SANTOS, Viviane Cristina Ribeiro Dos

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LETRAMENTO LITERÁRIO: FORMAÇÃO ESCOLAR DO JOVEM

LEITOR NO ENSINO MÉDIO

SANTOS, Viviane Cristina Ribeiro dos.


Curso de Licenciatura em Letras
Centro Universitário Internacional Uninter

CORBANI, Clair Terezinha


Professora Orientadora

RESUMO
O objetivo desse trabalho de pesquisa acadêmica é fazer um estudo sobre o
letramento literário e a formação escolar do jovem leitor no ensino médio. O que
víamos antes e como vemos hoje o ensino da literatura no ensino médio da rede
pública de ensino. Estratégias de leituras que o professor pode oferecer para
engajamentos de todos os envolvidos, em especial os educandos do ensino médio.
Pretende-se que os jovens se tornem leitores críticos e com formação intelectual e
humana. A pesquisa se deu por metodologia de pesquisa qualitativa e bibliográfica. É
necessário discutir formas como incentivar o aluno a apreciar a leitura não só dentro
da escola como de forma livre e lúdica para que no futuro possa ter meios de recorrer
a leituras mais complexas para também compreender situações mais complexas. A
literatura não pode e nem deve ser considerada somente mais uma disciplina e, sim,
um método de ensino eficaz e interativo.

Palavras-chave: Letramento Literário. Leitura. Ensino Médio.

1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho foi realizado a partir de pesquisas bibliográficas sobre o ensino


da literatura nas escolas no ensino médio, com o foco voltado para o público juvenil
(os jovens) e como pode contribuir para a sua formação. Letramento literário: teoria e
a prática, Letramento Literário: Formação escolar do jovem leitor no Ensino Médio.
É de extrema importância dar ênfase ao ensino de literatura em salas de aula, em
especial, do Ensino Médio, como era e como tratávamos o ensino da literatura e como
estamos nos tempos atuais com essa temática em todas as etapas da educação
básica, no que tange ao trabalho ensino da literatura no Ensino Médio na rede pública.
Com o ensino da literatura pode-se despertar do público juvenil com a literatura
infinitas possibilidades para o educando com o universo literário, posto que
desenvolve e melhora a habilidade de leitura e escrita, cognição, habilidades críticas
para os mais variados gêneros textuais, dicção, outras culturas através da literatura e
as diversas línguas, ou seja, podemos conhecer outras culturas e línguas por meio do
livro, da leitura (Literatura). É importante que os alunos da educação básica, em
especial os do ensino médio, possam ter acesso e contato com as literaturas clássicas
e contemporâneas. Que o professor seja o facilitador e mediador entre o aluno e a
leitura, que venha estar mais engajado com o ensino da literatura em salas de aula,
que através de sua motivação e a paixão que mostra pelo que faz, venha despertar
esse querer neles também. Um público juvenil, que cada vez mais vem se tornando
mais seletivo com o que lê.
Ainda há uma resistência por parte dos alunos com o ensino da literatura, em
contrapartida, o professor curva-se diante dessa realidade.
Já evoluímos bastante no que diz respeito ao ensino da literatura nas escolas
públicas brasileiras. Mas é ainda um desafio que envolve todos para a formação
literária de jovens leitores o ensinar a leitura de textos e seus variados gêneros, sem
ferir a experiência e sua autonomia com o seu contato com a literatura já existente.
O Objetivo geral, nesse caso, é conscientizar esse público sobre a importância de
tornar-se um leitor consciente e um maior engajamento dos professores com tal
matéria.
Conscientizar cada vez mais o ensino da literatura no ensino médio. Apresentar
estratégias de leitura que despertem o interesse do educando no ensino médio pela
literatura.
Discutir-se a progressão da disciplina (Literatura) na grade curricular do ensino
médio.

