A Autonomia de Professores - Jose Contreras
A Autonomia de Professores - Jose Contreras
A Autonomia de Professores - Jose Contreras
José Contreras
Sobre a Obra e o Autor Anotações
• José Contreras é professor titular da Universidade de Barcelona. É graduado em
ciências da Educação pela Universidade Compluense de Madri e Doutor em
Ciências da Educação pela Universidade de Málaga.
• É autor de diversas obras científicas sobre currículo, professores e sobre pesquisa-
ação.
• Este livro se divide em oito capítulos organizados em três partes:
– Parte I (O profissionalismo no ensino)
– Parte II (Modelos de Professores: em busca da autonomia profissional do docente)
– Parte III (A autonomia e seu contexto)
INTRODUÇÃO
Pretensão do livro: esclarecer o significado da autonomia de professores
tentando diferenciar seus diversos sentidos e compreender seus problemas políticos
e educativos.
Discute o uso dos conceitos no campo educacional examinando, especificamente,
os conceitos de profissionalismo e de intelectual crítico para tecer sua discussão
essencial que é a autonomia.
– Os conceitos são usados em excesso para provocar atração emocional sem que
o seu significado seja esclarecido.
– O uso de conceitos como slogans é um recurso de poder de quem tem o controle
da palavra para legitimar seu ponto de vista.
O autor considera que os cursos de formação de professores permanecem numa
lógica curricular que nem sempre consegue tomar a profissão e a profissionalidade
docente como tema e como objetivo de formação.
A educação retrata e reproduz a sociedade, além de projetar a sociedade que se quer.
Nas propostas do governo brasileiro para a formação de professores, percebe-se
a incorporação dos discursos e a apropriação de certos conceitos que, na maioria das
vezes, permanecem como retórica. É o caso, por exemplo, do conceito de professor
reflexivo.
No modelo político atual, os professores são instados a uma busca constante por
cursos de formação, fato que os traz maior centralidade por conta do refinamento do
controle sobre suas atividades, preestabelecidas em inúmeras competências.
Competência: conceito que substitui o de saberes e conhecimentos (na educação)
e o de qualificação (no trabalho). Essa substituição retira do professor sua condição de
sujeito de seu próprio conhecimento.
Critica do autor:
Discurso das competências
1. A obrigação moral
O ensino supõe um compromisso de caráter moral para quem a realiza.
Acima das conquistas acadêmicas, o professor está comprometido com todos os
seus alunos.
É preciso entender o avanço na aprendizagem de seus alunos, enquanto não se
pode esquecer das necessidades e do valor que lhe merece todo o alunado.
A consciência moral do professor sobre seu trabalho traz emparelhada a autonomia
como valor profissional.
Apenas a partir da assunção autônoma de seus valores educativos e de sua forma
de realiza-los na prática pode-se entender a obrigação moral.
2. O compromisso com a comunidade
Deriva da relação com a comunidade social na qual os professores devem realizar
sua prática profissional.
A moralidade é um fenômeno social, produto da nossa vida em comunidade na
qual resolvemos problemas que afetam a vida das pessoas e em que é necessário
elucidar o que é moralmente adequado.
Isto obriga a que as práticas profissionais não se constituam como isoladas e sim
como partilhadas.
O professor só pode assumir seu compromisso moral a partir da autonomia,
não da obediência, pois não é possível resolver conflitos e dilemas senão a partir da
autonomia dos mesmos.
A estipulação a partir dos aparelhos administrativos, do currículo das escolas reduz
a participação da sociedade a procedimentos burocratizados, forçando o professor ao
papel de funcionário obediente e a sociedade, ao de espectadores.
3. A competência profissional
A obrigação moral dos professores e o compromisso com a comunidade requerem
uma competência profissional coerente com ambos.
A reflexão sobre a prática profissional constitui um elemento básico para a
profissionalidade dos professores:
– apenas reconhecendo sua capacidade reflexiva de elaboração de conhecimento
profissional, é que os professores podem desenvolver sua competência profissional
justamente em razão de seu caráter intelectual e não exclusivamente técnico.
A competência profissional é o que capacita o professor para assumir
responsabilidades, mas ele dificilmente pode desenvolver sua competência sem
exercitá-la, isto é, se carecer de autonomia profissional.
– um professor não pode se tornar competente naquelas facetas sobre as
quais não tem ou não pode tomar decisões e elaborar juízos arrazoados que
justifiquem suas intervenções
Dimensões da
profissionalidade docente
O compromisso A competência
A obrigação moral profissional
com a comunidade
Moral, valores e
comprometimento. Práticas partilhadas e participação Reflexão e caráter
da sociedade intelectual