AULA 06 - Classificação Geomecânica WEAK Critérios Ruptura

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 84

Professor – Lázaro Corrêa Marcellino

E-mail: [email protected]

Pós Graduação Lato Sensu

Master em Engenharia Geotécnica

EGT4 – Mecânica das Rochas

Slides adaptados do Prof. Tiago Carneiro Lopes


Slides adaptados do Prof. Gustavo Vinicius Gouvea
Slides adaptados do Prof. Eduardo Antônio Gomes Marques
Mecânica das Rochas

Maciço Rochoso

➢ Propriedades:
➢ RQD e Grau de Fraturamento;
➢ Número de Famílias de Descontinuidades;
➢ Atitude/Orientação das Descontinuidades;
➢ Condições das Descontinuidades;
➢ Permeabilidade;
➢ Resistência ao Cisalhamento das Descontinuidades.
Mecânica das Rochas

Caracterização x Classificação

Caracterizar é descrever as propriedades Classificar é selecionar características específicas,


(características) da rocha, devendo ter aplicação agrupá-las e hierarquizá-las segundo faixas de valores
universal. pré-definidas de modo a ser possível prever o
comportamento dos maciços frente a uma atividade de
engenharia.

II
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas
Sistemas de Classificação Geomecânica

Período Auto
Sistema Carga no Suporte
Portante
RQD RSR RMR Q GSI*
Autor Terzaghi Lauffer Deere et al. Wickham et al. Bieniawski Barton et al. Hoek
Ano 1946 1958 1967 1972 1973 1974 1994
Origem EUA Áustria EUA EUA África do Sul Noruega África do Sul
Túneis com suportes Descrição de Túneis com suportes Túneis e Cavidades
Aplicação Túneis Túneis e Minas Túneis e Taludes
metálicos Testemunhos e Túneis metálicos Amplas
Tipo Litológico ✓ ✓
Estrutura/Textura ✓ ✓ ✓ ✓
Rocha Intacta Grau de Alteração ✓ ✓ ✓ ✓
Minerais Expansivos ✓ ✓ ✓ ✓
Resistência ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Orientação ✓ ✓
Espaçamento ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Rugosidade das Paredes ✓ ✓ ✓
Índices Característicos
Descontinuidades Alteração das Paredes ✓ ✓ ✓
Abertura ✓ ✓ ✓
Preenchimento ✓ ✓ ✓
Número de Famílias ✓ ✓
RQD ✓ ✓ ✓
Maciço Rochoso Água ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Tensões In Situ ✓ ✓ ✓ ✓

*GSI é um sistema de classificação mais visual onde pode-se penalizar o valor final do maciço por fatores não previstos no quadro de classificação de acordo com o sentimento do usuário.

Modificado de ABGE 2018.


Mecânica das Rochas
Classificações Geomecânicas

RM
R
198
Mecânica das Rochas
Aula 07
Revisão:
➢ Classificação Sistema Q

Tamanho do Bloco

RQD Jr Jw
Q = ( --------- ) ( ------- ) ( -------- ) Tensão Ativa
Jn Ja SRF
Resistência ao Cisalhamento
Entre os Blocos

RQD – Rock Quality Designation


Jn – Número de Famílias de Juntas
Jr – Rugosidade das Juntas
Ja – Alteração das Paredes das Juntas
Jw – Água/Caudal
Nick Barton, 1944 – Nowadays. SRF – Stress Reduction Factor (Fator de Redução por Tensões)
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas
Sistema Q

RRS = ribs of sprayed concrete (cambotas de concreto projetado);


c/c (center to center – espaçamento entre cambotas)
e E = energia absorvida pelo concreto projetado reforçado com fibras.
Mecânica das Rochas
Classificações Geomecânicas
➢ Sistema Geological Strength Index - GSI

*GSI = 1,5.Jcond89+(RQD/2)
Estimativa do GSI para maciços rochosos fraturados
Evert Hoek, 1933 - Nowadays. (Modificado de Hoek, 2011).
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas
Sistema Geological Strength Index - GSI

Usar o GSI como um índice de


decaimento para as propriedades de
maciços rochosos

Evert Hoek, 1933 - Nowadays.