2. LETRAMENTO LITERÁRIO

O letramento faz referência ao domínio de um conjunto de práticas sociais


centradas na escrita como explicitam Kleiman (1995) e Soares (2006). São muitos os
usos que se fazem na sociedade moderna em que vivemos, ou sejá, o letramento de
fato, nos insere efetivamente nas práticas sociais diversas em que estamos inseridos
em determinados contextos na sociedade contemporânea. Mas também pode se
entender e saber que é o conhecimento de um código simbólico “letra”.
Entendido o conceito de Letramento, então iremos pensar o conceito de
Letramento Literário, podemos dizer que é aquele que conseguiu compreender o
gênero que leu e conseguiu formar opinião do texto lido, que passou a adquirir o hábito
de leitura e que assim se tornou um leitor literário ou que aprendeu a gostar de ler, e
que faz por escolha e não porque se sinta obrigado a ler ou por ser trabalho escolar
ou uma leitura acadêmica, passa a fazer suas escolhas literárias por que aprendeu a
gostar de ler.
De acordo com Antônio Cândido em O direito à literatura:

A literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita


sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos
sentimentos e a visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e por
tanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa
humanidade. CÂNDIDO (2004, p. 186)

Todos nós exercitamos a linguagens de variados modos na nossa vida, de


modo que o mundo é aquilo nos permite dizer, nos expressar. O mundo é a linguagem
dos que nos expressamos, podemos dizer que nosso corpo é feito de linguagem e de
palavras, quanto mais nos exercitamos, maior é o uso da língua, maior é meu corpo
de linguagem, maior pode ser meu mundo. Vivemos em uma sociedade letrada, as
possibilidades de exercício do corpo da linguagem pelo uso de palavras são
inumeráveis, a escrita ocupa um lugar central.
A escrita é, assim, um poderoso instrumento de libertação das limitações físicas
do ser humano. O corpo e a linguagem, o corpo e a palavra, o corpo e a escrita se
encontram na literatura e seu mais perfeito exercício dia a dia. Pela leitura e a escritura
de um texto literário podemos encontrar um senso de nós mesmos, a literatura é uma
experiência a ser realizada, é um conhecimento do novo que se adquire e passa a ser
reelaborado, podemos romper limites e espaços e no tempo de nossa experiência e,
ainda sim, seremos nós mesmos.
Uma experiência literária nos permite saber da vida por meios de experiência
do outro, o que foi vivido, sentido e como também, da nossa.

3. LITERATURA NO ENSINO MÉDIO


A presença da literatura no ensino médio vinha dizendo que os professores
ensinavam as características dos períodos literários, o nome dos autores e das obras,
em uma sequência que poderia ser mais facilmente oferecida pela História e ainda é
possível se ver na maioria das escolas que a Literatura em si, fora o barroco que é
sinônimo de antítese, romantismo é tudo que se trata de amor e naturalismo e
podridão. Se tinha mais fortemente esse entendimento de literatura, hoje mesmo
ainda que a passos lentos esse paradigma vem sendo desconstruído, evoluímos um
pouco não tanto quanto gostaríamos. Para muitos professores e estudiosos da área
de Letras, o ensino da literatura só se mantém na escola por força da tradição e da
inércia curricular, uma vez que a educação literária é um produto do século XIX que
já não tem razão para o século XXI. Vimos e continuamos a ver o ensino da literatura
limitando-se a literatura brasileira e a história da literatura brasileira, mas se
percebendo uma cronologia literária em sucessão dicotômica em estilos de época. Os
textos literários quando aparecem são mais para comprovar as características dos
períodos literários assim chamados como podemos perceber.
Estamos diante da falência do ensino da literatura nas escolas, certo é que a
literatura não está sendo ensinada para garantir a função essencial, para construir e
reconstruir as palavras que nos humanizam, faltam objetivos próprios do ensino. Os
que se prendem aos programas curriculares escritos a partir da história da literatura
precisam vencer uma noção conteudista do ensino, para compreender que mais que
conhecimento literário é uma experiência a ser compartilhada, a ser vivida e sentida.
Falta a uns e outros uma maneira de ensinar a literatura, romper o círculo de
reprodução ou de permissividade, precisa-se não exigir tanto que a leitura e fruição
não seja vista como obrigatória, compreender o letramento literário como uma prática
social, e como tal, uma prática a ser vivida na escola.
Acredita-se que por muitos que a prática de leitura é solitária e individual, mas
se formos pensar não é bem assim, há uma troca de sentidos entre o escritor e o
leitor, mas também com a sociedade em que estão inseridos, são resultados de
compartilhamentos de visões de mundo por perspectivas diferentes entre o homem, o
espaço e o tempo, o sentindo do texto lido só se completa quando esse trânsito se
efetiva. A leitura até pode ser vista na forma física como solitária, mas ela nunca deixa
de ser solidária.
[...] o professor de literatura não pode subscrever o preconceito do texto
literário como monumento, posto na sala de aula apenas para reverência do
gênio humano. Bem diferente disso, é o seu dever explorar ao máximo, com
seus alunos, as potencialidades desse tipo de texto. (COSSON, 2007, p. 29)

