

E2: Depois eles pegam, reciclam isso aqui, depois eles vendem o pó para argamassa, eles
tiram o plástico, o metal, o ferro e vende separado, é mina de dinheiro.

Eu: Mas é obrigatório enviar para a reciclagem?

E2: É obrigatório, eu acho que deveria ser obrigatório mas devia ser a Prefeitura que
arrecadava e não uma pessoa privada.

E2: Eu não sou contra isso de aproveitar e cobrar, mas desde que seja um bem próprio
da prefeitura. E não para o bem de uma pessoa que é parente de alguém, que fica
milionário.
191

Eu: Qualquer demolição aqui, nesta cidade, é para lá enviado o entulho?

E2: Sim. Só para jogar lá, já pagamos 4 mil.

Eu: Porque esta cidade ainda tem algumas demolições.

Eu: O transporte dos materiais, é o caminhão que vem buscar tudo?

E2: É um caminhão particular.

Eu: Portanto, vai aproveitar a madeira, o tijolo, as janelas e as portas?

E2: As janelas vou vender, o portão também ou vou guardar e um dia uso.

E2: O resto vai tudo para o entulho. E depois vai na Receita Federal pagar o imposto da
casa que desmanchou. Pago o imposto da Prefeitura da demolição e depois pago na
Receita Federal mais um imposto da demolição. Daí fica depois a prefeitura verba, fica
um terreno sem benfeitoria, para depois entrar o projeto novo.

Eu: As telhas podiam ser aproveitadas, mas não quis?

E2: Não. Agora que a verba entrar em território público, sai uma matricula nova, e sai
que é um terreno em tal Rua com a localização, sem benfeitoria, sai limpinho o terreno.
Depois que vai fazer um projeto em cima e no futuro a verba o prédio.

E2: É que a vida do terreno é uma matricula, ela vem desde o loteamento até hoje. Se
puxar o vintenário, ele fala tudo o que foi, se foi um terreno vazio, uma casa. A vida do
terreno está na matricula.

Eu: Obrigada.

A.3 Entrevista à Empresa Demolidora 3 (E3)

Eu: Há quanto tempo está no mercado?

E3: Há uns anos 20 anos que trabalho aqui.

Eu: 20 anos, que trabalha nesta cidade?

E3: Sim.
192

Eu: Mas na área das demolições?

E3: Nas demolições acho que uns 30 anos, porque eu sou uma pessoa que sempre tive
várias atividades. Tinha caminhão de transporte.

Eu: E quais são os serviços prestados? Demolição? Revenda dos materiais?

E3: Eu faço demolição, limpeza do terreno, qualquer coisa que a pessoa quer, vamos supor
assim, você quer que faça uma demolição vai precisar de alguma escavação, quer que eu
deixe assim, eu faço também (movimento de terra).

Eu: Portanto tem equipamentos para isso?

E3: Tenho os equipamentos, o que não tenho alugo. Eu faço demolições no estado inteiro.
Porque temos de saber o que vamos fazer, porque uns querem que faça demolição e
querem aproveitar os materiais, eu trabalho com restauração, inclusive eu tenho
empregados que fazem a restauração.

E3: Eu já vendi porta por 50.000 reais, porta que era património histórico, era do
Almirante Tamandaré, essa porta tinha 182 anos era patrimônio histórico e ia construir
uma obra de estado lá, se não, não podia. Também tive uma demolição do Barão do
café, mas como era para o estado eu consegui o alvará.

Eu: O estado não quis essa porta?

E3: A porta de 182 anos estava intacta, quando chegou o engenheiro veio ter comigo e
disse “aqui ao estado não vai interessar nada”, então eu trouxe a porta.

E3: Aí eu tinha uma freguesa minha de Ouro Preto e na conversa descobri que ela
pertencia à família bem distante desse Almirante e ela perguntou-me quanto eu queria
pela porta e eu disse 50.000 reais. Ela passou em cheque e disse que queria um documento
escrito a comprovar que pertencia ao Almirante.

Eu: Tem de comprovar que a porta realmente pertencia ao Almirante e era patrimônio
histórico.

E3: Realmente. Esse Almirante era quarta geração da família dela, que barbaridade.
193

Eu: Coincidência.

