PPG 21166y
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Obturação em Endodontia
Obturação em Endodontia
Porto 2014
Ana Mónica Martins de Matos Leite
Obturação em Endodontia
___________________________________
RESUMO
Materiais e Métodos: Para a realização deste trabalho foi efetuada uma pesquisa
bibliográfica nas bibliotecas da Universidade Fernando Pessoa e Faculdade de Medicina
Dentária da Universidade do Porto e nos motores de busca Pubmed, SciencDirect,
SciElO, Google Académico, B-on. As palavras-chaves utilizadas foram: Temperature
changes in obturation, temperature damages in obturation, filling gutta-percha
extrusion, gutta-percha overfiling, warm obturation, leakage and endodontics, filling
and endodontics, System B, Termoplastic. A pesquisa foi limitada a artigos de revisão
em Inglês, Espanhol e Português, publicados desde o ano 1999 até ao ano de 2013.
Conclusão: Conclui-se então que o profissional tem que ter a consciência de que cada
caso é um caso e como tal necessita de uma avaliação criteriosa de forma a saber que
técnica escolher para a obturação dos canais radiculares.
I
ABSTRACT
Objective: The objective of this work is highlighting the importance of root canal
system obturation, presenting some of the techniques used and evaluating the effects on
periodontal tissues of the temperature variation and apical extrusion associated with
thermoplastic obturation techniques.
Materials and Methods: The study involved a literature review in the libraries of the
Fernando Pessoa University and the Dentistry Faculty of the University of Porto and in
the Pubmed, SciencDirect, SciElO, Google Scholar and B-on search engines. The key
words used for the searches were: Temperature changes in obturation, temperature
damages in obturation, filling gutta-percha extrusion, gutta-percha overfilling, warm
obturation, leakage and endodontics, filling and endodontics, System B, Thermoplastic.
The search was limited to review articles in English, Spanish and Portuguese, published
between 1999 and 2013.
Conclusion: It is concluded that the professional must be aware that each case is
different and careful evaluation is therefore required to assess which technique to use to
fill root canals.
II
DEDICATÓRIAS
Dedico esta dissertação à minha mãe, pelo esforço e dedicação que teve para poder
tornar possível este sonho, ao meu companheiro pelo carinho, compreensão, à minha
madrinha por todo o apoio sempre prestado e a todos aqueles que acreditaram em mim,
e estiveram sempre do meu lado.
III
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família pela força, atenção, carinho demonstrado sempre que
necessitei, e não poderia deixar de salientar mais uma vez a força da minha mãe para me
ajudar nesta caminhada, um muito obrigado.
Agradeço em especial à minha grande amiga Cristiana Costa por todo carinho, amizade,
companheirismo demonstrado desde o início, à Anabela que mesmo descoberta mais
tarde se revelou uma verdadeira amiga e à Liliana Canelas que sempre demonstrou ser
uma grande amiga para todos os momentos.
Ao meus amigos Eva Esteves e Hugo Morais pela amizade, por todo apoio prestado,
pela força que me deram sempre que precisei.
Aos meus cunhados pela amizade e pelo apoio dado sempre que necessitei.
IV
ÍNDICE GERAL
ABREVIATURAS ...................................................................................................................... IX
I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1
2.3.4. Resilon....................................................................................................................... 11
3.2.3. J.S.Quickfill............................................................................................................... 15
V
6. Avaliação da Infiltração Apical por Várias Técnicas .............................................................. 30
8. Temperatura ............................................................................................................................ 34
VI
ÍNDICE DE FIGURAS
VII
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2 - Valores Médios (mm) do teste de infiltração com tintas (Adaptado Gençoglu
et al., 2002). ................................................................................................. 32
Tabela 5 - Incidência (%) extrusão apical de ambas as técnicas (Abarca et al., 2001). 38
VIII
ABREVIATURAS
CL – Condensação lateral
GP – Gutta-percha
N- Número
mm – Milímetros
% - Percentagem
Ca++ - Cálcio
OH- - Hidróxido
IX
Obturação em Endodontia
I. INTRODUÇÃO
A Endodontia constitui uma ciência integrada no conjunto das ciências da saúde. O seu
objetivo é o estudo da estrutura, morfologia, fisiologia e patologia da polpa dentária e
dos tecidos perirradiculares (Canalda et al., 2001).
O tratamento dos canais radiculares é constituído por etapas que, mesmo independentes,
formam um elo cuja finalidade é alcançar o objetivo maior do tratamento endodôntico,
que consiste em manter na cavidade oral um dente capaz de exercer as suas funções (Gil
et al., 2009).
Considera-se que um canal está bem obturado quando se visualiza, nas radiografias uma
massa radiopaca, homogénea e contínua, sem espaços vazios, adaptada às paredes
laterais, confinada ao seu interior e que termine perto do ápice radiográfico
designadamente a 0,5-1mm deste (Fava et al., Dummer et al., cit in. Teles, 2002).
1
Obturação em Endodontia
As motivações para a escolha deste tema foram melhorar o conhecimento acerca das
técnicas termoplásticas, interrelacionar as diferentes técnicas de obturação
endodônticas, comparar e averiguar as vantagens e desvantagens de cada uma, para que
no meu futuro profissional possa optar em cada situação, pela técnica mais adequada.
II. DESENVOLVIMENTO
1. Materiais e Métodos
Para a realização deste trabalho foi efetuada uma pesquisa bibliográfica nas bibliotecas
da Universidade Fernando Pessoa e Faculdade de Medicina Dentária da Universidade
do Porto e nos motores de busca Pubmed, SciencDirect, SciElO, Google Académico, B-
on. As palavras-chaves utilizadas foram: Temperature changes in obturation,
temperature damages in obturation, filling gutta-percha extrusion, gutta-percha
overfiling, warm obturation, leakage and endodontics, filling and endodontics,
thermoplastic techniques. A pesquisa foi limitada a artigos de revisão em Inglês,
Espanhol e Português, publicados desde o ano 1999 até ao ano de 2013.
2
Obturação em Endodontia
coronárias não planeadas terminarão por causar iatrogenias que poderão dificultar e ou
impedir a concretização do tratamento endodôntico (Soares et al., 2001a).
Uma boa cavidade de acesso permite uma boa localização da entrada dos canais
radiculares, boa limpeza e conformação canalar, boa irrigação. Os objetivos da cavidade
de acesso são:
Segundo Walton (cit. in. Teles, 2002) todo o esforço e tempo despendidos durante a
preparação da cavidade de acesso iram facilitar as fases subsequentes do tratamento
endodôntico.
O preparo biomecânico configura-se como uma das fases mais importantes no controlo
da infeção endodôntica, pois a ação de corte e remoção de tecidos pelos instrumentos,
associada ao fluxo do irrigante e à sua ação antimicrobiana, é capaz de alterar,
significativamente, a flora microbiana situada no canal radicular principal (Borin et al.,
2007, Zollner et al., 2007, Soares et al., Céser et al., cit in. Barbien et al, 2010).
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Obturação em Endodontia
2.3.1. Objetivos
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Obturação em Endodontia
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Obturação em Endodontia
Para não irritar os tecidos periapicais todas as etapas da endodontia devem ser
realizadas cuidadosamente (Beger et al., 2002).
É essencial que o canal radicular após a obturação esteja bem selado, pois os fluidos
proeminentes dos tecidos periapicais podem induzir uma recontaminação dos canais
radiculares (Tanomaru et al., Castro et al., cit in. Marques et al., 2011).
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Obturação em Endodontia
Para Grossaman (cit in. Cohen et al., 2007), o cimento endodôntico ideal deveria conter
as seguintes propriedades:
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Obturação em Endodontia
Cimentos à base de óxido de zinco eugenol, têm tempo de presa longo, são
reabsorvíveis se houver extrusão para os tecidos perirradiculares, sofrem contração ao
tomar presa e solubilidade, selamento razoável, excelente plasticidade, dissolvem-se em
meio húmido. Apresentam a grande vantagem de ser antimicrobianos e a desvantagem
da solubilidade nos fluidos tecidulares e alguma toxicidade (Johnson et al., 2007.,
Freires et al., 2011).
Os cimentos à base de ionômero de vidro têm sido utilizados pela sua adesividade
dentinária, terem ação antimicrobiana, libertação e recarga de fluor, biocompatibilidade
e radiopacidade, como desvantagem o cimento ionômero de vidro apresenta dificuldade
na sua remoção, caso seja necessário o retratamento (Johnson et al., 2007, Freires et al.,
2011).
Segundo Silveira et al., (2007), os cimentos à base de resina demonstraram ter uma
maior união com a gutta-percha e com a dentina canalar, enquanto que os cimentos à
base de oxido de zinco eugenol, à base de ionômero de vidro ou hidróxido de cálcio,
apresentam ter uma união reduzida com a dentina e a gutta-percha.
Os cimentos resinosos têm como principal característica oferecer adesão e não conter
eugenol. As resinas epóxi são de presa lenta e com libertação de formaldeído assim que
endurece (De Moor et al., cit in. Cohen et al, 2007).
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Obturação em Endodontia
2.3.3. Gutta-Percha
De acordo com Mayid et al., (2010), para se realizar a obturação dos canais radiculares
devem ser utilizados matérias em estado sólido (cones de gutta-percha). Os cones de
gutta-percha apresentam-se na forma cristalina beta. A fabricação dos cones de gutta-
percha segue as normas ISO (Organização Internacional de Standardização), onde
podem ser encontrados em vários calibres.
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Obturação em Endodontia
Segundo Siqueira et al., (1999), as vantagens dos cones de gutta-percha como material
obturador são:
Tem pouca resistência mecânica, o que complica o seu uso em canais curvos e
atresiados
Têm pequena adesividade, o que exige a complementação da obturação com
cimentos endodônticos
Pode ser movido pela pressão, provocando sobreobturação durante os processos
de condensação.
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Obturação em Endodontia
2.3.4. Resilon
Não é mutagénico
Biocompatível
3. Técnicas de Obturação
Na atualidade, existem imensas técnicas para obturação dos canais radiculares, tendo
todas elas uma única intenção, o selamento hermético, de modo a eliminar qualquer
comunicação do meio externo com o espaço pulpar, podendo assim estimular uma
possível reparação biológica (Cavatoni et al., 2009).
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Obturação em Endodontia
Segundo Estrela et al., (2008), o repouso dado aos tecidos periapicais por meio da
obturação favorece a osteogénese, a reinserção do ligamento periodontal, a reintegração
da lâmina dura e a formação de osteocemento.
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Obturação em Endodontia
insuficiente adaptação à superfície canalar (Camões et al., 2007., Gençoglu et al., 2007.,
Martins et al., 2011).
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Obturação em Endodontia
A seleção pela escolha desta técnica aplica-se ao fato de ser uma técnica amplamente
divulgada, onde produz resultados satisfatórios em relação à melhor adaptação da gutta-
percha às paredes dentinárias e ao excelente selamento apical, além de depender de
aparelhos simples (Roldi et al., 2010).
Desta forma, e para resolver esta lacuna, Tagger introduziu a Técnica Híbrida em 1984
que reúne a técnica de Condensação Lateral com o uso de termocompactadores. A
técnica tem como objetivo a obtenção de uma obturação tridimensional, sem o
indesejável extravasamento do material obturador (Tavares et al., 2012). Defenderam
também que a técnica combinava o melhor das duas anteriores. Um cone de GP
principal bem adaptado na porção apical que evitava o seu deslocamento durante a
condensação subsequente, atuando como barreira contra a sobreobturação da GP
plástica que por seu lado, possibilitava o preenchimento completo do interior do canal
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Obturação em Endodontia
radicular. No entanto Tagger fez salientar de que esta técnica não é universal e não está
indicada para canais curvos (Martins et al., 2011).
3.2.3. J.S.Quickfill
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Obturação em Endodontia
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Obturação em Endodontia
Esta técnica consiste em selecionar um cone não calibrado de gutta-percha, que não
alcança a longitude de trabalho no interior do canal, uma vez que deve ficar 1 a 2mm
acabando por atingir o ápice, após aquecido e condensado verticalmente (Teles, 2002).
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Obturação em Endodontia
Uma das desvantagem desta técnica é o facto não haver controlo de material empregue
dentro do canal radicular, e consequentemente levar a um extravasamento para a zona
periapical, comprometendo a reparação tecidual (Teles, 2002).
Segundo Johnson et al., (2007), outra desvantagem que está técnica apresenta é a fratura
vertical da raiz.
Este sistema é formado por uma peça de mão na forma de um bastão, acoplado a um
gerador de calor como demonstra a figura 2 (Soares et al.,2001b).
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Obturação em Endodontia
O System B® têm como intuito obturar a zona apical do canal radicular, selando
inclusivamente canais acessórios e ramificações de uma forma mais eficaz do que a
técnica de condensação lateral (Dulac et al., cit in. Teles, 2002).
Apesar de esta técnica ser bastante difundida pelos Endodontistas, ela apresenta falhas
de obturação durante a execução e possibilidade de formação de bolhas. O alto custo
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Obturação em Endodontia
deste aparelho poderia justificar a escolha por outra técnica que pudesse garantir a
qualidade de um selamento hermético (Cohen et al., Haikel., cit in. Tavares et al., 2012).
Os canais para receberem esta obturação são preparados de forma cônica, com um
enorme alargamento cervical, uma vez que os carriers apresentam uma conicidade um
pouco maior do que os instrumentos endodônticos (Beger et al., 2002)
20
Obturação em Endodontia
Segundo Johnson recomendou o uso de um cimento, uma lima de aço inox e gutta-
percha termoplastificada para obter a obturação tridimensional do canal radicular. O
autor argumentou que esta técnica eliminaria o uso de um cone principal, e não requeria
habilidades especiais que são necessárias em outras técnicas para a adaptação de cone
principal (Beger et al., 2002).
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Obturação em Endodontia
Facilidade de aplicação
Propriedades de maleabilidade da gutta-percha
Rapidez de execução
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Obturação em Endodontia
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Obturação em Endodontia
Obtura® II consiste num aparelho similar de uma “ pistola” que contem uma camara
envolta por um elemento aquecedor dentro da qual, bastões de gutta-percha são
aplicados, agulhas de prata estão encaixadas para permitir a injeção do material
termoplastificado no canal radicular. A unidade de controlo permite ao profissional
ajustar a temperatura e consequentemente a viscosidade da gutta-percha como mostra
figura 5 (Johnson et al., 2007., Cavatoni et al., 2009).
A porção apical deverá ser a menor possível para prevenir a extrusão da gutta-
percha
Secar as paredes do canal para poder receber o cimento endodôntico com o
auxílio da última lima usada na extensão de instrumentação
24
Obturação em Endodontia
O Ultrafil® 3D, é uma técnica de injeção termoplástica que envolve cânulas de gutta-
percha, uma unidade de aquecimento e uma seringa para a injeção (Johnson et al.,
2007).
Este sistema emprega tês tipos de cânulas que são comercializadas em branca, azul e
verde do mesmo calibre mas com diferentes escoamentos de gutta-percha como mostra
figura 6. A gutta-percha das cânulas branca e azul tem maior escoamento do que a verde
que todavia cristaliza com mais rapidez. As cânulas são colocadas no aquecedor a uma
temperatura de 70ºC, onde irá ocorrer a plastificação da gutta-percha. De seguida
aplica-se a cânula no extremo da pistola e fazendo pressão de forma intermitente sobre o
gatilho para que a gutta-percha possa fluir (Soares et al., 2001b., Johnson et al., 2007).
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Obturação em Endodontia
Segundo Schilder (2006), deve ser feita uma distinção importante entre sobreobturação
subobturação, sobre extensão sub-extensão. Sobre-extensão e sub-extensão, referem-se
apenas à dimensão vertical da obturação do canal radicular além ou aquém do ápice
radicular. Subobturado refere-se a um dente, cujo sistema de canais radiculares foi
26
Obturação em Endodontia
Para outros autores, todavia a causa mais frequente dos consequentes fracassos que
surgem após a obturação tem a sua origem na inapropriada preparação dos sistemas de
canais radiculares (Lin et al., Buckey cit in. Teles, 2002).
Alguns autores (Brito-Junior et al., cit in Luckmann et al., 2013), observaram que a
obturação defeituosa foi o principal fator associado à etiologia do insucesso da
T.E.N.C., estando presente em 94% dos casos avaliados. Salientando que a deficiente
obturação está relacionada, geralmente com o fracasso da terapia empregada, devido à
ineficácia dos procedimentos de desinfeção dos canais radiculares, permitindo a
permanência de bactérias.
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Obturação em Endodontia
Para (Taschieri et al., cit in. Luckmann et al., 2013), uma das possibilidades de
insucesso endodôntico era a falha da qualidade da obturação. Em todos os dentes
avaliados, os que permaneciam com lesão apical, tinham falhas de obturação. Essas
falhas no selamento permitem que ocorram infiltrações de microrganismos, que irão
promover a manutenção da lesão no periápice. Sendo destacado que as principais causas
dos insucessos dos tratamentos ocorreram, devido à ausência do selamento apical e
incorreta preparação da cavidade de acesso.
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Obturação em Endodontia
O objetivo do estudo levado a cabo por Ozawa et al 2009, foi a comparação da técnica
CL com o sistema Thermafil® e de cone único. Em canais ovais, os autores concluíram
que as três metodologias alcançaram uma boa adaptação no preenchimento do terço
apical dos canais radiculares. Verificaram também que com a técnica de CL, os cones
acessórios raramente chegavam à porção apical do canal e mostraram uma condensação
variável nos terços médios e coronal. Já com o sistema Thermafil® os terços médios e
coronal foram preenchidos na quase totalidade do seu espaço.
Segundo Collins et al. (2006), o objetivo do estudo em questão era entender quais das
técnicas em estudo a Condensação Lateral, a Condensação Lateral Aquecida e a
Condensação de Ondas Continuas, conseguiam reproduzir melhor as irregularidades
criadas artificialmente nos canais radiculares. A Condensação Lateral não conseguiu
replicar nenhum dos defeitos criados, em comparação com as outras duas técnicas que
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Obturação em Endodontia
Diferentes métodos de análise da infiltração marginal apical têm sido utilizadas como a
penetração de corantes e ou clivagem, penetração bacteriana, análise da radiopacidade,
métodos eletroquímicos, e métodos de infiltração de fluidos (Cobankara et al., Onay et
al., cit in. Marques et al., 2011).
O estudo apresentado por Silveira et al., (2007), foi comparar a infiltração apical por
tintas entre a técnica System B e a técnica de Condensação Lateral a frio, utilizando a
gutta-percha e o resilon. Os resultados obtidos do estudo são apresentados na tabela
abaixo nº 1.
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Obturação em Endodontia
Técnicas de
N Mínimo Máximo Médio
obturação
Condensação
Lateral com 25 0,43mm 3,38mm 1,28mm
gutta-percha
System B®
com gutta- 25 0,00mm 2,31mm 0,81mm
percha
System B®
25 0,00mm 2,23mm 0,76mm
com resilon
Condensação
Lateral com 25 0,00mm 1,90mm 0,77mm
resilon
Tabela 1 - Valores médios (mm) do teste de infiltração com corantes (Adaptado de
Silveira et al., 2007).
A Condensação lateral com resilon foi a que demonstrou melhor desempenho, não
sendo a sua diferença estatisticamente significativa em comparação com a técnica
System B utilizando o resilon ou a gutta-percha (P>0,05). A média da infiltração apical
do corante é maior para a técnica de Condensação lateral com gutta-percha com valores
de 1,28mm, enquanto que a técnica de Condensação Lateral com Resilon apresentou um
valor médio é de 0,77mm.
31
Obturação em Endodontia
Gençoglu et al., (2002) realizaram um estudo onde o objetivo era comparar a infiltração
apical usando tintas nas técnicas da Condensação lateral, do System B, da técnica
Quick-Fill® e Thermafil®. Os resultados são apresentados na tabela abaixo nº 2.
Técnicas de
N Média
Obturação
Condensação
15 7,65mm
Lateral
System B® 15 5,30mm
Quick-Fill® 15 4,35mm
Thermafil® 15 3,80mm
Tabela 2 - Valores Médios (mm) do teste de infiltração com tintas
(Adaptado Gençoglu et al., 2002).
Bueno et al., (2005) realizou um estudo em que comparou o nível de infiltração apical
entre a técnica de Condensação Lateral a frio e a técnica System B®. O estudo foi
dividido em quatro grupos, o grupo um com a técnica o System B®, grupo dois com a
Condensação lateral a frio, grupo três controlo negativo e grupo quatro controlo
positivo. Os autores encontraram diferenças estatisticamente significativas de infiltração
apical com a técnica de Condensação lateral a frio e a técnica System B®. A técnica de
Condensação a frio apresentou um maior número de infiltração comparando com o
System B®.
Neste estudo o objetivo dos autores era comparar a infiltração apical da tinta-da-china
em dentes obturados com as técnicas de Condensação Lateral, Condensação Ultra
Sónica e System B®. Os resultados apresentados mostraram que houve uma maior
infiltração da tinta por parte da técnica de Condensação Lateral do que com a
Condensação Ultra Sónica. Tanto a técnica de condensação Lateral como a System B®
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Obturação em Endodontia
7. Preenchimento Canalar
Distância do Ápex
Técnicas de
Média±dp 1mm 2mm 3mm 4mm
obturação
Condensação
81,21±0,87 73,99±21,57 82,66±13,14 86,26±1,12 81,85±2,19
Lateral
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Obturação em Endodontia
8. Temperatura
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Obturação em Endodontia
No estudo de Roldi et al (2010), o objetivo do estudo foi avaliar a variação térmica nos
terços cervical e médio da superfície radicular externa durante a obturação pela técnica
de condensação termomecânica da gutta-percha. Os resultados apresentaram um
aumento significativo entre a temperatura inicial e final cerca de 2,98ºC, porém inferior
ao aumento considerado prejudicial à superfície externa da raiz.
Lipski et al (2004), conferiu que o aumento da temperatura variava entre 4,26ºC para o
canal mesio-vestibular de molares superiores e para os incisivos superiores de 4.87ºC
para o sistema Thermafil®. Conclui que com este sistema não é de esperar danos nos
tecidos perriradiculares.
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Obturação em Endodontia
O objetivo deste estudo era medir a temperatura radicular interna e a superfície radicular
externa, aquando obturados com System B® e Obtura®II. A temperatura mais alta
significativamente na superfície radicular interna foi de 74,19ºC a 6mm do
comprimento de trabalho e a menor temperatura atingida na superfície interna da raiz
foi de 2,09ºC a 0mm do comprimento de trabalho para a técnica System B®. Com a
técnica Obtura®II a temperatura mais elevada foi de 26,63ºC a 6mm, e a menor
temperatura atingida foi de 5,22ºC a 0mm. Deste modo o System B® mostrou ter um
menor aumento de temperatura a 0mm do comprimento de trabalho (Sweatman et al.,
2001).
Segundo Lipski et al., (2005b), num estudo onde o objetivo era avaliar o aumento da
temperatura na superfície radicular com a técnica System B®. Os resultados
apresentados neste estudo demonstram que a técnica System B® teve um aumento de
temperatura de 108ºC para os incisivos inferiores. Concluíram que a técnica System B®
produz alterações de temperatura na superfície externa aquando aplicada em dentes com
paredes relativamente finas.
Para o autor Dimitrov et al., (2009), o objetivo do estudo era investigar as mudanças de
temperatura na superfície radicular durante o tratamento endodôntico em função da
dentina. Demonstraram que durante a obturação com as técnicas termoplásticas é
necessário apenas 5 segundos de aquecimento continuo, para ocorrer aumento da
temperatura. Para prevenir e diminuir lesões decorrentes do excesso de temperatura, o
profissional deve executar as técnicas com máxima atenção possível, com a dosagem
exata do tempo de manipulação e arrefecimento da dentina.
De acordo com o estudo apresentado por Behnia et al., (2001) que consistiu em avaliar
as temperaturas das superfícies radiculares através do sistema Thermafil®, o aumento
médio de temperatura a partir da temperatura ambiente para as raízes mesiais foi de
4,26ºC, para as raízes disto vestibular foi de 4,76ºC, e para as raízes palatinas de 4,87ºC
e para as raízes anteriores 4,87ºC. Concluíram que as temperaturas apresentadas foram
inferiores ao nível considerado crítico de 10ºC.
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Obturação em Endodontia
O autor Lipski et al., 2006, apresentou um estudo em que permitiu avaliar a mudança de
temperatura na superfície externa da raiz pelas técnicas termoplásticas. Foram usados os
incisivos centrais superiores e os incisivos centrais inferiores para o estudo, os dentes
foram obturados com o sistema Obtura® II a 160ºC. O estudo demonstrou haver um
aumento de temperatura de 8,5ºC e 22,1ºC. Os autores concluíram que a gutta-percha
aquecida a 160ºC para tratamento de incisivos centrais superiores não atinge o nível
critico, enquanto que, para os incisivos centrais inferiores resulta num aumento superior
a 10ºC.
O presente estudo teve como objetivo medir as transferências de calor para os tecidos
periodontais com a técnica de condensação de ondas contínuas. Os autores concluíram
que com 3 segundos apenas de ativação houve um aumento de temperatura que quase
chegou aos 47ºC. Realçaram que com a utilização da condensação de ondas contínuas
os clínicos devem ter em especial atenção o tempo para não ultrapassar os 3 segundos
(Zhou et al., 2010).
9. Extrusão Apical
Neste presente estudo o objetivo foi comparar a qualidade da obturação dos canais
radiculares, entre a técnica de condensação Lateral e o sistema Thermafil®, dando
especial atenção para a extrusão apical. Constataram que ocorreu extrusão apical tanto
de gutta-percha como do cimento selador em todos os canais obturados pelo sistema
Thermafil® (Silva et al., 2002).
O objetivo deste estudo foi avaliar a importância do cone principal utilizando diferentes
técnicas de obturação. Concluíram que é fundamental uma correta seleção do cone
principal para evitar extrusão apical (Van et al., 2005).
37
Obturação em Endodontia
Segundo Schafer et al., (2002), concluiu que quase um quarto dos dentes obturados com
o sistema Thermafil® apresentava um grau de extrusão apical de gutta-percha associada
ou não ao cimento endodôntico.
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Obturação em Endodontia
III. CONCLUSÃO
É importante o uso de cimento selador na obturação pois é essencial para uma boa
conexão entre o material obturador e as paredes dentinárias.
Estas novas técnicas, têm a vantagem de proporcionar um melhor selamento apical, uma
melhor obturação tridimensional, em que todos os canais radiculares são selados
hermeticamente, devido ao material ser facilmente introduzido até as irregularidades do
sistema de canais radiculares.
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Obturação em Endodontia
O profissional deve ter em conta alguns aspetos para que o tratamento endodôntico
tenha sucesso:
Conclui-se então que o profissional têm que ter a consciência de que cada caso é um
caso e como tal necessita de uma avaliação criteriosa de forma a saber que técnica deve
escolher para a obturação dos canais radiculares. Mais estudos precisam ser realizados
para ser encontrados os sistemas de obturação ideal.
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Obturação em Endodontia
IV. BIBLIOGRAFIA
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Barbien, D. B., Pereira, L.P. e Traiano, M.L. (2010). Controle e avaliação dos
tratamentos endodônticos realizados pelos acadêmicos do componente curricular de
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