Caderno de Resumos - II SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE PESSOAS SURDAS
Caderno de Resumos - II SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE PESSOAS SURDAS
Caderno de Resumos - II SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE PESSOAS SURDAS
II SEMINÁRIO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE
PESSOAS SURDAS
Organizadores:
Daniane Pereira (UFSB)
Crisiane de Freitas Soares (UFPel)
Jaqson Alves Santos (UFSB)
Joeli Teixeira Antunes (Unimontes)
Jônatas Lino Rodrigues (Unimontes)
Liliane Pereira Barbosa (Unimontes)
Maria Alice Mota (Unimontes)
Maria Leidiane Rodrigues Pereira Reis (Unimontes)
Raimirys Costa Rocha (SME Brumado/BA)
Samuel Parrela Braga (Unimontes)
FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenação geral do evento
Comissão organizadora
Comissão científica
Equipe de monitores
Daniane Pereira
Maria Alice Mota
Jônatas Lino Rodrigues
Samuel Parrela Braga
Realização
APRESENTAÇÃO................................................................................................................. .........................................9
PROGRAMAÇÃO.................................................................................................................. ......................................10
O DIREITO À EDUCAÇÃO BILÍNGUE DAS PESSOAS SURDAS À LUZ DOS ACÓRDÃOS DO TJSP x
TJSC......................................................................................................................... ......................................................62
Samuel dos Santos Silva Jesus
Em sua segunda edição, o objetivo do evento foi congregar professores e acadêmicos da área de Letras
e Educação, tradutores, intérpretes (pessoas surdas e ouvintes) e demais interessados em refletir e
discutir sobre aspectos que envolvem a língua de sinais, tais como: aspectos linguísticos; contato de
línguas; bilinguismo; aquisição de L2; aquisição da LSB; oralidade e escrita de LSB, políticas
linguísticas voltadas às pessoas surdas; tradução e interpretação; processo de ensino e aprendizagem
como primeira (L1) e segunda língua (L2). Desta forma, o GELIS, através do II SEMINÁRIO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE PESSOAS SURDAS, atua como meio de promover o
uso e a difusão da Língua de Sinais Brasileira (LSB), contribuindo, também, para a formação de
profissionais bilíngues que colaborem para o processo de educação bilíngue para surdos no sistema
educacional brasileiro, com igualdade e equidade de direitos à Comunidade Surda.
O evento, que ocorreu entre os dias 29 e 31 de outubro de 2024, em formato remoto, reuniu graduandos,
pós-graduandos, professores e demais pesquisadores da UFSB e de outras instituições de diversos
estados brasileiros. Reuniu aproximadamente 506 participantes, 53 trabalhos apresentados e 11
convidados. A programação contou com atividades no matutino, vespertino e noturno, entre
minicursos, workshops, palestras, relatos de experiências e apresentação de trabalhos científicos.
Por fim, enfatiza-se que o evento proporcionou um real intercâmbio de conhecimentos aos graduandos,
pós-graduandos, professores, pesquisadores e convidados, favorecendo a propagação da pesquisa, do
ensino e da extensão no âmbito da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
A Comissão Organizadora
9
PROGRAMAÇÃO
Monitoras:
1. Martha Daniele Santos (Cefet RJ)
2. Letícia Andrade Elesbão (UFSB)
Monitora:
1. Simone Rodrigues Luz Lima (UFSB)
10
Palestrante: Prof.ª Dr.ª Sônia Marta de Oliveira (SME BH/MG)
Monitoras:
1. Dilsa Maria Santos Carrera (UFSB)
2. Simone Morais de Oliveira (UFSB)
3. Simone Rodrigues Luz Lima (UFSB)
Monitor(a):
1. Martha Daniele Santos (Cefet RJ)
Monitoras:
1. Martha Daniele Santos (Cefet RJ)
2. Letícia Andrade Elesbão (UFSB)
3. Jamile Alexandrino dos Santos (UFSB)
11
2- Minicurso: Escrita da Língua de Sinais Brasileira em SignWriting
Monitora:
1. Simone Rodrigues Luz Lima (UFSB)
2. Roseane Macedo dos Santos (UFSB)
Monitoras:
1. Dilsa Maria Santos Carrera (UFSB)
2. Isabela Rodrigues da Silva (UFSB)
3. Simone Morais de Oliveira (UFSB)
4. Simone Rodrigues Luz Lima (UFSB)
12
1. Maria Leidiane Rodrigues Pereira Reis (Unimontes)
2. Mileide Santos Leite (IFBA)
Monitora:
1. Martha Daniele Santos (Cefet RJ)
2. Roseane Macedo dos Santos (UFSB)
Ministrantes: Prof.ª Ma. Daniane Pereira (UFSB), Prof.ª Dr.ª Joeli Teixeira Antunes (Unimontes),
Prof.ª Ma. Maria Leidiane Rodrigues Pereira Reis (Unimontes), Prof.ª Esp. Raimirys Costa Rocha
(SME Brumado/BA) e Prof.ª Esp. Claudineia Gonçalves dos Santos (Unimontes)
Monitora:
1. Simone Rodrigues Luz Lima (UFSB)
Monitoras:
1. Dilsa Maria Santos Carrera (UFSB)
2. Isabela Rodrigues da Silva (UFSB)
3. Simone Morais de Oliveira (UFSB)
4. Simone Rodrigues Luz Lima (UFSB)
13
5. Maria Leidiane Rodrigues Pereira Reis (Unimontes)
6. Raimirys Costa Rocha (SME Brumado/BA)
7. Thiago Loyola Franco (UFMG)
14
EIXO 1
LÍNGUA DE SINAIS
BRASILEIRA,
SOCIEDADE E
INTERAÇÃO
15
A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS EM RELAÇÃO A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA
DOS SURDOS NEGROS: UM ESTUDO SOBRE PERFORMATIVIDADE
RESUMO: Esta pesquisa pretende verificar se os negros surdos performatizam a Língua Brasileira de
Sinais (Libras) de acordo com sua construção identitária, étnico racial e o impacto da língua. A
discussão volta-se a partir de dois momentos específicos: 1) - Apresentar os estudos que abordam a
Linguística Aplicada Transgressiva desenvolvida por Pennycook (2006) em diálogo com os Estudos
Culturais de Hall (1997); 2) - Verificar a possibilidade de uma sinalização ou sinais próprios dos negros
surdos. Ao refletirmos sobre essa temática, podemos fazer a seguinte indagação: Os sujeitos negros
surdos performatizam a Libras conforme a sua identidade étnico racial? Para responder ao problema
da pesquisa, este estudo se baseia nos pressupostos teóricos do campo da Linguística Aplicada, Crítica
e Transgressiva em consonância com os Estudos Culturais que abordam as concepções de surdez,
identidades, performatividade e racialidade. Como procedimentos metodológicos, dentro da
abordagem qualitativa, utilizamos a pesquisa etnográfica e o estudo de caso, e para alcançar os
objetivos propostos, a técnica escolhida para a geração de dados foi a entrevista semiestruturada. Para
complementar a pesquisa foram realizadas entrevistas com Tradutores e Intérpretes de Libras/Língua
Portuguesa, concebidas como narrativas dentro desse trabalho como teor memorialístico, onde foi
realizado uma pergunta geradora para que fosse desenvolvido de forma livre, sobre a temática voltada
para o racismo dentro do ambiente de trabalho. Dos resultados alcançados, os sujeitos negros surdos
performatizam a Libras diferente por serem negros e pela questão social, voltada ao acesso
educacional, por serem de famílias de baixa renda, o não acesso à escolarização e a falta de
acessibilidade para esses sujeitos. Desse modo, o impacto está diretamente relacionado às
comunidades surdas, pelo fato da presença dos Tradutores e Intérpretes de Libras/Língua Portuguesa
no ambiente escolar ser escassa, e quando tratamos de escolas periféricas a escassez é ainda maior.
Além disso, a maioria dos surdos nasce em famílias ouvintes e a aquisição da Libras acontece de forma
tardia.
16
CONFLITOS ENTRE SURDOS E INTÉRPRETES: A "VILANIA" NOS PAPÉIS EM
SITUAÇÕES DE INTERPRETAÇÃO
17
DESAFIOS E PERSPECTIVAS DAS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA PESSOAS
SURDAS
Daniane Pereira
[email protected]
Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB
RESUMO: O intuito deste texto é discutir as políticas linguísticas voltadas para pessoas surdas,
analisando os desafios e as perspectivas dessas políticas, através de pesquisa bibliográfica (Gil, 2007).
Oliveira (2016), comenta sobre a importância das políticas linguísticas para grupos minoritários,
devido a língua influenciar a identidade cultural, possibilitar a comunicação e preservar tradições,
conhecimentos, modos de vida, o acesso à educação, ao mercado de trabalho e a garantia de que as
crianças aprendam a língua materna, o que é crucial para seu desenvolvimento cognitivo e acadêmico.
Para ele, as políticas linguísticas estão relacionadas à inclusão social e a cidadania plena, permitindo
que todas as pessoas possam participar na vida social e política. Corroborando com o exposto, Quadros
e Lillo-Martin (2021) afirmam que no caso das pessoas surdas, essas políticas são mais importantes
porque as línguas de sinais, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou Língua de Sinais Brasileira
(LSB), são as línguas naturais das comunidades surdas, influenciando em sua identidade cultural e
social. No entanto, segundo as autoras, essas pessoas enfrentam desafios devido à marginalização
histórica de suas línguas. A pesquisa aborda a importância do reconhecimento da língua de sinais, a
educação bilíngue, e as barreiras sociais e legais enfrentadas pelas comunidades surdas (Quadros;
Lillo-Martin, 2021). Apresenta uma análise crítica das políticas linguísticas para pessoas surdas, com
foco em avanços e desafios. A história das políticas linguísticas para sujeitos surdos reflete uma
trajetória de desafios e conquistas (Oliveira, 2016). Desde a marginalização inicial e o retrocesso
imposto pelo Congresso de Milão, até o renascimento das línguas de sinais e seu reconhecimento legal,
as políticas linguísticas para sujeitos surdos têm evoluído para promover maior inclusão e equidade
(Rodrigues; Silvério, 2013). Concluímos, portanto, que a educação bilíngue e o reconhecimento das
línguas de sinais como meios legítimos de comunicação são avanços importantes, mas ainda há um
longo caminho a percorrer para garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso pleno aos seus
direitos linguísticos e possam participar plenamente da sociedade.
18
EDUCAÇÃO SOBRE SEXUALIDADE PARA ALUNOS SURDOS: A LIBRAS COMO
LÍNGUA DE INSTRUÇÃO E CONFORTO PARA O DIÁLOGO
Karolina Santos
[email protected]
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
RESUMO: Neste estudo propõe-se uma análise do contexto da educação sobre sexualidade para
pessoas surdas, refletindo a construção histórica das pesquisas com esse objeto de estudo. O objetivo
geral é quantificar as publicações científicas e identificar as tendências de estudos nessa área, avaliar
o estado atual das pesquisas. Como objetivos específicos, delineamos: desenvolver o levantamento em
diferentes plataformas de busca (bancos de dados artigos e repositórios institucionais acadêmicos);
categorizar os tipos de publicações em artigos, trabalhos de conclusão de curso, capítulos de livros e
livros. As questões levantadas são: Quais temas abordados da educação sobre sexualidade para pessoas
surdas? Em que perspectiva teórica se fundamentam essas pesquisas? Qual a contribuição para a
educação de surdos? Fundamentadas na perspectiva dialógica do discurso de Bakhtin e do círculo
(2006, 2008), refletimos sobre a organização da sociedade, os discursos dos pesquisadores. Delineia-
se como método uma revisão sistemática de pesquisas publicados entre 2005 e 2024. Selecionados 18
trabalhos, analisados a partir de sua intersecção com a educação, classificados segundo critérios
institucionais, cronológico, e área de conhecimento. Nesse sentido, adotamos como palavras de busca
estas três áreas: educação sexual e Libras, educação sobre sexualidade e Libras. Constatamos que os
autores empregam os termos educação sexual ou orientação sexual, educação e sexualidade, focando
principalmente na discussão sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis ou sobre o
comportamento dos jovens surdos. Identificamos que pouco se tem estudados sobre a “orientação
sexual” no sentido de diversidade sexual e uma educação democrática e empática com as diferenças.
Como resultado, constatou-se a predominância de artigos empíricos e de natureza qualitativa. Há
preferência pela análise dos discursos e comportamentos dos surdos, configurando lacuna de pesquisa
o tema das práticas pedagógicas em uma perspectiva de educação sobre a sexualidade. As
contribuições deste estudo residem na apresentação de frentes de pesquisa, cujo propósito maior é
auxiliar o desenvolvimento teórico e empírico da educação de surdos humana, diversa e aberta.
Consideramos ser necessário dois pontos de trabalho, um relacionado à prevenção de doenças e outros
relacionado a discussão e compreensão da diversidade sexual.
19
INTERSUBJETIVIDADE E LINGUAGEM NO SUJEITO SURDO
Daniane Pereira
[email protected]
Universidade Federal do Sul da Bahia -UFSB
RESUMO: O objetivo deste texto é discutir a relação entre linguagem e intersubjetividade no sujeito
surdo. Relação que envolve uma complexa intersecção entre identidade, cultura e comunicação.
Segundo Quadros e Lillo-Martin (2021), a intersubjetividade na comunicação surda é mediada pela
língua de sinais, que não só possibilita a troca de informações, mas também a construção de uma
identidade cultural e social única. Isto posto, aborda-se o papel fundamental que a língua de sinais
desempenha, de acordo com Skliar (2013), não apenas como um meio de comunicação, mas também
como um componente essencial da identidade cultural das pessoas surdas. Assim, conforme Busch
(2019), destaca-se a interação do sujeito surdo com o mundo, sendo esta, profundamente influenciada
pela linguagem visual-gestual, que difere das convenções linguísticas da sociedade majoritariamente
ouvinte. Portanto, a língua de sinais é vital para a construção de uma identidade surda positiva, como
prega Quadros (2021), proporcionando um sentido de pertencimento e uma plataforma para a
resistência cultural diante das práticas de oralização. Deste modo, nota-se que a intersubjetividade na
comunicação surda é enriquecida pela língua de sinais, que facilita a troca de significados e a
construção de um espaço de entendimento mútuo, como afirmam Quadros et al. (2018). Diante disto,
observa-se que a comunidade surda valoriza a língua de sinais não apenas como um meio de
comunicação, mas como um símbolo de identidade cultural, essencial para a integração social e a
formação de uma identidade coletiva, consoante Perlin (2000). A metodologia adotada para este estudo
foi a abordagem qualitativa (Gil, 2008). Nesse contexto, a pesquisa bibliográfica foi escolhida como
procedimento metodológico principal (Sousa; Oliveira; Alves, 2021). Com isto, concluímos que ao
valorizar diferentes formas de comunicação e reconhecer a diversidade linguística, é possível construir
uma sociedade mais inclusiva, onde todos possam expressar suas identidades de forma plena e
autêntica, contribuindo para uma maior coesão social e uma compreensão mútua mais profunda.
20
LIBRAS, LITERATURA SURDA E A INTERAÇÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE O
FEIJÃOZINHO SURDO
RESUMO: Investigar o papel da literatura surda, com foco no livro Feijãozinho Surdo, no processo
de interação social e construção identitária do aluno surdo justifica-se pela relevância em compreender
como essas narrativas impactam a formação de uma sociedade mais justa, acessível e inclusiva. A
partir dessa perspectiva, questiona-se: de que maneira a literatura surda, exemplificada por Feijãozinho
Surdo, pode contribuir para a interação social entre crianças surdas e ouvintes e favorecer a construção
de uma identidade surda crítica, além de reduzir o preconceito linguístico no contexto escolar? Os
objetivos são: explorar a importância da Libras na mediação da interação social e na construção
identitária dos alunos surdos, a partir da análise de Feijãozinho Surdo; investigar o papel da literatura
surda como ferramenta de inclusão e conscientização sobre a surdez, observando como histórias como
a de Feijãozinho Surdo promovem diálogos sobre diversidade cultural e preconceito linguístico; e
identificar estratégias didáticas para utilizar a literatura surda em sala de aula, visando ao
fortalecimento da interação entre o aluno surdo e o aluno ouvinte e à promoção de uma educação mais
inclusiva. O referencial teórico inclui Strobel (2013), Rosa (2011) e Mourão (2016), que tratam do
diálogo intercultural promovido pela Libras; Hall (2003, 2005) e Chauí (2000), que destacam a
relevância da diversidade cultural e da desconstrução de preconceitos sobre a surdez; Karnopp (2006)
e Strobel (2013), que veem a literatura surda como um espaço de resistência e fortalecimento cultural;
e Lajolo e Zilberman (1986) e Coelho (1984), que defendem a literatura infantil como ferramenta para
educar os jovens sobre temas sociais. A pesquisa, de abordagem qualitativa e interpretativa, foi
dividida em duas etapas: análise documental e aplicação de práticas pedagógicas com base no livro
Feijãozinho Surdo. O resultado parcial, a partir da pesquisa bibliográfica, constata que a literatura
surda, exemplificada pelo livro Feijãozinho Surdo, pode ser uma ferramenta eficaz na promoção da
interação social entre crianças surdas e ouvintes, contribuindo para a inclusão e a construção de uma
identidade crítica em relação à surdez.
21
SOLIDÃO, LETRAMENTO AFETIVO E APRENDIZAGEM SOCIOEMOCIONAL:
RELAÇÕES ENTRE PESSOAS SURDAS E TILSP
Daniane Pereira
[email protected]
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ
RESUMO: Este trabalho busca problematizar a solidão, frequentemente enfrentada por pessoas
surdas, como uma condição que transcende o isolamento físico e a qual permeia as relações sociais e
profissionais que envolvem a comunidade surda. Deste modo, explorar como essa solidão impacta o
relacionamento entre sujeitos surdos e Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais/Língua Portuguesa
(TILSP), destacando os estigmas sociais, e as barreiras ambientais que agravam essa experiência na
perspectiva dos campos teóricos do Letramento Afetivo e da Aprendizagem Socioemocinal, torna-se
de grande valia para o enfrentamento da ignorância emocional na constituição inter/intrapessoal dos
sujeitos e suas vivências coletivas. Com isto, essa análise recai sobre a importância da aprendizagem
afetiva e socioemocional na formação dos TILSP, como um componente crucial para a promoção do
bem-estar profissional e da eficácia comunicativa desses agentes no convívio profissional e pessoal
com pessoas surdas. Assim, com base em uma revisão bibliográfica e na análise qualitativa de relatos
de experiências, este estudo propõe que a integração do Letramento Afetivo e da Aprendizado
Socioemocional na formação dos TILSP pode não apenas fortalecer as relações inter/intrapessoais,
mas também promover relacionamentos mais inclusivos e acolhedores para a comunidade surda com
base no conhecimento necessário para que essas vivências possam ser mais respeitosas e empáticas
para todos os seus participantes. Neste intuito, este estudo se apoia em um diálogo transdisciplinar com
as teorias de Goleman (1995), ao refletir sobre a importância da inteligência emocional, em Gardner
(1995) e a teoria das inteligências múltiplas. Ademais, em Bronfenbrenner (2005) discute-se o
desenvolvimento humano na perspectiva ecológica como abordagem que permite uma compreensão
mais holística de como fatores externos, como estigmas sociais e barreiras estruturais, moldam as
subjetividades e as interações afetivas entre esses grupos. Por conseguinte, Tajfel e Turner (1986),
colaboram com a visão sobre como o pertencimento a diferentes grupos sociais pode influenciar as
relações de afeto e das emoções. Logo, cada um desses teóricos oferecem uma perspectiva distinta,
mas complementar, sobre os afetos, as relações e as emoções no contexto das interações sociais na
perspectiva dos afetos, conforme Spinoza (2009), como modificações do corpo que podem aumentar
ou diminuir a capacidade de ação diante de determinada emoção; e dos afetos como linguagem
representativa na perspectiva das “voltas pragmáticas” nas interações sociais (Pennycook apud Moita-
Lopes, 2006).
22
TRADUÇÃO COMENTADA COMO FERRAMENTA DE INTERAÇÃO SOCIAL: MAPA
DAS PUBLICAÇÕES REALIZADAS EM PERIÓDICOS NACIONAIS DE 1997 A 2024
RESUMO: A Tradução Comentada (TC) vem ganhando cada vez mais espaço no âmbito de
periódicos especializados em publicações sobre os Estudos da Tradução em nosso país, apresentando
um crescente interesse de pesquisadores por realizar investigações no campo da TC. Contudo, muitas
das publicações sobre metodologia da pesquisa científica não fazem menção de como desenvolver uma
pesquisa de TC, além de serem incipientes trabalhos que tragam detalhamentos para a elaboração desse
tipo de pesquisa. Compreendemos que a TC configura-se simultaneamente como um gênero
acadêmico-literário (Bakhtin, 1997; 2003; Williams; Chesterman, 2002; Zavaglia; Renard; Janczur,
2015; Torres, 2017) e um método de pesquisa (Yin, 2001; Lakatos; Marconi, 2003; Gil, 2002; 2008;
Prodanov; Freitas, 2013), logo, nosso objetivo é apresentar como a TC proporciona interação social
entre leitores surdos e ouvintes, que podem conhecer mais sobre aspectos não só linguísticos, como
também sócio-histórico-culturais tanto da Língua Brasileira de Sinais (Libras) quanto da Língua
Portuguesa por meio dos comentários da tradução feitos pelo tradutor/autor. Como metodologia de
pesquisa, adotamos princípios da pesquisa cienciométrica, a partir de um recorte dos dados do
“Observatório da Tradução e da Interpretação de Línguas de Sinais” (Otradilis) da Universidade Federal
de Santa Catarina, o corpus constitui uma investigação realizada com base em artigos científicos
publicados entre 1997 e 2024 em periódicos científicos. Encontramos até o presente momento 18
artigos, a primeira tradução comentada foi publicada em 2010. Como procedimento metodológico
realizamos uma revisão sistemática de artigos científicos publicados em periódicos indexados a fim de
identificar, selecionar e analisar as produções de TC. Os resultados mostraram claramente um aumento
significativo no número de publicações ao longo dos anos, retratando a grande influência da formação
na pós-graduação em Estudos da Tradução para o aprimoramento desse tipo de pesquisa. Nossos
resultados descrevem (1) os principais autores; (2) quais são os principais periódicos, e publicações da
área; (3) quais as universidades e agências de financiamento mais contribuem para o desenvolvimento
de pesquisas na área; (4) as pesquisas conceituais, de revisão sistemática e de projetos de tradução
comentada; (5) as redes de colaboração estabelecidas; e (6) quais são as lacunas da área. Nossa
principal contribuição é oferecer um panorama sobre a evolução do campo. As conclusões levam a
implicações com impacto prático na sociedade que tem acesso, geralmente, às traduções associadas ao
processo reflexivo do tradutor.
23
EIXO 2
LÍNGUA DE SINAIS
BRASILEIRA, MÍDIAS E
TECNOLOGIAS
EDUCACIONAIS
24
A CONSTRUÇÃO DA MATERIALIDADE VÍDEO: UMA TRADUÇÃO COMENTADA DA
POESIA “JOGO DE BOLA” DE CECÍLIA MEIRELES PARA LIBRAS
RESUMO: O poema de partida para a tradução “Jogo de bola” pertence à coleção de poemas “Ou isto
ou aquilo” (1964), de Cecília Meireles, escrito em português. A tradução para a Língua Brasileira de
Sinais (Libras) foi produzida pelos pesquisadores no ano de 2022. A educação bilíngue de pessoas
surdas tida como uma diretriz nacional (Brasil, 2005) requer a produção e tradução de materiais
didáticos em Libras para as diferentes áreas do conhecimento, assim como a tradução de bens culturais
historicamente construídos como literatura infantil. Toma-se como objetivos analisar o delineamento
de elementos composicionais presentes na poesia (material multimodal) traduzido e as características
do gênero para a construção da tradução para a Libras; assim como refletir sobre os problemas de
tradução desta poesia. Fundamenta-se na tradução transcultural em perspectiva dialógica (Sobral,
2018; Kumar, 2018), considerando a correspondência de atributos poéticos (Brito, 2015, 2019).
Desenvolvemos uma pesquisa de Tradução Comentada, investigação qualitativa e caracteristicamente
desenhada como um estudo de caso. Como instrumento de pesquisa, utilizamos o Diário de Tradução,
em que se registra a documentação e versões da tradução (Albres, 2020). Analisamos tanto o processo
quanto o produto da tradução, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=HdDwh0vIaGk.
A partir da tradução comentada, concluímos que a tradução de poesias de autores clássicos proporciona
um importante acesso ao conhecimento, historicamente, às pessoas surdas. Por ser uma tradução de
livro impresso com texto, figura e design para o vídeo com Libras com figura, texto e edição,
configura-se como uma tradução intersemiótica. Os tradutores criaram na edição e na composição do
vestuário do tradutor/ator (camiseta amarela e camiseta azul) elementos para diferenciar os dois
personagens. Tanto o texto multimodal (livro) quanto o vídeo midiático desafiam os tradutores nessa
transcriação. Uma construção criativa e de autoria reafirmada considerando os elementos
extralinguísticos na produção da tradução. A dimensão linguística envolve os sinais, a corporalidade e
expressões faciais; a dimensão extralinguística envolve todos os elementos visuais que compõem a
obra materializada no vídeo. A educação de crianças surdas requer a produção de obras em Libras e
traduções com qualidade e sensíveis ao uso das tecnologias.
25
A EDUCAÇÃO MUSICAL DE SUJEITOS SURDOS: DESMITIFICANDO A RELAÇÃO
COM O SOM POR MEIO DE PARTITURAS COLORIDAS E INSTRUMENTOS
ALTERNATIVOS
RESUMO: Por muitos anos, a surdez foi vista como uma barreira que impedia o sujeito surdo de
vivenciar plenamente atividades sociais e culturais, como a música. A sociedade, ao adotar práticas
excludentes e limitadoras, isola o sujeito surdo, criando barreiras que restringiam suas experiências
sensoriais e criativas. Contudo, estudos como os de Vygotsky (2012) ressaltam que a surdez, embora
classificada como uma deficiência orgânica, não representa uma lacuna particularmente grave em
termos de desenvolvimento cognitivo. A capacidade de construção do saber e de interação com o
mundo é possível através de abordagens pedagógicas que respeitem as especificidades de cada sujeito.
Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo geral desmistificar a ideia de que o sujeito surdo é
incapaz de perceber sons ou de se engajar na educação musical. Para isso, delimitou-se com objetivos
específicos: (i) investigar como sujeitos com surdez podem participar da educação musical por meio
de partituras coloridas e instrumentos alternativos, como chocalhos e tambores; (ii) analisar a
percepção sonora e musical de alunos surdos da rede pública de ensino de Marabá-PA, utilizando
recursos que estimulam os “resíduos auditivos” e outros estímulos sensoriais; (iii) demonstrar que,
apesar da surdez, os alunos surdos podem desenvolver habilidades musicais e vivenciar a música como
uma ferramenta de comunicação e interação. O referencial teórico é fundamentado em Vygotsky
(2012), que propõe uma visão não determinista da surdez; Rodrigues e Gattino (2015), que contribuem
para a compreensão da educação musical de sujeitos surdos; e Veras e Daxenberger (2017), que
discutem a aplicação de estímulos sonoros e a educação musical inclusiva. Esses estudos formam a
base para a investigação das potencialidades musicais de sujeitos com surdez. Este trabalho se
caracteriza como pesquisa de campo, uma vez que serão aplicadas atividades práticas de música em
sala de aula. Os alunos participarão de atividades utilizando partituras coloridas e instrumentos
percussivos, e os dados serão coletados por meio de observação direta e questionários aplicados aos
professores e alunos envolvidos no processo. Os dados serão analisados qualitativamente. Espera-se
que os resultados revelem a eficácia das partituras coloridas e dos instrumentos alternativos na
percepção musical dos alunos surdos, demonstrando que a música pode ser uma ferramenta inclusiva
e acessível para essa comunidade.
26
A INTERNET E A LIBRAS COMO FERRAMENTA
DE INCLUSÃO PARA AS PESSOAS SURDAS
27
A POESIA DE MULHERES SURDAS: ARTE E AUTORIA NA CONDIÇÃO DO
SILENCIAMENTO TRANSGREDIDO PELA LÍNGUA DE SINAIS
RESUMO: Neste estudo propõe-se uma análise do contexto da política linguística para pessoas surdas
e a produção de poetisas surdas sobre a opressão e violência sofrida pelas mulheres, refletindo sobre
as ações linguísticas institucionais e as práticas cotidianas de discriminação. Tem-se o objetivo de
investigar como os signos poéticos foram introduzidos nessas textualidades como estratégia de
produção de sentido (como mediadores do mundo). Quem são as pioneiras poetisas surdas a produzir
literatura em Língua Brasileira de Sinais (Libras) com a temática feminista no Brasil? Pautada na
perspectiva dialógica do discurso de Bakhtin e do círculo (2006, 2008) é preciso considerar a
organização da sociedade, o intercâmbio enunciativo social, a interação social, os enunciados que
compõem os discursos e as formas de expressão que configuram esses enunciados. Para tanto, foram
selecionadas três entrevistas com poetisas surdas da revista “Diálogos em Libras” (UFSC) no intuito
de descrevê-las, analisá-las e compará-las. As poetisas são Cristiane Esteves, Priscilla Leonor e Renata
Freitas. Constata-se que, apesar da política no Brasil garantir o acesso às informações em Libras e
igualdade de gênero, isso não ocorre de fato. Os discursos das poetisas, citando as suas obras, leva à
reflexão sobre a questão da subalternidade feminina no seio social e implica pensar a forma como as
mulheres são perseguidas, vulneráveis, discriminadas, desinformadas no meio em que vivem, levando
em consideração a sua condição de ser outro ou diferente daquele perfil idealizado que vem sendo
imposto ao longo dos anos, destacando três pontos: a surdez (pela discriminação linguística e
capacitismo), a estética do corpo feminino (padrão de feminilidade e beleza imposto) e o abuso (pelo
preconceito racial e machismo). Na produção do gênero poesia verificamos que cada poetisa cria
efeitos estéticos manuais e corporais singulares. A poesia é um ato político pela igualdade de gênero e
a tradução comentada é uma forma de quebrar os sinais abafados aos olhos dos ouvintes e levá-las a
outras culturas e povos.
28
DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO ENSINO REMOTO
RESUMO: A pandemia da COVID-19 impôs desafios inéditos à educação, exigindo uma rápida
adaptação às aulas remotas. Enquanto professores buscavam novas ferramentas e metodologias para
atender a todos os alunos, a educação de surdos demandava atenção especial. A interação entre
professores, Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais/Língua Portuguesa (TILSP) e alunos surdos,
antes presencial e direta, precisou ser reconfigurada no ambiente virtual. A atuação dos TILSP,
fundamental para a aprendizagem dos alunos surdos, também foi impactada pelas mudanças. A
mediação da língua, antes realizada de forma presencial, passou a ocorrer por meio de plataformas
digitais, exigindo novas estratégias e habilidades dos profissionais. A qualidade dessa mediação virtual
é crucial para garantir o acesso dos alunos surdos ao conteúdo e promover sua participação nas aulas.
Este estudo busca compreender como a educação de surdos se desenvolveu no contexto do ensino
remoto, analisando a interação entre os três atores envolvidos: professor, TILSP e aluno surdo. A
pesquisa, de natureza qualitativa, tem como objetivo identificar as tecnologias utilizadas, avaliar a
eficácia do ensino remoto para alunos surdos e verificar a qualidade da interação mediada pela
tecnologia. A revisão da literatura, com base em autores como Lacerda (1998), Shimazaki et al. (2015)
e Santos e Kumada (2023), permitirá aprofundar a discussão sobre as diferentes abordagens utilizadas
na educação de surdos, os desafios do ensino remoto e a importância da formação de professores para
atender às necessidades específicas desses alunos. Hipóteses preliminares indicam a existência de uma
variedade de ferramentas tecnológicas disponíveis para o ensino de surdos, mas apontam a dificuldade
dos alunos em sanar dúvidas em tempo real e a desigualdade no acesso à tecnologia como obstáculos
a serem superados. Além disso, a necessidade de capacitação dos professores para lidar com as
especificidades da língua de sinais e a importância da mediação cultural dos TILSP são aspectos
cruciais para a inclusão dos alunos surdos no ensino remoto. A pesquisa em andamento permitirá
aprofundar essas questões e contribuir para a construção de práticas pedagógicas mais eficazes e
inclusivas para alunos surdos no contexto do ensino remoto.
29
EXPANSÃO BILÍNGUE E PERSONALIZADA:
EXPLORANDO PLATAFORMAS DE APRENDIZAGEM ONLINE PARA O ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA PARA SURDOS
RESUMO: Este estudo investiga a eficácia de uma plataforma web de aprendizagem no ensino de
Língua Portuguesa escrita para surdos, abordando a lacuna existente nas práticas educacionais dessa
comunidade. O projeto, ainda em fase de desenvolvimento, explora a criação de uma plataforma
específica que integra recursos multimídia e abordagens de multiletramento, fundamentais para
superar os desafios enfrentados pelos alunos surdos na aquisição da língua escrita, que é
majoritariamente auditiva. A pesquisa objetiva analisar como o uso de tecnologias educacionais pode
promover um ensino bilíngue e personalizado, ampliando as competências linguísticas e
comunicativas dos surdos. Os objetivos específicos incluem: analisar criticamente o uso de recursos
multimídia interativos no ensino da Língua Portuguesa escrita para surdos, investigar a eficácia das
estratégias tecnológicas na aquisição da Língua Portuguesa como segunda língua, examinar
percepções, desafios e vantagens percebidas por professores e alunos surdos, e avaliar a efetividade
das abordagens pedagógicas multiletradas integrando tecnologias educacionais no desenvolvimento
das habilidades de escrita e leitura. O referencial teórico baseia-se em conceitos de multiletramento e
no impacto das tecnologias educacionais, destacando-se autores como (Rocha; Ferreira, 2019), (Dias;
Barbosa, 2020), que investigam abordagens bilíngues na educação de alunos surdos. A metodologia
adotada é um estudo de caso qualitativo, com coleta de dados por meio de observações participantes e
entrevistas semiestruturadas realizadas na plataforma web em desenvolvimento. A pesquisa será
conduzida com pessoas surdas atendidas pelo Centro de Atendimento a Pessoas Surdas de Diamantina
e região, onde uma plataforma web com videoaulas de Língua Portuguesa escrita será disponibilizada.
Essa abordagem permitirá uma análise detalhada das interações dos sujeitos envolvidos,
proporcionando uma compreensão profunda das percepções, desafios e benefícios do ensino mediado
por tecnologia para alunos surdos. Nos resultados parciais, a pesquisa retoma a problemática inicial e
destaca hipóteses sobre a efetividade da plataforma web em superar barreiras educacionais enfrentadas
pelos surdos, indicando descobertas promissoras quanto à personalização do ensino e à bilingue.
Espera-se que o estudo contribua para a formulação de políticas educacionais mais acessíveis e para o
desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras que valorizem a diversidade linguística e
cognitiva dos alunos.
30
IMPACTO DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NA APRENDIZAGEM DE SURDOS:
UMA ANÁLISE DO USO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
31
IMPORTÂNCIA DAS GRAVAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM:
DISSEMINAÇÃO DA LIBRAS NAS REDES SOCIAIS
32
PLATAFORMAS DIGITAIS NO ENSINO DE SURDOS: REQUISITOS E IMPACTOS
33
TECNOLOGIA E SUA RELAÇAO COM ALUNOS SURDOS
RESUMO: Este estudo aborda a evolução da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no Brasil,
destacando a exclusão histórica e o avanço recente na educação de sujeitos surdos. Assim, destaca-se
como problema de pesquisa a relação entre tecnologia e educação de alunos surdos. Neste contexto,
esta pesquisa justifica-se pelo avanço significativo da educação bilíngue para indivíduos surdos no
Brasil, graças a políticas públicas, leis específicas e um crescente reconhecimento da importância da
Libras na formação educacional de alunos surdos, conforme Queiroz (2022). Apresenta-se como
objetivo, analisar o impacto das mídias e tecnologias na disseminação e ensino da Libras.
Teoricamente, baseia-se em autores como Strobel (2009), Silva e Moreira (2021), Da Silva (2010), e
Andrioli, Vieira e Campos (2013) que discutem a inclusão dos sujeitos surdos na sociedade e a
importância das mídias no processo de ensino e aprendizagem desses alunos. A metodologia é
bibliográfica e exploratória, conforme De Pádua (2019) e Boccato (2006), no qual buscamos investigar
o desenvolvimento da Libras no decorrer do tempo e sua relação com tecnologias no ensino de alunos
surdos. A comunicação é o maior desafio para pessoas surdas, uma vez que tais sujeitos estão imersos
em uma sociedade que fora criada para ouvintes. Apesar dos avanços, a inclusão de alunos surdos
ainda enfrenta desafios significativos, especialmente na qualificação de professores e no acesso a
tecnologias inclusivas, segundo Bisol e Valentine (2012). A pesquisa enfatiza a importância de
políticas públicas e do desenvolvimento de novas tecnologias para a plena efetivação da educação
bilíngue de surdos, promovendo um ambiente educacional mais equitativo e inclusivo para esses
alunos. Conclui-se que, o desenvolvimento de tecnologias inclusivas são cruciais para a promoção da
Libras na sociedade.
34
EIXO 3
LÍNGUA DE SINAIS
BRASILEIRA E
EDUCAÇÃO
35
A CRIANÇA SURDA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O SOCIOINTERACIONISMO E A
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
36
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA COM ALUNOS SURDOS
Vanessa Adriana Pozzebom
[email protected]
Universidade Feevale - Feevale
RESUMO: Este trabalho busca refletir sobre a educação de surdos na escola bilíngue e na educação
inclusiva, visando compreender de que forma a literatura é desenvolvida nas instituições pesquisadas.
Independentemente de estar em uma escola regular inclusiva ou escola bilíngue para surdos, o aluno
tem direito à metodologia que atenda às suas diferenças, respeitando e valorizando a língua de sinais.
O presente trabalho busca abordar o tema sobre educação de surdos, voltado para as atividades
realizadas em sala de aula, especificamente a contação de histórias. Analisar como é a inserção da
literatura na aprendizagem, em escola bilíngue para surdos e em escolas de educação inclusiva,
buscando entender como esses alunos adquirem os conhecimentos de obras literárias. Durante todo o
processo, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras,
contação de história, legislação, diretrizes e afins, onde utilizou-se autores como: Karnopp (2005,
2010); Mantoan (2003); Vygostsky (1998, 2004, 2006); Sassaki (2002, 2006, 2009). A pesquisa
qualitativa foi realizada em duas escolas, uma bilíngue para surdos e outra escola regular inclusiva,
ambas da região metropolitana de Porto Alegre, tendo como coleta de dados entrevistas com as
professoras, bem como observação presencial de uma das aulas com a professora de Libras e também
um questionário com os professores da escola bilíngue e o acompanhamento de uma aula remota. Deste
modo, a pesquisa reintera que é possível realizar atividades de literatura com o aluno surdo, em um
ambiente onde os demais colegas sejam ouvintes. Na escola bilíngue, foi possível averiguar as
diferentes maneiras que acontecem as aulas com os alunos surdos. Contudo, ainda faltam ser realizadas
algumas adaptações na escola inclusiva, para que de fato haja a inclusão, mas se cada um dos
profissionais conseguirem fazer a sua parte, conseguem desenvolver as aprendizagens de todos os
estudantes de uma melhor forma.
37
A INVISIBILIDADE DO ALUNO SURDO NO AMBIENTE EDUCACIONAL DIANTE DA
PRESENÇA DO INTÉRPRETE
38
A POLÍTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA A ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO
BILÍNGUE DE SURDOS: O CASO DA UFRB
RESUMO: A formação de professores para atuar na educação de surdos é uma necessidade urgente
dada às demandas que surgem das conquistas alcançadas pelas políticas, em especial, pelo Art. 60-A
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Brasil, 1996), que assegura às pessoas surdas o direito à
educação bilíngue como modalidade de ensino, mediada pela Língua brasileira de Sinais (Libras) como
primeira língua (L1) e o português escrito como segunda língua (L2). Mas como implantar uma política
de educação bilíngue de surdos sem professores capacitados? Frente a esta questão, este trabalho,
sustentado no estudo de caso, objetiva contextualizar e refletir sobre a implantação do curso de
Licenciatura em Educação Bilíngue de Surdos ofertado pela Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia (UFRB) por meio do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica
(PARFOR/EQUIDADE), sendo um polo na cidade de Laje - Bahia e outro polo na cidade de Ipiaú -
Bahia. Respaldado no relatório do grupo de trabalho que construiu subsídios para a política linguística
de educação bilíngue (Brasil, 2014), entende-se que o referido curso visa formar professores para o
ensino de crianças surdas na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, criando
ambientes linguísticos que possibilitem a aquisição da Libras e do português escrito no tempo de
desenvolvimento linguístico similar das crianças ouvintes, com uma escolarização que respeite a
condição da pessoa surda e a importância da experiência visual para constituição de sua identidade e
cultura. Essa formação é recente e vem sendo protagonizada pelo Instituto Nacional de Surdos (INES),
na modalidade EaD, com a oferta de 30 vagas nos 13 polos em várias capitais do Brasil. Na Bahia, a
Universidade Federal da Bahia (UFBA) sedia um polo, contudo, a distância entre a capital Salvador e
as cidades polos onde ofertam os cursos de educação bilíngue de surdos da UFRB chegam a 233,2 Km
e 361 km, respectivamente. Agregado à distância entre essa oferta e o público, soma-se o quantitativo
de vagas ofertadas, que também não contemplam a formação dos profissionais da educação da Bahia
para atender a demanda dos educandos surdos. Desse modo, o curso de Educação Bilíngue de Surdos
da UFRB/PARFOR EQUIDADE se torna uma importante ferramenta para implantação de classes
bilíngues para surdos na Bahia. Por fim, apresentar o contexto de implantação desse curso é um meio
de mensurar as possibilidades de avanços e retrocessos na educação dos surdos no Brasil.
39
A UTILIZAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS
ESCRITO COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA ESTUDANTES SURDOS DA EDUCAÇÃO
BÁSICA E DO ENSINO SUPERIOR NAS ESCOLAS BRASILEIRAS
RESUMO: Em 2021 foi promulgada a Lei nº 14.191 (Brasil, 2021), que alterou a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996), oficializando a Educação Bilíngue para Surdos como uma
modalidade de ensino. Contudo, essa realidade ainda não se faz presente em todos os municípios. Ou
seja, os surdos ainda estão inseridos no ensino regular. Nesse mesmo ano, foi publicada a Proposta
Curricular para o Ensino de Português Escrito como Segunda Língua para Estudantes Surdos da
Educação Básica e do Ensino Superior, que nos apresenta um currículo pensado a partir das
especificidades linguísticas do surdo. Nesse contexto, surgiu a inquietude em investigar: As pesquisas
publicadas indicam o uso da Proposta Curricular para o Ensino de Português Escrito como Segunda
Língua para Estudantes Surdos da Educação Básica e do Ensino Superior nas escolas brasileiras?
Como? Para responder o problema de pesquisa será necessário: apresentar Proposta e investigar o seu
uso nas escolas, bem como discutir sobre o ensino da língua portuguesa como segunda língua para
surdos. O debate em torno da inclusão do aluno surdo na escola regular e do ensino da língua
portuguesa para esse grupo, vem sendo discutido por diversos pesquisadores: Skliar (1999; 2010),
Fernandes (2015), Quadros (1997; 2006), Lacerda e Lodi (2009), Rojo (2023), Pereira e Ribeiro
(2024), dentre outros. As discussões apresentadas nos levam a refletir o quanto o processo educacional
da comunidade surda vem sendo negligenciado. É possível afirmar que as dificuldades educacionais
enfrentadas pelos alunos surdos estão diretamente ligadas às questões linguísticas, ou seja, as
diferenças existentes entre as línguas orais e as línguas de sinais. A pesquisa aqui apresentada é
bibliográfica, e está sendo realizada a partir das publicações de artigos divulgadas em três bases de
dados: SciELO, Google Acadêmico e Periódico Capes (2021 a 2024). A busca pelos dados se deu a
partir de quatro palavras-chave: "ensino"; "português"; "surdos"; "educação bilíngue". Foram
encontrados 140 artigos, distribuídos da seguinte forma: SciELO (1); Periódicos Capes (73); Google
acadêmico (66). Para responder ao problema de pesquisa e cumprir com os objetivos propostos só
serão analisados os artigos que atendam aos critérios de inclusão: escritos em português, que
contemplem o uso da Proposta. A seleção dos dados está acontecendo a partir da leitura dos resumos
dos artigos, ao término dessa etapa, será iniciada a fase da análise. Espera-se conseguir responder ao
problema de pesquisa e descobrir se e como a Proposta Curricular está sendo utilizadas nas escolas
brasileiras.
40
AUTORRELATOS DE TRANSFORMAÇÃO: A UTILIZAÇÃO DA LIBRAS NO AEE EM
OLHO D'ÁGUA (PB)
Camila Pereira de Almeida
[email protected]
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
41
BILINGUISMO EM SALA DE AULA: PROJEÇÕES E EXPECTATIVAS
RESUMO: O bilinguismo é uma filosofia educacional que se baseia na adoção de diferentes línguas
de acordo com o contexto comunicativo. Essa abordagem é significativamente distinta das
metodologias de ensino predominantes décadas atrás, as quais se centravam exclusivamente no ensino
das línguas orais para pessoas surdas. Antigamente, a imposição forçada das línguas orais-auditivas à
comunidade surda não apenas resultava em dificuldades na comunicação efetiva, mas também
impunha sérios empecilhos ao desenvolvimento cognitivo e à construção de um sentimento de
pertença. Essa abordagem unilateral e restritiva frequentemente ignorava as necessidades linguísticas
e culturais específicas dos indivíduos surdos, prejudicando seu progresso educacional e seu senso de
identidade dentro da sociedade. Na atualidade, especificamente no contexto brasileiro, uma série de
conquistas foram obtidas no âmbito legal. Aproveitando-se desse momento propício à discussão e
reflexão desses avanços, esta investigação tem o fito de compreender o estado das políticas bilíngues
a nível nacional, centrando-se, mormente, nas projeções e expectativas por parte da comunidade surda.
Para alcançar este objetivo, do ponto de vista metodológico, realizou-se uma entrevista semiestruturada
com líderes da comunidade surda. Estes, tendo acompanhado uma série de medidas legais, estão aptos
a dissertar sobre possibilidades e dirimir eventuais equívocos comumente disseminados. No que se
refere ao alicerce teórico, abordam-se os conceitos de cultura e identidade surda, bem como se explicita
o papel do movimento surdo brasileiro na arena política. Os resultados encontrados apontam para um
cenário promissor, haja vista, como mesmo asseveram alguns dos entrevistados, o panorama ser
radicalmente distinto de quando eram jovens. Apesar disso, parecem acenar para certo
descontentamento generalizado,
uma vez que, ao reunirem as comunidades surdas no ambiente acadêmico, passaram a centralizar a
interlocução entre os pares e impossibilitam a disseminação das pautas num debate mais amplo com
outros grupos de minoria e com grupos majoritários.
42
BILINGUISMO NA SALA DE AULA INCLUSIVA: O LÚDICO NA INTERAÇÃO ENTRE
OS PARES
RESUMO: A educação especial na perspectiva da educação inclusiva tem sido vivenciada nas
escolas? A interação entre professor e aluno é elemento construtor da aprendizagem, portanto,
aprimorar estratégias de ensino bilíngue na formação docente e meios de estabelecer vínculos com e
entre os alunos é relevante. Dentre os objetivos da pesquisa destacam-se: aplicar atividades inclusivas
para todos os alunos; conscientizar os professores sobre a importância do ambiente inclusivo; ampliar
as possibilidades da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na sala de aula para todos os alunos. Campello
(2008), Skiliar (2003), Moitinho (2016), Pradanov e Freitas (2013), Nóvoa (2009), Limite (2023),
Christo e Santos (2024) são os principais autores que embasam esta pesquisa e revelam aspectos da
inclusão, uso da Libras, processo de formação do professor, educação como direito, produção de
materiais pedagógicos inclusivos e autismo. A metodologia é do tipo pesquisa social pesquisa-ação
que tem em vista o desenvolvimento de um conhecimento baseado em inquéritos dentro de um
contexto específico e prático, com atores ativos na abordagem do problema. Para aproximar o campo
da pesquisa foi aplicado o “Curso de Extensão em Educação Bilíngue para Docentes: da teoria à
prática”, com 30 professores do município de Iguaba Grande (Rio de Janeiro), no período de julho de
2023 a junho de 2024, sob coordenação do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Bilíngue de
Surdos do Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Dentre as
atividades do curso, foi previsto o desenvolvimento de dinâmicas inclusivas e bilíngues com os alunos.
Relatos dos professores evidenciaram o sucesso de brincadeiras e jogos. Uma das professoras que
apresentou o conteúdo dos animais em Libras, com uso de imagens e Língua Portuguesa, para todos
os alunos, inclusive uma aluna surda, relatou que “hoje estou mais atenta às demandas dos alunos, não
só surdos, mas me ampliou um campo visual de estratégias para minha turma de uma forma integrada.”
Outra professora que desenvolveu uma atividade de reconhecimento dos números em Libras e imagem
com alunos com autismo na Sala de Recursos, relatou que os alunos “demonstraram muita facilidade
em reproduzir os sinais, e memorizá-los” esse fato a surpreendeu pois são alunos que apresentam
dificuldade em manter a concentração e reter informações. Portanto, trabalhar na formação continuada
dos professores ampliando suas estratégias inclusivas mostra-se benéfico para os alunos. Pesquisas
têm se aprofundado na temática, e as práticas docentes no curso revelaram caminhos e apontamentos
para a continuidade do trabalho.
43
CARTO-GRAFAR JOGOS PEDAGÓGICOS NO ENSINO DE LIBRAS NO CURSO DE
LETRAS
44
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA EM LÍNGUA DE SINAIS E TRADUÇÃO PARA CRIANÇAS
SURDAS
RESUMO: Este estudo discute as estratégias visuais e pedagógicas da contação de histórias em língua
de sinais para a educação de surdos nos primeiros anos da educação básica. Para tanto, explora o
potencial de desenvolvimento linguístico e cultural-identitário proporcionado pela contação de
histórias por educadores surdos. Toma-se como fundamentação teórica os Estudos Surdos, a
Linguística Aplicada e os Estudos da Tradução. Adotamos uma perspectiva qualitativa de pesquisa,
utilizando-se do estudo de caso. Selecionamos materiais didáticos produzidos por educador surdo para
análise, apresentando, ao fim, possibilidades didáticas para a sala de aula. Segundo Sisto (2020, p. 12),
“O processo pedagógico de toda e qualquer escola certamente estará enriquecido com a inclusão de
atividades de contação de histórias, bem como propiciará a inserção do sujeito na realidade mais ampla
do mundo”. Nesse sentido, não adianta admitir a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras)
e da cultura surda se a comunidade escolar não conhece, não utiliza e não se sente confortável com a
perspectiva de uma educação visual e bilíngue. A proposta de uma escola inclusiva e bilíngue só poderá
ser pensada quando houver providências efetivas para tornar toda a comunidade escolar bilíngue
(Prado, 2017, p. 96). A partir da análise dos materiais produzidos para a contação de história em língua
de sinais, constatamos que ao ter contato com histórias contadas em língua de sinais amplia a visão de
mundo e contribui significativamente para a aquisição da linguagem. Os materiais produzidos como
maquetes, painéis, aventais e fantoches têm mãos e olhos ampliados, destacando a visualidade dos
surdos e a importância da comunicação pelas mãos, ou seja, pela língua de sinais. O desenvolvimento
do vocabulário e da estruturação de sentenças na língua de sinais é realizado de maneira
contextualizada, permitindo sua aplicação em variados espaços e momentos, facilitando a
compreensão de si mesmo e do outro. Isso permite à criança refletir e se manifestar e formar sua
identidade. Assim sendo, reiteramos que a narração de histórias em Libras auxilia no progresso
cognitivo, linguístico e cultural-identitário de alunos surdos no Ensino Fundamental, mesmo que as
intenções do educador não estejam claramente definidas. Concluímos que as histórias contadas e
traduzidas da literatura possuem enorme potencial para o crescimento de crianças surdas.
45
CUIDADOS COM O CORPO E ROTINA: CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS ACESSÍVEIS
PARA CRIANÇAS SURDAS EM PROCESSO DE AQUISIÇÃO LINGUÍSTICA
Cíntia Kelly Inês Freitas
[email protected]
Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais – SEE MG
RESUMO: Os ambientes que são palco do processo de aquisição linguística da Língua Brasileira de
Sinais (Libras) e a construção da identidade de crianças e adolescentes surdos, evidenciam a
importância e urgência da produção de recursos que promovam um aprendizado eficaz. Além da
construção de conhecimentos relacionados às disciplinas da matriz curricular, é necessário promover
o desenvolvimento de habilidades de comunicação interpessoal, de posicionamento e autonomia.
Considerando que a maioria das crianças e adolescentes surdos crescem em núcleos familiares
ouvintes, onde frequentemente enfrentam barreiras de comunicação que acarretam prejuízos
emocionais e sociais, que podem dificultar o desenvolvimento pleno da criança. Deste modo, este
trabalho tem como objetivo apresentar a experiência de construção de materiais acessíveis para orientar
crianças e adolescentes surdos em processo de aquisição linguística, sobre o cuidado com o corpo,
entendimento da própria rotina e aspectos das relações interpessoais no ambiente escolar. As
orientações para trabalhar a promoção destes aspectos na educação de surdos, encontra base em
discussões teóricas elaboradas por autores como Skliar (1999), Quadros (2004), Karnopp (2010),
Sacks (1990) e Perlin (2013), que destacam a importância de uma educação bilíngue que reconheça a
aquisição da língua de sinais e a cultura surda como primordiais para que a criança surda possa
desenvolver-se plenamente. Sendo assim, foram desenvolvidas, plaquinhas de comunicação e
cadernetas de rotina individual, a partir do levantamento de necessidades através de observações e
interações dentro da escola. Após identificar as urgências, os materiais foram construídos com a
participação e protagonismo das crianças. Atualmente, esta proposta encontra-se na fase de aplicação,
acompanhamento, avaliação, adaptação e levantamento de resultados. À vista disso, esta abordagem
se fundamenta em práticas pedagógicas bilíngues - no par Libras/Português, centradas na promoção
de autonomia e habilidades de comunicação. Os resultados parciais reafirmam que o ambiente escolar
e o estímulo à aquisição da Libras, assumem um papel crucial no processo de desenvolvimento da
identidade surda, proporcionando não apenas o aprendizado dos componentes curriculares, mas
também o fortalecimento da comunicação interpessoal e da autonomia.
46
CURSO BÁSICO DE ESCRITA DE SINAIS (SIGNWRITING) PARA SURDOS: RELATO
DE EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO PRIMEIRO CURSO DE FORMAÇÃO
PRESENCIAL DE SIGNWRITING PARA SURDOS NO ESTADO DO MARANHÃO
Valerie Sutton
[email protected]
Center for Sutton Movement Writing, Inc.
47
DESAFIOS DA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS SURDOS: A VALORIZAÇÃO DA
LIBRAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL DE MARABÁ-PA
RESUMO: A inclusão escolar de alunos surdos na rede pública de ensino de Marabá-Pará ainda
caminha de forma lenta e enfrenta desafios significativos, principalmente devido à falta de valorização
da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no ambiente educacional. A ausência de práticas pedagógicas
que respeitem as especificidades dos alunos surdos compromete sua socialização e desenvolvimento
cognitivo. Nesse contexto, a educação bilíngue, com o uso da Libras e a promoção da cultura surda, é
fundamental para garantir o acesso e permanência dos alunos surdos nas escolas regulares. A
problemática desta pesquisa reside na pouca atenção dada às necessidades educacionais desses alunos
e na ausência de formação continuada dos professores para atender essas demandas, resultando no
isolamento social dos estudantes surdos. O objetivo deste estudo é investigar a importância da inclusão
da Libras como disciplina no currículo escolar, desde a educação infantil até o nível superior, e
identificar como a valorização dessa língua pode contribuir para minimizar o isolamento social dos
alunos surdos. Além disso, busca-se promover a compreensão dos profissionais de educação sobre a
importância da formação continuada em Libras, de modo a incentivar práticas pedagógicas que
favoreçam a inclusão e a interação dos sujeitos surdos no ambiente escolar. O referencial teórico desta
pesquisa é embasado nos estudos de Quadros (2010), que discute a relevância da educação bilíngue e
da inclusão da Libras no contexto escolar, e Pêgo (2013), que explora a importância de práticas
inclusivas e a formação de professores. Esses autores fornecem uma base sólida para entender como a
exclusão social no ambiente escolar pode ser minimizada por meio de uma abordagem educacional
que valorize a língua de sinais. A metodologia adotada é qualitativa, com base em entrevistas
semiestruturadas realizadas com professores da rede pública de Marabá-Pará. Os dados obtidos visam
analisar as práticas pedagógicas utilizadas com alunos surdos e identificar os principais desafios
enfrentados pelos educadores na promoção de um ambiente escolar inclusivo. Os resultados parciais
indicam que a ausência de formação continuada em Libras e de uma disciplina dedicada a essa língua
contribui diretamente para o isolamento social dos alunos surdos, reforçando a necessidade de
mudanças nas políticas educacionais. A hipótese levantada é que a inclusão da Libras no currículo
escolar poderá promover uma maior interação entre alunos surdos e ouvintes, minimizando o
isolamento e garantindo uma educação mais inclusiva e equitativa.
48
DESENHANDO SENTIDOS: IMAGENS COMO PONTE PARA O ENSINO DA LIBRAS EM
CRIANÇAS SURDAS
RESUMO: Este trabalho aborda o processo de ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como
primeira língua (L1) para crianças surdas, destacando a importância de compreender as especificidades
desse público. A problemática que orienta a pesquisa envolve a necessidade de se reconhecer a Libras
como a língua materna das crianças surdas, o que requer uma metodologia de ensino diferenciada,
voltada para o uso de recursos visuais. A relevância do estudo reside no fato de que a língua de sinais
é fundamental para a construção do conhecimento e das interações sociais das crianças surdas, sendo
o principal meio para o desenvolvimento cognitivo e afetivo, sem que a surdez represente uma
limitação nesses aspectos. O objetivo da pesquisa é investigar a eficiência do ensino da Libras como
L1 para crianças surdas, com ênfase no uso de imagens como ferramenta pedagógica. Busca-se
compreender como esse método facilita a aprendizagem da língua e quais são os impactos na
construção das subjetividades das crianças surdas em seu contexto educacional. O trabalho também
visa contribuir para o debate sobre práticas pedagógicas mais adequadas para esse público,
reconhecendo suas especificidades linguísticas. O referencial teórico baseia-se em autores como Reily
(2003), que discute a importância da língua de sinais na educação de surdos, Stumpf (2004), que aborda
metodologias inclusivas para o ensino de Libras, e Lopes (2016), que trata da surdez e dos desafios
educacionais para surdos. Esses autores corroboram a ideia de que o ensino deve ser visual, priorizando
metodologias que respeitem as características sensoriais das crianças surdas. A metodologia utilizada
foi uma abordagem qualitativa, com foco na aplicação de atividades pedagógicas centradas no uso de
imagens, sempre com o objetivo de facilitar a compreensão e o desenvolvimento da Libras pelas
crianças surdas. Os resultados parciais indicam que o uso de imagens no ensino de Libras para crianças
surdas é uma prática eficaz, confirmando a hipótese de que esse recurso facilita o aprendizado da
língua. Observou-se uma evolução significativa no processo de aprendizagem, o que reforça a
importância de adaptar as práticas pedagógicas às necessidades específicas desse público, promovendo
uma educação mais acessível e inclusiva.
49
DO SILÊNCIO AO SIGNIFICADO: DESAFIOS DA AQUISIÇÃO LINGUÍSTICA
BILÍNGUE PARA SURDOS EM MARABÁ
RESUMO: A presente pesquisa investiga os desafios enfrentados por estudantes surdos do ensino
fundamental de Marabá na aquisição da Língua Portuguesa e da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A ausência de um ensino adequado da Libras como primeira língua tem impacto direto no
desenvolvimento cognitivo e social desses alunos, comprometendo seu desempenho acadêmico.
Gomes (2022) aponta que essa lacuna contribui para práticas pedagógicas excludentes, que
desconsideram as necessidades específicas dos estudantes surdos. A relevância deste estudo está em
mostrar que uma abordagem bilíngue, que valorize a Libras como língua principal, é essencial para
garantir uma educação inclusiva, respeitando as singularidades desse público. O principal objetivo
deste trabalho é destacar a importância de transformar a realidade educacional de estudantes surdos,
rompendo com métodos tradicionais excludentes e promovendo um ambiente de aprendizagem que
valorize suas particularidades. Pretende-se, assim, demonstrar que a educação bilíngue é crucial para
o desenvolvimento integral dos alunos surdos, favorecendo tanto seu desenvolvimento cognitivo
quanto sua integração social. O referencial teórico desta pesquisa está ancorado em Quadros (2004),
que define a educação bilíngue como um processo em que a Libras atua como primeira língua e a
Língua Portuguesa é ensinada como segunda língua. Lopes (2016) enfatiza a necessidade de
metodologias inclusivas que garantam o aprendizado por meio da Libras, assegurando uma verdadeira
inclusão educacional. Reily (2003) destaca a importância de recursos visuais no ensino de surdos,
sublinhando que tais ferramentas facilitam a compreensão dos conteúdos e o desenvolvimento de
competências linguísticas. A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa, utilizando o estudo de caso
de um aluno surdo de 12 anos, inserido em um programa bilíngue realizado no Centro Especializado
na Área da Surdez (CAES) e no Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (NAIA), em Marabá.
A pesquisa foi conduzida no contexto do programa de extensão "Práticas Extensionais em Inclusão de
Surdos", no qual o aluno participou de atividades curriculares em Libras, nas disciplinas de Língua
Portuguesa, História, Ciências e Geografia, além de aulas específicas de língua de sinais. Os resultados
parciais indicam que o uso da Libras, associado a recursos visuais, desempenha um papel central na
aprendizagem do aluno. A hipótese de que métodos bilíngues, que combinam a Libras com abordagens
visuais, facilita a compreensão dos conteúdos foi confirmada. Esses achados sugerem a necessidade
de adequar as práticas pedagógicas para que se alinhem às especificidades dos estudantes surdos,
favorecendo sua participação mais efetiva no processo educacional.
50
EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS: DISCURSOS E PRÁTICAS
RESUMO: A educação de pessoas surdas tem sido objeto de intensos e atuais debates nos últimos
anos por profissionais envolvidos nesta área, e pela própria comunidade surda. Com a oficialização
da Língua Brasileira de Sinais (Libras) por meio da Lei nº 10.436 (Brasil, 2002), o Decreto Lei nº
5.626 (Brasil, 2005) e mais recente a aprovação da Lei nº 14.191 (Brasil, 2021), foram garantidas
novas possibilidades à escolarização do público em questão. Assim, todos os envolvidos com esta
temática lutam por um ensino de qualidade, provocando e exigindo das escolas brasileiras novos
posicionamentos, demandando modernização do processo de ensino-aprendizagem e o
aperfeiçoamento de concepções e práticas docentes. Por conseguinte, este trabalho objetiva debater
acerca de conceções e práticas bilíngues sistematizadas e evidenciadas em discursos de professores
que atuam com alunos surdos. Para alcançarmos tal objetivo, propomo-nos a realização de uma
investigação de abordagem qualitativa, contanto, inicialmente, com a pesquisa bibliográfica ancorada
nos estudos de Favorito; Silva (2022), Lima e Reis (2022), Silva (2023), entre outros, ao que tange às
concepções e práticas de educação bilíngue em contexto da educação básica. Por se tratar de uma
pesquisa que se encontra em andamento, feita a parte teórica, utilizaremos a entrevista semiestruturada
(Ludke; André, 2008). Os participantes serão professores da educação básica que atuam com surdos
na região sudeste goiana. Os dados advindos das entrevistas serão sistematizados em eixos analíticos
e analisados por meio da concepção dialógica de lingua(gem) bakhtiniana (Bakhtin, 2002; Brait, 2018).
Os resultados, obtidos até o momento, evidenciaram que educação bilíngue, como modalidade
independente, vai resguardar o direito ao aluno surdo de ter acesso a professores bilíngues e com
formação adequada em nível superior, materiais didáticos e educação escolar bilíngue e intercultural.
51
EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA ALUNOS SURDOS: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO
DA MATEMÁTICA NA ESCOLA REGULAR
RESUMO: A educação bilíngue para surdos vem sendo discutida e defendida pela comunidade surda
e diversos pesquisadores e profissionais da área. Mesmo essa sendo uma modalidade de ensino
reconhecida e amparada pela Lei 14.191 (Brasil, 2021), sabemos que ela não é, e não será uma
realidade acessível a todos os brasileiros surdos. Sendo assim, torna-se necessário repensar o ensino
para os alunos surdos nas escolas inclusivas, de acordo com as perspectivas da educação bilíngue.
Nesse sentido, surgiu a necessidade de investigar como a proposta de ensino bilíngue pode contribuir
para o ensino de matemática na escola regular. A partir dos dados obtidos, será elaborada uma
sequência didática para o ensino das operações básicas aos alunos surdos do sexto ano do Ensino
Fundamental. Para isso foram traçados os seguintes objetivos: analisar a importância da educação
bilíngue no processo de ensino e aprendizagem da matemática para alunos surdos, discutir sobre a
história e a legislação que ampara a educação dos surdos; investigar as metodologias mais utilizadas
para o ensino da matemática para alunos surdos; apresentar uma proposta de ensino da matemática
para alunos surdos tendo como referência a educação bilíngue. Para a construção do referencial teórico,
até o momento, as discussões sobre as diferenças linguísticas entre surdos e ouvintes e a importância
de se pensar um processo de escolarização que atenda as necessidades dos alunos surdos estão sendo
sustentadas por Quadros (1997; 2006; 2010), Lacerda e Lodi (2010), Skliar (1999; 2010) e o ensino
da matemática a partir das ideias de Lorenzato (2010; 2012). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica.
Os dados foram obtidos através de consulta às bases de dados eletrônicas científicas, Google
Acadêmico e Portal de Periódicos da Capes. Serão analisadas todas as publicações atendam aos
critérios de inclusão: artigos publicados em língua portuguesa, dos últimos 10 anos (2014 – 2024), que
versem sobre propostas metodológicas bilíngues para o ensino de matemática para alunos surdos. A
busca foi realizada pelas palavras-chave: "Bilinguismo" e "Ensino" e “Matemática" e "Surdos", nela
foram encontrados 46 resultados. Contudo, após a leitura dos resumos, foi identificado que apenas 9
(nove) atendem aos critérios de inclusão, esses foram selecionados para a investigação. A partir da
análise dos artigos secionados será elaborada uma sequência didática para o ensino da matemática para
alunos surdos, considerando os princípios da educação bilíngue. A sequência será pensada para alunos
do 6º ano do Ensino Fundamental e nela serão abordados conteúdos referentes às quatro operações
básicas.
52
ENSINO DE LIBRAS NO CURSO DE LETRAS: POSSIBILIDADES E LIMITES
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo principal expor a respeito da implementação da
disciplina de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na grade curricular obrigatória nos cursos de
Licenciatura em Letras. Conforme a Lei nº 10.436 (Brasil, 2002), a Libras foi reconhecida como meio
legal de comunicação para pessoas surdas. Essa legislação estabelece a necessidade de garantir a
institucionalização e difusão da Libras, além de tornar sua inclusão como disciplina obrigatória nos
cursos de formação de professores. Posteriormente, o Decreto nº 5.626 (Brasil, 2005), regulamentou
essa lei, reforçando as diretrizes para a sua implementação que assegura que a Libras deve ser parte da
formação dos educadores, com tentativa de investigar como a universidade, especificamente a
Universidade Federal do Pará - UFPA, Campus Universitário do Tocantins/Cametá tem realizado a
garantia da oferta da disciplina e como os alunos têm aproveitamento, observando a partir do uso
metodológico cartográfico. A cartografia é um método de pesquisa-intervenção que não se limita à
descrição de especificações, mas que ocupa o acompanhamento de processos. O cartógrafo acompanha
o processo que desenha o mapa e, ao fazê-lo, implica-se nesse mesmo processo . Trata-se de uma
pesquisa que visa acompanhar a produção de subjetividades e, assim, captar as forças em jogo, os
movimentos de criação, de transformação e de resistência, em vez de tentar fixar uma representação
final e estável (Passos; Kastrup, 2015, p. 17), quais os avanços e limitações, vistas pelos estudantes,
haja vista que a disciplina foi ofertada para as turmas de 2020 e 2021, vespertino e noturno,
respectivamente, como disciplina afim, na tentativa de reduzir a ausência deste componente curricular
aos futuros professores. Ainda, é possível identificar como os estudantes se identificam ou não com a
disciplina no final do curso e qual a opinião destes sobre a oferta e suas reverberações na futura
profissão. Salientamos ainda, que os estudantes foram consultados e responderam a um questionário
com perguntas semiestruturadas e abertas com o intuito de apresentar os dados por nós compilados.
53
ENSINO DE PORTUGUÊS PARA SURDOS:UMA EXPERIÊNCIA DE LETRAMENTO
BILÍNGUE NO ENSINO MÉDIO SOB A ÓTICA DO CURRÍCULO BILÍNGUE
RESUMO: Este estudo investiga o ensino de língua portuguesa como segunda língua na perspectiva
dos letramentos, com foco na análise de atividades realizadas em uma escola do ensino médio, com
base no documento " Proposta Curricular para o Ensino de Português Escrito como Segunda Língua
para Estudantes Surdos da Educação Básica e do Ensino Superior". Fundamentado nas teorias de
Quadros (2022), Rojo (2022), Hofman (2007), Pereira (2023), sobre educação bilíngue e os
multiletramentos, o estudo adota uma abordagem metodológica de pesquisa-ação, na qual a
pesquisadora analisa as atividades e propõe intervenções pedagógicas para o ensino de segunda língua
(L2), numa perspectiva voltada para os letramentos. Intui-se descrever como o referido documento
pode favorecer o aprendizado da L2 e como a influência da Língua Brasileira de Sinais (Libras) se
reflete na produção escrita da L2. A metodologia envolveu a observação direta das atividades, a coleta
de dados e a análise detalhada das produções escrita por um discente surdo, bem como as interações
entre o pesquisador e o aluno. Foram comparadas atividades executadas antes e depois da
implementação do currículo proposto, permitindo uma análise das mudanças no desempenho
linguístico. Os resultados revelam padrões de interlinguagem e mostram como a interculturalidade é
abordada no contexto do ensino de L2 para alunos surdos. Concluímos destacando a importância de
abordagens pedagógicas sensíveis à diversidade linguística e cultural dos alunos, oferecendo insights
valiosos para o desenvolvimento de práticas de ensino mais inclusivas e eficazes.
54
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO A ALUNOS SURDOS
55
IMPLEMENTAÇÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA NO ENSINO FUNDAMENTAL:
DESENHO UNIVERSAL PARA A APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA INCLUSIVA
RESUMO: Este estudo investiga a implementação da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como
disciplina obrigatória nos anos finais do ensino fundamental nas escolas estaduais de Tocantins, com
foco em estratégias pedagógicas inclusivas que atendam à diversidade de estudantes, especialmente
aqueles com deficiência. A problemática central está na insuficiência de práticas pedagógicas eficazes
para o ensino de Libras como segunda língua (L2), o que resulta em obstáculos para a aprendizagem
e a inclusão. A relevância da pesquisa se justifica pela necessidade de explorar métodos que promovam
a acessibilidade no ensino, com ênfase no Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), uma
metodologia que visa flexibilizar o processo educacional para torná-lo mais inclusivo. O principal
objetivo desta pesquisa é investigar como os princípios do DUA podem ser aplicados ao ensino de
Libras, facilitando o desenvolvimento de competências linguísticas em estudantes com deficiência. Os
objetivos específicos incluem analisar a aplicabilidade do DUA no contexto escolar, avaliar o impacto
de práticas pedagógicas inclusivas e propor estratégias que possam ser replicadas em outras
instituições de ensino. O referencial teórico baseia-se em estudos de Silva e Lídia (2020), que abordam
métodos eficazes para o ensino de Libras, e Zerbato (2018), que explora a implementação do DUA
como ferramenta para práticas pedagógicas inclusivas. Os conceitos fundamentais do DUA, como
engajamento, representação e expressão, orientam a pesquisa com o intuito de garantir que os
estudantes tenham melhores oportunidades de aprendizado, levando em consideração suas diferentes
formas de interação com o conteúdo. A metodologia adotada é a Pesquisa-Ação, com abordagem
qualitativa, permitindo uma interação contínua com o ambiente escolar. A pesquisa será realizada em
três turmas do ensino fundamental que incluem estudantes com deficiência. Inicialmente, será feita
uma avaliação diagnóstica das competências linguísticas, seguida pela implementação dos princípios
do DUA nas aulas de Libras. Ao final do semestre, uma nova avaliação será realizada para verificar o
progresso dos alunos. Espera-se que os resultados confirmem o DUA como uma metodologia eficaz
para lidar com os desafios educacionais, contribuindo com reflexões sobre políticas pedagógicas
inclusivas. A pesquisa pretende demonstrar que a aplicação dos princípios do DUA no ensino de Libras
pode ampliar a acessibilidade e favorecer o aprendizado, promovendo uma educação mais inclusiva e
multilíngue.
56
LITERATURA SURDA ESCRITA (SIGNWRITING/PORTUGUÊS): CONSIDERAÇÕES
ACERCA DE DUAS OBRAS BILÍNGUES À LUZ DA MULTIMODALIDADE
57
LUDICIDADE E INCLUSÃO: A CRIAÇÃO DE JOGOS EM LIBRAS COMO
FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE ALUNOS SURDOS
58
MATERIAIS DIDÁTICOS ACESSÍVEIS PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS INCLUSIVAS NA REDE PÚBLICA DE MARABÁ-PA
59
METODOLOGIA MULTISSEMIÓTICA PARA O ENSINO DE DIVISÃO SILÁBICA:
ABORDAGEM VISUAL NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
60
METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LIBRAS PARA CRIANÇAS SURDAS EM IDADE
ESCOLAR- NA ÓTICA DA REVISÃO INTEGRATIVA
61
O DIREITO À EDUCAÇÃO BILÍNGUE DAS PESSOAS SURDAS À LUZ DOS ACÓRDÃOS
DO TJSP x TJSC?
RESUMO: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996), em seu artigo 60-A,
estabelece o direito à educação bilíngue das pessoas surdas, com seus direitos e deveres. Ao olhar para
o campo do Direito, nota-se que as fontes, as leis, as doutrinas e as jurisprudências se constituem de
base material e formal, isto é, respectivamente por onde se cria propriamente os direitos das pessoas e
como se aplica a produção dessas normas. Nessa perspectiva, os autores que refletem e contribuem
para se pensar nessa interseccionalidade entre o Direito e a Educação Bilíngue de Surdos são Favorito
(2006), Jesus (2016), Lodi (2021), Albres (2021), Reis e Lima (2022). Dessa maneira, o direito à
educação bilíngue das pessoas surdas deve ser analisado sob a ótica das leis constitucionais,
infraconstitucionais e das jurisprudências que perpassam essa matéria. Neste sentido, a presente
pesquisa pretende mapear e analisar como ocorre a garantia dos direitos das pessoas surdas nos
acórdãos – um gênero textual jurídico de reanálise de sentença da primeira instância – do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) e de Santa Catarina (TJSC). Visando entender como ocorre a
figura do direito da educação bilíngue das pessoas surdas no sistema educacional desses dois estados
brasileiros, pergunta-se: Como o direito à educação bilíngue vem sendo assegurado nos processos
judiciais de segunda instância em São Paulo e Santa Catarina? Para elucidar essa questão, esta pesquisa
pauta-se na pesquisa documental e utiliza a análise de conteúdo para examinar os materiais coletados,
o qual metodologicamente utiliza uma abordagem qualitativa. Na coleta de dados, foram selecionadas
4 (quatro) decisões de jurisprudência do TJSC com a palavra-chave "intérprete de libras", "educação"
e 1(uma) decisão de jurisprudência do TJSP com a palavra-chave "intérprete de libras"; "educação",
os quais neste estudo serão analisadas 5 (cinco) decisões de dois tribunais diferentes que retratavam
sobre o direito à educação bilíngue de surdos. Nesta análise, três categorias foram identificadas: (i) os
direitos à educação das pessoas surdas sob o olhar de dois tribunais distintos (ii) nomenclaturas das
pessoas surdas; (iii) o caso, características, especificidades e sua decisão. Os resultados constatam, por
exemplo, inconsistências terminológicas inapropriadas das comunidades surdas nos acórdãos, como
expressões de "surdo-mudo que se comunica com linguagem de sinais". Com essa pesquisa, espera-se
contribuir para o estabelecimento de políticas linguísticas dentro da educação bilíngue de surdos,
garantindo visibilidade à essa modalidade de educação às pessoas surdas.
62
O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA NA MODALIDADE ESCRITA
PARA ALUNOS SURDOS DO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA DOS
MULTILETRAMENTOS
RESUMO: A pesquisa aqui apresentada faz uma reflexão acerca das contribuições dos movimentos
recentes das comunidades surdas em relação ao modelo de Educação Bilíngue, pautado especialmente
pela consolidação da Lei nº 14.191 (Brasil, 2021). O trabalho foi realizado com o intuito de responder
a seguinte problemática: As práticas listadas na proposta curricular, promovem, a partir dos
pressupostos teóricos dos multiletramentos uma educação linguística crítica e intercultural dos
estudantes surdos da educação básica? A pesquisa teve como principal objetivo analisar a “Proposta
Curricular para o Ensino de Português Escrito como Segunda Língua para Estudantes Surdos da
Educação Básica e do Ensino Superior” sob a perspectiva dos Multiletramentos e da educação
linguística crítica e intercultural. Foi traçado um paralelo entre o modelo educacional vigente nas
escolas inclusivas e o que se espera da proposta recém aprovada. Visto que é de extrema importância
diferenciar os conceitos relacionados ao bilinguismo, dos que definem a proposta de educação
bilíngue. Para isso foi considerado o papel documental do Currículo Escolar, como um possível guia
de referência das praxiologias no ensino da Língua Portuguesa e da Língua Brasileira de Sinais (Libras)
como instrumento de empoderamento da cultura e identidade surda. O embasamento teórico foi
construído a luz de Quadros e Skliar (2012), Souza (2011), Rojo (2023) Rabelo (2007), Salles (2003),
Quadros e Schmiedt (2003). A metodologia do trabalho se enquadra em uma abordagem qualitativa e
recorreu aos métodos de pesquisa documental, por meio de documentos oficiais do Governo Federal,
para a coleta de dados. Os dados coletados foram analisados segundo os estudos de Bardin (2020) por
meio da Análise de Conteúdo, em uma perspectiva interpretativa. Foi possível identificar as
contribuições e possíveis entraves da referida proposta curricular para uma educação libertária e
igualitária dos discentes surdos, uma vez que a Educação Bilíngue poderá fomentar as praxiologias
culturais e de fortalecimento da comunidade, embora não se tenha respostas dos impactos dessa
abordagem para a escola regular. Também foi possível perceber que enquanto o surdo não tiver acesso
a uma educação que contemple sua identidade, sua literacia, sua cultura, sua língua como instrução,
mediação e criação, não falaremos em educação linguística, letramento crítico, mas em pseudo-
inclusão e descarada exclusão desse povo estrangeiro linguístico em seu próprio país.
63
O JOGO DA MEMÓRIA COMO FERRAMENTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE
LIBRAS: UM ESTUDO DE CASO COM ALUNOS OUVINTES DO 9º ANO
RESUMO: Este trabalho apresenta uma análise do uso do jogo da memória como estratégia
pedagógica para o ensino de categorias em Língua Brasileira de Sinais (Libras), com ênfase na
aprendizagem dos números. O estudo será desenvolvido em uma turma do 9º ano do Ensino
Fundamental em uma escola pública do Rio Grande do Norte, que é composta por 26 alunos ouvintes,
e aborda a relevância de ferramentas lúdicas no contexto educacional, destacando que o jogo pode
servir não apenas para o conhecimento e o contexto da língua de sinais por si só, mas também irá
promover a inclusão e a conscientização sobre a diversidade linguística. Ao unir o lúdico com o ensino,
o professor deverá criar um ambiente com maior dinamicidade e colaboração, incentivando a
curiosidade e o interesse dos estudantes. A pesquisa busca investigar como o jogo da memória pode
servir para o ensino de categorias em Libras e tem o objetivo principal de investigar o impacto dessa
estratégia de ensino na compreensão dos números na língua de sinais, além de analisar a sua eficácia
como um recurso didático para ser utilizado dentro de sala de aula, podendo observar se haverá
contribuição do material para a redução de preconceitos com a comunidade surda e se os alunos
ouvintes irão buscar se envolver de forma mais acolhedora com estudantes surdos. Para isso, diversos
autores foram pesquisados e vários trabalhos abordam a temática da valorização do uso de jogos para
o ensino de Libras. Dentre esses, podemos citar Silva e Santos (2019), Freitas e Carvalho (2020),
Moura, Silva e Ribeiro (2020) e Alves e Luma Junior (2023). Por consequência, são esperados
resultados que indiquem o jogo da memória como um facilitador da aprendizagem, que sirva para
auxiliar no conhecimento visual-espacial, podendo ser uma ferramenta poderosa para promover o
ensino de forma interessante, além da inclusão e da conscientização sobre a importância do
conhecimento de Libras no cotidiano.
64
O SERVIÇO DE INTERPRETAÇÃO DO PAR LINGUÍSTICO LIBRAS- PORTUGUÊS
DENTRO DO CAMPUS DE ABAETETUBA/UFPA: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SURDOS
RESUMO: Para muitos alunos surdos, a presença de intérpretes é um fator determinante para o seu
desempenho acadêmico e social. Entender qual a percepção dos usuários do serviço de interpretação
dentro da universidade é fundamental para o seu aprimoramento. A pesquisa sobre esse tema pode
ajudar a identificar pontos de melhoria no ensino superior, para a comunidade surda e fortalecer as
práticas de inclusão no campus de Abaetetuba/ Universidade Federal do Pará. Este estudo aponta as
barreiras enfrentadas por esses alunos, que frequentemente encontram empecilhos na interação
acadêmica e social, comprometendo sua participação plena na vida universitária. Os objetivos, incluem
identificar quais as perspectivas em relação ao serviço de interpretação, como esses serviços
contribuem ou interferem na permanência da comunidade surda na universidade, apresentar relatos
dos alunos sobre o suporte recebido, e analisar as barreiras institucionais que dificultam a inclusão. A
relevância do estudo reside na necessidade de promover um ambiente educacional acessível e
inclusivo, reconhecendo a (Língua Brasileira de Sinais) Libras como uma língua essencial para a
comunicação. Utilizamos como base teórica e metodológica a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF),
especificamente pelo Sistema de Modalidade (Halliday; Hassan, 1985; Halliday; Matthiessen, 2004;
Fuzer; Cabral, 2014; Carvalho, 2020; Lima, 2023). Segundo a LSF, a linguagem possibilita interagir
com as outras pessoas no meio social. Através da interação, podemos estabelecer e desenvolver papeis
sociais e identidade, bem como participar de grande variedade de processos sociais. Além disso,
conforme destacado por Fuzer e Cabral (2014), a modalidade é um recurso utilizado para expressar
significados relacionados ao julgamento do falante em diferentes graus, pela posição que assumem,
expressão de uma opinião ou ponto de vista. A metodologia emprega uma abordagem qualitativa,
combinando análise de documentos institucionais e registros acadêmicos, além de entrevistas
individuais feitas com alunos surdos que desistiram, se formaram e aqueles que continuam na
instituição. A pesquisa ainda em andamento revela a importância de um serviço de interpretação de
qualidade para a inclusão acadêmica de estudantes surdos. Os dados preliminares apontam que a
competência dos intérpretes, a interação com professores e o acesso a materiais adequados em Libras
são fundamentais para uma boa experiência educativa. Além disso, é fundamental que os professores
do ensino superior recebam formação específica para adaptar seus conteúdos, tornando-os acessíveis
a todos os alunos que enfrentam limitações auditivas, visuais ou intelectuais, compreendendo a
distinção entre o papel do intérprete educacional e o professor. Esse estudo tem o potencial de
contribuir com a educação inclusiva no ensino superior.
Ricardo Janoario
[email protected]
Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES
RESUMO: Na atualidade a discussão acerca da educação bilíngue para surdos vem conquistando
novas veredas, e nos faz refletir sobre a realidade das escolas, onde ainda é visível a falta de incentivos
e de professores com formação adequada para trabalhar e se comunicar com os estudantes surdos. Essa
percepção parece fazer sentido quando nos reportamos à comunidade surda, o foco ainda é direcionado
para a deficiência auditiva ao invés de privilegiar o indivíduo, reconhecendo-o apto a aprender,
transformando-o em sentido e sendo transformador da sociedade em que vive. Sendo assim, a
presidente da revista Feneis, Strobel (2011) diz que ainda precisamos mudar a concepção médica da
surdez aos olhos da sociedade, para que os gestores cessem de confundir escola especial com escola
bilíngue (Strobel, 2011. p. 3). Toda essa mobilização, nos mostra o quanto as escolas bilíngues são de
extrema importância para o desenvolvimento dos alunos surdos, tendo como primeira língua a Língua
Brasileira de Sinais (Libras) e posteriormente a Língua Portuguesa. Essa não inserção de pessoas
surdas nas escolas aconteceu por vários motivos, porém, um desses motivos pode ser justamente a falta
de profissional qualificado para que essa pessoa possa ir para a escola aprender, compreender e ser
compreendido. Uma vez se sentindo que faz parte de fato do meio no qual está inserido, se sente mais
à vontade para continuar a fazer parte. Esta pesquisa se justifica em virtude de recentemente ter sido
promulgada, no Brasil, a Lei nº 14.191 (Brasil, 2021), oriunda do Projeto nº 4.909 (Brasil, 2020), em
que institui a educação bilíngue para os estudantes surdos. Porém, percebemos que há uma certa
dificuldade na efetivação dessa lei, visto que a maioria dos professores, equipe técnica escolar e os
demais alunos não sabem se comunicar em Libras, e ainda se vê o discurso que essas escolas não estão
preparadas para isso. As escolas ditas “normais” ainda não conseguem oferecer uma educação de
qualidade para pessoas surdas e o máximo que essas escolas fazem, é integrar essas referidas pessoas
para a educação especial. Tendo assim uma visão equivocada sobre a maneira de educar da
comunidade surda, não oportunizando uma melhor inserção desses educandos e, consequentemente,
tendo déficit no ensino de qualidade. Cada aluno é um, e como tal, possui suas necessidades e anseios,
portanto, é essencial que a escola ofereça uma educação que contribua para a formação do indivíduo,
respeitando-se suas diferenças, seus limites e o ritmo de aprendizagem de cada aluno. Uma vez que
todos têm direito à educação e que devem ser respeitados como seres que possuem limitações,
dificuldades e que aprendem progressivamente. Partindo do princípio de que a escola é um espaço
privilegiado para a aquisição de conhecimentos necessários para formação de cidadãos críticos e
reflexivos. E a partir da efetivação da educação bilíngue, o estudante surdo tem a possibilidade de
acesso e a permanência e conclusão com sucesso dos seus estudos.
66
PEDAGOGIAS INOVADORAS NO ENSINO DE BIOLOGIA PARA ALUNOS SURDOS:
EXPLORANDO PRÁTICAS EDUCACIONAIS
RESUMO: No ambiente escolar, à medida que os alunos avançam para os últimos anos do Ensino
Fundamental e ingressam no Ensino Médio, são expostos a conteúdos científicos de crescente
complexidade, como as fases da hematose e a estrutura celular. Para os alunos surdos, essas demandas
apresentam desafios significativos, uma vez que as abordagens pedagógicas tradicionais
frequentemente não consideram as especificidades linguísticas e cognitivas desta população. A falta
de estratégias adequadas agrava a exclusão desses alunos dos processos de ensino e aprendizagem,
reforçando barreiras ao pleno desenvolvimento educacional. Esta pesquisa tem como objetivo
investigar como pedagogias inovadoras, como as abordagens de Montessori (2017) e Steiner (2003),
podem contribuir com a elaboração de estratégias didáticas no ensino de Biologia para alunos surdos.
Esses modelos pedagógicos defendem a aprendizagem experiencial e o uso de atividades práticas para
facilitar a compreensão de conceitos abstratos. Autores contemporâneos, como Karnopp (2012) e
Lacerda (2016), complementam essa perspectiva ao discutir os desafios e potencialidades da educação
bilíngue e inclusiva para surdos, oferecendo subsídios teóricos essenciais para repensar práticas
pedagógicas em contextos inclusivos. A metodologia proposta inclui uma revisão bibliográfica sobre
pedagogias inovadoras e uma pesquisa de campo em sala de aula. Serão realizadas oficinas práticas
complementares à disciplina de Biologia com alunos surdos, visando explorar a eficácia dessas
abordagens no contexto educacional. As oficinas, focadas na experimentação de conceitos científicos,
serão gravadas em vídeo, com autorização prévia, e posteriormente analisadas qualitativamente para
captar os feedbacks dos participantes e avaliar as estratégias pedagógicas propostas. Espera-se que os
resultados indiquem que as pedagogias inovadoras facilitem significativamente a compreensão dos
conteúdos científicos por parte dos alunos surdos, oferecendo um caminho promissor para o
desenvolvimento de práticas pedagógicas mais inclusivas. Além de ampliar as possibilidades
metodológicas no ensino de Biologia, o estudo sugere que tais abordagens possam impactar
positivamente a trajetória escolar e pessoal dos alunos, permitindo maior inserção no campo científico
e em outras esferas sociais.
67
PROPOSTA CURRICULAR PARA O ENSINO DE ASL EM ESCOLAS BILÍNGUE DE
SURDOS
Palavras-chave: American Sign Language; Educação Bilíngue; Língua Brasileira de Sinais; Língua
Estrangeira; Surdo.
68
UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA LENDA DO UIRAPURU NA LITERATURA SURDA
RESUMO: Neste trabalho apresentamos a Literatura Surda, cujo destaque é o seu valor estético
descolonizador, a fim de contribuir na valorização das obras desta Literatura e que deixem de ser vistas
apenas como uma ferramenta para auxiliar na alfabetização de crianças surdas. Assim, analisamos a
lenda de autoria da amazonense Sara Magalhães, nominada: Lenda do Uirapuru, que é uma adaptação
à Cultura Surda, e, que integra a obra Onze Histórias e um Segredo: desvendando as lendas
amazônicas (2016). É uma análise comparativa entre a lenda adaptada e a lenda fonte: A Lenda do
Uirapuru (autor desconhecido). Este estudo analisa lendas, que é um gênero amplamente conhecido
pelas criações fantásticas que surgem da imaginação coletiva de um grupo de pessoas ou de um povo,
em que há personagens ou fatos sobrenaturais, e nela expressam-se medos, fantasias, dúvidas, e
instigam a imaginação de quem a recebe, sendo transmitidas oralmente de geração a geração. A
presente investigação é desenvolvida metodologicamente a partir da análise das obras, o que envolve
observações em relação às questões linguísticas e culturais, para posteriormente descrevê-las,
compará-las com uma abordagem qualitativa O embasamento teórico está ancorado nos Estudos
Comparados, com autores como Cândido (2011), Todorov (2009), Cascudo (2006), e, na área de
Literatura Surda o estudo fundamenta-se em Karnopp (2010), Mourão (2011), Sutton-Spence (2021)
e Marta Morgado (2011). É importante ressaltar que a comunidade surda tem lutado pelo direito de ser
representada na Literatura Surda e ter acesso à Literatura em geral. Isso tem acontecido por meio de
festivais culturais nas associações e escolas de surdos, nas universidades, com ampla produção de
alunos surdos e ouvintes. Com este estudo espera-se somar-se às pesquisas que se aproximam deste
campo de saber, no sentido de destacar a função social da literatura surda como meio de fortalecimento
da língua e da cultura surda. Esta literatura tem potencial para promover reflexões acerca da resistência
dos surdos frente ao ouvintismo, e transformar a si, ao outro e quiçá transformar também as práticas
sociais excludentes.
69
UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE AS VISÕES DE SURDEZ EM POLÍTICAS
LINGUÍSTICAS NO BRASIL
Mikael Sousa Silva
[email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
RESUMO: Por um longo período da história da educação de surdos, a surdez foi amplamente vista
como um problema a ser resolvido, o que acabou por refletir em inúmeros campos do funcionamento
da vida social, incluindo as políticas linguísticas, que reverberam diretamente na vida das pessoas,
sobretudo na vida de usuários de uma língua minoritarizada, como os surdos. Contemporaneamente,
pesquisadores, educadores e militantes da causa surda têm lançado uma outra mirada sobre a surdez,
compreendendo-a como como uma identidade linguística e cultural, e não como a ausência da audição,
de modo a se romper com o discurso do déficit. Dessa maneira, este trabalho objetiva reconhecer os
modelos de surdez que são veiculados e fortalecidos pelas políticas linguísticas com base nos
dispositivos legais federais publicados sobre a educação de surdos no Brasil a partir de 2002. Para
tanto, ancoramo-nos em contribuições teóricas dos estudos sobre Políticas Linguísticas e dos Estudos
Surdos, como Pasian e Rocha (2022) e Santos (2021), além de Skliar (1997), que postula os dois
modelos de surdez que tomamos como básicos para a compreensão das abordagens presentes nos
documentos analisados. Assim, nesta pesquisa bibliográfica e documental, fazemos uma retomada dos
dispositivos legais que influenciam na educação brasileira de surdos desde 2002, ano da publicação da
Lei nº 10.436 (Brasil, 2002), de modo a analisá-los considerando os dois modelos de surdez postulados
por Skliar (1997): o clínico-terapêutico e o socioantropológico. Por se tratar de uma pesquisa ainda em
andamento, tivemos como resultado parcial a identificação de sete (sete) dispositivos legais: (i) Lei nº
10.436, de abril de 2002 (Brasil, 2002); (ii) Decreto nº 5.626, de dezembro de 2005 (Brasil, 2005); (iii)
Lei nº 12.319, de setembro de 2010 (Brasil, 2010); (iv) Lei nº 13.005, de junho de 2014 (Brasil, 2014);
(v) Lei nº 13.146, de julho de 2015 (Brasil, 2015); (vi) Decreto nº 10.502, de setembro de 2020 (Brasil,
2020); e (vii) Lei nº 14.191, de dezembro de 2021 (Brasil, 2021). Apesar de ainda não termos
resultados consistentes, consideramos que, levando em consideração o fato de que a lei mais
recentemente publicada se volta para a promoção de uma educação bilíngue, que considera a
especificidade linguística e cultural do surdo, os resultados parciais apontam para um movimento de
respeito à diversidade linguística das pessoas surdas no campo das políticas linguísticas voltadas para
a educação desses sujeitos.
70
71