A Legislação Educacional Contemporânea: A Constituição e A Educação Como Direito

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 30

A legislação educacional

contemporânea: a Constituição e a
educação como direito

Apresentação

O artigo 205 da Constituição Federal de 1988 prevê, em seu texto, a educação como direito de
todos e dever do Estado e da família. Ainda, salienta que a educação deve ser promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Nessa perspectiva, a
educação torna-se uma prerrogativa em que todo cidadão brasileiro possui o direito de exigir do
Estado o acesso e a prática educativa. Como direito de todos, a educação, portanto, traduz muito
da exigência que o sujeito pode fazer em seu favor.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender os direitos educacionais garantidos pela
Constituição Federal, além de analisar os reflexos da educação na sociedade. Por fim, você vai
identificar os desafios para a garantia da educação, como o direito à igualdade de oportunidades e à
diferença.

Portanto, navegue nestes conhecimentos!

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Enumerar os direitos educacionais garantidos pela Constituição Federal de 1988.


• Examinar os efeitos de significar a educação como direito.
• Identificar os desafios para a garantia da educação como direito à igualdade e à diferença.
Infográfico

No Infográfico a seguir, você vai conhecer os direitos educacionais garantidos pela Constituição
Federal.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Conteúdo do Livro

Hoje, o avanço da educação é um direito fundamental ao cidadão, por isso, existe a legislação
educacional contemporânea. Aqui, você verá que é necessário perceber a educação como um
direito fundamental ao ser humano, à transformação social e à vida

No capítulo A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito, da


obra Política Educacional, você vai conhecer os direitos educacionais garantidos pela Constituição
Federal e examinar os efeitos de compreender a educação como direito. Por fim, você vai
identificar os desafios para a garantia da educação como direito à igualdade e à diferença.

Boa leitura.
POLÍTICA
EDUCACIONAL

Alex Ribeiro Nunes


A legislação educacional
contemporânea:
a Constituição e a
educação como direito
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Enumerar os direitos educacionais garantidos pela Constituição.


„ Examinar os efeitos de significar a educação como direito.
„ Identificar os desafios para a garantia da educação como direito à
igualdade e à diferença.

Introdução
O artigo 205 da Constituição Federal de 1988 busca garantir a educação
como um direito de todos e um dever do Estado e da família (BRASIL, 1988).
A educação torna-se uma prerrogativa em que todo cidadão brasileiro
possui o direito de exigir do Estado o acesso e a prática educativa. Como
direito de todos, a educação, portanto, traduz muito da exigência que o
sujeito pode fazer em seu favor.
Neste capítulo, você aprofundará seus estudos para localizar e com-
preender os direitos educacionais garantidos pela Constituição Federal,
analisará os reflexos da educação para a sociedade e, também, identificará
os desafios para a garantia da educação como direito à igualdade de
oportunidades e à diferença.
2 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

Os direitos educacionais garantidos


pela Constituição
A Constituição Federal Brasileira de 1988 reconheceu a educação como di-
reito social e atribuiu ao Estado a responsabilidade de promover a educação
fundamental a todos os cidadãos (DORIGON; SIMÃO, 2017). Nesse docu-
mento, o direito à educação está inserido no contexto dos chamados direitos
de 2ª dimensão, no âmbito dos direitos fundamentais. A grande inovação do
modelo constitucional de 1988 em relação ao direito à educação decorre de seu
caráter democrático, especialmente pela preocupação em prever instrumentos
voltados para sua efetividade.
Nessa perspectiva, o direito à educação vai se constituindo como uma
política pública que é dever do Estado e da família, devendo ser promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, conforme institui o Artigo
205 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). O texto constitucional
estabelece, inclusive, os princípios que baseiam o ensino. É o que prevê o
artigo 206:

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de


condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo
de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas
e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na
forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática
do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos de lei federal. Parágrafo único. A lei disporá
sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus
planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios (BRASIL, 1988, documento on-line).

Os direitos sociais são aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos condições
materiais tidas como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos, por isso
tendem a exigir do Estado uma intervenção na ordem social que assegure os critérios
de justiça distributiva, assim, diferentemente dos direitos à liberdade, se realizam por
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 3

meio de atuação estatal com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais. Por


isso, tendem a possuir um custo excessivamente alto e a se realizar em longo prazo
(PESSOA, 2018).
Os direitos fundamentais não surgiram simultaneamente, mas em períodos distintos
conforme a demanda de cada época, tendo essa consagração progressiva e sequencial
nos textos constitucionais, e dando origem à classificação em gerações. O surgimento
de novas gerações não ocasionou a extinção das anteriores. Há quem prefira o termo
dimensão por não ter ocorrido uma sucessão desses direitos: atualmente todos eles
coexistem (NOVELINO, 2009).
Ligados ao valor igualdade, os direitos fundamentais de segunda dimensão são
os direitos sociais, econômicos e culturais. São direitos de titularidade coletiva e com
caráter positivo, pois exigem atuações do Estado (NOVELINO, 2009).

O artigo que detalha o direito à educação é o 208:

I — educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)


anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a
ela não tiveram acesso na idade própria;
II — progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III — atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV — educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco)
anos de idade;
V — acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um;
VI — oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII — atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por
meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988, documento on-line).

