RELATORIO - IMMO Grupo1 - Medicao Do Brilho Solar.

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Faculdade de Ciências

Departamento de Física

Licenciatura em Meteorologia

3ª Ano

Medição do brilho solar

Grupo I

Discentes:

Macavane, Alberto Eduardo

Muandule, Ariela Eusébio

Chambe, Bélio Alfeu

Sabonete, Sabonete António

Docente:

Dr. Bernardino J. Nhamtumbo

Maputo, Marco de 2024


Resumo

Esta pesquisa explora a medição do brilho solar, focando em métodos, instrumentos e aplicações. Instrumentos-
chave incluem piranômetros, heliógrafo, essenciais para capturar dados precisos de radiação solar. Essas
ferramentas são vitais em meteorologia, climatologia, energia solar e protecção solar. Compreender esses
métodos e instrumentos é essencial para monitorar níveis de radiação solar, prever padrões climáticos, optimizar
sistemas de energia solar e avaliar impactos ambientais.

A medição do brilho solar auxilia na previsão do tempo, previsão de mudanças climáticas e no desenvolvimento
de tecnologias solares. Ela apoia a formulação de políticas para protecção ambiental e sustentabilidade. No geral,
é fundamental para entender a dinâmica solar e processos ambientais. Suas diversas aplicações destacam sua
importância na abordagem das mudanças climáticas e na transição para fontes de energia renovável. À medida
que a pesquisa avança, a medição do brilho solar continuará a desempenhar um papel central no avanço de
práticas sustentáveis.

Palavras-chave: brilho solar; medição; instrumentos; piranômetros; meteorologia

Abstract

This research explores the measurement of solar brightness, focusing on methods, instruments, and applications.
Key instruments include pyranometers, radiometers, and spectrophotometers, crucial for capturing accurate solar
radiation data. These tools are vital across meteorology, climatology, solar energy, and sun protection fields.
Understanding these methods and instruments is essential for monitoring solar radiation levels, predicting
climate patterns, optimizing solar energy systems, and assessing environmental impacts.

Solar brightness measurement aids in weather forecasting, climate change prediction, and the development of
solar technologies. It supports policy-making for environmental protection and sustainability. Overall, it is
foundational to understanding solar dynamics and environmental processes. Its diverse applications highlight its
importance in addressing climate change and transitioning to renewable energy sources. As research progresses,
solar brightness measurement will continue to play a central role in advancing sustainable practices.

Keywords: sunshine; measurement; instruments; pyranometers; meteorology.

2
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................... 4

1.1. Contextualização .......................................................................................................... 4

1.2. Importância .................................................................................................................. 5

1.3. Objectivos .................................................................................................................... 5

1.3.1. Objectivo Geral..................................................................................................... 5

1.3.2. Objectivos específicos .......................................................................................... 5

2. Metodologia ........................................................................................................................ 6

3. Revisão Bibliográfica (Mediação do brilho solar) ............................................................. 7

3.1. Brilho Solar .................................................................................................................. 7

3.1.1. Unidades e escalas ................................................................................................ 7

3.1.2. Requisitos Meteorológicos ................................................................................... 7

3.1.3. Correlações com outras variáveis meteorológicas.................................................... 8

3.1.3. Métodos de Medição ............................................................................................ 8

3.2. Instrumentos............................................................................................................... 10

3.2.1. Piranômetro ........................................................................................................ 10

3.2.2. Pireliómetro ........................................................................................................ 14

3.2.3. Heliógrafo de Campbell-Stokes ......................................................................... 15

4. Aplicação de dados de duração do sol .................................................................................. 21

5. Conclusão ......................................................................................................................... 22

6. Referências bibliográficas ................................................................................................ 23

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1. Introdução

1.1. Contextualização
O termo Brilho solar está associado ao brilho do disco solar que excede o fundo da luz difusa
do céu, ou melhor observável pelos olhos humanos com o aparecimento de sombras atrás de
objectos iluminados. Como tal, o termo está mais relacionado à radiação visível do que à
energia irradiada em outros comprimentos de onda, embora ambos os aspectos sejam
inseparáveis. Na prática, porém, a primeira definição foi estabelecida directamente pelo
relativamente simples registador do brilho solar Campbell-Stokes, que detecta a luz solar se o
feixe de energia solar concentrado por uma lente especial, capaz de queimar um cartão
especial de papel escuro. Este gravador já foi introduzido em estações meteorológicas em
1880 e ainda é utilizado em muitas redes. Como não foram fixadas regulamentações
internacionais sobre as dimensões e qualidade das peças especiais, o cumprimento de
diferentes leis do princípio deu diferentes valores de duração da luz solar.

