A Inquilina (In) Desejada - Andrezza Mota
A Inquilina (In) Desejada - Andrezza Mota
A Inquilina (In) Desejada - Andrezza Mota
Capa
Diagramação
Mylene Ferreira
Revisão
Equipe portal
Hora do Conto
Livro Digital
1ª Edição
Andrezza Mota
***
Desço do táxi cansado. A empresa só conseguiu um
voo para o final da tarde e, além do voo atrasar, a retirada
de bagagens demorou uma eternidade.
Entro no meu prédio arrastando as duas malas que
levei. Seriam quarenta dias fora de casa, o que justifica o
peso. Tudo está silencioso devido à hora, o que é bom, pois
quero chegar em casa e depois de um banho me jogar na
cama.
Tinha um bebê no voo que não parava de chorar. A
mãe se desculpou várias vezes e disse que ele estava
doentinho. Se estou com dor de cabeça, imagino a mãe.
Desço do elevador no meu andar e escuto uma
música animada. Imediatamente penso no filho da puta do
meu vizinho. Ele adora dar festinhas. Só espero que o som
não invada o meu apartamento.
Conforme avanço pelo corredor, o barulho fica mais
alto e ao parar em frente a minha porta, sinto um leve
tremor ao perceber que o barulho vem de dentro.
Abro a porta e fico em choque.
Uma garota de calcinha e regata dança animada
sozinha no meio da minha sala enquanto passa um vídeo na
televisão.
Que porra é essa?
Coloco as malas para dentro e fecho a porta com
força.
Ela dá um grito ao me ver e desliga a televisão.
— Quem é você? Sai da minha casa agora!
Ela aponta com o controle para a porta enquanto
grita.
— Quem é você? e o que diabos está fazendo na
minha casa? Esse apartamento é meu!
— Eu aluguei. Então ele é meu e quero que saia agora
ou vou chamar a polícia.
— Como você alugou se eu não aluguei para
ninguém? Quem é você sua maluca?
— Maluca? Você um maníaco que entra na casa das
pessoas sem bater e eu sou a maluca?
— Esse apartamento é meu! Eu tenho a chave!
— Alugaram para você também? — Ela se senta no
sofá e em seguida se levanta. — Eu cheguei primeiro, então
por favor, vá embora.
— Que parte de que esse apartamento é meu você
não entendeu? E você pode vestir uma roupa, por favor?
Fica bem difícil discutir com uma mulher bonita e
seminua.
— Eu fico como eu quiser. Você é quem deve ir
embora.
— Vou tirar minha roupa para equilibrar a discussão
então.
Ela parece se dar conta que está quase pelada e corre
para o quarto. No processo posso ver seu bumbum redondo
e a calcinha se perdendo entre as bandas.
Não basta ser irritante, tem que ser gostosa.
— Pronto, vamos resolver agora. — Ela volta para a
sala com uma camiseta branca que não resolveu porra
nenhuma.
— Essa camiseta é minha!
— Foi a primeira que achei. — Ela dá de ombros e se
vira para revirar alguns papéis e só então me dou conta da
zona da minha casa.
Papeis e livros espalhados por todos os lados, a minha
cozinha está um caos, embalagens de delivery por todos os
lados, a pia prestes a expulsar os copos e pratos e meu
fogão está sujo!
Eu vou ter um ataque!
A lavanderia tem roupas espalhadas e o meu tapete
que fica em frente a pia tem uma mancha enorme.
Ela destruiu minha casa.
— Aqui está. O contrato.
Pego os papeis que ela me entrega e está tudo lá. Um
contrato de aluguel de uma imobiliária com ela.
Como isso é possível?
Olho a chave que está na porta e a reconheço, é a
que fica com o zelador para casos de emergências. Eu não
acredito.
— Viu? Estou certa. Agora pode dar o fora.
Pego minha carteira e mostro minha habilitação.
— Está vendo? Sou o proprietário e você deve sair
agora da minha casa, eu não permiti essa locação e, se
permitisse, não seria um valor tão baixo.