Ao professor cabe criar as condições para o encontro do aluno com a literatura


seja uma busca plena de sentido para o texto literário, para o próprio aluno e para a
sociedade em que estão inseridos. Se quisermos formar leitores capazes de
experenciar toda a força humanizadora da literatura, não basta apenas ler, a leitura
simples é apenas a forma mais determinada de leitura. Para podermos ir além do
simples ato de leitura literária como uma função essencial do processo educativo,
vemos nas escolas que a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor,
melhora a dicção do leitor, possibilita a criação do hábito de leitura, ou porque seja
prazerosa, mas sim, um instrumento necessário para conhecer e articular com a
proficiência o mundo feito de linguagem.
A diversidade é fundamental quando se compreende que um leitor não nasce
feito ou que o simples fato de saber ler não transforma o indivíduo em um leitor
maduro, mas sim, crescemos como leitores, somos desafiados por muitas vezes por
leituras mais complexas, e quando não temos o conhecimento de mundo que possa
suprir esse entendimento, a leitura pode se tornar bastante desafiadora.
É papel do professor partir daquilo que o aluno já conhece para aquilo que é
novo, para o desconhecido, a fim de proporcionar o educando crescimento dele como
leitor e ampliar seus horizontes de leituras. O princípio da diversidade de gênero é
entendido, para além da simples diferença entre os textos, como a discrepância entre
o conhecido e o desconhecido. O professor ao selecionar um livro precisa trabalhá-lo
adequadamente em sala de aula, não basta mandar os alunos lerem, precisa buscar
esclarecer como ocorre o processo de leitura, o professor se tornará o mediador dessa
leitura, desse processo.