Eu: Portanto tem algumas ferramentas e outras aluga?

E3: Outras alugo.

Eu: Como funciona o processo de contratação? As pessoas contatam por telefone?


Conversam consigo pessoalmente? E-mail?

E3: E-mail, telefone.

Eu: Quais as exigências dos clientes sobre o processo de demolição? Tem um prazo para
demolir?

E3: Sim tem um prazo, tem obra que a pessoa quer um prazo muito curto.

Eu: Tem mão-de-obra especializada?

E3: Sim, especializada, exatamente.

Eu: São eles que escolhem equipamentos?

E3: Escolhem, eu preparo um contrato e tudo vem especificado.

Eu: As técnicas que são empregues?

E3: Exatamente, tempo.

Eu: E o destino dos materiais? Eles escolhem se querem ficar com os materiais?

E3: Escolhem o que interessa e não interessa, eles dizem com o que vão ficar e depois eu
faço o orçamento. O prazo, porque tem prazo que é rápido, a gente combina se o prazo
tem multa ou não e escolhe prazo.

Eu: Consoante o prazo escolhe o tipo de demolição?

E3: Escolhe a demolição, exatamente.

Eu: Se for um prazo muito curto não consegue fazer uma demolição manual?
194

E3: Tem de empurrar com a máquina, muitas coisas têm de ser jogadas, agora se 50%
que é parte de madeira, a gente aproveita tudo. A madeira de lei, de demolição a gente
tira tudo. Agora quando é parte de tijolo e escavação, a gente tem que empurrar e não
aproveita nada.

E3: Esses dias fui fazer uma demolição e dá até pena, aqueles tijolões.

Eu: Aquele maciço.

E3: Tudo maciço.

Eu: Mas esse dá para aproveitar?

E3: O prazo era curto. Então não deu para aproveitar, porque afinal de contas tinha de
fazer limpeza rápido. Porque tinha de empurrar para deixar o terreno limpo e rápido.

Eu: Em relação ao que vem antes da demolição. O que é que normalmente faz no início?
Você vai ver o local? Os materiais?

E3: Vou ver o local, os materiais que podem ser aproveitados. O que é que você quer que
faça a limpeza. Se quer que rebaixa a terra, qualquer coisa. Porque se vai fazer uma
construção depois, a gente deixa num patamar, o terreno plano, essas coisas. Então tem
esses prédios aí, eu fiz muitos prédios. 50% fui eu que demoli aí, então depois você vai
fazer a fundação uns com uns tubulão, já à com broca, eu deixo pronto.

Eu: Então o primeiro passo a ser feito é identificar quais são os materiais?

E3: Os materiais, que nem o telhado que eu aproveito muito essas telhas antigas.

Eu: Normalmente no início dos trabalhos elabora algum relatório/vistoria ou um registo?


Ou não é necessário?

E3: Não. Primeiramente você vai estar com um alvará.

Eu: Então os primeiros documentos que você precisa é sempre o alvará de demolição?

E3: O alvará de demolição e depois ele vai exigir tapumes e você parte da prefeitura.
195

Eu: Porque você tem de verificar se os serviços públicos têm de ser desligados. A água, a
eletricidade...

E3: Exatamente, isso tudo depois de o alvará sair. Porque depois do alvará isso tudo vai
para o SAAE, o SAAE vai dar o desligamento da água e a rede de esgoto e elétrica
também, aí precisa de saber como é que vai ser feito, tem que analisar tudo, antes da
demolição começar.

Eu: Repara no início se tem algum material que seja tóxico?

E3: Material de construção não, na cidade de Aracy tem um local para jogar os materiais,
para aterro.

Eu: De qualquer maneira os seus trabalhadores sabem que existe materiais que são
tóxicos?

E3: Sabem. E outra coisa eu estou sempre acompanhando.

Eu: Você acompanha sempre a demolição?

E3: A responsabilidade é minha, qualquer coisa que acontece eu é que sou o responsável.

Eu: Para a demolição só precisa do alvará? Não utiliza planta?

E3: Não só o alvará, a planta só na parte de construção. Só entra o alvará de demolição


e o terreno limpo.