— Eu não vou sair. Aluguei, paguei e vou ficar. Você
que procure um hotel ou vá para a casa de um amigo ou
namorada.
— Você é muito folgada. Eu não recebi um real por
isso e você ainda destruiu meu apartamento. Olha a zona
que está aqui e ainda usa minhas roupas!
— Eu vou aproveitar o feriado para lavar roupas, não
trouxe muitas e não sabia que receberia visita.
— Eu não sou visita, caralho. Sou o dono dessa porra
e você tem que sair. Vou tomar um banho. Por essa noite,
você pode ficar no sofá e amanhã damos um jeito nessa
bagunça.
— Que sofá? Essa pedra que não dá nem para sentar
você chama de sofá? Eu paguei por uma cama e devo
confessar, é ótima. Você que fique com a pedra. Boa noite!
Filha da puta! Filha da puta!
A maldita entra no meu quarto e fecha a porta.
Minha cabeça vai explodir. É hoje que eu cometo um
crime.
Coloco minhas malas ao lado da porta e vou para o
banheiro que fica no quarto. Ela está deitada de bruços no
meio da cama enrolada nos meus lençóis.
Maldita!
Entro no banheiro e quando acendo a luz, não
contenho o grito.
Meu box virou a porra de um varal de calcinhas. Tem
maquiagem, potes e cremes por toda a pia e uma toalha de
banho amontoada em cima do vaso sanitário.
Essa mulher é o taz mania. Um furacão em forma de
gente.
Tento ignorar toda a bagunça e tomo um banho.
Preciso me acalmar antes que eu tenha um infarto.
Enrolo-me na toalha molhada e saio para pegar uma
roupa. Se ela gosta de desfilar com pouca roupa, não serei
eu a ser o contido.
Acendo a luz do quarto e vasculho meu guarda-roupa
em busca de uma cueca e bermuda.
Ela observa descaradamente eu andar de toalha até
apagar a luz e sair do quarto.
O que eu vou fazer para sair dessa situação?
Capítulo 3
A madrugada está avançando, mas eu não vou
conseguir descansar com toda essa bagunça.
Não sei nem por onde começar.
Pego a toalha molhada e decido começar colocando
roupa na máquina. As minhas toalhas.
Depois de recolher o lixo e lavo e guardo a louça
deixando minha cozinha como deve ser.
Junto todos os livros e papeis que ela espalhou,
analisando o sobre o que são. Enfermagem.
Organizada do jeito que é, eu não quero ser seu
paciente nunca.
Com a casa, pelo menos a sala e a cozinha
organizadas e limpas, sento-me no sofá para analisar o
contrato.
A assinatura é um rabisco.
Hoje é quinta sendo feriado, ou seja, provavelmente
só conseguirei mais respostas na segunda-feira, mas até lá
não posso conviver com essa maluca.
Natalia, vinte e quatro anos, solteira e estudante.
Gostosa e bonita. Meu pensamento conclui.
Como essa maluca conseguiu alugar meu
apartamento? Como alguém tem coragem de fazer isso?
Busco na internet o nome da imobiliária e vejo vários
anúncios de imóveis para locação por dias ou semanas.
Todos na região em que moro.
Isso está me cheirando muito mal.
Deito no sofá e tento relaxar, mas a verdade é que o
chão realmente é mais confortável.
Ele está velho e gasto e estou para trocar há algum
tempo. Talvez a hora seja agora.
Eu não vou ferrar minha coluna enquanto a intrusa se
apossa da minha cama.
Vou para o quarto e felizmente ela está deitada em
um lado da cama. Deito-me no outro lado com outro e limpo
lençol.
Uma noite.
É só uma noite na cama com uma desconhecida para
dormir.
Capítulo 4
Acordo e ao me levantar da cama, vejo-o deitado sem
camisa do outro lado.
Não acredito que ele teve coragem de deitar comigo
aqui.