Mecânica das Rochas
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas
Sistema Geological Strength Index - GSI
Mecânica das Rochas
Mecânica das Rochas Universe RMR’ com Weak Rocks
1

Calculo de Modulo de Elasticidade de Maciço


Rochoso

Bieniawski (1978)

Serafim e Pereira (1983)

Grimstad e Barton (1980)


Mecânica das Rochas
Mecânica das Rochas
Mecânica das Rochas
Aula 6

➢ Classificação de Maciços Rochosos


Classificação WEAK ROCKs
Critérios de Ruptura.

Machu Picchu – Peru


Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas - Universo Weak Rocks

*Fatores que afetam o comportamento das


Weak Rocks:
✓Histórico de tensões;
✓Resistência dos Grãos/Partículas;
✓Cimentação Frágil;
✓Estruturas Reliquiares;
✓Anisotropia;
✓Porosidade.

Vale, 2018
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas - Universo Weak Rocks

*Fatores que afetam o comportamento das


Weak Rocks:
✓Histórico de tensões;
✓Resistência dos Grãos/Partículas;
✓Cimentação Frágil;
✓Estruturas Reliquiares;
✓Anisotropia;
✓Porosidade.

Vale, 2018
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas - Universo Weak Rocks

*Fatores que afetam o comportamento das Weak Rocks:


✓ Histórico de tensões;
✓ Resistência dos Grãos/Partículas;
✓ Cimentação Frágil;
✓ Estruturas Reliquiares;
✓ Anisotropia;
✓ Porosidade.
Martin & Stacey 2018
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas - Universo Weak Rocks


ISRM 1981 (ADAPTADO POR BVP)

AVALIAÇÃO DE CAMPO
INDICE DE
Descrição Rc (MPa)
RESISTÊNCIA2 risco queda raspagem pressão
martelo risco unha
canivete1 canivete canivete1 manual

Extremamente
R6 >250 lascada - - - - -
resistente

quebra com dificuldade com


R5 Muito resistente 100-250 varios golpes
- - - - -

R4 Resistente 50-100 quebra com vários golpes - - - -


risco
superficial
Medianamente quebra com dificuldade com com muita
R3 25-50 - -
resistente um golpe dificuldade
ponto pequeno

R2+ Pouco Resistente 10-25 quebra com um golpe com dificuldade - -


R2 risca
risco
R2- Branda 5-10 produz pó
superficial
-
fragmenta com um golpe ponto grande

R1+
Muito branda
superior
3-5 risca fundo
com facilidade
produz muito pó
risca
quebra
pontualmente ✓ Weak
R1
Muito branda quebra as
R1-
inferior
1-3 desagrega corta (separa) penetra descasca entalha penetra
bordas ✓Very Weak
Extremamente
R0
branda
0.25-1 - - penetra - corta desagrega
✓Extremely Weak
Mecânica das Rochas

Classificações Geomecânicas - Universo Weak Rocks

*Saprolitos de Filito - Histórico de Tensões *Argilitos - Poro Pressões

*Arenitos - Cimentação *Itabiritos Friáveis - Anisotropia *Hidrotermalitos - Alterabilidade


Mecânica das Rochas
Mecânica das Rochas
O QUE LEVANTAMOS EM CAMPO:

• Litotipos e Descrições;
• Geologia Estrutural de todas as Estruturas;
• Resistência (R);
• Intemperismo (GA);
• Grau de Fraturamento (GF);
• Espaçamento;
• Condição das Juntas;
• JRC e JCS;
• GSI
Mecânica das Rochas

Mapa Geológico Mapa Geomecânico


Mecânica das Rochas

Graus de resistência
Graus de intemperismo
Graus de fraturamento
Mecânica das Rochas
Mecânica das Rochas
Mecanica das Rochas
Mecanica das Rochas
Mecanica das Rochas
Critérios de ruptura – Rocha Intacta

Critérios de ruptura são relações entre as tensões correspondentes ao


estado de ruptura de um material.

No caso de rochas, é muitas vezes difícil definir o que seja um estado de


ruptura; no entanto, é comum se associar este estado às tensões
correspondentes ao pico da curva tensão - deformação. Cabe lembrar que
após o pico da curva tensão - deformação a rocha não perde completamente sua
capacidade de resistência, podendo atingir um estado de tensões
denominado residual.

36
Critérios de ruptura – Rocha Intacta

Vários critérios têm sido introduzidos na definição da resistência da


rocha intacta:

1. Critério de Mohr-Coulomb;

2. Critério de Bieniawski (1974);

3. Critério de Hoek-Brown (1980);

4. Critério de Griffith.

37
Critérios de ruptura – Rocha Intacta

Critério de Resistência
Material Rochoso Obtenção de Parâmetros
Mohr-Coulomb Direta (ensaios de cisalhamento direto ou
Rocha Intacta triaxiais)
Hoek & Brown

Contato
parede/parede
Barton & Bandis Semi-direta (ensaios simples)

Parcialmente Indireta (parâmetros Jr e Ja da


preenchida classificação de Barton et al., 1974)
Descontinuidade Mohr-Coulomb

Preenchimento Direta (ensaios de cisalhamento no


dominante material do preenchimento)
Mohr-Coulomb

Mohr-Coulomb Indireta (parâmetros através classificação


Maciço Rochoso geomecânica e do GSI)
Hoek & Brown (Generalizado)

38
Critérios de ruptura – Rocha Intacta

1. Critério de Mohr-Coulomb :

O mais simples e o mais conhecido critério de ruptura para materiais


granulares foi proposto por Coulomb (1773), que sugeriu que a resistência
ao cisalhamento é composta de duas parcelas: a coesão e o atrito do
material.

Em que:
τp – resistência ao cisalhamento (tensão cisalhante de pico);
Si – intercepto coesivo (coesão);
σ – tensão normal ao plano de ruptura; e
Ø – ângulo de atrito interno do material.

39
Critérios de ruptura – Rocha Intacta

1. Critério de Mohr-Coulomb :

Os parâmetros do material, Si e , podem ser obtidos a


partir de um número de ensaios triaxiais na rocha
intacta:

✓ se 1 é a tensão principal maior (tensão axial) e se


a ruptura se dá para valores de tensão 1, 2=3,
um número de círculos de Mohr pode ser traçado,
cada um correspondendo a um ensaio; e

✓ se uma linha reta é traçada tangenciando os


círculos, Si é o intercepto desta reta com o eixo  e
 é o seu coeficiente angular:

40
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
1. Critério de Mohr-Coulomb :

41
1. Critério de Mohr-Coulomb :

O intercepto no eixo 1 é a resistência à compressão simples (não


confinada), qu, já que 3=0.

O intercepto no eixo 3 não é a resistência à tração uniaxial


(1=0), já que as condições físicas restringem o critério a
somente uma parte dessa reta. Essencialmente, a condição
física determinada no critério é de que a tensão normal  é de
compressão.

A esta equação, deve-se superpor o critério de tração máxima,


“tension cutoff”, ou seja, a ruptura pode ocorrer por tração
quando 3 atingir (-T0), qualquer que seja o valor de 1.

42
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
1. Critério de Mohr-Coulomb :

Desvantagens do Critério de Mohr-Coulomb

➢ Definir a ruptura por cisalhamento;


➢ Implicar em uma direção única de cisalhamento (na realidade, este
plano varia com a tensão de confinamento);
➢ Extrapolar a envoltória de ruptura na região de tração (3 > T0); e
➢ O valor da tensão principal intermediária, 2, não influenciar a
resistência.

43
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
Enquanto o critério de Mohr-Coulomb fornece uma expressão
fácil e útil para situações da prática, um critério de ruptura
mais preciso pode ser determinado, para qualquer rocha,
ajustando-se uma envoltória aos círculos de Mohr que
representem valores das tensões principais nas condições de pico
obtidas nos ensaios de laboratório. Na prática, o melhor
procedimento para o desenvolvimento de um critério de ruptura é
o ajuste empírico de curva.

44
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
2.Critério de Bieniawski (1974)

Uma fórmula satisfatória de ajuste de curvas pode ser obtida através da


associação de um “tension cutoff”:

com a função potência de Bieniawski:

dando origem ao critério empírico de Bieniawski (1974).

45
Critérios de ruptura – Rocha Intacta

2.Critério de Bieniawski (1974)

46
Critério de Hoek-Brown

Critérios de ruptura – Rocha Intacta


3. Critério de Hoek e Brown

O critério de Hoek-Brown surgiu de pesquisas de resistência de rochas intactas de


Hoek (1965) e de estudos de modelos de maciços rochosos de Brown (1970).

