Febre Aftosa

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DOENÇAS INFECTO CONTAGIOSAS

X
ECONOMIA

FEBRE AFTOSA

Profa Claudia Sian


*FEBRE AFTOSA
• Doença infecto contagiosa aguda que acomete
mamíferos de casco fendido (não somente bovinos).

• Uma das enfermidades animais mais contagiosas


causando importantes perdas econômicas

– Morbidade: 100% ou próxima


– Mortalidade: baixa, aproximadamente 1%
*com o aumento de
produção na
bovinocultura de Brasil foi atrás de outros
corte(MT, MS) mercados
e ↓
*por ser uma grande
fonte de arrecadação

O que ele encontrou?

Febre aftosa era Países não


um obstáculo na importariam animais
economia com a doença

O que ele fez?

Programa Nacional Apenas regiões


de Erradicação da livres de Febre
Doença aftosa poderiam
exportar
FEBRE AFTOSA
• O que é afetado é a produção do animal

• Animal volta a ter seu índice produtivo.

• Programa Nacional de Febre Aftosa iniciou na


década de 80 no Brasil.

• Temos, portanto, quase 40 anos de programa


nacional de erradicação da doença.
FEBRE AFTOSA
ETIOLOGIA

Vírus da Febre Aftosa


• Família Picornaviridae (tamanho muito pequeno)
• Gênero Aphthovirus
• Capsídeo icosaédrico e não envelopado
• Vírus RNA fita simples
FEBRE AFTOSA
Há 7 sorotipos do vírus da Febre Aftosa:

• A, O, C, SAT1, SAT2, SAT3 E ASIA1

• Mais comum e identificado no Brasil e América


Latina é o A e O. O tipo C foi erradicado do Brasil

• Os outros foram identificados em outros continentes


SAT (África do Sul) ASIA (Asia e Reino Unido)
FEBRE AFTOSA
• Caraterísticas do vírus:

-Destruído nos músculos a pH <6.0, ou seja,


após o rigor mortis.

-Resistente por até 1 mês: forragens


contaminadas, meio ambiente (depende da ºT e do
pH)

-Persiste por longo período: farinha de ossos,


couros e medula óssea (ph neutro) (mesmo depois
de morto).

-Exportação – carne deve ser desossada


(medula óssea tem pH neutro)
FEBRE AFTOSA
A cadeia de transmissão é muito curta!

Vírus em período de incubação (3-5d)



Aerossóis/salivação/fezes/urina/leite/sêmen
Homem/ veículos, água contaminada, fômites
TRANSMISSÃO

(4d antes do s. clínicos , o vírus já está sendo eliminado)

Trato respiratório / lesões na pele e mucosas

Animal susceptível

infecção
FEBRE AFTOSA
Fase não percebida:

• vesículas se formam em órgãos não


visíveis (traqueia, esôfago)

• foi única na língua ou narina


FEBRE AFTOSA
PATOGENIA

• Disseminada rapidamente, pois o vírus entra na


mucosa oral, se replica e já é eliminado via aerossóis
ou salivação. Lembrando que o PI é muito curto
↓logo...
transmissão é rápida

• Antes do aparecimento dos sinais clínicos, outros


animais já foram acometidos.
*FEBRE AFTOSA
PATOGENIA

• O vírus entra mucosa oral / inalação → replica → 24-48


horas → rompimento da vesícula 4º-5º dia → cc → viremia
→ aumenta concentração viral → acomete o sistema
periférico (órgãos e tecidos)→ sinais clínicos (vesículas e
úlceras)

• liberado por fezes, urina, sêmen, saliva → chega nos


cascos(manqueira)

Logo, o vírus tem tropismo pela cavidade oral, nasal, teto e


espaço interdigital
FEBRE AFTOSA
OBSERVAÇÕES!!!

* Não há vetor
* Quanto maior a aglomeração maior a
facilidade transmissão
↓ porém...
Se não houver aglomeração a incidência é
muito alta devido a facilidade de replicação
viral.
DIAS PATOGENIA / SINAIS CLÍNICOS
1º -3º • Inalação do vírus
• Infecção cavidade nasal, faringe e esôfago
• Replicação viral
• Passagem do vírus aos vasos sanguíneos e linfáticos
• Infecção de cavidade oral, patas, úbere e rúmen
3º - 4º • Início de febre
• Aparecimento de vesículas na cavidade oral, patas, úbere e rúmen
• Salivação, descarga nasal e claudicação
5º • Ruptura das vesículas (grande disseminação de vírus)e
intensificação dos sintomas
• Final de febre
• Final de viremia e produção de Ac
Desde 8º • Diminuição da titulação viral em vários tecidos e líquidos

Desde 10º dia • Cura de lesões. Animal começa a comer

Desde 15º dia • Desaparecimento gradual do vírus de tecidos e líquidos


• Aumenta a produção de Ac
FEBRE AFTOSA
PATOGENIA DO VÍRUS

1º - Vírus (via digestiva ou respiratória) e se liga a um


receptor na membrana de uma célula hospedeira suscetível
2º - invaginamento nessa região
3º - vírus se adentra à célula libera o material genético no
citoplasma celular
4º - genes do vírus lideram a produção de proteínas da
célula
5º - replicação viral
7º - morte e rompimento celular
8º - liberação de novos vírus que infectam novas células
9º - reinicio do ciclo.
FEBRE AFTOSA
SINAIS CLÍNICOS - Bovinos

• Diminuição da PL (+ perceptível)

– Sinais clínicos posteriores:

• Salivação excessiva (vesículas = dor)


• Descarga nasal serosa
• Agitação
• Claudicação
• Formação de vesículas em língua, gengiva, palato mole,
narinas, focinho, espaço interdigital, coroa do casco e tetos
• Aborto
• Vesículas na mucosa ruminal se rompem e o vírus é
eliminado em fezes
*Epitélio
da língua todo danificado
há aumento de salivação

* Epitélio solta e há perda


subcutânea de líquido com
grande carga viral.

* Tetos com
rompimento da
bolha formada e
epitélio exposto.
FEBRE AFTOSA
SINAIS CLÍNICOS
• Bovinos
Características macroscópicas/tempo de formação:

Observando a característica da vesícula, se tem ideia de


tempo da doença:
- Vesícula primária(intacta ou recentemente rompida) – 1 dia
- Úlcera com bordas irregulares e superfície vermelha – 2 dias
- Úlcera com bordas regulares e deposição de fibrina – 4-5 dias

Início de regeneração
- Cicatrização – a partir do 6º dia.
↓portanto...

1 semana o animal já tem todo o epitélio revestido.


Muitas vezes animal não é notado com a doença
FEBRE AFTOSA
SINAIS CLÍNICOS
• SUÍNOS
Sinais clínicos iniciais:
– Febre (40 a 40,6ºC)
– Anorexia apatia = afeta produção de carne
– Evitam se locomover

É MUITO MAIS COMUM E CARACTERÍSTICO – lesão podal em


relação à cavidade oral e nasal. Observa-se o suíno apoiado nas
patas, por exemplo dianteiras (comum obs!)

Sinais clínicos posteriores:


- Vesículas (coroa do casco, espaço interdigital e focinho)
- Lesões orais (raro)
- lesões têm característica seca
Lesões focinho. A vesícula se forma, seca, cai no chão e
contamina o ambiente disseminando o vírus.

Animal claudica
FEBRE AFTOSA
SINAIS CLÍNICOS
• Ovino e caprinos: raramente há casos nestas espécies.

• Leves e inaparentes (infecção subclínica)


• Apatia
• Febre
• Vesículas são muito pequenas (gengivas, lábios, língua,
coroa do casco, espaço interdigital (claudicação é leve e
imperceptível)
• Maior dificuldade de diagnosticas nestas espécies
• A patogenia é mais branda mas não deixam de ser fonte de
infecção
FEBRE AFTOSA
DIAGNÓSTICO
• CLÍNICO
• Sinais clínicos variáveis:

• Tipos de vírus – tipo A é o mais comum e mais


patogênico com lesões mais graves
• Dose infectante – quanto mais carga viral, maiores os
sinais clínicos
• Espécie animal (não acomete equinos)
• Estado imunológico
*FEBRE AFTOSA
DIAGNÓSTICO
*LABORATORIAL (conclusivo e confirmatório)

- Coletas de amostras:
* tecido vesicular (íntegra ou rompida
recentemente)

* fluido esofágico/faríngea (“Probang”)


*Probang
Aparelho que capta o fluido esofágico e faríngeo
do animal (onde o vírus se multiplica)
Introduz →esôfago → puxa/raspa a mucosa → células
vão para dentro do copo (material mais rico) →
laboratório para avaliar o agente etiológico
• Prognóstico

• Bom (sobrevivência dos animais infectados 100%)

• Reservado (taxa de manqueira for alta)

• Reservado em rebanhos leiteiros (mastites)


FEBRE AFTOSA
• Terapêutica
• Somente sintomática

• Rebanho deve locomover-se o menos possível

• Animais com manqueira (pedilúvio desinfetante)

• Tratamento em vacas que apresentarem mastite


(pomadas lubrificantes e epitelizantes)
*FEBRE AFTOSA
CONTROLE E PROFILAXIA

Vacina contra a Febre Aftosa Pfizervac®:

*vacinas inativadas contendo vírus A, O, C


*vacinas conservadas em temperatura (2ºC e 8ºC)
nunca congeladas
*aplicação subcutâneo
*FEBRE AFTOSA
• Esquema de vacinação:

• A vacinação deve ser efetuada até 4 meses de


idade → revacinar após 90 dias → vacinação a
cada 6 meses.

• A critério das autoridades sanitárias e sob a


responsabilidade das mesmas, outros
esquemas de vacinação poderão ser adotados.
*FEBRE AFTOSA
CONTROLE E PROFILAXIA
Além da vacina, não se dispensa as medidas abaixo:

*Criador não deve visitar fazendas com o problema

• Criador não deve admitir visitas à sua criação

• Veterinário que atende um foco deve trocar de roupa,


desinfetar sapatos, botas, instrumental e veículo

• Impedir o transporte de animais de regiões com focos


de doença para outras livres
CONTROLE E PROFILAXIA

DIRETRIZES GERAIS PARA ERRADICAÇÃO E A PREVENÇÃO DA FEBRE AFTOSA

Suspeita de foco de FA:


1º - A notificação deve ser feita em 24 horas à Secretaria da Agricultura, a qual
comunica o MAPA e este à Brasília.
caso contrário, MV sofre sansões!

2º - MAPA faz as medidas de resolução: equipe especializada em febre aftosa, IBAMA,


polícia federal → propriedade e a partir do foco, cerca e interdita uma área de 3Km de
raio (área contaminada)
3º - ABATE de animais e qualquer
outro que se encontre neste raio.

4º Deste limite até um raio de 10km do primeiro foco (área de vigilância = 7Km)
4º - monitoramento das propriedades neste
raio. Coleta material (diagnóstico definitivo)

Se der um novo foco, interdita-se área de 3Km e assim por diante...


DIAGNÓSTICO

LABORATORIAL (OFICIAL MAPA)


- isolamento viral (tapete de células especiais em
meio de cultura)

* são feitas várias passagens. Cada uma dura


3 a 4 dias. São 3 semanas para sair o diagnóstico
conclusivo e neste tempo a propriedade permanece
fechada = prejuízo do produtor.
FEBRE AFTOSA
Se um animal positivo sai da propriedade e
vai para outra fazenda num raio de 50 Km, por
exemplo, toda a rota e feita e desta rota (foco)
até 3Km de raio, todos os animais são
considerados contaminados e abatidos.
Os animais são enterrados
FEBRE AFTOSA
caso descartado
de doença vesicular diag. diferencial

Caso suspeito
de doença **
Vesicular

caso provável caso descartado diag


de doença vesicular de febre aftosa diferencial
**
caso confirmado
de febre afotsa (medidas de resolução)
** Investigação
FEBRE AFTOSA
• 2005 – FOCO no MS (cidade de Eldorado)

-A Secretaria da Agricultura não fez a interdição em


24 horas.
-Proprietário vendeu os animais para PR (exposição
de agropecuária)
-Doença se alastrou e exportações foram proibidas
-DOIS ANOS para restabelecer a situação de
exportações no Brasil.

Tudo isso porque houve problema de fiscalização
*FEBRE AFTOSA
Hoje, no Brasil:
Santa Catarina é considerada livre de Febre Aftosa sem vacinação.

O restante do pais- livre de febre aftosa com vacinação.... PORÉM...

Normativa
6 estados (AC, RO, PR, RS, municípios de AM e MT) – livres de febre
aftosa – MAPA – OIE – maio /2021 e hoje estes se encaixam como
livres e sem vacinação.

Em abril/2023 outros estados livre e sem vacinação– ES, MG, MT, MS,
TO, GO

A ação faz parte do projeto de tornar todo o país livre de FA sem


vacinação até 2026
FEBRE AFTOSA
DIAGNÓSTICO
• DIFERENCIAL:

• Estomatite vesicular (todas as espécies animais)


• Doença vesicular dos suínos
• Doença das mucosas (BVD)
• Mastite
• Febre catarral maligna (caprino e ovino) com secreção
nasal intensa

Todas apresentam vesículas e queda na produção.

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