Quanto à Declaração do Direito à Educação como o primeiro dos Direitos


Sociais, Cretella Junior (1991, p. 881-882) pontua que:

[...] todo cidadão brasileiro tem o subjetivo público de exigir do Estado o


cumprimento da prestação educacional, independentemente de vaga, sem
seleção, porque a regra jurídica constitucional o investiu nesse status, colo-
cando o Estado, ao lado da família, no poder-dever de abrir a todos as portas
das escolas públicas e, se não houver vagas, nestas, das escolas privadas,
pagando as bolsas aos estudantes.
4 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

Considerando os artigos e os aspectos apontados, torna-se impossível pensar


no direito à educação sem compreender todo o processo de construção desse
direito e, portanto, a Constituição Federal emerge, de fato, como um marco
para tal criação. Nesse aspecto, Dorigon e Simão (2017) reforçam, ainda, que
é importante mencionar a existência de outros dois instrumentos normati-
vos que regulamentam e complementam o direito à educação: o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) preconiza, no artigo 4º,
que “[...] é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação do direito […] à
educação” (BRASIL, 1990, documento on-line). E, no artigo 53, o Estatuto
dispõe que a educação é direito de toda criança e adolescente:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes: I - igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus
educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação
em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de
sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
do processo pedagógico, bem como, participar da definição das propostas
educacionais (BRASIL, 1990, documento on-line).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) estabelece as


diretrizes da educação nacional e, no artigo 1º, trata sobre o desenvolvimento
da educação:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na


vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática
social. (BRASIL, 1996) A LDB reconhece o direito à educação básica como
direito público subjetivo, o que facilita a busca por sua exigência e concre-
tização, vejamos o que dispõe o seu artigo 5ª, in verbis: Art. 5º O acesso à
educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer
cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical,
entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Públi-
co, acionar o poder público para exigi-lo (BRASIL, 1996, documento on-line).
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 5

De acordo com essa legislação, o direito fundamental à educação é efetivado


a todas as crianças e adolescentes de forma que sejam respeitadas as caracte-
rísticas e as diferenças de cada um deles. É preciso que haja o atendimento às
necessidades de cada sujeito, inclusive das pessoas com necessidades especiais.
O planejamento, a criação e a execução das políticas de educação são
realizados em um trabalho conjunto dos três Poderes que formam o Estado:
Legislativo, Executivo e Judiciário. O Poder Legislativo ou o Executivo, assim
como a sociedade civil organizada, podem propor políticas públicas para a
educação. O Legislativo cria as leis referentes a uma determinada política
pública e o Executivo é o responsável pelo planejamento de ação e pela apli-
cação da medida. Já o Judiciário faz o controle da lei criada e confirma se ela
é adequada para cumprir o objetivo a que se propõe.
Conceber um direito educacional tipificado como política pública é assumir
a urgência em pensar uma educação de qualidade que, para Dorigon e Simão
(2017), deve ser entendida como direito humano essencial, o qual o governo
brasileiro tem o compromisso maior de promover a todos e todas. Assim, “[...]
a universalização do ensino fundamental, a ampliação da educação infantil,
do ensino médio, da educação superior e a melhoria da qualidade em todos os
níveis e nas diversas modalidades de ensino são tarefas prioritárias” (BRASIL,
2007, p. 11).
A política educacional estabelecida como política pública não apenas possi-
bilita que a educação se fortaleça como um caminho para que todos conheçam
seus direitos e deveres, mas também contribui para o desenvolvimento de
valores, conforme aponta o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos:

[…] a educação é compreendida como um direito em si mesmo e um meio


indispensável para o acesso a outros direitos. A educação ganha, portanto,
mais importância quando direcionada ao pleno desenvolvimento humano e às
suas potencialidades, valorizando o respeito aos grupos socialmente excluídos.
Essa concepção de educação busca efetivar a cidadania plena para a construção
de conhecimentos, o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos,
além da defesa socioambiental e da justiça social (BRASIL, 2007, p. 25).

O direito à educação garantido pela Constituição Federal propõe, portanto,


que cada sujeito tenha assegurado o direito de aprender e, para tanto, é urgente
que voltemos nossas atenções às crianças, aos jovens e aos adolescentes que
estão fora da escola. Outro aspecto importante a considerar refere-se àqueles
que estão dentro da escola, porém correm os riscos de abandono e evasão,
aumentados em razão de fatores e vulnerabilidades diversas, como a discri-
6 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

minação, o trabalho infantil e, ainda, a falta de condições de se deslocar até


a escola.
Enfim, a educação como dever do Estado está prevista no artigo 208 da
Constituição Federal de 1988 e, inclusive, no item III é garantido o direito
ao atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino, reforçando que todos devem
ter acesso à educação e, ainda, no item VII é assegurado o atendimento ao
educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas su-
plementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência
à saúde (BRASIL, 1988). Assim, torna-se necessário conhecer esses direitos
para reivindicá-los, conforme será mais bem detalhado no subcapítulo a seguir.