→ Inicialmente o modelo abrangia apenas rocha intacta, mas hoje incorpora


maciços rochosos fraturados mediante o “Geological Strength Index – GSI”.

Trata-se de um sistema de caracterização de maciços rochosos


desenvolvido por Hoek (1994) e Hoek et al. (1995) para ligar o critério
com observações geológicas feitas em campo.
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
3. Critério de Hoek e Brown

O critério é muito simples e apresenta aplicação direta para maciços rochosos.

Por oferecer um método de análise de baixo custo, engenheiros passaram a utilizá-lo para
casos em que o critério NÃO se aplica!

Dessa forma, mostra-se relevante um estudo aprofundado do critério de Hoek-Brown, no sentido de


compreender o critério e os limites de sua aplicabilidade.
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
3. Critério de Hoek e Brown

Baseado em ensaios triaxiais laboratoriais de rochas intactas, Hoek & Brown (1980) propuseram a seguinte equação
empírica para a resistência de pico:

(inicialmente foi assumido s = 1 para rocha intacta)

Relacionada com
e → Tensões Principais

→ Resistência à Compressão Uniaxial da Rocha

→ Constante Relacionada com a Rocha Intacta


Critérios de ruptura – Rocha Intacta
3. Critério de Hoek e Brown

O gráfico adimensionalizado ao lado mostra a


influência do valor do parâmetro mi na envoltória.

→ Da figura, percebe-se que o critério é não-


linear.
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
3. Critério de Hoek e Brown

parâmetro mi
Critérios de ruptura – Maciço Rochoso
3. Critério de Hoek e Brown Generalizado

O critério de Hoek-Brown Generalizado foi desenvolvido para a estimativa de resistência


ao cisalhamento de maciços rochosos por Hoek (1994) e Hoek et al. (1995):

Fator de Perturbação

e → Parâmetros do maciço rochoso dados por:


Critérios de ruptura – Rocha Intacta e Maciço Rochoso
3. Critério de Hoek e Brown Vs Hoek e Brown Generalizado

Rocha Intacta Maciço Rochoso

→ Tensões
e Principais
→ Resistência à Compressão
Uniaxial da Rocha
→ Constante Relacionada com a
Rocha Intacta
Critérios de Hoek e Brown

D
(Dano fica restrito a uma faixa de 0.5 a 2 m
em torno da superfície escavada)
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
3. Critério de Hoek e Brown Generalizado

As 3 equações foram desenvolvidas para lidar com


maciços semelhantes ao da imagem:
→ Compostos por blocos angulares inter-travados

→ Com rupturas dominadas por deslizamentos e rotações de


blocos com participação minoritária de rupturas de rocha
intacta

→ Com baixas a moderadas tensões de confinamento


Critério de Hoek-Brown

UTILIZAR OUTRA TABELA PREPARADA PARA ESSES CASOS

Universidade de Brasília - Departamento de Engenharia Civil e Ambiental 56


Critérios de ruptura – Rocha Intacta
4.Critério de Griffith

O critério de Griffith é um critério de iniciação da fratura e não de ruptura, e


descreve o acontece com o material microscopicamente.

Griffith (1921) observou que a resistência à tração de amostras de vidro de


comportamento frágil, medida em laboratório, era menor que os valores
calculados teoricamente através da determinação das forças intermoleculares.
Essa discrepância sugeriu a hipótese de que a fratura do material seja provocada
por concentração de tensões nas extremidades de pequenas fissuras
preexistentes no material. O autor postulou que, para materiais frágeis, a
fratura inicia-se quando é ultrapassada a resistência à tração do material
nas extremidades de defeitos microscópicos, onde há concentração de
tensões (no caso de rochas, os defeitos podem ser fissuras
preexistentes, contorno dos grãos ou outras descontinuidades).

57
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
4.Critério de Griffith

Formulado em termos das tensões principais, o critério estabelece o início de fratura para:

Resistência à tração (s3 < 0) NÃO é representada pelo critério de Hoek-Brown.


Hoek & Martin (2014) propuseram que, em termos práticos, o critério pode ser utilizado com
um Cut-Off na tração baseado em dados obtidos empiricamente.