A fim de homogeneizar os dados da rede mundial para a duração da insolação, um projecto


especial do registador de insolação Campbell-Stokes, o chamado Interim Reference Sunshine
Recorder (IRSR), foi recomendado como referência. A melhoria por esta foi eficaz apenas
durante o período intermediário necessário para encontrar uma definição física precisa que
permitisse projectar gravadores automáticos de luz solar e aproximar a 'escala' representada
pelo IRSR o mais próximo possível. No que diz respeito a este último, foi fortemente
sugerido o estabelecimento de um limiar de irradiância solar directo correspondente ao limiar
de queima dos gravadores Campbell-Stokes. Investigações em diferentes estações mostraram
que a irradiância limite para queima do cartão variou entre 70 e 280 W m-2. Mas investigações
posteriores, especialmente realizadas com o IRSR em França, resultaram num valor médio de
120 W m-2, que foi finalmente proposto como o limite de irradiância solar directa para
distinguir a luz solar brilhante1. No que diz respeito à distribuição dos resultados dos testes, é
aceite um limiar de precisão de 20 por cento nas especificações do instrumento. Um
pireliómetro foi recomendado como sensor de referência para a detecção do limiar de
irradiância. Para futuro refinamento da referência, parece ser necessário o ajuste do ângulo do
campo de visão do pireliómetro.(WMO,2006)

4
1.2. Importância
A medição do brilho solar desempenha um papel crucial ao fornecer dados essenciais para
entender e prever o clima. Através da medição do brilho solar, os meteorologistas podem
prever as condições meteorológicas, estudar o balanço de energia da Terra, monitorar a
radiação ultravioleta e calibrar modelos climáticos. Esses dados são fundamentais para
melhorar a precisão das previsões do tempo e entender as complexas interacções atmosféricas,
contribuindo assim para uma melhor compreensão do clima e suas mudanças. (Grant et al.,
2003)

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral


 Descrever como é feita a medição do brilho solar

1.3.2. Objectivos específicos


 Descrever os principais instrumentos usados na medição do brilho sola;
 Descrever as aplicações da medição do brilho solar.

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2. Metodologia
Para a realização deste trabalho sobre medição do brilho solar, adoptamos uma abordagem
baseada na revisão bibliográfica de livros e artigos científicos relevantes. Inicialmente,
conduzimos uma pesquisa extensiva para identificar fontes de informação confiáveis que
abordassem os conceitos fundamentais. Utilizamos livros especializados sobre energia solar,
meteorologia e instrumentação meteorológica para obter uma compreensão abrangente do
tema. Além disso, exploramos artigos científicos publicados em periódicos especializados e
relatórios técnicos para obter visões actualizadas e evidências experimentais sobre o assunto.
A partir dessa revisão bibliográfica, pudemos desenvolver uma metodologia sólida para
abordar os objectivos do trabalho. Essa abordagem baseada em fontes de informação
académica e científica contribuiu significativamente para a qualidade e credibilidade do
trabalho, garantindo uma fundamentação sólida e embasada em evidências.

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3. Revisão Bibliográfica (Mediação do brilho solar)

3.1. Brilho Solar


O brilho solar pode ser definido como a intensidade da luz solar que atinge uma superfície
em um determinado momento, medida em unidades de irradiância solar, geralmente expressas
em watts por metro quadrado (W/m²). Essa medida quantifica a quantidade de energia
radiante proveniente do Sol que incide sobre uma área específica e é fundamental para
compreender uma variedade de processos naturais, como fotossíntese, aquecimento da
atmosfera e evaporação (Klein et al., 2017).