Faço minha higiene matinal evitando fazer qualquer
barulho para não acordá-lo.
Confesso que fiquei apreensiva quando o vi entrar
com as malas e por mais que estivesse com medo, não
poderia baixar a guarda, ou ele poderia me achar uma presa
fácil.
Saio do quarto na ponta do pé disposta a organizar a
casa. Realmente está uma bagunça, mas em minha defesa,
eu estava muito ocupada e iria arrumar tudo hoje.
A sala e a cozinha parecem outra. Toda a bagunça
desapareceu.
Pelo jeito o senhor estressadinho é viciado em
arrumação e passou a madrugada arrumando tudo.
Estava tudo bom demais para ser verdade.
Vejo minhas roupas empilhadas sobre a bancada da
máquina e é a única coisa que ele não organizou, pois o
meu material de estudo, está empilhado na mesa.
Coloco água para ferver e lavo minhas roupas.
A máquina está cheia de toalhas de banhos lavadas e
secas. Não evito sorrir ao imaginar aquele gato limpando a
casa.
Será que ele fez tudo de toalha?
Eu bem reparei nele ao sair do banheiro e já que ele
me viu quase sem roupa, era justo eu dar uma olhadinha.
Enquanto a água ferve, dobro as toalhas e coloco as
minhas roupas na máquina. Não menti quando disse que
estava sem roupas e como é feriado, tenho tempo suficiente
para colocar tudo em dia.
— Bom dia. Fiz café. — Tomo um gole da caneca
enquanto ele me olha. — Eu ia arrumar a casa hoje, você
não precisava passar a madrugada…
— Não tinha condições de se cogitar dormir com a
casa naquele estado e por favor, não faça meu box de varal.
Meu banheiro está um caos.
— Quer que eu pendure minhas calcinhas na janela?
Deixa de ser chato. Por acaso é alérgico a coisas femininas?
Se ele for gay, as mulheres estão no prejuízo. Oh,
mundo injusto.
— Tenho alergia a bagunça. Pessoas bagunceiras.
Você poderia usar o varal, mas essa discussão é
desnecessária. Você vai embora hoje. Espero que esteja
fazendo suas malas.
— Aluguei e paguei. Vou ficar e você que se vire com
quem está te dando o golpe e até lá, prefiro não dividir a
cama com você. Aliás, você foi muito ousado em se deitar
sem eu permitir.
— Pedir permissão para me deitar na minha cama?
Garota, você só pode ter batido a cabeça.
— Por algumas semanas, a cama é minha! E não vou
sair.
Saio da cozinha deixando a caneca dentro da pia, mas
volto imediatamente para lavá-la.
Ele observa eu lavar e secar a porcelana e depois
colocar no armário. Não vou dar munição para ele.
Pego a enorme pilha de toalhas dobradas e vou para o
quarto.
Como fui entrar nessa confusão?
Fecho a porta do quarto para ter privacidade e
começo a organizá-lo. Pelo menos até ele sair, preciso
mudar a má impressão que ele tem de mim sobre a
bagunça.
Retiro minhas calcinhas do box. Não vejo problema
em algumas — muitas — peças penduradas. Eu tomo dois
banhos por dia, poxa!
— Natalia, precisamos conversar. — Ele entra no
quarto sem bater enquanto arrumo a cama. — E você
poderia vestir algo mais… cumprido?
— Eu não ligo de te ver de toalha. — Dou de ombros,
terminando de esticar o lençol. — Eu te falei que minhas
roupas estão lavando. Daqui a pouco eu visto um short,
enquanto isso, é só não olhar.
Ele parece estar prestes a me jogar pela janela ou
pular e é tão bonito irritado que não consigo parar.
— Eu acho que só vou conseguir resolver o problema
na segunda-feira, por causa desse maldito feriado. Eu te
devolvo o valor integral e você dá o fora daqui. Posso até te
ajudar a procurar, talvez algo aqui mesmo.
