A SABEDORIA DE BUDA - Leitura Do DHAMMAPADA - 1 - 5 - Lúcia Helena Galvão
A SABEDORIA DE BUDA - Leitura Do DHAMMAPADA - 1 - 5 - Lúcia Helena Galvão
A SABEDORIA DE BUDA - Leitura Do DHAMMAPADA - 1 - 5 - Lúcia Helena Galvão
Já ouvi dizer que não está tão fácil de encontrar assim, que é quase uma
generalidade dos livros que têm indicados.
As pessoas sempre me dizem, "na hora que você indica os livros somem", mas são
livros que infelizmente nos dias atuais não são tão valorizados assim.
O que é um erro porque é um dos livros que considero que não poderíamos deixar de
ler.
Então, recomendo que dêem uma procurada, talvez encontrem em outras edições, essa
me parece muito boa.
avisar a todos aqueles nossos ouvintes que tem vindo prestigiar a minha biblioteca
que nem todos os livros que têm aqui são indicados por mim.
Não coloquei esses livros para fazer propaganda, é uma biblioteca pessoal, algumas
coisas nem li ainda e outras nem gostei tanto assim.
Então, indicações de livros são aquelas que estão lá no Youtube, não tomem a minha
biblioteca como uma indicação, uma mega indicação de livros.
São os que tenho, mas não necessariamente são os melhores que li.
Então, voltando ao nosso assunto, hoje falaremos sobre o Dhammapada, sobre essa
tradição tão bela, que é o Budismo.
Devemos hoje ver provavelmente os quatro primeiros e depois vamos dando seguimento
na velocidade que for possível.
Teremos um passeio em conjunto, espero de que umas seis ou sete palestras e espero
como sempre, acompanhem lendo porque a finalidade é essa.
As minhas leituras comentadas não são para fazer propaganda de uma editora, nem
para promover nenhum produto,
mas para promover um estado de consciência em vocês, promovendo aquilo que de mais
belo li na minha vida.
Sidarta Gautama, nós temos uma palestra sobre ele no nosso canal da Nova Acrópole
no Youtube, muito boa por sinal.
O Buda, o Buda histórico, tem uma história sensacional, muito bela que vale a pena
ser conhecida, mas não vamos falar dela aqui, não vamos desviar tanto assim.
Sim, ele é o fundador do budismo, as máximas do Dhammapada são dele, mas a história
que estamos abordando é a história do livro Dhammapada.
Sidarta Gautama, um maravilhoso mestre que viveu no sexto século antes de Cristo.
Acredita-se, datas aproximadas, que teria nascido em 563 a.C., nas planíceis de
Lumbini no Nepal, onde hoje é o Nepal.
Quando a sua mãe, Maya Devi, caminhava em direção a casa dos pais para ter o seu
filho e teria falecido aos 80 anos,
O primeiro deles que estabelece muito bem o Sutta Pitaka e o Vinaya Pitaka, que são
dois livros daquilo que vai ser chamado, Tripitaka, de onde vem o Dhammapada.
Nem sempre foi redigido, durante muito tempo é passado por tradição oral,
mas diz-se que o Dhammapada começa a ser escrito, o Tripitaka começa a ser escrito,
em folhas de palmeiras e colocados nesses cestos.
Do Sutta Pitaka que teria sido recitado pelo próprio primo e discípulo de Buda,
Uma delas que é kudaka Nikaya, tem dentro dela 15 livros, e um desses livro então é
o nosso Dhammapada.
Apenas como referência, apenas como localização para que vocês saibam como tudo
começou.
é comum que em tradições históricas, nas épocas onde a vida física se torna menos
ativa,
ou seja, outono, inverno, os homens se recolham para vida interior, enquanto que na
primavera, verão, prima a vida exterior.
Então, esse monges muitas vezes redigem seus textos sagrados por ocasião dessa
estação de outono-inverno, de chuvas, de frio,
Ele é composto então de uma série de livros, de capítulos, que são 26 como já
falamos,
aproximadamente quatrocentos e poucos versos e nós vamos tratar hoje de alguns dos
primeiros deles.
Não seria possível pra gente com 400 versos ler todos, nem seria necessário,
Cada capítulo tem uma tônica e os versos muitas vezes vão reforçando uns ao outros.
Não significa inclusive que em algumas ocasiões, gostem até mais de outros versos
que não aqueles que selecionei.
Apenas vou fazer uma seleção e comentar alguns, que acredito que dão uma tônica boa
para entendermos aquele capítulo.