3.1.1. Unidades e escalas


A quantidade física de duração do Brilho solar (SD) é evidentemente o tempo. As unidades
usadas são segundos ou horas. Para fins climatológicos, são utilizados termos derivados como
“horas por dia” ou “horas diárias do Brilho solar”, bem como quantidades percentuais, como
“duração relativa diária do brilho solar”, onde SD pode estar relacionado ao possível
extraterrestre ou à duração máxima possível do brilho solar (SD0 e SDmáx., respectivamente).
O período de medição (dia, década, mês, ano, etc.) é um adendo importante à unidade.
(WMO,2006)

3.1.2. Requisitos Meteorológicos


As horas de sol devem ser medidas com uma incerteza de ±0,1 horas e uma resolução de 0,1
horas. Uma vez que o número e a inclinação das transições limiares da radiação solar directa
determinam a possível incerteza da duração da insolação, os requisitos meteorológicos nos
gravadores de insolação estão essencialmente correlacionados com as condições
climatológicas de nebulosidade. No caso de céu sem nuvens, apenas os valores horários nas
constelações do nascer ou do pôr-do-sol podem (dependendo da quantidade de poeira) estar
errados devido a um limiar ajustado de forma imperfeita ou a dependências espectrais. No
caso de nuvens dispersas a inclinação da transição é elevada e a irradiância medida do céu
nublado com um pireliómetro é geralmente inferior a 80 W m-2; isso significa baixos
requisitos no ajuste de limite. Mas o ângulo do campo de visão do gravador pode influenciar o
resultado se aglomerados de nuvens brilhantes estiverem perto do Sol.(WMO,2006)

A maior precisão é necessária se camadas altas de nuvens com pequenas variações na


espessura óptica atenuarem a irradiância solar directa em torno do nível de cerca de 120 Wm -
2
. O ângulo do campo de visão é eficaz, assim como a precisão do ajuste do limite. Os

7
requisitos dos gravadores de luz solar variam, dependendo do local e da estação, de acordo
com a formação de nuvens dominante. Este último pode ser descrito aproximadamente por
três faixas de duração relativa da luz solar diária SD/SD0, nomeadamente “céu nublado” por
(0 =SD/SD0<0,3), nuvens dispersas por (0,3 =SD/SD0<0,7) e bom tempo por (0,7
=SD/SD0<1,0). Os resultados para o céu nublado dominante geralmente mostram a maior
percentagem de desvios da referência.(WMO,2006)

3.1.3. Correlações com outras variáveis meteorológicas


A correlação mais importante entre a duração da luz solar e a radiação solar global G é
descrito pela chamada fórmula de Ångström:

[1]

Onde G/G0 é o chamado índice de clareza (relacionado à irradiação global extraterrestre),


SD/SD0 é a duração da luz solar correspondente (relacionada ao possível extraterrestre SD
valor) e a e b são constantes que devem ser determinadas mensalmente. Descobriu-se que a
incerteza das médias mensais de irradiação global diária derivadas desta forma dos dados de
Campbell-Stokes era inferior a 10 por cento no verão e subia até 30 por cento no inverno,
conforme relatado para estações alemãs. (WMO,2006)

A fórmula de Ångström implica a correlação inversa entre a quantidade de nuvens e a duração


da insolação. Esta relação não é cumprida para nebulosidades altas e finas e, obviamente, não
para campos de nuvens que não cobrem o Sol, de modo que o grau de correlação inversa
depende, em primeiro lugar, da magnitude dos dados estatísticos recolhidos A melhoria da
precisão de SD os dados devem reduzir a dispersão dos resultados estatísticos, mas mesmo
dados perfeitos podem gerar resultados suficientes apenas numa base estatística.
(WMO,2006)

3.1.3. Métodos de Medição


Os princípios utilizados para medir a duração da luz solar e os tipos de instrumentos
pertinentes são listados resumidamente nos seguintes métodos (WMO,2006):

1- Método pirreliométrico:

Detecção pirheliométrica da transição da irradiância solar directa através dos 120 W m-2
limiar (de acordo com a Recomendação 10 (CIMO-VIII)). Valores de duração legíveis a partir

8
de contadores de tempo accionados pelas transições ascendentes e descendentes apropriadas.
(WMO,2006)

Tipo de instrumento: pireliómetro combinado com discriminador de limiar electrónico ou


computadorizado e dispositivo de contagem de tempo. (WMO,2006)

2- Método pirométrico:

(i) Medição pirométrica global (G) e difuso (D) irradiância solar para derivar a
irradiância solar directa como o valor discriminador limite da WMO e ainda como
em (2) acima. (WMO,2006)

Tipo de instrumento: todos os sistemas radiómetros compostos por dois pirómetros


adaptados e um dispositivo de protecção solar combinado com um discriminador de limiar
electrónico ou computadorizado e um dispositivo de contagem de tempo. (WMO,2006)

(ii) Medição piranométrica global (G) irradiância solar para estimar aproximadamente
a duração da luz solar. (WMO,2006)

Tipo de instrumento: um piranômetro combinado com um dispositivo electrónico ou


computadorizado capaz de fornecer médias de 10 minutos, bem como valores mínimos e
máximos globais (G) irradiância solar nesses 10 minutos.(WMO,2006)

3- Método de gravação:

Efeito limite da queima de papel causado pela radiação solar directa focada (efeito térmico da
energia solar absorvida). A duração é lida a partir da duração total da queima. (WMO,2006)

Tipo de instrumento: Registadores de luz solar Campbell-Stokes, especialmente a versão


recomendada IRSR. (WMO,2006)

4- Método de contraste:

Discriminação dos contrastes de insolação entre alguns sensores em diferentes posições em


relação ao Sol com o auxílio de uma diferença especial dos sinais de saída do sensor que
corresponde a um equivalente ao limite recomendado pela OMM (determinado por
comparações com referência SD valores e ainda como em (2) acima.(WMO,2006)

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Tipo de instrumento: detectores multisensores especialmente concebidos (na sua maioria
equipados com células fotovoltaicas) combinados com um discriminador electrónico e um
contador de tempo.(WMO,2006)

5- Método de digitalização:

Discriminação da irradiância recebida de pequenos sectores do céu continuamente varridos


em relação a um equivalente ao limite de irradiância recomendado pela OMM (determinado
por comparações com referência SD).(WMO,2006)

Tipo de instrumento: receptores mono-sensores equipados com um dispositivo especial de


varredura (diafragma giratório ou espelho, por exemplo) e combinados com um discriminador
electrónico e um dispositivo de contagem de tempo.(WMO,2006)

3.2.Instrumentos

3.2.1. Piranômetro
Os piranômetros destinam-se a medir a quantidade de radiação solar que atinge a uma
superfície plana, proveniente de todo um hemisfério. São usados para determinar a radiação
global e, eventualmente, têm sido empregados para estimar a radiação difusa. Neste último
caso o sensor é protegido da radiação directa por meio de uma faixa de metal curva, cuja
inclinação deve ser ajustada de modo a acompanhar o movimento aparente do Sol na abóbada
celeste. Mas essa faixa constitui, igualmente, um anteparo parcial à radiação difusa,
introduzindo um erro sistemático nas determinações, o que exige a aplicação de um certo
factor de correcção para compensá-lo.(Verejao-Silva,2006)

Figura 1: Estrutura do Piranômetro. (1) Cabo, (3) e (5)


cúpulas de vidro, (4) superfície do detector preto, (6) tela solar, (7) indicador de dessecante,
(9) pés de nivelamento, (10) nível de bolha, (11) conector. (Fonte: Wikipedia)

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Figura 2: Estrutura Vertical do piranômetro (Fonte: ASIA, 2018)

3.2.1.1. Piranômetro Eppley


Um equipamento muito difundido, principalmente na área de pesquisa, é o Piranômetro
Eppley (Figura 3), cujo elemento sensível é composto por uma série de junções cobre-
constantan, (termopares) dispostas radialmente, formando uma termopilha. As junções
quentes são pintadas com tinta negra e as frias recebem um revestimento de sulfato de bário
(de cor branca). Quando expostas à radiação solar, essas junções produzem corrente eléctrica,
posteriormente amplificada e registada em unidades apropriadas. Existem diferentes modelos,
de acordo com o número de junções usadas. O Piranômetro Eppley pode ser facilmente
empregado para medir radiação reflectida. (Varejão-silva,2006)

