Rocha 2016 Bachelard
Rocha 2016 Bachelard
Rocha 2016 Bachelard
RESUMO
RÉSUMÉ
Ce article vouloir pour clarifier le probléme de l'épistémologie comment une base pour la
compréhension philosophique de la science. Pour cela, nous avons la vision du philosophe
français Gaston Bachelard (1884 à 1962), se concentrant principalement sur votre texte
Le Rationalisme appliquée (publié en 1949) et sa théorie qui cherche à démontrer la
complexité présente dans les lignes de pensée construite dans l'histoire de la philosophie:
l'empirisme et le rationalisme.
Introdução
1
Doutorando em Filosofia pela UFRN, Professor de Filosofia do Instituto Federal do Sertão
Pernambucano.
2
Graduada em Filosofia pela UFPI.
3
Graduanda em Filosofia pela UFPI.
4
Segundo Vadée "A teoria da aproximação é uma teoria do conhecimento. A chave é não distinguir entre
estes diferentes termos: teoria do conhecimento, epistemologia, filosofia da ciência" (Vadeé, 1975, p. 43),
contudo, sabemos que existe nuances entre esses termos a serem esclarecidos, por isso como o próprio
Vadeé afirmará mais à frente, a epistemologia é o estudo sobre as aproximações entre essas teorias.
A natureza da razão, nessa disseminação do que ela constrói como conceito, torna-
se ciência na medida que ela relaciona a teoria efetivamente com a realidade, sabendo ser
aplicada aos avanços tecnológicos, valorizando resultados práticos e acabando por não
voltar a refletir sobre si. Por isso, Bachelard costuma dizer que a filosofia não acompanha
a ciência, no sentido de fazer jus a própria complexidade da atualidade. “A ciência não
tem a filosofia que merece” (Bachelard, materialismo, p. 30). A sociedade, por sua vez,
espera que ciência seja provedora de um conhecimento aplicável que revolucione o curso
da história. A razão, nesse sentido social, é uma necessidade voltada para eficiência,
utilidade e produção.
O juízo de valor que a sociedade traça perante a educação acaba por ser
abarcado na filosofia bachelardiana como uma relação entre a ciência e o
ensino, de modo que é preciso estar atento à premissa ligada principalmente ao
erro. Visto que o posicionamento diante dele precisa superar a sua
representação enquanto obstáculo a ser descartado, para então desconstruir a
imagem própria do erro em direção a uma dimensão em que nele está um dos
aspectos mais valiosos do processo do conhecimento. (Rocha, 2017, p. 232)
Entender que a ciência é mais que uma atividade que produz conhecimento social
aplicável e seguro é a chave para refletir qual o fim da técnica e assim poder direcioná-la
para um conhecimento mais humano e melhor distribuído. Se a ciência tem como
proposta atingir esse patamar de estabilidade, ética, neutralidade ou não, então esse
conhecimento precisa ir além das conclusões certas, do propósito de sua aplicabilidade e
mesmo das condições sob as quais entende os fenômenos. Ora, para obter conhecimento
diferencial, ou mesmo para produzir um conhecimento novo nesta era de
desencantamento, é preciso saber se utilizar da imaginação e construir o próprio
fenômeno. Um primeiro exemplo dessa tendência se deu na própria história antiga da
filosofia, quando uma ideia de chamar átomo a partícula indivisível da matéria veio a
tornar-se uma realidade, ainda que abstrata, na contemporaneidade. Ora, tal descoberta
veio abalar totalmente as próprias noções de concreto e abstrato, de modo que a matéria,
hoje não é mais do que uma ideia: energia. Desta maneira, não há exclusividades na
ciência contemporânea, ora, é preciso repensar as variantes dos métodos científicos, fazer
com que o senso comum seja também esclarecido por uma ciência como estética da
inteligência.
Numa proporção cada vez maior, os grandes avanços científicos têm feito os
filósofos pensar mais complexamente a ciência. Nesse sentido, a filosofia é muito mais
um a posteriori da ciência. Portanto, filosofia e a ciência são expressões da mesma
1. A epistemologia bachelardiana
O debate acerca da epistemologia é algo que vem sendo discutida pelos mais
diversos filósofos, a filosofia francesa contemporânea vem encontrando respostas bem
diferenciadas por filósofos como Foucault, Canguilhem e o próprio Bachelard como um
dos precursores dessa tendência de alargar a epistemologia para a história do pensamento
O empirista tem o costume de dizer ao racionalista: “Sei o que você vai dizer.”