A apropriação, pela sociedade civil, da percepção e das lutas sociais pelo direito
à educação de qualidade permitirá que haja uma desmistificação de que a nossa
Constituição só funciona no papel. É preciso, também, vislumbrar os efeitos de significar
a educação como direito, conforme veremos a seguir.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), a
Educação Básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
médio. As suas modalidades são: educação especial, educação de jovens e adultos,
educação profissional, educação indígena, educação do campo.
O ensino médio é a última etapa da educação básica. Segundo a Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) (BRASIL, 1996), os Estados são responsáveis por, progressivamente, tornar
o ensino médio obrigatório, sendo que para isso devem aumentar o número de
vagas disponíveis, de forma a atender a todos os concluintes do ensino fundamental,
conforme estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE).
A reformulação do ensino médio, aprovada pelo Senado Federal, pretende tornar mais
flexível e atual o currículo dos jovens nos três últimos anos da escola. O próximo passo
é a publicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio. Ela definirá
as competências e os objetivos de aprendizagem nas quatro áreas do conhecimento:
linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e
suas tecnologias e ciências humanas e sociais aplicadas. Um dos principais objetivos da
nova proposta para o ensino médio é atrair os jovens para a escola e mantê-los nela.
Atualmente, mais de 1 milhão de jovens de 17 anos que deveriam estar no terceiro
ano do ensino médio estão fora da escola. Outro 1,7 milhão de jovens não estuda nem
trabalha. O resultado mais recente do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb) também mostra a defasagem do formato atual do ensino médio brasileiro. O
último levantamento realizado mostrou que o país está estagnado.
Fonte: Brasil (2017a, documento on-line).
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 7

A Base Nacional Comum Curricular do ensino fundamental está em vigor desde o final
de 2017. Procure pelo documento na página web do Ministério da Educação.

Os efeitos de significar a educação como direito


Pessoa (2018) aponta que o direito à educação é um direito fundamental a
todos os cidadãos brasileiros amparados pela nossa Carta Maior, no seu artigo
6º. É um direito humano que ocupa um lugar de destaque no rol dos direitos
humanos, portanto, é um direito essencial para o exercício da cidadania de
todos os brasileiros. Dessa forma, vale reafirmar que, entre todos os direitos
humanos, o direito à educação é indispensável ao cidadão.
O autor afirma ainda que nenhum dos outros direitos, ou seja, civil, polí-
tico, econômico e social, podem ser praticados pelos sujeitos sem que tenham
recebido o mínimo de educação. Daí a fundamental importância da educação
como direito.
Nesse cenário, vale lembrar que, infelizmente, milhões de crianças ainda
permanecem privadas de oportunidades educacionais, muitas delas em razão
da pobreza, da falta de acesso ou da desinformação. Assim, atingir esse direito
à educação básica e de qualidade para todos e fazer valer essa educação como
direito é um dos maiores desafios a serem superados nos dias atuais.
Pensar na educação como direito é pensar que a educação faz parte das
condições para a existência da dignidade do ser humano. Ao falar em digni-
dade humana, pode parecer difícil compreender o conteúdo que tal expressão
transmite, todavia, para que se possa verificar com maior coerência o sentido
da palavra dignidade, é viável pensar em respeito, igualdade, acessibilidade,
participação e vários outros aspectos possíveis de serem atingidos por meio
da educação. Dessa maneira, esta necessita ser considerada como um direito
do ser humano.
A educação, como um dos direitos fundamentais do homem, originado
do direito natural, deve ser assegurada de maneira primordial. Muniz (2002)
reforça que a educação é considerada apenas como um direito social, porém,
deve ser mais que isso: nasce no direito à vida, é instrumento fundamental para
que a pessoa se realize como pessoa. De acordo com a autora, o ser humano
tem sede de saber, mas seu potencial para aprender só se transformará em ato
8 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

no momento em que lhe forem propiciadas todas as condições necessárias para


tal. E isso só é possível por meio da educação, da consagração desse direito.

O Direito Natural é entendido como o conjunto de princípios e valores morais e éticos


que cada ser humano carrega consigo, naturalmente agregados por meio do convívio
com a sociedade em que está inserido.
Fonte: Tenorio (2018, documento on-line).

Quanto aos efeitos de significar a educação como direito, é preciso pensar


que a educação básica é um momento privilegiado em que a igualdade cruza
com a equidade e se reafirma, inclusive, como possibilidade de desconstrução
de estereótipos, preconceitos e discriminações, tanto pelo papel socializador
da escola quanto pelo seu papel de multiplicadora de conhecimentos diversos
e significativos. Nessa perspectiva de ser fundamental à vida, a educação,
dada sua inerência à cidadania e aos direitos humanos, foi, então, declarada
e positivada como direito do cidadão e dever do Estado.
Chauí (1989, p. 20) pontua que:

A prática de declarar direitos significa, em primeiro lugar, que não é um fato


óbvio para todos os homens que eles são portadores de direitos e, por outro
lado, significa que não é um fato óbvio que tais direitos devam ser reconhe-
cidos por todos. A declaração de direitos inscreve os direitos no social e no
político, afirma sua origem social e política e se apresenta como objeto que
pede o reconhecimento de todos, exigindo o consentimento social e político.

Vale ressaltar que declarar e assegurar direitos vai além de uma proclamação
solene. Declarar significa retirar do esquecimento, enquanto proclamar significa
que as pessoas continuam a ser portadoras de um direito importante. Desse
modo, quando esse direito não é respeitado, faz-se necessária a cobrança dele.
Declarar um direito é muito significativo. Equivale a colocá-lo dentro de
uma hierarquia que o reconhece solenemente como um ponto prioritário das
políticas sociais. Mais significativo ainda se torna esse direito quando ele é
declarado e garantido como tal pelo poder interventor do Estado, no sentido
de assegurá-lo e implementá-lo (CURY, 2002). Para o autor:
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 9

O direito à educação parte do reconhecimento de que o saber sistemático é


mais do que uma importante herança cultural. Como parte da herança cultural,
o cidadão torna-se capaz de se apossar de padrões cognitivos e formativos
pelos quais tem maiores possibilidades de participar dos destinos de sua so-
ciedade e colaborar na sua transformação. Ter o domínio de conhecimentos
sistemáticos é também um patamar sine qua non a fim de poder alargar o
campo e o horizonte desses e de novos conhecimentos (CURY, 2002, p. 1).