4. O PROCESSO DE LEITURA

Rildo Cosson em Letramento literário: teoria e prática é categórico ao


afirmar:
Ler é um processo de extração do sentindo que está no texto. Essa extração
passa a ser necessariamente por dois níveis: o nível das letras e o das
palavras, que estão na superfície do texto, e o nível do significado, que é o
conteúdo do texto. Quando se consegue realizar essa extração, fez-se a
leitura. (COSSON, 2007, p. 39)
As dificuldades de leitura estão ligadas ao problema da extração, ou seja, a
ausência de habilidade de o leitor em decifrar letras e palavras. O domínio do código
é a condição básica para a efetivação da leitura, já que feita a decodificação o leitor
terá aprendido o conteúdo do texto. Ler é bem mais do que seguir uma linha de letras
e palavras, desse modo, ler depende muito mais do leitor do que do texto, é,
basicamente, o leitor levantar hipóteses sobre o texto e o que está no texto, ele cria
estratégias para dizer o texto com base naquilo que já se sabe sobre o texto e o
mundo.
O ato de ler, mesmo sendo realizado individualmente, torna-se e é uma
atividade social. Aprender a ler é mais do que adquirir uma habilidade, ser leitor vai
além do hábito de ler ou uma atividade regular, são práticas sociais que transformam
e mediam as relações humanas. A literatura é uma prática social em discurso, seu
funcionamento deve ser compreendido de forma crítica pelos alunos, cabe ao
professor fortalecer essa disposição por parte dos alunos crítica, levando os seus
alunos ao ultrapassarem os limites de um simples consumo de textos literários, ir de
uma simples leitura para o complexo, do semelhante para o diferente, com o objetivo
de ampliar o repertório cultural do aluno, tanto na seleção das obras quantos as
práticas e devem andar de forma a acompanhar esse movimento. A leitura escolar
certamente precisa de um acompanhamento, precisa de uma direção, ela tem um
objetivo a cumprir, esse objetivo não pode ser perdido de vista tanto pelo professor
quanto pelo aluno. Mas não se pode confundir o acompanhamento com policiamento,
o professor não deve vigiar o aluno para saber se está ou não fazendo a leitura, tem
que deixá-lo à vontade com a leitura, nesse momento o papel do professor é de
auxiliá-lo em suas dificuldades, as que poderão surgir e surgirão ao longo da leitura,
acompanhar o ritmo da sua leitura.
Quando a leitura é de orientação do professor ou escolha do aluno e ela é
extensa, o ideal é que seja feita fora do ambiente escolar, na casa do aluno em uma
biblioteca, em períodos que não seja escolar, é preciso que a leitura seja agradável
ao aluno de forma agradável e confortável. É importante que o professor se preocupe
e demonstrar isso ao aluno, como está se saindo e com a narrativa escolhida, se está
sendo proveitosa, tranquila. Ao professor também é imprescindível se atentar em
negociar com seus alunos períodos de intervalos necessários para a leitura escolhida,
se for o caso de leituras longas e que necessitem de um maior período de tempo para
serem concluídas, às vezes pode demorar mais, e exigir mais da interpretação por ser
uma leitura mais complexa, durante esses períodos de intervalos que podem ocorrer,
o professor certamente perceberá as dificuldades de leituras dos seus discentes,
esses intervalos irão funcionar como uma forma de diagnosticar a decifração que está
ligada ao vocabulário e à estrutura composicional do aluno em relação ao texto que
está sendo lido, no processo de leitura, é possível, resolver esse problema e outras
dificuldades ligados a decifração. O texto literário pode ser e se tornar um labirinto, de
muitas entradas e saídas, cuja saída será feita somente pela leitura dele.
A Literatura passa a ganhar status, ou seja, é reconhecida em tese como
disciplina, no ensino médio, tornando-se obrigatória, ao menos em tese, e vista mais
como por estudos sobre a literatura ou sobre a história da literatura, mais
especificamente a estética literária.
Sobre o assunto do trabalho com a literatura na escola, segundo o documento,
afeta, sobretudo, os principais objetivos do ensino médio qual seja: “o aprimoramento
do educando como pessoa humana, incluindo sua formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico” (LDBEN, 1996,
art. 35).
Sobre o que se está tomando como Literatura, o documento procura construir
uma direção clara, embora reconheçamos que haverá sempre discordâncias
a respeito do “valor artístico” dos produtos culturais. A consideração do valor
literário de um texto pressupõe um trabalho com a linguagem “que se faz com
a arte”, com intenção de produzir um efeito estético. Nesse sentido a
avaliação recai sobre a forma: Literatura é “forma ordenadora”, organização
das palavras. (CÂNDIDO, 2004, p.177)

Nas diretrizes Curriculares Nacionais e pelos Parâmetros Curriculares


Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL/MEC, 2002) é possível se tornar uma pessoa
humana através da literatura em seus múltiplos sentidos como um todo, seu
desenvolvimento intelectual, crítico. Haverá inúmeros motivos para ler literatura na
escola, a literatura e sua trajetória histórica, como patrimônio cultural e artístico,
conhecer e reconhecer a nossa literatura e suas manifestações literárias se faz
fundamental. O objetivo do trabalho da literatura em especial no ensino médio, vários
motivos podem limitar essa experiência literária, a promoção do letramento literário
pode significar possibilidade dos jovens se apropriarem de fato como condições de
leitores, e de experimentar a fruição que caracteriza o contato com a literatura. Por
isso que se faz necessário o ensino da literatura na escola e uma análise mais
criteriosa sobre sua progressão na grade curricular do ensino médio, os horários e
sua grade são limitantes, talvez até possamos dizer que a sua presença limitante pode
contribuir para tal desinteresse, talvez inseri-la mais nos dias da semana, aulas
seguidas, professores mais motivados e que possam periodicamente passar por
pequenos cursos que possam fortalecer e estimular o ensino da literatura no ensino
médio e também que o professor possa ter mais liberdade nas escolhas dos gêneros
textuais a serem trabalhados com os seus alunos .

5. ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DA LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

A tarefa de ensinar de uma metodologia voltada para o ensino da literatura está


em, a partir dessa realidade cheia de contradições, pensar a obra e o leitor e, com
base nessa interação, propor meios de ação que coordenem esforços, solidarizem a
participação nestes e considerem o principal interessado no processo: o aluno e suas
necessidades enquanto leitor, numa sociedade em transformação.
Sabemos que metodologias precisam ser estudadas para o ensino da literatura
no ensino médio, mas não só isso, vemos uma resistência por parte do professor com
o ensino e suas técnicas com tal trabalho, os jovens são seletivos com suas escolhas
de leitura e é bastante desafiador ensinar literatura para esse público.
A literatura é uma prática de discurso, cujo o seu funcionamento deve ser
compreendido criticamente pelo o aluno, para que isso ocorra, cabe ao professor
fortalecer a disposição crítica, levando os alunos ultrapassarem esses simples limites
de seus consumos de textos literários. O princípio do letramento literário é uma
construção de uma comunidade de leitores, para que isso se efetive em um
movimento continuo de leitura, partindo do desconhecido para o conhecido, do
simples para o complexo, por isso se consolidaria o repertório cultural do aluno, tanto
nas seleções de obras quanto as práticas de sala de aula devem acompanhar esse
movimento. Podem existir influências em qualquer processo de leitura, a leitura na
escola, precisa ser acompanhada com um direcionamento.
Ao professor de Língua Portuguesa cabe organizar o espaço da sala de aula,
propor objetivos para a leitura, fazer perguntas que facilitem o processo interpretativo
do aluno, por vezes em determinadas ocasiões deixar que os alunos demostrem suas
habilidades de escrita solicitando resenhas para o jornal da escola. Uma turma mais
desinibida pode dramatizar uma parte de alguma obra lida que lhes chamou mais a
atenção, caracterizando-se como os personagens para dar mais emoção a cena. Os
mais tímidos podem, se preferir, ficar no anonimato com registro de diário, solicitar
colaboração da parte do professor de Artes para que possam juntos fazer colagens
para a reprodução dos cenários, das maquetes para serem expostas em toda a
escola, como se pode perceber seria umas das várias possibilidades de interpretação,
desde que se mantenham o seu caráter do registro do que foi lido.
O professor também pode escolher determinado gênero em conjunto com seus
discentes, escolher uma data específica para um pequeno debate sobre a obra, seus
pontos de vista sobre a narrativa, projetos de leituras, feiras culturais, o que se vê
muito em escolas é a produção de resenhas, os alunos terminarem de ler um livro e a
fazem é uma boa opção. É possível gostar de ler literatura, mas o que se percebe no
ensino médio muitas das vezes é que os jovens são condicionados a lerem pelos
cursinhos e por pressão das provas de vestibulares.

Qualquer texto escrito, seja ele popular ou erudito, seja expressão de grupos
majoritários ou de minorias, contenha denúncias ou reafirme o status quo,
deve passar pelo mesmo crivo que se utiliza para os escritores canônicos: há
ou não intencionalidade artística? Quais os recursos utilizados para tal? Qual
o significado histórico-social? Proporciona ele o estranhamento, o prazer
estético? (BRASIL/MEC, 2006, p. 57)

Podemos dizer que literatura é a arte que se constrói com as palavras e com a
leitura, a Literatura nos humaniza. Mas a leitura sendo como uma prática aberta, abre
um leque para diferentes interpretações.

6. AS AVALIAÇÕES

Para rompermos com essas práticas e concepções que pouco tem a ver com o
letramento literário, propomos, antes de qualquer coisa, que os professores tomem o
ensino da literatura como uma experiência e não como conteúdo a ser avaliado, desse
modo a leitura feita pelo aluno que está no centro do processo de ensino e de
aprendizagem tornara-se mais proveitosa. Devendo a avaliação registar seus avanços
para ampliar essas dificuldades e superá-las, o professor de Literatura, ou de Língua
Portuguesa não deve procurar por repostas certas, mas sim pela interpretação a que
o discente chegou como ele pensou naquilo, como ele chegou a essa conclusão. O
objetivo maior da avaliação é o engajamento dos estudantes de literatura e o
engajamento dos colegas e professores - de sua comunidade de leitores. O prazer da
leitura deve ser despertado pelos professores para com seus alunos e que a avaliação
não seja imposta, mas que eles queiram participar dela.
Um tipo de avaliação que poderia se fazer é basicamente por meios de registros
escritos e discussões, uma questão delicada nas escolas e para alguns educadores é
envolver os alunos em debates, acreditam que é desperdício de tempo escolar.
Poderiam dedicar esse tempo a leitura e a escrita que no “verdadeiro” aprendizado
argumentam-se também que o barulho e a dispersão que acompanham esses
debates podem tirar o foco para o que realmente importa. Mas debates, exposições
orais e outras formas de linguagem oral em sala de aula são fundamentais, ou seja, a
discussão é uma atividade tão importante quanto aquelas centradas na leitura e
escrita. É importantes que o professor atue como moderador e não o catalizador da
discussão, evitando dar a primeira e a última palavra sobre a obra em questão, seu
papel é coordenar a discussão e ajudar os alunos a sintetizarem seus resultados, e
essa deve se dar, de preferencialmente, de maneira coletiva com a participação de
todos os alunos, daí a importância de se iniciar discussões em pequenos grupos a
princípio, para que os estudantes ajustem suas leituras e tragam para a turma pontos
de vista convergentes e divergentes de maneira mais consolidada, professores
precisam resistir à tentação de avaliar a performance do aluno, devem ter sempre em
mente que a leitura literária é um processo que vai se aprimorando a medida em que
amplia-se o repertório de leitura, e a avaliação deve acompanhar esse processo sem
lhe impor empecilhos e constrangimento.
A despeito da avaliação no campo da disciplina Literatura:

O tipo de avaliação literária em que consiste com a pedagogia de


transformação individual e social deve ser a extensão coerente dos
objetivos e métodos prescritos para a implementação de metas objetivas.
Se a literatura na escola é acessada através de testagem da compreensão
de determinados textos ou de treinar alunos para costurar as anotações
ditadas pelos professores na turma, a resposta literária estará cada vez
mais distante se tornar reponsabilidade literária. (apud Cosson, 2010, p.
110)

A avaliação não deve ser somente quantitativa e sim analisar o que mais o
aluno como ser pensante pode retirar da experiência da leitura da obra escolhida.
Mesmo que isso pareça uma utopia, não será difícil alcançar uma vez que o professor
seja o primeiro indivíduo motivado em tal questão. Avaliar não é somente dar nota; é
verificar o esforço do aluno para compreender o texto e para isso ele precisará não só
do apoio e direcionamento do seu professor como de maturidade e trabalho árduo que
já partiria de sua própria vontade de entender e se dar bem junto a literatura.

7. METODOLOGIA

O método de pesquisa utilizado foi qualitativo e bibliográfico onde foram usadas


as técnicas de coleta de dados. Ressaltando que o letramento sempre foi cobrado na
escola, mas talvez de forma engessada e como se pode desconstruir tal conceito.
Essa pesquisa serve para obter dados descritivos que expressam uma opinião
assertiva sobre o ensino de literatura e seu objetivo.
A pesquisa foi desenvolvida de acordo com dados bibliográficos – alguns
conceitos foram analisados para embasar a pesquisa científica, tais como o
significado do letramento, o letramento e a formação escolar, a formação do leitor e
algumas alternativas metodológicas com o objetivo de que essa formação e estudo
sejam prazerosos.
Os principais autores que serviram de base dessa pesquisa e inspiração para
o trabalho foram: Bordini (1988), Cyana (2000), Bagma (2001), Cândido (2004),
Cosson (2016), Chiappini (1983) e Kleiman (1995).
Numa abordagem analítica sobre o tema foi preciso definir o foco do estudo
nos títulos que contribuíam com essa visão de que a literatura pode ser mais que
apenas uma atividade avaliativa e sim considerada como mais uma ferramenta para
um letramento assertivo.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procuramos trazer à discussão neste trabalho, o ensino da Literatura, enquanto