Eu: Depois precisa de um documento para comprovar que o terreno está limpo?

E3: Sim.

Eu: Tem de pagar uma taxa na Receita Federal?

E3: Depende do que a gente vai fazer, a gente cobra o serviço. Tudo tem um preço, tem
casa que você vai aproveitar muitas coisas, tem coisas que você não aproveita nada e vai
dar muito entulho.

Eu: Isso depende do tipo de demolição? Aquela demolição rápida, como tem de quebrar
tudo é só entulho?
196

E3: É só entulho né.

Eu: Esse entulho depois vai todo parra o aterro da cidade, não é?

E3: Vai para o aterro da cidade daí não se aproveita nada.

Eu: Aí contrata a empresa que ...

E3: Não eu praticamente faço tudo.

Eu: Você é que transporta para lá? E tem caminhão para levar?

E3: Exatamente é tudo por minha conta.

Eu: Porque há outras pequenas empresas que contratam um caminhão que leva o entulho
para o aterro.

Eu: Normalmente os seus trabalhadores de demolição estão registrados?

E3: Tudo registrado. Primeiro tem que ter contrato de experiência, tem de saber quanto
tempo eles têm de experiência.

Eu: Exatamente.

E3: Mesmo assim você não vai contratar uma pessoa com experiência. Porque ás vezes
no momento são todos bonzinhos, mas por trás você não sabe o currículo deles.

Eu: Mas é um risco muito grande?

E3: É grande. É preciso ser uma coisa porque se eu olhar numa pessoa e conversar, ás
vezes não se consegue saber se vão dar problemas.

Eu: Quando você faz a demolição coloca tapume?

E3: Coloco tapume. Para não invadiram o terreno e para não cair tijolo na calçada.
Também para se caso deixar material na obra, não seja roubado. Porque às vezes eu
vendo o próprio material no local.
197

Eu: Utiliza um cronograma de trabalhos? A duração em que a demolição vai ser realizada
tem algum cronograma? Ou é estabelecido no contrato? As tarefas da demolição ficam
estabelecidas desde o início ou vai fazendo?

E3: Ele fala assim “eu quero essa demolição em tanto tempo”.

Eu: Só o geral?

E3: Só o geral depois eu decido quando começar. Primeiramente é o telhado, aí depois o


madeiramento, depois as portas, as janelas, depois porque a parte de tijolo é que depois
o piso que é tudo viga por baixo, aí vou tirando o vigamento então a parte do tijolo é a
última.

E3: E eu vou vendo como vou começar, o que vou tirar primeiro. O que é mais perigoso/
menos perigoso.

Eu: Usualmente tem um plano de segurança em obra? Existem medida de segurança em


obra? Você explica como devem ser realizadas as atividades?

E3: Eu explico tudo direitinho.

Eu: Você já tinha dito que os seus trabalhadores têm experiência por isso, à partida nem
é necessário explicar. Eles já sabem o que têm de fazer, mas suponhamos que você
contrata alguém com pouca experiência?

E3: Exatamente, têm experiência. Eu sou responsável e a responsabilidade é toda minha.


Eu às vezes tenho 5 ou 6 obras, mas deixo sempre um encarregado lá.

Eu: Os trabalhadores nunca ficam sozinhos em obra?

E3: Não têm sempre o encarregado, porque afinal de contas a responsabilidade é minha,
o encarregado trabalha para mim, está lá para exercer, olhar e tomar conhecimento do
que fazer e o que não fazer, se o empregado está trabalhando certo, se manda parar ou
sair uma coisa ou outra.

Eu: Ele é que coordena as tarefas?

E3: Sim. Cada uma tem um responsável.


198

Eu: E as pessoas são especializadas?

E3: Toda a gente que trabalha comigo são especializadas. São pessoas que já trabalham
há algum tempo e eu tenho confiança, porque eu também tenho que ter confiança.

Eu: Existe uma relação de confiança com o trabalhador. Porque já teve problemas com
roubos e acidentes?

Eu: Mas acidentes de obra não é normal acontecerem? Nunca houve nenhum grande
acidente?

E3: Não.

Eu: E agora pequenos acidentes? Cortes? Às vezes acontecem?