Significar a educação como direito é consolidar o acesso a ela e a perma-


nência nela e, também, pensar que esta se configura como um meio de abertura
que proporciona ao sujeito uma chave de autoconstrução e de se reconhecer
como capaz de ser ativo, refletir, ser participativo, se tornar crítico para,
possivelmente, transformar sua realidade. Portanto, os reflexos da educação
como direito tornam-se uma oportunidade de crescimento e cidadania, uma
possibilidade de mudança de percurso, uma alternativa para apropriações e
para sentir-se pertencente.
A efetiva inclusão da educação como direito resulta na possibilidade de
formação de um sujeito com pleno desenvolvimento de suas potencialidades,
não apenas intelectuais, mas principalmente morais, sociais e éticas. Assim,
entende-se que os efeitos da educação são benéficos ao ser humano e à socie-
dade. Educar a pessoa, portanto, a torna consciente de sua responsabilidade
social, e é preciso oferecer ao ser humano conhecimentos diferentes e diversos
para fomentar esse processo de construção de novos saberes.
Nessa perspectiva, vale apresentar o que diz Cury (2002, p. 1):

O direito à educação decorre de dimensões estruturais coexistentes na própria


consistência do ser humano. Racionalidade, expressão da ação consciente do
homem sobre as coisas, implica também o desenvolvimento da capacidade
cognoscitiva do ser humano como meio de penetração no mundo objetivo das
coisas. A racionalidade é também condição do reconhecimento de si, que só
se completa pelo concomitante reconhecimento igualitário da alteridade. Só
com o desenvolvimento destas capacidades é que a ação do homem com o
outro e sobre as coisas torna-se humana e criativa. O pleno desenvolvimento
da pessoa não poderia se realizar sem o desenvolvimento efetivo da capaci-
dade cognitiva, uma marca registrada do homem. Assim sendo, essa marca
se torna universal. Ela é a condensação de uma qualidade humana que não
se cristaliza, já que implica a produção de novos espaços de conhecimento,
de acordo com momentos históricos específicos.

Os efeitos gerados pela educação perpassam por sua efetivação em práticas


sociais que, certamente, se convertem em instrumento de redução das desigual-
dades e das discriminações e possibilitam uma aproximação pacífica entre os
10 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

sujeitos e até mesmo entre os diferentes povos. Dessa forma, a disseminação


e a universalização da educação escolar de qualidade como um direito da
cidadania são o pressuposto civil de uma cidadania universal.
Enfim, após as reflexões tecidas neste subcapítulo, observa-se que a edu-
cação contribui para a redefinição dos caminhos de uma sociedade, de seus
valores, de sua moral, de suas regras e de suas relações. Quanto mais se rea-
firma e assegura o direito à educação, mais é possível que haja transformações
favoráveis e que estas se multipliquem por toda a sociedade. A educação como
direito, portanto, possibilita esse processo dinâmico de mudança humana e
social.
Certamente, nesse processo de reconhecimentos, construções e transfor-
mações, muitas são as lacunas e os desafios a serem superados para a garantia
de uma educação básica, inclusive para a garantia da educação como direito
à igualdade e à diferença.

Sabe-se que perceber e considerar a educação como direito, com vista na busca pela
equidade e pela qualidade da educação em um país tão desigual como o Brasil é uma
tarefa que implica políticas públicas de Estado que incluam uma ampla articulação entre
os entes federativos. Vivemos atualmente um momento fecundo de possibilidades,
com bases legais mais avançadas e com a mobilização estratégica dos setores públicos
e de atores sociais importantes nesse cenário. É possível realizar um bom trabalho de
alinhamento dos planos de educação para fazermos dos tempos atuais um virtuoso
marco no destino do País.
Nessa perspectiva, vale lembrar que o regime de colaboração entre estados, mu-
nicípios e União, no que diz respeito às políticas educacionais no Brasil, está previsto
na Constituição de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Plano
Nacional de Educação (PNE). Embora a legislação defina de forma clara as responsabili-
dades de cada um — cabe aos municípios atuar nos anos iniciais do ensino fundamental
e na educação infantil; aos estados, nos anos finais dos ensinos fundamental e médio;
e à União exercer uma função redistributiva e supletiva, prestando assistência técnica
e financeira —, na prática, há dificuldade em definir como essas diferentes instâncias
devem cooperar entre si para garantir o acesso de todas as crianças e adolescentes
a uma educação de qualidade. A articulação dessas três esferas de governo torna
o sistema de gestão da educação brasileira muito complexo, o que se acentua em
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 11

razão das dimensões continentais do País. O Brasil apresenta desigualdades regionais


bem marcantes, em termos geográficos, sociais e econômicos, que influem de forma
significativa em suas redes de ensino e nos desafios que precisam ser vencidos.
Fonte: Fundo das Nações Unidas para a Infância (2012).