Figura 3: Piranômetro Eppley. (Varejão-Silva,2006)

3.2.1.2. Classificação
Os piranômetros Podem ser classificar em dois tipos básicos, a saber, o piranômetro
termoeléctrico e o piranômetro fotovoltaico. (CRESESB, 2014)
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1. Piranômetros termoeléctrico

O piranômetros termoeléctrico utiliza como sensor uma termopilha inserida no interior de


duas semiesferas de vidro concêntricas. A termopilha utilizada como sensor é constituída por
uma por vários termopares dispostos em série, posicionando a junção quente enegrecida para
o lado do sol, e a junção fria para a parte inferior (CRESESB, 2014). A diferença de potencial
produzida nos termopares é convertida em W/m², medindo assim o valor instantâneo da
radiação solar global. (CRESESB, 2014).

Figura 4: piranômetros termoeléctrico (Fonte: CRESESB, 2014)

Figura 5: Disposição termopilha no piranômetros termoeléctrico (Fonte: CRESESB, 2014)

12
2- Piranômetro fotovoltaico

O piranômetro fotovoltaico é constituído por uma célula fotovoltaica de silício mono-


cristalino, que ao ser iluminada gera uma corrente eléctrica, proporcional à radiação solar
incidente em W/m². (CRESESB, 2014)

Este dispositivo apresenta como vantagem um custo menor em relação ao piranômetro


termoeléctrico, além de comportar-se linearmente com a variação da temperatura, e ainda ter
um tempo de resposta praticamente instantâneo. No entanto, há limitações com relação à
precisão, pois sua faixa espectral de sensibilidade é de 400 a 1000 nm, enquanto a faixa para o
piranômetro termoeléctrico chega até 2500 nm (CRESESB, 2014).

Figura 6: piranômetros fotovoltaico (Fonte: CRESESB, 2014)

3.2.1.3. Medição
No piranômetro termoeléctrico, a radiação solar é absorvida por uma superfície especial
revestida, convertendo a energia radiante em calor. Este calor aquece uma junta
termoeléctrica, que é composta por dois materiais diferentes e gera uma diferença de potencial
eléctrico. Essa diferença de potencial é então medida como um sinal eléctrico proporcional à
radiação solar incidente. (Geuder et al. 1997)

No piranômetro fotovoltaico, a radiação solar é absorvida por células fotovoltaicas, que


convertem directamente a energia radiante em electricidade. A quantidade de electricidade
gerada é então medida como um sinal eléctrico proporcional à radiação solar incidente.
(Myers, 2007)

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Ambos os tipos de piranômetros têm a capacidade de medir a irradiância solar, que é a
quantidade de energia solar incidente por unidade de área, geralmente expressa em watts por
metro quadrado (W/m²). No entanto, as técnicas de conversão de energia radiante em sinal
eléctrico são diferentes para cada tipo de piranômetro. (Myers, 2007)

3.2.2. Pireliómetro
Pireliómetros são instrumentos destinados a medir a irradiância correspondente à radiação
solar directa, perpendicularmente à direcção de sua propagação. O mais conhecido deles é o
Pireliómetro de Compensação de Ångstrom (Figura 7), cujo sensor é constituído por duas
placas, situadas na base de um tubo, enegrecido internamente, uma das quais é aquecida
devido à absorção da energia solar directa e a outra o é electricamente. A intensidade de
radiação é proporcional à energia gasta para igualar a temperatura da segunda placa à da
primeira. Os pares termoeléctricos existentes sob cada placa são conectados, através de um
galvanómetro bastante sensível e a corrente consumida é medida em um miliamperímetro
(analógico ou digital). (Varejão-Silva,2006)

Figura 7 - Pireliómetro de Ångstrom. (Varejão-Silva,2006)

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3.2.3. Heliógrafo de Campbell-Stokes
Os heliógrafos destinam-se a medir a insolação, definida como o intervalo de tempo em que o
disco solar permanece visível, entre o nascimento e o ocaso do Sol, para um observador
localizado em um dado ponto da superfície terrestre. Supõe-se que esse local tenha o
horizonte desobstruído nos sectores em que o Sol nasce e se põe, ou pelo menos que os
eventuais obstáculos, capazes de obstruir o disco solar, tenham altura aparente não superior a
5o. (Varejão-Silva,2006)

Figura 8: Heliógrafo Campbell-Stokes (Varejão-Silva,2006).

3.2.3.1. Princípio do heliógrafo de Campbell-Stokes


Determina-se a insolação concentrando os raios solares de tal modo que incidam sobre um
papel no qual produzem um traço queimado. Se, para esse efeito, se usasse uma lente, seria
necessário deslocá-la continuamente, devido às mudanças diárias e estacionais da posição do
Sol. (Los Dolores et al., 1995)

Para evitar tal inconveniente usa-se uma esfera de vidro para concentrar a radiação solar.
Coloca-se de modo conveniente uma tira de cartão numa armação curva, concêntrica com a
esfera de vidro. Os raios solares ficam então focados sobre a tira de cartão. (Los Dolores et
al., 1995)

Quando o Sol está descoberto durante todo o dia, aparece um traço contínuo na tira de cartão.
Quando o Sol está temporariamente encoberto, o traço é interrompido. Neste caso o
comprimento constituído pela soma de todos os segmentos queimados dá a medida da
insolação.

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O princípio de funcionamento é extremamente simples: o foco luminoso, devido à radiação
directa, queima o heliograma em um ponto, que avança com o movimento aparente diário do
Sol. Quando uma nuvem oculta o disco solar, a queima é interrompida. O heliograma usado é
substituído por um novo diariamente à noite. (Varejão-Silva,2006)

3.2.3.2. Descrição de heliógrafo de Campbell-Stokes


O heliógrafo é constituído essencialmente por uma esfera de vidro com cerca de 10 cm de
diâmetro, montada concentricamente num suporte em forma de semi-coroa esférica. O
diâmetro deste suporte é tal, que os raios solares ficam intensamente focados sobre uma tira
de cartão fixada numas ranhuras do suporte. Há, na semi-coroa esférica, três pares de ranhuras
sobrepostas destinadas a segurar cartões próprios para as diferentes estações do ano. A forma
do suporte da esfera depende da latitude em que esta é usada. Nas baixas latitudes, a esfera é
segura entre pequenos suportes em forma de taça. Este método pode também ser usado nas
latitudes médias. Por esta razão, este tipo de heliógrafo é conhecido por padrão universal.
(Los Dolores et al., 1995)

Figura 9: Heliógrafo de Campbell-Stokes (padrão-universal). (a) Estrutura, F' - suporte


circular graduado, L - esfera de vidro, F – porta-cartões, B – índice, M - pé; (b) suporte
circular graduado. (Los Dolores et al., 1995)

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3.2.3.3. Exposição do heliógrafo
O objectivo da utilização do heliógrafo é conseguir um registo contínuo da insolação. A forma
ideal de montar o heliógrafo será sobre um suporte firme e rígido, num local onde não haja
obstáculos a obstruir os raios solares, em qualquer hora do dia e em qualquer época do ano.
(Los Dolores et al., 1995)

Ao ser instalado, seu eixo deve ficar paralelo ao eixo terrestre, permanecendo a calha
orientada na direcção este-oeste. O foco luminoso, causado pela convergência da luz do Sol
ao incidir sobre a esfera, deve situar-se sempre no interior da calha (em qualquer hora do dia,
de qualquer dia do ano) (Varejão-Silva,2006).

3.2.3.4. Cartões do heliógrafo


Os cartões ou "tiras" do heliógrafo são feitos de cartão de boa qualidade, que não sofre
aumento apreciável de comprimento quando for molhado. São impressos numa cor, como o
azul de tonalidade média, que absorve a radiação solar. (Los Dolores et al., 1995)

De acordo com a estação do ano, usam-se cartões de três dimensões diferentes:

a) Cartões para Verão - cartões longos e curvos, enfiados com a parte convexa para cima,
entre as ranhuras como indicação "Verão".

b) Cartões para Inverno - cartões curtos e curvos, enfiados com a parte côncava para cima,
entre as ranhuras com indicação "Inverno".

c) Cartões equinociais - cartões direitos, enfiados entre as ranhuras centrais com indicação
"Equinócios".

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Figura 10: cartões do heliógrafo (Los Dolores et al., 1995).

Figura 11: Diferentes tipos de heliogramas, usados na Região Tropical, mostrando-se (à


direita) o perfil da concha do heliógrafo com as ranhuras correspondentes (Varejão-
Silva,2006).
18
3.2.3.5. Substituição dos cartões do heliógrafo
Todos os dias se deve pôr um novo cartão, quer tenha havido Sol descoberto quer não. Um
cartão sem uma queimadura prova que o céu esteve sempre encoberto. (Los Dolores et al.,
1995)

Quando é possível, deve substituir-se o cartão depois do pôr-do-Sol. Para substituir o cartão,
retira-se o estilete fixador dos cartões e retira-se o cartão usado, fazendo-o deslizar.

Em caso de necessidade podem substituir-se os cartões durante o dia. É, no entanto,


necessário manter a hora escolhida para a substituição. Se houver Sol no momento em que se
põe o novo cartão, deve proteger-se a esfera dos raios solares, a fim de não produzir uma falsa
marca. (Los Dolores et al., 1995)

Depois da chuva é, por vezes, difícil retirar um cartão sem o rasgar. Neste caso, corta-se o
cartão cuidadosamente ao longo da aresta de uma das ranhuras, com uma faca afiada. Deve
haver o cuidado de não prejudicar o registo. (Los Dolores et al., 1995)

Enfia-se o novo cartão e faz-se coincidir a linha das 12H00 com a linha do meio-dia gravada
no suporte. Depois introduz-se o estilete de fixação. (Los Dolores et al., 1995)

Em cada cartão devem estar escritos o nome da estação e a data. Devem também estar
indicadas as horas exactas a que o cartão foi colocado e retirado do instrumento. (Los Dolores
et al., 1995)

3.2.3.6. Leitura dos cartões do heliógrafo


Para calcular o total diário da insolação, usa-se (por exemplo) um segundo cartão (C), de
curvatura semelhante. Coloca-se este cartão ao longo do outro (R), que tem o registo. Em
seguida marcam-se no cartão (C), com um lápis afiado, comprimentos iguais aos dos traços
sucessivos do cartão (R). A posição do cartão pode ser ajustada, de maneira que estes
segmentos formem uma linha contínua. O comprimento desta linha deve ser medido com
aproximação até aos décimos da hora. (Los Dolores et al., 1995)

O traço pode ser pouco nítido, como geralmente acontece próximo do nascer ou do pôr-do-
sol, ou quando os raios solares atravessam bruma seca. Nesses casos deve medir-se todo o
traço castanho, desde que seja visível. (Los Dolores et al., 1995)

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Surgem também dificuldades quando o Sol brilha com muita intensidade, mas
intermitentemente, ou quando um traço forte pára abruptamente. A imagem do Sol tem um
diâmetro finito, e a área queimada estende-se um pouco mais, por combustão lenta. A marca
de uma exposição de alguns segundos pode cobrir uma distância equivalente a vários minutos.

Quando se mede uma marca forte que termina abruptamente, a medição não deve ser feita até
aos extremos. Deve dar-se desconto à extensão queimada para além da verdadeira posição. A
insolação é um dado necessário para o estudo da radiação total que atinge a superfície do
Globo. (Los Dolores et al., 1995)

3.2.3.7. Afinação do heliógrafo


O heliógrafo é fornecido já com afinação de concentricidade. Isto significa que o centro da
esfera coincide com o centro do suporte. Esta afinação não deve, em caso algum, ser alterada.
No entanto, há outros ajustamentos que têm de ser feitos no próprio local. Estes são
executados no período dos equinócios, para assegurar (Los Dolores et al., 1995):

a) que o traço coincide com a linha central do cartão para os períodos equinociais.

b) que às 12H00, tempo local aparente, a imagem do Sol coincide com a marca do meio-dia
no suporte.

