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PROPOSTAS DE

REDAÇÃO
1º ANO - ENSINO MÉDIO

Conteúdo licenciado para Adriana de Sousa Oliveira - 708.806.622-04


NOME:____________________________________

DATA: ____/____/____

POESIA

Psicologia da Composição
João Cabral de Melo Neto

1.
Saio de meu poema
como quem lava as mãos.

Algumas conchas tornaram-se,


que o sol da atenção
cristalizou; alguma palavra
que desabrochei, como a um pássaro.

Talvez alguma concha


dessas (ou pássaro) lembre,
côncava, o corpo do gesto
extinto que o ar já preencheu;

talvez, como a camisa


vazia, que despi.

2.
Esta folha branca
me proscreve o sonho,
me incita ao verso
nítido e preciso.

Eu me refugio
nesta praia pura
onde nada existe
em que a noite pouse.

Como não há noite


cessa toda fonte;

(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários [...] para
experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.

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como não há fonte
cessa toda fuga;

como não há fuga


nada lembra o fluir
de meu tempo, ao vento
que nele sopra o tempo
[...]
Fonte: https://umprofessorle.com.br/2018/04/12/psicologia-da-composicao/

Procura da Poesia
Carlos Drummond de Andrade

Não faças versos sobre acontecimentos.


Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro


são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.


O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de
[espuma.

O canto não é a natureza


nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,


não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.

(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários [...] para
experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.

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Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.


Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.


Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Fonte: https://encurtador.com.br/achv5

(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários [...] para
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Desencontrários
Paulo Leminski

Mandei a palavra rimar,


ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
e sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,


e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.

Fonte: https://www.tudoepoema.com.br/paulo-leminski-desencontrarios/

Poética
Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido


Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador


Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo.

(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários [...] para
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De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos


O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.

- Não quero saber do lirismo que não é libertação.


Fonte: https://www.pensador.com/frase/NTE5Njcx/

São 5
e.e. cummings

A inelutável preocupação com O Verbo dá ao poeta uma vantagem sem preço:


enquanto os nãofazedores devem contentar-se com o fato simplesmente irrecusável
de que dois e dois são quatro, ele se compraz com uma verdade puramente
irresistível (a ser encontrada, de forma sintética, no título deste volume)."
Introdução ao livro: "São 5" - e. e. cummings.

http://www.culturapara.art.br/opoema/eecummings/eecummings.htm

Todos os poemas acima falam da produção e construção do próprio poema, por


isso, são classificados como metapoemas. A poesia em si, sua concepção e
características são tema constante na obra de inúmeros poetas. Claro que as
visões, as propostas, os posicionamentos e as concepções de poesia são diversas
e muitas vezes divergentes entre esses autores e por isso mesmo tantos fizeram e
fazem questão de tentar conceituar o que é poesia.

Pelos poemas lidos, podemos perceber que nada na poesia é fixo ou pré-
determinado, podendo poemas sobre uma mesma temática (nesse caso, a criação
do poema) apresentarem tamanhos, estilos, vocabulários e propósitos diferentes.
Ainda assim, todos são grandes poemas.

Engana-se quem atribui à poesia a obrigação de falar sobre determinado tema ou


apresentar determinada estrutura, prender-se à rimas paralelas ou à estrofes e à
metragem de versos. Como foi possível observar pela leitura dos poemas
selecionados, poesia é múltipla e complexa.

(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários [...] para
experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.

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Levando em consideração os poemas lidos e a sua percepção acerca das
construções apresentadas em cada um deles - e em outros poemas que você
conheça - escolha uma das temáticas propostas a seguir e crie um poema.

Quando for escrever seu poema, lembre-se do que disse Drummond:

“Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.


Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.”

Temáticas sugeridas:

Infância

Sociedade

Mundo

Sonhos

Solidão

Existência

Amadurecimento

Futuro

Liberdade

Felicidade

Você também pode (e deve) procurar outros poemas que estejam dentro da
temática que você escolheu, buscando inspiração e ampliação do seu repertório
cultural.

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NOME:____________________________________

DATA: ____/____/____

CRÔNICAS

Sobre a crônica, Ivan Ângelo

Uma leitora se refere aos textos aqui publicados como “reportagens”. Um leitor os
chama de “artigos”. Um estudante fala deles como “contos”. Há os que dizem: “seus
comentários”. Outros os chamam de “críticas”. Para alguns, é “sua coluna”.

Estão errados? Tecnicamente, sim – são crônicas –, mas… Fernando Sabino,


vacilando diante do campo aberto, escreveu que “crônica é tudo o que o autor
chama de crônica”.

A dificuldade é que a crônica não é um formato, como o soneto, e muitos duvidam


que seja um gênero literário, como o conto, a poesia lírica ou as meditações à
maneira de Pascal¹. Leitores, indiferentes ao nome da rosa, dão à crônica prestígio,
permanência e força. Mas vem cá: é literatura ou é jornalismo? Se o objetivo do
autor é fazer literatura e ele sabe fazer…

Há crônicas que são dissertações, como em Machado de Assis; outras são poemas
em prosa, como em Paulo Mendes Campos; outras são pequenos contos, como em
Nelson Rodrigues; ou casos, como os de Fernando Sabino; outras são evocações,
como em Drummond e Rubem Braga; ou memórias e reflexões, como em tantos. A
crônica tem a mobilidade de aparências e de discursos que a poesia tem – e
facilidades que a melhor poesia não se permite.

Está em toda a imprensa brasileira, de 150 anos para cá. O professor Antonio
Candido observa: “Até se poderia dizer que sob vários aspectos é um gênero
brasileiro, pela naturalidade com que se aclimatou aqui e pela originalidade com
que aqui se desenvolveu”.

Alexandre Eulálio, um sábio, explicou essa origem estrangeira: “É nosso familiar


essay², possui tradição de primeira ordem, cultivada desde o amanhecer do
periodismo nacional pelos maiores poetas e prosistas da época”. Veio, pois, de um
tipo de texto comum na imprensa inglesa do século XIX, afável, pessoal, sem-
cerimônia e, no entanto, pertinente.

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Por que deu certo no Brasil? Mistérios do leitor. Talvez por ser a obra curta e o
clima, quente.

A crônica é frágil e íntima, uma relação pessoal. Como se fosse escrita para um
leitor, como se só com ele o narrador pudesse se expor tanto. Conversam sobre o
momento, cúmplices: nós vimos isto, não é, leitor?, vivemos isto, não é?, sentimos
isto, não é? O narrador da crônica procura sensibilidades irmãs.

Se é tão antiga e íntima, por que muitos leitores não aprenderam a chamá-la pelo
nome? É que ela tem muitas máscaras. Recorro a Eça de Queirós, mestre do estilo
antigo. Ela “não tem a voz grossa da política, nem a voz indolente do poeta, nem a
voz doutoral do crítico; tem uma pequena voz serena, leve e clara, com que conta
aos seus amigos tudo o que andou ouvindo, perguntando, esmiuçando”.

A crônica mudou, tudo muda. Como a própria sociedade que ela observa com olhos
atentos. Não é preciso comparar grandezas, botar Rubem Braga diante de
Machado de Assis. É mais exato apreciá-la desdobrando-se no tempo, como fez
Antonio Candido em “A vida ao rés do chão”: “Creio que a fórmula moderna, na
qual entram um fato miúdo e um toque humorístico, com o seu quantum satis³ de
poesia, representa o amadurecimento e o encontro mais puro da crônica consigo
mesma”. Ainda ele: “Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de
adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma
beleza ou uma singularidade insuspeitadas”.

Elementos que não funcionam na crônica: grandiloquência, sectarismo, enrolação,


arrogância, prolixidade. Elementos que funcionam: humor, intimidade, lirismo,
surpresa, estilo, elegância, solidariedade. Cronista mesmo não “se acha”. As
crônicas de Rubem Braga foram vistas pelo sagaz professor Davi Arrigucci como
“forma complexa e única de uma relação do Eu com o mundo”. Muito bem. Mas
Rubem Braga não se achava o tal. Respondeu assim a um jornalista que lhe havia
perguntado o que é crônica:

— Se não é aguda, é crônica.

Ivan Ângelo. Veja São Paulo, 25/4/2007.


Fonte: https://escrevendoofuturo.org.br/caderno_docente/coletanea_cronica/sobre-a-cronica-ivan-angelo/
¹ Blaise Pascal, matemático, filósofo e teólogo francês.
² “Ensaio”: texto onde se encadeiam argumentos, por meio dos quais o autor
defende uma ideia.
³ Em latim, “a quantidade necessária”.

(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários [...] para
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Leia a seguir uma crônica do escritor Antonio Prata.

Shakespeare nas dunas

Férias de verão, minha mãe e meu padrasto alugaram uma casa em Arraial do
Cabo para passarmos o mês de janeiro. Na véspera da viagem, arrumaram as
malas, fizeram uma grande compra de supermercado e mandaram besuntar o
Passat verde-musgo com óleo de mamona — suposta proteção contra a maresia
que, até hoje, não sei se era uma particularidade da nossa família ou uma dessas
bizarrices comuns no final do século XX, como passar Coca-Cola na pele antes de
tomar sol ou fazer polichinelos nas aulas de educação física. Na manhã seguinte,
com o porta-malas lotado, a lataria viscosa e os ânimos exaltados, pegamos a
estrada.

Nossa casa ficava no alto de uma encosta, bem diante do mar. Tinha um quintal
com pomar atrás, e uma varanda na frente, sombreada pela copa de uma
amendoeira centenária. Todos os dias acordávamos cedo, tomávamos café da
manhã na mesinha embaixo da amendoeira e, depois de uns cinco minutos
ziguezagueando pela trilha do morro, chegávamos à praia, com as dunas de areia
branca só para nós, meia dúzia de forasteiros e os pescadores. Armávamos o
guarda-sol, abríamos as cadeiras e esteiras e ali ficávamos, quase até o anoitecer.

Nas infinitas manhãs, enquanto minha mãe e meu padrasto liam, eu e minhas irmãs
nos dedicávamos às típicas atividades de criança na praia: nadávamos, rolávamos
na areia (chamávamos de “fazer croquete”), construíamos castelos, cavávamos
buracos, realizávamos autópsias nos baiacus inchados trazidos pelo mar. Lá pelas
três, meu padrasto fechava o livro: “E aí, quem quer uma birita?”. Caminhávamos
até uma birosca de pau a pique, comíamos pastéis, eles bebiam caipirinha e nós,
Fanta Uva.

No finzinho da tarde, havia o arrastão. Eu e meu padrasto ajudávamos a puxar a


rede — bem, ele ajudava, eu só ficava por ali, agarrado à velha corda azul, fingindo
que meus pequenos músculos faziam alguma diferença na luta dos homens contra
o mar. Quando a rede chegava, carregada — um borbulhante lago prateado,
refletindo os últimos raios de sol —, recebíamos uma ou duas tainhas por nossa
contribuição e íamos para casa, assá-las. Depois de jantar, eles nos liam alguma
história dos irmãos Grimm ou do Monteiro Lobato e capotávamos, para acordar
cedo no dia seguinte e começar tudo de novo.

(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários [...] para
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Por mais divertidas que fossem nossas atividades praianas, um mês é muito tempo
e era inevitável que em algum momento fôssemos visitados por aquele implacável
companheiro da infância: o tédio. No final de uma manhã, lá pela terceira semana,
cansados do mar, da areia, dos “croquetes”, pastéis, picolés e barrigas dos baiacus,
nos encarapitamos sob o guarda-sol e, emburrados, pusemos em prática a única
estratégia que conhecíamos para espantar a infelicidade: azucrinar a vida dos
adultos até que eles nos trouxessem alguma solução.

Minha mãe propôs que caminhássemos até as pedras, que fizéssemos um castelo,
disse até que poderia ler algo dos irmãos Grimm ou do Monteiro Lobato, mas o
tédio tem uma bunda imensa: quando assenta as nádegas sobre nossas cabeças,
achata toda a circunferência do mundo conhecido; para escapar de seu adiposo
domínio, só encontrando alguma atividade inédita, em mares nunca dantes
navegados. Conhecendo intuitivamente o antídoto, minha meia-irmã bateu os olhos
no livro que seu pai tentava ler e perguntou o que era. Romeu e Julieta, ele disse, e
não o deixamos mais continuar a leitura: “Sobre o que é? Por que eles não podiam
casar? Onde fica Verona? Dá pra chegar de carro? E de barco? Pra que lado? É
antes ou depois da África?”.

Simplificando um pouco a linguagem, meu padrasto nos resumiu o começo da


história: as famílias rivais, a festa à fantasia, o filho dos Montéquio, a jovem
Capuleto, o amor proibido. Em cinco minutos, após mais de uma hora de lamúrias,
havíamos ficado quietos e atentos. Não sei se instigado por nosso interesse ou
simplesmente temeroso de que voltássemos ao tédio profundo, meu padrasto
resolveu abandonar a versão resumida e começou o livro pelo começo — inserindo,
aqui e ali, algumas notas de rodapé.

Daquele dia em diante, quando voltávamos da birita, entupidos de Fanta Uva e


pastel, sentávamos nas esteiras e, até o sol se pôr, ouvíamos a continuação da
história. Mais tarde, ao nos deitarmos na cama, não queríamos saber de feijões
encantados ou das reinações de Narizinho: só nos interessava o futuro do casal.