Os desafios para a garantia da educação como


direito à igualdade e à diferença
Na atualidade, um dos desafios colocados à educação é instituir uma nova
ordem de compreensão sobre os processos educativos e sobre o currículo,
de modo que os conteúdos não se esgotem e não se desdobrem de maneira
linear e inflexível, mas que sejam colocados frente a um processo dialógico
e estejam sendo instigados por novas temáticas em proposição. Os objetos
do conhecimento das diversas disciplinas devem apontar, a partir de suas
especificidades, rumo a uma ação crítica e reflexiva a respeito das realidades
colocadas em questão. É preciso propor um processo que garanta a educação
como direito à igualdade e à diferença.
O conceito de diferença passou a ganhar importância na teorização edu-
cacional crítica a partir da emergência da chamada “política de identidade”
e dos movimentos multiculturalistas. Nesse contexto, refere-se às diferenças
culturais entre os diversos grupos sociais, definidos em termos de divisões
sociais tais como classe, raça, etnia, gênero, sexualidade e nacionalidade. Num
contexto filosófico, fala-se de filosofias da diferença para se referir a certas
tendências filosóficas contemporâneas centradas no conceito de diferença,
opondo-se, nesse sentido, às filosofias que se fundamentam na dialética, as
quais são criticadas, sobretudo, porque, ao resolverem a contradição por meio
de uma negação da negação, acabam por reafirmar a identidade e a mesmidade.
Embora baseados em noções de diferença que não são coincidentes, pode-se
nomear Gilles Deleuze e Jacques Derrida como os principais representantes de
uma filosofia da diferença. Ao se caracterizar o chamado pós-estruturalismo,
esquece-se, em geral, que esse movimento teórico contemporâneo define-se
também por sua rejeição da dialética e por sua consequente afirmação do
princípio da diferença, e não apenas por sua reação ao estruturalismo e seus
pressupostos sobre o discurso e a linguagem.
12 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

O pós-estruturalismo é frequentemente confundido com o pós-modernismo. Há aná-


lises que simplesmente não fazem qualquer distinção entre os dois. Embora partilhem
certos elementos, como a crítica do sujeito centrado e autônomo do modernismo
e do humanismo, o pós-estruturalismo e o pós-modernismo pertencem a campos
epistemológicos diferentes. Diferentemente do pós-estruturalismo, o pós-modernismo
define-se relativamente a uma mudança de época. Além disso, enquanto o pós-
-estruturalismo limita-se a teorizar sobre a linguagem e o processo de significação, o
pós-modernismo abrange um campo bem mais extenso de objetos e preocupações
(SILVA, 2000).

Para Santos (1999), a fim de caracterizar a igualdade e a diferença, é


necessário perceber, primeiro, que a desigualdade e a exclusão têm na mo-
dernidade um significado totalmente distinto do que tiveram nas sociedades
do antigo regime. Pela primeira vez na história, a igualdade, a liberdade e a
cidadania são reconhecidas como princípios emancipatórios da vida social.
A desigualdade e a exclusão têm, pois, de ser justificadas como excepções
ou incidentes de um processo societal que não lhes reconhece legitimidade,
em princípio. E, perante elas, a única política social legítima é a que define
os meios para minimizar uma e outra.
Bobbio (1992) diz que vivemos momentos que marcam a cidadania a partir
dos enfrentamentos em busca de melhor qualidade de vida, incluindo, nessa
busca, a educação. Frente às grandes transformações ocorridas na sociedade
contemporânea, é importante perceber que a educação escolar é uma dimensão
fundamental para o exercício da cidadania, e tal princípio é indispensável para
políticas que visam à participação de todos nos espaços sociais e políticos.
Nessa vertente, é necessário ressaltar que são muitos os desafios quando o
assunto é pensar a igualdade e a diferença como direito, inclusive para a forma-
ção docente. Portanto, é preciso lembrar, também, que existem pesquisadores
que têm se debruçado nessa temática. Diversas pesquisas apresentam possibi-
lidades de reflexão sobre práticas que envolvem sexualidades, diversidades e
formação docente. O texto de Xavier Filha (2012), cujo título é Educação para
as sexualidades, para a equidade de gênero e para as diversidades: desafios
na e para a formação docente apresenta o trabalho realizado a partir do curso
de formação continuada no projeto de extensão, com o apoio da SECADI/
MEC, em cinco cidades brasileiras. O projeto intitulado Tecendo gênero e
diversidade sexual nos currículos da Educação Infantil foi aprovado pela
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 13

