Tutela Executiva Resumo Final

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Teoria Geral da Execução

Processo de Conhecimento vs. Processo de Execução


● Processo de Conhecimento: Destina-se ao reconhecimento de um direito, onde o tribunal
avalia se uma pessoa tem ou não o direito a algo.
● Processo de Execução: Focado em garantir o cumprimento de um direito já reconhecido, como,
por exemplo, a execução de uma sentença judicial.
Cumprimento de Sentença vs. Ação de Execução
● Cumprimento de Sentença: Ocorre quando há um título executivo judicial (art. 515 do CPC). A
fase processual inicia-se com a intimação do réu e permite defesa por meio de impugnação.
● Ação de Execução: Acontece em títulos executivos extrajudiciais (art. 784 do CPC), como notas
promissórias ou contratos. A defesa é feita por embargos à execução.
Princípios Fundamentais da Execução
● Responsabilidade Patrimonial: O devedor responde com seus bens presentes e futuros para
garantir o pagamento da dívida (art. 789 do CPC).
● Exato adimplemento: A execução só deve atingir o necessário para o cumprimento da
obrigação.
● Princípio da Patrimonialidade: A execução recai sobre o patrimônio do devedor, restringindo a
penhora a bens determinados, exceto os bens impenhoráveis (art. 833, CPC).
● Princípio da Disponibilidade: O credor pode renunciar ou desistir da execução, podendo
interrompê-la a qualquer momento.
● Princípio da Efetividade: Busca assegurar que a execução seja eficaz e alcance seu objetivo
final – a satisfação do direito do credor.
● Princípio da Menor Onerosidade: Previsto no art. 805 do CPC, estabelece que a execução
deve ser feita de maneira menos gravosa ao devedor, assegurando o equilíbrio entre as partes.
● Princípio da Boa-Fé Processual: De acordo com o art. 5º do CPC, todas as partes devem atuar
de boa-fé, respeitando as regras do processo de execução e evitando manobras que
comprometam o resultado justo.
● Princípio da Adequação: A execução deve ser adequada ao direito do credor, de modo
proporcional à pretensão executiva.
● Princípio da Autonomia da Execução: Em muitos casos, a execução pode ser iniciada mesmo
sem uma ação de conhecimento prévia, como ocorre em execuções de título extrajudicial (art.
771, CPC).
● Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa: Apesar de a execução visar a efetividade da
sentença, o devedor ainda possui direito ao contraditório e à defesa, como em impugnações e
embargos (art. 5º, LV, CF).
Procedimentos Executivos
● Cumprimento de Sentença: É a execução das decisões judiciais definitivas, variando conforme
o tipo de obrigação (arts. 513 a 538, CPC).
● Execução de Título Extrajudicial: Realizada quando o credor possui um título executivo, como
contratos ou notas promissórias, que dispensam sentença judicial (arts. 771 a 925, CPC).
Sumulações Relevantes
● Súmula 375 do STJ: Define que, em casos de fraude à execução, deve haver registro da
penhora ou prova de má-fé do terceiro adquirente.
● Súmula 436 do STJ: Determina que a entrega de bens móveis na execução de dar coisa certa
deve cumprir rigorosamente as disposições contratuais e processuais.
Títulos Executivos Judiciais e Extrajudiciais
● Títulos Executivos Judiciais: Incluem sentenças judiciais que reconhecem uma obrigação,
decisões arbitrais, sentenças estrangeiras homologadas, entre outros (art. 515 do CPC).
● Títulos Executivos Extrajudiciais: Abarcam documentos como notas promissórias, escrituras
públicas, contratos garantidos por hipoteca, e outros mencionados no art. 784 do CPC.
Defesas no Processo de Execução
principais formas de defesa no processo de execução:
1. Embargos à Execução
Natureza: É a principal forma de defesa do devedor em uma execução de título extrajudicial, podendo
discutir a legalidade e o valor da dívida.
Prazo: O devedor tem 15 dias, contados da citação, para apresentar embargos (art. 914 do CPC).
Características: Não exige que o devedor garanta o juízo (penhore bens), mas, se o fizer, poderá pedir a
suspensão da execução.
Limites: Nos embargos, o devedor pode alegar matérias como nulidade do título, pagamento já realizado,
excesso de execução, prescrição, entre outros.
2. Impugnação ao Cumprimento de Sentença
Natureza: Aplica-se quando a execução se baseia em título judicial (decisão já transitada em julgado).
Prazo: O devedor tem 15 dias para impugnar a partir da intimação do cumprimento de sentença (art. 525
do CPC).
Características: Não suspende automaticamente o cumprimento da sentença, salvo se houver garantia
do juízo.
Limites: A impugnação pode versar sobre matérias como excesso de execução, inexigibilidade do título,
e qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação.
3. Exceção de Pré-Executividade
Natureza: É uma defesa sem necessidade de garantir o juízo ou ajuizar embargos, voltada a questões de
ordem pública, como ausência de pressupostos processuais.
Aplicação: Admite-se em casos excepcionais, como ausência de liquidez do título, prescrição, nulidade
da citação ou impenhorabilidade de bens.
Prazo: Não tem prazo específico, podendo ser apresentada a qualquer tempo enquanto a execução
estiver em curso.
Limites: Restrita a matérias de ordem pública e que possam ser analisadas sem necessidade de prova
complexa.
4. Embargos de Terceiro
Natureza: Podem ser utilizados por terceiros que não são partes no processo de execução, mas que
tiveram seus bens indevidamente penhorados.
Prazo: Podem ser apresentados a qualquer momento enquanto o bem estiver sujeito a constrição judicial
(art. 675 do CPC).
Características: Devem comprovar que o bem pertence ao terceiro e que ele é indevidamente afetado
pela execução.
Limites: Limitam-se à discussão sobre a titularidade dos bens penhorados.
5. Defesa no Procedimento de Expropriação
Natureza: Uma vez que a execução avança para a expropriação de bens (leilão, adjudicação ou uso pelo
credor), o devedor pode defender-se questionando o valor da avaliação ou a forma de expropriação.
Prazo e Limites: Pode impugnar o valor da avaliação ou propor alternativas de expropriação menos
gravosas ao patrimônio, sempre respeitando o princípio da menor onerosidade (art. 805 do CPC).
6. Ações Autônomas
Em situações excepcionais, o devedor pode ajuizar ações autônomas, como:
● Ação Anulatória: Visa anular a execução em casos de vícios processuais graves ou