A isto deve responder o racionalista: “Bem, então você é tão racionalista
quanto eu sobre o assunto que discutimos.” Mas o outro prossegue: “E você,
racionalista, não adivinha o que eu vou dizer.”' — “Sem dúvida, responde o
racionalista, mas adivinho que você vai falar fora do assunto que nós
discutimos. (Bachelard, 1977, p. 67)
5
Uma síntese do pensamento de Émile Meyerson e Auguste Comte, no qual "A corrente do espiritualismo
era constituída por pensadores que defendiam uma doutrina idealista, sem interesses especulativos, mas
cujo objetivo maior era combater o 'materialismo dos filósofos iluministas'". (BULCÃO, 2009, p. 20).
para se ter um amplo entendimento da ciência é preciso saber reconhecer que as tarefas
são contínuas e cumprir e questioná-las é assumir a necessidade da descontinuidade para
o surgimento do novo.
Os conceitos científicos na ciência contemporânea procedem por rectificações
e complexificações. Na discussão das relações da verdade e da realidade no
conhecimento científico, os filósofos sofrem de um vício radical: não entram
suficientemente nos processos de conhecimento científico exceto por raras
exceções (Vadee, 1975, p. 39).
Por mais que as visões da história das ciências sejam diferentes em cada época,
pois se tem problemas distintos que exigem a ruptura com a época anterior, ainda assim
não se admite que, ainda que o mesmo pensamento de décadas atrás, persista nos dias de
hoje, contudo, se refletirmos o ponto da epistemologia em questão, vimos que as
mudanças existem no sentido de uma trans-racionalidade.
A trans-racionalidade é estabelecida, escreve Bachelard, após um longo
trabalho teórico através de uma organização algébrica. Não tem nada a ver com
uma correspondência vaga estabelecida por um empirismo sem escrúpulos no
início do conhecimento. (Lecourt, 1978, p. 72)
2. Racionalismo e empirismo
não tem mais como objetivo buscar o fundamento ou limite do conhecimento científico,
tendo assim uma maior reflexão voltada para análise da prática real e concreta dos
cientistas. Diversos pensadores comungaram com o pensamento de Bachelard, como é o
caso de Bourdieu e Canguilhem. O primeiro acreditava que o fato é conquistado,
construído e constatado, o que significa afirmar que o fato não é “factum”, não é “dado”,
nem “fenômeno”; o “racionalismo aplicado” é sim o único capaz de restituir
completamente a verdade da prática científica ao associar intimamente os “valores de
coerência” com a “fidelidade ao real” (Cf. BOURDIEU, 1976, p. 83). Enquanto
Canguilhem acreditava que o pensamento de Bachelard eram axiomas, que iriam
demonstrar os meios com muito cuidado e dedicação, da forma de coleta e comprovação.
Canguilhem, separou os eixos principais para as verdades axiomáticas presentes no
pensamento de Bacharelad, que são: - A primeira, acreditar que não existe uma primeira
verdade e sim um primeiro erro, onde a verdade não faz sentido caso não exista uma
polêmica; O segundo eixo, é diante do campo das intuições em que as mesmas são vistas
como úteis, mas sua utilidade existe para ser depois destruídas. Nesse sentido, esses
axiomas, podem ser convertidos nessas fórmulas:
- “Qualquer dado deve ser encontrado como resultado” (BACHELARD. 1975, p. 57).;
educação que não considera mais funções totalizadoras, ela só coloca a relação de
reciprocidade entre suas variáveis. Bachelard considera que o realismo se coloca como
um julgamento primordial de uma realidade íntima e individualizante, ele tenta
sistematizar predicados como relações e não como propriedades substancializadas.
"A relação insere-se no princípio essencial da discursividade do pensamento
racional que afronta os pressupostos apriorísticos bem como o determinismo mecanicista.