E3: Porque sabe o que é que às vezes a gente tem de ter conhecimento, a gente tem que
saber o que pode acontecer ou não acontecer. Onde o trabalhador pode ficar.

Eu: Nas suas obras de demolição os seus trabalhadores usam sempre os equipamentos de
segurança?

E3: Não. Porque segurança tem conforme o local, porque praticamente é o cuidado do
que vão fazer, porque afinal de contas você vai desmanchar lá em cima você não tem
onde pôr nada para se segurar. Porque se não vai cair junto com a obra.

Eu: Sim, mas os equipamentos individuais? O capacete? Botas? Luvas? Roupa coberta?

E3: O capacete, botas, luvas, praticamente têm tudo.

Eu: Eles utilizam? Ou não?

E3: Não, eles têm de usar tudo.

Eu: Porque já vi em algumas obras os trabalhadores de chinelos de dedo, calções e t-


shirt.

E3: Não eles têm que ir com sapatão de sola de ferro em baixo, por isso é que tem aí,
pega pessoas muito barato.
199

Eu: Por isso é que há muitos acidentes, pequenos acidentes em obra.

E3: Pessoas que não têm experiência, vão fazer uns dias.

Eu: Você tem equipamento de primeiros socorros me obra?

E3: Sim tenho, exatamente. Mexer com o ser humano em obra é um perigo, às vezes eles
não tem tanto cuidado na vida deles, você é que é o responsável pela vida deles.

Eu: Normalmente qual é o tipo de edifícios que costuma demolir? Madeira? Estruturas
metálicas?

E3: Sim, metal, madeira.

Eu: Edifícios de dois andares?

E3: Sim, tudo.

Eu: Pega tudo? Se tiver tempo para demolir, vai desmontando tudo aos poucos para
aproveitar ao máximo? Fazendo as etapas contrarias à construção?

E3: Sim, vou aproveitando tudo sim, a metálica aproveito tudo.

Eu: Usualmente o tipo de demolição que executa é demolição manual ou mecânica?

E3: Não. A parte do material é tudo manual, você tem ali pé de cabra, todo o
equipamento, a marreta, tudo.

Eu: Só a limpeza do terreno é com máquina.

E3: Chegamos a desmanchar 28 barracões para montar em outra cidade, o mesmo


material.

Eu: Então vocês desmontaram e levaram para lá e eles montaram?

E3: Sim, eles montavam lá.

Eu: De todas as tarefas de demolição, qual é que acha que são as maiores dificuldades?

E3: Maiores dificuldades? Entre que parte?


200

Eu: Entre coordenar os trabalhadores? Começar os trabalhos de demolição? Todo o


processo de demolição? O onde é que acha que há maior dificuldade?

E3: A dificuldade é assim? Você em primeiro lugar tem que saber quem está a contratar,
para saber se pode demolir ou não, é preciso saber se os caras são os legítimos donos do
local.

Eu: Então começa logo desde o contrato?

E3: Desde o contrato.

Eu: Porque a parte do processo de demolição é mais simplificado?

E3: É necessário ter os documentos certos, sobre as empresas que nos contratam.

Eu: Se é legal?

E3: Porque os caras podem ser terceirizados.

Eu: E em relação aos materiais, vocês fazem alguma separação em obra? Fazem, porque
vão vender os materiais e separam em obra?

Eu: Em relação ao entulho produzido? Junta tudo em obra ou vai separando?

E3: Ao lixo. Depende, às vezes você pode já tirar uma parte, porque às vezes numa
demolição, cai e já começa a fazer muito entulho e já tiro uma parte.

Eu: Mas mistura tudo e vai retirando.

E3: Vou retirando, tiro uma parte.

Eu: Mas junta todos os materiais e é logo enviado para aterro?

E3: Se junto tudo, para depósito.

Eu: Vocês não deixam o entulho lá em caçambas, vai logo para aterro?

E3: Basicamente, caçamba é mais para obra de construção. É porque além de ficar mais
barato o basculante, a caçamba sai a cada 5 tem de carregar no caminho para lá, e o
caminhão basculante vai na máquina logo para lá e leva 20 .
201

Eu: O transporte é o caminhão que vem buscar? Portanto ou contrata ou já teve


caminhão?