uma expressão artística e a defesa do ensino da literatura nas escolas públicas
brasileiras, em especial com o ensino médio e seu reconhecimento como de grande
importância do ensino da literatura para com esses jovens.
Pode ser bastante desafiador o ensino da literatura nas escolas brasileiras de
educação básica, em especial com o ensino médio, um público seletivo e de fácil visão
crítica para com os clássicos, os gêneros textuais e especial os clássicos podem ser
vistos de forma equivocada por esse público uma vez que, quando não se tem contato
desde cedo, quando se passar a ser letrado, fica difícil o gosto com os clássicos. E
em contra partida, os professores encontram-se desmotivados com o ensino da
literatura, por alguns fatores: A falta de autonomia que é dada aos professores o que
escolher em trabalhar com esses jovens, isso acontece com predominância escolas
particulares, se nota que lhes são impostos nos currículos escolares, bibliotecas que
por muitas delas tem uma variedade de gêneros e opções menos atrativas, e a falta
de espaços adequado para uma leitura mais densa, e falta de motivação dos
professores em serem motivados com o ensino da literatura, a literatura é estudada
de forma facilmente dada por um professor de história, falta-se políticas voltada com
o ensino da literatura o ensino médio, professores melhores preparados e motivados
com o trabalho com a literatura.
Vimos que evoluímos em passos lentos, o ensino da literatura é desafiador,
mas se queremos uma comunidade de leitores letrados, precisa-se um engajamento
maior de ambas às partes: o aluno e se abrir mais com o ensino da literatura e os
professores em ficar obsoletos com suas práticas de ensino. É possível que os alunos
do ensino médio possam gostar de ler e ser leitores competentes, desde que haja um
esforço.
Pode ser bastante desafiador para os professores com o ensino da literatura
nas escolas brasileiras, pode, a grande maiores dos jovens, não ver um caminho
possível, pois seus contextos e suas realidades são diferentes ,as desigualdade
sociais ainda é latente na nossa sociedade, evolução podemos perceber mesmo que
de forma lenta, alguns ainda relutantes porque acha que privilegiados financeiramente
pode ter uma educação de qualidade, e por isso pode ter acesso aos melhores livros
e professores, e não é bem assim; ainda há sim, professores preocupados com esses
jovens, porque sabem que a única saída para as desigualdades sociais que ainda
vivemos é a educação. O que ainda pode ser um fator de desinteresse são as
estruturas na maioria das cidades brasileiras, são as escolas que não oferecem uma
estrutura adequada para receberem esses jovens, falta de treinamento de seus
gestores em administrar seus espaços, para que ofereçam um espaço atrativo de
convivência e de troca de saberes. A experiência literária precisa ser vivida nas
escolas ,em especial com os do ensino médio, pois estão se formando e fechando
um ciclo nos estudos como pessoas que precisam se humanizar na sua forma mais
completa, mas para tal, é preciso ser lhe oferecido contato , acesso e estímulos ,com
algo que pode ser maçante e desestimulante quando não se tem um mediador
também desestimulado, com a estrutura do local de trabalho, ferramentas de trabalho
que quase nenhuma , e a remuneração que não é atrativa . O desafio dessas práticas
estará na escolha de uma pedagogia que não fira as experiências de fruição que deve
caracterizar o contato com a literatura. Paralelamente, com isso, as escolas devem
oferecer ou criar espaços espontâneos, um movimento em conjunto que busque a
enfrentar o que a “escolarização” pode ter prejudicado.
Entendendo aqui por humanização [...] o processo que confirma no homem
aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição
do saber, a boa disposição para como o próximo, o afinamento de emoções, a
capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da
complexidade do mundo e seres, o cultivo do humor. A Literatura desenvolve em nós
mesmos a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e
abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (CANDIDO, 2004, p.180). As
práticas escolares são bastantes moldadas nos livros didáticos e as práticas dos
cursinhos vestibulares, precisa-se descontruir esse paradigma da literatura, precisa
ser natural, espontâneas o ensino da literatura em sala de aulas. Ensinar sobre a
literatura – a história da nossa literatura, e nossos autores mais representativos, a
relação entre estilos e época, etc. Não ensinar literatura,” Ensinar Literatura” o que
queremos propor é que parte dos textos, centra-se na experiência da fruição, incluindo
ações que ensinem a lidar com estratégias textuais e com recursos de linguagem
próprios dos gêneros literários, para formar, não só leitores hábeis, mas,
principalmente, leitores “que venham se encantar e que sejam encantados” pela
leitura, leitores que de fato aprenderam a gostar de ler.
E que a avalição não deve ser o medidor da interpretação dos alunos pelas
obras lidas, e o professor deve usá-la como um catalizador das discussões feitas pelos
seus alunos, que a leitura não seja lhe imposta que possa ser oferecida, estimulada,
mediada, flexível. E, principalmente, prazerosa e agradável.
REFERÊNCIAS

BAGMA, Tavares Barbosa, Letramento Literário e a Formação Escolar do jovem


leitor. Juiz de Fora: Edu foco, 2001.

BORDINI, Vera Teixara Aguiar, Literatura: a formação do leitor e alternativas e


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BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares nacionais para o


ensino médio. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. MEC: Brasília, 2006.
Disponível em: <https://goo.gl/ZQyx3x>. Acesso em: 02 abril 2021.

BRASIL/MEC. Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Brasília:


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