Universidade Federal de Lavras e desenvolvido por diferentes instituições de


ensino superior: Campo Grande/MS (UFMS); São Paulo/SP (USP); Lavras/
MG (UFLA); Campinas/SP (Unicamp) e Juiz de Fora/MG (UFJF). A profes-
sora, em seu texto, enfatiza as novas possibilidades de diálogos e proposições
críticas surgidas ao longo da execução do projeto na cidade de Campo Grande
(MS). Todo o conteúdo do livro (RIBEIRO, 2012) apresenta as experiências
das cinco universidades integrantes do projeto.
Outro estudo a ser considerado é de Paula Ribeiro e Diogo Souza (2003)
intitulado Falando com professoras das séries iniciais do Ensino Funda-
mental sobre sexualidade na sala de aula: a presença do discurso biológico.
No texto, os autores relatam a organização de um curso com o propósito de
discutir com professoras das séries iniciais sobre os discursos que constituem
as sexualidades nas abordagens pedagógicas presentes na educação escolar.
O livro intitulado Educação inclusiva: tecendo gênero e diversidade sexual
nas redes de proteção, organizado por Cláudia Ribeiro e Ila Maria Silva de
Souza (2008), é uma obra que começou a ser produzida no âmbito do projeto
Construindo práticas a partir de compromissos com a defesa dos direitos
sexuais na infância e adolescência no combate ao abuso e exploração sexual.
Foi uma ação de formação de professores que envolveu diretamente quinhentos
profissionais de vinte e duas cidades do sul de Minas Gerais em cursos e
projetos de intervenção nas áreas de educação, gênero e sexualidades.
Esses projetos, certamente, surgem como construção de caminhos coletivos
que possibilitam o novo e contribuem para o reconhecimento da necessidade
de problematizar e discutir os diversos aspectos que envolvem as diferenças e a
igualdade em diversas direções: sexualidades, gênero, etnias, etc. entendendo
a construção do conhecimento como algo processual, com vistas a ir além
para analisar, ressignificar, desconstruir e articular saberes.
De acordo com Leão (2005), a educação direciona à melhoria da vida
humana, considerando que essa é uma conquista gradual da cultura, do de-
senvolvimento crítico e do aproveitamento das potencialidades do ser humano
e, portanto, requer o redimensionamento político dos processos educativos.
Nestes, residem as possibilidades de reconstrução da sociedade humana,
senão igualitária, menos desigual, em que o nível de inter-relações transcorra
num sentido de horizontalidade, na qual grupos ou classes sociais não se
sobreponham uns acima dos outros.
Considerando os princípios de uma educação instituída como direito de
todos e para todos, vale lembrar que os ideais e as políticas que caminham no
sentido de uma sociedade mais acessível e mais justa não podem abrir mão
do princípio da igualdade de oportunidades, vislumbrando as diferenças com
14 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

real significância e cuja visibilidade só é possível por meio de uma reflexão


crítica. Vale ressaltar que tem sido no confronto cotidiano de pensar as novas
possibilidades da educação como direito em detrimento às velhas práticas
arraigadas, que têm emergido as possibilidades concretas de transformação.
Pensar na educação a ser concebida como direito à igualdade, de modo
a evidenciar as diferenças, é pensar em alguns desafios a serem superados,
tais como: diminuir as injustiças sociais; assegurar o direito às diferenças;
perceber e valorizar a diversidade cultural; propor ações que minimizem as
violências e os distanciamentos, etc.
O direito à educação deve resultar em política educacional abrangente e
minuciosa, que não somente garanta o acesso no sentido de ter escolas, salas
de aula e carteiras suficientes e adequadas à quantidade de alunos em cada
região, como também garanta a educação aos jovens que não podem se loco-
mover até a escola, estejam eles em casa, hospitais, clínicas de recuperação
de uso de drogas e centros de detenção, bem como forneça uma educação e
um ambiente escolar inclusivo para os jovens com necessidades especiais.
Esses aspectos se configuram, também, como desafiadores à educação como
direito à igualdade e à diferença.
Nunes (2014) reforça que, uma vez garantido o acesso de todas as crianças
e jovens a uma escola, é esperado que essa escola promova um ensino de
qualidade, considerando a diversidade existente em seu meio e as diferenças
apresentadas por cada sujeito. Para tanto, é preciso uma boa estrutura, é
preciso incentivar a formação continuada de professores e, ainda, pensar em
um currículo abrangente e diversificado. Não adianta nada ter escolas sem
livros que trabalhem a democracia e o direito, carteiras, lousa, giz, acesso à
internet e outros equipamentos de que o professor e o aluno precisam para
as atividades. Também não adianta ter o espaço, mas não ter professores que
discutam e reflitam sobre as temáticas que envolvem esses temas. É preciso
propor um currículo integrador e diverso, partindo de uma política de promo-
ção do engajamento escolar, de modo que esta construa ações voltadas para a
melhoria contínua e significativa da efetividade dos serviços oferecidos nas
escolas, desde professores capacitados a metodologias de ensino mais eficazes.
Nessa perspectiva, mesmo com as transformações que têm ocorrido na
educação, é necessária uma contínua reflexão sobre os propósitos dessa edu-
cação, ou seja, sua relação com a diversidade, o olhar para as diferenças, as
propostas inclusivas, os processos transformadores, etc. É preciso, fundamen-
talmente, repensar como a diversidade e a diferença aparecem nos currículos
e nos projetos escolares.
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 15

Nesse aspecto, Cury (2002, documento on-line) nos ajuda a pensar que:

A dialética entre o direito à igualdade e o direito à diferença na educação


escolar como dever do Estado e direito do cidadão não é uma relação simples.
De um lado, é preciso fazer a defesa da igualdade como princípio de cidadania,
da modernidade e do republicanismo. A igualdade é o princípio tanto da não
discriminação quanto ela é o foco pelo qual homens lutaram para eliminar os
privilégios de sangue, de etnia, de religião ou de crença. Ela ainda é o norte
pelo qual as pessoas lutam para ir reduzindo as desigualdades e eliminando
as diferenças discriminatórias. Mas isto não é fácil, já que a heterogeneida-
de é visível, é sensível e imediatamente perceptível, o que não ocorre com
a igualdade. Logo, a relação entre a diferença e a heterogeneidade é mais
direta e imediata do que a que se estabelece entre a igualdade e a diferença.

Enfim, não há dúvidas quanto aos avanços alcançados pela educação e


o quanto é necessário percebê-la como um direito fundamental ao ser hu-
mano, à transformação social e à vida. Ainda, é urgente compreender que
a educação como direito necessita ser pensada e propagada para que haja,
de fato, transformações significativas. A educação brasileira na atualidade,
todavia, apresenta muitos desafios que seguem em aberto junto às políticas
educacionais, inclusive para a concretização de uma educação com qualidade
e equidade, que considere as diversidades e respeite as diferenças de todos.

BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.


BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de
Educação em Direitos Humanos. Brasília, DF: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
manos, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=2191%20-plano-nacional-pdf&category_
slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 08 out. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Conheça as mudanças que ocorrerão no ensino médio:
reforma do ensino médio. 2017a. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/
educacao-e-ciencia/2017/02/conheca-as-mudancas-que-ocorrerao-no-ensino-medio>.
Acesso em: 08 out. 2018.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 08 out. 2018.
16 A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe
sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF,
1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso
em: 08 out. 2018.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 08 out. 2018.
CHAUÍ, M. Direitos humanos e medo. In: FESTER, A. C. R. (Org.). Direitos humanos e...:
energia, criança, urbanismo, dívida externa. São Paulo: Brasiliense, 1989.
CRETELLA JUNIOR, J. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 1991. v.2
CURY, C. R. J. Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença. Cadernos de
Pesquisa, n. 116, jul. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-15742002000200010&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: 08 out. 2018.
DIAS, S. Lógica do acontecimento: Deleuze e a filosofia. Porto, Portugal: Edições Afron-
tamento, 1995.
DORIGON, N. A.; SIMÃO, P. S. As políticas públicas educacionais e a inserção dos direitos
humanos nos currículos escolares da educação básica. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE-
MANDAS SOCIAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, 13., 2017,
Santa Cruz. Anais... Santa Cruz, RS: UNISC. 2017. Disponível em: <http://docplayer.com.
br/87414599-As-politicas-publicas-educacionais-e-a-insercao-dos-direitos-humanos-
nos-curriculos-escolares-da-educacao-basica.html>. Acesso em: 08 out. 2018.
FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA (UNICEF). Iniciativa Global pelas Crianças
fora da Escola - Brasil. Brasília, DF: UNICEF, 2012. Disponível em: <https://www.unicef.
org/brazil/pt/br_oosc_ago12.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.
LEÃO, S. T. F. L. Breve análise sócio-histórica da política educacional brasileira: ensino
fundamental. In: JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 2., 2005, São
Luiz. Anais... São Luiz, MA: UFMA, 2005. Disponível em: <http://www.joinpp.ufma.br/
jornadas/joinppIII/html/Trabalhos2/Silse_Teixeira_Freitas_Lemos_Le%C3%A3o175.
pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.
MUNIZ, R. M. F. O direito à educação. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
NOVELINO, M. Direito constitucional. 3. ed. São Paulo: Método, 2009.
NUNES, A. R. Educação para as sexualidades: as (im)possibilidades para sua implantação
em uma escola pública da cidade de Lavras, Minas Gerais. 155 p. Dissertação (Mestrado
em Educação) – Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG: UFLA, 2014. Disponível
em: <http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/4510/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_
Educa%C3%A7%C3%A3o%20para%20as%20sexualidades%20_%20as%20
%28im%29possibilidades%20para%20sua%20implanta%C3%A7%C3%A3o%20em%20
uma%20escola%20p%C3%BAblica%20da.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.
A legislação educacional contemporânea: a Constituição e a educação como direito 17

PESSOA, E. A. A Constituição Federal e os direitos sociais básicos ao cidadão brasileiro. 2018.


Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_ar-
tigos_leitura&artigo_id=9623>. Acesso em: 08 out. 2018.
RIBEIRO, C. M. (Org.). Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da educação
infantil. Lavras, MG: UFLA, 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/pibidpeda-
gogiaufla/tecendo-gnero-e-diversidade-sexual-nos-currculos-da-educao-infantil>.
Acesso em: 08 out. 2018.
RIBEIRO, C. M.; SOUZA, I. M. S. (Orgs.). Educação inclusiva: tecendo gênero e diversidade
sexual nas redes de proteção. Lavras, MG: UFLA, 2008.
RIBEIRO, P. R. C.; SOUZA, D. O. Falando com professoras das séries iniciais do ensino
fundamental sobre sexualidade na sala de aula: a presença do discurso biológico.
Enseñanza de las Ciencias - Revista de Investigación y Experiencias Didácticas, v. 21, n. 1,
p. 67-75, 2003. Disponível em: <https://www.raco.cat/index.php/Ensenanza/article/
view/21863/21697>. Acesso em: 08 out. 2018.
SANTOS, B. S. A construção multicultural da igualdade e da diferença. Coimbra: Centro
de Estudos Sociais, 1999. Disponível em: <https://www.ces.uc.pt/publicacoes/ofi-
cina/135/135.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.
SILVA, T. T. Teoria cultural e educação: um vocabulário crítico. Belo Horizonte: Autêntica,
2000. Disponível em: <http://www.grupodec.net.br/wp-content/uploads/2015/10/
VocabularioTeoriaCultural-book.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.
TENORIO, D. L. Direito natural e direito positivo. 2018. Disponível em: <https://diego-
dods85.jusbrasil.com.br/artigos/433519427/direito-natural-e-direito-positivo>. Acesso
em: 08 out. 2018.
XAVIER FILHA, C. Educação para as sexualidades, para a equidade de gênero e para as
diversidades: desafios na e para a formação docente. In: RIBEIRO, C. M. (Org.). Tecendo
gênero e diversidade sexual nos currículos da educação infantil. Lavras: UFLA, 2012. Dispo-
nível em: <https://pt.slideshare.net/pibidpedagogiaufla/tecendo-gnero-e-diversidade-
sexual-nos-currculos-da-educao-infantil>. Acesso em: 08 out. 2018.

