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REALIZAÇÃO

Este projeto foi realizado a partir de uma parceria entre o Ministério de Direitos Humanos e da
Cidadania, por meio da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos /
Diretoria de Promoção dos Direitos Humanos / Coordenação-Geral de Promoção da Liberdade
Religiosa, e a Universidade Federal de Uberlândia, por meio do Centro Brasileiro de Estudos em
Direito e Religião e em colaboração com a Fundação de Apoio Universitário, no âmbito do
Termo de Execução Descentralizada nº 01/2023 CGLIB, com o seguinte objeto: “Produção de
conteúdo e realização de ações educativas para a promoção da liberdade religiosa, respeito à
diversidade religiosa, combate à discriminação religiosa, fortalecimento da laicidade estatal e
enfrentamento do discurso de ódio.”

EQUIPE TÉCNICA

Coordenação do Projeto e da Obra


Rodrigo Vitorino Souza Alves

Redação e Revisão
Ana Luisa Sabino Werkema Marcio Henrique Pereira Ponzilacqua
Caetano Dias Correa Rodrigo Vitorino Souza Alves
Carolina de Moraes Vieira Silva Sara Ferreira Cury
Fábio Carvalho Leite Sthela Ferreira Teófilo
Gabriel Medeiros Montalvão Thiago Alves Pinto
Jayme Weingartner Neto Victória Falqueto Alvim
Jessyca Beatriz Rodrigues Lopes

Revisão pela CGLIB


Ana Carolina de Oliveira Costa
Fábio Mariano da Silva
Irenilda Aparecida Maria Francisco
Ivo Pereira da Silva
João Pinheiro de Melo Neto

Design
Victória Falqueto Alvim
Jessyca Beatriz Rodrigues Lopes
COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A
DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

SUMÁRIO

1 Igualdade e o respeito à diversidade religiosa ......................................................... 2


1.1 Proteção de grupos vulnerabilizados ..................................................................... 3
1.2 Garantindo a igualdade no contexto da diversidade religiosa ............................ 5
2 Combatendo a discriminação religiosa .................................................................. 11
2.1 Objeção de consciência e acomodação razoável ................................................ 16
2.2 A intersecção entre as discriminações religiosa e racial ..................................... 21
2.3 Combate à discriminação religiosa ....................................................................... 25
3 Busque proteção à liberdade religiosa! .................................................................. 29
3.1 Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e o “Disque 100” ......................... 29
3.2 Ministério Público .................................................................................................. 30
3.3 Defensoria Pública ................................................................................................. 31
3.4 Ouvidorias e Polícia ............................................................................................... 31
3.5 Ordem dos Advogados do Brasil ......................................................................... 31
3.6 Assessoria Jurídica Gratuita .................................................................................. 32
3.7 Núcleos de Conciliação ......................................................................................... 33
4 Sobre a CGLIB e o CEDIRE ................................................................................ 34
4.1 Coordenação-Geral de Promoção da Liberdade Religiosa ............................... 34
4.2 Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião.......................................... 35
Notas e Referências ......................................................................................................... 37
COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

1 I GUALDADE E O RESPEITO À DIVERSIDADE RELIGIOSA

A igualdade é um dos mais destacados princípios de estruturação dos sistemas


internacionais e das democracias constitucionais, a qual também se presta como
orientação fundamental para interpretação e aplicação dos direitos humanos e
fundamentais1.

No Direito Internacional, é basilar a previsão constante do


artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948:

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Direitos relacionados à igualdade estão previstos em diversos documentos


internacionais:

▪ A Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas


as Formas de Discriminação Racial, promulgada no
Brasil por meio do Decreto n. 65.810 de 1969, em seu
art. 5º, d, VII, prevê o dever dos Estados-Parte de
garantir o direito de todas as pessoas, sem qualquer
distinção de cor, raça, nacionalidade ou etnia, de
desfrutar da liberdade de religião ou crença.
▪ O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, promulgado
pelo Decreto n. 592 de 1992, por sua vez, estabelece que os Estados-
Parte devem garantir os direitos previstos no pacto sem qualquer
distinção, inclusive de natureza religiosa (artigos 2º e 26).
▪ O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
promulgado no Brasil pelo Decreto n. 591 de 1992, o qual estabelece,
de forma semelhante, em seu artigo 2º, item 1, o respeito aos direitos
nele tratados sem distinção de ordem religiosa.

Há, portanto, robusta proteção à igualdade em matéria de religião ou crença


no campo dos direitos humanos.

1.1 Proteção de grupos vulnerabilizados

Outra importante garantia de igualdade encontra-se na


Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias
Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas, que foi adotada pelas
Nações Unidas em 19922 com base nas disposições do artigo 27 do
Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. A declaração
visa promover, reconhecer e proteger os direitos das pessoas
pertencentes às minorias étnicas, religiosas e linguísticas, assegurando
igualdade de tratamento, liberdade de expressão, liberdade religiosa,
participação na vida cultural, acesso à educação e outros direitos fundamentais.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

O documento estabelece que as pessoas pertencentes a minorias religiosas


têm o direito a estabelecer e manter suas próprias instituições religiosas, bem como
o direito de ter acesso a lugares de culto e aos serviços religiosos de sua escolha.
Portanto, a declaração reconhece e protege a liberdade religiosa dos grupos
considerados minoritários pelo Direito Internacional.
É por meio da proteção à igualdade, especialmente em relação grupos
religiosos vulnerabilizados, que se garante a sobrevivência de um grupo ou cultura e
se realiza a preservação de uma sociedade democrática e plural, sem exclusão ou
discriminação em relação a qualquer sistema de fé que alguém possa ter3.

Veja que apenas 8% da população brasileira declara não possuir qualquer


religião 4 , e em especial
quando se considera o
fato de que, dentre os
92% da população que
proferem alguma religião
ou crença, há religiões
mais preponderantes em
número e influência. É
por isso que o alicerce
constitucional da
igualdade e da liberdade de religião ou crença de se constituir de critérios
abrangentes, que protejam também grupos vulnerabilizados, o que se reforça pela
proteção constante do artigo 27 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos.

Assim, qualquer condição eventualmente estabelecida para o reconhecimento


e proteção de grupos religiosos deve atentar-se às particularidades dos diversos
grupos religiosos, especialmente aqueles considerados vulnerabilizados. Por outro
lado, é importante entender que, embora a liberdade de religião ou crença não deva
ser limitada por uma visão tradicional de religião, é necessário garantir que essa
liberdade proteja todas as religiões. Em especial, coloca-se os desafios do
enfrentamento do discurso de ódio e das práticas de intolerância religiosa,
especialmente quando associadas ao racismo que marca a história de nosso país.

A esse respeito, veja-se, por exemplo o Relatório do Fundo das Nações


Unidas para a Infância (UNICEF) que destaca o racismo e a discriminação contra
crianças. O Relatório evidencia que crianças e adolescentes de diferentes grupos,

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

incluindo-se grupos religiosos vulnerabilizados, estão muito atrás de seus pares em


habilidades de leitura, por exemplo. A discriminação tem um impacto negativo
duradouro!

1.2 Garantindo a igualdade no contexto da diversidade religiosa

Diante disso, há duas principais perspectivas da igualdade


quando se trata de liberdade de religião ou crença5. Uma é a proibição
de discriminação por características individuais, amparada no artigo
5º, caput, da Constituição Federal, e a outra, a obrigação de tratamento
diferenciado, de modo a dispor de um tratamento positivo diferente
a pessoas e grupos que são historicamente discriminados, a fim de
reduzir as desigualdades.

É nesse sentido que a Constituição Federal e os tratados internacionais aos


quais o Brasil aderiu estabelecem normas que resguardam a igual liberdade de religião
ou crença. E essas proteções têm sido também afirmadas pelos tribunais,
especialmente pelo Supremo Tribunal Federal, que entendem ser necessário conferir
proteções especiais a determinados grupos e pessoas a fim de resguardar o respeito
a todas as religiões no território nacional.
Um tema que ganhou destaque nacional no ano de 2019 foi a questão do
sacrifício religioso de animais. Trata-se de um tema cuja regulação afeta de modo

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

especial e direto as manifestações religiosas de matriz africana, que consideram a


prática um ato de “sacralização” do animal, embora as questões relativas a abate de
animais conforme os ditames religiosos estejam presentes em outras expressões
religiosas6.

Outra situação que envolve a necessidade de proteção especial ou


diferenciação positiva/inclusiva é aquela relativa à guarda de dias sagrados,
inclusive por servidores públicos. Para alguns grupos religiosos, há dias que são
considerados especiais do ponto de vista religioso, os quais exigem que os fiéis
pratiquem determinados atos ou não desempenhem atividades laborais.
Historicamente no Brasil, dada a predominância do Cristianismo Católico, tais dias
foram inseridos nos calendários oficiais do país, como feriados municipais, estaduais
ou federais, assim como o dia semanal de descanso tem sido tradicionalmente o
domingo.

Todavia, grupos numericamente minoritários geralmente não têm seus dias


sagrados reconhecidos como feriados nacionais ou dias de repouso. Este é o caso
daqueles que guardam o sábado como dia semanal de descanso, que pode ter início
no pôr do sol de sexta-feira até o pôr do sol de sábado (ou em horários similares).
Para pessoas que professam determinadas confissões de fé (como o Adventismo do
Sétimo Dia, Judaísmo, Islã e outros grupos religiosos), surgem situações difíceis no
local de trabalho, em função da jornada de trabalho potencialmente incluir tais
períodos de descanso.

Foi esse o caso de uma professora que foi reprovada no estágio probatório
pelo fato de não poder ministrar aulas às sextas-feiras após o pôr do sol, tendo sido

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

as faltas consideradas injustificadas. Todavia, ao ser julgado pelo Supremo Tribunal


Federal em 2020, o caso teve encaminhamento diverso7.
No caso, discutiu-se a possibilidade de ser estabelecer critérios alternativos
para o regular exercício dos deveres funcionais inerentes aos cargos públicos, em
face de servidores que invocavam a escusa de consciência por motivos de crença
religiosa. Ao decidir, determinou o STF ser dever do administrador público
disponibilizar obrigação alternativa para servidor em estágio probatório cumprir
deveres funcionais a que está impossibilitado em virtude de sua crença religiosa
(Tema n. 1021). O STF firmou a seguinte tese de repercussão geral, a qual obriga
todos os tribunais a aplicarem o mesmo entendimento e impacta também o modo
como a Administração Pública deve tratar a matéria:

Situação também relevante para o serviço público é aquela relativa à


possibilidade de realização de etapa de concurso público em horário e local
diversos daqueles determinados pela comissão organizadora deste, em razão
da crença religiosa do indivíduo (Tema n. 386).

O caso que chegou ao STF8 diz respeito à realização de teste de capacidade


física pelo candidato em dia diverso do programado, situação em que o candidato
havia solicitado à Administração a possibilidade de realização de sua prova de

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

capacidade física no domingo seguinte ao sábado para a qual havia sido programada,
solicitação que foi indeferida pela Administração.
Ao julgar o caso, também em 2020, o STF conferiu proteção especial ao caso,
com vistas à inclusão do candidato e respeito às crenças religiosas, afirmando que
“A tessitura constitucional deve se afastar da ideia de que a laicidade estatal,
compreendida como sua não-confessionalidade, implica abstenção diante de
questões religiosas. Afinal, constranger a pessoa de modo a levá-la à renúncia
de sua fé representa desrespeito à diversidade de ideias e à própria
diversidade espiritual.”
Além disso, firma a seguinte tese de repercussão geral:

Essas três situações são importantes para se reconhecer que o Estado


brasileiro, à luz das disposições constitucionais e da jurisprudência, deve buscar
promover o respeito no contexto da diversidade religiosa, o que implica reconhecer
as desigualdades concretamente existentes e realizar ações voltadas para a redução
das desigualdades, inclusive por meio de proteções especiais a grupos
vulnerabilizados ou que são numericamente minoritários.

Em especial, deve a Administração Pública evitar de impor regras ou


limitações que afetem de modo desproporcionalmente negativo determinadas
pessoas em razão de sua religião, além de buscar ativamente agir de modo respeitoso

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

e protetivo, de modo que pessoas de todas as convicções religiosas sejam


resguardadas em seus direitos humanos e fundamentais.

No Brasil, a preocupação com a diversidade religiosa é bastante expressiva,


diante da presença de múltiplas crenças religiosas e da diversidade de
estabelecimentos religiosos, os quais incluem não apenas igrejas, mas também
templos, sinagogas, centros e terreiros, abrangendo todas as religiões.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Diante do exposto, verifica-se que a garantia da igualdade é de


fundamental importância para que a diversidade religiosa seja respeitada e
preservada, assim como para a proteção e o respeito a todos os direitos humanos11.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

2 C OMBATENDO A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA

O Brasil caracteriza-se por uma diversidade religiosa significativa, com uma


grande variedade de tradições e crenças. Entretanto, constatam-se, lamentavelmente,
episódios de discriminação e violência motivados por intolerância religiosa,
abrangendo desde atos de violência corpórea até práticas de exclusão e preconceito.

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Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e do “Disque 100” (com


aplicação do filtro “Espécie de Violação”, na categoria “Religião ou Crença”,
registraram 1.698 violações da liberdade de religião ou crença no 1º Semestre
de 2024 apenas13. Trata-se de um número significativo que indica não se tratar de
um problema irrelevante, o que se confirma por diferentes relatórios sobre
discriminação e violência motivadas por intolerância religiosa no Brasil.14

Ao mesmo tempo, no mundo todo há vítimas da discriminação religiosa.


Os principais praticantes da discriminação religiosa globalmente são
Estados, autoridades de fato e atores sociais não-Estatais. Embora não haja
equivalência de poder entre eles, pois prevalece o dever estatal de adotar medidas
para evitar e combater a discriminação religiosa, todos merecem atenção15.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

No âmbito da discriminação cometida pelos Estados, especificamente, há


a discriminação vertical, que ocorre por atos de seus agentes, a discriminação pelo
direito, que está presente nas suas próprias normas jurídicas, e a discriminação de
fato, que é consequência de leis, políticas e práticas estatais16.

Em alguns casos, as autoridades de fato são grupos, muitas vezes armados,


atuantes em territórios nos quais o governo perdeu o controle efetivo, como o Talibã
no Afeganistão no início dos anos 2000, e podem ser compelidos a respeitar os
direitos humanos diante dessas circunstâncias, conforme afirmou o Comitê sobre a
Eliminação de Discriminação contra Mulheres, em sua Recomendação Geral n. 30
de 201417.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Por sua vez, atores sociais não-Estatais, como empresas, sindicatos,


associações culturais, instituições educacionais e a mídia, são influenciados pelo
ambiente que o Estado cria, que pode facilitar ou dificultar a discriminação
religiosa18.

Também é possível classificar práticas discriminatórias no que se refere às


suas características. Nesse aspecto, a discriminação interseccional se caracteriza
por ser agravada pela existência de espécies adicionais de discriminação fundadas em
outros fatores, como elementos étnico-raciais, socioeconômicos, de gênero e
orientação sexual, e religião 19 (mais adiante, será explorada especialmente a
intersecção entre as discriminações racial e religiosa).

Quanto aos fenômenos e espécies de violência produzidos pela


discriminação ou pela intolerância religiosa, identifica-se as seguintes modalidades20:

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Além destas formas de discriminação e violência, pode-se classificar a


discriminação também como direta ou indireta. A discriminação direta, segundo
o Comitê sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, consiste no tratamento
menos favorável a um indivíduo que se encontra, ou não, em situação
semelhante a outro, por motivos discriminatórios vedados, podendo-se citar
como exemplo a proibição voltada àqueles que não pertencem à religião do Estado
de alcançar cargos políticos de alto escalão21.

Já a discriminação indireta se refere a leis, políticas e práticas que,


embora pareçam neutras, impactam desproporcionalmente o exercício de
direitos alcançados pela proibição de discriminação, e, logo, pode ser mais difícil se
detectar; a título de exemplo, tem-se questões envolvendo feriados públicos, dietas
alimentares e as regras de uso vestimentas neutras em ambientes públicos e privados,
que acabam por discriminar indivíduos cuja religião tenha dias de guarda distintos

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

dos feriados públicos, dietas alimentares distintas da comum ao restante da


população ou requeira o uso de vestimenta específica22. Outro exemplo são os editais
de concursos que determinam que as provas sejam realizadas aos sábados ou que
impeçam o uso de vestimentas sobre a cabeça, sem permitir o uso destes quando o
motivo for religioso. Ou ainda, regras sobre documentos de identificação que, sendo
pretensamente neutras e gerais ao proibirem determinadas peças de vestuário,
afetam de modo desproporcional alguns grupos religiosos.
A esse respeito, pode-se mencionar o exemplo do Recurso Extraordinário –
RE n. 859.37623, julgado em abril de 2024. No caso, o Supremo Tribunal Federal
discutiu a proibição do uso de hábito religioso que cubra a cabeça ou parte do
rosto em fotografia de documento de habilitação e identificação civil.

Tal proibição existia em razão do Anexo IV da Resolução n. 192 de 2006 do


CONTRAN 24 , que previa a vedação expressa à utilização de item de
vestuário/acessório que cobrisse parte do rosto ou da cabeça.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que, em nome da liberdade de crença
e religião, é possível excepcionar uma obrigação imposta a todas as pessoas no que
se refere à identificação civil e, reconheceu a discriminação indireta gerada por essa
norma.

Destaca-se que a própria resolução do CONTRAN foi alterada antes do


julgamento 25 , visando evitar qualquer forma de discriminação. Com a alteração,
permanece a regra de não usar óculos, bonés, chapéus ou outros acessórios que
cubram parte do rosto ou da cabeça ao tirar fotos para documentos, porém excetua-
se da regra os casos de itens de vestuário religiosos ou relacionados a problemas

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

médicos que gerem a necessidade de cobrir a cabeça. No entanto, mesmo nesses


casos, é necessário que a face, a testa e o queixo estejam completamente visíveis.
Assim, é mais do que necessário promover a não-discriminação e, ao fazê-lo,
considerar que ela não é sinônimo de tratamento puramente igual. O tratamento
meramente idêntico nem sempre permite o exercício de direitos em
igualdade real de condições, pois pode configurar discriminação indireta.

2.1 Objeção de consciência e acomodação razoável

É preciso adotar medidas que possam contribuir, nas situações


concretas, para a melhoria das condições para o exercício de direitos de todas
as pessoas.