58
Critérios de ruptura – Rocha Intacta
4.Critério de Griffith

Em relação ao critério de Griffith pode-se dizer que:


➢é um critério plano, já que somente as tensões 1 e 3 são consideradas;

➢foi desenvolvido para campos predominantemente de tração;

➢define como a fratura se inicia, mas não como se propaga, subestimando a resistência
do material;

➢define uma relação entre a resistência à compressão e a resistência à tração igual a 8;


➢não admite resistência ao cisalhamento das fraturas;

➢não tem nenhum significado físico em zonas onde ambas as tensões são de
compressão; e

➢tende a representar mais proximamente o comportamento das rochas somente para


níveis reduzidos de tensão, conforme observações empíricas. 59
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

Vários critérios de resistência (ruptura) para juntas, fundamentados ou não


em observações experimentais, têm sido formulados nas últimas décadas,
desde os mais simples, como os critérios de Patton (1966) e de Ladanyi e
Archambault (1970), até os mais elaborados, como o de Barton e Bandis
(1983).

1.Critério de Patton (1966) ;


2.Critério de Jaeger (1971);
3.Critério de Ladanyi e Archambault (1970);
4.Critério de Barton-Bandis (1983).

60
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

1.Critério de Patton (1966) – Influência da rugosidade na resistência da


descontinuidade

Considere-se a superfície de uma descontinuidade com


rugosidades idênticas que fazem um ângulo i com o plano médio
da descontinuidade.

61
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
1.Critério de Patton (1966) – Influência da rugosidade na resistência da descontinuidade

Seja Øj o ângulo de atrito de uma descontinuidade lisa. Para a tensão


de cisalhamento máxima, a força resultante na descontinuidade, R, está
orientada com um ângulo Øj com a normal à superfície cujo
movimento está prestes a ocorrer. Como esta superfície está orientada de
i graus com o plano médio da descontinuidade, o ângulo de atrito,
referente à direção do plano médio da descontinuidade, é dado por:

62
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
1.Critério de Patton (1966) – Influência da rugosidade na resistência da
descontinuidade

De acordo com a relação proposta por Patton (1966), o aumento


da resistência ao cisalhamento se deve à existência das
rugosidades nas superfícies das descontinuidades:

63
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

1.Critério de Patton (1966) – Influência da rugosidade na resistência da descontinuidade

Os valores do ângulo de atrito da parede lisa da descontinuidade, Øj,


variam de 21º a 44º. Um valor razoável, sugerido por Goodman (1989),
é Øj = 30º. Quando as superfícies das paredes da descontinuidade são
constituídas por minerais de baixa resistência, como mica, clorita, talco e
argilas, Øj pode apresentar valores muito baixos. Se a
descontinuidade estiver preenchida com material argiloso, Øj pode
mostrar valores de cerca de 6º.

64
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
1.Critério de Patton (1966) – Influência da rugosidade na resistência da
descontinuidade

Na realidade, a superfície das descontinuidades apresenta


rugosidades de 1a e 2a ordens. As rugosidades de 1a ordem têm
ângulos mais reduzidos devido à maior escala de medida. As
rugosidades de 2a ordem mostram valores elevados do
ângulo i, em razão da menor escala de medida.

No caso de pressões normais elevadas, inicialmente ocorre o


cisalhamento das rugosidades de 2a ordem e, posteriormente, o
cisalhamento das rugosidades de 1a ordem. Somente após a
ruptura destas rugosidades ocorrerá deslizamento pela superfície
da descontinuidade.

65
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

1.Critério de Patton (1966) – Influência da rugosidade na resistência da


descontinuidade

No caso de a pressão normal ser relativamente alta, é mais


fácil cisalhar a descontinuidade através das rugosidades
existentes ao longo de sua superfície do que levantá-la por
sobre estas. A mobilização de alguma resistência da rocha pela
ruptura das rugosidades gera um intercepto de resistência ao
cisalhamento cj e um novo ângulo de atrito, r, relacionado ao
deslizamento ao longo das superfícies rompidas de rocha e que
pode, portanto, ser aproximado pelo ângulo de atrito da rocha
intacta, r.

66
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
1.Critério de Patton (1966) – Influência da rugosidade na resistência da
descontinuidade

Critério bilinear de Patton para a resistência ao cisalhamento de descontinuidades.