Hoje, acho que entendo o porquê do nosso interesse por Romeu e Julieta. Filhos de
pais recém-separados, não nos eram nada distantes, perdidas no século XVI,
situações como “amor impossível”, “relações inconciliáveis”, “a casa dos Montéquio”
e “a casa dos Capuleto”. Por mais civilizados que tivessem sido os divórcios do
meu pai e da minha mãe, do meu padrasto e de sua ex-mulher, em algum lugar
devíamos nos solidarizar com dois jovens cujas vidas eram afetadas pelas rixas de
seus antecessores. Ou, talvez, nem precisássemos ir tão longe. Afinal: o que é a
infância senão uma sequência de desejos cerceados pelos adultos?
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Os dias foram se passando e nós fomos ficando cada vez mais ligados ao livro.
Para alongar a narrativa, minha mãe e meu padrasto se aprofundavam em
detalhes, descreviam roupas e cenários, cantarolavam as músicas dos bailes,
assoviavam os pios dos passarinhos, inventavam comidas, animais e plantas da
floresta. Embora percebêssemos a artimanha e reclamássemos às vezes — “pula,
pula, isso é sobre!”, eu dizia —, eles conseguiram levar Romeu, Julieta e as três
crianças firmes e fortes até o fim das férias.

No penúltimo entardecer, subimos para casa com o coração na boca: o mundo


tramava contra o amor proibido, Romeu havia sido obrigado a fugir para Mântua,
Julieta estava prometida a Páris, mas o plano do frei Lourenço era excelente! Daria
à moça um falso veneno, que a faria parecer morta. Romeu a encontraria no jazigo
dos Capuleto, a acordaria do sono profundo, fugiriam para longe de Verona (Arraial
do Cabo, talvez?) e seriam felizes para sempre. Não era assim, afinal, que
terminavam as histórias?

Eis o que se perguntavam meu padrasto e minha mãe, vez após outra, naquela
insone noite de verão. Como sair da arapuca em que haviam se colocado?
Deveriam profanar Shakespeare, censurando o final, fazendo, talvez, com que a
carta de Julieta chegasse a Romeu via pombo-correio, em vez de viajar no bolso de
um emissário? Cometeriam um hediondo anacronismo colocando ao lado da
sepultura um providencial orelhão, cujo toque, no momento em que Romeu
erguesse a adaga, mudaria, deus ex machina, os rumos da história? Ou o correto
seria seguirem fiéis ao enredo, Shakespeare é Shakespeare, a arte está acima de
tudo, não se pode esconder a verdade das crianças, e, no fim das contas, elas
sairiam fortalecidas da experiência?

Lembrem-se, era o início dos anos 80. Maio de 68 estava mais próximo de nós que
a obrigatoriedade de cadeirinha para bebês no banco de trás dos carros, a
discussão, portanto, sobre o que seria mais danoso às crianças — a violência da
história ou da mentira — entrou noite adentro, escorando-se em Harold Bloom e
Paulo Freire, Bakhtin e Piaget, Nietzsche, Freud e sabe-se lá mais quem. Já estava
amanhecendo quando chegaram a uma conclusão.

Pela última vez, tomamos café sob a amendoeira, descemos a trilha até a praia,
cruzamos as dunas, armamos acampamento. Lá pelas três, depois da birita, como
de costume, sentamos em volta dos dois, prontos para ouvir o aguardado final de
Romeu e Julieta.

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Não lembro quem contou, se minha mãe ou meu padrasto. Lembro é de um frio
polar no estômago, de um clarão no céu, do mundo revolto como as entranhas de
um baiacu. Minha irmã mais nova perguntava, lívida, ainda sem acreditar, “mãe,
mãe, que que é adaga?!”, minha meia-irmã caminhava a esmo, “nããão! Romeu!
Nããão! Julieta!”, os adultos atrás, atarantados como vaqueiros no estouro da
boiada, “mas olha, as famílias fizeram as pazes!”, “olha, é só uma história, é de
mentirinha! Quem aí quer um picolé?!”. “Mortos! Mortos!”, gritávamos, rolando pelas
dunas, areia grudando no rosto, pequenos e trágicos croquetes pranteando o casal
de Verona, que morria junto ao último sol daquele verão.

PRATA, Antonio. Nu, de Botas. Companhia das Letras. p. 67-69. 2013

Como você pode notar, a crônica é um texto que procura contar ou comentar
histórias do dia a dia. São histórias que poderiam ter acontecido com qualquer um -
você, algum familiar, amigos ou desconhecidos. No entanto, é preciso cuidado ao
contar algo que aconteceu, de forma que a narração dos fatos ganhe interesse
especial e produza no leitor uma expectativa acerca do desenrolar da história.
Sendo assim, o texto da crônica precisa ser construído com uma atenção especial,
mas sem torná-lo rígido, formal demais e até forçado, perdendo o interesse do
leitor.

As crônicas são geralmente produzidas para jornais e revistas, e por isso têm uma
“vida curta”, afinal, narram acontecimentos do cotidiano, são muito marcadas pelo
contexto em que ocorrem, e por isso, com o passar do tempo, muitas deixam de ser
relevantes ou interessantes, afinal, o contexto mudou. Porém, podemos encontrar
muitas crônicas ligadas ao contexto histórico que mostram que, infelizmente, muita
coisa não muda com o passar do tempo.

As principais características da crônica são a narrativa relativamente curta (a


depender do meio de publicação), o uso da linguagem coloquial, espaço e
personagens reduzidos e os temas relacionados ao cotidiano.

Outra característica importante é diferenciação dos tipos de crônicas, que podem


ser:

jornalísticas: tipo de crônica mais comum, são produzidas para os meios de


comunicação, principalmente jornais e websites, trabalham reflexões a partir de
temas atuais e em alta. Nessa crônica, predomina as tipologias textuais
narrativas e argumentativas, pois o cronista busca apresentar argumentos e
reflexões a partir de fatos corriqueiros.

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históricas: tipo de crônica que procurar relatar fatos e acontecimentos
históricos, trazendo personagens, espaço e período bem definidos.
humorísticas: tipo de crônica mais centrada no humor com o objetivo de divertir
o público leitor. Costuma usar ironia, sarcasmo e comparações inesperadas
como ferramentas para criticar determinados aspectos (sociais, políticos,
culturais ou econômicos) da vida.
narrativas: tipo de crônica marcada pela narração de situações da vida
cotidiana pelo ponto de vista individual - o do cronista. Não costumam
apresentar estruturas argumentativas ou reflexivas, buscam apenas
compartilhar uma situação vivida.

Podemos ver que para ser um bom cronista é preciso ser principalmente um bom
observador da sociedade em que se vive e ser capaz de olhar de forma particular e
original para o que acontece a nossa volta. Também é preciso saber dosar a
informalidade do texto, que apresenta uma linguagem coloquial e leve, mas que
deve ser bem pensada e trabalhada visando atribuir novos significados ao
cotidiano.

Com isso em mente, escolha uma situação atual da sua cidade, seja no campo
político, social, cultural ou outro de sua preferência, e escreva uma crônica
jornalística para ser publicada no principal jornal de circulação da região. Não se
esqueça de aplicar o seu olhar particular e criativo acerca do tema e de usar uma
linguagem coloquial, leve e adequada.

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CONTOS

Uma história de tanto amor, Clarice Lispector

Era uma vez uma menina que observava tanto as galinhas que lhes conhecia a
alma e os anseios íntimos. A galinha é ansiosa, enquanto o galo tem angústia
quase humana: falta-lhe um amor verdadeiro naquele seu harém, e ainda mais tem
que vigiar a noite toda para não perder a primeira das mais longínquas claridades e
cantar o mais sonoro possível. É o seu dever e a sua arte. Voltando às galinhas, a
menina possuía duas só dela. Uma se chamava Pedrina e a outra Petronilha.

Quando a menina achava que uma delas estava doente do fígado, ela cheirava
embaixo das asas delas, com uma simplicidade de enfermeira, o que considerava
ser o sintoma máximo de doenças, pois o cheiro de galinha viva não é de se
brincar. Então pedia um remédio a uma tia. E a tia: “Você não tem coisa nenhuma
no fígado”. Então, com a intimidade que tinha com essa tia eleita, explicou-lhe para
quem era o remédio. A menina achou de bom alvitre dá-lo tanto a Pedrina quanto a
Petronilha para evitar contágios misteriosos. Era quase inútil dar o remédio porque
Pedrina e Petronilha continuavam a passar o dia ciscando o chão e comendo
porcarias que faziam mal ao fígado. E o cheiro debaixo das asas era aquela
morrinha mesmo. Não lhe ocorreu dar um desodorante porque nas Minas Gerais
onde o grupo vivia não eram usados assim como não se usavam roupas íntimas de
nylon e sim de cambraia. A tia continuava a lhe dar o remédio, um líquido escuro
que a menina desconfiava ser água com uns pingos de café — e vinha o inferno de
tentar abrir o bico das galinhas para administrar-lhes o que as curaria de serem
galinhas. A menina ainda não tinha entendido que os homens não podem ser
curados de serem homens e as galinhas de serem galinhas: tanto o homem como a
galinha têm misérias e grandeza (a da galinha é a de pôr um ovo branco de forma
perfeita) inerentes à própria espécie. A menina morava no campo e não havia
farmácia perto para ela consultar.

Outro inferno de dificuldade era quando a menina achava Pedrina e Petronilha


magras debaixo das penas arrepiadas, apesar de comerem o dia inteiro. A menina
não entendera que engordá-las seria apressar-lhes um destino na mesa.

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experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.

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E recomeçava o trabalho mais difícil: o de abrir-lhes o bico. A menina tornou-se
grande conhecedora intuitiva de galinhas naquele imenso quintal das Minas Gerais.
E quando cresceu ficou surpresa ao saber que na gíria o termo galinha tinha outra
acepção. Sem notar a seriedade cômica que a coisa toda tomava:

— Mas é o galo, que é um nervoso, é quem quer! Elas não fazem nada demais! E é
tão rápido que mal se vê! O galo é quem fica procurando amar uma e não
consegue!

Um dia a família resolveu levar a menina para passar o dia na casa de um parente,
bem longe de casa. E quando voltou, já não existia aquela que em vida fora
Petronilha. Sua tia informou:

— Nós comemos Petronilha.

A menina era uma criatura de grande capacidade de amar: uma galinha não
corresponde ao amor que se lhe dá e no entanto a menina continuava a amá-la
sem esperar reciprocidade. Quando soube o que acontecera com Petronilha
passou a odiar todo o mundo da casa, menos sua mãe que não gostava de comer
galinha e os empregados que comeram carne de vaca ou de boi. O seu pai, então,
ela mal conseguiu olhar: era ele quem mais gostava de comer galinha. Sua mãe
percebeu tudo e explicou-lhe:

— Quando a gente come bichos, os bichos ficam mais parecidos com a gente,
estando assim dentro de nós. Daqui de casa só nós duas é que não temos
Petronilha dentro de nós. É uma pena.

Pedrina, secretamente a preferida da menina, morreu de morte morrida mesmo,


pois sempre fora um ente frágil. A menina, ao ver Pedrina tremendo num quintal
ardente de sol, embrulhou-a num pano escuro e depois de bem embrulhadinha
botou-a em cima daqueles grandes fogões de tijolos das fazendas das minas-
gerais. Todos lhe avisaram que estava apressando a morte de Pedrina, mas a
menina era obstinada e pôs mesmo Pedrina toda enrolada em cima dos tijolos
quentes. Quando na manhã do dia seguinte Pedrina amanheceu dura de tão morta,
a menina só então, entre lágrimas intermináveis, se convenceu de que apressara a
morte do ser querido.

Um pouco maiorzinha, a menina teve uma galinha chamada Eponina.

O amor por Eponina: dessa vez era um amor mais realista e não romântico; era o
amor de quem já sofreu por amor. E quando chegou a vez de Eponina ser comida, a

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menina não apenas soube como achou que era o destino fatal de quem nascia
galinha. As galinhas pareciam ter uma préciência do próprio destino e não
aprendiam a amar os donos nem o galo. Uma galinha é sozinha no mundo.

Mas a menina não esquecera o que sua mãe dissera a respeito de comer bichos
amados: comeu Eponina mais do que todo o resto da família, comeu sem fome,
mas com um prazer quase físico porque sabia agora que assim Eponina se
incorporaria nela e se tornaria mais sua do que em vida. Tinham feito Eponina ao
molho pardo. De modo que a menina, num ritual pagão que lhe foi transmitido de
corpo a corpo através dos séculos, comeu-lhe a carne e bebeu-lhe o sangue.
Nessa refeição tinha ciúmes de quem também comia Eponina. A menina era um ser
feito para amar até que se tornou moça e havia os homens.