E3: Não, tudo é de responsabilidade minha. Eu já dou o orçamento com tudo completo.

Eu: Já consegue calcular a quantidade de entulho que vai fazer?

E3: Eu sei. Você sabe quanto custa cada , se for, depende da terra, o entulho você
consegue, vamos supor se for na terra firme ele aumenta 40%, entendeu? Com o
entulho o entulho vai diminuir se fizer um buraco, mas quando a terra é firme vai
aumentar.

Eu: Já tem uma ideia. E esse entulho depois vai para o aterro e lá é reciclado o metal?

E3: Lá no aterro da prefeitura, mas antes não tinha esse aterro era tudo na marginal.

Eu: Mas antigamente não havia a lei que obrigava a levar os materiais para aterro?

E3: Não.

Eu: Quais os materiais que recupera mais? Telha? Tijolo? Madeira?

E3: Telha, tijolo, madeira, janelas, portas, eu gosto de janela antiga e tem pouco comercio
para vender estas coisas, porque eu tenho muitos tipos de janelas e quem vai usar isso aí,
praticamente ou é pessoa que tem um local para colocar aquilo lá e em vez de mandar
fazer a janela compra já feita, há outras janelas que são padrão praticamente se a senhora
comprar na loja paga parcelado em cartão e é mais caro.

Eu: É mais caro comprar novo e em segunda mão é mais barato?

E3: É mais barato, você paga uma terça parte do preço.

Eu: É uma questão de preço, mas mesmo assim há materiais que são mais caros? Madeira?
Peroba Rosa? Ou outra madeira?

E3: A madeira comum assim já não tem muito valor, hoje em dia essas casas novas, todo
o madeiramento é uma madeira que não tem muito valor.
202

Eu: Mas as madeiras que estão em extinção ou é proibido o desflorestamento. Mesmo


assim há uma grande procura pela Peroba Rosa?

E3: A Peroba Rosa há uma procura que é barbaridade. É uma madeira extinta. E o
Pinho de Riga?

Eu: Tem um preço superior?

E3: Bem superior, ela está extinta.

Eu: E em relação ao tijolo maciço? Esse tijolo de demolição é mais caro?

E3: É mais caro. O maciço também é procurado.

Eu: Tem um preço superior ao do mercado novo? Porquê? Por causa da qualidade?

E3: A qualidade inclusive não é coisa que você acha fácil e não só você não vai rebocar
ele, vai ficar tudo aparente aí você separa dá uma lixa nele enverniza e fica como novo.

Eu: E os materiais, vende aqui ao lado? Tem mais algum local?

E3: Não, não aqui tem um pouco que eu trouxe aí, está sujo, ninguém entra lá.

Eu: Mas vende diretamente na obra?

E3: Muitas partes eu vendo na obra, tem muitas partes que eu levo o depósito.

Eu: E depois tem uma loja?

E3: Eu tenho uma loja de materiais usados, porque a restauração é na loja.

Eu: Você tem loja aqui?

E3: Tenho lá no Maracanã.

Eu: Mas vende bem os materiais recuperados?

E3: Eu recupero os materiais, como portas e vendo, eu vendi 2 portas de Pinho de Riga.

Eu: Tem sempre clientes à procura desses materiais?


203

E3: Tenho. Eu tenho muita freguesia.

Eu: E pessoas que preferem produtos de alto valor, que querem produtos de demolição e
aqueles materiais com valor histórico?

E3: Sim, já tenho fregueses.

Eu: Depois há sempre aquelas pessoas que não conseguem pagar o preço inteiro e preferem
comprar um material mais barato?

E3: Sim, por exemplo casa comum é fácil ter materiais.

A.4 Entrevista através de e-mail com o Prof. Eng. Paulo Grandiski (PG)

Eu: O meu nome é Andreia Martins e sou aluna de mestrado do Instituto de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo, estou a fazer uma pesquisa sobre as normas
existentes na área de demolições e gestão de resíduos da construção civil. Esta semana
entrei em contato com o setor CB-002 da ABNT para me auxiliar em algumas dúvidas
sobre a norma ABNT NBR-5683/1977 Contratação, Execução e Supervisão de
Demolições, no qual foi mencionado o nome do Professor, como sendo a pessoa mais
indicada para discutir este assunto, como também informado o seu contato e-mail.
Durante a minha pesquisa sobre a normalização brasileira eu reparei que a norma ABNT
NBR-5683/1977 Contratação, Execução e Supervisão de Demolições foi cancelada em
2008 pela falta de utilização da norma pelo setor da construção civil. Eu gostaria de
saber quais os motivos que levaram ao seu cancelamento e se existe previsão de alguma
atualização? Apesar de existir a NR 18.5, mas é bastante incompleta comparada com a
NBR 5683/1977. Quais foram os principais pontos de discussão que levaram ao
cancelamento e como foi verificado que a norma não era utilizada pelo setor?

PG: Eu fui um dos raros engenheiros que tomou conhecimento da consulta nacional do
cancelamento da norma de demolições, e o único a votar oficialmente contra esse
cancelamento, baseado na frase padrão sempre adotada pela ABNT, de que "essa norma
não é mais utilizada pelo setor." No site da ABNT já constava o cancelamento que se
daria em fevereiro. Com o meu voto, esse cancelamento foi suspenso. Rotineiramente, a
C.E. deveria marcar reunião para decidir, convocando os votantes contrários, no caso, só
eu. Essa convocação nunca ocorreu. No final do ano fui surpreendido pela publicação
204

do cancelamento da norma, sem substituição, embora fosse uma norma precisando de


atualização. O Álvaro de Almeida, da ABNT, na época, para "acalmar minha revolta",
se propôs a mandar traduzir a norma americana, para que se fizesse essa atualização,
mas eu desisti de continuar insistindo.

Eu: Pelo que eu entendi, o cancelamento foi executado sem o seu consentimento e sem
justificação. Então o problema é que a ABNT acha que o setor não necessita de uma
norma regulamentada para as demolições. Mas já são cometidas tantas infrações devido
à falta de controle e fiscalização por parte das entidades responsáveis, sem uma legislação
detalhada de todo o processo da demolição, cada empresa atua da forma que lhe convém.
O Professor referiu também que iriam mandar traduzir uma norma americana, como
atualização da norma brasileira. Não sabe se a norma americana é a 07/17/2008 -
Whether the demolition standard applies to moving a residential structure, 29 CFR 1926
Subpart T - Demolition? Caso não seja esta, sabe qual é a norma? E porque uma norma
americana e não outra?

PG: 1) - Desconheço qual era a norma a ser traduzida, pois o assunto não foi adiante.

2) Tomo a liberdade de assinalar que V. está focada num tema muito específico
"demolição", quando o problema é muito maior, por envolver TODAS as normas da
ABNT e a função desta. Apenas para exemplificar, reproduzo abaixo as respostas ao post
[9] de meu blog ENGENHARIA LEGAL, acessível em www.piniweb.com.br, que mostra
outro exemplo de cancelamento de normas (VEJA A INTEGRA NO PORTAL DA
PINI). Este tema aparece em reportagens antiga da revista CONSTRUÇÃO MERCADO.

Eu: Muito obrigada pelo envio da discussão do seu post, achei bastante interessante e
consegui compreender melhor o seu ponto de vista. Entendo agora que afinal o problema
não está só relacionado com uma norma especifica, mas sim com atitude da ABNT
perante várias normas da construção civil.
205

APÊNDICE B

Checklist para as visitas às obras de demolição:

A seguinte checlist está dividida em cinco partes sendo estas, as verificações antes da
demolição, a documentação para a demolição, a segurança na demolição, a execução do
processo e a otimização da gestão de resíduos. Na coluna das observações serão colocadas
quatro hipóteses, verifica-se, quando é comprovada a descrição apresentada na checklist,
não se verifica, quando não é comprovada a descrição apresentada, não foi verificado,
quando não foi possível verificar a descrição e não se aplica, quando a descrição não se
aplica aquela obra de demolição. Em seguida são apresentados os tópicos da checklist a
aplicar em obra:

Verificações antes da demolição Observações


Existência de materiais tóxicos
Existência de substancias perigosas e inflamáveis ou riscos de incêndio
Edifício contem valor histórico ou materiais com valor histórico
Desconexão de todos os serviços públicos
Os acessos de entrada estão barrados ao público/ local de obra isolado
Documentação para a demolição Observações
Planificação em obra dos trabalhos de demolição a executar
Existência de um plano em obra para o armazenamento, o transporte, a
venda dos materiais
Existência de um projeto para o desmonte
Segurança na demolição Observações
Sinalização de perigos e dos equipamentos de segurança
Responsável no local de demolição
Colocação de escoramentos no edifício
Informação sobre segurança ou Plano de segurança
Local de trabalho arrumado
Utilização de capacete de proteção
Utilização de luvas de proteção
Utilização de óculos de proteção
206

Utilização de botas de biqueira de aço


Utilização de roupa de trabalho coberta
Utilização de máscaras de filtro ou respiratórias
Utilização do cinto
Proteção das construções vizinhas
Utilização de andaimes
Utilização de guarda corpos
Utilização de redes de proteção contra quedas em altura
Utilização da contenção de fachadas
Existência de extintores de incêndios
Existência de um Kit de primeiros socorros
Funcionários estão suficientemente treinados e são competentes para as
tarefas e deveres em obra
Execução do processo Observações
Desmonte do edifício por elementos
Processo de demolição está relacionado com o processo de construção
Desmonte só com ferramentas manuais
Demolição predominantemente manual
Demolição predominantemente mecânica
Conexões químicas (argamassa)
Conexões mecânicas (encaixe)
Otimização da gestão de resíduos Observações
Utilização de condutas ou tubos para a remoção dos resíduos
Geração de resíduos durante a demolição
Acumulações de aglomerações de resíduos no local de demolição
Há separação ou um inventário de materiais em obra
Local a enviar os resíduos sólidos / materiais reutilizados, reciclados e
perigosos
Contato com lojas específicas que compre e vende este tipo de materiais
Utilização de caçambas para a colocação de resíduos
Os resíduos são transportados em caixas fechadas
Utilização de maquinas moveis para triturar resíduos em obra
Identificação e classificação dos resíduos obtidos
Identificação dos materiais com base no valor monetário

B.1 Checklist da visita à obra da Empresa Demolidora 1 (E1)

Verificações antes da demolição Observações


207

Não foi
Existência de materiais tóxicos
verificado
Não foi
Existência de substancias perigosas e inflamáveis ou riscos de incêndio
verificado
Edifício contem valor histórico ou materiais com valor histórico Não se verifica
Não foi
Desconexão de todos os serviços públicos
verificado
Os acessos de entrada estão barrados ao público/ local de obra isolado Não se verifica
Documentação para a demolição Observações
Planificação em obra dos trabalhos de demolição a executar Não se verifica
Existência de um plano em obra para o armazenamento, o transporte, a Não se verifica
venda dos materiais
Existência de um projeto para o desmonte Não se verifica
Segurança na demolição Observações
Sinalização de perigos e dos equipamentos de segurança Não se verifica
Responsável no local de demolição Não se verifica
Colocação de escoramentos no edifício Não se aplica
Informação sobre segurança ou Plano de segurança Não se verifica
Local de trabalho arrumado Não se verifica
Utilização de capacete de proteção Não se verifica
Utilização de luvas de proteção Não se verifica
Utilização de óculos de proteção Não se verifica
Utilização de botas de biqueira de aço Verifica-se
Utilização de roupa de trabalho coberta Não se verifica
Utilização de máscaras de filtro ou respiratórias Não se aplica
Utilização do cinto Não se aplica
Proteção das construções vizinhas Não se aplica
Utilização de andaimes Não se aplica
Utilização de guarda corpos Não se aplica
Utilização de redes de proteção contra quedas em altura Não se aplica
Utilização da contenção de fachadas Não se aplica
Existência de extintores de incêndios Não se aplica
Existência de um Kit de primeiros socorros Não se verifica
Funcionários estão suficientemente treinados e são competentes para as Verifica-se
tarefas e deveres em obra
Execução do processo Observações
Desmonte do edifício por elementos Verifica-se
Processo de demolição está relacionado com o processo de construção Verifica-se
Desmonte só com ferramentas manuais Verifica-se
208