inconstitucionalidade.
● Ação Rescisória: Quando se trata de execução baseada em decisão judicial com vício grave
que possibilite sua rescisão.
Características: Essas ações são mais complexas e aplicáveis em casos onde há questão de direito que
não poderia ser resolvida nas defesas tradicionais.
Penhora e Expropriação de Bens
A penhora recai sobre os bens do devedor, respeitando uma ordem de prioridade (art. 835 do CPC),
como dinheiro, veículos, imóveis e outros. A expropriação pode ocorrer por adjudicação, alienação por
iniciativa particular ou leilão judicial.
Suspensão e Extinção da Execução
A execução pode ser suspensa por motivos como falta de localização de bens ou do devedor, entre
outros previstos no art. 921 do CPC. Já a extinção ocorre, por exemplo, quando a obrigação é satisfeita
ou há renúncia do exequente (art. 924 do CPC).
Liquidação de Sentença
Este processo apura o valor da obrigação a ser cumprida, sem reexaminar o mérito. Pode ser feita por
arbitramento ou procedimento comum, dependendo do caso (art. 509 do CPC).
Outros Aspectos Relevantes
● Competência: O cumprimento da sentença se dá perante o juízo que decidiu a causa em
primeira instância ou o tribunal competente, dependendo do título.
● Sucessão do Exequente e do Executado: O direito de execução pode ser transferido para
herdeiros, sucessores ou cessionários.
● Honorários Advocatícios: Na execução, os honorários são fixados de plano pelo juiz e podem
ser reduzidos caso o devedor pague a dívida dentro do prazo legal.
Parcelamento de Dívidas
Em execuções de títulos extrajudiciais, o devedor pode pedir o parcelamento da dívida em 30% de
entrada e seis parcelas, desde que reconheça a dívida (art. 916 do CPC).
Procedimentos Especiais
Os procedimentos especiais foram previstos para que litígios específicos, pela sua natureza ou urgência,
tenham uma estrutura processual diferenciada e garantam maior eficiência. No CPC, são previstos
procedimentos especiais para ações possessórias, ação monitória, entre outras.
Principais Procedimentos Especiais
● Ações Possessórias (arts. 554 a 568, CPC): Reintegração, manutenção de posse e interdito
proibitório, visando a proteção contra turbações e esbulhos.
● Princípio da Fungibilidade das Ações Possessórias: Permite a adequação da ação
possessória escolhida de acordo com a situação, possibilitando a conversão entre reintegração,
manutenção e interdito.
● Princípio da Temporariedade da Liminar Possessória: Concessão de liminar possessória
deve ser rápida para proteger a posse antes de uma decisão final.
● Ação de Consignação em Pagamento (arts. 539 a 549, CPC): Permite ao devedor quitar sua
obrigação quando o credor se recusa a receber o pagamento.
● Princípio da Liberação do Devedor: O devedor busca se exonerar da obrigação, com
segurança jurídica, mesmo na recusa do credor.
● Ação de Exigir Contas (arts. 550 a 553, CPC): Para que uma pessoa que administra bens ou
direitos de terceiros preste contas de sua gestão.
● Princípio da Transparência na Gestão: Promove a transparência e o controle sobre a
administração de bens de terceiros.
● Princípio da Inviolabilidade do Patrimônio de Terceiros: Assegura a integridade dos bens de
terceiros, evitando que sejam atingidos por litígios em que não figuram como parte.
● Ação Monitória (arts. 700 a 702, CPC): Permite a cobrança rápida de dívidas baseadas em
prova escrita que não constitui título executivo.
● Princípio da Rapidez na Cobrança de Dívidas: A monitória facilita a exigência de dívida,
acelerando o processo quando há prova escrita.
● Ação de Nunciação de Obra Nova (arts. 934 a 945, CPC): Visa impedir ou regular construções
que possam prejudicar terceiros, assegurando direitos de vizinhança.
● Princípio da Proteção ao Direito de Vizinhança: Estabelece que a construção deve respeitar
limites e direitos de vizinhos, prevenindo danos ou prejuízos.
Princípios Relevantes nos Procedimentos Especiais
● Princípio do Devido Processo Legal: Garante a defesa e contraditório do réu, respeitando
todas as etapas processuais necessárias (art. 5º, LIV, CF).
● Princípio da Celeridade Processual: Enfatizado no art. 4º do CPC, assegura que esses
procedimentos sejam rápidos e eficazes para resolver conflitos.
● Princípio da Instrumentalidade das Formas: A finalidade do processo é priorizada em relação
à forma, visando o aproveitamento dos atos processuais quando atingem o objetivo.
● Princípio da Cooperação: Prevê a colaboração entre juiz e partes para alcançar a solução justa
e célere (art. 6º, CPC).
● Princípio da Isonomia: Assegura igualdade de tratamento às partes, sem discriminação ou
favorecimento (art. 7º, CPC).
Sumulações Relevantes
● Súmula 629 do STF: O mandato que contenha poderes para foro em geral permite a propositura
de ações possessórias.
● Súmula 58 do STJ: Admite a fungibilidade entre as ações possessórias para proteger o direito
do possuidor, mesmo com erro na escolha da ação.
Fundamentação e Importância da Tutela Executiva e Procedimentos Especiais
A tutela executiva e os procedimentos especiais desempenham um papel fundamental para assegurar a
justiça e a proteção dos direitos, garantindo que os processos sejam rápidos, eficazes e adequados a
cada tipo de demanda. Asseguram também o respeito ao contraditório, à ampla defesa e à isonomia,
promovendo um processo justo e equilibrado.
Os títulos executivos extrajudiciais são documentos que comprovam uma obrigação (de pagar, fazer,
não fazer, ou entregar coisa) e que, por força da lei, permitem o início de um processo de execução sem
a necessidade de uma sentença judicial. Esses títulos, previstos no art. 784 do Código de Processo Civil
(CPC), têm presunção de liquidez, certeza e exigibilidade. Abaixo, estão listados os principais títulos
executivos extrajudiciais:
● Documentos Particulares com Assinatura de Duas Testemunhas: Contratos e outros
documentos particulares, quando assinados pelo devedor e por duas testemunhas, são
considerados títulos executivos (art. 784, III, CPC). A presença das testemunhas dá
autenticidade ao documento.
Ressalva: A presença de duas testemunhas é obrigatória para conferir força executiva. Se o
documento tiver apenas a assinatura das partes, sem testemunhas, ele perde o caráter
executivo e só poderá ser cobrado por ação de conhecimento.