Nesse ponto, algumas circunstâncias acabam por reclamar a adoção de


tratamento diferente, o que não consiste em discriminação ilícita. Tais medidas
servem justamente ao propósito de garantir que a igualdade formal – isto é, a
igualdade perante a lei – ocorra também na prática – o que se designa igualdade
material ou substantiva.

Perante a vastidão de religiões que existem e das diferentes práticas adotadas


por cada uma, surge o questionamento de como realizar esse tratamento
diferenciado de forma a não incorrer, indevidamente, em privilégio ou prejuízo a
qualquer cidadão.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

A objeção de consciência e a acomodação razoável são estratégias


similares, que buscam assegurar que as pessoas não sejam excluídas ou
marginalizadas em função de suas obrigações religiosas, dentro de uma sociedade
democrática e plural.

Nas situações em que normas legais entram em conflito com as obrigações


religiosas, a legislação e os tribunais, no Brasil (como visto pelos casos judiciais
anteriormente mencionados) e internacionalmente, têm afirmado a possibilidade de
se realizar ajustes para que sejam, dentro de certos limites, compatibilizadas aquelas
normas com as obrigações religiosas.

Por meio da objeção de consciência e da acomodação razoável, cria-se


exceções condicionadas, oportunizando-se o cumprimento de uma
obrigação alternativa ao dever originalmente prescrito. Assim, em alguns casos,
o imperativo de consciência afastará o cumprimento de normas, levando-se em
conta a proteção da dignidade humana e o respeito à pluralidade cultural e religiosa26.

Sobre a objeção de consciência, trata-se da recursa em cumprir uma


obrigação que se impõe a todas as pessoas, ou a determinada categoria de
pessoas, por motivo de consciência.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Por sua vez, a acomodação razoável, que pode ser entendida como um
desdobramento da objeção de consciência, realiza-se por meio da
implementação de ajustes e exceções com relação a regras gerais que sejam
considerados razoáveis, isto é, que não sobrecarreguem desproporcionalmente a
instituição, pública ou privada, que irá adotá-las, a fim de permitir que os indivíduos
vivam em conformidade com sua religião27.

Na legislação brasileira, tais ajustes são considerados possíveis e legítimos. A


Constituição Federal define como um direito fundamental que “ninguém será privado
de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recursar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei” (artigo 5º, VIII).

O caso clássico de aplicação dessa garantia é a recusa à


prestação do serviço militar obrigatório, com a atribuição de serviço
alternativo ao objetor de consciência (artigo 143, §1º da Constituição
Federal e Lei n. 8.239 de 1991) 28 . Todavia, não se limita a esse
contexto. Na educação, a Lei n. 9.394 de 1996 (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional), exige-se a realização de ajustes para
estudantes em dias de guarda ou preceito, conforme o seguinte:

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Tais alternativas, em qualquer contexto (seja na educação, no local de


trabalho, no acesso a serviços públicos, entre outros) devem se orientar por critérios
de proporcionalidade e razoabilidade, visto que uma norma que tenha por efeito
a distinção, restrição ou exclusão por religião ou crença afeta os direitos humanos.

Vislumbra-se diversos desafios contemporâneos, alguns deles já mencionados


anteriormente29:

Em nome da igualdade substancial, é preciso realizar adequações que


gerem exceções pontuais ou uma transformação abrangente.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

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Entretanto, é importante salientar que a liberdade de crença ou religião


não é um direito absoluto, e que a objeção de consciência e a acomodação
nem sempre serão possíveis ou admissíveis.
Veja-se a situação complexa dos praticantes da religião sikh, que, devido ao
dever religioso de usar turbante, confrontam-se com a obrigatoriedade de usar
equipamento de proteção individual em locais de obras e construções.
Nesse caso, há um conflito entre a liberdade religiosa e a segurança no
ambiente de trabalho, já que não cabe a permissão de adentrar esses lugares sem
aqueles equipamentos.

A esse respeito, concluiu o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas


que não haveria tratamento discriminatório à comunidade sikh por não ser possível
realizar uma acomodação razoável entre a obrigação religiosa e os deveres de
segurança e proteção por parte do empregador31.

Talvez haja alguma forma de compatibilizar a obrigação religiosa com a


obrigação de segurança em casos como esse, mas não foi identificada pelo referido
Comitê à época.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

2.2 A intersecção entre as discriminações religiosa e racial

Embora características étnico-raciais, cor da pele, origem histórica,


ascendência, critério socioeconômico, gênero e outras não sejam determinantes da
religião ou crença de uma pessoa, não é raro encontrarmos situações em que uma
pessoa sofra, ao mesmo tempo, mais de um tipo de discriminação.

Por exemplo, não é difícil imaginar o que diferentes relatórios já apontaram,


que a mulher negra pobre tem sido historicamente vulnerabilizada 32 , o que é
reforçado pelo pertencimento a uma religião ou prática religiosa alvo de
preconceito e discriminação, como é o caso da mulher de matriz africana.

Todavia, embora a referência imediata atualmente sejam as religiões de matriz


africana, objeto de discriminação e violência históricas no Brasil, é importante
destacar outros exemplos: o caso da mulher muçulmana com o uso do véu sobre
a cabeça e que enfrenta também situações de discurso xenofóbico (mesmo sendo
brasileiras, por vezes são percebidas como estrangeiras em função do seu
pertencimento religioso)33, e semelhantemente a mulher evangélica, especialmente
aquelas de comunidades religiosas cujos costumes se relacionam com uso de cabelos
compridos e saias longas, e que enfrentam preconceito34.

De modo específico, a discriminação interseccional que envolve os critérios


religião e étnico-racial tem sido denominada “racismo religioso” 35 , expressão
especialmente aplicada às religiões de origem africana e à discriminação que
historicamente sofrem no Brasil.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Na legislação pátria, coube ao Estatuto da Igualdade Racial


(Lei n. 12.288 de 2010) enfrentar esse problema, o qual destina-se “a
garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa
dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e
às demais formas de intolerância étnica” (artigo 1º). No que diz respeito à
liberdade de religião ou crença, dispõe que:

Nesse sentido, o estatuto dedica especial atenção às religiosidades de matriz


africana, prevendo proteções específicas para esse grupo, em conformidade com o
modo de se praticar a sua religiosidade:

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Além disso, o estatuto também assegura que a assistência religiosa prevista


constitucionalmente, em hospitais, prisões e outros estabelecimentos, também seja
devidamente assegurada aos religiosos de matriz africana, e não apenas aos demais
grupos religiosos ou a grupos numericamente majoritários.