Quando estas condições estão preenchidas, o registo estará correcto em todas as épocas do
ano.

O ajustamento será correcto quando (Los Dolores et al., 1995):

a) O instrumento esteja nivelado e na direcção Este-oeste

b) O instrumento esteja voltado para o Sul no Hemisfério Norte e para o Norte no Hemisfério
Sul (quando isto se verifique, o plano que passa pelo centro da esfera e pela marca do meio-
dia no suporte dos cartões coincide com o plano do meridiano geográfico)

c) O plano que passa pelo centro da esfera e pela linha central do cartão para os períodos
equinociais, forme, com a vertical, um ângulo igual à latitude do local.

20
4. Aplicação de dados de duração do sol
Uma das primeiras aplicações SDO dados visavam caracterizar o clima dos locais,
especialmente dos balneários. Isto também leva em consideração o efeito psicológico da forte
luz solar no bem-estar humano. Ainda é utilizado por algumas autoridades locais para
promover destinos turísticos. A descrição das condições meteorológicas passadas, por
exemplo de um mês, geralmente contém o curso dos acontecimentos diários. SD dados. Para
estes campos de aplicação, uma incerteza de cerca de 10 por cento da média SD valores
pareciam aceitáveis ao longo de muitas décadas.(WMO,2006)

21
5. Conclusão
Ao longo deste trabalho, exploramos em detalhes a medição do brilho solar, abordando tanto
os métodos quanto os instrumentos mais comummente utilizados para essa finalidade, bem
como suas aplicações práticas. A análise revelou a importância crítica da medição do brilho
solar em uma variedade de campos, desde a meteorologia e climatologia até aplicações
industriais e de engenharia.

A compreensão da medição do brilho solar é essencial para monitorar a radiação solar


incidente na superfície terrestre, o que é fundamental para entender os padrões climáticos,
prever mudanças climáticas e avaliar os impactos ambientais. Além disso, os dados de
medição do brilho solar são cruciais para uma série de aplicações práticas.

Os instrumentos utilizados para medir o brilho solar, como piranômetros, desempenham um


papel fundamental na obtenção de dados precisos e confiáveis sobre a radiação solar. Sua
precisão e calibração adequada são essenciais para garantir resultados confiáveis e úteis em
uma variedade de contextos.

Portanto, a medição do brilho solar é uma disciplina crucial que desempenha um papel vital
em muitas áreas da ciência e da tecnologia modernas. A compreensão dos métodos de
medição e dos instrumentos envolvidos é fundamental para aproveitar ao máximo as
informações fornecidas pela radiação solar e aplicá-las de forma eficaz em uma variedade de
campos. À medida que continuamos a avançar no entendimento do clima e na busca por
fontes de energia sustentável, a medição do brilho solar continuará desempenhando um papel
central em nossa compreensão do mundo natural e nas soluções para os desafios ambientais
que enfrentamos.

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6. Referências bibliográficas
[1] Grant, R. H., Heisler, G. M., & Gao, W. (2003). Quantifying the influence of sky
luminance and other meteorological variables on solar radiation on vertical surfaces. Solar
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[2] Myers, D. R., & Myers, R. E. (2007). Photovoltaic solar energy: Review and appraisal.
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[3] Salvo, B. CRESESB. 2014. Relatório técnico sobre medições solares no Brasil: 2006-
2012. Brasília, DF: Ministério de Minas e Energia.

[4] Varejão–Silva, M. A., meteorologia e climatologia versão digital 2. Recife, Pernambuco


Brasil Março de 2006

[5] Los Dolores, M. M., Teixeira M. E., Amorim, V., Instrumentação e métodos de
observação. Departamento de Física Universidade de Aveiro. 1995

[6] World Meteorological Organization. Guide to Meteorologica Instruments and Methods of


Observtion.2006

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