Leitura recomendada
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): educação é
a base. Brasília, DF, 2017b. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.
Dica do Professor

Há alguns desafios para a garantia da educação como direito à igualdade e à diferença. Vale
lembrar que o direito à educação é uma oportunidade de crescimento, um caminho de opções
diferenciadas e crescentes possibilidades de transformação.

Nesta Dica do Professor, você verá quais são esses desafios.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) No artigo 4.o, consta que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do


poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à educação. Já o
artigo 53 dispõe que a educação é direito de toda criança e adolescente. O dever e o direito
citados no texto referem-se a que documento?

A) Estatuto da Criança e do Adolescente.

B) Constituição Federal de 1988.

C) Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.o 9.394/96)

D) Base Nacional Comum Curricular.

E) Plano Nacional de Educação.

2) Declarar um direito é muito significativo; equivale a colocá-lo dentro de uma hierarquia que
o reconhece solenemente como um ponto prioritário das políticas sociais.

Nesse sentido, como se configura o direito à educação para Cury (2002)?

A) Como uma troca de favores entre Estado e sociedade civil, visando às transformações sociais.

B) Como conhecimento sólido construído no centro das questões sociais.

C) Desvinculado da educação formalizada proposta pelo Estado.

D) Parte do reconhecimento de que o saber sistemático equipara-se ao saber popular.

E) Parte do reconhecimento de que o saber sistemático é mais do que uma importante herança
cultural.

3) O direito à educação é efetivado a todas as crianças e adolescentes, de forma que sejam


respeitadas suas características e diferenças. É preciso que haja o atendimento às
necessidades de cada sujeito, inclusive das pessoas com deficiências.
O planejamento, a criação e a execução das políticas de educação são realizadas em um
trabalho conjunto entre quais órgãos?
A) Estado, escola e família.

B) Ministério da Educação, Secretaria Estadual da Educação e Secretaria Municipal da Educação.

C) Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.

D) Direção escolar, supervisão escolar e professores.

E) Secretaria da Educação; prefeituras e escolas.

4) A educação tornou-se uma prerrogativa em que todo cidadão brasileiro possui o direito de
exigir do Estado o acesso e a prática educativa. Como direito de todos, a educação, portanto,
traduz muito da exigência que o sujeito pode fazer em seu favor. Que outro aspecto está
previsto no artigo 205 da Constituição Federal de 1988?

A) A segurança social como direito de todos e dever do Estado e da família.

B) A educação promovida e incentivada com a colaboração da sociedade.

C) A saúde como direito de todos e dever excluviso do Estado.

D) A educação como direito de todos e dever exclusivo do Estado.

E) O transporte escolar como direito de todos e dever do Estado e da família.

5) A educação como direito vem consolidar o acesso e a permanência da criança e do jovem na


escola. Configura-se, também, como um meio de abertura que dá, ao sujeito, uma chave de
autoconstrução. Portanto, os efeitos da educação como direito tornam-se uma
oportunidade. Qual seria essa oportunidade?

A) Oportunidade de discussão e submissão.

B) Oportunidade de crescimento e predestinação.

C) Oportunidade de precaução e concorrência.

D) Oportunidade de crescimento e cidadania.

E) Oportunidade de cidadania e rejuvenescimento.


Na prática

A Constituição Federal de 1988 constituiu um marco para a educação nacional, ao assegurar a


todos os brasileiros o direito a uma educação gratuita e de qualidade. Muitas políticas públicas
foram criadas e implementadas desde a publicação do texto constitucional. Todavia, ainda há
muitos desafios a serem enfrentados para que o cenário educacional em nosso país seja
aprimorado.

Abaixo, veja um vídeo sobre a importância da Constituição Federal para a educação brasileira e em
seguida faça o Quiz interativo!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Este é um jogo de perguntas e respostas em que serão abordados vários temas e situações
relacionados à legislação educacional brasileira contemporânea. Analise os enunciados, escolha a
alternativa adequada e depois verifique seus acertos.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Saiba mais

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

O direito à educação nas Constituições brasileiras


Este texto pretende fornecer uma explanação sobre o direito à educação nas Constituições
brasileiras, contribuindo com o trabalho daqueles que atuam nesse campo.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Desafios do ensino básico - Instituto Paulo Freire


Este documento traz importantes aspectos da educação brasileira contemporânea.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Debate e reflexões sobre o direito à educação


Para cumprir com o direito constitucional à educação, é necessário planejar políticas e aprimorar a
gestão, garantindo universalização de acesso, permanência, aprendizagem em tempo adequado e
formação dos profissionais de educação.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Lei de diretrizes e bases da educação nacional - LDB 9394/1996
Vídeo 2/12
Este vídeo apresenta aspectos importantes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

LDB - Lei 9.394/96


Lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar