Fasciculo de LP 1 2020

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TEMA 1

FONOLOGIA E FONÉTICA

Índice
1.1 Fonemas…………..……………………………………………………………….2
1.2 Vogais e consoantes……………………………………………………………...5
1.3 Semivogais……………..………………………………………………………….6
1.4 Encontros vocálicos……………………………………………………………….7
1.5 Encontros consonantais………...…………………………………………….….7
1.6 Dígrafos…………………………………………………………………………….8
1.7 Divisão silábica……...……………………………………………………...……..8

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves


FONOLOGIA / ISP-CAÁLA, 2021
E FONÉTICA Página 1
1. DEFINIÇÕES

Fonologia é a parte da gramática que trata dos sons produzidos pelo ser
humano para a comunicação, em relação a determinada língua.

Curiosidade: O estudo dos sons, de forma geral — sem levar em conta a


região geográfica ou a cultura a que se aplica —, recebe o nome de
FONÉTICA.

1.1 FONEMA
O s fonemas são os elementos sonoros mais simples da língua, capazes de
estabelecer distinção entre duas palavras. Como em: sua e tua. Note que a
distinção entre uma e outra palavra são os fonemas /se/ e /te/.

Curiosidade: Graficamente expressamos os fonemas entre barras: /me/; /ce/; /ve/.

Não podemos confundir letras com fonemas, pois letra é a representação


gráfica de um som.
M — letra eme > som /me/.
J — letra jota > som /je/.
H — letra agá > não existe som para essa letra.

Nem sempre ao número de letras corresponde o mesmo número de fonemas.

Veja:
TÁXI
4 letras: t, a, x, i.
5 fonemas: /te/, /a/, /ke/, /se/, /i/.

Os fonemas se dividem em dois grupos:


■ Fonemas vocálicos: representam as vogais.
■ Fonemas consonantais: representam as consoantes.

1.1.1 FONEMAS VOCÁLICOS


Chamamos fonemas vocálicos os sons resultantes da emissão de ar que
passa livremente pela cavidade bucal. São eles: A, E, I, O, U. Dividem-se em
dois grupos:

■ 1.2.1. Vogais
São a base da sílaba em Língua Portuguesa. Há apenas uma vogal em cada
sílaba: sa -pa -to; ca -fé; u -si -na.

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■ 1.2.2. Semivogais
São fracas em relação à vogal. As letras I e U, quando acompanham outra
vogal numa mesma sílaba, são as semivogais. As letras E e O também serão
semivogais quando forem átonas, acompanhando outra vogal. Veja:
cá -rie
/i/ é semivogal
/e/ é vogal
tou -ro
/o/ é vogal
/u/ é semivogal
mãe
/a/ é vogal
/e/ é semivogal
pão
/a/ é vogal
/o/ é semivogal

■ 1.3. FONEMAS CONSONANTAIS


Chamamos de fonemas consonantais os ruídos ocasionados pela obstrução
da passagem de ar pelo aparelho fonador (língua, dentes, lábios etc.). São: B,
C, D, F, G,H, J, K, L, M, N, P, Q, R, S, T, V, W, X, Y, Z.

■ 1.4. ENCONTROS VOCÁLICOS


É a união de dois ou mais fonemas vocálicos em uma única sílaba. São
eles: o ditongo, o tritongo e o hiato.

■ 1.4.1. Ditongo
Ocorre quando juntamos dois sons vocálicos numa única sílaba: ca-iu; viu;
tou-ro; den -tais.
Os ditongos são classificados de acordo com a sua formação e a sua
pronúncia.
De acordo com a formação, o ditongo pode ser:

■ 1.4.1.1. Crescente
Começa com semivogal e termina com vogal: cárie, história,
tênue.

■ 1.4.1.2. Decrescente
Começa com vogal e termina com semivogal: touro, dentais,
peixe.

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De acordo com a pronúncia, o ditongo pode ser:

■ 1.4.1.3. Oral
Quando o som sai completamente pela boca: tênue, dentais.

■ 1.4.1.4. Nasal
Quando o som sai pelo nariz: pão, mãe, também, cantaram.

Curiosidade: AM e EM, em final de palavras, representam ditongos


decrescentes nasais. Perceba que os sons que ouvimos são: /tã -bei/ e /cã -ta -
rau/.

■ 1.4.2. Tritongo
Ocorre quando juntamos três sons vocálicos numa única sílaba: iguais; quão.
O tritongo se classifica, quanto à pronúncia, como:

■ 1.4.2.1. Oral
Quando o som sai apenas pela boca: iguais.

■ 1.4.2.2. Nasal
Quando o som sai pelo nariz: quão.

■ 1.4.3. Hiato
Ocorre quando colocamos, simultaneamente, em uma
palavra duas vogais, que pertencem a sílabas diferentes:
sa -í -da; co -o -pe -rar; ga -ú -cho.

■ 1.5. ENCONTROS CONSONANTAIS


É o encontro de sons consonantais simultâneos dentro da palavra. Podem
ser classificados de acordo com o modo como se apresentam.

■ 1.5.1. Encontros consonantais perfeitos


Sons consonantais que pertencem à mesma sílaba: pro -ble-ma; psi -co -lo -gi
-a; pe -dra.

■ 1.5.2. Encontros consonantais imperfeitos


Sons consonantais que pertencem a sílabas diferentes: dig -no; per -fei -to;
ar-tis -ta.

Curiosidade: Repare que nos encontros consonantais, apesar de as


consoantes aparecerem lado a lado, cada uma conserva o seu som próprio,
característico.
pro -ble -ma = /pe/ + /re/ + /o/ + /be/ + /le/ + /e/ + /me/ + /a/
af -ta = /a/ + /fe/ + /te/ + /a/

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■ 1.6. DÍGRAFO
Ocorre quando duas letras representam um único som:
CH — chá
LH — telha
NH — ninho
GU — foguete
QU — quilo
RR — carro
SS — assado
SC — descer
SÇ — desço
XC — exceto
XS — exsudar
AM — tampa
EM — tempo
IM — tímpano
OM — tombo
UM — tumba
AN — anta
EN — entortar
IN — interno
ON — onda
UN — untar

Curiosidade: Os grupos GU e QU, quando trazem o U pronunciado, não


representam dígrafos, pois nesse caso G e Q têm um som e U tem outro:
aguentar; sagui; tranquilo; aquoso.__

1.2 VOGAIS E CONSOANTES

2.2.1 VOGAIS
As vogais (a/e/i/o/u/) são sons que produzimos com a glote aberta, ou seja,
sem obstáculo à passagem do ar pelo aparelho fonador. Em nossa língua, elas
são sempre centro de sílaba.

CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS


Segundo o papel das cavidades bucal e nasal, as vogais agrupam-se em:
a) ORAIS: a, e, i, o, u;
b) NASAI: ã, õ;
Segundo o ponto de articulação:
a) Medias: a;
b) Anteriores: e, i;

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c) Posteriores: o, u;
Quanto ao timbre:
a) Abertas: á, é, ó;
b) Fechadas: ê, ô;
c) Reduzidas: a (vida), e (vale), o (fino).
De acordo com a intensidade:
a) Tónicas: sólido, sofá, etc.
b) Átonas: casa, vale, etc.

2.2.2 CONSOANTES
As consoantes são sons que produzimos com a glote fechada, ou seja, com
obstáculo à passagem do ar pelo aparelho fonador. Em nossa língua, elas só
aparecem na sílaba junto de uma vogal.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES
a) Quanto ao ponto de articulação:
- Bilabiais: P, B, M
- Labiodentais: F e V
- Linguodentais: T e D
- Alveolares: S, C e Ç; S e Z; R e RR; L; N
- Palatais: X e CH; G e J; LH; NH
- Velares: C (k) e Q; G (gue).

b) Quanto ao modo de articulação FUNÇÃO DAS CORDAS VOCAIS:


OCLUSIVAS, subdivididas em:
-SURDAS: P, T, C (k) e Q
-SONORAS: B, D e G (gue).
CONSTRITIVAS, subdividem em:
- FRICATIVAS SURDAS: F, S, C, Ç, X e CH
- FRICATIVAS SONORAS: V, S, Z, G e J
- VIBRANTES SONORAS: R e RR
- LATERAIS SONORAS: L e LH.

c) Quanto à intervenção da cavidade bucal e nasal, temos a considerar


que, exceptuando as nasais M, N e NH, todas as outras são arais.

1.3 SEMIVOGAIS
As semivogais são os fonemas /i/ e /u/ quando, colocados ao lado de uma
vogal, não formam o centro de uma sílaba:

em pito e viu, o /i/ é vogal


em dói e Mário, é semivogal
em duro e rui, o /u/ é vogal
em céu e ouvido, é semivogal

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1.4 ENCONTROS VOCÁLICOS
Os encontros vocálicos destacados acima são, respectivamente: ditongos,
tritongo, e hiato.

DITONGO: é o encontro de uma vogal com uma semivogal ou vice-versa.


Ex: pai (vogal + semivogal)
comércio (semivogal + vogal)

O ditongo pode ser:


a) Crescente: formado por semivogal + vogal. Ex: qual, tia, etc.
b) Decrescente: formado por vogal + semivogal. Ex: touro, coisa, muito, etc.
c) Oral: formado por vogal oral. Ex: pai, mau, etc.
d) Nasal: formado por vogal nasal. Ex: mãe, mão, põe, etc.

TRITONGO: é o encontro entre uma semivogal, uma vogal e outra semivogal.


Ex: Uruguai, saguão, enxaguou

O tritongo pode ser:


a) Oral: Uruguai, enxaguou, Paraguai, etc.
b) Nasal: saguão, quão, etc.

HIATO
Hiato é o encontro de duas vogais.
Ex: visual, saída, piada, nua, rua, feriado, poeta, país, etc.

1.5 ENCONTROS CONSONANTAIS


Como o nome já diz, o encontro consonantal se dá entre consoantes, sem
vogal intermediária.

Podemos considerar três tipos de encontros consonantais:


a) Encontro consonantal puro: correspondendo ao agrupamento de
consoantes pertencentes a uma mesma sílaba, como bl, br, cl, cr, dr, fl,
fr, gl, gr, pl, pr, tl, tr, vr.

b) Encontro consonantal disjunto: corresponderá a agrupamentos


consonantais, mas cujas consoantes pertencem a sílabas diferentes,
como pt e ct (ap-to; as-pec-to).

c) Encontro consonantal fonético: quando uma consoante tem


realização equivalente a duas consoantes distintas, como sucede com o
X, que, em diversos casos, se pronuncia (ks): a-xi-la; a-ne-xo; etc.

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1.6 DÍGRAFOS
Não se há de confundir dígrafo com encontro consonantal. Dígrafo é o
emprego de duas letras para a representação gráfica de um só fonema: passo
(paço), chá (xá), manhã, palha, enviar, mandar.
Há dígrafos para representar consoantes e vogais nasais. Os dígrafos para
consoantes são os seguintes, todos inseparáveis, com excepção de rr e ss, sc,
sç, xc:

ch: chá xs: exsudar ‘transpirar’


lh: malha rr: carro
nh: banha ss: passo
sc: nascer qu: quero
sç: nasça gu: guerra
xc: exceto

Para as vogais nasais:


am ou an: campo, canto
em ou en: tempo, vento
im ou in: limbo, lindo
om ou on: ombro, onda
um ou un: tumba, tunda

1.7 DIVISÃO SILÁBICA


A divisão silábica consiste na identificação e delimitação das sílabas de cada
palavra. As sílabas têm como constituinte obrigatório uma vogal, que determina
o seu núcleo ou elemento central. Essa vogal pode ou não vir acompanhada de
uma outra vogal, foneticamente chamada semivogal, formando um ditongo,
como acontece na palavra cau-sa. O núcleo da sílaba pode ser precedido de
uma ou mais consoantes, como em pla-no, e seguido de uma ou mais
consoantes, como em pers-pec-ti-va.
Para realizar uma divisão correcta, é preciso ter em mente, a princípio, que em
todas as sílabas deve haver pelo menos uma vogal, sem excepções. Por essa
razão, essa norma se torna geral.

 NÃO SE SEPARAM
1. Ditongos e tritongos
Palavras que possuem, respectivamente, duas e três vogais juntas. Na
separação silábica elas pertencem a uma mesma sílaba.
Exemplos: cau-le, ân-sia, di-nhei-ro, trei-no, des-mai-a-do, U-ru-guai, sa-
guão, Pa-ra-guai, a-ve-ri-guou, quais-quer, etc.

2. Dígrafos

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São encontros consonantais, isto é, duas consoantes juntas, que possuem um
mesmo som. Alguns devem ser separados, mas outros não. Esse é o caso do:
ch, lh, nh, gu e qu.

Exemplos: chu-va, fa-cha-da, es-ta-nho, fro-nha, a-que-la, co-lhei-ta, fi-lha,


ni-nho, quei-jo, etc.

3. Encontros consonantais com L e R


Quando duas consoantes estão juntas na palavra e a segunda é l ou r, não há
a separação delas. Observe:

Exemplos: fla-gran-te, gló-ria, pla-no, cla-va, a-pre-sen-tar, a-brir, re-tra-to,


re-gra, a-bran-dar, dra-gão, tra-ve, etc.
Nessa regra há uma exceção, lembrem-se dela: ab-rup-to.
4. Encontros consonantais iniciais
Se a palavra tiver duas sílabas juntas no início, elas não são separáveis.

Exemplos: gnós-ti-co, pneu-má-ti-co, mne-mô-ni-co, gno-mo, psi-có-lo-go,


pneu-mo-ni-a, etc.

5. Palavra terminada em consoante


Em nenhuma hipótese uma palavra que termine com consoante terá uma
divisão silábica em que a consoante fique isolada no final. Nesse sentido, a
última letra se une à anterior.

Exemplos: sub-lin-gual, su-ben-ten-der, en-xá-guam, a-guen-tar, etc.

 SEPARAM-SE
Ditongo decrescente + vogal

Separam-se grupos formados por ditongo decrescente + vogal (aia, eia, oia,
uia, aie, eie, oie, uie, aio, eio, oio, uio, uiu). Não confunda com tritongo: tritongo
é o encontro de uma semivogal com uma vogal e outra semivogal (SV+V+SV).
Nessas palavras, a formação é feita com vogal (a, e, o) + semivogal (i,u) + uma
outra vogal (a,e,o).

Preste atenção!
Exemplos: prai–a, tei–a, joi–a, sa-bo-rei–e, es-tei–o, ar-roi–o, etc.

OBS: A formação do tritongo é diferente, sendo semivogal + vogal + semivogal:


Paraguai (“u” e “i” são semi e “a” é vogal).

6. Hiatos

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Quando há um encontro de duas vogais. Diferem-se do ditongo pela forma que
são pronunciadas.
Exemplos: sa–ú-de, Sa–a-ra, ca–o-olho, hi-a-to, etc.

7. Outros dígrafos
Como já dito, dígrafo ocorre quando duas consoantes juntas forma um único
som. Nos casos de: rr, ss, sc, sç, xs, e xc eles devem ser separados.
Exemplos: bar-ro, as-sun-to, guer–ra, sos–se-go, des–çam, cres–ço, etc.

8. Encontros consonantais
Com excepção dos casos já citados, onde a segunda consoante é L ou R, nos
outros casos a separação ocorre.
Exemplos: de-cep–ção, ab–do-me, sub–ma-ri-no, ap–ti-dão, con-vic-ção, as-
tu-to, ap-to, cír-cu-lo, rit–mo, etc.
Obs. Não confunda encontro consonantal com dígrafo consonantal! Exemplo:
campo (o M nasaliza a vogal anterior; não é consoante, é só uma marca de
nasalização; não forma encontro consonantal com P!).

9. Vogais idênticas
aa, ee, ii, oo, uu e os grupos consonantais cc, cç, também são separados.
Exemplos: Sa–a-ra, com-pre–en-do, xi–i-ta, vo–o, pa-ra-cu-u-ba; oc–ci-pi-tal,
in-fec–cão, etc.

Obs.
Na translineação (partição das palavras em fim de linha), além das normas
estabelecidas para a divisão silábica, seguir-se-ão os seguintes critérios:
 Dissílabos como ai, sai, ato, rua, ódio, unha, etc., não devem ser
partidos, para que uma letra não fique isolada no fim ou no início da
linha;

 Na partição de palavras de mais de duas sílabas, não se isola sílaba de


uma só vogal: agos-to (e não a-gosto), La-goa (e não lago-a), ida-de (e
não i-dade);

 Na partição de compostos hifenizados, ao translinear, repetir-se-á o


hífen quando a seção da palavra coincidir com o final de um dos
elementos do vocábulo composto. (cf. Novo acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa). Ex.: saca-/-rolhas, melão-de-/-são-caetano,
Mariavai-/- com-as-outras.

 Não se deve, em final ou início de linha, quando a separação for


efectivada, formar-se palavra estranha ao contexto. Não quer dizer aqui
que essas separações silábicas sejam erradas; é uma simples questão
de elegância de estilo. Ex.: presi-/-dente, samam-/-baia.

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TEMA 2
ORTOGRAFIA

Índice
2. 1 Ortografia (dificuldades mais comuns)……………………………………….12
2.1.1. A – OU HÁ?..................................................................................12
2.1.2. ACERCA DE, HÁ CERCA DE OU ACERCA DE?......................12
2.1.3. AO ENCONTRE DE, OU DE ENCONTRO A?.............................12
2.1.4. AFIM OU A FIM?..........................................................................12
2.1.5. AO INVÉS DE OU EM VEZ DE?..................................................13
2.1.6. AO NÍVEL DE OU EM NÍVEL DE?...............................................13
2.1.7. AONDE OU ONDE?.....................................................................13
2.1.8. A PRINCÍPIO OU EM PRINCÍPIO?.............................................13
2.1.9. EM FACE DE OU FACE A?.........................................................13
2.1.10. MAIS, MAS OU MÁS?................................................................13
2.1.11. MAL OU MAU?...........................................................................14
2.1.12. POR QUE, PORQUE, POR QUÊ OU PORQUÊ?......................14
2.1.13. SE NÃO OU SENÃO?................................................................14
2.1.14. TÃO POUCO OU TAMPOUCO?................................................14
2.1.15. O USO DO PRONOME “CUJO”………………………..…………15
2.1.16. QUANDO USAR "X" OU "CH"…………………………...………..15
2.1.17. C, Ç, S OU SS. QUANDO USAR?..,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.......16
2.1.18. O USO DE “ANTES DE”………………………………….....17
2.1.19. O USO DE “APESAR DE” …………………………………..17
2.1.20. ASSISTIR………...……………………………………………17
2.1.21. S ou Z, COMO USAR?......................................................17
2.1.22. G ou J, COMO USAR?......................................................18
2.1.23. O EMPREGO DO HÍFEN……………………..……………..18
2.1.24. PRONÚNCIA CORRECTA DE ALGUMAS PALAVRAS...21
2.1.25. O ALFABETO PORTUGUÊS…………………............................21
2.2. A CRASE….………..……………….……………………………..……..22

2. 1. ORTOGRAFIA (dificuldades mais comuns)


ORTOGRAFIA
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Neste tema, estudaremos algumas palavras que às vezes, causam dúvidas e
dificuldades quanto ao uso.

2.1.2. A – OU HÁ?
Quando usar?
-João Lourenço foi empossado como presidente da Republica há algum tempo.
Indica tempo que já passou
-Daqui a alguns dias, concluiremos o inquérito.
Indica tempo que vai passar

2.1.2. A CERCA DE, HÁ CERCA DE OU ACERCA DE?


-O Palácio do Governo fica a cerca de 10 minutos do centro da cidade.
a uma distância de
-Conheço o Paulo há cerca de 8 anos.
faz aproximadamente
-Falamos acerca dos problemas económicos de Angola
a respeito de

2.1.3. AO ENCONTRE DE, OU DE ENCONTRO A?


-Vou ao encontro do que me espera.

Indica situação favorável

-Sua posição foi de encontro às nossas expectativas.

Indica oposição

2.1.4. AFIM OU A FIM?


Afim é um adjectivo que significa igual “igual”, “semelhante”. Relaciona-se com
a ideia de afinidade:
-São parentes afins
-Durante a investigação, tiveram ideias afins.
A fim aparece na locução a fim de que significa “para” e indica ideia de
finalidade:
-Ele adiantou o trabalho a fim de sair cedo.

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2.1.5. AO INVÉS DE OU EM VEZ DE?
-Jantaremos arroz em vez de massa.
indica substituição
-Ele falava muito ao invés de escutar.
indica oposição, ideia contrária
2.1.6. AO NÍVEL DE OU EM NÍVEL DE?
Ao nível significa à mesma altura: A cidade fica ao nível do mar.
Em nível de significa no âmbito de: A decisão foi em nível de primeira
instância.
Não existe a expressão a nível de. Portanto, nunca use: Essa decisão foi a
nível de directoria.
2.1.7. AONDE OU ONDE?

Aonde - usado com verbo que indica movimento (ir, chegar, etc.): Aonde
vamos?
Onde – usado com verbo que não indica movimento, isto é, com verbo
estático: Onde está a documentação?

2.1.8. A PRINCÍPIO OU EM PRINCÍPIO?

A princípio significa no começo, inicialmente: A princípio, a prisão foi


temporária / A princípio, o jogo estava morto, mas depois ganhou ritmo.

Em princípio significa em tese, de um modo geral, em termos: Em


princípio, todos devem ser considerados inocentes / Em princípio, foi um jogo
morto.

2.1.9. EM FACE DE OU FACE A?

Não existe na nossa língua a expressão “face a”. Assim, devemos usar
sempre em face de: Em face do alto índice de criminalidade…

2.1.10. MAIS, MAS OU MÁS?

Mais – advérbio de intensidade: Esta prova é mais difícil que as outras.

Mas – conjunção adversativa: Tentou fugir, mas não conseguiu.

Más – adjectivo, antónimo de boas: As más acções prejudicam a sociedade.

2.1.11. MAL OU MAU?

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Mal opõe-se ao bem:

O professor explica mal. (advérbio de modo)

O mal sempre destrói aquele que o pratica. (substantivo)

Mal ele chegou, fui descansar. (conjunção temporal)

Mau opõe-se ao bom:

Ele é um mau exemplo de conduta. (adjectivo)

2.1.12. POR QUE, PORQUE, POR QUÊ OU PORQUÊ?

O uso dos porquês nos traz algumas dificuldades. Por quê? Observe!

 Por que nos causa dúvida?


 Eu não sei por que há dúvida. Você sabe por quê?
 Temos dúvida porque ainda não conhecemos o recurso da substituição.
 De facto, sabemos agora o porquê da dúvida.

Por que Por que motivo Inicio de frase


Porque Porquanto Conjunção
Por quê Por que motivo Fim ou meio da frase
Porquê O motivo Substantivo

2.1.13. SE NÃO OU SENÃO?

Se não – se é a conjunção subordinativa condicional, não é advérbio.

Senão – é conjunção coordenativa adversativa.

Exemplos: Se não compareceres à reunião, serás reunido.

Caso não

Não farei outra coisa hoje senão trabalhar.

A não ser

2.1.14. TÃO POUCO OU TAMPOUCO?

Tão pouco – muito pouco

Ex: tenho economizado tão pouco ultimamente.

Tampouco – também não

Ex: ele não corria tampouco andava.

2.1.15. O USO DO PRONOME “CUJO”

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O uso do pronome cujo, semelhantemente a tantos outros assuntos ligados à
gramática, encontra-se submetido a regras específicas. Há de se convir que
em se tratando da oralidade ele não é um pronome assim tão recorrente; mas
quanto à escrita o seu uso é notório.

Partindo desse princípio e tendo a consciência de que se trata de um pronome


relativo variável, analisaremos tais particularidades, estando elas demarcadas
por alguns aspectos, entre os quais:
* Tal termo somente é utilizado no sentido de posse, fazendo referência
ao termo antecedente e ao substantivo subsequente. Observe:
O garoto cujo pai esteve aqui...
A enunciação diz respeito ao pai do garoto, expresso antes.
* Não se usa artigo definido entre o pronome ora em discussão (cujo) e o
substantivo subsequente. Voltemos ao exemplo anterior:
O garoto cujo (o) pai esteve aqui (situação inadequada)
O garoto cujo pai esteve aqui... (forma conveniente)
* O pronome deve aparecer antecedido de preposição sempre que a
regência dos termos posteriores exigir. Vejamos:
Aquela é a família de cuja casa todos gostam.

2.1.16. QUANDO USAR "X" OU "CH"

Antes, é importante lembrar que um mesmo fonema (som de uma língua) pode
ser representado por mais de uma letra ou dígrafo, dependendo da etimologia
e da composição da palavra, vejamos.

O fonema /ʃʃ/, aquele chiado fricativo, que encontramos nas palavras "ameixa"
e "salsicha" pode ser representado pela letra "x" ou pelo dígrafo "ch".
Dependendo, de como disse, da posição do fonema dentro da palavra ou da
origem do termo. No exemplo acima a palavra ameixa deve ser grafada com
"x"(xis) pela observação que quase todas palavras que tem o fonema /ʃʃ/
depois de um ditongo como o ei da "ameixa" e de "eixo" são escritas com "x".

Já salsicha se escreve com "ch" por não se encaixar (olhe o ditongo na palavra
pedindo para se usar o x) em nenhuma das situações, citadas abaixo (olhe de
novo o ditongo antes de x na palavra "abaixo") que pedem o uso do "x".

Na verdade a palavra salsicha é de origem italiana e se escreve salsiccia. Se


fosse de origem indígena, africana ou inglesa já aportuguesada escreveríamos
com "x" e não com "ch". A justificativa para se usar "ch" em salsicha dá-se pelo
argumento de que ocorreu um processo chamado de assimilação regressiva
completa do "s" alveolar para "ch" de articulação palatal na palavra salsíxa,
explicando melhor, isso quer dizer que salsicha era pronunciado mais com som

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do fonema /s/ de que com som do fonema /ʃʃ/, tanto que a palavra até meados
do século XVII era ainda escrita com "xx", assim, salsíxa e que só depois
dessa mudança fonética é que se passou a ser grafada com "ch".

1) Se o fonema /ʃʃ/ vier após um ditongo, usa-se o "x".


Exemplos, caixa, frouxo faixa, ameixa, peixe, eixo, trouxa, paixão, encaixar e
baixo. Excepção recauchutar.

2) Fonema /ʃʃ/ após o grupo en, também se usa "x", exemplos, enxugar,
enxame, enxada e enxurrada. Excepção encher, por causa de cheio.

3) Usa-se ainda x após o grupo sonoro me: mexer, mexicano, mexilhão e


mexerico. Excepção Mecha.

4) O x também está presente nas palavras de origem indígena ou africana e


nas inglesas já aportuguesadas. Exemplos, abacaxi, xingar (africana), xerife.

2.1.17. C, Ç, S OU SS. QUANDO USAR?

O uso destas consoantes oferece muitas dúvidas, uma vez que representam
graficamente o mesmo som /s/. Embora o uso de uma ou outra consoante
dependa da raiz da palavra, existem algumas regras que podem ajudar:

1. O c só tem o valor de /s/ com as vogais e e i. Para as restantes usa-se ç.


Ex. Amacem, ácido / açafrão, açorda, açúcar

2. O ç e os dois ss não existem em início de palavras e, por isso, nesta posição


só podem aparecer:
S – antes de todas as vogais – ex: sapato, ser, sino, sol, suar
C – apenas antes de e ou i – ex: cenoura, civil

3. O s entre vogais tem sempre o som /z/, por isso, nas palavras derivadas e
compostas formadas a partir de uma palavra com s em posição inicial, tem de
se dobrar o s, escrevendo-se ss.
Ex: Sala – antessala / Seguir – prosseguir / Sol – girassol

4. Os dois ss só aparecem entre vogais.


Ex: passar; pessoa

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 16


2.1.18. ANTES DE
Seguida de verbo no infinitivo, não se pode fazer a contracção da preposição
“de” com o artigo ou pronome que se lhe segue: “antes de o comboio partir” e
não “antes do comboio partir”.

2.1.19. APESAR DE
Seguida de verbo no infinitivo, não se pode fazer a contracção da preposição
“de” com o artigo ou pronome que se lhe segue: “apesar de o rapaz querer…” e
não “apesar do rapaz querer…”.

2.1.20. ASSISTIR
Exige um complemento indirecto quando significa “VER”: “ele assistiu ao filme”.
Exige complemento directo quando significa “DAR ASSISTÊNCIA”: “ele assistiu
o doente”.

2.1.21. S ou Z, COMO USAR?


Uso do “S”
a) depois de ditongos: coisa, mausoléu, paisana, causa.
b) em nomes próprios com som de /z/: Neusa, Brasil, Sousa, Teresa.
c) no sufixo -oso (cheio de): cheiroso, manhoso, dengoso, gasoso.
d) nos derivados do verbo querer: quis, quisesse.
e) nos derivados do verbo pôr: pus, pusesse.
f) no sufixo -isa, indicando profissão ou ocupação feminina: profetisa,
poetisa.
g) nos sufixos -ês/ -esa, indicando origem, nacionalidade ou posição social:
milanês, português, norueguês, japonês, marquês, camponês, calabresa,
milanesa, portuguesa, norueguesa, japonesa, marquesa, camponesa.
h) nas palavras derivadas de outras que possuam S no radical: casa =
casinha, casebre, casarão, casario; atrás = atrasado, atraso; paralisia =
paralisante, paralisar,
paralisação; análise = analisar, analisado.

Uso do “Z”
a) nas palavras derivadas de primitiva com Z: cruz = cruzamento, juiz = ajuizar,
deslize = deslizar.
b) nos sufixos -ez/ -eza, formadores de substantivos abstractos a partir de
adjectivos: altivo = altivez; mesquinho = mesquinhez; macio = maciez; belo =
beleza;
c) no sufixo -izar, formador de verbos: hospital = hospitalizar; canal =
canalizar; social = socializar; útil = utilizar; catequese = catequizar.

Curiosidade: Quando usamos apenas -r ou -ar para formar um verbo, aproveitamos o


que já existe na palavra primitiva: pesquisa = pesquisar, análise = analisar, deslize =
deslizar.

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 17


d) nos verbos terminados em -uzir e seus derivados: conduzir, conduziu,
conduzo; deduzir, deduzo, deduzi; produzir, produzo, produziste.
e) no sufixo -zinho, formador de diminutivo: cãozinho, pezinho, paizinho,
mãezinha, pobrezinha.

Curiosidade: Se acrescentarmos apenas -inho, aproveitamos a letra da palavra


primitiva: casinha, vasinho, piresinho, lapisinho, juizinho, raizinha.

2.1.22. G ou J, COMO USAR?


1º Uso do “G”
a) nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: estágio,
colégio, litígio, relógio, refúgio.

b) nas palavras femininas terminadas em -gem: garagem, viagem, vagem.


Curiosidade: Pajem e lambujem são excepções à regra.

2º Uso do “J”
a) na terminação -aje: ultraje, traje, laje.

b) nas formas verbais terminadas em -jar e seus derivados: arranjar,


arranjem; viajar, viajem; despejar, despejem.
c) nas palavras derivadas de outras que se escrevem com J: ajeitar (de jeito),
laranjeira (de laranja).

2.1.23. O EMPREGO DO HÍFEN


O hífen é um sinal gráfico cujas funções estão associadas a uma infinidade de
ocorrências linguísticas, Entre essas funções, podemos citar: ligar palavras
compostas; fazer a junção entre pronomes oblíquos e algumas formas verbais;
separar as sílabas de um dado vocábulo; ligar algumas palavras precedidas de
prefixos etc.

2.1.23.1 Casos em que o hífen é empregado:


 O hífen é usado quando o prefixo termina em vogal e a segunda palavra
começa com a mesma vogal.
Anti-inflamatório
Anti-inflacionário
Micro-ondas
Micro-organismo

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 18


Nota importante:
Essa regra padroniza algumas exceções já vigentes antes do Acordo, como
auto-observação, auto-ônibus e contra-atacar.