O primeiro dos capítulos que é sobre os versos gêmeos, Uyama kavagga. A tônica dele
é muito voltada sobre a questão da mente.
O budismo então fala da mente precedendo a matéria e das formas mentais dos homens
escrevendo as suas histórias,
ou seja, o que vivemos hoje é o que pensamos ontem e assim a vida vai adiante.
Primeiro:
"O que pensamos hoje é o que seremos amanhã, nossa vida é uma criação de nossa
mente".
Entendam que esse princípio tão universal, ele nos dá a possibilidade, a liberdade
de termos as rédeas da nossa vida na nossa mão.
tudo isso vai criando uma prestação de contas, correr atrás das coisas no dia de
amanhã.
As vezes não percebemos que o que fizemos hoje foi programado em algum momento do
passado.
Se tivéssemos uma consciência muito clara das consequências dos nossos pensamentos,
da nossa vida prática,
Que inclusive nos daria um estado de paz de espírito muito grande, porque no fundo
vida interior é domínio da mente.
Quando conseguimos colocar uma certa ordem, um certo foco nesse mundo, temos paz,
temos serenidade, como dizíamos lá na "Luz do Caminho":
O segundo verso vai dizer: " Se o homem fala ou age com a mente pura, a felicidade
o acompanha como sua sombra inseparável ".
Ou seja, mente pura, vai ter paz, vai ter coerência, vai ter felicidade.
As adversidades do mundo externo não são capazes de ofender este mundo interior que
só ele decide, ele é absolutamente soberano.
Quando eles diziam que há coisas que dependem e não dependem de nós.
Nós deveríamos ser infelizes, por aquilo que depende de nós e que não fizemos.
As circunstâncias externas há que ter a necessária fortaleza para passar por elas,
mas as internas nos abatem profundamente, quando falhamos naquilo que nos
correspondia.
Terceiro verso:
Eternamente achando que há fatores externos que justificam, ele não ter ido na
direção dos seus sonhos, não ter realizado a sua vida.
Isso torna uma bengala para a debilidade, ou seja, não fiz, por quê? porque tais
pessoas impediram.
Não fiz, por quê? porque tais circunstâncias estiveram no meu caminho.
Não tomar fatores externos como bengala, quem nutre esse tipo de pensamento fica
travado na vida.
Lembram que eu gosto muito daquele livro muito atual, que já fiz um curso a
respeito,
que é "A Guerra da Arte" de Pressfield, onde ele vai fala sobre essas
racionalizações
que nos impedem de correr em direção aos nossos sonhos, como armas da resistência
e aqui nós temos raízes profundas, um livro clássico, falando dessa mesma idéia.
"O ódio jamais será vencido pelo ódio, o ódio só se extingue com o amor; esta é uma
Lei eterna".
Ou seja, lembrem do Caibalion, o princípio que fala que ódio e o amor, são na
verdade vibrações diferente de uma única reta, que é o sentimento.
Entendam bem, quando nós queremos transmutar um sentimento de ódio para o amor, não
significa que eu vou transmutá-lo para uma paixão.
Eu não necessito trazer essa pessoa muito próxima da minha vida ou essa situação,
não necessito conviver com ela o tempo todo.
Eu necessito simplesmente começar a vê-la como um ser complexo, que talvez tenha
esses defeitos mesmos, mas que tenha inúmeras outras qualidades.
Sabendo colocar as coisas na distância e no ritmo correto, posso aprender muito com
ela, posso ensinar muito para ela.
E começamos a perceber que o mundo inteiro é dual, não seria essa pessoa que seria
uma exceção, não seria essa circunstância que seria uma exceção.
Posso fazer uma prática de todas as vezes que me vem uma crítica, procurar os
elementos positivos dessa mesma pessoa, dessa mesma circunstância,
Não paixão, mas um amor, equilibrado, sóbrio, que sabe manter a distância e o ritmo
necessário para harmonizar-se com o Todo.
Eu não falo daquilo que já tenho, mas daquilo que estou buscando ter, não sou dona
de nenhuma verdade.
ou seja, é derrotado e volta a lutar, mas não significa que eu lute como vocês
contra os mesmos problemas.
"Muitos não sabem que estamos neste mundo para viver em harmonia, esquecendo-se de
que morrerão um dia".
"Para os que meditam nisso, não há divergências e a vida se torna mais branda".