Finalmente, a fim de promover o combate à discriminação contra pessoas


praticantes de religiões de matriz africana, o estatuto determina a adoção de variadas
medidas, incluindo-se a sua proteção no contexto dos meios de comunicação, a
preservação de seu patrimônio histórico, artístico e cultural, assim como a garantia
de sua presença em instâncias de participação social.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Fundamental, portanto, assegurar que todas as pessoas sejam respeitadas em


seus direitos e dignidade, independentemente de suas características étnico-raciais e
religiosas.
Nesse contexto, importante destacar uma alteração legislativa mais recente. A
esse respeito, importante destacar a Lei n. 14.532, de 11 de janeiro de 2023, que altera
a Lei n. 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (lei de combate à discriminação) e o Decreto-
Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a qual trata do “racismo
religioso”. Embora a expressão não tenha sido incluída no texto da lei, a sua
introdução ou ementa menciona a expressão:

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

A referida lei passou a definir como crime de discriminação a injúria racial,


prever pena de suspensão de direito em caso de discriminação praticada no contexto
de atividade esportiva ou artística e prever pena para a discriminação religiosa e
recreativo e para o praticado por funcionário público. Além disso, a lei determina
que seja maior a pena nos crimes de injúria (Artigo 140, §3º do Código Penal) se
forem utilizados “elementos referentes a religião ou à condição de pessoa idosa ou
com deficiência”.

2.3 Combate à discriminação religiosa

Feitas essas ponderações, destaca-se que, no intuito de enfrentar tal questão,


há leis no Brasil que visam assegurar a liberdade de religião ou crença e punir
qualquer forma de discriminação ou violência motivada pela intolerância religiosa.
Essas medidas legais têm também como propósito conscientizar sobre o problema,
além de fornecer bases para o desenvolvimento de políticas públicas e iniciativas que
promovam a liberdade e combatam a discriminação.

Nesse contexto, destaca-se a Lei n. 7.716 de 198936, que prevê


multa e prisão para os crimes resultantes de prática, indução ou
incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou nacionalidade.

Um caso concreto sobre esse tema é o Recurso Ordinário em


Habeas Corpus n. 146.303 julgado em 2018 37 , em que um líder
religioso impetrou Habeas Corpus para encerrar um processo penal
que o havia condenado por praticar e incentivar a discriminação religiosa, nos
termos do artigo 20, §2º, da Lei n. 7.716. Ele havia publicado vídeos e conteúdos
ofensivos em seu blog, atacando líderes e seguidores de outras religiões de forma
agressiva.

Todavia, seu pedido não foi atendido, pois o discurso do líder religioso
insultava diretamente pessoas de outras religiões, usando termos fortes e ultrajantes,
extrapolando a crítica ou opinião sobre determinado credo e atingindo diretamente
as pessoas que professam tais credos. Por esse motivo, seu pedido de Habeas Corpus
foi negado e ele foi condenado a três anos de prisão em regime aberto, além de
multa, por violar a Lei n. 7.716.

25
COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Em ocasião anterior, o Supremo Tribunal Federal, no Recurso Ordinário em


Habeas Corpus n. 134.682 julgado em 201638, reconhecera o direito ao proselitismo
religioso, mesmo que isso envolva comparações entre diferentes religiões que
possam ofender os sentimentos religiosos de seus seguidores.

Ainda no campo penal, o Código Penal brasileiro busca


combater a injúria baseada em preconceitos religiosos, o que se
relaciona também o “racismo religioso”. A injúria, nos termos do
artigo 140 do referido Código, consiste na ofensa à dignidade ou ao
decoro de alguém, e pode ser considerada mais grave quando envolve
aspectos como religião, condição de pessoa idosa ou com deficiência.
Nesse caso, a pena para o crime é agravada, com reclusão de um a três anos,
além de multa, nos termos do parágrafo terceiro do mesmo artigo. Além disso, prevê
em seu artigo 208 o crime de ultraje a culto e impedimento ou perturbação de
atos relacionados a ele, em consonância com a garantia de livre exercício dos
cultos e da proteção dos locais de cultos e liturgias.

No que diz respeito ao combate à discriminação religiosa em


âmbito internacional, é fundamental a Declaração sobre a Eliminação
de todas as Formas de Intolerância e de Discriminação baseadas na
Religião ou Crença adotada em 1981 pela Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas. Essa declaração foi elaborada para
reforçar os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas, e
possui como principal objetivo a conscientização acerca do combate
contra a discriminação motivada pela intolerância religiosa.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação,


a Ciência e a Cultura) também fez uma declaração sobre princípios
da tolerância em 1995, abarcando assim o tema da tolerância religiosa,
exigindo a atuação justa e imparcial do Estado para a sua promoção.

Destaca-se ainda o papel que as comunidades religiosas e instituições da


sociedade civil podem desempenhar na promoção da liberdade religiosa e no
combate à discriminação religiosa. A esse respeito, a
Organização das Nações Unidas tem promovido um
movimento denominado “Fé pelos Direitos” (“Faith
for Rights”), que tem como objetivo promover a
construção de sociedades pacíficas, que defendam a
dignidade humana e a igualdade para todos e onde a
diversidade seja respeitada. Assista a mensagem de vídeo da então Alta Comissária
para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apresentando o Fé pelos Direitos.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Tem sido desenvolvido variados recursos educativos a partir de seus dois


documentos fundamentais, a Declaração de Beirute sobre Fé pelos Direitos e os
18 Compromissos sobre Fé pelos Direitos. Esses documentos podem ser
encontrados em https://www.ohchr.org/en/faith-for-rights e também no website
do Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião – CEDIRE, que realizou a
tradução que se encontra também no site da ONU acima referido:
https://www.direitoereligiao.org/recursos/documentos/fe-pelos-direitos.
Além destes, destaca-se a Declaração de Punta del Este sobre a Dignidade
Humana para todos em Todos os Lugares, adotada no marco dos setenta anos após
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em dezembro de 2018, a qual baseia-
se na convicção de que o conceito de dignidade humana pode nos ajudar a entender,
proteger e implementar os direitos humanos.

Encontre também diversos documentos, vídeos, casos traduzidos e outros


recursos na página do CEDIRE, na Biblioteca do Ministério dos Direitos Humanos
e da Cidadania e na Plataforma ENAP.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

3 B USQUE PROTEÇÃO À LIBERDADE RELIGIOSA !

Em situações envolvendo a violação à liberdade religiosa, você poderá realizar


denúncia ou procurar ajuda por meio de diferentes canais. Listamos abaixo alguns
exemplos de instituições que podem ser procuradas.

3.1 Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e o “Disque 100”

A Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) funciona como


um meio de comunicação entre a sociedade e o Ministério dos Direitos Humanos e
da Cidadania (MDHC), com o objetivo de manter canais acessíveis e contínuos entre
a população e os gestores públicos responsáveis pelas áreas pertinentes. Seu
propósito é garantir que todos tenham a oportunidade de registrar reclamações e
denúncias de violações de direitos humanos, contribuindo assim para que o Estado
cumpra seu dever de assegurar os direitos individuais dos cidadãos, permitindo-lhes
o pleno exercício da cidadania.
Um de seus canais para registro de denúncias de violações é o “Disque 100”.
Trata-se de um serviço de proteção e enfrentamento à violação dos direitos humanos
no Brasil, de caráter gratuito e que funciona 24 (vinte e quatro) horas por dia,
todos os dias da semana. O objetivo principal do “Disque 100” é receber
denúncias que envolvam violações de direitos humanos, sejam elas de natureza física,
psicológica, sexual, moral ou de negligência.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Ao receber uma denúncia, os atendentes do “Disque 100” registram todas as


informações relevantes e encaminham para os órgãos competentes, como o
Ministério Público, a polícia ou os conselhos tutelares, de acordo com cada caso
específico. O sigilo das informações é garantido, e o denunciante pode optar por não
se identificar. Além do atendimento telefônico, o “Disque 100” também
disponibiliza um serviço online.

3.2 Ministério Público

O Ministério Público no Brasil é formado pelos Ministérios Públicos


estaduais, que atuam perante a Justiça Estadual, e pelo Ministério Público da União
(MPU), composto por quatro ramos: o Ministério Público Federal (MPF), o
Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Militar (MPM) e o
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
A atuação do Ministério Público volta-se para a defesa dos direitos sociais e
individuais indisponíveis, a defesa da ordem jurídica, e a defesa do regime
democrático. Nesse sentido, compete ao Ministério Público zelar pelo respeito aos
direitos fundamentais assegurados na Constituição, incluindo-se a liberdade de
religião ou crença, promovendo as medidas necessárias para sua proteção.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

3.3 Defensoria Pública

A Defensoria Pública oferece serviços jurídicos gratuitos à população


carente, incluindo orientação e aconselhamento em questões legais, defesa de seus
direitos, e conciliação entre partes em conflito, incluindo em matéria de liberdade
religiosa.
Quanto à sua estrutura, a Defensoria Pública da União presta seus serviços na
Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, nos Tribunais Superiores e em
órgãos administrativos federais. Por outro lado, as Defensorias Públicas estaduais
atuam nos Tribunais de Justiça estaduais.

Clique aqui para entrar em contato com a Defensoria Pública em seu Estado.

3.4 Ouvidorias e Polícia

Secretarias de Segurança Pública, sobretudo no âmbito dos Estados, oferecem


serviços de ouvidoria para a população, para que sejam registradas denúncias de
violações a direitos.

Pode ser que a situação exija também a atuação policial, seja por meio da
polícia civil, que é responsável por apurar as infrações criminais e proteger direitos
fundamentais (sendo que em alguns Estados há delegacias especialmente voltadas
para crimes de intolerância - DECRADI), ou da polícia militar, à qual compete o
policiamento em geral de modo ostensivo, preventivo, repressivo, assim como a
preservação da ordem pública. Disque 190 em caso de emergência!

3.5 Ordem dos Advogados do Brasil

A Ordem dos Advogados do Brasil


(OAB) tem desenvolvido uma importante
atuação na promoção da liberdade religiosa e no
combate à discriminação religiosa. Uma das

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

medidas adotadas pela OAB no combate à intolerância religiosa no país é a criação


e atuação das comissões de liberdade religiosa39.
Por meio dessas comissões, a Ordem busca promover a conscientização sobre
a importância da liberdade religiosa, bem como a defesa dos direitos das vítimas de
intolerância religiosa. Além disso, as comissões têm como objetivo garantir a devida
punição pelos atos de violação do direito à liberdade de religião ou crença. Para
acessar o apoio jurídico oferecido pela OAB no caso de violação do direito à
liberdade de religião ou crença, qualquer cidadão pode buscar a instituição e entrar
em contato com a comissão de liberdade religiosa, que poderá prestar orientação,
encaminhar denúncias e oferecer suporte jurídico adequado.

3.6 Assessoria Jurídica Gratuita

Núcleos, escritórios, programas e projetos de assessoria jurídica


estabelecidos em universidades também podem oferecer auxílio nesta matéria,
prestando atendimento jurídico gratuito à população. Alguns exemplos incluem:

• Escritório de Assessoria Jurídica Popular da Universidade Federal de


Uberlândia (http://www.fadir.ufu.br/esajup) e as ações de assessoria
jurídica e recursos educativos e informativos oferecidos pelo
Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião – CEDIRE
(https://www.direitoereligiao.org).
• Núcleo de Práticas Jurídicas do Instituto de Ciências Jurídicas da
Universidade Federal do Pará
(https://www.icj.ufpa.br/index.php?option=com_content&view=art
icle&id=175).
• Serviço de Assistência Jurídica Universitária da Faculdade de Direito
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(http://www.ufrgs.br/ufrgs/acessoainformacao/carta-de-
servicos/saju-2013-faculdade-de-direito).
• Núcleo de Prática Jurídica do Centro de Ciências Jurídicas da
Universidade Federal de Santa Catarina (https://ccj.ufsc.br/emaj/).

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

• Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade de Direito da Universidade


Federal da Bahia (https://www.direito.ufba.br/npj-nucleo-de-pratica-
juridica).
• Escritório Modelo de Assistência Jurídica – Prática Jurídica da
Faculdade de Direito da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
(https://praticajuridica.ufms.br/).
• Serviço de Assistência Jurídica Gratuita da PUC do Rio Grande do Sul
(https://portal.pucrs.br/ensino/escola-de-direito/sajug/).
• Núcleo de Prática Jurídica do Departamento de Direito da PUC no Rio
de Janeiro (https://npj.jur.puc-rio.br/).
• Divisão de Assistência Judiciária da Universidade Federal de Minas
Gerais (https://daj.direito.ufmg.br/).

3.7 Núcleos de Conciliação

Tribunais de todo o país têm estabelecido núcleos consensuais para resolução


de conflitos. Nestes “Núcleos de Conciliação”, as pessoas envolvidas em algum
conflito atribuem a outra pessoa a função de auxiliá-las a alcançarem um
acordo, para assim evitar uma sentença judicial e chegar a uma solução
definitiva do conflito.
Os núcleos podem lidar com variadas
questões, sendo organizados de acordo com os
ramos da Justiça: Federal, Trabalhista e Estadual.
Você poderá encontrar um núcleo próximo de você no site do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

4 S OBRE A CGLIB E O CEDIRE

O presente material é fruto da parceria entre duas instituições, a


Coordenação-Geral de Promoção da Liberdade Religiosa (CGLIB/MDHC) e o
Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião (CEDIRE/UFU), as quais são
brevemente apresentadas a seguir.

4.1 Coordenação-Geral de Promoção da Liberdade Religiosa

A Coordenação-Geral de Promoção da Liberdade Religiosa (CGLIB),


subordinada à Diretoria de Promoção dos Direitos Humanos da Secretaria Nacional
de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos
e Cidadania (MDHC). Responsável pela promoção da liberdade religiosa, combate a
todas as formas de intolerância religiosa
e defesa da laicidade do Estado
brasileiro, a CGLIB apoia o Diretor de
Promoção dos Direitos Humanos em
suas funções.

A CGLIB coordena ações, projetos e programas relacionados à liberdade


religiosa, diversidade religiosa, combate à discriminação religiosa e laicidade estatal,
incluindo contribuições ao Comitê Nacional de Respeito à Liberdade Religiosa.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

Além disso, colabora com planos estaduais e municipais para políticas públicas
contra violência e intolerância religiosa, e trabalha em conjunto com outras áreas
temáticas do MDHC para a transversalidade das políticas públicas. Promove
também programas de formação para agentes públicos em liberdade religiosa e
estimula estudos nesse campo, visando promover o respeito à diversidade religiosa
no país, e auxilia a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos no monitoramento e
encaminhamento de denúncias de violações de direitos humanos, como intolerância
religiosa e outras formas de discriminação.

4.2 Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião

O Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião - CEDIRE é um grupo


de pesquisa cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil, do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, sediado na Faculdade de
Direito da Universidade Federal de
Uberlândia, sendo também um Programa
de Extensão registrado na Pró-Reitoria
de Extensão e Cultura desta instituição.

Fundado em 2012, o CEDIRE busca contribuir para a investigação e


educação acerca das relações entre Direito e Religião, sendo pioneiro na promoção
desta abordagem interdisciplinar como disciplina jurídica e área de ensino, pesquisa

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

e extensão no Brasil. Seus pesquisadores são vinculados a diferentes instituições e


têm obtido reconhecimento nacional e internacional pela qualidade da produção
acadêmica e atuação profissional.

Fundamentalmente, o CEDIRE promove investigação acerca dos diferentes


problemas relacionados à liberdade, igualdade e não discriminação em matéria de
religião ou crença, e das relações entre o Estado e as religiões. De modo específico,
procura-se contribuir para melhor compreensão sobre a liberdade de religião ou
crença e sua proteção no direito internacional e em sistemas jurídicos nacionais, as
restrições à manifestação de religião ou crença, os modos de relação institucional
entre Estado e Religião, o respeito pela pluralidade religiosa, o lugar da religião no
espaço público, o debate sobre a secularização e laicidade.

No entanto, o CEDIRE não se limita à pesquisa, pois procura desenvolver, a


partir do conhecimento produzido, ações de ensino e extensão, entre as quais se
incluem eventos diversos (encontros, competições, reuniões, cursos, seminários,
palestras), grupos de estudos, materiais de capacitação e conscientização, propostas
e colaboração para criação de políticas públicas, aproximações entre pesquisadores
e outros profissionais, formação e disponibilização de informações sobre legislação
e jurisprudência, elaboração e divulgação de relatórios, divulgação de artigos e livros,
intervenções em processos judiciais e manifestação em audiências públicas, entre
outros.

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

N OTAS E R EFERÊNCIAS

1
ALVES, Rodrigo Vitorino Souza. Estado Secular e liberdade de religião ou crença: Fundamentos, Estrutura
e Dogmática. 2019. 476 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito, Faculdade de Direito, Universidade de Coimbra,
Coimbra, 2019.
2
47/135. Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes ou étnicas, religiosas e linguísticas Minorias
Nacionais. Organization of American States, 18 de dezembro de 1992. Disponível em:
https://www.oas.org/dil/port/1992%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20os%20Direitos%20das%20Pe
ssoas%20Pertencentes%20a%20Minorias%20Nacionais%20ou%20%C3%89tnicas,%20Religiosas%20e%20Lin
gu%C3%ADsticas.pdf.
3
BERGER, Peter L. Os múltiplos altares da modernidade. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2017, p. 97.
4
BBC. Os 'sem religião' no Censo e no Datafolha. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
61329257#:~:text=Os%20'sem%20religi%C3%A3o'%20no%20Censo%20e%20no%20Datafolha&text=No%20
Censo%20de%202010%2C%20os,7%2C3%25%20em%202000. Acesso em: 23 abr. 2024.
5
WEINGARTNER NETO, Jayme. Liberdade religiosa na Constituição. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2007, p. 203.
6
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário (RE) 494.601. Relator: Min. Marco Aurélio.
Julgado em: 28 de março de 2019. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=751390246. Acesso em: 23 abr. 2024.
7
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário com Agravo n.º 1.099.099. Relator: Min. Edson
Fachin. Julgado em: 26 nov. 2020. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=755554694. Acesso em: 19 abr. 2024.
8
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário n.º 611.874. Relator: Dias Toffoli. Data de
Julgamento: 03 de abril de 2018. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=755555145. Acesso em: 19 abr. de 2024.
9
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Comitê de Direitos Humanos. Comentário Geral n.º 22. 1993.
Disponível em: http://acnudh.org/wp-content/uploads/2011/06/Compilation-of-HR-instruments-and-general-
comments-2009-PDHJTimor-Leste-portugues.pdf. Acesso em: 22 abr. 2024.
10
PINHONI, A.; CROQUER, J. Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos; Região
Norte lidera com 459 para cada 100 mil habitantes. G1, 02 fev. 2024. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2024/02/02/brasil-tem-mais-templos-religiosos-do-que-hospitais-
e-escolas-juntos-regiao-norte-lidera-com-459-para-cada-100-mil-habitantes.ghtml. Acesso em: 23 abr. 2024.
11
RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes - Selo Martins, 12 março 2008.
12
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
Press, 2016, p. 314.
13MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS E DA CIDADANIA. Painel de Dados da Ouvidoria Nacional
de Direitos Humanos – 1º Semestre 2024. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/ondh/painel-de-
dados/primeiro-semestre-de-2024. Acesso em 26 jun. 2024.
14Por todos, SANTOS, Ivanir dos; DIAS, Bruno Bonsanto; SANTOS, Luan Costa Ivanir dos. Segundo relatório
sobre intolerância religiosa: Brasil, América Latina e Caribe. Rio de Janeiro: CEAP, 2023; U.S. STATE

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

DEPARTMENT. 2023 Report on International Religious Freedom. Disponível em:


https://www.state.gov/reports/2023-report-on-international-religious-freedom/. Acesso em: 30 de abril de 2024.
15
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the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
Press, 2016, p. 315.
16
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
Press, 2016, p. 315-316.
17
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
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18
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
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19
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
Press, 2016, p. 321.
20
Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos. Relatório sobre
intolerância e violência religiosa no Brasil (2011-2015): resultados preliminares. Organização: Alexandre Brasil
Fonseca, Clara Jane Adad. Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos, SDH/PR, 2016. 146 p. : il. color. ;
30 cm.
21
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
Press, 2016, p. 321.
22
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
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23
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário n.º 859.376. Relator: Min. Luís Roberto Barroso.
Julgado em 17 de abril de 2024. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4690513&numeroProc
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24
CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO (CONTRAN). Resolução n.º 192, de 13 de dezembro de 2021.
Regulamenta as especificações, a produção e a expedição da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Disponível
em: https://www.gov.br/transportes/pt-br/assuntos/transito/conteudo-Senatran/resolucoes-contran. Acesso em: 23
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25
Brasil. Ministério da Infraestrutura. CONTRAN moderniza padrão de fotografias tiradas para emissão e
renovação da CNH em todo o país. Disponível em: https://www.gov.br/transportes/pt-

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COMO GARANTIR A IGUALDADE E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA?

br/assuntos/noticias/2024/04/contran-moderniza-padrao-de-fotografias-tiradas-para-emissao-e-renovacao-da-
cnh-em-todo-o-pais. Acesso em: 23 abr. 2024.
26
ALVES, Rodrigo Vitorino Souza. Estado Secular e liberdade de religião ou crença: Fundamentos, Estrutura
e Dogmática. 2019. 476 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito, Faculdade de Direito, Universidade de Coimbra,
Coimbra, 2019.
27
BIELEFELDT, Heiner; GHANEA, Nazila; WIENER, Michael. Part 2 Discrimination, 2.1 Discrimination on
the Basis of Religion or Belief/Interreligious Discrimination/Tolerance. In: Bielefeldt, Heiner; Ghanea, Nazila;
Wiener, Michael. Freedom of Religion or Belief: An International Law Commentary. Oxford: Oxford University
Press, 2016, p. 325.
28
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American Court of Human Rights, Series L/V/II.124 Doc. 5, 2005; Alfredo Díaz Bustos v. Bolivia, Inter-
American Commission on Human Rights, Informe no. 97/05, 2005; 2014 Annual Report of the Inter-American
Commission on Human Rights (Status of Compliance with the Recommendations of the IACHR), 2015 Ch. II.D,
para. 252-264.
29
ALVES, Rodrigo Vitorino Souza. Estado Secular e liberdade de religião ou crença: Fundamentos, Estrutura
e Dogmática. 2019. 476 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito, Faculdade de Direito, Universidade de Coimbra,
Coimbra, 2019.
30
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branca-pela-1a-vez-na-historia-da-instituicao-dignidade-do-povo-de-axe.ghtml.
31
Karnel Singh Bhinder v. Canada, Human Rights Committee, Communication n. 208/1986, U.N. Doc.
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islâmico. Diálogos do Sul Global. Disponível em: https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/hijabfobia-e-a-
violencia-contra-mulheres-muculmanas-que-optam-por-usar-o-veu-islamico/. Acesso em: Acesso em: 23 abr. 2024.
34A respeito da condição dos evangélicos no Brasil, veja-se SPYER, Juliano. Povo de Deus: Quem são os evangélicos
e por que eles importam. São Paulo: Geração Editorial, 2020.
35Veja-se, por exemplo: CRIOLA; CONECTAS; PORTAL CATARINAS. Racismo Religioso: novas lentes às
violações relacionadas à crescente tensão entre liberdade religiosa e liberdade de expressão e crença. Rio de Janeiro:
Conectas, 2023.
36
Brasil. Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jan. 1989. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm. Acesso em: 22 abr. 2024.
37
Supremo Tribunal Federal. Recurso Ordinário em Habeas Corpus n.º 146.303. Relator: Min. Edson Fachin.
Julgado em 13 de março de 2018. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=747868674. Acesso em: 24 abr. 2024.
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Supremo Tribunal Federal. Recurso Ordinário em Habeas Corpus n.º 134.682. Relator: Min. Dias Toffoli.
Julgado em 14 de maio de 2020. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13465125. Acesso em: 23 abr. 2024.
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INSTITUCIONAL/COMISSÕES. OAB Nacional. Disponível em:
https://www.oab.org.br/institucionalconselhofederal/comissoes. Acesso em: 25 abr. de 2024.

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