Fonte: https://contobrasileiro.com.br/uma-historia-de-tanto-amor-conto-de-clarice-lispector/

Quero minha mãe, Adélia Prado

Abel e eu estamos precisando de férias. Quando começa a perguntar quem tirou de


não sei onde a chave de não sei o quê, quando já de manhã espero não fazer
comida à noite, estamos a pique de um estúpido enguiço. Sou uma pessoa grata?
Às vezes o que se nomeia gratidão é uma forma de amarra. Entendo amor ao
inimigo, mas gratidão o que é? Tenho problemas neste particular. Se aviso: passo
na sua casa depois do almoço, acrescento logo se Deus quiser, não sendo grata,
temo que me castigue com um infortúnio. Bajulo Deus, esta é a verdade, tenho o
rabo preso com Ele, o que me impede de voar. Como posso alçar-me com Ele
grudado à cauda? Uma esquizofrenia teológica, eu sei, quando fica tudo confuso
assim, meu descanso é recolher-me como um tatu-bola e repetir até passar a crise,
Senhor, tem piedade de mim. Até em sonhos repito, Senhor, tem piedade de mim, é
perfeito. Sensação de confinamento outra vez, minha pele, minha casa, paredes,
muro, tudo me poda, me cerca de arame farpado. Coitada da minha mãe, devia
estar nesta angústia no dia em que me atingiu: “trem ordinário” Com certeza não
suportava a idéia, o fardo de ter-que-dar-conta-daquela-roupa-de-graxa-do-meu-
pai, daquele caldo escuro na bacia, fedendo a sabão preto e ela querendo tempo
pra ler, ainda que pela milésima vez, meu manual de escola, o ADOREMUS, a
REVISTA DE SANTO-ANTONIO. Mãe, que dura e curta vida a sua. Me interditou
um reloginho de pulso, mas não teve meios de me proibir ficar no barranco à tarde,
vendo os operários saírem da oficina, sabia que eu saberia o motivo. Duas
mulheres, nos comunicávamos. Tá alegre, mãe? A senhora não liga de ficar em
casa, não? Posso ir no parque com a Dorita? Vai chamar tia Ceição pra conversar
com a senhora? Nem na festa da escola, nem na parada pra ver eu carregar a
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bandeira ela não foi. Não dava para ir de “mantor” porque era de dia com sol
quente, gastei cinqüenta anos pra entender. Teve uma lavadeira, a Tina do Moisés,
que ela adorava e tratava como rainha. Sua roupa acostumou comigo, Clotilde, nem
que eu queira, não consigo largar. Foi um tempo bom de escutar isto, descansei de
vê-la lavando roupa com o olhar perdido em outros sítios, sentindo e querendo, com
toda certeza, o que qualquer mulher sente e quer, mesmo tendo lavadeira e
empregada. Tenho sonhado com a mãe tomando conta de mim, me protegendo os
namoros, me dando carinho, deixando, de cara alegre, meus peitinhos nascerem e
até perguntando: está sentindo alguma dor, Olímpia? É normal na sua idade. Com
certeza aprendeu, nas prédicas às Senhoras do Apostolado, como as mães cristãs
deviam orientar suas filhas púberes. Te explico, Olímpia, porque pode te acontecer
na escola, não precisa levar susto, não é sangue de doença. Achei minha mãe
bacana, uma palavra ainda nova que só os moleques falavam. Coitadas da Graça e
da Joana, que nem isso ganharam dela. Morreu antes de me ensinar a lidar com as
incômodas e trabalhosas toalhinhas. mãe, mãezinha, mamãezinha, mamãe, e o
reino do céu é um festim, quem escondeu isto de você e de mim?

Fonte: https://contobrasileiro.com.br/quero-minha-mae-conto-de-adelia-prado/

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos


pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito
menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era
impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se
em mil estilhaços.
A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores,
e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento
monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para
casa.
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A
moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se
suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a
extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou
sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do
corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi
recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado
a sete chaves.

Fonte: https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13274.pdf

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Os três textos que você acabou de ler são exemplos de contos. O conto é um
gênero literário que apresenta histórias desenvolvidas em torno de um enredo, ou
seja, uma situação que dá origem aos eventos da narrativa que envolve um conflito.

Normalmente, o conto apresenta poucos personagens e locais, com uma história


breve - mas não necessariamente um texto curto.

Os contos podem ser realistas, humorísticos, psicológicos, mágicos, aterrorizantes,


infantis, etc.

Estruturalmente, o conto apresenta:


apresentação da narrativa
desenvolvimento dos acontecimentos
clímax
desfecho

Algumas características do conto são o espaço delimitado - a história normalmente


se desenvolve em um único local, ou locais próximos -, o tempo marcado - a
marcação do tempo pode ocorrer de forma cronológica ou psicológica, seguindo a
imaginação do narrador ou do personagem -, a presença de um narrador -
observador, personagem ou onisciente - e os personagens.

Além disso, o enredo do conto pode ser apresentado de forma linear (seguindo uma
sequência lógica) ou não linear (apresentando os fatos fora de uma sequência
lógica).

A estrutura do conto é fechada e objetiva, sendo basicamente formada por uma


história e um conflito.

Como você conseguiu perceber nos contos lidos anteriormente, um conto não tem
um tamanho determinado, podendo ser bastante longo ou até mais curto do que o
conto de Drummond apresentado nesta aula. Esses contos mais curtos são
chamados de minicontos e entram numa categoria chamada de “contos
minimalistas”. Essa categoria possibilita a liberdade criativa dos escritores e
escritoras, que não precisam se prender a uma estrutura narrativa fixa, mas ainda
assim, sempre voltada para um conflito, um clímax. Leia a seguir um famoso
microconto de Ernest Hemingway:

Vende-se: sapatinhos de bebê nunca usados.

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O microconto apresenta um conflito único: vender sapatinhos de bebê que nunca
foram usados. O que nos leva a entender que as pessoas vendendo os sapatinhos
perderam o bebê.

Como falamos anteriormente, há uma diversidade de formas para a construção do


conto, portanto, existem algumas subcategorias:
contos fantásticos
contos realistas
contos populares
contos de terror
contos psicológicos
contos infantis
contos de humor
contos de fadas

Agora é sua vez! Escolha uma das subcategorias apresentadas e escreva um


conto.

Seu conto deve conter entre 25-30 linhas, no mínimo.

Não se esqueça de apresentar os personagens, o espaço, o tempo, o narrador e


desenvolver adequadamente o seu enredo, construindo um conflito e seu
desfecho.

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NOME:____________________________________

DATA: ____/____/____

ARTIGOS DE OPINIÃO

Violência contra a mulher: silêncios oprimem e matam


Carolina Taboada, Terine Husek

Um país que prioriza o fim da violência contra a mulher não silencia nem promove
cortes sucessivos de recursos para políticas de proteção

Há certa confusão sobre a função do Dia Internacional da Mulher. A data não


pretende ser uma celebração do que se considera “feminino” ou um momento de
congratulações. O 8 de Março é sobre ressaltar todas as injustiças, desigualdades e
violências ―visíveis e invisíveis, às quais seguimos expostas todos os dias―, e
propor avanços. A violência contra a mulher tem padrões muito peculiares e
particularmente complexos. Na maior parte das vezes, o agressor é uma pessoa do
círculo de confiança da pessoa agredida; frequentemente, ela vê motivos para
proteger seu agressor; atinge sobremaneira crianças e jovens; a violência física
costuma ser precedida de abusos verbais e psicológicos.

Quando se trata de segurança pública, uma sociedade mais saudável não depende
apenas de repressão a crimes. É necessário desenvolver políticas que
compreendam a origem da violência e, dessa forma, evitem que um crime ocorra. O
objetivo não deve ser simplesmente punir todos os crimes, mas, principalmente, ter
cada vez menos crimes para punir. O mundo ideal precisa de menos impunidade,
mas principalmente de menos vítimas.

Para combater a violência contra a mulher não precisamos, portanto, apenas de


punição dos culpados: precisamos de dados que informem justamente as raízes da
violência e permitam intervenções diretas nesses fatores. Quando iniciamos um
projeto com o objetivo de reunir em um único lugar dados sobre violência contra a
mulher, esperávamos colaborar com o poder público no combate à violência; ajudar
a sociedade a compreender a gravidade do problema; e apoiar mulheres que
sofreram ou sofrem violências, para que não se sintam sozinhas.

Os resultados desse trabalho estão presentes na Plataforma EVA - Evidências


sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas. Contudo, tão importante
(EM13LP45) Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista temas e acontecimentos de interesse local ou
global [...] artigos de opinião [...] vivenciando de forma significativa o papel de repórter, analista, crítico [...]

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quanto os dados obtidos é a ausência deles. As enormes lacunas mostram que não
se dá a devida importância a essa questão.

Governos que priorizam a redução da violência contra a mulher sabem informar, em


primeiro lugar, o número de mulheres que passou pelos sistemas públicos, para
além do número de boletins de ocorrência ou de entradas em hospitais (uma
mesma mulher pode passar por cada uma dessas situações diversas vezes,
enquanto muitas não o fazem nenhuma e sofrem caladas e sozinhas). Sabem
também informar a relação dos agressores com as pessoas agredidas, e o perfil das
vítimas: raça, faixa etária, se dependem economicamente dos seus agressores, se
têm filhos e o grau de escolaridade.

Um país que prioriza o fim da violência contra a mulher não aceita nem promove
cortes sucessivos de recursos para políticas de proteção. Não é leniente com (e
muito menos fonte de) toda sorte de ofensa direcionada a mulheres usando seu
gênero como forma de tentar diminuí-las. Não chama denúncias de assédio,
violência psicológica, desigualdade salarial e abandono paterno de “exageros”.

A dura conclusão é que a maior parte dos gestores e agentes públicos ainda não
reconhece, ou não compreende, a importância da produção de dados de qualidade
para a formulação de políticas públicas voltadas para a prevenção da violência e a
proteção das mulheres. Temos poucos exemplos do contrário, como o Dossiê
Mulher, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Por mais raros que sejam, exemplos como esse mostram que é possível produzir as
informações necessárias para apoiar políticas públicas com capacidade para
interromper ciclos de violência contra mulheres no Brasil.

Muito do que aprendemos com os dados públicos está disponível na plataforma


EVA. Mas os silêncios na informação ―os números não produzidos, não
compartilhados, não consolidados― também nos ensinaram bastante. Para
vencermos a violência contra mulheres precisamos romper todos os silêncios,
inclusive o dos dados.

Carolina Taboada e Terine Husek são pesquisadoras do Instituto Igarapé.


Fonte: https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-09/
violencia-contra-a-mulher-silencios-oprimem-e-matam.html

O texto que você acabou de ler se chama “artigo de opinião” e, como o próprio
nome já mostra, é caracterizado por apresentar a opinião do autor (ou autores) de
forma explícita no texto. Esse tipo de texto costuma ser encontrado em jornais,
revistas e portais de notícias de grande audiência.

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global [...] artigos de opinião [...] vivenciando de forma significativa o papel de repórter, analista, crítico [...]

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Um artigo de opinião é, antes de tudo, um texto dissertativo argumentativo, portanto,
toda análise, comentário ou explicação presente no texto tem o propósito de
defender uma tese, uma opinião, uma avaliação, etc.

O texto dissertativo, seja ele expositivo ou argumentativo, normalmente se organiza


em três grandes partes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Essas
partes correspondem, respectivamente às decisões que foram tomadas pelo autor
do texto acerca da melhor maneira de começar o texto, como encadear as
informações e finalmente encerrar sua argumentação, com o “recado dado”,
digamos assim.

Sabemos que uma introdução no texto dissertativo pode cumprir diversas funções,
principalmente apontar, de forma direta ou indireta, a questão chave, contextualizar
o tempo e o espaço envolvidos na questão, direcionar o caminho do debate, além
de esclarecer as motivações do autor que, afinal de contas, escreve esse artigo de
opinião com um objetivo específico.

Apesar de ser comum a opinião do autor aparecer logo na introdução, também é


possível encontrar textos dissertativos que esperam para formular essa tese durante
o desenvolvimento (ou até mesmo na conclusão!), apresentando-a como uma
consequência do raciocínio elaborado ao longo do texto, ou seja, a argumentação
do texto não deixa outra possibilidade que não a sugestão da tese que o autor
defende.

Decidir quando e de que forma apresentar a tese de um texto é parte fundamental


da estratégia argumentativa escolhida pelo autor, afinal, ele precisa explicar e
justificar suas opiniões por meio desses argumentos, que precisam estar bem
organizados ao longo do texto. A principal função do desenvolvimento do texto é
reunir as informações que sirvam de argumentos adequados para o embasamento
da tese.

Apesar de parecer para muitos apenas um encerramento do texto, a conclusão é o


ponto de chegada de todos os argumentos e raciocínios apresentados ao longo do
desenvolvimento, portanto, sua principal função é apresentar novamente, de forma
explícita, a opinião do autor. Por mais que essa opinião tenha aparecido na
introdução e talvez até no desenvolvimento, ela tem outro “peso” quando é
apresentada após todo o processo argumentativo, se tornando uma opinião
realmente fundamentada, se tornando uma tese.

Leia a seguir um outro exemplo de artigo de opinião.

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Protestos “Black lives matter” e outras manifestações contra o racismo
sistêmico e a brutalidade policial

Reflexão conjunta dos altos funcionários africanos das Nações Unidas*


ONU News, 15/06/2020

Um apelo desesperado a uma mãe que partiu há muito tempo. Implorando desde as
entranhas profundas da frágil humanidade. Respirando com dificuldade. Implorando
por misericórdia. O mundo inteiro ouviu o grito trágico. A família de nações viu seu
rosto bater contra o asfalto duro. Dor insuportável em plena luz do dia. Um pescoço
preso sob o joelho e o peso da história. Um gigante gentil, desesperadamente
agarrado à vida. Desejando poder respirar, livremente, até seu último suspiro.

Como líderes africanos nas Nações Unidas, as últimas semanas de protestos pelo
assassinato de George Floyd sob custódia policial, deixaram-nos indignados com a
injustiça da prática do racismo que continua difundida em nosso país anfitrião e em
todo o mundo.

Jamais haverá palavras para descrever o profundo trauma e o sofrimento


intergeracional que resultou da injustiça racial perpetrada ao longo dos séculos,
particularmente contra pessoas de ascendência africana. Apenas condenar
expressões e atos de racismo não é suficiente.

Devemos ir mais além e fazer mais.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que “precisamos


de alçar a voz contra todas as expressões de racismo e casos de comportamento
racista”. Após o assassinato do senhor George Floyd, o grito 'Black Lives Matter' [As
vidas de pessoas negras importam] que ecoou nos Estados Unidos e em todo o
mundo é mais do que um slogan. Realmente, eles não são apenas importantes mas
são essenciais para o cumprimento de nossa dignidade humana comum.

Chegou a hora de passar das palavras às ações.

Devemos isso a George Floyd e a todas as vítimas de discriminação racial e


brutalidade policial por desmantelar instituições racistas. Como líderes do sistema
multilateral, acreditamos que nos cabe a nós falar por aqueles cujas vozes foram
silenciadas e advogar por respostas efetivas que contribuam para combater o
racismo sistémico, um flagelo global que se perpetuou ao longo dos séculos.

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O assassinato chocante de George Floyd está enraizado num conjunto mais amplo
e intratável de questões que não desaparecerão se as ignorarmos. É hora da
Organização das Nações Unidas intervir e agir, decisivamente, para ajudar a acabar
com o racismo sistêmico contra pessoas de ascendência africana e outros grupos
minoritários “na promoção e incentivo ao respeito pelos direitos humanos e pelas
liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou
religião”, conforme estipulado no primeiro artigo da Carta das Nações Unidas. A
base das Nações Unidas é a convicção de que todos os seres humanos são iguais
e têm o direito de viver sem medo de perseguição.

Foi no auge do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e durante a
emergência das nações africanas independentes pós-coloniais, que ingressaram
nas Nações Unidas, que a Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial (Icerd) entrou em vigor em 1969.

Este foi um momento crucial na história. O colapso do apartheid na África do Sul,


impulsionado em parte pelas Nações Unidas, foi uma das realizações de maior
orgulho para a organização.

Os direitos humanos e a dignidade das pessoas negras na África e em toda a


diáspora africana ressoaram como um poderoso sinal para as gerações futuras, de
que as Nações Unidas não fechariam os olhos à discriminação racial nem tolerariam
a injustiça e o fanatismo sob a proteção de leis injustas. Nesta nova era, as Nações
Unidas devem, da mesma maneira, usar sua influência para lembrar novamente os
assuntos inacabados de erradicar o racismo e instar a comunidade das nações a
remover a mancha do racismo na humanidade.

Saudamos as iniciativas do secretário-geral para fortalecer o discurso global anti-


racismo, que nos permitirá enfrentar o racismo sistêmico a todos os níveis, bem
como seu impacto onde quer que exista incluindo a própria Organização das
Nações Unidas.

Se quisermos liderar, devemos fazê-lo pelo exemplo. Para iniciar e sustentar


mudanças reais, também devemos ter uma avaliação honesta de como defendemos
a Carta da ONU na nossa instituição.

A nossa expressão de solidariedade está de acordo com nossas responsabilidades


e obrigações como funcionários internacionais de se defender e se manifestar
contra a opressão. Como líderes, partilhamos as crenças centrais e os valores e
princípios consagrados na Carta das Nações Unidas que não nos deixam a opção
de permanecer em silêncio.
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Comprometemo-nos a fazer uso da nossa experiência, liderança e mandatos para
abordar as causas profundas e as mudanças estruturais que devem ser
implementadas se quisermos acabar com o racismo.

Quase 500 anos após o início do revoltante comércio transatlântico de africanos,


chegamos a um ponto crítico no arco do universo moral, quando nos aproximamos
em 2024 do final da Década Internacional para Pessoas de Ascendência Africana, a
apenas quatro anos. Vamos usar a nossa voz para cumprir as aspirações das
nossas comunidades que esperam que as Nações Unidas exerçam o seu poder
moral como instituição para impulsionar a mudança global. Vamos usar nossa voz
para contribuir para a realização da própria visão transformadora da África contida
na Agenda 2063, que é consistente com a Agenda 2030.

A África é o berço da humanidade e o precursor das civilizações humanas. A África


como continente deve desempenhar um papel definitivo se o mundo quiser alcançar
o desenvolvimento sustentável e a paz. Esse era o sonho dos fundadores da
Organização da Unidade Africana, que também era a forte crença de líderes
importantes como Kwame Nkrumah e intelectuais eminentes como Cheikh Anta
Diop.

Nunca devemos esquecer as palavras do Presidente Nelson Mandela: "Negar às


pessoas seus direitos humanos é desafiar sua própria humanidade". Vamos sempre
ter em mente a advertência da líder de direitos civis Fannie Lou Hamer: "Ninguém é
livre até que todos sejam livres", ecoado pelo Dr. Martin Luther King Jr., "A injustiça
em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todos os lugares".

As suas palavras foram incorporadas mais tarde ao arco-íris da diversa nação da


África do Sul, como soletrado pelo pacificador Arcebispo Desmond Tutu, quando
afirmou que `` a libertação dos negros é um pré-requisito absolutamente
indispensável para a libertação dos brancos - ninguém será livre até que todos
sejamos livres . ”

(*) Todos os signatários listados abaixo são altos funcionários da ONU que ocupam o cargo de
subsecretário-geral. Eles assinaram este artigo de opinião como indivíduos independentes. Este
artigo não expressa a opinião das Nações Unidas

Agora é sua vez de produzir um artigo de opinião!


Antes disso, vamos a alguns pontos importantes para a construção desse gênero
textual.

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Escolha um tema relevante no seu meio social (cidade, escola, clubes ou grupos
de interesses em comum).

Escolha um tema sobre o qual você de fato tenha uma opinião (e que seja
possível embasá-la por meio de argumentos e dados).

Lembre-se de pesquisar bem sobre o assunto antes de produzir o seu texto,


buscando não apenas fontes que concordem e fortaleçam o seu ponto de vista,
mas também aquelas que são contrárias (e quais são os argumentos que
embasam tais pontos de vista).

Um artigo de opinião precisa apresentar dados e informações que justifiquem


essa argumentação. Não é porque é sua opinião que você pode produzir o texto
sem sustentação argumentativa.

Organize suas ideias e objetivos antes de começar o seu texto, e lembre-se que
você pode (e deve) reescrevê-lo antes de decidir uma versão final.

Seu texto deve apresentar título, autoria e possuir entre 25 e 30 linhas, no


mínimo.

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NOME:____________________________________

DATA: ____/____/____

RESENHA CRÍTICA

Ramos, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2008.

VIDAS ETERNAMENTE SECAS

Mariana Passos Ramalhete Guerra

Árido, seco, hostil, áspero. Ler a obra de Graciliano Ramos é como tocar na terra do
sertão nordestino e sentir integralmente a dureza e a agressividade num lugar onde
o destino é condicionado por um sol que brilha como se existisse unicamente para
castigar seus habitantes. É como apalpar e vivenciar um ambiente onde qualquer
possibilidade de sonho e vida secam.

Publicado em 1938, “Vidas Secas” de Graciliano Ramos (1892-1953), uma das


obras mais valiosas e expressivas da Literatura Brasileira, se conjuntura no cenário
literário do Modernismo: a “Geração de 30”. Inserido num contexto regionalista, a
obra expõe, com maestria, os crudelíssimos problemas da seca do sertão
nordestino e da opressão social vivenciada pelos retirantes. O livro exibe de modo
abrupto e inquietante a história da degradada família composta por Fabiano, Sinhá
Vitória, Menino mais novo, Menino mais velho e pela cachorra Baleia. Flagelados,
miseráveis, famintos e raquíticos, possuem uma vida mais que “dura”: é uma
subvida nordestina

A caatinga e a seca, obrigatoriamente, fomentam-lhes comportamentos nômades


na busca incessante por sobrevivência. Por conseguinte, esse anseio torna-se um
ciclo, no qual há sempre um recomeço, e, sem destino, só lhes resta a opção de
retirada. Logo, o romance adquire dimensão praticamente épica, ao problematizar
de modo lúcido, a flagrante realidade das exasperantes e perenes condições de
sobrevivência no sertão, definida concretamente pela viagem sem rumo da família
dos desprovidos ao extremo. Reproduz, metonimicamente, por meio do relato dos
“sem destino”, o drama, que no Brasil, geralmente ultraja multidões de errantes em
busca de uma vida melhor.

(EM13LP53) Produzir apresentações e comentários apreciativos e críticos sobre livros, filmes, discos, canções,
espetáculos de teatro e dança, exposições etc. [...]

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As misérias dos personagens são narradas em terceira pessoa. O autor divide, a
seu bel prazer, o livro em treze capítulos que narram a retirada, a permanência na
fazenda e uma segunda retirada. Tais fatos são narrados a uma maneira bem
peculiar e paradoxal: os capítulos mantêm certa autonomia, fragmentação e
interdependência, todavia Graciliano Ramos os justapõe harmoniosamente. É por
trás dessa composição aparentemente desconexa, que se configura uma relação,
quase que umbilical, entre a linguagem e a temática social da produção. Graciliano
explora com talento a descontinuidade dos episódios, focalizando singularmente, o
traço dominante no caráter de cada integrante da família.

Os personagens supracitados representam uma típica família sertaneja nordestina:


pobre, miserável, e extremamente faminta a ponto de procurar raízes para saciar
sua fome e comer um papagaio, que era um de seus bichos de estimação:
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio.
Coitado, morrera na areia do rio onde haviam descansado, à beira de
uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia
comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não
guardava lembranças disso. (RAMOS, 2008, p.11).

Já no capítulo inicial, verifica-se um vocabulário mais direto, rude e seco, a fim de


representar seus interlocutores, o ambiente e as condições socioeconômicas que os
cercam. Em seu estilo refinado e frugal, Graciliano adota uma linguagem comedida,
ora pelo uso moderado de adjetivações, ora pelo uso de frases breves, concisas.
Assim, recria, de forma espetacular, a secura de vida dos personagens e da
paisagem nordestina.

Nesse mesmo fio condutor, as adjetivações são restritas ao máximo. O autor


descreve suas criaturas de maneira bem simples, como o ambiente e o meio social
em que vivem exigem. Fabiano era vaqueiro; Sinhá Vitória era dona de casa que
desejava a “cama com lastro de couro”. As crianças sequer não são nomeadas. O
menino mais novo, ingênuo, vê no pai um modelo a ser seguido. O menino mais
velho, curioso e inquieto. E por último a cachorra Baleia, magra, faminta e
manifestando comportamentos humanos. A passagem a seguir, explica melhor:
“Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o
pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam
pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.” (RAMOS, 2008, p.37)

Assim, a referência à secura é flagrante em todo o livro. O tratamento da linguagem,


por exemplo: praticamente não existem diálogos. Os personagens se comunicam
por interjeições, onomatopéias, “rugidos”, “grunidos”, resmungos e expressões
monossilábicas:
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“Mas Sinhá Vitória não queria saber de elogios. ___ Arreda!” (RAMOS, 2008, p. 40).

Essa comunicação escassa e limitada é mostrada com mais veemência na


passagem a seguir:
Na beira do rio haviam comido papagaio que não sabia falar.
Necessidade. Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava
nomes arrevezados, por embromação. Via perfeitamente que tudo
era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. (RAMOS,
2008, p.36).

Em seu estilo depurado e sóbrio, pelo uso escasso do vocabulário, comedido de


adjetivos e abuso de frases curtas, a obra romanesca reitera e amplia a
problemática social de personagens que são tão rústicos e marginalizados, que não
possuem nem uma das mínimas condições de sobrevivência que é a comunicação.
Condição essa (linguagem), que diferencia o ser humano dos outros “bichos”.

O discurso indireto livre cria também, uma convergência entre o que está sendo
narrado e o leitor. O que caracteriza esta refinada técnica é a ambigüidade
resultante da fusão entre o discurso no narrador e as falas ou pensamento dos
personagens: “Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de
mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de
alforria!” (RAMOS, 2008, p. 94). Essa engenhosa técnica corrobora para a reflexão
acerca das condições inimagináveis e desumanas de sobrevivência, acirrando
ainda mais os aspectos sociais da obra. Em todo livro permite-se entrever marcas
do contexto histórico-social da saga do povo do sertão nordestino. Em “Vidas
Secas” ouve-se a voz deste povo. Ouve-se a voz dos personagens de poucas falas.

Graciliano Ramos penetra no pensamento, na carne, nos ossos e na alma de cada


um dos membros da família de Fabiano, expondo a atroz realidade desses
nordestinos. Escancara e magreza e a ela não lhe dá um enfoque ornamental;
“pinta” um infeliz quadro acerca da realidade do sertão nordestino de sua época,
sem, contudo, isentá-lo do cenário nacional que, da mesma forma, conserva-se tão
excludente. Destarte, o autor permite que o leitor, mais curioso, remexa nas gavetas
da sua produção literária, e visualize a obra não apenas como reflexo de uma
realidade, mas ação relevante e atual da dinâmica de uma região extremamente
castigada. Eis, pois, o convite.

Tanto a atmosfera social como a física, ofuscam, bloqueiam e impedem uma


melhora de vida: a natureza é austera e o “chicote” das condições socioeconômicas
aflige, tal qual animais, os personagens. A vida, nesse sentido, torna-se de todas as
formas, eternamente seca.
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Por trás dos eventos narrados, subjaz permanentemente, a utopia de justiça social.
Isso se manifesta no anseio maior que congrega todos os personagens em torno de
uma aspiração comum: o direito à fala, à comida, à moradia, enfim, à cidadania.
Todavia, a seca bloqueia qualquer intento de acesso a esses direitos. Como um
caçador à procura de sua caça, permanece sempre à espreita, à espera do
momento de aniquilar qualquer chance de defesa. Ela calcina o corpo e a alma dos
personagens, até nos relacionamentos interpessoais. Paralelamente, a exploração
econômica é leviana e calcina tanto quanto a seca, à medida que contribui para a
perenização de uma estrutura social profundamente dispare, injusta e
concentradora.

O romance aguça o olhar crítico com alusão, particularmente, à miséria e às


relações de poder e subserviência, ainda existentes em território nacional. O
assunto abordado em Vidas Secas ainda não se alterou e tal imutabilidade permite-
nos uma sensação desconfortante, um incômodo, visto que não caminhamos
adiante.

Por tudo isso “Vidas Secas” é um romance áspero e rude, e, de forma contundente,
já apontava a urgência na reforma agrária e social do país há mais de 70 anos. É
uma obra clássica, mas inquietante e questionadora que quase escancara que o
“sol nasce para todos”, mas a sombra, não.

Certamente esse livro é um grito. Enquanto houver crianças e adultos à beira da


morte por causa da fome, da miséria, do descaso... a obra continuará sendo atual, e
permanecerá sendo, seguramente, um brado contra a opressão, exclusão e
distribuição desigualitária de renda. E nessa certeza me arraigo e dela não largo
para anteceder aqui meu ponto final.

Fonte: https://www.e-publicacoes.uerj.br/palimpsesto/article/download/35185/24893/117257

Uma resenha crítica é um texto que se propõe a avaliar uma manifestação cultural
(filmes, livros, peças de teatro, shows, exposições, etc.). Sua função social é
comentar e avaliar essas obras culturais para que o leitor possa, com essas
informações em mãos, avaliar se determinada produção é de seu interesse.

O gênero resenha crítica pode ser encontrado em diferentes veículos de


comunicação - jornais, revistas, blogs, portais de notícias - e, a depender do meio
no qual é publicado, sua construção pode voltar-se para diferentes públicos,
buscando adaptar-se ao que determinado leitor espera encontrar nesse texto.

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A resenha crítica é um texto opinativo, ou seja, apresenta de forma predominante o
ponto de vista do autor sobre o que está sendo resenhado. O texto não precisa
convencer o leitor a concordar com a opinião do resenhista, mas deve buscar
transmitir de forma convincente e embasada o ponto de vista do autor - ainda que o
leitor não esteja de acordo com ele no final.

Sendo um texto opinativo, a resenha apresenta algumas características básicas,


sendo a principal delas a estrutura composta de título, introdução, desenvolvimento
e conclusão. O título pode repetir o da obra resenhada ou ainda ser de criação do
resenhista, funcionando para instigar a curiosidade do leitor.

A introdução deve apresentar um breve resumo da obra que será analisada e


durante o desenvolvimento devem ser apresentados os argumentos que justifiquem
o ponto de vista do autor - seja ele favorável ou não.

Na conclusão, o resenhista pode retomar os principais pontos discutidos ao longo


do seu argumento, além de ser uma possibilidade de informar de forma mais
impactante e objetiva se determinada obra é recomendada ou não.

Alguns cuidados são importantes quando vamos produzir uma resenha crítica. O
primeiro deles é ler e anotar os principais aspectos da obra a ser avaliada. Se for
um livro, lê-lo por completo, de preferência mais de uma vez, anotando e
destacando informações importantes e relevantes para a produção da resenha. Se
for uma obra audiovisual, como um filme ou uma série, é interessante buscar
informações sobre as pessoas envolvidas na produção, procurando entender os
aspectos que se destacam na produção e de que lugar surgiram.

Outro ponto importante é o levantamento de argumentos a fim de defender (ou não)


a obra analisada. Afinal, sabemos que não é porque um texto apresenta uma
opinião que ele não precisa de embasamento argumentativo adequado.

Lembre-se que o leitor da resenha pode não ter conhecimento prévio algum acerca
da obra resenhada, portanto, é de extrema importância iniciar o texto apresentando
as informações básicas da obra em questão, de forma clara, objetiva e acessível.

Com essas dicas em mente, produza sua própria resenha crítica, de no mínimo 30
linhas, sobre uma manifestação cultural de sua preferência. Não se esqueça do
título, de referenciar a obra analisada, de usar paráfrases, citações diretas (se
possível) e argumentar seu ponto de vista de forma coerente. Revise seu texto!

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NOME:____________________________________

DATA: ____/____/____

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Ação humana transformou 89% da Caatinga
Biólogos concluem que restam 11% da vegetação nativa típica do Nordeste
Carlos Fioravanti - Edição 335 jan. 2024

A expansão da agricultura, da pecuária e do desmatamento tem causado mudanças


drásticas na Caatinga. As áreas agrícolas e pastagens abandonadas ou em uso
cobrem 89% desse bioma, único inteiramente brasileiro, que se espalha por 10
estados do Nordeste e Sudeste. Restam apenas 11% da área coberta pela
vegetação típica do Nordeste, em comparação com a que deve ter existido, sob as
mesmas condições de clima e solo, antes da ocupação humana, de acordo com
análises de biólogos das universidades federais da Paraíba (UFPB) e de
Pernambuco (UFPE) publicadas em outubro na revista Scientific Reports.

“A Caatinga resiste ao clima e a temperaturas mais altas, mas não à mão do


homem”, observa o biólogo da UFPB Helder Araujo, principal autor do estudo. Com
seus colegas, ele refez a área de florestas e de vegetação arbustiva da Caatinga
por meio de um método chamado modelagem de distribuição potencial de espécies,
com indicadores como aves de florestas atuais e mamíferos herbívoros que viveram
no atual Nordeste há milhares de anos.

Em seguida, os pesquisadores acrescentaram informações sobre a cobertura


vegetal atual da Caatinga, publicadas pela organização não governamental
MapBiomas, o clima, da plataforma WorldClim, e as modificações humanas na
região apresentadas na revista Scientific Data em agosto de 2016. A análise das
transformações em 12.976 hexágonos com 5 quilômetros quadrados (km²) cada um
evidenciou as áreas que permaneceram cobertas por floresta e as que foram
ocupadas por uma vegetação de menor porte. “A maior parte da área
potencialmente ocupada por floresta hoje é tomada por arbustos”, observa Araujo.

De acordo com esse estudo, a área que deve ter sido ocupada por florestas, de
731.211 km², correspondentes a 84,6% da área total do bioma, caiu para 31.793
km², ou 4% do total (ver mapa). A vegetação arbustiva avançou 390% sobre as
matas fechadas e mais densas.

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diferentes áreas do conhecimento, identificando sua organização tópica e a hierarquização das informações [...]

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Outros estudos consideram as áreas
modificadas como vegetação nativa,
que de fato é, pois são plantas da
região, mas com algum grau de
degradação ambiental, porque foram ou
são tomadas por uma vegetação
modificada ou pela agropecuária”,
comenta Araujo. “A vegetação
secundária não consegue voltar a ser
floresta novamente, mesmo depois de
décadas.” Além disso, acentua o
pesquisador, por causa da maior
exposição ao Sol, haverá menos água
no solo quanto menor for a cobertura
vegetal.

Com metodologias diferentes, o


Ministério do Meio Ambiente e
Mudança do Clima calculou que restam
53% da Caatinga e a organização não
governamental MapBiomas estimou em
47%. Em seu mapeamento mais
recente, de 2022, o MapBiomas
registrou a expansão da agropecuária,
iniciada no século XVI e atualmente
responsável por 35% da área da
Caatinga. É o mesmo valor do
levantamento publicado na Scientific
Reports, que registra também 1,6% da
área sem vegetação, ocupada por
cidades ou áreas em processo de
desertificação.

“Com imagens de satélite conseguimos mapear com precisão as áreas de uso por
agricultura, que têm contornos bem definidos, mas as áreas de uso por pastagens
podem ser confundidas com áreas naturais não florestadas, a Caatinga herbácea”,
informa o coordenador do MapBiomas Caatinga, o geólogo Washington Rocha, da
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). “O método atualmente utilizado
mapeia bem as áreas de Caatinga florestada e arbóreo-arbustiva, mas não permite
distinguir com precisão áreas naturais daquelas com vegetação regenerada ou
restaurada.”
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Os ecólogos Marcelo Tabarelli, que trabalhou com Araujo, e Inara Leal, ambos da
UFPE, identificaram um dos efeitos da derrubada das matas nativas para cultivo ou
pastagem: o aumento no número de ninhos de saúva, que chegam a até 3 metros
(m) de profundidade, retardam o crescimento da vegetação quando a área é
abandonada.

Restauração
Araujo, Tabarelli e pesquisadores de outras instituições examinam as possibilidades
de recuperação da vegetação nativa. Outros estudos do grupo, publicados na Land
Use Policee Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change, indicaram que
a perda de água do solo, comum em áreas degradadas, poderia ser evitada quando
as matas nativas ocupassem 50% da propriedade rural. De acordo com esses
trabalhos, áreas com mais vegetação nativa que os 20% obrigatórios por lei são
mais produtivas, principalmente durante os anos de estiagem.

Experimentos em campo conduzidos pela ecóloga Gislene Ganade, da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, acenam com caminhos promissores
ao registrar uma sobrevivência acima de 80% de mudas cultivadas em viveiros de
plantas e levadas para o campo quando as raízes atingem 1 m de comprimento.
“A restauração e a agropecuária bem-feita poderiam reverter o cenário de
degradação e pobreza que atualmente marca a Caatinga”, conclui Araujo. Em 2020,
o programa Nexus Caatinga, que ele coordena, publicou um livreto, com sugestões
de técnicas para a conservação de água, como a rotação de culturas e a integração
entre lavoura e pecuária.

Artigos científicos
ARAUJO, H. F. P. et al. Human disturbance is the major driver of vegetation changes in the Caatinga
dry forest region. Scientific Reports. v. 13, 18440. 27 out. 2023.
ARAUJO, H. F. P. et al. Vegetation productivity under climate change depends on landscape
complexity in tropical drylands. Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change. v. 27, n.
54. set. 2022
ARAUJO, H. F. P. et al. A sustainable agricultural landscape model for tropical drylands. Land Use
Policy. v. 100, 104913. jan. 2021.
VENTER, O. et al. Global terrestrial human footprint maps for 1993 and 2009. Scientific Data. v. 3,
160067. 23 ago. 2016.

Livros
ARAUJO, H. F. P. Nexus – Água, energia e alimento na região mais seca do Brasil: Informativo
prático sobre princípios de paisagens agrícolas sustentáveis. Areias, PB. 2020.
MAPBIOMAS. Destaques do mapeamento anual da cobertura e uso da terra no Brasil de 1985 a
2021 – Caatinga. out. 2022.

Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/acao-humana-transformou-89-da-caatinga/

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Encontradas pela primeira vez moléculas orgânicas complexas no gelo de
estrelas nascentes
Etanol e mais dois compostos na fase sólida foram identificados pelo telescópio
James Webb
Marcos Pivetta - Edição 339 mai. 2024

Moléculas orgânicas complexas consideradas ingredientes das reações químicas


que podem levar ao surgimento da vida foram identificadas pela primeira vez em
gelos em torno de duas estrelas nascentes. Esse tipo de composto, formado por
pelo menos 6 átomos que incluem carbono, oxigênio e hidrogênio, já tinha sido
encontrado no estado gasoso em outras protoestrelas, que estão nos primórdios de
sua formação e ainda não têm planetas ao seu redor. Sua detecção como um sólido
havia sido prevista por experimentos em laboratório, mas nunca fora obtida de
forma inequívoca por meio de observações astronômicas. Agora, segundo artigo
publicado em março na revista Astronomy & Astrophysics, a assinatura química de
pelo menos três moléculas orgânicas complexas foi observada, sem margem de
dúvida, nas estrelas IRAS 2A e IRAS 23385. A primeira dista 975 anos-luz da Terra
e a segunda 16 anos-luz.

A molécula mais famosa identificada foi o


etanol (CH3CH2OH), o álcool etílico
presente na cerveja, vinho e em outras
bebidas. Outra razoavelmente conhecida
foi o acetaldeído (CH3CHO), um dos
agentes responsáveis pela sensação de
ressaca depois de beber em excesso. O
terceiro composto identificado é menos
familiar: o metanoato de metila
(CH3OCHO), que pode ser usado como
solvente do acetato de celulose e
inseticida. Com um grau de certeza
menor, também foi registrado no gelo
interestelar indício de ácido acético
(CH3COOH), principal ingrediente do
vinagre.

O artigo mostra que moléculas orgânicas


complexas podem se formar no gelo em Imagem em infravermelho obtida pelo telescópio
James Webb de região próxima à protoestrela
torno das protoestrelas. Vários trabalhos IRAS 23385 (maior ponto branco em destaque).
de laboratório sugeriam que isso era NASA, ESA, CSA, W.R.M. Rocha / Leiden

possível, mas não havia nenhuma

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observação que comprovasse essa ideia”, explica o astrofísico brasileiro Will Rocha,
primeiro autor do trabalho, que faz pós-doutorado na Universidade de Leiden, nos
Países Baixos. “Por estarem presentes no gelo, essas moléculas teriam menor
chance de serem destruídas pela radiação e poderiam sobreviver ao processo de
evolução de uma protoestrela.” Dessa forma, em tese, poderiam ser inseridas em
planetas em formação e servir de matéria-prima para a formação de moléculas
necessárias para o surgimento de vida, como os aminoácidos.

O registro foi obtido com um dos espectrógrafos a bordo do telescópio espacial


James Webb, projeto das agências espaciais norte-americana (Nasa), europeia (Esa)
e canadense (CSA). Esse tipo de instrumento dispersa a luz proveniente de um
objeto astrofísico e permite, entre outros parâmetros, inferir sua composição química.

Para o astrofísico Sergio Pilling, coordenador do Laboratório de Astroquímica e


Astrobiologia da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), o trabalho reforça a
hipótese de que certa química orgânica complexa ocorre em grãos gelados antes de
serem incorporados às fases gasosas ou até mesmo aos corpos planetários.
“Compreender a abundância e a distribuição dessas moléculas no espaço pode
fornecer insights sobre a habitabilidade potencial de outros planetas”, comenta Pilling,
que não participou da equipe responsável pelo estudo. Uma das estrelas nascentes,
a IRAS 2A, se parece com o Sol no início de sua existência e pode ser útil para
entender sua origem.

Artigo científico
ROCHA, W.R.N. et al. JWST Observations of Young protoStars (JOYS+): Detecting icy complex
organic molecules and ions. Astronomy & Astrophysics. 13 mar. 2024.

Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/encontradas-pela-primeira-vez-
moleculas-organicas-complexas-no-gelo-de-estrelas-nascentes/

VIDROS E CRISTAIS: EXISTE DIFERENÇA?


Publicado no Jornal “A Tribuna”, dia 20/05/2007, domingo, página 2A, São Carlos, SP.

Na coluna passada, tratamos do tema cristais e o seu verdadeiro poder ­o seu uso em
tecnologias que nos beneficiam diariamente. Acontece que, o termo cristal também é
usado para rotular produtos com propriedades de elevada transparência, incolores,
quebradiços e que apresentam um som agudo quando sofrem uma pequena batida.
De onde surgiu a ideia para esta associação? Podemos dizer que os cristais naturais,
como o quartzo (os mesmos encontrados em abundância pelo país e nas lojas
esotéricas) e as geleiras, presentes em regiões de frio intenso, que apresentam estas
propriedades, podem ter sido responsáveis por estimular os artistas de séculos
passados a fazer esta associação quando trabalhavam com vidros.
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Você deve estar pensando: a taça de cristal, os lustres e outros objetos encontrados
no comércio são, então, feitos de vidros? A resposta é sim! Vamos ver como é isso.

A taça e os outros objetos são feitos, na verdade, de um vidro especial à base de


areia (sílica), óxido de chumbo e outros componentes químicos. Calma! Não se
assuste com os nomes e não há problema para a saúde. O que estes materiais
fazem no vidro é produzir um efeito similar à de um cristal, como a elevada
transparência, ser incolor e frágil. O tilintar das taças no tradicional brinde de muitos
casamentos é um momento esperado e revela toda a pureza e qualidade das taças.
Saúde!

Mas, o que difere o vidro de um cristal sob o olhar da ciência? Como dissemos na
semana passada, o arranjo de átomos (pode ser também de moléculas ou íons) em
uma configuração geométrica específica, de modo a produzir uma unidade básica que
se repetirá em todas as direções, são os cristais. E os vidros?

Os vidros são o que os cientistas chamam de sólido não-­cristalino em que não está
presente a configuração geométrica específica de maneira periódica ao longo de todo
o sólido. Isto significa dizer, para voltar no exemplo da semana passada, que não
temos uma unidade básica (um cubo menor) que será a responsável pelo
aparecimento do vidro (cubo maior). O que temos em materiais vítreos é pequenos
arranjos muito localizados de átomos ou íons que se distribuem através de todo o
sólido. A natureza intrínseca dos vidros é muito diferente dos cristais, por isso são
chamados de não­cristalinos

Agora você deve ter percebido que o armário envidraçado que algumas pessoas
possuem em casa com nome de cristaleira tem um significado muito particular. Os
vidros que compõem o móvel têm propriedades muito específicas. Também, quando
for adquirir espelhos ou outros objetos nas vidraçarias da cidade, você vai estar
sabendo que o espelho cristal que o vendedor está oferecendo é um vidro especial.
Esteja, então, atento à qualidade.

Portanto, não confunda mais. Vidro cristal, utilizado na fabricação de taças, lustres,
entre outros objetos, de marcas famosas, como Baccarat, Tiffany ou Saint ­Louis, ou
não, com cristais propriamente dito, como o diamante, as esmeraldas, o açúcar e o
silício usado nos chips dos computadores.

Antonio Carlos Hernandes, professor associado do Instituto de Física de São Carlos, da USP, e coordenador de
difusão do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos da FAPESP. e­mail:
[email protected]
Fonte: https://encurtador.com.br/bmzO8

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Os textos que você acabou de ler são chamados textos de divulgação científica.
Esses textos têm o propósito de compartilhar informações científicas, resultados de
pesquisas e conceitos científicos.

O texto de divulgação científica pode ser voltado para o público leigo, ou seja, o
público que não conhece tanto sobre o assunto, ou para o público especializado,
como outros cientistas e profissionais da ciência.

Independente do público, a garantia da compreensão do leitor é fundamental em um


texto de divulgação científica, afinal, o objetivo do texto é transmitir o conhecimento
para o maior número de pessoas possível. Portanto, costumam utilizar uma
linguagem explicativa, didática, simples, objetiva e acessível, ainda que apresentem
dados e informações relativamente complexas.

Por mais que o visem acessibilizar informações, o texto de divulgação científica


precisa apresentar um embasamento teórico, e por isso apresentam teorias e
conceitos que talvez não sejam de conhecimento geral - mas, normalmente, são
acompanhados de explicações. Além disso, é importante esse tipo de texto
apresentar ideias, descobertas e resultados, sempre que possível.

O gênero apresenta uma predominância do tipo textual expositivo, haja visto que
apresenta temas e procura explicá-los para garantir a compreensão do leitor. Outro
ponto interessante é a possibilidade de apresentar elementos não verbais ou mistos,
como gráficos, fotos, infográficos, ilustrações, etc.

Nos três textos lidos, podemos perceber que não há uma única forma de se produzir
um texto de divulgação científica. No primeiro texto lido, o caráter do texto é mais
sério, mais preocupante, apresentando um gráfico com informações importantes e
possui uma extensão um pouco maior. O texto foi publicado pela revista Pesquisa
FAPESP, que é especializada em divulgar a produção científica e tecnológica no
Brasil. A revista busca ampliar o acesso aos resultados e descobertas científicas para
pessoas e instituições, apresentando assim textos que podem ser mais complexos e
outros mais simples.

O segundo texto lido já apresenta um caráter de novidade, trazendo uma informação


científica importante, interessante, mas sem um tom de perigo. O segundo texto
também apresenta um recurso não verbal, a imagem em infravermelho obtida pelo
telescópio e que é a descoberta base da divulgação. O texto é um pouco mais curto
do que o primeiro, mas não deixa de apresentar nenhuma informação essencial para
o entendimento do leitor. Esse texto também foi publicado na Revista FAPESP.

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Já o terceiro texto apresenta uma informação científica interessante, responde uma
dúvida comum das pessoas e trata do assunto de forma leve e didática. O texto foi
publicado no Jornal “A Tribuna” e foi escrito por um professor universitário. Podemos
perceber que, apesar do tom mais descontraído, que é apropriado, tendo em mente o
meio em que essa coluna é publicada, o autor não deixa de trazer dados e
informações importantes para que o leitor possa compreender o processo de
produção do vidro e de formação do cristal.

Como podemos perceber, ainda que possuam a estrutura básica de um texto


dissertativo - introdução, desenvolvimento e conclusão - os textos de divulgação
científica são livres para assumirem uma configuração que melhor funcione com o
tema abordado, com o público alvo e com o suporte em que será publicado - por
exemplo, os textos publicados na Revista FAPESP apresentam a bibliografia, ou seja,
as fontes e referências pesquisadas para a produção do texto, enquanto o texto
publicado no jornal A Tribuna não apresenta essa informação.

Agora, vamos produzir um texto de divulgação científica!

Primeiro, é importante escolher bem uma ideia que será apresentada. Para isso,
pense em algo que desperte o seu interesse e sobre o que você gostaria de
pesquisar acerca desse assunto.

Após escolher o seu tema e a sua ideia, é preciso fazer uma pesquisa aprofundada
para encontrar dados e fatos que vão embasar o seu texto, ou seja, que vão dar ao
seu texto o caráter de divulgação científica. Procure em diferentes fontes, apresente
dados e referências, além de pesquisas e dados, se possível. Lembre-se que seu
texto é tão bom quanto a sua pesquisa.

Na hora de iniciar sua produção textual em si, apresente o tema de modo simples e
didático, aproximando-o do leitor e usando sua introdução para situar e atrair esse
leitor.

Apresente suas estratégias argumentativas, os dados pesquisados e as informações


complementares ao longo do seu desenvolvimento e utilize a conclusão para pontuar
reflexões pertinentes acerca do assunto, além de apresenta os resultados e
conclusões da pesquisa.

Se for possível, apresente elementos não verbais para enriquecer o seu texto e
auxiliar a compreensão do leitor sobre o assunto. Seu texto deve ter no mínimo 40
linhas.

(EM13LP31) Compreender criticamente textos de divulgação científica orais, escritos e multissemióticos de


diferentes áreas do conhecimento, identificando sua organização tópica e a hierarquização das informações [...]

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NOME:____________________________________

DATA: ____/____/____

PARÓDIA

Canto de regresso à pátria


Oswald de Andrade
Pau-brasil (1925)

Minha terra tem palmares


Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas


E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas


Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra


Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO


Carlos Drummond de Andrade
A Rosa do Povo (1945)

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.

(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

Onde é tudo belo


e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e


voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.

Canção do Exílio
Murilo Mendes
Poesias (1925-1955) (1959)

Minha terra tem macieiras da Califórnia


onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade


e ouvir um sabiá com certidão de idade!

Nova canção do exílio


Luis Fernando Veríssimo
Revista de Domingo. Jornal do Brasil (1978)

Minha terra tem Palmeiras Minha terra tem palmeiras


Coríntians, Inter e Fla, mas anda escasso o arvoredo.
mas pelo que se viu na Argentina Tudo se corta, queima e derruba
não jogam mais futebol por lá. menos, claro, o Figueiredo.

Os amigos que aqui gorjeiam Minha terra tem primores


dizem que a coisa vai aos trancos. de que os amigos me falam até tarde.
Falam de promessas de abertura Lembro samba, feijoada, bons papos,
e de um suposto novo Santos. mas quem é essa Bruna Lombardi?

Nosso céu tem mais estrelas, Nossos bancos têm mais juros
mas no chão continua o assombro: nossos corruptos mais favores
a melhor conjunção do horóscopo nossos pobres mais desgraça
é a de quatro estrelas no ombro. nossa vida mais amores.

Nossas várzeas têm mais flores O sabiá, eu sei, já não canta


nossas flores mais pesticidas. por questões ecolo-genéticas.
Só se banham em nossos rios Mas ninguém sentiu muita falta,
desinformados e suicidas. agora existem as Frenéticas.

Nossos bosques têm mais vida Descobriram um sabiá renitente


porque nas cidades se morre. que insistia em cantar, por mania.
Quando não é assaltante ou vizinho Seu número não passou na Censura:
é um motorista de porre. ele insistia em cantar “Anistia!”.

Em cismar, sozinho, à noite Leio Veja, IstoÉ, JB,


mais prazer encontrava eu lá. mas o pacote chega atrasado.
Agora sei que cismar pode, Estou atualizadíssimo
mas sozinho, e à noite, não dá! com o Brasil do mês passado.

(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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Minha terra tem novidades Há coisas que não acredito
que compreendo mal e mal. entre o trágico e o cômico.
Mandei perguntar: “E o biorritmo?” Peste suína, carnaval subvencionado
Responderam: “É lento e gradual”. vá lá — mas o senador biônico…

Às vezes nos reunimos Minha terra tem palmeiras


para grandes sessões nostalgia. onde cantava o sabiá.
Um disco do Chico, um retrato Grande questão só há uma:
ou uma leva de ambrosia. a Júlia fica com o Cacá?

Minha terra tem sabores Mas não permita Deus que eu morra
que tais não encontro eu cá. sem que eu volte para lá.
Todos os vinhos do exílio
por um gole de guaraná!

Canção do Exílio Facilitada


José Paulo Paes
Um por todos (1986)

lá?
ah!

sabiá…
papá…
maná…
sofá…
sinhá…

cá?
bah!

Uma Canção
Mário Quintana
Antologia poética (1966)

Minha terra não tem palmeiras…


E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

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estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes…
Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra “onde”?


Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!

Turma da Mônica

Fonte: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2019/02/img_5c6f1a7860353.png

Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, poeta da fase do Romantismo, é uma das


maiores fontes de paródias da nossa cultura. O famoso poema, como podemos ver
pelos textos apresentados anteriormente, já foi parodiado por muitos artistas do
nosso país e em diversas manifestações artísticas - poemas, canções, quadrinhos,
etc.

O poema de Gonçalves Dias foi produzido no primeiro momento do Romantismo


Brasileiro, ou seja, quando os poetas viviam um forte sentimento de nacionalismo,
procurando exaltar todas as belezas e maravilhas do país. Dias faz isso ao
apresentar uma comparação entre os valores dos portugueses e os valores do
Brasil. O poema, por mais que faça uma profunda exaltação à pátria, não usa
adjetivos qualificativos, preferindo empregar advérbios para identificar
geograficamente (lá, cá, aqui).

A paródia está diretamente ligada à intertextualidade, ou seja, ao diálogo


estabelecido entre diferentes textos. A intertextualidade pode ser uma maneira de
duas ou mais obras conversarem entre si, pode apresentar uma referência à outras

(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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obras e até estabelecer conexões inusitadas. Nem sempre o diálogo proposto pela
intertextualidade vai estar explícito, cabe ao leitor e ao seu repertório cultural
identificar tais conexões e inserir significado ao texto.

Ou seja, por depender diretamente de uma outra obra para existir, é preciso que o
leitor consiga estabelecer a ligação entre os textos produzidos para que o objetivo
da paródia seja alcançado. As paródias buscam, por meio da subversão, trazer
novas perspectivas e críticas, levar o leitor a analisar a obra original de uma nova
forma - refletindo sobre aspectos da sociedade, comportamentos, hábitos, etc.

Portanto, a paródia é uma meio de contestação das ideias do texto original, ou seja,
uma intertextualidade das diferenças. Nela, há um choque de interpretação, uma
transformação dos sentidos da obra original, uma releitura subversiva do texto.
Normalmente, a paródia busca trazer a tona algo que o texto original deixou de
dizer. Por exemplo, no poema de Gonçalves Dias, ele fala das maravilhas do país,
mas deixa de lado todos os defeitos - que aparecem em quase todos as paródias
do poema original.

Um fonte rica de paródias contemporâneas são os memes que, por meio de


imagens, vídeos, gifs, textos, montagens, etc.) “imitam” a realidade e realçam
elementos cômicos ou críticos - muitas vezes até transformando críticas em piadas.
Além dos memes, podemos encontrar no YouTube inúmeros vídeos e até canais
que se especializam exclusivamente em criar paródias - baseando-se
principalmente em músicas e filmes.

As artes plásticas também são responsáveis por produzir paródias, por exemplo:

Fonte: https://static.escolakids.uol.com.br/2021/02/1-monalisa.jpg Fonte: https://encurtador.com.br/iEFV4

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estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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As paródias procuram fazer uma crítica tanto ao comportamento da “selfie
compulsiva” quanto às poses e expressões usadas pelas pessoas nessas fotos, e
para isso nada melhor do que usar a mulher mais fotografada do mundo: A Mona
Lisa.

Outra pintura muito famosa é a American Gothic (Gótico Americano), de Grant


Wood. O quadro foi pintado em 1930 e logo se tornou um sucesso nos Estados
Unidos. Hoje, com o advento da internet e a popularização da obra ao redor do
mundo, ela já passou por muitas interpretações e paródias. Algumas das paródias
da obra unem outras obras da cultura pop e existe até uma versão de
conscientização durante o período pandêmico. Veja alguns exemplos a seguir.

Fonte: https://inspi.com.br/2016/12/15-parodias-divertidas-pintura-american-gothic/ e
https://arteref.com/arte/curiosidades/american-gothic-coisas-que-talvez-voce-nao-saiba-sobre-a-obra/

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estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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Agora é a sua vez de parodiar!

Escolha uma obra literária (poema, canção, conto, crônica, romance, etc.) e crie
uma paródia a partir dela.

Sua paródia pode ser sobre um assunto atual, sobre algo de seu interesse (esporte,
filme, jogo, etc.) ou até sobre uma outra paródia.

Não se esqueça de usar a criatividade, criar conexões claras entre as obras e de


referenciar o texto que foi usado de base para a sua paródia.

Se precisar, procure outras paródias para se inspirar.

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NOME:____________________________________

DATA: ____/____/____

FANFIC

Muito se engana quem acredita que as fanfictions (ou fanfics) são invenção da
internet e das redes sociais. As primeiras fanfics apareceram nos Estados Unidos,
na década de 1930, quando grupos de fã (chamados de fandoms, ou seja, fãs
unidos) de uma determinada obra de comunicação em massa, principalmente filmes
e séries, sentiram que precisavam expandir o contato com as obras de ficção que
eles tanto gostavam.

Até onde se sabe, o grande marco da produção de fanfics foi o cancelamento da


série Star Trek (Jornada nas Estrelas) e a necessidade que os fãs da série - que se
autodenominam “trekkies” - sentiram de continuar criando histórias para a série, o
que hoje chamamos de fanfictions.

Obviamente, o advento da internet, dos sites, dos blogs e das redes sociais permitiu
que a produção das fanfics encontrasse novos e maiores públicos e assim aquelas
histórias que existiam apenas para suprir a falta que uma determinada série ou filme
fazia para o seu público alvo, começou a alcançar diversos leitores pelo mundo.

Além da possibilidade de divulgar e alcançar novos públicos, a internet também


permitiu uma maior interação entre os leitores e escritores de fanfics, criando uma
troca de ideias sobre obras preferidas, pontos importantes das produções das
fanfics, além do grande crescimento dessas comunidades de fãs - e das histórias
em si.

A produção de fanfics no Brasil sofreu um grande aumento com a publicação dos


livros da saga Harry Potter, da autora J.K. Rowling e, posteriormente, com a
publicação da saga Crepúsculo, da autora Stephenie Meyer. A fascinação dos fãs
com os universos, os personagens e os caminhos escolhidos pelas autoras
impulsionou a produção das fanfics não só de fãs que queriam continuar as
histórias, mas de fãs que gostariam de mudar algumas decisões tomadas pelas
autoras.

Apesar do preconceito que as fanfics ainda sofrem no meio literário, o que não se
pode negar é o impacto delas no hábito de leitura dos jovens no Brasil.
(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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A leitura do material que vai servir de base para a produção da fanfic é fundamental
e, além de tudo, deve ser uma leitura dedicada, pois o ficwritter, ou seja, o autor da
fanfic precisa ter conhecimento suficiente daquele universo para produzir o seu
próprio texto.

Esse texto é uma interpretação do leitor (e fã) da obra original e pode ser
trabalhado da forma que o ficwritter escolher conduzir a história. Ou seja, o autor da
fanfic pode escrever qualquer coisa a partir daquelas informações (personagens,
ambientes, realidades daquele universo, etc.).

É, portanto, fundamental que o autor da fanfic saiba ler o texto original e absorver
aquele universo, aqueles acontecimentos, aquelas realidades e consiga transformar
tudo isso em um texto que seja seu, seja continuando histórias vistas, recontando
narrativas com outros personagens, seja recriando totalmente os cenários
imaginados pelo autor original.

Existem muitas possibilidades para a escrita das fanfics, mas vamos conhecer
melhor algumas das mais comuns a seguir.

RECONTEXTUALIZAÇÃO

Quando a fanfic busca trazer mais informações para situações que não foram bem
detalhadas na obra original, ou que os fãs acreditam que poderia apresentar
algumas informações a mais para esclarecer melhor determinados acontecimentos,
ou para que algumas atitudes fossem melhor esclarecidas, etc.

EXPANSÃO DA LINHA DO TEMPO

Como o nome já fiz, são fanfics que abordam fatos do passado (ou do futuro) que
não foram bem explorados pelo textos. Seja porque um personagem já apareceu na
história um pouco mais velho, e portanto não conhecemos detalhes da vida antes
daquele momento, ou talvez porque um personagem não faz parte mais da
narrativa principal, e assim não sabemos novas informações sobre ele. Também
podemos encontrar fanfics que continuam a história como um todo, estendendo o
“felizes para sempre” do final do livro.

CROSS OVER

Quando acontece uma mistura de histórias, de personagens e até textos


multissemióticos. É um grande exemplo da intertextualidade dos textos populares e

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mostra as grandes possibilidades que surgem com a globalização do consumo de
múltiplos produtos culturais. As fanfics de cross over são tão populares que já
serviram de inspiração para produções televisas, que perceberam o apelo dessa
interação entre personagens de obras diferentes no público.

DESLOCAMENTO (UNIVERSO ALTERNATIVO - UA)

Diferentemente do CROSS OVER, a fanfic de deslocamento coloca os personagens


de uma obra em outro tempo ou ambiente, por exemplo, transporta personagens de
uma obra dos anos 2000 para o período da Primeira Guerra Mundial, ou vice-versa.

REFOCALIZAÇÃO

Esse tipo de fanfic é muito comum com os personagens secundários que são muito
queridos pelo público da obra original, mas na narrativa criada pelo autor daquela
história eles não ganham tanto destaque. Sendo assim, os fãs criam suas próprias
histórias e dão maior foco a esses personagens secundários.

REALINHAMENTO MORAL

Quando os personagens são reescritos com atitudes e decisões opostas, sendo


assim, os personagens “bons” podem se transformar em vilões e os vilões podem
ser redimidos e até transformados em vítimas. Esse realinhamento pode acontecer
de forma geral - todo personagem bom se torna ruim e vice-versa - ou pode
acontecer com apenas alguns personagens, deixando a dinâmica entre os
personagens mais complexa.

FLUFF

Essas histórias normalmente são mais curtas e tem um caráter doce, divertido e
feliz. De forma geral, esse tipo de história gira em torno de um romance.

As fanfics estão disponíveis em diversos sites pela internet, a maioria deles voltada
exatamente para esse tipo de produção. Alguns dos mais famosos são:

Wattpad
Spirit Fanfiction
Archive of Our Own
Nyah! Fanfiction

(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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A escrava Isaura

(Cap. 1) Capítulo único

Eu me sentia apenas uma simples escrava, que tinha que seguir ordens do
comendador, não tinha família, me sentia sozinha no mundo. A única pessoa que eu
podia confiar era a esposa do comendador. Ela era uma segunda mãe para mim,
uma melhor amiga. Mas logo morreu, me senti sem chão. Só queria ter a minha
liberdade, fazer o que eu quisesse fazer, não aguentava mais tal situação. Então eu
resolvi fugir, para bem longe dali, fui para o Recife. Logo de cara encontrei um
rapaz lindo, educado, um dos mais ricos daquele estado, seu nome era Álvaro, me
apaixonei pela primeira vista, e ele demonstrou a mesma coisa. Senti uma
sensação que não sei explicar, nunca tinha me sentido amada antes, nunca tinha
me apaixonado por alguém antes. Mas ele não sabia o que eu realmente era, tive
medo de perdê-lo por isso. Logo o comendador descobriu que eu estava ali, e veio
até mim para levar-me de volta. Eu não queria, não queria mesmo. Álvaro, já
sabendo que eu era uma escrava se virou a mim e disse:

— Isaura, eu amo você, sendo ou não uma escrava, lutarei pela sua liberdade nem
que seja a última coisa que eu faça.

Eu não sabia o que responder, fiquei sem reação e a única coisa que eu consegui
fazer, foi dar-lhe um abraço com toda a força. Mas, eu tinha que voltar com o
comendador, querendo ou não. E de novo eu me senti sozinha, sem ninguém. Ele
me obrigou a casar com o Belchior, jardineiro da fazenda, para ter minha liberdade.
Não tinha outra escolha, aceitei casar-me com ele. No dia do casamento, Álvaro
apareceu na cerimônia e disse:

— Senhor Comendador, você não pode obrigá-la a se casar, nada mais lhe
pertence, muito menos seus escravos, comprei todas as suas dividas e essa
fazenda é minha agora.

Não estava acreditando no que ouvia, apenas sentia uma felicidade imensa dentro
de mim, e foi ai que o Comendador em silêncio se retirou do salão, e se matou. Eu
não entendi nada, apenas corri até Álvaro, o abracei e disse:

— Obrigada, obrigada por tudo. Não sei o que seria de mim sem você, obrigada por
ter conseguido a minha liberdade. Eu te amo!

—Meu amor, eu disse que eu faria tudo por você, pela sua liberdade. A única coisa
que falta agora é, aceita se casar comigo?

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—É o que eu mais quero! – respondi, com as pernas bambas, mas com uma
sensação de queagora, eu sou uma pessoa livre e posso me casar com a pessoa
que eu amo.

Elinor

(Cap. 1) Capítulo Único

Elinor,
Minha querida irmã,

Decidi lhe escrever agora que a saudade apertou. Apesar de estar bem, sinto
saudades de casa, da mamãe, de Margaret, mas principalmente de você.

Nós sempre fomos tão apegadas, que só agora que estamos mais distantes que eu
percebi que não sou completa sem você ao meu lado. Você é a melhor parte de
mim, Elinor.

Eu e o Coronel Brandon estamos muito felizes juntos, mas tenho que admitir que
Edward Ferrars é o homem de sorte por ter sido escolhido por você. Espero que ele
esteja lhe fazendo a mulher mais feliz do mundo, caso contrário irei lhe chutar a
bunda.

Tem tantas coisas que nesse momento eu gostaria de lhe dizer, coisas que na
realidade eu já deveria ter lhe dito antes, mas não o fiz, talvez porque nem eu
mesma soubesse nomear tão bem como agora.

Você sempre foi mais racional do que eu, mais inteligente e sempre pronta para
resolver tudo e ajudar, enquanto eu apenas me desmanchava em lágrimas e fazia
escolhas erradas. Mas mesmo assim você tem o maior e mais lindo coração que eu
já conheci. Apesar de toda sua racionalidade, você é um ser de extrema
sensibilidade que eu admiro por ter conseguido guardar coisas tão profundas
consigo por tanto tempo sem desmontar.

Queria ter sido melhor para lhe amparar naqueles momentos, mas eu estava tão
frágil, diferente de você que até na fragilidade encontra forças. Você é uma mulher
forte, Elinor!

Espero que Margaret tenha, assim como eu tenho, você como exemplo a ser
seguido nessa vida.

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Você sempre foi o alicerce de nossa família e eu peço desculpas se um dia não
percebi isso, ou demorei a fazê-lo.

Apesar de todo o amor que você sente por Edward e que me deixa extremamente
feliz saber que ele sente o mesmo, você não precisa de um homem ao seu lado,
você nunca precisou, você sempre foi o suficiente para si mesma, coisa que eu não
sei se conseguiria ser, mas você sempre foi o suficiente para mim também.

Sinto saudades de dizer que gostaria de passear a tarde e ouvir suas reclamações
de que iria chover. Você estava certa sobre mim, sempre que eu digo que não irá
chover, chove. E tem chovido muito ultimamente, chovido saudades.

Iremos lhes visitar em breve, mas eu senti uma imensa necessidade de lhe escrever
essa carta para dizer-lhe tudo que você merece ouvir e eu nunca fui capaz de
demonstrar, talvez não com palavras.

Obrigada Elinor, por ter cuidado de mim, da nossa família, por ter me feito crescer
como uma pessoa melhor e por me ensinar tantas coisas boas e a ser forte e
suportar as piores tempestades. Não que eu consiga fazer isso melhor que você.

Mas minha irmã, saiba que sempre que precisar desmoronar eu estarei aqui por
você, não sei se saberei lhe dizer tudo o que deveria ouvir, mas com certeza lhe
abraçarei até que tudo passe, assim como você sempre fez e esteve por mim, até
mesmo quando eu não merecia.

Obrigada por tudo, por ser minha irmã, mas Obrigada principalmente por ser você,
Elinor!

Eu te amo daqui até a lua, ida e volta!

Com carinho e todo amor,


Sua irmã,

Marianne..

Uma parte importante de ler fanfics é conhecer e se interessar pelos personagens


que protagonizam essas histórias. As fanfics podem funcionar como histórias
comuns e apresentar personagens desconhecidos para um leitor desavisado, mas o
leitor que conhece quem são essas pessoas, a conexão que elas possuem em suas

(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
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narrativas originais e como os fatos apresentados nas fanfics se relacionam com a
história em que se baseia o texto irão aproveitar de uma forma mais completa o
trabalho do ficwritter.

Como podemos perceber pelo título e pelo nome da personagem, a primeira fanfic
que você leu traz a personagem da Escrava Isaura, um clássico da literatura
brasileira e mostra Isaura procurando um vida feliz e em liberdade. É uma história
curta, simples, mas que apresenta uma versão da vida dessa personagem.

Já a segunda fanfic lida é sobre a personagem Elinor Dashwood, do romance


Razão e Sensibilidade, da autora Jane Austen. Ao contrário da primeira leitura, aqui
vemos apenas uma carta enviada a Elinor, de sua irmã Marianne.

Ambas as fanfics foram retiradas do site Nyah! Fanfiction, que conta com um acervo
enorme com centanas de fanfics.

Agora é sua vez de produzir uma fanfic!

Como você pode ver, as possibilidades para produzir uma fanfic são muitas e para
essa atividade tanto a obra base quanto o tipo de fanfic produzida são de escolha
pessoal. É importante que você escolha uma obra que conheça bem, para que
possa entender melhor o que deve ou não ser modificado na sua produção.

Sua fanfic pode ser um texto narrativo, conter diálogos, ser um fluxo de pensamento
de determinado personagem, pode ser uma carta ou e-mail, pode ser expositivo de
uma situação específica, desperte sua criatividade e pense sempre no que você
gostaria de ler sobre a obra original. O que falta? O que você faria diferente? O que
você gostaria que tivesse sido melhor explicado? Ou mais desenvolvido? Essa é a
sua chance de “melhorar” a história do seu jeito!

Seu texto deve apresentar no mínimo 500 palavras.

(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias [...] e/ou produções derivadas (paródias,
estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

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NOTÍCIAS

Fortaleza Limpa: mais de 10 mil agentes são convocados para ações de


educação, fiscalização e limpeza urbana

A prefeitura estima criar uma grande mobilização para a construção de uma cidade
mais limpa.
Por G1 CE - 09/05/2024

Mais de 10 mil agentes da Prefeitura de Fortaleza estarão em campo a partir deste


mês de maio para realizar ações de educação, fiscalização e limpeza urbana. A
iniciativa faz parte do Movimento Fortaleza Limpa, lançado nesta quinta-feira (9),
pelo prefeito José Sarto em evento realizado na Lagoa de Messejana. O objetivo,
conforme a prefeitura, é criar uma grande mobilização de todos os setores da
sociedade para a construção de uma cidade mais limpa.

Serão capacitados 10.644 agentes, entre jovens, agentes de saúde, de educação e


de meio ambiente, que ficarão responsáveis pelas ações de engajamento e
conscientização sobre o descarte correto dos resíduos. O trabalho será realizado
em várias frentes, que vão desde o porta a porta até os espaços públicos e eventos.

"Uma cidade mais limpa é uma cidade mais saudável, onde a família vive melhor. O
programa Fortaleza Limpa terá três eixos, educação, fiscalização e limpeza urbana,
e vamos engajar toda a cidade nesse compromisso que é de todos nós, do poder
público, da iniciativa privada e dos cidadãos e cidadãs”, comentou o prefeito.

“Será uma ação conjunta, que inclui os caminhões de coleta de recicláveis, o


vídeomonitoramento, a ampliação do número de ecopontos, de bairros atendidos
pelo Re-Ciclo, de lixeiras subterrâneas e de agentes de limpeza. Teremos um
grande time de dez mil pessoas trabalhando para fazer de Fortaleza a cidade mais
limpa do Brasil," complementou Sarto.

O prefeito também explicou que para cada 10 quilos de lixo que a prefeitura recolhe
nas residências, durante a coleta regular, 12 quilos são retirados das ruas e locais
públicos por conta do descarte irregular.

(EM13LP45) Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista temas e acontecimentos de interesse local
ou global, notícias [...] vivenciando de forma significativa o papel de repórter [...]

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Para garantir o sucesso de suas ações, o Fortaleza Limpa está dividido em três
eixos de atuação: educação, fiscalização e limpeza, que terão como foco
transformar a capital em um lugar mais saudável, sustentável e que gere renda
através do lixo por meio da promoção de novos hábitos de descarte de resíduos.

Eixos de atuação
A prefeitura vai utilizar câmeras de videomonitoramento com tecnologia de
identificação automática de descarte inadequado de resíduos em áreas públicas.
Esses equipamentos estão conectados aos órgãos de fiscalização para coibir
crimes ambientais. Além disso, 60 ciclomonitores farão educação ambiental e
fiscalização, monitorando pontos de lixo, identificando infratores e acionando a
Agefis quando necessário.

No eixo de limpeza urbana, a prefeitura lançou o Recicla Mais, voltado para os


condomínios residenciais, que vai ampliar a coleta seletiva porta a porta da cidade.
Nesta primeira etapa serão atendidos os bairros Messejana, Curió, Guajerú, Coaçu,
São Bento, Paupina, Parque Santa Maria, Ancuri, Meireles, Aldeota e Cocó em seis
caminhões com rotas semanais.

A adesão ao serviço é espontânea e feita pelo condomínio no site


reciclamais.fortaleza.ce.gov.br ou no Portal Fortaleza Digital. Ao aderir, o
condomínio pode escolher se quer doar resíduo reciclável ou se quer receber um
bônus a ser concedido por empresas parceiras.

Fonte: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2024/05/09/fortaleza-limpa-mais-de-10-mil-
agentes-sao-convocados-para-acoes-de-educacao-fiscalizacao-e-limpeza-urbana.ghtml

Anvisa suspende lotes de detergente Ypê por risco de contaminação

Agência informou que foi identificado desvio durante monitoramento da produção, o


que poderia causar potencial risco de contaminação microbiológica, mas, segundo
a fabricante, sem risco à saúde ou segurança do consumidor.
Por G1 - 09/05/2024

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a comercialização,


distribuição e uso de determinados lotes do detergente Ypê. Segundo o órgão, foi
identificado o risco de contaminação biológica, que, de acordo com a fabricante,
não oferece risco à saúde ou segurança do consumidor.

A agência informou que havia sido notificada pela empresa sobre o recolhimento
voluntário do produto, mas não divulgou quando isso aconteceu.
(EM13LP45) Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista temas e acontecimentos de interesse local
ou global, notícias [...] vivenciando de forma significativa o papel de repórter [...]

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Segundo o órgão, o motivo foi a identificação de um “desvio” durante a análise de
monitoramento da produção, o que poderia causar um “potencial risco de
contaminação microbiológica”.

A determinação foi publicada no "Diário Oficial da União" e exige que todas as


unidades do detergente produzidas entre julho, agosto, setembro, novembro e
dezembro de 2022 com lote final 1 e 3 sejam suspensas. Estão incluídos
detergentes de todos os tipos, dentro dessa identificação.

Em nota, a Química Amparo, empresa produtora do detergente Ypê, informou que


fez o recolhimento dos itens há mais de um mês após análise interna que identificou
em alguns lotes a "descaracterização em seu odor tradicional, sem risco à saúde ou
segurança do consumidor, porém, em alguns casos perceptível ao olfato".

O que diz a fabricante

Abaixo, leia a íntegra da nota da empresa Química Amparo:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Química Amparo informa que os lotes de lava louças, objeto da ação voluntária de
recolhimento informada pela Anvisa, haviam sido rastreados pelo controle de
qualidade da empresa, que iniciou o recolhimento dos itens há mais de um mês,
conforme plano previamente submetido à agência reguladora.

Após uma rigorosa análise interna identificou-se, em alguns lotes específicos, a


possibilidade de descaracterização em seu odor tradicional, sem risco à saúde ou
segurança do consumidor, porém, em alguns casos perceptível ao olfato.

Importante destacar que não há proibição de comercialização do produto e sim o


bloqueio e recolhimento exclusivamente dos lotes específicos indicados na ação
voluntária proposta pela própria empresa.

Além disso, a empresa reforça que a segurança, a qualidade de seus produtos e a


atenção aos clientes e consumidores são prioridades desde sua fundação, há mais
de 70 anos.

Fonte: https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/05/09/anvisa-suspende-lotes-de-
detergente-ype-por-risco-de-contaminacao-veja-lista.ghtml [adaptado]

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Dengue: só uma cidade do Sul de Minas segue sem nenhum caso confirmado

Conforme a SES-MG, região ultrapassou marca das 100 mil contaminações desde
o início do ano.
Por G1 Sul de Minas - 09/05/2024

Após a atualização dos dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais


(SES-MG), esta semana, apenas uma cidade do Sul de Minas permanece sem
nenhum caso de dengue confirmado em 2024.

Conforme a SES-MG, a região chegou a 106,1 mil infecções desde o início do ano e
atingiu marca de 47 óbitos registrados em 2024. Só esta semana, foram +12.459
casos confirmados e 10 novas mortes.

Em meio ao aumento semanal de contaminações e mortes, apenas uma cidade do


Sul de Minas continua sem casos confirmados da doença: Bandeira do Sul.

Na semana passada, eram três cidades, mas Alagoa teve duas confirmações nos
dados divulgados na segunda-feira (6) e Marmelópolis registrou o primeiro caso
registrado no município.

Aumento de casos na região

O número de casos da doença confirmados na região já representa mais do que o


dobro do que foi registrado em todo o ano passado no Sul de Minas. Conforme a
SES-MG, a região já tem 106.196 casos da doença. Em todo o ano de 2023, foram
41.586 confirmações na região.

Varginha segue liderando o número de casos na região e chegou a 15.413 esta


semana. Três Corações (+6.720), Passos (6.664) e Alfenas (3.521) vêm logo em
seguida, como os municípios com mais registros.

Na semana, Passos é a cidade onde o número de casos mais aumentos. Foram


+1.099 notificações nos últimos sete dias, contra +856 de Três Corações e +775 de
Varginha.

Fonte: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2024/05/09/dengue-so-uma-
cidade-do-sul-de-minas-segue-sem-nenhum-caso-confirmado-saiba-qual-e.ghtml

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A notícia é um texto jornalístico de caráter informativo, ou seja, costuma ser escrita
com uma linguagem objetiva e não apresenta parcialidade.

A notícia relata acontecimentos recentes e relevantes que despertam a atenção do


público. Sendo assim, é um gênero de caráter temporal, diretamente ligado aos
fatos recentes.

A depender do veículo em que é publicada e do assunto que é noticiado, a notícia


pode apresentar uma linguagem mais informal, mas em geral esse tipo de texto
procura ser objetivo, com períodos curtos e orações diretas, além de serem claros e
acessíveis. Normalmente, as notícias são escritas em 3ª pessoa, buscando manter
um distanciamento do autor e do que está sendo informado.

Uma notícia se estrutura da seguinte forma:

Título principal e título auxiliar

O título principal também é conhecido como manchete e é o que vai sintetizar o que
é trabalhado na notícia, de forma a garantir a atenção e o interesse do leitor.
Já o título auxiliar busca explicar um pouco melhor o que foi anunciado na
manchete, por isso costuma ser um pouco maior.

Lide

Lide corresponde à introdução da notícia. O termo jornalístico se refere ao primeiro


parágrafo e às perguntas que ele deve responder: O quê? Quem? Quando? Onde?
Como? Por quê?
Sendo assim, o primeiro parágrafo é muito importante para a notícia, pois é nele
que todas as informações deverão aparecer - e, consequentemente, despertar o
interesse do leitor para o resto da notícia.

Corpo da notícia

O corpo da notícia é responsável por apresentar descrições mais detalhadas da


notícia em si. Aqui, o jornalista deve descrever e narrar com objetividade os fatos
conhecidos da notícia. O autor também pode apresentar elementos visuais, como
fotografias, gráficos ou ilustrações, adicionando veracidade e credibilidade às
informações apresentadas no texto.

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Agora é sua vez de produzir uma notícia!

Antes, se atente às dicas para a produção desse gênero textual:

Escolher um tema relevante


Como vimos anteriormente, a notícia precisa abordar um assunto interessante e
relevante para o público alvo. Por exemplo, se seu público é o fã de esportes, sua
notícia deve informar algo relevante para esse tipo de leitor.
Coletar dados
É importante ter em mãos a maior quantidade de dados e informações possível,
assim, sua notícia consegue informar fatos completos e concretos, sem suposições
ou “achismos”.
Veracidade das informações
Garanta que todas as informações apresentadas por você na notícia são
verdadeiras. Também é importante selecionar e organizar os fatos de acordo com
sua importância e relevância para a história noticiada.
Título criativo
Sabemos que a manchete é, por muitas vezes, a única parte do texto que é lido
pelo público. Portanto, seu título deve ser interessante e informativo o suficiente
para criar no leitor o desejo de saber mais sobre o assunto e entender sobre o que
a notícia fala.
Informações adicionais
Não se esqueça de fornecer informações adicionais no seu subtítulo. Dessa forma,
você consegue prender a atenção do leitor e garantir que ele continue lendo seu
texto.
Hierarquia de informações
Seu primeiro parágrafo precisa apresentar as informações essenciais acerca da
notícia e, ao longo dos parágrafos seguintes, elas devem ser detalhadas e
complementadas.
Linguagem
Sua linguagem deve ser objetiva, simples e acessível. Prefira sempre o tom de
formalidade, mas sem tornar seu texto complicado ou esnobe. A função do texto é
informar o público, não aliená-lo.

Escolha bem seu tema! Sua notícia deve apresentar no mínimo 20 linhas.

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