Meditar sobre isso é um elemento fantástico, trabalho muito com isso, quando faço,
por exemplo, administração do tempo, que é um curso tremendamente filosófico.
Começa pelo grande círculo, depois vai enquadrando os menores da década, do ano, do
mês, do dia de hoje,
mas pensar grande, nos faz valorizar as coisas na sua devida proporção.
Ao pensarmos pequeno, nos afogamos num copo d´água, porque simplesmente ficamos do
tamanho dele.
e que tem um valor específico muito maior, do que as nossa pequenas vaidades, e
orgulhos feridos, e rancores um pouco banais.
O caminho justo, onde cada coisa é tratada na devida proporção, no devido ritmo, na
devida distância, para que tudo se harmonize.
Sete...
"Aquele que vive somente a procura de prazeres, ocioso, descontrolado nos sentidos,
intemperante na alimentação é dominado por Mara (tentação),
Percebam, uma coisa é ter prazer, outra coisa é ser escravo dos prazeres,
de tal maneira que quando os prazer vão para lá, eu largo o meu caminho para correr
atrás dele.
Quando ele diz : "Eu caminho em direção ao meu objetivo, eu caminho em direção ao
meu ideal "
Se faz um sol causticante, eu sofro com um sol causticante, mas nenhum nem outro me
tiram do meu caminho.
Quem sai correndo atrás de prazeres, a sua vida vai ser uma mera coleção de
prazeres.
De momentos passageiros e que talvez no final sempre deixem aquele amargor na boca.
Por que não valeram o preço que você pagou por eles, muito fugazes, muitos
inconsistentes.
Então ter prazeres, não somos medievais, nem queremos colocar aqui algum código de
tentações e de austeridades,
mas simplesmente dizer que nós devemos saber onde queremos chegar
e não deixar que elementos que não são maus em si, mas fúteis demais, nos roubem
das coisa que realmente tem valor.
No fundo tem haver também com a administração do tempo do que estamos colocando
importante, a frente do urgente, do agradável, do sensível,
Os sentidos são bons, são necessários, e são ferramentas que nos trazem muitos
elementos,
mas cuidado para não serem nossos amos, eles não foram feitos para isso.
"Quem reconhece o Real como Real e ilusão como ilusão, com segurança alcançará a
Verdade".
Percebam que ao termos essa grande dimensão do tempo e sabemos aonde queremos
chegar com isso,
quem somos nós e o que queremos chegar a construir em nós, damos uma noção de
realidade,
que podemos contrapor com elementos momentâneos, que são muitas vezes,
Saber qual o valor específico de cada coisa, saber como investir o nosso tempo, a
nossa vida.
Precisamos querer saber o que é real, ter um amor grande, e para isso confrontar o
sentido da nossa vida com as coisas momentâneas.
Ainda que uma pequena diferença, nós queremos ser fator de soma?
Verso 13...
"Da mesma maneira que a chuva penetra na casa mal coberta de palha, as paixões
invadem a mente mal vigiada".
Quem sou eu? Eu sou a Lúcia. E quem é a Lúcia? É aquela que quer chegar a ser
mais justa, mais equilibrada, mais fraterna do que é hoje, ao final da vida.
Essa sou eu, eu não posso esquecer quem sou eu e me confundir com elementos
passageiros.
Isso significa uma casa mal coberta cheia de frestas por onde a chuva vai penetrar.
Então, quando os elementos sensoriais, banais, passam pela minha cabeça, se eu sei
quem eu sou , eu olho para eles e digo: "lá vem um pensamento banal".
Eu não corro atrás dele e sei distinguir o que é e o que não é meu dentro da minha
mente.
Dizem que grandes sábios impedem aquilo que não é sadio que não é produtivo, que
não é coerente com seus princípios de entrar no seu plano mental.
Nós temos que aprender a reconhecer dentro da nossa mente de tudo que está aí, quem
somos nós e quem não é, aquilo que não é nosso.
Saber o tempo todo dentro do plano mental o que é meu e o que não é, e deixar que
esse que não é, passe.
Uma mera observação de algo que flutua no plano mental, mas sem criar laços nem
identidade.
Ou seja, uma mente atenta, garante que você não seja influenciado por aquilo que
não é teu.
Não tenho notícia de um momento onde os homens fossem mais dispersos do que hoje,
faz com que qualquer coisa, seja um distrativo para que a gente não encontre
conosco mesmo.
ou seja, distrativos de todos os tipos, nunca tivemos uma sociedade que oferecesse
tantos.
Então, se você quer fugir de si próprio, olha! tem muitas vias de fuga.
Precisa haver um pacto seu consigo mesmo, com seu destino, com seu sentido de vida.
E uma atenção concentrada nisso, como se diz popularmente: "não tirar o olho da
bola",
porque quem perde o olho da bola tem trezentas coisas no seu campo de visão,
com a mente livre dos vínculos deste mundo ou de outro qualquer, na verdade este
homem participa da vida santa".
Já havia neste contexto a idéia do homem repetir para si mesmo palavras sagradas o
tempo todo.
Lembrem daquela frase que sempre repito: "você não vive daquilo que come, mas
daquilo que assimila".
Então, repetir, repetir, repetir, frases sagradas, sem assimilar nada disso, sem
trazer para tua vida
é como uma outra passagem de um livro sagrado diz: "A sopa e a colher".
Fala que "as vezes o homem percebe as verdades, como a colher percebe o gosto da
sopa".
Eu quero encontrar um eco na minha vida, como isso se realiza, o que isso tem a me
dizer de prático.
Muitas vezes pego isso, um livro como esse e ando com ele meses a fio dentro da
bolsa.
Enquanto eu não conseguir codificar, traduzir para a minha vida prática, não largo,
porque não basta ler trezentas vezes, não significa nada, é como a colher e a sopa.
"Pelo esforço, reflexão, vigilância e auto domínio, o sábio se torna uma ilha
jamais submersa pelas ondas".
Percebam que o que há dentro há fora, o que há acima há abaixo, como dizia o
Caibalion.
Se eu estou atenta a isso e sei onde eu quero chegar, não vai haver nada de fora
que possa submergir a minha identidade.
não haverá circunstâncias fora que sejam capazes de submergir a minha determinação
em direção ao meu caminho.
que as vezes aqueles mestres mais antigos, caminhavam em cima de uma linha
Ou seja, um homem que tem foco, está centrado e não deixa que dentro, nada submerja
sua identidade,
Vinte e nove...
Já falei para vocês algumas vezes que, você pode ter várias formas de se destacar
ou são muitos deitados no chão, muita gente chama atenção, ou um único, de pé.
Nós não estamos buscando destaque, mas a capacidade de não deixar que nada nem
ninguém nos roube a nós mesmos.
O príncipe que vai libertar a princesa do dragão, atento a tudo no meio do caminho
que possa ajudá-lo, a empreender melhor essa tarefa.
que muitas vezes absorvemos do meio, muitas vezes nós mesmo criamos, na negligência
entram todas as indisposições de todos os planos,
ou seja, uma porta mal fechada, mais cedo ou mais tarde vai entra algo que não é
desejável.
Não temos um bom controle daquilo que é capaz de determinar a nossa identidade.
Ou eu vou lá e seguro, infiltro naquele pessoal idéias que são estranhas a natureza
deles, a identidade deles, faço com que eles neguem a sua própria tradição,
os seus próprios símbolos, seus próprios folclores e isso vai fazer com que eles
se percam,
ou entro no plano mental deles e começo a fazer com que eles se sintam
envergonhados de tudo aquilo que é próprio da identidade deles.
Eu estava andando com meu carro pela rua e vi uma bandeira daquelas de porta mala
de carro que tinha sido arrancada e estava jogada no meio da avenida.
Eu não tinha como parar, mas era muito triste de ver aquilo.
A Bandeira toda suja, toda rasgada e batendo nos carros que passavam.
Eu fiquei pensando, a pessoa que jogou isso no meio de uma estrada, ela não sabe o
dano que causa a si próprio e a uma nação inteira.
O desrespeito aos símbolos faz com que percamos a confiança, não só em nós mesmo
como nação, mas cada um de nós como indivíduo.
Então, um dos elementos fundamentais, para se manter no caminho e poder como fogo,
vencer as adversidades, é cuidar da nossa identidade.
É terrível que os nossos símbolos nacionais, por exemplo, sejam muitas vezes tão
depredados, maltratados,
porque isso atinge profundamente a psique de cada ser humano que está inserido
sobre a cobertura desse símbolo.
Não há como.
O contrário é muito difícil, há um adestramento para caminha fora, mas dentro não
existe nenhuma convicção.
Teremos que ter um protocolo interno de também perceber como é que está a nossa
mente.
Aliás , já falei muitas vezes para vocês a maneira quando acordamos pela manhã, uma
boa música, uma boa leitura ainda que muito rápida, uma página, um parágrafo.
Deveríamos dar uma ajeitada na nossa mente para começarmos o dia com tudo
organizado.
Com a mente no nível mais elevado possível, consciência focada em coisas elevadas,
nobres, que nos inspirem para o dia.
Então, esse elemento de corrigir a nossa mente, cada vez que ela se desvia, passa
necessariamente pela atenção, sobre o que esta acontecendo com a nossa mente.
Já falei sobre isso em várias palestras e aqueles que me acompanham sabem disso.
Que em uma ocasião, passei um exercício para os meus alunos, alunos de filosofia de
Nova Acrópole.
Não, ninguém é crítico, ninguém era, uma sala de vinte pessoas, não tinha nenhum
crítico, um fenômeno.
Aí pedir que três vezes por dia parassem, e percebessem onde é que a mente deles
estava.
Três vezes por dia, marcassem o horário, oito, meio-dia, seis horas da tarde, e
vissem onde a mente deles andava.
A maioria deles que tiveram coragem de me dizer, falaram: "Olha! as três vezes que
a minha mente parou, eu estava criticando algo ou alguém".
Ficarmos tão desatentos que não sabemos nem o que pensamos durante o dia.
Ou seja, a atenção e a vigilância para saber onde anda a nossa mente, as vezes nem
isso temos.
Não temos uma visão clara do que passou pela nossa cabeça, pelas nossa emoções ao
longo de um dia.
Vigiar a nossa mente.
Lembrem...
Se vivêssemos oitenta mil anos, talvez não fosse tanto, mas numa vida tão curta, um
dia é precioso.
Se não, por quê? porque esse fator que te freou hoje ou que te desviou hoje, se
você presta atenção a ele, você pode combatê-lo amanhã,
Trinta e seis...
"A mente é invisível e sutil, difícil de ser vigiada, correndo para onde lhe apraz,
que o sábio há vigie: vigiada é uma fonte de felicidade".
Eu digo para as minhas pernas: "me leve até a parede! e elas me levam".
Eu digo para as minhas emoções: "sintam tal coisa agora! não obedecem!"
Eu acho engraçado aquelas caixinhas que colocam dentro das bibliotecas, das
universidades para o estudante sentar ali e vê apenas o seu livro e estudar.
Daqui a pouco você vai vê, as caixinhas estão cheias de coisas escritas.
O estudante entra ali e fica lendo as coisas que estão escritas na caixinha.
Mas eu acho curioso, como é que nós estamos sempre fugindo, sempre pegando caminhos
de evasão.
Há uma resistência muito grande de nos entregarmos aquilo que nos corresponde a
cada momento.
Saber educar essa dispersão mental.
Ou seja, ir treinando musculatura para ter um básico controle mental que não te
permita perder um dia após o outro por dispersão.
Quantas eram as que você deveria ter feito? nenhuma, então você perdeu seu dia.
Andou aleatoriamente...
mas se não estavam dentro daquilo que você deveria fazer, foram perda de tempo
também e é uma inclusive das justificativas.
Se não estava, porque não era prioritário, não era o momento de ser feito.
"Considerando esse corpo frágil como uma jarra de argila, façamos da mente uma
fortaleza, subjugando Mara (tentação), com a espada da sabedoria.
Então não pense que somos fortes pelo nosso corpo, nosso corpo é extremamente
frágil, como ele diz: "um vaso de barro".
São fenômenos que só ocorrem, quando a mente está concentrada e desperta, fora
disso somos uma folha a mercê do vento.
Então, cuidado com isso, a maior fortaleza que temos é a nossa única garantia, é
estarmos atentos, tendo um básico controle de nossa mente.
Nosso corpo não nos garante nada, é muito mais frágil do que imaginamos,
passageiro.
Cheio de limitações.
A nossa mente é que tem que velar pelo corpo e nunca o contrário.
A prioridade é o plano mental que é onde tudo nasce e tudo pode ser mantido, ou
seja, conquistar a si próprio e manter a vigilância.
Se você hoje é uma pessoa que controlou, por exemplo, a preguiça, cuide!
porque amanhã ela vai voltar a correr atrás de você e um momento de desatenção, ela
se instala novamente.
Ah! então a vida é um inferno! não a vida não é um inferno, a gente tem que achar
vigilância, é uma coisa boa.
A gente tem que achar essa conquista de si próprio, diária, uma coisa boa.
Uma criança adora ir num parque, e pegar uma roda gigante, uma montanha russa,
gosta da aventura.
Um jovem que vai para um jogo, gosta de níveis de dificuldades cada vezes maiores,
gosta da aventura.
Por que você não gosta? porque não gostamos da aventura de estar constantemente
lutando contra a dispersão.
Isso é um herói.
Mais do que aquele que vence mil homens em batalha, é quem vence a si mesmo.
Enfim, esse é a grande aventura da nossa vida, curtir, por isso senão a vida
realmente se torna um inferno.
Perceber que isso é o melhor que podermos fazer por nós, e por todos aqueles que
amamos a nossa volta.
Quarenta e um...
"Não tardará muito e esse corpo jazerá por terra, abandonado, sem vida,
inconsciente, insensível, semelhante ao inútil galho seco.
Esse que é um exemplo muito usado também no Hinduísmo, é algo muito preocupante.
A morte não era usada para assustar, mas para chamar o homem de volta ao centro
para ele não perder tempo, porque o tempo é fugas.
Não se usava a morte como uma coisa assustadora, mas como uma boa companheira para
nos lembrar do que devemos fazer.
Agora, isso que ele diz que mesmo depois do corpo ter morrido, as idéias continuam
atuando no mundo.
Ou seja, as vezes uma pessoa morreu, não é difícil vermos isso historicamente.
Uma pessoa que viveu a dois, três séculos atrás, mas projetou um preconceito, uma
forma mental negativa, e isso ainda hoje produz vítimas.
Alguém que viveu a mil anos, dois mil anos e criou idéias altamente positivas, como
diz o próprio Dhammapada,
aquela palavra que trás consolo a quem a ouve, essa palavra está ecoando há dois
mil anos.
Percebam que uma pessoa que erra, segundo a tradição indiana e budista também do
Hinduímos e do Budismo,
uma pessoa que erra, porque copiou o seu exemplo, um pouco desse carma ainda é seu.
Uma pessoa que acerta, porque se inspirou no seu exemplo, um pouco desse Karma é
seu.
Muitas vezes vemos pessoas nas ruas vivendo determinadas idéias, que elas não sabem
nem qual é o nome do autor.
Essa pessoa já não sabe nem quem gerou essa idéia, mas ainda há vive e toma como
sua, e ainda é fonte de um monte de equívocos, no mundo atual.
Então cuidado, percebam isso, as nossas idéias são maiores do que a nossa vida.
Aqui os frutos do nosso plano mental, são mais duradouros que os frutos do nosso
corpo físico.
Quarenta e dois...
"Qualquer que seja o mal que alguém faça a quem odeie ou que, entre si, façam dois
inimigos, maior mal é o causado pela mente mal dirigida".
Ou seja, um pensamento circular, negativo, de complexo, de preconceito, de ofensa,
não existe nenhum inimigo teu no mundo, que possa te fazer tanto mal quanto ele.
Um pensamento é capaz de fazer isso, não pode haver inimigo pior, nem amigo melhor,
do que um bom pensamento, uma boa forma mental, um bom princípio, que norteie o teu
plano mental.
Continuando...
Ele vai tratar, sobretudo, da questão de fazer com que floresça o nosso melhor,
tendo cuidado com os insetos.
Fazer com que floresça a nobreza, a beleza, tendo cuidado com os insetos das
paixões, da sensualidade excessiva, de uma série de elementos que nos desviam do
caminho.
Sempre considerando, não estamos na Idade Média, não estamos considerando que as
coisas sejam más em si, mas cada coisa no seu lugar e na sua medida.
Muitas vezes temos confusões. Eu percebo pessoas as vezes que lêem Nietzsche, por
exemplo, quando ele fala do Dionisíaco, do Apolínio.
Acham que o Dionisíaco é entregar-se as paixões e aos prazeres aqui embaixo e que o
Apolínio é a idéia da unidade.
Na verdade vocês vão perceber, que a idéia é nos entregarmos, não as paixões do
plano animal, mas as paixões da alma, lá em cima.
Elas são filtradas pelo Apolínio, ou seja, esse triângulo inferior da dualidade
Dionisíaca,
vai gerar não Dionísio à greus, despedaçado, mas um Dionísio lá em cima que gera os
prazeres da alma,
ou seja, conciliar Dionísio com Apolo não significa cair na matéria, cair nos
instintos.
Há que saber lidar com as paixões humanas, que também existem, com os prazeres
humanos que também existem.
Alguns no seu momento certo também, mas não nos tornarmos escravos deles, ou seja,
cada coisa no seu lugar, é o conceito de justiça platônico.
Cada coisa no seu lugar não existe mal no mundo, ou seja, isso não é um
puritanismo, isso é discernimento.
"Aquele que sabe que este corpo é efêmero como a espuma das ondas, e ilusório como
uma miragem, desviará a flecha florida de Mara( sensualidade),
O tempo todo percebendo que aquilo que nós tomamos como absoluto é passageiro.
Sempre falo para vocês sobre isso, que a teoria do impacto, o contraste entre duas
coisas você percebe ambas,
Então, de vez em quando nós temos que confrontar o passageiro com o eterno.
O pouco durável com o duradouro para que nós possamos dar o valor correto as
coisas.
Então, as sensações muito agradáveis, no momento delas, nada mal, mas fazermos da
nossa vida um acumulo de sensações.
Como se diz por aí: "o que vale é o acúmulo de momentos", cuidado! porque você pode
ter um quebra cabeça onde nada encaixa.
O acúmulo de momentos que se encaixam todos eles numa direção, tudo bem!
terra arrasada, um ferro velho, onde nada conecta com nada e nada se constrói.
"Aquele que, ávido de desejos, colhe as flores das paixões, é surpreendido pela
morte antes mesmo da saciedade".
Antes que você sacie o último dos seus desejos, vai ter dado o seu último sopro de
vida.
E você vê, um dia eu vou fazer uma coisa séria e agora deixa eu me distrair, quando
você percebe a sua vida foi uma grande distração.
A vida é muito fugas e as vezes é difícil passarmos essa idéia para um jovem.
Alguém na minha faixa de idade, na faixa dos cinquenta, tem impressão que vinte
anos, trintas anos, foi ali, agora.
O tempo é muito fugas. A única coisa que se pode dizer sobre a vida é, que ela
passa rápido,
do que vale a nossa energia, e não nos percamos num mundo de futilidade.
E sermos fúteis e passageiros como ela que acabamos tendo identidade com aquilo que
buscamos.
Verso 49...
"Que o sábio viva em sua aldeia assim como a abelha recolhe o néctar, sem
prejudicar a cor e o perfume da flor".
Vocês percebem que até isso que é harmonia, tem haver com termos uma certa
sobriedade na nossa saciedade.
Que nós possamos como a abelha, tira o néctar da flor sem prejudicá-la em nada.
Ela não fica menos bela, ela não fica menos perfumada porque tiramos o néctar.
A interação com o mundo, onde não sejamos sempre consumidores e nunca doadores;
Já falei para vocês sobre daquela continha matemática meio desesperadora, que é o
quanto consumimos de água,
Nós deveríamos ter essa capacidade de consumir sim, o mínimo que necessitamos, o
tanto que necessitamos com uma vida digna,
mas sermos capazes de perceber que nós também somos fator de soma, também
contribuímos para esse mundo.
Eu adoro aquela passagem de Calih Gibran, do profeta que tantas vezes já falei, que
quando você sacrifica um animal ou sacrifica uma planta para se alimentar,
você diga:
Ambos somamos, seremos alimento de algo muito maior no futuro, somamos para a vida.
Eu não sou simplesmente um consumidor da tua vida, a tua vida viverá em mim e
através da minha vida, muitos viverão no futuro.
Ou seja, temos uma relação onde não ferimos a flor que nos alimenta.
Somos capazes de deixá-la intacta e também, espalharmos o seu pólen pelo mundo
afora.
Ou seja, somarmos, fazermos diferença, isso seria a síntese da vida, no final das
contas é o que vai ficar.
Verso 50...
"Não vos ocupeis com palavras ásperas, faltas ou negligências alheias, mas sede
conscientes de vossas próprias palavras, atos e negligências".
tentamos dar exemplo, tentamos ajudar, mas somos particularmente responsáveis pelas
nossas palavras, pelos nossos atos.
E as vezes a maneira que você convive com alguém num ambiente, por exemplo de
trabalho,
As pessoas necessitam que alguém prove, que aquilo que ela diz é possível, que
prove através de sua vida.
Se você tem a virtude, o mundo já tem virtude, porque você é parte do mundo.
Ou seja, suprir em si aquilo que falta no mundo, é difícil, é palavra bonita, mas
se você insiste um pouco mais a cada prazo de tempo, você vai encontrar dentro de
você.
Não é possível que a gente vai pegar aquele álbum de fotografias antigas, abrir e
perceber que a gente mudou, não só fisicamente,
mas que somos mais maduros, mais íntegros, mais fraternos, mais conscientes daquilo
que estamos fazendo no mundo.
Não é possível que só mude a moda e que por dentro sejamos sempre os mesmos.
Cinquenta e um...
"Semelhante as belas flores coloridas, mas sem perfume, são infrutíferas as belas
palavras dos que as dizem, mas não as seguem".
É difícil.
As palavras estão se esvaziando tanto, que é difícil dizer para alguém de uma
forma sóbria e confiável,
eu te amo.
Quem trabalha com publicidade, sabe que é difícil convencer alguém de alguma coisa.
Ninguém acredita, quando alguém diz: "esse produto é bom, eu usei", porque, é um
jogo de máscaras, é um farsa,
ou seja, é necessário dizer com a tua própria vida, é necessário coerência e essa
coerência alimenta a nossa Alma e a única forma de inspirar aqueles que nos seguem.
Mais do que nunca, necessitamos de coerência, é a única forma de passa uma mensagem
contundente para alguém, é estarmos fortemente comprometidos,
que não significa sermos infalíveis, mas sim termos ânimo de aperfeiçoamento.
Ou seja, vou cometer esse erro, mas vou corrigí-lo assim que cair no meu campo de
consciência.
E com isso vou cada vez mais criando resistência a certos fatores, isso não me pega
mais, outras coisas pegarão mais a diante,
mas também vou aprender a me prevenir em relação a ela, eu vou ficando cada vez
mais resistente, até que um dia, eu não cairei mais.
De uma certa maneira ele já esta aqui, porque eu estou comprometido com ele.
Cinquenta e quatro...
Ou seja, uma flor, algumas tem perfumes maravilhosos, eu tenho aqui a dama da
noite, que é um perfume maravilhoso,
mas se o vento vem e sopra contra ela, ela não tem como vencer o vento, o perfume
vai para trás, o vento é capaz de brecar o suave aroma de uma flor.
Digam-me como a dois mil anos, dois mil e seiscentos anos para ser mais específica,
nós conhecemos a mensagem de um Buda.
Uma época onde não havia meios de comunicação e aliás esses meios de comunicação
que temos hoje,
são particularmente da metade do século vinte para cá, antes disso tínhamos muito
pouco.
Parece mesmo que inconscientemente, esse aroma é percebido por todos os seres
humanos.
Quando se conta da vida do Buda, se fala isso que sem saber por que toda humanidade
sente um certo alívio das suas dores, quando um homem se ilumina.
Ou seja, o perfume da virtude não encontra barreiras que sejam capazes de detê-la.
E sabendo ou não sabendo de onde ele veio, toda a humanidade por um prazo muito
longo, se beneficia com ela.
É a maior herança que podemos deixar para a humanidade, ainda que não sejamos nem
seremos tão brevemente um Buda,
mas na nossa medida, podemos deixar um aroma que se estenda pelo mundo e beneficiar
um máximo de pessoas que nos seja possível beneficiar.
Ou seja, para quem sabe aquela história do "Sermão de Bernares", onde uma velhinha
com uma pequena lamparina, no alto de uma montanha,
quando cai uma grande tempestade, apaga as tochas de todos os príncipes da terra,
mas ela que tinha uma lamparina muito pequena protege essa lamparina com o próprio
corpo.
E mesmo no meio da máxima ventania, ela não é apagada porque é muito pequena.
E quando se faz escuridão absoluta, essa pequena lamparina é capaz de ser vista a
uma distância muito grande.
Ou seja, quando algo belo em nós desperta, é algo muito elevado, está sobre um
monte, está no ápice da condição humana.
É uma luz ainda que pequena, no momento de escuridão, pode iluminar uma distância
muito grande.
Experimentem apagar todas as luzes da sua casa, e ascender uma luz muito pequena,
uma pequena vela, um isqueiro, uma pequena chama,
Quanto mais o mundo se faz obscuro, uma pequena luz é capaz de brilhar.
Que nós possamos bilhar, pela pureza e sabedoria, entre a multidão cega do mundo.
Esse é o começo da nossa jornada no Dhammapada e eu espero que vocês lêem esses
quatro primeiros capítulos.
Que possam daí, extrair algum ensinamento que esteja gravado na sua vida.
E vamos continuando.