● Cheque, Nota Promissória, Duplicata, Letra de Câmbio e Outros Títulos de Crédito: São
títulos de crédito com força executiva e regidos pela legislação específica, como a Lei do Cheque
(Lei 7.357/85) e a Lei Uniforme sobre Letras de Câmbio e Notas Promissórias. Estes
documentos representam promessas de pagamento e são exigíveis independentemente de
ações anteriores.
Ressalva: Se o título for vinculado a um contrato, pode haver discussão sobre o cumprimento
das condições contratuais. Por exemplo, se um cheque é emitido como pagamento de um
serviço, e o devedor alega que o serviço foi mal prestado, isso pode ser utilizado para questionar
a exigibilidade do título na execução.
O cheque tem prazo de apresentação e de execução. Após 6 meses da data de apresentação,
ele perde a força executiva e só pode ser cobrado por meio de ação monitória (art. 59 da Lei do
Cheque - Lei 7.357/85). Se o cheque for pós-datado ou condicionado, pode haver
questionamentos quanto à sua exigibilidade, pois ele deve ser considerado à vista, e qualquer
condição futura pode afetar sua força executiva.
Assim como o cheque, esses títulos também possuem prazo de prescrição, após o qual perdem
sua força executiva. A nota promissória, por exemplo, prescreve em 3 anos após o vencimento
(art. 70 da Lei Uniforme).

● Contrato de Seguro de Vida:O crédito resultante do contrato de seguro de vida, em caso de


falecimento do segurado, é um título executivo em favor do beneficiário (art. 784, VII, CPC),
desde que não haja divergência sobre o Direito.
Ressalva: A apólice de seguro de vida pode ser contestada pela seguradora se houver dúvidas
sobre o evento de morte, exclusões de cobertura, ambiguidade nas condições, limites de
indenização ou período de carência, podendo assim exigir que o beneficiário comprove o direito
judicialmente, o que descaracteriza o título como líquido e exigível.

● Contrato de Aluguel com Cláusula de Confissão de Dívida: Quando o contrato de locação


contém cláusula de confissão de dívida, ele adquire caráter de título executivo extrajudicial,
permitindo execução direta, conforme o art. 784, VIII do CPC.
Ressalva: A cláusula de confissão de dívida deve estar bem definida e específica no contrato
para garantir a certeza do valor devido. Em caso de cláusulas pouco claras, o título pode perder
a certeza e ser questionado quanto à liquidez, exigindo revisão judicial.

● Sentença Arbitral e Instrumento de Transação: A sentença arbitral, resultado de um


procedimento de arbitragem, é um título executivo (art. 515, VII, CPC) e pode ser executada
como uma sentença judicial.

● Instrumentos de transação homologados fora do processo judicial também são


considerados títulos executivos (art. 784, II, CPC).
Ressalva: A transação deve ser clara quanto ao direito renunciado e ao valor a ser pago,
conforme o Código Civil. Ambiguidades na redação podem gerar questionamentos de validade,
especialmente se houver alegação de vício de consentimento.

● Contratos de Câmbio e Contratos de Financiamento de Importação e Exportação:


Contratos de câmbio e documentos de financiamento relacionados a operações de importação e
exportação são executáveis, segundo o CPC e legislações específicas sobre o comércio exterior.

● Termo de Compromisso de Aluno com Instituição de Ensino: O termo assinado pelo aluno,
assumindo obrigações financeiras com a instituição, pode ser executado como título extrajudicial
(art. 784, X, CPC).

● Título Rural – Cédulas de Produto Rural, Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária: Cédulas
e títulos emitidos no âmbito de atividades rurais possuem natureza executiva e são
regulamentados por leis específicas, como a Lei 11.076/04.
Ressalva: A execução desses títulos exige comprovação da entrega ou da existência dos
produtos ou bens indicados, especialmente se o pagamento está vinculado a safras ou produtos
específicos. Ausência de comprovação pode gerar dúvida sobre a exigibilidade.

● Contrato de Alienação Fiduciária: O contrato de alienação fiduciária, no qual o devedor


entrega um bem como garantia, possibilita a execução extrajudicial, facilitando a recuperação do
bem pelo credor em caso de inadimplemento (art. 784, XII, CPC).
Ressalva: A alienação fiduciária de bem imóvel possui procedimentos específicos para
consolidação da posse em nome do credor antes da execução. Se não forem observados,
podem gerar nulidade ou exigência de regularização antes da execução.

● Termo de Confissão de Dívida: Documento assinado pelo devedor reconhecendo o débito e


assumindo o compromisso de pagamento, é um título executivo quando preenchido com os
requisitos formais de validade.
Ressalva: Deve conter detalhes claros sobre o valor da dívida, condições e prazos para que
seja considerado certo e líquido. Termos de confissão de dívida que dependem de apuração de
saldo, como juros pendentes ou ajustes de cálculo, podem ser questionados por falta de liquidez.

● Outros Títulos Previstos em Lei: O CPC deixa aberto para que outras leis específicas possam
prever novos títulos executivos, como acontece com cédulas de crédito bancário, títulos rurais,
imobiliários e do agronegócio.
Requisitos dos Títulos Executivos Extrajudiciais: Para que esses títulos tenham força executiva,
devem cumprir os requisitos de liquidez, certeza e exigibilidade. Além disso, caso haja necessidade de
complementar informações para comprovar a obrigação, eles podem perder seu caráter de título
executivo e ser convertidos em objeto de ação de conhecimento.

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