Proteção e Higiene Das Radiações

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PROTEÇÃO E HIGIENE DAS

RADIAÇÕES.

Prof. Florêncio Morais Passos


Tecnólogo em Radiologia
[email protected]
PROTEÇÃO E HIGIENE DAS RADIAÇÕES:

Radioproteção tem como objetivo;


A proteção dos indivíduos, de seus descendentes, da humanidade
como um todo e do meio ambiente entre os possíveis danos
provocados pelo uso da radiação ionizante.

HIGIENE DAS RADIAÇÕES;


O termo higiene em relação às Técnicas Radiológicas, refere-se ao
estabelecimento e a Vigilância dos procedimentos de segurança para
a conservação da saúde dos indivíduos ocupacionalmente expostos e
dos pacientes.

Radiações;
São ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com uma
determinada velocidade. Contém energia, carga elétrica e magnética.
Podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos
construídos pelo homem. Possuem energia variável desde valores
pequenos até muito elevados.
As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são:

Luz, micro-ondas, ondas de rádio, radar, laser, raios X e radiação


gama.

As radiações sob a forma de partículas, com massa, carga elétrica,


carga magnética mais comum são os feixes de elétrons, os feixes de
prótons, radiação beta, radiação alfa.

Dependendo da quantidade de energia, uma radiação pode ser


descrita como, não ionizante ou ionizante.

Radiações não ionizantes, possuem relativamente baixa energia.


Estão sempre a nossa volta.
Ondas eletromagnéticas como a luz, calor e ondas de rádio, são
formas comuns de radiações não ionizantes. Sem radiações não
ionizantes, nós não poderíamos apreciar um programa de TV em
nossos lares ou cozinhar em nosso forno de micro-ondas.
Radiações ionizantes, altos níveis de energia são originados do
núcleo de átomos, podem alterar o estado físico de um átomo e
causar a perda de elétrons, tornando-os eletricamente carregados.
Este processo chama-se “ ionização”.
Tipos de radiação e seus efeitos

Os principais tipos de radiação usados em medicina são citados a


seguir. Seu poder de penetração e a blindagem típica associada
variam com o tipo de radiação e sua energia.

Partícula alfa (a): não consegue penetrar nem 0,1 mm na pele, no


entanto, sua inalação ou ingestão podem ser muito danosas.
Blindagem típica: folha de papel.

Radiação beta (b): seus efeitos são superficiais.


Blindagem típica: acrílico.

Radiação gama (g) e X: seus efeitos ocorrem de maneira mais


distribuída devido ao seu grande poder de penetração.
Blindagem típica: chumbo.

Nêutrons: têm alto poder de penetração.


Blindagem típica: parafina.
As radiações alfa e beta são partículas que possuem massa e são
eletricamente carregadas, enquanto os raios gama são ondas
eletromagnéticas.

Radiação alfa
Dentre as radiações ionizantes, as partículas alfa são as mais pesadas
e de maior carga e por isso elas são menos penetrantes que as
partículas beta e a radiação gama.
As partículas alfa são núcleos do átomo do gás hélio e são
completamente barradas por uma folha comum de papel e seu alcance
no ar não ultrapassa mais que 10 a 18 cm.

Não consegue atravessar a camada morta da pele do corpo humano.


Portanto, a partícula alfa originada fora do corpo do indivíduo não
oferece perigo à saúde humana. Por outro lado, se o material
radioativo emissor de partícula alfa estiver dentro do corpo ele será
uma das fontes mais danosas de exposição à radiação.
A partícula alfa quando emitida internamente ao corpo do indivíduo
depositará sua energia em uma pequena área, produzindo grandes
danos nesta área
Radiação beta
As partículas beta possuem a mesma massa e a mesma carga do
elétron, portanto, são menores e mais leves que as partículas alfa,
movimentam-se muito mais rápido, e apresentam maior poder de
penetração em qualquer material.
As partículas beta podem penetrar vários milímetros na pele, mas não
penetram uma distância suficiente para alcançar os órgãos mais
internos do corpo humano.
Elas apresentam um risco maior quando emitidas por materiais
radioativos depositados internamente ao corpo ou quando irradiam
diretamente a pele e o cristalino dos olhos. Ex: Potássio

Radiação gama
Os raios gama não possuem nem massa nem carga e por isso têm um
poder de penetração infinito, podendo atingir grandes distâncias no ar
e atravessar vários tipos de materiais.
A radiação gama ou raios gama são radiações eletromagnéticas, tais
como a luz, ondas de rádio e micro-ondas. As características físicas da
radiação eletromagnética incluem o comprimento e a frequência de
onda.
Cada tipo de radiação eletromagnética possui comprimento e
frequência de onda característicos. Pela medida destas características,
pode ser identificado o tipo de radiação. Ex: Cobalto - 60
RADIAÇÕES

ALTA FREQUÊNCIA BAIXA FREQUÊNCIA


Radiação X
Além desses três tipos,
de radiação ionizante
citados, será ainda
citado os Raios X , por
sua ampla utilização,
principalmente na
medicina.
Os Raios X são
semelhantes aos raios
g quanto as suas
propriedades, ou seja,
são ondas A principal diferença entre eles é que os
eletromagnéticas de
raios g são produzidos no núcleo do
alta frequência e átomo enquanto os raios X podem ter
pequeno comprimento
origem na eletrosfera (raios X
de onda. Ao ser
característico) ou por meio do Freamento
atingido, o alvo
de elétrons (raios X artificial).
converte cerca de
Todos os equipamentos utilizados para fins
99% da energia dos médicos e industriais produzem Raios X
elétrons em calor e artificiais.
Radiação de frenagem (Bremsstrahlung) – ocorre quando um
elétron passa próximo ao núcleo de um átomo, sendo atraído pelo
núcleo deste e desviado de sua trajetória original.
O elétron perde uma parte de sua energia cinética original,
emitindo parte dela como fótons de radiação, de alta e baixa
energia e comprimento de onda diferentes, dependendo do nível de
profundidade atingida pelo elétron do metal alvo. A energia dos
fótons será diretamente proporcional ao kVp aplicado.

Raios X Característico – o elétron pode interagir com o átomo


(ionizando-o) retirando dele elétrons pertencentes à sua camada
mais interna (K).
Ao retirar o elétron da camada K, começa o processo de
preenchimento dessa lacuna (busca de equilíbrio), por elétrons de
camada superiores. Dependendo de camada que vem o elétron que
ocupa a lacuna da camada K, teremos níveis de radiação
diferenciados. Corresponde a ~10% de todo raios X produzido;
HISTÓRICOS:

Em 1895, o pesquisador alemão Wilhelm Conrad Roentgen


descobriu os raios X, cujas propriedades despertaram o interesse
da classe médica.

Os raios X atravessavam o corpo humano, provocavam


fluorescência em determinadas substâncias e impressionavam
chapas fotográficas. Eles permitiam obter imagens do interior do
corpo.

Sua aplicação foi rápida, pois em 1896 foi instalada a primeira


unidade de radiografia diagnóstica nos Estados Unidos.

A radioatividade e as radiações ionizantes não são percebidas


naturalmente pelos órgãos dos sentidos do ser humano, diferindo-
se da luz e do calor.
Talvez seja por isso que a humanidade não conhecia sua existência
e nem seu poder de dano até os últimos anos do século XIX,
embora fizessem parte do meio ambiente.
Naquele mesmo ano, em 1896, Antoine Henri Becquerel
anunciou que um sal de Urânio com que ele fazia seus
experimentos emitia radiações espontaneamente.

Mais tarde, mostrou que essas radiações apresentavam


características semelhantes às dos raios X, isto é, atravessavam
materiais opacos, causavam fluorescência e impressionavam chapas
fotográficas.

As pesquisas e as descobertas sucederam-se.


O casal Pierre e Marie Curie foi responsável pela descoberta e
isolamento dos elementos químicos naturalmente radioativos - o
Polônio e o Rádio.
Logo após a descoberta dos raios X e da radioatividade, teve início o
uso desenfreado das radiações. Os próprios médicos queriam ver a
forma de seu crânio e por curiosidade tiraram suas radiografias e
que mais tarde, viram seus cabelos caírem, uma vez que não havia
controle do feixe de raios X.

O cientista Elihu Thompson foi um dos primeiros a realizar


experimentos em si próprio. Ele expôs seu dedo mínimo da mão
esquerda aos raios X, de meia hora a uma hora por dia, durante
vários dias em 1896. Como consequência, seu dedo apresentou
queimadura severa com bolhas e muita dor.

O próprio Henri Becquerel detectou queimadura na sua pele, atrás


do bolso da camisa onde ele levava um pequeno frasco contendo
rádio para demonstração nas suas conferências.
Aos poucos tornou-se evidente que a exposição à radiação
provocava efeitos imediatos e tardios nos tecidos humanos.
EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE.

Há muitos anos verificou-se que as radiações ionizantes produziam


danos biológicos nos seres vivos. Os primeiros casos de dano ao
homem (dermatites, perda de cabelo, anemia) foram relatados na
literatura logo após a descoberta dos raios X.

Foi somente após a segunda Guerra Mundial, em virtude das


explosões nucleares nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki
e do uso cada vez maior de radionuclídeos nos mais variados setores
de atividades, que se estudou com mais detalhes os efeitos
produzidos por doses repetidas de radiação a longo prazo.

O organismo humano é uma estrutura complexa cuja menor unidade


com funções próprias é a célula. As células do organismo humano
podem ser divididas em dois grupos: as células somáticas e as
células germinativas.
As células somáticas compõem a maior parte do organismo, sendo
responsáveis pela formação da estrutura corpórea (ossos, músculos).
As células germinativas estão presentes nas gônadas (ovários e
testículos) e se dividem produzindo os gametas (óvulos e
espermatozóides) necessários na reprodução. Essas células são
importantes, pois são as responsáveis pela transmissão das
características hereditárias do indivíduo.
Características gerais dos efeitos biológicos das radiações
ionizantes.

· Especificidade
Os efeitos biológicos das radiações ionizantes podem ser provocados
por outras causas que não as radiações, isto é, não são característicos
ou específicos das radiações ionizante. Outros agentes físicos,
químicos ou biológicos podem causar os mesmos efeitos. Exemplo: O
câncer é um tipo de efeito que pode ser causado tanto pelas radiações
ionizantes como por outros agentes.

· Tempo de latência
É o tempo que decorre entre o momento da irradiação e o
aparecimento de um dano biológico visível. No caso da dose de
radiação ser alta, esse tempo é muito curto. Os danos decorrentes da
exposição crônica, doses baixas com tempo de exposição longo,
podem apresentar tempos de latência da ordem de dezenas de anos.
O tempo de latência é inversamente proporcional à dose.
· Reversibilidade
Os efeitos biológicos causados pelas radiações ionizantes podem ser
reversíveis. A reversibilidade de um efeito dependerá do tipo de célula
afetada e da possibilidade de restauração desta célula. Existem,
porém, os danos irreversíveis como o câncer e as necroses.
· Transmissibilidade
A maior parte das alterações causadas pelas radiações ionizantes que
afetam uma célula ou um organismo não são transmitidos a outras
células ou outros organismos. Devemos, porém, citar os danos
causados ao material genético das células dos ovários e dos testículos.
Esses danos podem ser transmitidos
hereditariamente por meio da reprodução.

· Dose Limiar
Certos efeitos biológicos necessitam, para se manifestar, que a dose
de radiação seja superior a um valor mínimo , chamada de dose
limiar. Temos também os efeitos que não necessitam de uma dose
mínima para se manifestar. Como exemplo podemos citar a anemia
cuja dose limiar é de 1 Sv e todas as formas de câncer que
teoricamente não necessitam de uma dose limiar.

· Radiosensibilidade
Nem todas as células, os tecidos, os órgãos e os organismos
respondem igualmente à mesma dose de radiação. As diferenças de
sensibilidade observadas seguem a “lei de Bergonie e Tribondeau” a
qual diz: “a
· Radiosensibilidade
Nem todas as células, os tecidos, os órgãos e os organismos
respondem igualmente à mesma dose de radiação.

As diferenças de sensibilidade observadas seguem a “lei de Bergonie e


Tribondeau” a qual diz:

“a Radiosensibilidade das células é diretamente proporcional a sua


capacidade de reprodução e inversamente proporcional ao seu grau
de especialização”.

Por exemplo a pele e as células produtoras de sangue.


Mecanismos de ação das radiações;
Os efeitos biológicos das radiações no organismo humano são
resultantes da interação dessas radiações com os átomos e as
moléculas do corpo.

Na maioria das vezes, devido à recuperação do organismo, os efeitos


não chegam a tornar-se visíveis ou detectáveis.

Os efeitos biológicos das radiações ionizantes podem ser


classificados quanto ao seu mecanismo (direto ou indireto) e
quanto a sua natureza (reações teciduais ou efeitos estocásticos).

OS ESTÁGIOS DA AÇÃO
Os estágios ocorrem em qualquer átomo ou molécula do corpo
interagido pela radiação, desde as moléculas mais importantes (DNA)
até moléculas da água, que são as mais abundantes no corpo
humano.
A sequência de estágios dos efeitos biológicos são:
1.Estágio Físico.

2.Estágio Físico-químico

3.Estágio Químico

4.Estágio Biológico
Estágio físico – intervalo de tempo onde ocorrem as ionizações e
excitações dos átomos que constituem as moléculas; excitações
causam pouco efeito enquanto as ionizações dos átomos causam
desequilíbrio das moléculas (instabilidade) que passam para o
segundo estágio.

Estágio físico-químico – ocorrem as quebras das ligações


químicas das moléculas, em consequência da ionização de um dos
seus átomos.

Estágio químico – dura poucos segundos, quando os fragmentos


da molécula se ligam a outras moléculas, algumas importantes, como
as da proteína ou enzima.

Estágio biológico – dura dias, semanas ou até anos, quando


surgem efeitos bioquímicos ou fisiológicos que produzem alterações
morfológicas ou funcionais dos órgãos.
MECANISMO DIRETO – quando a radiação age diretamente nas
moléculas importantes, como DNA, principal constituinte dos
cromossomos do núcleo das células.

MECANISMO DIRETO
Os danos nos DNAs resultam em anormalidades nos cromossomos
que são chamados de aberração cromossômica. Esta deve-se
à quebra nos cromossomos, que se não for reparada, resulta
em fragmentos perdidos durante a divisão celular ou ligados
incorretamente a outros cromossomos.

As quebras nas duas fitas do DNA são apontadas como as lesões


mais importantes na produção de aberração cromossômica.
MECANISMO INDIRETO – quando a radiação age na molécula da
água, quebrando-a (radiólise) e produzindo componentes reativos,
como os radicais livres, que são moléculas ou átomos neutros
instáveis.
Os átomos ou moléculas que perderem elétron, por sua vez, tornam-
se radicais livres e iniciando uma reação em cadeia.

Mutações genéticas;
Correspondem as alterações induzidas na molécula de DNA que
resultam na perda ou na transformação de informações codificadas
na forma de genes.

Quebra da molécula;
Resultam na perda da integridade física do material genético (quebra
da molécula).
Classificação dos efeitos biológicos das radiações ionizantes

Os efeitos biológicos das radiações ionizantes são classificados em


estocásticos e determinísticos.

Os efeitos estocásticos são aqueles para os quais a probabilidade


de ocorrência é função da dose, não apresentando dose limiar. Como
exemplo podemos citar o câncer e os efeitos hereditários.

Os efeitos determinísticos são aqueles cuja gravidade aumenta


com o aumento da dose e para os quais existe um limiar de dose,
como exemplo podemos citar a anemia, a catarata, as radiodermites
etc.
Diferentemente das reações teciduais, geralmente detectadas com
doses altas e acima de um limiar, os efeitos estocásticos podem
serem causados por quaisquer doses tanto altas quanto baixas.

Os tecidos mais sensíveis à indução de câncer são:

Tireóide infantil;
Mama feminina;
Medula óssea.

E os menos sensíveis são:


Tecido muscular;
 Células nervosas.
Os efeitos biológicos das radiações ionizantes podem ser estocásticos
ou determinísticos.
A principal diferença entre eles é que os efeitos estocásticos
causam a transformação celular enquanto que os determinísticos
causam a morte celular.

Efeitos Estocásticos

Causam uma alteração aleatória no DNA de uma única célula que, no


entanto, continua a reproduzir-se. Levam à transformação celular. Os
efeitos hereditários são estocásticos. Não apresentam limiar de dose.
O dano pode ser causado por uma dose mínima de radiação. O
aumento da dose somente aumenta a probabilidade e não a
severidade do dano.
A severidade é determinada pelo tipo e localização do tumor ou pela
anomalia resultante. No entanto, o organismo apresenta mecanismos
de defesa muito eficientes. A maioria das transformações neoplásicas
não evolui para câncer. Quando este mecanismo falha, após um
longo período de latência, o câncer então, aparece. A leucemia 5-7
anos e os tumores sólidos, ~ 20 anos.
Os efeitos são cumulativos: quanto maior a dose, maior a
probabilidade de ocorrência. Quando o dano ocorre em célula
germinativa, efeitos hereditários podem ocorrer.
Efeitos Determinísticos

Levam à morte celular. Existe uma relação previsível entre a dose e a


dimensão do dano esperado, sendo que estes só aparecem a partir
de uma determinada dose.
A probabilidade de ocorrência e a severidade do dano estão
diretamente relacionadas com o aumento da dose. As alterações são
somáticas.
Quando a destruição celular não pode ser compensada, efeitos
clínicos podem aparecer, se a dose estiver acima do limiar.
Por ex. 3-5 Gy eritema, 20 Gy necrose.

Indivíduos diferentes apresentam sensibilidade diferente e, portanto,


limiares diferentes.
Exemplos de efeitos determinísticos são: leucopenia, náuseas,
anemia, catarata, esterilidade, hemorragia, etc...
Podemos também apresentar os efeitos biológicos em somáticos e
hereditários.

Os efeitos somáticos são alterações que ocorrem nas células


somáticas e se manifestam no indivíduo irradiado, não sendo
transmissíveis aos descendentes.

Os efeitos hereditários podem ser transmitidos aos descendentes


e são consequência de alterações nos cromossomos (DNA) dos
gametas (óvulos e espermatozoides) do indivíduo irradiado.

Os efeitos somáticos das radiações podem ser divididos em


imediatos e tardios.

Os efeitos somáticos imediatos são aqueles que apresentam um


tempo de latência muito curto e são consequência de uma exposição
aguda à radiação (dose alta recebida num curto espaço de tempo).

Os efeitos tardios são aqueles que apresentam um tempo de


latência muito longo; alguns efeitos demoram dezenas de anos para
se manifestar.
No caso do indivíduo receber uma dose de radiação localizada em
uma determinada região do corpo, os efeitos observados terão uma
relação direta com esta região.
Por exemplo, uma irradiação localizada nas gônadas poderá
acarretar uma esterilidade no indivíduo, uma irradiação localizada na
pele acarretará uma radiodermite (queimadura por radiação).

No caso do organismo inteiro receber uma dose alta de radiação num


curto espaço de tempo, os efeitos podem se manifesta em um
período de horas ou dias, com o aparecimento de um conjunto de
sinais e sintomas que levam a um quadro clínico típico denominado
de “Síndrome Aguda da Radiação”.

Sabendo-se que cada tipo de célula apresenta um sensibilidade


diferente frente à radiação, podemos saber qual sistema biológico
será afetado com diferentes doses de radiação.
Para doses de aproximadamente 2 Sievert (Sv) (200 rem), as
células mais danificadas serão aquelas com maior sensibilidade, como
as células da medula óssea.
Desta forma, os efeitos observáveis durante a manifestação deste
estágio da síndrome são relativos a danos nessas células. Temos
então a observação de anemia, leucopenia, plaquetopenia, infecção,
febre e hemorragia. Esta é conhecida como forma hematopoiética da
síndrome aguda da radiação.
Com doses mais altas, acima de 8 Sievert (Sv) (800 rem), as células
mais danificadas serão as células do tecido epitelial (mucosa) que
revestem o trato gastrointestinal; quando essas células são
danificadas, uma barreira biológica vital é quebrada. Tem-se então
uma perda de líquidos e eletrólitos, infecção e diarréia. Esta é
conhecida como forma gastrointestinal da síndrome aguda da
radiação.

Para doses acima de 50 Sievert (Sv) (5000 rem), as células


relativamente resistentes do sistema nervoso central serão
danificadas e o indivíduo afetado rapidamente apresentará sintomas
de dano nesse órgão, apresentando
convulsões, estado de choque, desorientação. Esta é conhecida como
forma neuro vascular cerebral ou de sistema nervoso central da
síndrome aguda da radiação.
Efeitos somáticos tardios
Estes efeitos são chamados tardios pois apresentam um período de
latência muito longo, manifestando-se muitos anos após a exposição
à radiação. Podem ser decorrentes de uma exposição aguda ou
crônica à radiação. Dentre os efeitos somáticos tardios, podemos citar
como principal exemplo o câncer.
Efeitos hereditários
Qualquer alteração do material genético das células (DNA) é
denominada mutação.

A radiação é um dos agentes que pode provocar mutações.

Os efeitos hereditários podem ocorrer quando as gônadas de um


indivíduo são expostas à radiação. Neste caso, os genes e os
cromossomos das células responsáveis pela reprodução (óvulos e
espermatozoides) podem ser danificados pela radiação. Assim sendo,
essas alterações podem ser transmitidas, de pais para filhos por meio
da reprodução.

Entre os efeitos hereditários podemos citar: anidria (ausência da íris


do olho), albinismo, hemofilia, daltonismo, síndrome de Down.
Obs: O indivíduo é mais vulnerável a radiação quando criança ou
idoso.

As mulheres são mais sensíveis e devem ser mais protegidas contra a


radiação, isto porque, possuem órgão reprodutores internos e os
seios que são muito sensíveis à radiação.

Classificação dos efeitos biológicos.


Dose e forma de resposta
Tempo de manifestação
Nível de dano
A exposição de um ser humano à uma alta dose de radiação pode
dar origem a inúmeros efeitos imediatos. Alguns deles aparecem
abaixo:
Cérebro
Danos cerebrais podem causar delírio, convulsões e morte.
Olhos
Danos nos olhos podem provocar catarata.
Boca
Lesões à boca podem incluir úlceras bucais.
Estômago e Intestino
Estômago e intestino quando lesados, provocam náuseas e vômitos.
Infecções intestinais podem levar à morte.
Fetos
Danos à criança em gestação podem incluir retardo mental,
particularmente se a exposição à radiação ocorrer no início da
gravidez.
Ovários e Testículos
Danos aos ovários (ou testículos) provocam esterilidade ou afetam
os filhos que o indivíduo possa vir a ter.

Medula Óssea
Lesões na medula óssea podem conduzir a hemorragias ou
comprometer o sistema imunológico.

Vasos Sanguíneos
Ruptura dos vasos sanguíneos leva à formação de hematomas.
USO DE EFEITOS BIOLÓGICOS NA TERAPIA.

O fato de radiações penetrantes induzirem a danos profundos no


organismo humano, pode ser utilizado para a terapia do câncer.
Assim, tumores profundos podem ser destruídos ou regredidos sob a
ação de feixes de radiação gama adequadamente aplicados.

APLICAÇÕES DERMATOLÓGICAS
Em alguns tratamentos pós-cirúrgicos, pode ser utilizado um
aplicador contendo um radioisótopo emissor beta do tipo 90Sr, cujas
radiações causam dano superficial devido à baixa penetração da
radiação.
SÍNDROME AGUDA DA RADIAÇÃO
Plaqueta sanguínea ou trombócito;

É um fragmento de célula presente no sangue que é formado na


medula óssea.
A sua principal função é a formação de coágulos, participando
portanto do processo de coagulação sanguínea.

Uma pessoa normal tem entre 150.000 e 400.000 plaquetas por


mm³ de sangue.

Sua diminuição ou disfunção pode levar a sangramentos, assim


como seu aumento pode aumentar o risco de trombose.

Trombocitopenia (ou plaquetopenia) é a diminuição do número de


plaquetas no sangue.

Trombocitose (ou plaquetose) é o aumento do número de


plaquetas no sangue.
Produção
Formada na medula óssea, as células que geram a formação das
plaquetas são os megacariócitos. Megacariócito é uma célula grande
e multinucleada e as plaquetas nada mais são do que fragmentos do
seu citoplasma. Sua produção é estimulada pelo hormônio
trombopoietina, formado no fígado.

Circulação
A plaqueta circula no sangue durante 5 dias, em média.
Depois disso, ela é sequestrada pelo baço e destruída pelo mesmo.

Quando o baço está com sua função afetada ou quando uma pessoa
retirou o baço (paciente esplenectomizado) ocorre um aumento do
número de plaquetas. No caso de uma pessoa com hiperesplenismo
(atividade aumentada do baço) ocorre uma diminuição do número
de plaquetas.
Função
As plaquetas participam na formação da rolha hemostática, são
ativadas por exposição ao colágeno. Depois que ocorre a ativação,
elas se aderem ao subendotélio lesado, ali se acumulam e se ligam
entre si formando um trombo que é posteriormente estabilizado.

Trombocitopenia (ou plaquetopenia) é a diminuição do número de


plaquetas no sangue.
PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

A principal finalidade da proteção radiológica é proteger os indivíduos,


seus descendentes e a humanidade como um todo dos efeitos danosos
das radiações ionizantes, permitindo, desta forma, as atividades que
fazem uso das radiações.

Para atingir essa finalidade, três princípios básicos da proteção radiológica


são estabelecidos: Justificação, Limitação de dose e Otimização.

Princípio da Justificação: Qualquer atividade envolvendo radiação ou


exposição deve ser justificada em relação a outras alternativas e produzir
um benefício líquido para a sociedade;

Princípio da Otimização: As exposições devem ser tão reduzidas


quanto razoavelmente exequível (ALARA - As Low As Reasonably
Achievable), levando-se em consideração fatores sociais e econômicos; e
sociais.
Princípio da Limitação da Dose Individual:

As doses individuais de trabalhadores e indivíduos do público não devem


exceder os limites anuais de dose estabelecidos pela CNEN, em particular,
50 mSv (5 rem) para trabalhadores e 1 mSv (100 rem) para o indivíduo
do público.
Atualmente, a tendência mundial tem sido a de adotar limites de dose
ainda mais restritivos, limites esses recomendados pela ICRP (Comissão
Internacional de Proteção Radiológica) em 1990 e que, no Brasil, já
foram adotados pelo Ministério as Saúde para radiodiagnóstico médico e
odontológico, por meio da Portaria 453, de 01/6/98.

Assim é que, para trabalhadores nessas áreas, a dose média anual não
deve exceder 20 mSv (2 rem) em qualquer período de 5 anos
consecutivos, não podendo exceder 50 mSv em nenhum ano.
Operárias que trabalhavam pintando painéis e ponteiros luminosos
de relógio em New Jersey, entre 1917 e 1924, apresentaram lesões
nos ossos e muitas delas morreram.
Essas lesões foram provocadas pelas radiações emitidas pelos sais
de rádio, ingeridos pelas operárias, durante o seu trabalho.

Estes fatos despertaram a atenção da comunidade científica e


fizeram com que fosse criado um novo ramo da ciência, a proteção
radiológica, com a finalidade de proteger os indivíduos,
regulamentando e limitando o uso
das radiações em condições aceitáveis.

Em 1928, foi estabelecida uma comissão de peritos em proteção


radiológica para sugerir limites de dose e outros procedimentos de
trabalho seguro com radiações ionizantes.

Esta comissão, a ICRP – International Commission on Radiological


Protection, ainda continua como um órgão científico que elabora
recomendações sobre a utilização segura de materiais radioativos e
de radiações ionizantes.
No Brasil, a utilização das radiações ionizantes e dos materiais
radioativos e nucleares é regulamentada pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN).

A “dose duplicadora” é a quantidade de radiação necessária para


produzir tantas mutações quanto aquelas que ocorrem naturalmente
em uma geração, tendo sido estimada em 1 Gray (1 J/kg).
“PENSAMENTO”

“Nós só podemos seguir crescendo na atividade que abraçamos e


amamos se os compromissos e a ética forem mantidos, se o ideal
for renovado, e se nossa capacidade de sonhar não se limitar aos
problemas.”

Rolim Adolfo Amaro.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
[1] Safety Series No 2, Safe Handling of Radioisotopes, Health Physics Addendum, International
Atomic Energy Agency, 1960.
[2] Technical Report Series No 152, Evaluation of Radiation Emergencies and Accidents,
International Atomic Energy Agency, Vienna, 1974.
[3] NCRP Report No 49, Structural Shielding Design and Evaluation for Medical Use of X Rays and
Gamma Rays of Energy up to 10 MeV, Recommendations of the National Council on Radiation
Protection and Measurements, 1976.
[4] ICRP Publication 26, Recommendations of the International Commission on Radiological
Protection, Pergamon Press, New York, 1977.
[5] Technical Reports Series No 233, Training Manual on Radioimmunoassay in Animal
Reproduction, International Atomic Energy Agency, Vienna, 1984.
[6] Knoll, G.F., Radiation Detection and Measurement, Second Edition, John Wiley & Sons, 1989.
[7] Norma CNEN-NE-3.01, Diretrizes Básicas de Radioproteção, 1989.
[8] Safety Series No 102, Recommendations for the Safe Use and Regulation of Radiation Sources
in Industry, Medicine, Research and Teaching, International Atomic Energy Agency, Vienna, 1990.
[9] ICRP Publication 26, 1990 Recommendations of the International Commission on Radiological
Protection, Pergamon Press, New York, 1991.
[10] Tawata, L; Salati, I.P.A., Di Prinzio, R. e Di Prinzio, A. R., Radioproteção e Dosimetria:
Fundamentos, Instituto de Radioproteção e Dosimetria, Comissão Nacional de Energia Nuclear,
Rio de Janeiro, 1999.
[11] IAEA-TECDOC-1162, Generic Procedures for Assessment and Response during a Radiological
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