Demolição predominantemente manual Verifica-se


Demolição predominantemente mecânica Não se verifica
Conexões químicas (argamassa) Verifica-se
Conexões mecânicas (encaixe) Não se verifica
Otimização da gestão de resíduos Observações
Utilização de condutas ou mangas para a remoção dos resíduos Não se aplica
Geração de resíduos durante a demolição Verifica-se
Acumulações de aglomerações de resíduos no local de demolição Verifica-se
Há separação ou um inventario de materiais em obra Verifica-se
Local a enviar os resíduos sólidos / materiais reutilizados, reciclados e Verifica-se
perigosos
Contato com lojas específicas que compre e vende este tipo de materiais Verifica-se
Utilização de caçambas para a colocação de resíduos Não se verifica
Os resíduos são transportados em caixas fechadas Não se verifica
Utilização de maquinas moveis para triturar resíduos em obra Não se verifica
Identificação e classificação dos resíduos obtidos Não se verifica
Identificação dos materiais com base no valor monetário Verifica-se

B.2 Checklist da visita à obra da Empresa Demolidora 2 (E2)

Verificações antes da demolição Observações


Existência de materiais tóxicos Não se verifica
Existência de substancias perigosas e inflamáveis ou riscos de incêndio Não se verifica
Edifício contem valor histórico ou materiais com valor histórico Não se verifica
Desconexão de todos os serviços públicos Verifica-se
Os acessos de entrada estão barrados ao público/ local de obra isolado Não se verifica
Documentação para a demolição Observações
Planificação em obra dos trabalhos de demolição a executar Verifica-se
Existência de um plano em obra para o armazenamento, o transporte, a Não se verifica
venda dos materiais
Existência de um projeto para o desmonte Não se verifica
Segurança na demolição Observações
Sinalização de perigos e dos equipamentos de segurança Não se verifica
Responsável no local de demolição Verifica-se
Colocação de escoramentos no edifício Não se aplica
Informação sobre segurança ou Plano de segurança Não se verifica
Local de trabalho arrumado Não se verifica
Utilização de capacete de proteção Não se verifica
Utilização de luvas de proteção Não se verifica
209

Utilização de óculos de proteção Não se verifica


Utilização de botas de biqueira de aço Verifica-se
Utilização de roupa de trabalho coberta Verifica-se
Utilização de máscaras de filtro ou respiratórias Não se aplica
Utilização do cinto Não se aplica
Proteção das construções vizinhas Não se verifica
Utilização de andaimes Não se aplica
Utilização de guarda corpos Não se aplica
Utilização de redes de proteção contra quedas em altura Não se aplica
Utilização da contenção de fachadas Não se aplica
Existência de extintores de incêndios Não se aplica
Existência de um Kit de primeiros socorros Não se verifica
Funcionários estão suficientemente treinados e são competentes para as Verifica-se
tarefas e deveres em obra
Execução do processo Observações
Desmonte do edifício por elementos Verifica-se
Processo de demolição está relacionado com o processo de construção Verifica-se
Desmonte só com ferramentas manuais Não se verifica
Demolição predominantemente manual Verifica-se
Demolição predominantemente mecânica Não se verifica
Conexões químicas (argamassa) Verifica-se
Conexões mecânicas (encaixe) Não se verifica
Otimização da gestão de resíduos Observações
Utilização de condutas ou mangas para a remoção dos resíduos Não se aplica
Geração de resíduos durante a demolição Verifica-se
Acumulações de aglomerações de resíduos no local de demolição Verifica-se
Há separação ou um inventario de materiais em obra Verifica-se
Local a enviar os resíduos sólidos / materiais reutilizados, reciclados e Verifica-se
perigosos
Contato com lojas específicas que compre e vende este tipo de materiais Não se verifica
Utilização de caçambas para a colocação de resíduos Não se verifica
Os resíduos são transportados em caixas fechadas Não se verifica
Utilização de maquinas moveis para triturar resíduos em obra Não se verifica
Identificação e classificação dos resíduos obtidos Não se verifica
Identificação dos materiais com base no valor monetário Verifica-se

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