— Não vou sair, Felipe. Não existe nada por aqui com
o valor que eu paguei. É melhor você ir para casa de um
amigo ou namorada, namorado?
— Você só pode estar de palhaçada? — Ele senta-se
na cama recém-arrumada. — Precisamos de uma solução.
— Que tal comprar um daqueles colchões infláveis?
Porque dificilmente um sofá novo seria entregue hoje e o
colchão resolve o seu problema. Você pode dormir na sala
sem nenhum problema.
— Você tem razão. Vou comprar um, mas quem vai
fazer um bom uso dele é você.
Há, há, há. Sonha bonitão.
***
Passamos a manhã nos evitando, mesmo em um
apartamento que mais parece uma lata de sardinha,
conseguimos nos evitar.
Fiquei na sala e ele no quarto desfazendo as malas.
Aproveito que algumas das roupas secaram e visto
um vestido depois de um banho.
— Felipe. — Entro no quarto e o encontro na cama
lendo um livro. — Preciso comprar algumas coisas. Vou levar
o contrato de aluguel caso seja preciso chamar a polícia.
Lindo, gostoso e ainda gosta de ler. Evito suspirar com
o que vejo.
— Pode ir tranquila. — Ele coloca o livro na mesa ao
lado da cama e se levanta. — Vou aproveitar e sair também.
Deixo-o sozinho e volto para a sala para pegar a
bolsa.
Ele pega a chave do carro e abre a porta esperando
que eu passe.
Enquanto esperamos o elevador, a porta do
apartamento de frente ao nosso abre e um casal sai
sorrindo.
Felipe bufa ao meu lado e o casal para de rir ao nos
ver.
— Oi, Felipe. Faz tempo que não te vejo. — A mulher
parece desconfortável.
— Poderia ser mais tempo se você tivesse vergonha
na cara.
Felipe parece estar mais furioso do que quando me
viu no seu apartamento.
— Que isso brother. Não precisa ser tão rancoroso.
As portas do elevador se abrem e eu puxo Felipe pela
mão.
Ainda bem que o casal tem o bom senso de não
entrar, de qualquer forma, eu não permitiria.
Aperto o botão para a garagem. Meu colega de casa
está tão furioso que nem percebi.
— Tem condições de dirigir? — Saímos juntos na
garagem e espero ele indicar onde está o carro.
— Vem comigo. — Ele segura minha mão e me guia
até um carro sedan. — Eu te levo onde você quiser.
Entro no carro e em seguida vejo a porta do elevador
abrir e o casal sair.
Felipe acelera para sair do estacionamento e não é
difícil imaginar que aquela lambisgoia o magoou.
— Quer falar sobre o que aconteceu?
— Ela era minha namorada e ele era meu amigo. O
resto você conclui. Aonde precisa ir?
— Que vaca! Que traíra. Quero voltar lá e dizer umas
poucas e boas para aqueles imbecis! Quer saber, você está
bem melhor sem aquela mulher escrota. E seu amigo te fez
um favorzão.
Meu sangue ferve com a cara de pau dos outros. E
ainda ele precisa ver os dois sempre?
— Concordo com você em tudo, mas isso não é
problema seu. Podemos seguir nossas vidas?
— Claro. Desculpe perder a linha. É um problema seu.
Vou ao shopping.
Ele me deixa no shopping e desaparece entre os
carros do trânsito.
Pensei em convidá-lo para almoçar e quem sabe
reestabelecer uma boa relação, mas agora, não sei nem se
vou conseguir ficar no apartamento.
Capítulo 5
Depois de deixar Natalia no shopping, fui ao mercado
comprar o bendito colchão e alguns mantimentos que estão
acabando.
Queria passar o dia fora, mas fiquei tão frustrado com
a cara de pau deles que perdi a vontade totalmente, por
isso voltei para casa.
Gosto muito de ficar sozinho e com aquela intrusa
aqui fazendo bagunça, simplesmente me enlouquece.
