Analise Do Comportamento
Analise Do Comportamento
Analise Do Comportamento
DOI: 10.25110/educere.v22i1.20227348
1
Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Rua XV de Novembro, 1299, Centro, Curitiba - PR, CEP: 80060-000. E-mail: [email protected]
2
Acadêmica do curso de Psicologia pela Universidade Paranaense (UNIPAR). Praça Mascarenhas de
Morães, 4282, Centro, Umuarama - PR, CEP: 87502-210. E-mail: [email protected]
3
Acadêmica do curso de Psicologia pela Universidade Paranaense (UNIPAR). Praça Mascarenhas de
Morães, 4282, Centro, Umuarama - PR, CEP: 87502-210. E-mail: [email protected]
4
Acadêmico do curso de Psicologia pela Universidade Paranaense (UNIPAR). Praça Mascarenhas de
Morães, 4282, Centro, Umuarama - PR, CEP: 87502-210. E-mail: [email protected]
xx
Trabalhando práticas parentais...
INTRODUÇÃO
Educar uma criança é um processo desafiador, por isso, os pais e os cuidadores
precisam estar atentos a uma série de fatores importantes relacionados ao
desenvolvimento humano, tais como alimentação, abrigo e educação. Além desses, outros
fatores fundamentais são os sociais, os cognitivos e os psicológicos (MACARINI et al.,
2010).
Apesar das mudanças contemporâneas no conceito de família e em seus modelos
e configurações, essa instituição ainda ocupa um lugar de destaque na intermediação entre
o indivíduo e a sociedade (MACARINI et al., 2010; LINS et al., 2015). Gomide (2014)
argumenta que “[...] a família ainda é o lugar privilegiado para a promoção da educação
infantil.” (GOMIDE, 2014, p. 9).
Nesse sentido, é pertinente o seguinte questionamento: Como amar, educar,
ensinar e estimular tudo ao mesmo tempo? Encontrar o equilíbrio entre o amor e a
disciplina e entre a exigência e a responsividade é imprescindível para que se possa
cumprir a tarefa de ser pai ou mãe (WEBER, 2005), já que, como afirma Sidman (2001),
“[...] as pessoas tornam-se pais sem que ninguém as tenha ensinado como dar conta desta
responsabilidade.” (SIDMAN, 2001, p. 250).
Pais e cuidadores “[...] fazem uso de várias estratégias e técnicas para orientar o
comportamento dos seus filhos, denominadas de práticas parentais.” (LINS et al., 2015,
p. 46). Muitas vezes, esses modelos seguem padrões intergeracionais, ou seja, os pais
educam baseados no modelo de educação que receberam de seus genitores (WEBER,
2018).
xx
NAZAR, T. C. G et al.
xx
Trabalhando práticas parentais...
instrumentos utilizados; a discussão dos dados, que consiste em uma análise das ações
realizadas; as considerações finais e as referências bibliográficas.
METODOLOGIA
Local
A intervenção em grupo foi desenvolvida como parte das atividades realizadas no
Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório Específico – ESCOE I – na área da
Psicologia. Os acadêmicos atuaram como coordenadores/aplicadores, sendo orientados
pela supervisora de estágio e docente do curso.
Os encontros aconteceram em um serviço-escola de uma universidade privada
localizada no Sudoeste do Paraná, na sala destinada ao atendimento de grupos. Esse local
é climatizado, tem um espaço amplo, bem iluminado e mobiliado com cadeiras escolares
do tipo universitária.
Participantes
Participaram dos encontros 13 cuidadores (sendo 10 pais e 3 avós) que foram
encaminhados pela Defensoria Pública municipal. Esses sujeitos perderam
provisoriamente a guarda dos filhos e netos em decorrência da violação de algum direito
das crianças ou dos adolescentes. As crianças e os adolescentes foram direcionados para
o acolhimento institucional na Casa Lar municipal e podem receber visitas dos
pais/avós/cuidadores enquanto aguardam a decisão das autoridades competente para a
determinação do desabrigamento. Os participantes foram convidados a participar do
grupo terapêutico. Os critérios de inclusão foram: desejar participar de maneira
voluntária e ter algum vínculo com crianças que se encontram em situações de
acolhimento institucional provisório e que tenham sido vítimas de algum tipo de
violência.
Instrumentos
Para a condução do grupo psicoterapêutico, foi utilizado o Manual para
Aplicadores do PQIF (WEBER, 2014). Foram realizados oito encontros que
contemplaram vivências, leituras de textos, metáforas e explicações teóricas sobre os
temas trabalhados, discussões, esclarecimento de dúvidas e compartilhamento de
experiências, incluindo ainda tarefas de casa e autorregistros. No Quadro 1, cada encontro
foi descrito, indicando-se o tema, os objetivos e as atividades realizadas.
xx
NAZAR, T. C. G et al.
Quadro 1: Descrição dos temas, objetivos e atividades realizadas no Programa de Qualidade na interação
familiar (PQIF)
Encontro 1
Encontro 2
Regras e limites Mostrar aos pais a necessidade de - Atividade: “Quem vai para a lua”;
regras claras, consistentes e - Explicação teórica sobre as regras e limites;
coerentes, bem como a - Atividade: “A instrução de uma tarefa”;
necessidade de monitoria do - Discussão sobre a tarefa de casa;
comportamento da criança para - Treino de habilidades;
propiciar um desenvolvimento - Explicação da tarefa de casa.
infantil saudável.
Encontro 3
xx
Trabalhando práticas parentais...
Encontro 4
Encontro 5
Relacionamento afetivo e Sensibilizar os pais para a - “Você conhece bem o seu filho”;
envolvimento empatia com os filhos, mostrando - Explicação teórica sobre o relacionamento
a importância de se demonstrar o afetivo e envolvimento;
afeto, de participar e de se - Leitura da historinha: “Paternidade
envolver efetivamente na vida responsável”;
dos filhos. Refletir sobre a - Treino de habilidades;
qualidade da relação com os - Explicação do autorregistro.
filhos.
Encontro 6
Encontro 7
xx
NAZAR, T. C. G et al.
Encontro 8
DISCUSSÃO
Diante da relevância do tema proposto, destaca-se que os conteúdos contemplados
no grupo terapêutico consideraram elementos relacionados ao desenvolvimento de
crianças e adolescentes e às práticas parentais, de modo que tais sujeitos tenham seus
direitos garantidos. As ações descritas no Quadro 1 não se restringem apenas a
instrumentalizar os responsáveis pelas crianças e adolescentes, mas também contribuem
profissional e cientificamente para a prática dos psicólogos.
O grupo terapêutico foi realizado durante as atividades de estágio supervisionado,
que se constituem em momentos importantes para o acadêmico, pois, por meio delas, é
possível aproximar teoria e prática e vivenciar o exercício profissional, com a segurança
do suporte dado pelos professores supervisores (PIMENTA; LIMA, 2006; SILVA;
GASPAR, 2018).
A aplicação do PQIF (WEBER, 2014) como proposta de intervenção na situação
apresentada exigiu dos estagiários mais do que experiência e domínio da teoria. Foi
necessário investir no acolhimento dos participantes, envolver-se na preparação e na
realização dos encontros e, sobretudo, demonstrar empatia e sensibilidade para que os
participantes entendessem aquele espaço como seu e se sentissem respeitados em suas
diferenças pessoais e culturais.
O trabalho em grupo é extremamente produtivo, pois nele as pessoas trocam
experiências, compartilham vivências e buscam a identificação com os demais membros,
tornando-se um ambiente de proteção, de confiança e um espaço em que podem expressar
seus pensamentos, angústias e aprendizados. Sendo um ambiente “controlado” e com
objetivos definidos, o coordenador pode reforçar as respostas adequadas, aumentando as
chances desses comportamentos serem repetidos em outros contextos (DELITTI;
DERDYK, 2008).
xx
Trabalhando práticas parentais...
xx
NAZAR, T. C. G et al.
xx
Trabalhando práticas parentais...
Quadro 2: Relação participantes, resultado do EQIF no primeiro (pré-teste) e no último encontros (pós-
teste)
Participantes Resultado EQIF (pré-teste) Resultado EQIF (pós-teste)
xx
NAZAR, T. C. G et al.
observação direta podem ser úteis para uma avaliação multimodal das variáveis
envolvidas (inclusão de diferentes modalidades para avaliar comportamentos) em
diferentes fases pesquisa.
A principal limitação encontrada no estudo foi a redução do número de
participantes. A desistência foi motivada por muitos fatores, tais como: a necessidade de
ir semanalmente ao local dos encontros, o custo financeiro com o transporte, os horários
oferecidos e a expectativa que algumas pessoas apresentavam de que pudessem receber
algum privilégio, como agilizar o processo de devolução da guarda dos filhos. Em função
disso, como recorte do trabalho, optou-se por considerar apenas os dados dos que
responderam ao pré e ao pós-teste do EQIF.
Nesse sentido, o grupo psicoterapêutico baseado no PQIF confirmou-se como uma
possível estratégia de intervenção para ser trabalhada com o público em questão.
Ademais, os resultados percebidos durante a realização dos encontros, tais como o
desenvolvimento de autoconhecimento, favorecem a aquisição de autonomia e a
capacidade de realizar mudanças, de modo que os comportamentos sejam repletos de
reforçadores positivos e que se reduzam as estimulações aversivas. Esses momentos são
tão importantes para a discriminação de contingências relacionadas ao ambiente familiar
e à melhora na qualidade de interação que Farias, Fonseca e Nery (2018) asseveram que
há casos em que os pais recuperaram a guarda dos menores durante a realização das
atividades de grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização de oito encontros do grupo terapêutico anteriormente relatado,
pôde-se verificar que, inicialmente, havia uma expectativa de que, de alguma forma, os
coordenadores do grupo pudessem auxiliar no processo de reaver a guarda das crianças.
Aos poucos, contudo, ficou claro que os encontros estavam direcionados à melhoria na
qualidade das relações familiares e práticas parentais, aspectos até então ignorados, uma
vez que o padrão de muitos pais/avós/cuidadores é reproduzir com os filhos/netos as
práticas que os pais e avós tiveram com eles.
Nos demais encontros, foi possível observar que os participantes passaram a
interagir mais, cada um a seu modo, o que contribuiu para o enriquecimento e o
fortalecimento do vínculo com os estagiários coordenadores e com os demais
participantes. Houve momentos em que a emoção tomou conta da razão e situações
xx
Trabalhando práticas parentais...
REFERÊNCIAS
______. Programa de qualidade na interação familiar: manual para facilitadores. 2. ed.
Curitiba: Juruá, 2014.
______. Programa de qualidade na interação familiar: manual para facilitadores. 3. ed.
Curitiba: Juruá, 2018.
______; BRANDENBURG, O. J.; SALVADOR, A. P. V. Programa de qualidade de
interação familiar - PQIF. Psico, Porto Alegre: PUCRS, v. 37, n. 2, p. 139-149, maio/ago.
2006.
ALBERTO, M. de F. P. et al. O papel do psicólogo e das entidades junto a crianças e
adolescentes em situação de risco. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 28, n. 3, p. 558-
573, set. 2008.
xx
NAZAR, T. C. G et al.
xx