 Tal regra não se aplica aos prefixos “-co”, “-pro”, “-re”, mesmo que a
segunda palavra comece com a mesma vogal que termina o prefixo.
Coobrigar
Coadquirido
Coordenar
Reedita
Proótico
Proinsulina

 Com prefixos, emprega-se o hífen diante de palavras iniciadas com “h”.

anti-higiênico
anti-histórico
extra-humano
pró-hidrotrópico
super-homem

 Emprega-se o hífen quando o prefixo terminar em consoante e a


segunda palavra começar com a mesma consoante.
inter-regional
sub-bibliotecário
super-resistente

 Com o prefixo “-sub”, diante de palavras iniciadas por “r”, usa-se o hífen.
sub-regional
sub-raça
sub-reino

 Diante dos prefixos -além, -aquém, -bem, -ex, -pós, -recém, -sem, - vice,
usa-se o hífen.
além-mar

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 19


aquém-mar
recém-nascido
sem-terra
vice-diretor
bem-humorado

 Diante do advérbio “mal” , quando a segunda palavra começar por vogal


ou “h”, o hífen está presente.
mal-humorado
mal-intencionado
mal-educado

 Com os prefixos “-circum” e “-pan”, diante de palavras iniciadas por


“vogal, m, n ou h”, emprega-se o hífen.
circum-navegador
pan-americano
circum-hospitalar
pan-helenismo

 Com sufixos de origem tupi-guarani, como “-açu”, “-guaçu”, “-mirim”,


usa-se o hífen.
jacaré-açu
cajá-mirim
amoré-guaçu

2.1.23.2. Alguns casos em que não devemos usar o hífen:


 Não se emprega o hífen quando o prefixo termina
em vogal e o segundo elemento começa por
consoante diferente de “r” ou “s”.
anteprojeto
autopeça
contracheque

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 20


extraforte
ultramoderno

 O hífen não deve ser usado quando o prefixo


termina em consoante e a segunda palavra
começa por vogal ou outra consoante diferente.
hipermercado
hiperacidez
intermunicipal
subemprego
superinteressante
superpopulação

 Diante do advérbio “mal”, quando a segunda


palavra começar por consoante, não se emprega o
hífen.
malfalado
malgovernado
malpassado
maltratado
malvestido

2.1. 24. PRONÚNCIA CORRECTA DE ALGUMAS PALAVRAS


- Clitóris ( clitóris e não clítoris)
- Dúplex ( dúplex e não dupléx)
- Nobel (nobel e não nóbel)
- Rubrica (rubrica e não rúbrica)
- Lusaka (Lussaca e não Luzaca)

2.1.25. O ALFABETO PORTUGUÊS


O alfabeto português, conforme o Acordo Ortográfico de 1945 (válido em
Portugal, nos PALOP e demais ex-possessões ultramarinas portuguesas) e o
Formulário Ortográfico de 1943 (válido somente no Brasil), está baseado no
alfabeto latino original, com 23 letras, sem as letras K, W e Y:

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 21


As letras k, w e y eram utilizadas apenas em algumas palavras estrangeiras
não-aportuguesadas, símbolos e abreviaturas (kg e KLM, por exemplo) e em
adjectivos e substantivos derivados de nomes próprios e palavras estrangeiras.
No entanto a situação foi alterada e presentemente é o novo acordo que vigora
em todos os países lusófonos, exceptuando Angola.

Assim, esse alfabeto é grafado pelas letras, A, B, C, D, E, F, G, H, I, J,


K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, X, Y, W, Z.

2.2. A CRASE

Crase é uma palavra que vem do grego (krasis) e tem o sentido de "união,
fusão". Na Língua Portuguesa, ela é indicada por um sinal gráfico, o sinal grave
e significa a contracção da preposição "a" com um outro "a".

A + A = À
Preposição a artigo ou pronome

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 22


demonstrativo a

Ocorre também fusão assim:

aquele (s) = àquele (s)

Preposição a + aquela (s) = àquela (s)

aquilo = àquilo

O problema é que esta crase não é do pronome, mas sim a representação da


junção da preposição que o antecede e seu “a” inicial!
Assim, existirá o acento grave quando o que foi dito anteriormente exigir a
preposição “a”.

Ex:
Refiro-me a alguém.

Refiro-me a aquela mulher.

Refiro-me àquela mulher

Agora veja: Refiro-me àquela mulher que entrou agora ou Refiro-me à que
entrou agora.

Não me refiro àquilo que aconteceu ontem. Refiro-me a isso que aconteceu
agora.
Não se assuste em colocar a crase antes de “aquele”, por se tratar de um
termo masculino, pois o que é levado em consideração é o “a” do início.
Este caderno é igual àquele que vimos ontem.
Agora veja com mais exactidão: Você receberá o seu bónus quando este
suceder àquele dos minutos gratuitos.
Você receberá o seu bónus quando ele suceder a este plano de minutos
gratuitos.
A crase também pode ocorrer com os pronomes relativos a qual, as quais:
As celebrações às quais assisti eram muito mais breves.
Ainda pode ocorrer com “à que”, a fim de se evitar repetições desnecessárias:
Comprou uma capa igual à (capa) que tinha estragado na última chuva.

Haverá crase sempre que:


Diante de situações de lugares, troque o destino pela procedência. Se nesta
troca aparecer a preposição “da”, ocorrerá crase.
Fui a Brasília buscar uns documentos.
Sem crase, pois na troca (venho de Brasília) não aparece a preposição “da”.

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 23


Se pudermos empregar a combinação da antes da palavra, é sinal de que ela
aceita o artigo.
Se pudermos empregar apenas a preposição de, é sinal de que não aceita..
Ex: Vim da Gabela. (aceita)
Vim de Luanda (não aceita)

Não haverá crase sempre que:


1. Se o “a” estiver no singular e a próxima palavra estiver no plural, não
ocorrerá crase: A palestra foi muito útil a pessoas que procuram retornar
ao mercado de trabalho.
Neste caso, poderíamos escrever “às pessoas”, porém, jamais
escreveríamos “à pessoas”.

2. Não há crase diante de palavras repetidas:


Gota a gota, cara a cara, dia a dia, etc.

3. Não há crase antes de verbo no infinitivo.


A seguir, ouviremos a leitura da ata desta assembleia.
No caso, nunca escreveríamos “à seguir”, pois o verbo seguir está no
infinitivo.

4. Às horas, observe se há antes do emprego do “a/as”, quatro


preposições, a saber: para, após, entre e desde.
Se houver presença destas preposições, não use crase.
Estou aqui desde as 13h.
A entrevista foi marcada para após as 20h.
A reunião ocorreu entre as 16h e 18h.
Esperávamos-te para as 15h.

AS HORAS ou ÀS HORAS?
Devemos Usar A Crase Diante [Das Horas]?
Sim, devemos colocar o acento indicativo de crase diante das horas. Primeiro,
porque devemos usar o artigo antes do número de horas. Segundo, porque,
neste caso, o artigo vem sempre depois de uma preposição: a + as 18 horas
=> às 18 horas:
● As aulas começam precisamente [às] 7 horas.
● Às 20 horas começará o jogo.
Se diante de artigo indefinido não há crase, devemos usá-la diante de Uma
Hora?
Também devemos usar porque, neste caso, [uma] não se trata de um artigo
indefinido e, sim do numeral [uma], que determina o número de horas – duas
horas, três horas, etc. Assim sendo:
● Mudaram o meu turno, começo, agora, à uma da madrugada.

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 24


Caso Especial
Já sabemos que o artigo que acompanha o número de horas vem sempre
depois de uma preposição. Se acaso tivermos de empregar uma preposição
que não seja [a], por exemplo: para, desde, após e entre. Não devemos usar,
em hipótese nenhuma, a crase. Se fizéssemos, estaríamos sobrepondo estas
preposições ao [a]:
● Ele chegará entre as 8 horas e às 9 horas.
● Eles trabalharam até as 3 horas.
● Sairei após as duas horas.
● Faltam 10 para as 2 horas.

[Até Às] é um Caso Facultativo


Embora se recomende não usar o acento indicativo de crase devido à
inexistência da preposição [a] (trabalharam até o meio dia), é possível
empregá-lo quando se deseja acentuar bem a noção de limite. Essa noção de
limite acontece porque a preposição [até] tem o sentido de inclusão: mesmo,
inclusive, ainda, também. Foi a partir do século XVII que se começou a usar as
duas preposições combinadas. Portanto, embora desnecessário, podemos
optar por:
● Eles trabalharam até as 3 horas.
● Eles trabalharam até às 3 horas.
A noção de limite fica mais clara nesta frase:
● Chegou até à porta, => isto é, parou na porta.
CASOS ESPECIAIS

1- PROIBIDA: antes de casa / distância (sem definição) e terra ( bordo)

2 - FACULTATIVA: com a expressão ATÉ (A); diante de nome próprio


feminino, com pronome adjectivo possessivo feminino singular.

3 - Junto do relativo, há vários casos possíveis:

a) - PROIBIDO diante de quem, cujo;

4 - Diante de pronome de tratamento, só pode haver crase antes de:


senhora, madame, dona, jovem, excelentíssima e senhorita.

TEMA 3
ESTRUTURA FÓNICO-GRÁFICA DAS PALAVRAS

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 25


Índice
3.1. Acentuação………………………………………………………….………27
3.1.2. Regras de acentuação das palavras oxítonas….…………………….27
3.1.3. Regras de acentuação das palavras paroxítonas…….………………28
3.1.4. Regra de acentuação das palavras proparoxítonas…….……………28
3.1.5. Regra de Acentuação para Monossílabas Tónicas…………………..28

3.2. Pontuação………..……………………………………………………………...29

3.2.1. A vírgula (,)…………………………………………………..……………29


3.2.2. O ponto (.) ………………………………………………………………..30
3.2.3. O ponto-e-vírgula (;)……………………………………………….…….30
3.2.4. Os dois pontos (:) ………………………………………………………..31
3.2.5. O ponto de interrogação (?)………………………………………….…32
3.2.6. O ponto de exclamação (!)……………………………………….……..32
3.2.7. As reticências (...)…………………………………………………….….33
3.2.8. As aspas (" ")……………………………………………………………..33
3.2.9. Os parênteses ( ( ) )…………………………………………………...…34
3.2.10. Os colchetes ( [ ] )………………………………..…………………..34
3.2.11. O travessão (-)…………….…..……...……………………………..….34

4.1 ACENTUAÇÃO
ESTRUTURA FÓNICO-GRÁFICA DAS PALAVRAS
3.1.1. Acentuação
A acentuação gráfica é feita através de sinais diacríticos que, sobrepostos às
vogais, indicam a pronúncia correcta das palavras no que respeita à sílaba
tónica e no que respeita à modulação aberta ou fechada das vogais. Os sinais
diacríticos, que englobam os acentos gráficos e os sinais gráficos auxiliares,
permitem a correcta representação da linguagem falada na linguagem escrita,
Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 26
possibilitando também uma mais fácil leitura e compreensão do conteúdo
escrito.

Acentos gráficos e sinais gráficos auxiliares


Acento agudo (´)
É um acento gráfico que indica que a sílaba é tónica e que a vogal deve ser
pronunciada de forma aberta, como em: pé, máquina, música, revólver, …

Acento circunflexo (^)


É um acento gráfico que indica que a sílaba é tónica e que a vogal deve ser
pronunciada de forma fechada ou nasalada, como em: antónimo, estômago,
lâmpada, pêssego, …

Acento grave (`)


É um acento gráfico colocado apenas sobre a vogal a, indicando que há crase,
ou seja, a contracção da preposição a com outra palavra. É usado em poucas
palavras, como em: à, àquele, àquela, àquilo, …

Til (~)
É um sinal gráfico auxiliar de escrita, usado na vogal a e na vogal o para indicar
nasalização, como em: manhã, coração, põe, … Nem sempre indica a
tonicidade da sílaba, como em: órgão, órfão, bênção, …

Trema (¨)
É um sinal gráfico auxiliar de escrita, usado, desde a entrada em vigor do Novo
Acordo Ortográfico, apenas em substantivos próprios estrangeiros e palavras
derivadas destes, como em: Müller, mülleriano, …
Apóstrofo ('')
É um sinal gráfico auxiliar de escrita que indica a supressão de fonemas em
palavras, como em: copo-d'água, pau-d’óleo, …

3.1.2. Regras de acentuação das palavras oxítonas


As palavras são oxítonas quando a última sílaba da palavra é a sílaba tónica,
como: jacaré, cipó, cantar, anzol, … São naturalmente oxítonas as palavras
terminadas em r, l, z, x, i, u, im, um e om, não necessitando de acentuação
gráfica.

São acentuadas graficamente as seguintes palavras oxítonas: Terminadas em


vogais tónicas: sofá, dominó, puré, …
Terminadas no ditongo nasal -em ou -ens: mantém, porém, também, harém, …
Terminadas nos ditongos abertos -ói, -éu, -éi: chapéu, papéis, heróis, corrói, …

3.1.3. Regras de acentuação das palavras paroxítonas

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 27


As palavras são paroxítonas quando a penúltima sílaba da palavra é a sílaba
tónica, como: adorável, órgão, perfume, mesa,… As palavras paroxítonas não
são geralmente acentuadas e representam a maioria das palavras da língua
portuguesa.

São acentuadas graficamente as seguintes palavras paroxítonas:


Terminadas em r: ímpar, cadáver, carácter, …
Terminadas em l: fóssil, réptil, têxtil, …
Terminadas em n: hífen, éden, dólmen, …
Terminadas em x: córtex, tórax, fénix, …
Terminadas em ps: bíceps, fórceps, …
Terminadas em ã, ãs, ão, ãos: órfã, órgão, sótão, …
Terminadas em um, uns, om, ons: álbum, fórum, prótons, …
Terminadas em us: vírus, húmus, bónus, …
Terminadas em i, is: júri, íris, tênis, …
Terminadas em ei, eis: jóquei, hóquei, fizésseis, …

3.1.4. Regra de acentuação das palavras proparoxítonas


As palavras são proparoxítonas quando a antepenúltima sílaba da palavra é a
sílaba tónica, como: pássaro, cantássemos, gráfico, pêssego, …
 Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas graficamente.

3.1.5. Regra de Acentuação para Monossílabas Tónicas


Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s).
Ex.: má(s), trás, pé(s), mês, só(s), pôs...

Att. Monossílabas átonas não são acentuadas, porque não apresentam


autonomia fonética e porque se apoiam em uma palavra. Geralmente
apresentam modificação prosódica dos fonemas:
Ex.: “O (=U) garoto veio de (=di) carro.”

São elas: artigo (o, a, os, as, um, uns); Pronome oblíquo átono: o, a, os, as,
lo, la, los, las, no, na, nos, nas, me, te, se, nos, vos, lhe, lhes;
Pronome relativo (que),
Pronome indefinido (que; quando não está acentuado); Preposição (a, com,
de, em, por, sem, sob e contracções, como à, do, na...); Conjunção (e, nem,
mas, ou, que, se), advérbio (”não”; antes do verbo) e formas de tratamento
(dom, frei, são e seu).
3.2 PONTUAÇÃO
Os diversos tipos de sinais de pontuação – Com Nina Catach, entendemos
por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais
sintácticos, destinados a organizar as relações e a proporção das partes do

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 28


discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de
todas as funções da sintaxe, gramaticais e semânticas” [NC.1, 7].

INTRODUÇÃO: SINAIS PAUSAIS E SINAIS MELÓDICOS


A língua escrita não dispõe dos inumeráveis recursos rítmicos e melódicos da
língua falada. Para suprir esta carência, ou melhor, para reconstituir
aproximadamente o movimento vivo da elocução oral, serve-se da pontuação.

Os sinais de pontuação podem ser classificados em dois grupos:


 O primeiro grupo compreende os sinais que, fundamentalmente, se
destinam a marcar as pausas:

a) a vírgula (,) - b) o ponto (.) - c) o ponto-e-vírgula (;)

 O segundo grupo abarca os sinais cuja função essencial é marcar a


melodia, a entonação:

a) os dois pontos (:) - b) ponto de interrogação (?) - c) ponto de exclamação (!)


d) as reticências (...) - e) as aspas (" ") - f) os parênteses ( ( ) ) - g) os colchetes
( [ ] ) - h) o travessão (--)

 Sinais que marcam sobretudo a pausa

3.2.1. A VÍRGULA (,)


A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não só para
separar elementos de uma oração, mas também orações de um só período.

Exemplos:
1º) As nuvens, as folhas, os ventos não são deste mundo. (A. MAYER)
Ela tem sua claridade, seus caminhos, suas escadas, seus andaimes. (C.
MEIRELES)

2º) Para separar elementos que exercem funções sintácticas diversas,


geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular, a VÍRGULA é usada:

a) para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor meramente explicativo:


Ele, o pai, é um mágico. ( ADONIAS FILHO)

b) para isolar o vocativo:


Moço, sertanejo não se doma no brejo. (J. A. DE ALMEIDA)

c) para isolar o adjunto adverbial antecipado:


Depois de algumas horas de sono, voltei ao colégio. (R. POMPÉIA)

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d) para isolar os elementos pleonástico ou repetidos:
Ficou branquinha, branquinha. Com os desgostos humanos. (O. BILAC)

3.2.2. O PONTO (.)


a) O PONTO assinala a pausa máxima da voz depois de um grupo fónico de
final descendente. Emprega-se, pois, fundamentalmente, para indicar o término
de uma oração declarativa, seja ela absoluta, seja a derradeira de um período
composto:

a) Nada pode contra o poeta. Nada pode contra esse incorrigível que tão bem
vive e se arranja em meio aos destroços do palácio imaginário que lhe caiu em
cima. (A. M. MACHADO)

b) Quando os períodos (simples ou compostos) se encadeiam pelos


pensamentos que expressam, sucedem-se uns aos outros na mesma linha.
Diz-se, neste caso, que estão separados por um PONTO SIMPLES.

Observação:
O PONTO tem sido utilizado pelos escritores modernos onde os antigos poriam
PONTO-E-VÍRGULA ou mesmo VÍRGULA.

A música toca uma valsa lenta. O desânimo aumenta. Os minutos passam. A


orquestra se cala. O vento está mais forte. (E. VERÍSSIMO).

c) Quando se passa de um grupo a outro grupo de ideias, costuma-se marcar a


transposição com um maior repouso da voz, o que, na escrita, se representa
pelo PONTO-PARÁGRAFO. Deixa-se, então, em branco o resto da linha em
que termina um dado grupo ideológico, e inicia-se o seguinte na linha abaixo,
com o recuo de algumas letras.

d) Ao PONTO que encerra um enunciado escrito dá-se o nome de PONTO-


FINAL.

3.2.3. O PONTO-E-VÍRGULA (;)


a) Como o nome indica, este sinal serve de intermediário entre o PONTO e a
VÍRGULA, podendo aproximar-se ora mais daquele, ora mais desta, segundo
os valores pausais e melódicos que representa no texto. No primeiro caso,
equivale a uma espécie de PONTO reduzido; no segundo, assemelha-se a
uma VÍRGULA alongada.
b) Esta imprecisão do PONTO-E-VÍRGULA faz que o seu emprego dependa
substancialmente de contexto. Entretanto, podemos estabelecer que, em
princípio, ele é usado:

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 30


1º) Para separar num período as orações da mesma natureza que tenham
certa extensão:

Todas as obras de Deus são maravilhosas; porém a maior de todas as


maravilhas é a existência do mesmo Deus. (M. DE MARICÁ)

2º) Para separar partes de um período, das quais uma pelo menos esteja
subdividida por VÍRGULA:

Chamo-me Inácio; ele, Benedito. (M. DE ASSIS)

3º) Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos (em leis,


decretos, portarias, regulamentos, etc.), como estes que iniciam o Artigo 1º da
Lei de Directrizes e Bases da Educação Nacional:

Art. 1º A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais


de solidariedade humana, tem por fim:

a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do


Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;

b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem; (...)

 Valor melódico dos sinais pausais


Dissemos que a VÍRGULA, o PONTO e o PONTO-E-VÍRGULA, marcam
sobretudo -- e não exclusivamente -- a pausa. No correr do nosso estudo,
ressaltamos até algumas das suas características melódicas. É o momento de
sintetizá-las:

a) o PONTO corresponde sempre à final descendente de um grupo fónico;


b) a VÍRGULA assinala que a voz fica em suspenso, à espera de que o período
se complete;
c) o PONTO-E-VÍRGULA denota em geral uma débil inflexão suspensiva,
suficiente, no entanto, para indicar que o período não está concluído.

 Sinais que marcam sobretudo a melodia


3.2.4. Os DOIS PONTOS (:)
Os DOIS PONTOS servem para marcar, na escrita, uma sensível suspensão
da voz na melodia de uma frase não concluída. Empregam-se, pois, para
anunciar:
1º) Uma citação (geralmente depois de verbo ou expressão que signifique
dizer, responder, perguntar e sinónimos):

Eu lhe responderia: a vida é ilusão... (A. PEIXOTO)

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 31


2º) Uma enumeração explicativa:
Viajo entre todas as coisas do mundo: homem, flores, animais, água... (C.
MEIRELES)

3.2.5. O PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)


a) É o sinal que se usa no fim de qualquer interrogação directa, ainda que a
pergunta não exija resposta: Sabe você de uma novidade? (A. PEIXOTO)

b) Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer seguir de


RETICÊNCIAS o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO:
_ Então?...que foi isso?...a comadre?... (ARTUR AZEVEDO)

c) Nas perguntas que denotam surpresa, ou naquelas que não têm endereço
nem resposta, empregam-se por vezes combinados o PONTO-DE-
INTERROGAÇÃO E O PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO:
Que negócio é esse: cabra falando?! (C. D. DE ANDRADE)

Observação:
O PONTO-DE-INTERROGAÇÃO nunca se usa no fim de uma interrogação
indirecta, uma vez que esta termina com entoação descendente, exigindo, por
isso, um PONTO.

Comparem-se:
-- Quem chegou? [= INTERROGAÇÃO DIRECTA]
-- Diga-me quem chegou. [= INTERROGAÇÃO INDIRECTA]

3.2.6. O PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)


É o sinal que se pospõe a qualquer enunciado de entoação exclamativa.
Emprega-se, pois, normalmente:

a) Depois de interjeições ou de termos equivalentes, como os vocativos


intensivos, as apóstrofes:
Oh! dias de minha infância! (C. DE ABREU)
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? (C. ALVES)

b) Depois de um imperativo:
Coração, pára! ou refreia, ou morre! (A. DE OLIVEIRA)

Observação:
A interjeição oh! (escrita com h), que denota geralmente surpresa, alegria ou
desejo, vem seguida de PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO. Já à interjeição de apelo
ó, quando acompanhada de vocativo, não se pospõe PONTO-DE-

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 32


EXCLAMAÇÃO; este se coloca, no caso, depois do vocativo. Comparem-se os
exemplos do item a.

3.2.7. As RETICÊNCIAS (...)


As RETICÊNCIAS marcam uma interrupção da frase e, consequentemente, a
suspensão da sua melodia. Empregam-se em casos muito variados. Assim:

a) Para indicar que o narrador ou o personagem interrompe uma ideia que


começou a exprimir, e passa a considerações acessórias:

-- A tal rapariguinha... Não diga que foi a Pôncia que contou. Menos essa, que
não quer enredos comigo! (J. DE ALENCAR)

b) Para marcar suspensões provocadas por hesitação, surpresa, dúvida,


timidez, ou para assinalar certas inflexões de natureza emocional de quem fala:

Fiador... para o senhor?! Ora!... (G. AMADO)


Falaram todos. Quis falar... Não pude...
Baixei os olhos... e empalideci... (A. TAVARES)

c) Para indicar que a ideia que se pretende exprimir não se completa com o
término gramatical da frase, e que deve ser suprida com a imaginação do leitor:

Agora é que entendo tudo: as atitudes do pai, o recato da filha... Eu caí numa
cilada... (J. MONTELLO)

3.2.8. As ASPAS (" ")


Empregam-se principalmente:

a) No início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do contexto:

O poeta espera a hora da morte e só aspira a que ela "não seja vil, manchada
de medo, submissão ou cálculo". (MANUEL BANDEIRA)

b) Para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente não peculiares à


linguagem normal de quem escreve (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos,
vulgarismos, etc.):

Era melhor que fosse "clown". (E. VERÍSSIMO)

3.2.9. Os PARÊNTESES ( ( ) )
Empregam-se os PARÊNTESES para intercalar num texto qualquer indicação
acessória. Seja, por exemplo:

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 33


a) Uma explicação dada, uma reflexão, um comentário à margem do que se
afirma:

Os outros (éramos uma dúzia) andavam também por essa idade, que é o doce-
amargo subúrbio da adolescência. (P. MENDES CAMPOS)

3.2.10. Os COLCHETES ( [ ] )
Os COLCHETES são uma variedade de PARÊNTESES, mas de uso restrito.
Empregam-se:

a) Quando numa transcrição de texto alheio, o autor intercala observações


próprias, como nesta nota de SOUSA DA SILVEIRA a um passo de CASIMIRO
DE ABREU:

Entenda-se, pois: "Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à


minha pergunta sobre o porvir (versos 11-12) e me acenas para o futuro
(versos 14 e 85), embora o que eu percebo no horizonte me pareça apenas
uma nuvem (verso 15)]."

b) Quando se deseja incluir, numa referência bibliográfica, indicação que não


conste da obra citada, como neste exemplo:

ALENCAR, José de. O Guarani, 2 ed. Rio de Janeiro, B. L. Garnier Editor


[1864].

3.2.11. O TRAVESSÃO (-)


Emprega-se principalmente em dois casos:

a) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor:

- Muito bom dia, meu compadre.


- Por que não apeia, compadre Vitorino?
- Estou com pressa. (J. LINS DO REGO)

Observação:
"Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar palavras ou grupo de
palavras que formam, pelo assim dizer, uma cadeia na frase: o trajeto Mauá-
Cascadura; a estrada de ferro Rio-Petrópolis; a linha aérea Brasil-Argentina; o
percurso Barcas-Tijuca; etc." (Formulário Ortográfico).

TEMA 4
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LÍNGUA, LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E DISCURSO

Índice
4.1. Língua……………..…………………………………………………………..36

4.2. Linguagem……………………………………………..…………….…………..36
4.2.1. Tipos de linguagens…………………………………………………..36

4.3. A comunicação…………………………………...……………………….…….36
4.3.1. Elementos da comunicação…………………………………………37
4.3.2. Esquema da comunicação…...…………………………………..….37
4.3.3. Tipos de comunicação………………………………………………..38
4.3.4. Problemas na comunicação……..………………………………….38
4.4. Funções da linguagem……………………………….………………….38
4.4.1. Função referencial ou denotativa…………………………….…..38
4.4.2. Função emotiva ou expressiva……………………………………39
4.4.3. Função poética (conotativa)……………………………………….39
4.4.4. Função fáctica………………………………………………………40
4.4.5. Função apelativa……………………………………………………40
4.4.6. Função metalinguística…………………………………………….40

4.5. Níveis de língua……………………...………………………………………….41


4.5.1. língua cuidada……………………..………………………………….42
4.5.2. língua familiar…………………………………..……………………..42
4.5.3. língua popular…………………...…………………………………….42

4.6. Discurso directo, discurso indirecto e discurso indirecto livre…………......43


4.6.1. Discurso directo………………………………...……………………..43
4.5.2. Discurso indirecto…………………………..…...……………………44
4.5.3. Discurso indirecto livre……………………………………..………...44

5.1 LÍNGUA LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E DISCURSO


LÍNGUA,
Língua é sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. Expressão
de consciência de uma colectividade, a língua é o meio por que ela concebe o
mundo que a cerca e sobre ele age. Utilização social da faculdade da

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 35


linguagem, criação da sociedade, não pode ser imutável; ao contrário, tem que
viver em perpétua evolução, paralela à do organismo social que a criou.

4.2. LINGUAGEM
É a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias,
opiniões e sentimentos.

A linguagem está relacionada a fenómenos comunicativos; onde há


comunicação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para
estabelecermos actos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons,
gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem
mímica, por exemplo).

Num sentido mais genérico, a linguagem pode ser classificada como qualquer
sistema de sinais que se valem os indivíduos para comunicarem-se.

4.2.1. TIPOS DE LINGUAGENS


a) Linguagem Verbal - Código que utiliza a palavra falada ou escrita;
b) Linguagem Não-Verbal - Qualquer código que não utiliza palavra;

A linguagem verbal é todo tipo de passagem ou troca de informações por meio


de linguagem escrita ou falada.

A linguagem Verbal se diferencia das demais formas de comunicação, que


tendem a apenas enviar mensagens, ao possibilitar a troca de informações
entre emissor e receptor. E sua característica imediatista a faz ser
maioritariamente utilizada nas relações interpessoais. Ainda é a forma mais
comum de comunicação, apesar de todos os novos recursos comunicacionais.

Linguagem não-verbal é o uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos,


dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica, escultura e
gestos como meio de comunicação.

4.3. A COMUNICAÇÃO
A comunicação não é mais senão um acto de se comunicar ou a troca de
informação entre pessoas através da fala.

4.3.1. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

1.Emissor / codificador/ remetente

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É o responsável pela codificação da mensagem, utilizando-se da palavra oral
ou escrita, gestos, desenhos, etc., e pelo envio dessa mensagem para o
destinatário.

2. Receptor / destinatário
Elemento responsável pelo recebimento e descodificação da mensagem.

Etapas do receptor
Fono-morfossintática – ouvir a mensagem.
Morfossintática- descodificar a mensagem.
Semântica – entender a mensagem.

3. Mensagem
É constituída pelo conteúdo das informações que foram codificadas para
transmissão. Pode ser formada de uma ou mais unidades a que denominamos
signo.

4. Código
É o sistema linguístico escolhido para a transmissão e recepção da mensagem.

5. Referente
Contexto, por sua vez, é o contexto em que se encontram o emissor e o
receptor.

6. Canal
O meio pelo qual esta mensagem é transmitida.

4.3.2. ESQUEMA DA COMUNICAÇÃO

4.3.3. TIPOS DE COMUNICAÇÃO

Podemos apontar dois tipos:

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Comunicação unilateral - de um emissor para um ou mais destinatários, não há
reciprocidade. Exemplos: aulas expositivas, palestras, seminários, cartazes.

Comunicação bilateral - emissor e destinatários alternam seus papéis.


Exemplos: conversa face - a - face, conversa telefónica, diálogo.

4.3.4. PROBLEMAS NA COMUNICAÇÃO


Mesmo considerando os seis elementos essenciais para uma boa
comunicação, não podemos esquecer que existem factores que irão interferir, a
fim de que a mensagem não seja recebida na sua totalidade ou não receba a
resposta esperada. Assim, acompanhe:

Ruídos
São denominados ruídos as interferências de ordem física, cultural e
psicológica que afectam, em graus diversos, a transmissão da mensagem. As
interferências podem originar-se no canal, no emissor, no receptor ou no
código, ou em dois ou três elementos ao mesmo tempo. São elas: interferência
física - um erro digitado, uma redacção com má grafia, falta de iluminação;
interferência cultural - palavras ou frases complicadas e ambíguas, diferenças
de nível de escolaridade, diferenças de repertório; interferência psicológica -
agressividade, antipatia, aspereza, problemas psicológicos.

4.4. FUNÇÕES DA LINGUAGEM


As funções da linguagem são seis: Função Referencial, Função Emotiva,
Função Poética, Função Fáctica, Função Conativa e Função Metalinguística.
Cada uma delas é utilizada com diferentes intenções e embora haja uma
função que predomine, vários tipos de linguagem podem estar presentes num
mesmo texto.

4.4.1. Função Referencial ou Denotativa


Também chamada de Função Informativa, a função Referencial tem como
objectivo principal informar, referenciar algo. Como exemplos de linguagem
referencial podemos citar os materiais didácticos, textos jornalísticos e
científicos que por meio de uma linguagem denotativa informam a respeito de
algo.

Exemplo de uma notícia


Na passada terça-feira, dia 22 de Setembro de 2015, o real teve a maior
desvalorização da sua história. Nesse dia foi preciso desembolsar R$ 4,0538
para comprar um dólar. Recorde-se que o Real foi lançado há mais de 20 anos,
mais precisamente em Julho de 1994.

4.4.2. Função Emotiva ou Expressiva

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Também chamada de Expressiva, na função Emotiva, como o próprio nome já
indica, o emissor ao utilizar essa função tem como objectivo principal transmitir
suas emoções, sentimentos e subjectividades (conotativo) por meio da própria
opinião.

A partir disso, esse tipo de texto apresenta na primeira pessoa enfatizando seu
carácter pessoal e pode ser encontrado nos textos poéticos, nas cartas, nos
diários marcada pelo uso de sinais de pontuação, por exemplo, reticências,
ponto de exclamação.

Exemplo de e-mail da mãe para os filhos


Meus amores, tenho tantas saudades de vocês… Mas não se preocupem, em
breve a mãe chega e vamos aproveitar o tempo perdido bem juntinhos. Sim,
consegui adiantar a viagem em uma semana!!! Isso quer dizer que têm muito
trabalho durante hoje e amanhã.... Quero encontrar essa casa em ordem,
combinado?!?

Outro exemplo:
a) Ah, que coisa boa!
b) Tenho um pouco de medo...
c) Nós te amamos!

Reflecte o estado de ânimo do emissor, os seus sentimentos e emoções. Um


dos indicadores da função emotiva num texto é a presença de interjeições e de
alguns sinais de pontuação, como as reticências e o ponto de exclamação.

4.4.3. Função Poética (conotativa)


A função Poética é característica das obras literárias, da utilização do sentido
conotativo das palavras, em que o emissor preocupa-se de que maneira a
mensagem será transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões,
das figuras de linguagem.

De qualquer forma, esse tipo de função não pertence somente aos textos
literários posto que aparece também na publicidade ou nas expressões
quotidianas em que há o uso frequente de metáforas (provérbios, anedotas,
trocadilhos, músicas).
Exemplo de uma história sobre a avó
Apesar de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço de
sabedoria. Falava de tudo e sobre tudo e tinha sempre um provérbio debaixo
da manga.
4.4.4. Função Fáctica
A função Fáctica tem como objectivo estabelecer ou interromper a
comunicação de modo que o mais importante é a relação entre o emissor e o

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receptor da mensagem. Muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas
expressões de cumprimento, saudações, discursos ao telefone.

Exemplo de uma conversa telefónica


- Consultório do Dr. João, bom dia!
- Bom dia. Precisava de uma consulta para o próximo mês, se possível.
- Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11,
qual a sua preferência?
- Dia 8 está óptimo.

4.4.5. Função Apelativa


Também chamada de Apelativa, a função Conativa é caracterizada por uma
linguagem persuasiva com o intuito de convencer o leitor. Por isso, essa função
é muito utilizada nas propagandas, publicidades, discursos políticos, a fim de
influenciar o receptor por meio da mensagem transmitida. A partir disso, esse
tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoas com a
presença de verbos no imperativo e o uso do vocativo.

Exemplos
Vote em mim!
Entre. Não vai se arrepender!
É só até amanhã. Não perca!
Não pise nas minas, elas mutilam e matam!
Atenção!

Seu objectivo é influenciar o receptor ou destinatário, com a intenção de


convencê-lo de algo ou dar-lhe ordens. Como o emissor se dirige ao receptor, é
comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e
imperativo. É a linguagem usada nos discursos, sermões e propagandas que
se dirigem directamente ao consumidor.

4.4.6. Função Metalinguística


A função Metalinguística é caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja,
a linguagem que refere-se à ela mesma, por exemplo, um texto que descreva
sobre a linguagem textual, um documentário cinematográfico que fala sobre a
linguagem do cinema, dentre outros. Em outras palavras, o emissor explica um
código utilizando o próprio código. Como exemplos de textos metalinguísticos
temos as gramáticas e os dicionários.

Esta última função está presente principalmente em dicionários. Caracteriza-se


por trazer consigo uma explicação da própria língua. Pode ocorrer também em
poesias, obras literárias, etc

Exemplo

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Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é escrita, bem
como exemplifica a função metalinguística.

4.5. NÍVEIS DE LÍNGUA


Os níveis de linguagem dizem respeito ao uso da fala e escrita em uma
determinada situação comunicativa. O emissor e o receptor devem estar em
concordância para que haja entendimento. Assim sendo, cada ocasião exige
uma linguagem diferente. Temos uma norma que rege a língua escrita que é a
gramática. No entanto, a fala não se trata de uma convenção, mas do modo
que cada um utiliza esse acordo. Portanto, a língua falada é mais desprendida
de regras, e, portanto, mais espontânea e expressiva. Por este motivo, está
susceptível a transformações, diariamente. Assim, a mudança na escrita
começa sempre a partir da língua falada e, por este motivo, esta é tão
importante quanto à língua escrita. Contudo, não é toda alteração na fala que é
reconhecida na escrita, mas somente aquelas que têm significação relevante à
sociedade.

O que determinará o nível de linguagem empregado é o meio social no qual o


indivíduo se encontra. Portanto, para cada ambiente sociocultural há uma
medida de vocabulário, um modo de se falar, uma entonação empregada, uma
maneira de se fazer as combinações das palavras, e assim por diante.

A utilização da língua pelos diferentes falantes depende de vários factores:


geográficos, etários, culturais, socioeconómicos, profissionais, situacionais.

-Língua cuidada (culta) Língua comum -Língua familiar

-Língua Literária e Poética Norma ou Padrão -Língua popular

-Linguagem Técnica e Gíria, Calão,


Científica Regionalismo

Língua padrão

A língua padrão é constituída por um sistema de signos e regras próprias de


uma comunidade linguística, que permitem a todos os sujeitos falantes
comunicarem entre si e compreenderem-se mutuamente, sejam eles de cultura
rudimentar ou de elevada cultura.

Aproximam-se da língua padrão os textos dos manuais escolares, a linguagem


do professor e dos alunos nas aulas e todos os textos expositivos em que se
vise a clareza e a compreensão fácil.

4.5.1. LÍNGUA CUIDADA

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A língua que encontramos nos discursos parlamentares, nas conferências. Usa
um vocabulário mais seleccionado e menos usual.

 Língua Literária e Poética

Apresenta as características da língua cuidada, mas assume desvios da norma


mais arrojados: figuras de estilo e palavras estudadas para criar ambientes
emotivos e poéticos.

 Linguagem Técnica

É constituída por palavras relativas a determinada profissão e se usam nesse


contexto: um mecânico de automóveis conhece o nome de todas as peças de
um motor, o que não sucede a qualquer falante.

 Linguagem Científica

Afasta-se da língua comum porque se refere a questões da Medicina, da


Físico-Química, da Biologia, etc.

4.5.2. LÍNGUA FAMILIAR

A língua familiar é simples, não se afastando muito da língua padrão. Os


falantes dão a impressão de se conhecerem bem.

4.5.3. LÍNGUA POPULAR

A língua popular é muito simples, sem palavras eruditas e desvia-se da norma,


quer na fala, quer na escrita. As características da língua popular variam com
as regiões do país (Regionalismos) e com os diferentes tipos sociais (Gírias e
Calão)

 Regionalismos

São registos de língua próprios da população de diferentes povoações ou


regiões. Distinguem-se pela pronúncia, pelos diferentes significados e diferente
construção de palavras e frases.

 Gírias

São linguagem própria de certos grupos sociais, de certas profissões que usam
um vocabulário próprio, geralmente com a finalidade de não serem
compreendidos por indivíduos estranhos ao seu grupo.

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 Calão

O calão é um tipo de gíria própria de grupos sociais mais marginais, onde a


acção educativa dificilmente penetra: trata-se de uma linguagem grosseira e
muitas vezes obscena. No entanto, certas palavras entram a pouco e pouco na
linguagem familiar, sobretudo entre os jovens. São frequentes palavras ou
expressões como gajo, chatear, pifo, teso, etc.

4.6. DISCURSO DIRECTO, DISCURSO INDIRECTO E


DISCURSO INDIRECTO LIVRE
Para dar-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de personagens reais
ou fictícias, dispõe o narrador de três moldes linguísticos diversos conhecidos
pelos nomes de:

a) Discurso (ou estilo) directo,


b) Discurso (ou estilo) indirecto,
c) Discurso (ou estilo) indirecto livre.

4.6.1. DISCURSO DIRECTO


Falácia a concepção do discurso directo enquanto reprodução fiel das palavras
ditas por um locutor.

Examinando este passo das Memorias póstumas de Brás Cubas, de Machado


de Assis:

Virgília replicou:
- Promete que algum dia me fará baronesa?
(OC, I, 462.)
Verificamos que o narrador, após introduzir a personagem, Virgília, deixou-a
expressar-se por si mesma, limitando-se a reproduzir-lhe as palavras como ela
as teria efectivamente seleccionado, organizado e emitido.

Características do discurso directo


No plano normal, um enunciado em discurso directo é marcado, geralmente,
pela presença de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar, sugerir, perguntar,
responder e sinónimos, que podem introduzi-lo, arrematá-lo, ou nele se inserir.

É esta a gaveta? – perguntou ele.


Penso – disse meu pai – que darás melhor em leras.

Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a recursos gráficos


– tais como os dois pontos, as aspas, o travessão e a mudança de linha – a
função de identificar a fala da personagem.

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“Todos vamos ficando diferentes, e vinte e cinco anos é uma vida.”
“Para muitos é mais do que isso.”
“Claro que é”
(Maria Judite de Carvalho, TM, 49.)

4.6.2. DISCURSO INDIRECTO


Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis:
José Dias deixou-se estar calado, suspirou e acabou confessando que não
era médico.
(OC, I, 733.)

Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso directo, o


narrador (Machado de Assis) incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma
informação da personagem (José Dias), contentando-se em transmitir, ao leitor
apenas o seu conteúdo, sem nenhum respeito à forma linguística que teria sido
realmente empregada.

Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indirecto.

Características do discurso indirecto


No plano formal, verifica-se que, introduzidas também por um verbo declarativo
(dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc.), as falas das personagens
aparecem, no entanto, numa oração subordinada substantiva, em geral
desenvolvida:

João Garcia garantiu que sim, que voltava.

4.6.3. DISCURSO INDIRECTO LIVRE


Forma de expressão que, em vez de apresentar a personagem em sua voz
própria (discurso directo), ou de informar objectivamente o leitor sobre o que
ele teria dito (discurso indirecto), aproxima narrador e personagem, dando-nos
a impressão de que passam a falar em uníssono.

João Fanhoso fechou os olhos fechou os olhos, mal-humorado. A sola dos pés
doía, doía. Calo miserável!

Características do discurso indirecto livre


No plano normal, verifica-se que o emprego do discurso indirecto livre
“pressupõe duas condições: a absoluta liberdade sintáctica do escritor (factor
gramatical) e a sua completa adesão à vida da personagem (factor estético) ”

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TEMA 5
SITUAÇÕES DE COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA

Índice
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5.1. Comunidade linguística………………...……………………………………47
5.2. Competência linguística…………………...……………………..………….47
5.2.1. Competência comunicativa……………………………………….…47
5.2.2. Competência metalinguística……………………..…...…………….47
5.3. A proxémica…………..………………………………………………………47
5.4. Signo linguístico………………………………………..…………………….48
5.4.1.língua, fala, significado, significante………..…………….……..…..48
5.4.2.Denotação e conotação……………………...…………..…………...49
5.5. Noções elementares de estilística………………………………….……...50
5.5.1 Vícios de linguagem……………………………………………………….51
5.5.2 Figuras de estilo…………………………………………………………...53

SITUAÇÕES DE
5.1. COMUNIDADE COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA
LINGUÍSTICA
Entende-se por comunidade linguística o conjunto de falantes que usam uma
mesma língua (sem necessariamente ser a língua materna de todos) ou um
mesmo dialecto para comunicarem entre si. Identifica toda a sociedade
humana que desenvolveu uma língua comum como meio de comunicação
natural e de coesão cultural.

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 46


5.2. COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
É o conhecimento que cada falante, de modo consciente e evidente, tem de
usar a língua. A competência linguística, que decorre do processo natural de
aquisição da linguagem, leva ao conhecimento dos princípios reguladores do
funcionamento da língua. Implica a posse de vocabulário e o domínio das
regras fundamentais do funcionamento da língua de acordo com o contexto
comunicativo.

Para Chomsky, competência linguística é a capacidade que o falante tem de a


partir de um número finito de regras, produzir um número infinito de frases.

5.2.1. Competência comunicativa


É a capacidade que o falante tem de adequar o acto linguístico às
situações sociais em que se encontra e ao meio de comunicação. Isto
implica um conjunto de saberes e habilidades necessárias para poder
comunicar através da língua, ou seja, a competência linguística e o
domínio de conhecimentos do uso da linguagem.

5.2.2. Competência metalinguística


É a capacidade que cada falante tem de trazer para o nível do
consciente os traços inconscientes da língua, através da reflexão e de
estratégias diversas, incluindo o jogo de palavras. Graças a ela é
possível explicitar o conhecimento implícito e aumentá-lo e, por
conseguinte, através de um superior domínio, usar melhor a língua.

5.3. A PROXÉMICA
A comunicação proxémica constitui-se no jogo de distâncias e proximidades
que se entretecem entre as pessoas e o espaço. Traduz as formas como nos
colocamos e movemos uns em relação aos outros, como gerimos e ocupamos
o nosso espaço envolvente. A relação que os comunicantes estabelecem entre
si, a distância espacial entre eles, a orientação do corpo e do rosto, a forma
como se tocam ou se evitam, o modo como dispõem e se posicionam entre os
objectos e os espaços, permite-nos captar mensagens latentes (que não se
manifesta exteriormente).

Por exemplo, a disposição do mobiliário, dos objectos e adornos na sala de


aula tem experimentado grandes modificações: a substituição das carteiras
fixas por cadeiras, o aparecimento de quadros e mesas móveis proporcionaram
o aparecimento de diversos tipos de plantas de sala de aula.

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5.4. SIGNO LINGUÍSTICO

A noção de signo foi criada por Ferdinand Saussure, linguísta genebriano,


considerado "o pai da linguística". Signo foi a teoria explicativa criada por
Saussure ao tentar responder a questão que havia entre os linguistas, ou seja,
a relação que poderia haver entre o 'nome dado às coisas existentes' e 'a coisa
em si'. Para o pesquisador, tudo que é existente e conhecido é representado
por um signo e este é composto por duas partes: significante e significado. O
significante é a imagem acústica, ou seja, quando se pensa em algo conhecido,
é como se o som ressoasse no cérebro - é um som não articulado. O
significado corresponde ao objecto, ou seja, a coisa em si.

Signo linguístico é a de uma coisa que é usada, referida ou tomada no lugar de


outra coisa. A palavra signo, portanto, pode abarcar desde os "signos naturais",
também chamados de índices ou sintomas, como as nuvens carregadas e a
fumaça, que indicam (são índices de) chuva e fogo, respectivamente; até os
signos substitutivos (ícones), como a maquete de um edifício, a planta de uma
casa ou o retrato de uma pessoa e os símbolos (a bandeira de um país, a
suástica, a estrela de David, etc.).

5.4.1. Língua, fala, significado, significante

O fundador da lingüística moderna chama-se Ferdinand de Saussure.

Saussure trouxe novos caminhos para a lingüística, graças ao seu estudo


sobre a língua e a fala (langue e parole).

Para Saussure a língua foi imposta ao indivíduo, enquanto a fala é um ato


particular.

A soma língua + fala resulta na linguagem.

Outro aspecto básico da doutrina saussuriana é a do signo lingüístico.

O signo é o resultado de significado mais significante.

Signo= significado + significante

Significado: conceito

Significante: forma gráfica + som

Toda palavra que possui um sentido é considerada um signo lingüístico.

Exemplo: “Livro” é um signo lingüístico.

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 48


Quando observamos o signo “livro” percebemos que ele é a união de som,
conceito e escrita, ou seja, significado e significante.

Outros exemplos de signos lingüísticos: Mar, cadeira, ventilador, cachorro…

Características do signo lingüístico

Arbitrariedade: uma das características do signo lingüístico é o seu caráter


arbitrário. Não existe uma razão para que um significante (som) esteja
associado a um significado (conceito). Isso explica o fato de que cada língua
usa significantes (som) diferentes para um mesmo significado (conceito).

Linearidade: Os componentes que integram um determinado signo se


apresentam um após o outro, tanto na fala como na escrita.

5.4.2. Denotação e conotação

Para compreender os conceitos de denotação e conotação é preciso observar


que o signo linguístico é constituído de duas partes distintas, embora uma não
exista separada da outra.

Isto quer dizer que o signo tem uma parte perceptível (constituído de som e
representado por letra) e uma parte inteligível (constituída de conceito [imagem
mental por meio da qual representamos um objecto]).

A denotação é a relação existente entre o plano de expressão e o plano de


conteúdo, ou seja, o significado denotativo é o conceito ao qual nos remete
certo significante.

No entanto, um termo além do seu significado denotativo, pode vir acrescido de


outros significados paralelos.

O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe social para


classe social ou de época para época.

5.5. NOÇÕES ELEMENTARES DE ESTILÍSTICA


Definida como a disciplina linguística que estuda os recursos afetivo-
expressivos da língua (ou sistema, no sentido estruturalista de Ferdinand de
Saussure), a estilística é uma ciência recente (fundada no início do século XX
pelo suíço Charles Bally e o alemão Karl Vossler), mas um saber muito antigo,
que remonta à tradicional retórica dos gregos. Tendo em comum o estudo da

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 49


expressividade, distinguem-se, contudo, por seus objectivos: a retórica era uma
doutrina com finalidade pragmático-prescritiva, enquanto a estilística, como
ciência, apresenta um carácter mais descritivo-interpretativo, sem
considerações de natureza normativa. Essa preocupação fica reservada à
gramática, sistematização dos fatos contemporâneos da língua, com vistas a
uma aplicação pedagógico-escolar.

OBJECTIVO DE ESTUDO DA ESTILÍSTICA


Investigar o sistema expressivo da língua e a expressividade das formas
linguísticas, ou seja, a sua eficiência estética e a sua capacidade de transmitir
emoções e sugestionar o outro.

Diferenças entre Gramática e a Estilística


Estilística Gramática
Estuda a expressividade das formas Estuda as formas linguísticas,
linguísticas. enquanto promotoras de intercâmbio
social na comunidade (comunicação).
Estuda o emotivo. Estuda o intelecto.
Trabalha no campo linguagem Trabalha no campo da linguagem
afectiva. intelectivo.

A estilística completa a gramática


Traço estilístico Erro gramatical
É intencional Não é intencional
Tem intenção estética emotiva Revela ignorância da regra
Tem menor frequência Tem maior frequência
Impõe-se pelo desvio a norma, Impõe-se pela transgressão a norma
intencionalmente

CAMPO DA ESTILÍSTICA
O campo da estilística é a língua vista numa perspectiva particular, estético,
expressiva e estilística não isola um aspecto da língua para estudar.

1. Estilística fónica: Estuda os recursos expressivos presentes no nível


fónico da língua.
Ex: acçoes: tic, tac – tic, tac / vozes de animais: ão, ão. Miau, miau
A rima, etc.
2. Estilística mórfica ou morfológica: explora o uso expressivo das
formas gramaticais:
a) Plural de convite: vamos tomar banho; vamos a escola… (quando só
uma pessoa fará).

b) O emprego de tempos e modos verbais, como, por exemplo: o


presente pelo futuro para indicar desejo firme, facto categórico.

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 50


Ex: Amanhã eu vou ao cinema.

c) O plural de modéstia: o autor, falando de si mesmo, poderá dizer:


Nós, ao escrevermos este livro, tivemos em mira dar novos horizontes
ao ensino do idioma.

d) O imperfeito para traduzir pedido:


Eu queria um quilo de queijo (em vez do categórico e, às vezes,
ameaçador quero).

3. Estilística lexical: utilização do sufixo afectivo.


Ex: vou visitar a minha avozinha.

4. Estilística semântica: desvio do significado original das palavras. Na


sintaxe de colocação, cabe ressaltar a posição do adjectivo como
marcador semântico-estilístico.
Ex: pobre homem = homem infeliz; homem pobre = carente de recursos

Por outra, a significação ocasional e expressiva de certas palavras:


Você é um abacaxi.
Aquele aluno é um monstro.
Ele tem uns bons sessenta anos.

6.5.1 VÍCIOS DE LINGUAGEM


Vícios de linguagem são expressões que pronunciamos de forma incorrecta ou
que às vezes, mesmo estando correctas, dão margem a interpretações
incorrectas. Por isso, devem ser evitados. Os mais comuns são: ambiguidade,
arcaísmo, barbarismo, cacofonia, colisão, estrangeirismo, pleonasmo vicioso e
solecismo.

Em poucas palavras, podemos afirmar também que, vícios de linguagens são


palavras ou construções que contrariam as qualidades essenciais da
linguagem.

a) Pleonasmo vicioso
Repetição desnecessária de um termo ou expressão.
Ex: Grande maioria; elo de ligação; hoje em dia…

b) Ambiguidade
Falta de clareza que acarreta duplo sentido na frase.
Ex: O cão do Paulo voltou a roubar.

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c) Arcaísmo
É o uso de palavras ou expressões já ultrapassadas.
Ex: Vosmecê está linda hoje!
Vi uma mulher fremosa passar diante de mim.

d) Barbarismo
É escrever ou pronunciar uma palavra de forma incorrecta, ou dar-lhes sentido
incorrecto.
Ex: comi bem que até rotei. (o correcto é arrotei)
Olha o meu cardeno. (o correcto é caderno)
Ela foi vítima de estrupo. (o correcto é “estupro”)

e) Cacofonia
Quando a junção de duas palavras produz uma terceira com sentido
desagradável.
Ex: Ele não consegue mais amar ela.
A boca dela estava manchada de batom.

f) Estrangeirismo
É o uso desnecessário de palavras estrangeiras.
Ex: Peça ao chofer para estacionar aqui. (motorista)
Traga o menu que eu vou escolher o prato. (cardápio)

g) Solecismo
É a infracção de alguma das regras da sintaxe, seja de concordância verbal ou
nominal, regência ou colocação.
Ex: Assisti uma óptima peça de teatro. (o correcto é “assisti a”)
Vamos no cinema hoje? Não, prefiro ir na praia. (o correcto é “vamos ao”, “ir à”)
Fazem quatro dias que Martin viajou. (o correcto é “faz quatro dias”)

h) Preciosismo
Usar palavras difíceis, comprometendo o significado.
Ex: Seu gesto altruísta e empreendedor ensombrece a existência dos demais
mortais.

6.5.2 FIGURAS DE ESTILO

Estudo de algumas figuras de palavras


 A Metáfora e suas variedades
 A Metonímica e suas variedades

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A Metáfora consiste no desvio da significação própria de uma palavra, nascido
ou de uma comparação mental. Ou de uma comparação implícita, por forca de
uma característica comum entre dois seres ou factos.

A metáfora tem sempre origem na comparação, que pode ser implícita ou


mental.

Na comparação implícita, há uma semelhança evidente.


“Amor é fogo que arde sem se ver” (Camões)

Amor é fogo = comparação / ouve um desvio de significado do amor


Semelhança evidente: amor = dor / fogo = dor

Na comparação mental, não há semelhança evidente.


As formigas cobriam a minha sorte. A destruição cobria o meu destino

VARIEDADES DE METEFORA
 Catacrese
Resulta na atribuição de um nome a um objecto, em virtude de não existência
de um termo próprio para o designar.
Ex: pés da cadeira; cú da agulha; embarcar (carro, avião); pepsodente (pasta
de dente); leite moca (leite condensado) …

 Estéticas
Hipérbole: exagero da realidade.
Ex: morro de saudades do meu filho / chorei um mar de lágrimas…
Símbolo: quando o nome de um objecto assume um valor convencional.
Ex: branco = pureza, paz, castidade.
Verde = esperança / balança = justiça / cruz = cristianismo

A Metonímia, funde-se numa relação de contiguidade (continuação de


sentidos). Ela surge entre palavras já relacionadas entre si.
 O todo pela parte: os angolanos perderam
 Emprego do autor pela obra: vou ler Pepetela
 O instrumento pelo utilizador: ele é um bom garfo

BIBLIOGRAFIA

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Janeiro: Lucerna.

Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 53


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TRASK, R.L. Dicionário de Linguagem e Linguística. Trad. Rodolfo Ilari. São


Paulo: Contexto, 2004.

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interacção – uma proposta para o ensino de


gramática no 1º e 2º graus. SãoPaulo: Cortez, 1996.

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Janeiro, São Paulo, Porto Alegre: W. M. Jackson, 1953.

BASSO, Renato; ILARI, Rodolfo. O português da gente: a língua que


estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.

BRANDÃO, Helena Nagami (Coord.). Gêneros do discurso na escola. São


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BENTES, Anna Christina. Linguagem – Práticas de leitura e escrita. Volume 1:


Ação educativa: assessoria, pesquisa e informação. São Paulo: Global, 2004
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BEZERRA, Maria Auxiliadora; DIONÍSIO, Ângela Paiva. O livro didático de


Português. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

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Acesso em 09 de outubro de 2021.

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Compilado por Maradona Euclides Serrão Gonçalves / ISP-CAÁLA, 2021 Página 55

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