Pelo menos, ela tirou todas suas peças íntimas do
meu banheiro e arrumou suas roupas na parte do guarda-
roupa que ela se apossou.
Ela é muito cara de pau. Poderia dizer corajosa, mas
cara de pau combina mais.
Enquanto pego água gelada na geladeira, escuto
vozes no hall. Aproximo-me da porta e vejo que é o meu ex-
amigo puxando assunto com Natalia.
“Eu não tive oportunidade de me apresentar. Sou o
Lucas e se você precisar de alguma coisa, é só bater na
minha porta. Te vi no condomínio, mas não sabia que estava
tão perto.”
“Perto o suficiente para saber que você não vale
nada. Faça um favor, você e sua namorada escrota,
mantenha distância de nós.”
Ela abre a porta e se assusta ao me ver tão perto. Seu
rosto está vermelho e não sei se é só do sol.
— Pensei que chegaria antes de você. Estou morrendo
de sede. O calor está demais, se você não estivesse aqui,
tiraria toda a roupa.
— Em outras circunstâncias, não me incomodaria, até
porque já vi um pouco.
Sorrio achando que ela vai me esculachar, mas em
vez disso, ela coloca o copo na pia e passa por mim com um
olhar malicioso.
— Você vai tirar essa camiseta também? — Ela passa
a mão por meu peito e meu pau reage na mesma hora. —
Também já vi um pouco do que tem aqui.
Ela entra no quarto rindo e fecha a porta.
Preciso ter cuidado com o que falo, pois ela não se
acanha de nada. O duro é que ela me deixa duro. É bonita,
atraente e intensa.
Uma bomba de confusão.
Tudo que preciso evitar.
— Comprei o colchão. Até segunda-feira vamos nos
virando, depois resolvemos o que você vai fazer.
Ela sai do quarto com um short e uma regata. Fico
feliz e triste ao mesmo tempo.
— Tudo bem. Eu vou fazer alguma coisa para comer,
quer me ajudar?
Deixo a caixa do colchão no sofá e vou atrás dela na
cozinha. O ambiente é apertado e não nos tocarmos é
quase impossível.
— Vou fazer um macarrão porque é mais rápido.
— Você estava conversando com o Lucas.
— O seu vizinho filho da puta? Ele estava dando em
cima de mim porque acha que estamos juntos. Minha
vontade era de dizer poucas e boas, mas como você disse,
isso não é problema meu.
— Você não leva desaforo. Gosto disso em você.
— Até o final do mês, você estará gostando de tudo
em mim. Sou muito legal. Amanhã vou tomar um solzinho
na piscina. Você podia vir comigo para me proteger dos
seus vizinhos safados.
— Tenho certeza de que você não precisa da minha
proteção, mas te faço companhia e ainda deixo você passar
protetor solar nas minhas costas.
— Ótimo porque essa era minha intenção. — Ela pisca
para mim. — Você fica de olho no macarrão? Já volto.
Talvez eu deva ir para um hotel.
***
O resto do feriado ficamos em casa assistindo
televisão, o tempo mudou e nossas promessas de passar
protetor solar ficaram apenas nas palavras.
Acabamos convivendo bem. Ela se manteve
organizada ou menos bagunceira e parou ou tentou não
deixar suas calcinhas no banheiro. O engraçado é que eu
estava me acostumando. Bastava ela me ver e voltava para
lavar o copo ou buscar a toalha que tinha deixado em
qualquer lugar.
Uma semana e sobrevivemos, minhas costas não
concordam, mas se eu me deitasse ao seu lado depois de
tanto flerte, eu não sei se conseguiria não a agarrar e
sinceramente, acho que ela iria adorar.
Acabei ficando até mais tarde no escritório e peguei
mais trânsito do que o normal.
Tudo que quero é chegar em casa, tomar um banho e
me jogar no meu colchão inflável.
Quando coloco a chave na porta, escuto risadas.
Respiro antes de abrir a porta.
— Finalmente você chegou.
— Mãe! O que está fazendo aqui?