(CARVALHO, p. 32) A questão da relação, no que tange o pensamento bachelardiano, é
que não é uma simples questão de medida física dos espaços entre objetos, mas sim algo
que afeta o ser das coisas. Não é à toa que alguns comentadores, como o próprio Bourdieu,
consideram que em Bachelard o real é relacional, pois o que se crê como consequência
metafísica não é mais do que um ponto de partida para a coerência ontológica da
matemática, da psicologia e da própria filosofia. Eis então que há muito mais para se
pesquisar e se aprofundar nesse sentido.
Considerações finais
simplesmente descrever os fatos sem uma crítica que mostrasse o fundamento e a validade
das descobertas científicas. Na dúvida que a observação traz, segundo ele, o sentido não
existe sem que a pessoa queira, faça algo, busque e questione e analise os fatos
fundamentais.
Bachelard diz:
Trata-se, de fato, de mostrar a ação de uma história julgada, uma história que
deve ter como objetivo distinguir o erro e a verdade, o inerte e o ativo, o nocivo
e o fecundo... Na história das ciências é necessário compreender, porém
também julgar” (BACHELARD, 1972, p. 142).
O fato em questão é que o conhecimento por si só, somente trás dele o que
compreendemos. Julgar pré-compreensões se tornaria no mínimo dogmático, desse modo
é que a crítica vai exercendo a prática de um pensamento científico. Logo, é necessário
que a história das ciências dê o devido valor a epistemologia, visto que, assim como a
teoria do conhecimento, ela visa indicar os reais valores científicos que perpassam pela
ciência atual.
A indagação de Bachelard, portanto, é a de que a epistemologia tem que ser
histórica, mas também estabelecer uma filosofia adequada a ela. Nesse sentido, que torne
explícito as características da atividade acadêmicas, mas também que esteja atenta as suas
condições reais. Esse é o dinamismo necessário ao racionalismo para que ele seja vigente
na inserção do saber científico ao mundo da cultura.
É por conta disso que Bachelard toma a posição de ‘filósofo do não’, quando ele
destaca que na filosofia da ciência é preciso mudanças e revoluções que busquem
desenvolver melhor os limites e da ciência atual. Tornando-a mais ampla com as
contribuições das ciências humanas, das chamadas psicanálises indiretas do próprio
conhecimento.6
Perceber esse movimento como continuidade é negar o próprio processo dialético
do pensamento, tornando-o infértil, inerte, imóvel. Negar a própria pluralidade da
dialética, se apropriar, vislumbrar e mesmo criar nuances de seu próprio método é não
6
Analisando a influência de Freud sobre Bachelard, é possível ver que este último considera que as forças
psíquicas atuam sobre o ato de conhecer e constituem-se também em obstáculos para a objetividade
científica. Em outras palavras, a psicanálise é uma saída a curto prazo para o ato do conhecimento.
Bachelard compreendeu muito bem que a complexidade do ato de conhecer é mostrada pela minuciosa
análise da razão como totalidade da vida, incluindo a psique. O ser, como totalidade de possibilidades do
conhecimento, precisa de uma psicanálise que afaste seus obstáculos, véus e interferências na história. O
inconsciente coletivo (e nisso, a influência junguiana se mostra mais predominante na filosofia
bachelardiana) produz valores muitas vezes imutáveis que desvelam momentos de evolução científicas
permeados de valores psíquicos. Por isso, cada etapa do conhecimento merece uma espécie de psicanálise.
Enfim, podemos concluir que de fato, ao analisar as ideias vista pelo autor em
questão, vimos que a epistemologia bachelardiana é importante, porque ela contribuiu
mesmo com algumas críticas para a ciência contemporânea e atual, promovendo um
crescimento do espírito do conhecimento científico. Que as técnicas usadas precisam ser
cada vez mais eficientes para se alcançar as metas, e criticamente se transformarem em
um conhecimento. Só então, a epistemologia encontra mais espaço, com a observação de
que a filosofia da ciência nos deixa um legado de que precisamos tornar nossa realidade
mais artística e científica. A construção de novos conceitos é fundamental, avançar cada
vez mais deixando o devaneio do conhecimento garantir que a ciência não se torne
simplesmente reprodutiva. Pois só assim, se pode reconhecer a verdadeira dinamologia
do conhecimento esclarecida então pelo próprio Bachelard.
Referências