Em que:
cj - intercepto coesivo da descontinuidade (junta planar);
j - ângulo de atrito da descontinuidade;
i - ângulo de rugosidade; e
r - ângulo de atrito residual da rocha intacta com a descontinuidade. 67
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
3.Critério de Ladanyi e Archambault (1970)

De acordo com o critério de Ladanyi e Archambault (1970), na


resistência ao cisalhamento da descontinuidade são consideradas
as contribuições do embricamento, do atrito e da dilatância,
conforme a expressão:

Em que:
as - proporção da superfície da descontinuidade que é cisalhada (para baixas tensões
normais: as → 0; e para elevadas tensões normais: as =1).

68
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
3.Critério de Ladanyi e Archambault (1970)

V - razão de dilatância (dv/dus) no pico, isto é, a razão entre o deslocamento normal e


o horizontal na resistência de pico (para baixas tensões normais: V → tg i; e para
elevadas tensões normais: V =0).

τR - resistência ao cisalhamento da rocha intacta (para altas pressões normais, a


resistência ao cisalhamento da descontinuidade, τ aproxima-se de τR .

▪Em geral, os parâmetros as e V não são de fácil determinação;


Ladanyi e Archambault, através da experiência obtida em grande
número de ensaios de cisalhamento de superfícies rugosas,
propõem relações empíricas para o cálculo desses parâmetros.
Goodman (1976) apresenta o assunto em detalhes.

69
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

4.Critério de Barton-Bandis (1983)

O primeiro trabalho que deu origem ao critério de Barton-Bandis para juntas


data do início dos anos 70 e foi desenvolvido, originalmente, por Barton
(1971) para descrever a resistência ao cisalhamento de juntas
artificiais com base em dados experimentais. Nesses ensaios, foram
observadas evidências físicas da influência das propriedades da superfície das
juntas (resistência à compressão e rugosidades das paredes) no seu
comportamento mecânico.

Posteriormente, Barton e Choubey (1977) desenvolveram métodos para


quantificar essas propriedades e propuseram uma lei empírica que
poderia ser utilizada tanto para extrapolar e ajustar dados
experimentais quanto para prever valores de resistência ao cisalhamento de
juntas.

70
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

Com base em inúmeros estudos experimentais em juntas naturais


e artificiais, estes trabalhos iniciais foram aperfeiçoados até se
chegar a uma equação empírica para a resistência ao
cisalhamento de pico das juntas, conhecida como critério de
Barton-Bandis (Barton et al., 1983; Barton et al., 1990), tal que:

Este critério não admite tração e é função de quatro


parâmetros de caracterização das juntas que podem ser
medidos em laboratório ou no campo, vistos a seguir.

71
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

i.JRC – coeficiente de rugosidade da junta (em graus)

Estimado indiretamente por meio de tilt tests, ensaios de


cisalhamento direto ou por comparação do perfil da junta com
perfis de rugosidades típicas.

Nos ensaios de tilt tests, blocos de rocha interceptados por juntas


são retirados do maciço e inclinados até que a parte superior do
bloco deslize em relação à parte inferior. Os valores de tensão
normal (muito baixa), , e da tensão de cisalhamento, , são
devidos somente ao peso da parte superior do bloco.

O valor de JRC varia de 0 para juntas lisas, não-dilatantes, até 20


para juntas com alta rugosidade.

72
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

4.Critério de Barton-Bandis (1983)

i.JRC – coeficiente de rugosidade da junta (em graus)

73
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

4.Critério de Barton-Bandis (1983)

ii.JCS – resistência à compressão da junta

Parâmetro de importância fundamental, já que são as finas


camadas de rocha adjacentes à junta que controlam as
propriedades de resistência e deformabilidade do maciço.

Sua importância é acentuada se as juntas estão alteradas. Em


especial, se há fluxo de água, esse valor é menor do que a
resistência à compressão uniaxial não confinada da rocha intacta,
qu (que corresponde ao valor de JCS no caso de juntas sãs).

74
Critérios de Ruptura – Descontinuidades

4.Critério de Barton-Bandis (1983)

ii.JCS – resistência à compressão da junta

Este valor é estimado a partir de ensaios com o martelo de


Schmidt.

No caso de juntas não alteradas, este valor pode ser tomado igual
à qu.

Na ausência de resultados experimentais, uma estimativa


conservativa para o limite inferior de JCS é 0.25 qu.

75
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

iii.r – ângulo de atrito residual

Em razão dos efeitos do intemperismo, não se considera o ângulo


de atrito básico do material, b, a não ser que as tensões aplicadas
sejam suficientemente elevadas para que as camadas de rocha
alterada sejam destruídas, permitindo, desse modo, o contato com
a rocha intacta situada abaixo destas camadas.

Estimado a partir de ensaios com o martelo de Schmidt.

Em que:
r - parâmetro obtido do ensaio para superfícies de
juntas saturadas;
R - parâmetro obtido do ensaio para superfícies de
juntas secas não alteradas; e
76
b - obtido de tilt tests.
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

iv.c - resistência à compressão uniaxial (qu)

Observa-se que os valores de c e r reduzem-se


significativamente se as juntas estão saturadas. Neste caso, seus
valores devem ser estimados a partir de ensaios sob condições de
saturação.

77
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

Resistência ao cisalhamento
A resistência ao cisalhamento de pico, válida para juntas alteradas
e sãs, é definida através de uma relação empírica dada por:

Em que:
 corresponde à tensão normal efetiva ao plano da junta e é o fator externo que mais
influencia o valor da resistência ao cisalhamento.

A relação entre JCS e , indica o grau de alterabilidade da junta.

78
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

Resistência ao cisalhamento

A equação pode ser rescrita como:

Em que:

dp representa o ângulo de dilatância de pico (ocorre quase que


simultaneamente com a resistência ao cisalhamento de pico, de
acordo com Barton et al. (1983). 79
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

Resistência ao cisalhamento

O ângulo de dilatância demonstra, simplesmente, se é possível confiar em um


valor de resistência ao cisalhamento maior do que o devido ao ângulo de atrito
residual. Em projetos, deve-se utilizar o valor de r se as juntas são
preenchidas, planares ou se exibem sinais de cisalhamento prévio. Se, por
outro lado, as juntas são rugosas, não preenchidas e não cisalhadas
previamente, o ângulo de dilatância dá uma idéia aproximada do valor de
resistência ao cisalhamento disponível, além daquele devido a r.

Em geral, uma junta rugosa alterada (alto valor de JRC e baixo valor de JCS)
sofre maior dano durante o cisalhamento do que uma junta resistente e mais
lisa (alto JCS e baixo JRC). Entretanto, ambas sofrerão baixa dilatância.
Somente juntas com altos valores de JCS e JRC dilatam-se significativamente
(Barton e Choubey, 1977).
80
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

Resistência ao cisalhamento

Barton e Choubey (1977) observaram que, em juntas para as


quais o valor da razão JCS/σ é suficientemente baixo, ocorre
significativo dano das rugosidades e que, por outro lado, para altos
valores desta razão, pouco dano é observado. Bandis (1990)
define, então, um coeficiente de dano das rugosidades de modo
que o valor do ângulo de dilatância de pico passa a ser dado por:

Em que:

M = 1 para JCS/σ  100 (pouco dano das


asperezas).

M = 2 para JCS/σ < 100 (ruptura das


asperezas).
81
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

Resistência ao cisalhamento

Neste critério, a rugosidade i deixa de ser um valor constante, como no


critério de Patton, e passa a ser uma medida empírica.

Resultados experimentais (Barton et al., 1985) comprovaram dependência da


escala nos valores de JRC e JCS. Com o aumento da junta, foram observadas
reduções nestes valores. Foram propostas, então, relações empíricas para o
cálculo dessas grandezas que levam em conta a dependência do comprimento
da junta.

82
Critérios de Ruptura – Descontinuidades
4.Critério de Barton-Bandis (1983)

Resistência ao cisalhamento
Assim:

Em que:
JRC0 - rugosidade das paredes da descontinuidade para uma amostra de laboratório com
comprimento-padrão, L0=0,20 m;
JCS0 - resistência das paredes da descontinuidade para uma amostra de laboratório com
comprimento-padrão, L0=0,20 m;
JRCn - rugosidade das paredes da descontinuidade corrigida para o comprimento de ondas, Ln,
considerado; e
JCSn - resistência das paredes da descontinuidade corrigida para o comprimento de ondas, Ln,
considerado.

83
Pós Graduação Lato Sensu

Master em Engenharia Geotécnica

EGT 4 – Mecânica das Rochas

Obrigado e até a próxima aula.

Você também pode gostar