— Oi, Felipe. Também estava com saudades.
Abraço minha mãe olhando para Natalia buscando
respostas com o olhar.
— Desculpa. Eu não sabia que viria aqui hoje.
— Não tem problema, sua amiga me fez companhia.
Por que não me contou que ela estava morando aqui,
Felipe?
Natalia abraça minha mãe e pede licença para nos
deixar a sós.
— É temporário, mãe e ela é apenas minha amiga.
— Claro, e está dormindo na sua cama, ocupando
metade do seu guarda-roupa? Não sou inocente, Felipe. De
qualquer forma, a convidei para o casamento de sua irmã.
Aposto que você esqueceu. Sua roupa deve ser retirada
amanhã. Leve-a com você. Aposto que sua irmã vai gostar
dela, assim como eu.
— Mãe, ela não é minha namorada. Não crie
expectativas.
Como sempre, ela ignora o que eu falo.
— Preciso ir. Nos vemos no casamento.
— Desculpe ter chegado tarde. Depois do casamento
prometo ir a sua casa.
Despeço da minha mãe e assim que fecho a porta,
Natalia volta para sala.
— Você pode inventar uma desculpa, que eu estava
com dor de barriga ou qualquer coisa.
— Se você quiser ir, eu não vou me incomodar.
— Eu adoro festa de casamento, mas só vou se você
prometer dançar comigo. Mostrar o seu gingado. — Ela me
abraça e começa a balançar o corpo para os lados. — Solte-
se, Felipe. Mostra o que você sabe.
Coloco as mãos em sua cintura e subo por suas costas
trazendo-a para mais perto.
— Estamos brincando com fogo aqui e não terá
extintor para apagar.
— Deixa queimar. — Ela coloca as mãos no meu peito.
Sinto sua respiração acelerada.
— Não quero ver cinzas. Me desculpa.
Solto seu corpo e vou para o banheiro.
Não posso me apegar a ela e se transarmos, será o
meu fim.
Capítulo 6
Passamos a semana nos evitando. Ela saia mais cedo
e eu chegava mais tarde.
O clima ficou estranho e eu não sei como corrigir.
Qual é a porra do meu problema?
Ela me expulsou do quarto depois que voltou do salão
com o cabelo e maquiagem prontas.
Ainda preciso calçar os sapatos e ela não abre a porta.
— Pronto estressadinho. Estou pronta.
Natalia sai do quarto como uma mulher fatal. O
vestido vermelho a deixa ainda mais sexy e eu não consigo
parar de babar.
— Uau!
— Gostou? Espero que algum dos convidados…
— Eu vou calçar os sapatos e podemos ir.
Idiota!
Xingo-me. Todos os convidados vão ficar vidrados
nela. Ela está linda e de tirar o fôlego.
Não desgrudei dela até agora. A festa está divertida e
a única coisa que eu sei fazer é ficar arranjando motivos
para ficar perto dela.
— Vamos dançar, Felipe? — Agarro sua mão e a levo
para a pista de dança. — Ainda está com medo das cinzas?
— Ela pergunta enquanto dançamos.
— Não é medo. Mas que se foda.
Seguro sua nuca e a beijo com muito desejo.
Ela não decepciona se entregando ao beijo e me
puxando para perto de si cada vez mais.
— Você pensa demais, Felipe. Eu quero você há dias.
— Vamos para casa agora mesmo.
— E a sua família?
— Eles não vão sentir nossa falta. Não somos os
noivos.
Saímos da pista de dança sem dar satisfação a
ninguém, mas antes de chegarmos à saída, ela me para.
— Vem comigo. — Entramos em um banheiro para
deficiente e ela tranca a porta. — Acha mesmo que vou dar
tempo de você pensar e voltar atrás?
— Se é o que você quer, vamos brincar de
incendiador.
Puxo-a pela cintura e abaixo a alça do seu vestido
enquanto beijo seu pescoço.
Ela é deliciosa.
— Isso, Felipe! — Belisco o bico do seu seio e
mordisco sua orelha. — Quero ser sua hoje.
— É você é, porra.
Ela abre o zíper da minha calça e acaricia meu pau
sobre a cueca.
— Diga que você pegou uma camisinha.
— Não peguei, merda. Mas não se preocupe que não
vou te decepcionar.
Levanto a saia do seu vestido e passeio os dedos
entre suas pernas até sua calcinha.
Uma pequena peça que atrapalha meu alvo, por isso
coloco ela de lado e sinto toda sua excitação.
Mordo seu seio exposto e faço movimentos rápidos
em seu clitóris. Quero levá-la logo para casa e fodê-la com
muita força.
— Não para. Não para.
— Quero você toda nua na minha cama, Natália.
Quero você gozando com meu pau!
— Ohh. Isso. Quero isso.
Ela fica molenga após gozar no meu dedo e eu abraço
até confiar que ela pode ficar de pé e correr, porque vamos
correr até o carro.
Entramos no carro e toda minha atenção está na
pista, pois se eu desviar o olhar, encosto o carro e vamos
transar em qualquer lugar.
Subimos o elevador nos agarrando e quase esqueço
de apertar o botão do nosso andar.
— Direto para o quarto. — Ordeno.
— Acha mesmo que eu ia querer fazer algo nesse sofá
horrível?
Ela faz gracinha deixando os sapatos espalhados e a
jogando seu vestido no chão. Provocadora.
Livro-me das minhas roupas, ficando apenas de
cueca, pego as camisinhas da gaveta e jogo na cama. Ainda
não estive dentro dela.
Tiro sua calcinha que está molhada e meu desejo só
aumenta.
— Você é linda. Abra as pernas para mim. Sinto desejo
por você desde a primeira vez que te vi dançando seminua.
— E eu te desejo desde que você me viu dançando
seminua na sua sala.
Ela faz o que eu peço e sem esconder a ansiedade.
Lambo toda sua extremidade parando em seu clitóris. Ela
treme e tenta fechar as pernas, mas eu não permito.
Brinco com seu ponto de prazer revezando com a
minha língua dentro dela. Meus cabelos são puxados com
cada vez mais força. Introduzo dois dedos e chupo com mais
força até ela explodir no orgasmo.
— Por que demoramos tanto, Felipe? Sabe quantas
noites eu esperei você atravessar aquela porta e se deitar
sobre mim?
— Talvez a mesma quantidade de vezes que cheguei
até a porta e dei meia volta, mas agora eu estou aqui.
Tiro toda a minha roupa e coloco o preservativo.
Chegou a hora de matar minha vontade e gozar dentro
dessa maluca gostosa e finalmente incendiar essa cama.
Capítulo 7
— Natalia? — Chamo-a da cama e não tenho resposta.
Ando pela casa nu a sua procura e a única coisa que
encontro é um bilhete sobre a mesa.
“Obrigada pela hospedagem. Meu prazo acabou e
consegui um lugarzinho legal para morar.
Você é um homem incrível e maravilho. Amei nossa
noite e nunca vou esquecê-la.
Espero não ter deixado muitas cinzas.
Beijos,
Natalia.”
O que?
Leio mais uma vez sem acreditar.
Ela foi embora?
Volto para o quarto e não tem nada dela aqui. Suas
roupas e as duas malas desapareceram.
Procuro por meu celular e quando o pego, lembro que
não tenho a porra do número dela. Nunca trocamos telefone
e o contrato ela não me devolveu.
Droga!
Para onde essa mulher foi?
Visto uma roupa qualquer e saio do apartamento em
busca de pistas.
Paro na portaria e pergunto para o porteiro se a viu
sair.
“Ela pegou um Uber, Felipe. A coitadinha estava
triste.”
Mulher impulsiva. O que tinha na cabeça?
Como vou te achar Natalia?
***
Duas semanas que ela foi embora e eu não a esqueci.
Sinto falta de sua bagunça e de sua companhia.
Das risadas que ele me fazia dar e do seu péssimo
dom na cozinha.
Sinto falta dela e não vou ficar parado.
— Preciso sair agora. — Aviso meu colega sem dar
maiores informações e tenho uma ideia de onde posso
encontrá-la.
Dirijo como um louco, mas não tenho tempo a perder.
Preciso chegar ao hospital que ela fazia o tal curso antes da
mudança de turno.
Pergunto ao segurança depois de estacionar por onde
as enfermeiras costumam sair e ele me diz que estou no
lugar certo. Faltam quinze minutos para a troca de turno
então as minhas chances de encontrá-la chegando ou
saindo são boas.
Branco.
Eu só vejo branco, jalecos e roupas brancas e nada da
minha garota.
Pode ser o seu dia de folga. Olho no relógio mais uma
vez e já se passaram quase uma hora e nada dela.
Posso tentar amanhã. Todos os dias até a encontrar e
receber satisfação.
— Natalia, é muito longe. Duas horas?
— É o que eu posso pagar, Lia. E tudo bem, eu dou
conta e posso usar essas horinhas para dormir.
— Claro, quando consegue se sentar. Maluca.
Escuto a conversa de duas mulheres enquanto vou
para o carro e paro ao ouvir sua voz.
— Natália? — Chamo-a quando passa por mim sem
me notar.
— Como me achou?
— Amiga, quer que eu fique? — Sua amiga toca seu
braço em apoio.
— Pode ir. Ele é o dono do apartamento que eu estava
morando.
Ela parece estar abatida ou apenas cansada, mas
quero acreditar que é por sentir minha falta.
As duas se despedem e quando sua amiga se afasta,
volto a falar.
— Você está me devendo. Ficou dois dias a mais além
do contrato.
— Sério? Você está aqui para me cobrar dois dias? Os
nossos últimos dois dias juntos? — Ela começa a mexer na
bolsa irritada. Tenho vontade de rir, mas me controlo. —
Inacreditável! Qual o valor?
— Seu dinheiro não vai pagar e, além disso, deixou
cinzas por todo o apartamento e até agora eu não consegui
limpar.
— Cinzas?
— Sim. Cinzas. — Encurto nossa distância e seguro
sua mão livre. — Você foi embora e deixou uma bagunça.
Quero minha vida organizada de novo. Quero você.
— Está falando sério? — Ela enlaça nossos dedos.
Tenho vontade de acabar com toda conversa e
arrastá-la para casa. Preciso beijá-la.
— Estou aqui há horas, acha que estou brincando?
Acaricio seu rosto louco para beijá-la. Seguro seu
queixo e a beijo.
Ela se entrega soltando sua bolsa no chão e me
abraçando.
Sinto mais falta do que imaginava. Seu beijo é mais
gostoso do que tinha na memória e não vejo a hora de tê-la
na minha cama.
— Posso pensar no seu caso, mas quero algumas
regalias.
— Cheia de gracinha, vamos negociar. — Pego sua
bolsa do chão e a abraço para irmos para o carro.
— Quero pendurar minhas calcinhas no box do
banheiro.
— De jeito nenhum.
Eu tinha esquecido do quanto ela é bagunceira.
— Quero deixar louça na pia e guardar as louças fora
do lugar.
— Claro que não, Natália. Meu Deus!
— Quero deixar as roupas para lavar amontoada.
Nada de dobrar as roupas sujas.
— Podemos negociar se você deixar no cesto.
Se eu não ver, posso tolerar.
— Comprar um sofá novo logo.
— Concordo. Vamos ao final de semana.
— E por último quero andar de calcinha e blusa pela
casa.
— Isso eu aceito, principalmente quando eu estiver
com você.
Abro a porta do carro para ela e dou a volta para o
meu lugar. Ainda bem que a distância é bem curta e logo
vou poder estar sobre ela na nossa cama.
De inquilina maluca e indesejada, a mulher que estou
perdidamente apaixonado.
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Sinopse: