Geografia Urbana

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Geografia Urbana

Prof. Alexandro Barreto


No fim do século XVIII, no início da Primeira Revolução
Industrial, a taxa de urbanização da população mundial era
de apenas 3%, percentual que subiu para 30%, em 1950,
54%, em 2014, e deverá chegar a 66% em 2050, segundo
dados e previsão da Divisão de População da ONU.
Diferença entre Município e Cidade

O município é a área territorial demarca pelo estado, se tornando uma das


subdivisões que compõem um estado. Dentro de um município, possuímos
duas áreas distintas, a área rural (campo) e a área urbana (cidade), as
quais possuem critérios de classificação e são diferentes de acordo com o
município.
Urbanização
Urbanização é o processo de migração da população que vive no campo
para a cidade. Esse processo é motivado por inúmeros fatores, que vão
desde a industrialização dos centros urbanos até a concentração de terras
pelo agronegócio nas áreas rurais.
O processo de urbanização
O processo de urbanização corresponde à transformação de paisagens naturais e
rurais em espaços urbanos, concomitante à transferência da população do
campo para a cidade que, quando acontece em larga escala, é chamada de
êxodo rural. As cidades vêm sendo erguidas desde a Antiguidade: Ur e Babilônia
foram construídas há cerca de 5 mil anos na Mesopotâmia, planície drenada pelos
rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque. Elas eram centros de poder e de negócios.
Durante a Idade Média, sob o feudalismo, as cidades perderam importância em
razão da descentralização político-econômica, característica desse sistema de
produção e da consequente redução das trocas comerciais. Sob o capitalismo, em
sua fase comercial, as cidades passaram a ganhar cada vez mais importância
porque voltaram a ser o centro dos negócios. Mas foi a partir do capitalismo
industrial que se iniciou um processo de urbanização contínuo.
Embora tenha se acelerado com as revoluções industriais,
a urbanização foi, até meados do século XX, um fenômeno
relativamente lento e circunscrito aos países precursores
do processo de industrialização. Como mostra o gráfico,
apenas em 2008 as linhas que representam a evolução da
população urbana e rural se cruzaram, o que significa que
somente a partir desse ano a população mundial passou a
ser predominantemente urbana (como vimos, em 2014,
eram 54%).
A taxa de
urbanização
corresponde
ao
percentual
de pessoas
residentes
em
domicílios
em situação
urbana em
relação ao
total da
população
Taxa de urbanização em países desenvolvidos e emergentes
em 2014.
● Singapura - 100%. ( Singapura vem continuamente construindo sua
reputação como uma cidade na natureza)
● Bélgica - 98%.
● Japão - 93%.
● Argentina - 92%.
● Brasil - 85%.
● EUA - 81%.
● Alemanha - 75%.
● China - 54%. A taxa de urbanização de residências permanentes da China
atingiu 64,72% em 2021.
● India - 32%. ( atualmente 35%). ONU estima que país ultrapassou a China por
três milhões de indivíduos, e contaria com 1,428 bilhão de habitantes.
Taxa de urbanização em países subdesenvolvidos pouco
industrializados em 2014.
● Uruguai - 95 % . O setor secundário representa 24,1% do
PIB do Uruguai.
● Venezuela - 89%.
● Haiti - 57%.
● Nigéria - 47%. ( Atualmente 51%) De acordo com as
informações da ONU, a população nigeriana é de
206.140.000.
● Vietnã - 33%.
● Afeganistão - 26%
● Etiópia - 19%.
Urbanização: Fatores atrativos X Fatores repulsivos
A partir do advento da industrialização, o mundo passou a ter um grande
crescimento urbano, necessitando de muita mão de obra, que inicialmente estava
no campo, mas esta se transferiu para os centros urbanos, locais onde se
encontravam as indústrias e o maior número de empregos. Esse seria o chamado
fator atrativo de transformação da sociedade.

Além da oferta de trabalho ter aumentado consideravelmente nas cidades, a


revolução industrial foi decisiva para o processo de urbanização, porque, a partir
dela, a própria estrutura agrária foi completamente modificada, com a utilização
de novas tecnologias e maquinários produzidos por essa indústria, o que
proporcionou a mecanização do campo e a diminuição da necessidade de mão
de obra.
Com esse novo fator industrial, o êxodo rural, processo de migração do campo
para a cidade, aumentou considerável e continuamente, chegando ao ponto de o
planeta passar a se tornar um planeta urbano, com a maior parte da população
mundial residindo nas cidades. Estes fatores são considerados fatores
repulsivos, por se tratarem de situações que serviram para estimular a saída
desses trabalhadores do campo. De forma mais precisa, podemos destacar os
fatores repulsivos como:

● A mecanização e utilização e tecnologias avançadas no campo, que


demandou trabalhadores qualificados, mas diminuiu significativamente o
quantitativo de empregos mais rudimentares, justamente o tipo de trabalho
que mais empregava os trabalhadores rurais.
● Aumento dos latifúndios, que exerceram pressão nos pequenos agricultores
que não tinham como competir com os grandes proprietários rurais.
● Os baixos salários pagos aos trabalhadores.
Crescimento Vertical das cidades
Hierarquia e influência dos centros urbanos no Brasil

Dentro da rede urbana, as cidades são os nós dos sistemas de


produção e distribuição de mercadorias e da prestação de serviços
diversos, que se organizam segundo níveis hierárquicos distribuídos de
forma desigual pelo território. Por exemplo, o Centro-Sul do país possui
uma rede urbana com grande número de metrópoles, capitais regionais
e centros sub-regionais bastante articulados entre si. Já na Amazônia,
as cidades são esparsas e bem menos articuladas, o que leva centros
menores a exercerem o mesmo nível de importância na hierarquia
urbana regional que outros maiores localizados no Centro-Sul.
Outro fator importante que devemos considerar ao analisar os fluxos no interior
de uma rede urbana é a condição de acesso proporcionada pelos diferentes
níveis de renda da população. Um morador rico de uma cidade pequena consegue
estabelecer muito mais conexões econômicas e socioculturais que um morador
pobre de uma grande metrópole. A mobilidade das pessoas entre as cidades da rede
urbana depende de seu nível de renda. Segundo o IBGE, as regiões de influência
das cidades brasileiras são delimitadas principalmente pelo fluxo de consumidores
que utilizam o comércio e os serviços públicos e privados no interior da rede urbana.
Ao realizar o levantamento para a elaboração do mapa da rede urbana,
investigou-se a organização dos meios de transporte entre os municípios e os
principais destinos das pessoas que buscam produtos e serviços (mercadorias
diversas, serviços de saúde e educação, aeroportos, compra e venda de insumos e
produtos agropecuários, entre outros).
Em uma analogia com a hierarquia
militar, a vila seria um soldado e a
metrópole nacional, um general, a
posição mais alta. A metrópole
nacional seria o nível máximo de
poder e influência econômica na rede
urbana de um país, e a vila, o nível
mais baixo, que sofreria influência de
todas as outras. Essa foi a concepção
de hierarquia urbana utilizada desde o
fim do século XIX até meados da
década de 1970.
No atual estágio informacional do
capitalismo, estruturou-se uma nova
hierarquia urbana, na qual a relação
da vila ou da cidade local pode se dar
com o
centro regional, com a metrópole
regional ou até mesmo diretamente
com a metrópole nacional. Esse
esquema mostra a inter-relação das
cidades no interior da rede
urbana de uma forma mais próxima da
realidade atual.
Hierarquia urbana e meio técnico-científico-informacional
O meio técnico-científico-informacional representa, então, a atual etapa na qual se
encontra o sistema capitalista de produção e transformação do espaço geográfico,
estando relacionado, sobretudo, à Terceira Revolução Industrial, que, não por acaso,
passou a ser reconhecida como Revolução Científica Informacional, cuja impactação
manifestou-se de forma mais intensa a partir dos anos 1970.
Nesse momento ocorreu uma união entre técnica e ciência, guiadas pelo funcionamento
do mercado, que, graças aos avanços tecnológicos, expande-se e consolida o processo
de Globalização. Um exemplo de como as técnicas e as ciências estão constantemente
se interagindo e propiciando a expansão do capital pode ser visto na recente ação
promovida pelo Facebook em levar o acesso à internet a comunidades afastadas por
meio do uso dos drones, veículos aéreos não tripulados.
O capitalismo em sua etapa informacional, o avanço da globalização e a consequente
aceleração de fluxos no espaço geográfico planetário criaram uma rede urbana mundial,
cujos nós ou pontos de interconexão são as chamadas cidades globais. Desde o fim do
século XIX, muitos autores passaram a utilizar o conceito de rede urbana para se referir à
crescente articulação entre as cidades resultante da expansão do processo de
industrialização-urbanização. No mesmo período, na tentativa de apreender as relações que
se estabelecem entre as cidades no interior de uma rede, a noção de hierarquia urbana também
passou a ser utilizada.
Atualmente, uma pessoa com boa renda pode residir em uma chácara ou em um sítio, na zona
rural, ou em uma pequena cidade, em lugares distantes de um grande centro, e estar mais
integrada à vida urbana do que outra pessoa pobre que resida nesse mesmo centro. Se a
pessoa vive, por exemplo, em uma chácara, a quilômetros da grande cidade, mas tem à sua
disposição telefone, computador, conexão com a internet, antena parabólica e automóvel, está
mais bem integrada do que outra que mora na cidade,
mas em habitação precária ou mesmo na rua e sem acesso a todos esses bens e serviços.
Portanto, o que define a integração ou não das pessoas à moderna sociedade capitalista é
a maior ou menor disponibilidade de renda – e, consequentemente, a possibilidade de
acesso às novas tecnologias, aos conhecimentos, aos bens e serviços –, e não mais a
distância que as separam dos lugares.
Brasil: índice de urbanização por região (%)
Brasil: maiores regiões metropolitanas e Rides – 2015
São Paulo, a grande metrópole
nacional, mais Rio de Janeiro e
Brasília, metrópoles nacionais,
estendem suas influências por
praticamente todo o território
brasileiro.
1. Metrópoles – os doze principais centros urbanos do país, divididos em três
subníveis, segundo o tamanho e o poder de polarização:
a. Grande metrópole nacional – São Paulo, a maior metrópole do país (21,1
milhões de habitantes, em 2015), com poder de polarização em escala nacional;
b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília (12,2 milhões e 4,2 milhões de
habitantes, respectivamente, em 2015), que também estendem seu poder de
polarização em escala nacional, mas com um nível de influência menor que o de
São Paulo;
c. Metrópole – Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Recife, Curitiba,
Campinas e Manaus, com população variando de 2,5 (Manaus) a 5,8 milhões
de habitantes (Belo Horizonte), são regiões metropolitanas que têm poder de
polarização em escala regional.
2. Capital regional – neste nível de polarização existem
setenta municípios com influência regional. É subdividido
em três níveis:
a. Capital regional A – engloba 11 cidades, com média de 955 mil
habitantes;
b. Capital regional B – 20 cidades, com média de 435 mil habitantes;
c. Capital regional C – 39 cidades, com média de 250 mil habitantes
Metrópole
A metrópole é uma cidade de grande desenvolvimento urbano que
organiza possui um importante papel centralizador e que exerce
considerável influência nas cidades que a cercam. A Metrópole pode
se tornar um grande centro urbano quando ela se conecta a demais
cidades satélites (muito próximas a ela) por meio do fenômeno da
conurbação. Esse fenômeno ocorre com o surgimento de uma extensa
área urbana formada por cidades e vilarejos que foram surgindo e se
desenvolvendo um ao lado do outro, formando um grande conjunto em
que praticamente não existem limites de fronteiras.
As metrópoles são centros urbanos de grande porte e caracterizam-se
pelo poder de atração e influência que exercem sobre um grande número
de cidades em seu entorno. Quanto maior a abrangência de sua
influência, mais elevado é o seu nível na hierarquia urbana.
Conceitos importantes

A conurbação é um fenômeno típico de áreas


urbanizadas em que há cidades com alto índice de
crescimento urbano. Em suma, trata-se da junção de um
município com outro, o que ocorre quando essas áreas
crescem horizontalmente e expandem seus espaços de
influência além dos limites municipais.
Região metropolitana é um recorte político espacial formado
pela metrópole( município núcleo) e pelos municípios
integrados a ela. As regiões metropolitanas são constituídas a
partir do crescimento do tecido urbano das cidades, formando
uma extensa área urbanizada unificada que é interligada pelas
redes de infraestrutura e pelas dinâmicas espaciais próprias
marcadas pelos intensos fluxos de pessoas, capitais,
informações e mercadorias. Essas regiões são caracterizadas,
ainda, pelo elevado contingente populacional e por concentrar
importantes serviços essenciais para a população, grandes
empresas, indústrias, ofertas de trabalho, estabelecimentos
culturais e financeiros etc.
V
Região Metropolitana de Salvador
Instituída por meio da LC no 14, de 1973, a RM de Salvador
compreende atualmente treze municípios: Itaparica;
Camaçari; Madre de Deus; Pojuca; Mata de São João; Vera
Cruz; Salvador; Candeias; Lauro de Freitas; Simões Filho;
São Francisco do Conde; São Sebastião do Passé; e Dias d’
Ávila .
Metrópole: Classificação
As metrópoles podem, ainda, organizadas em vários níveis de acordo com a
complexidade das ligações e da rede com a qual a cidade está se relacionando. Além
disso, o nível de desenvolvimento tecnológico e industrial também é levado em
consideração para a divisão das cidades em tipos de metrópoles.

Existem três tipos principais: as metrópoles globais, as metrópoles nacionais e as


metrópoles regionais. Vamos ver, a seguir, cada uma delas.

Recebem o nome de metrópoles globais as cidades que exercem considerável


influência sobre não somente sobre o território nacional, mas também sobre zonas
internacionais. Algumas delas são, até mesmo, capazes de se interligarem
economicamente ao mundo inteiro, como é o caso de Nova York.

No Brasil, existem somente duas cidades globais: São Paulo e Rio de Janeiro.
Megalópole ( conurbação de metrópoles)
Classifica-se como megalópole as grandes zonas urbanas, que são densamente
povoadas, urbanizadas. Essas formações são constituídas pelo conjunto de grandes
metrópoles e outras cidades que estão interligadas entre si. Além disso, uma
megalópole apresenta também uma rede de grande interação de serviços,
normalmente de boa qualidade ou, ao menos, que obedecem a uma grande demanda,
como transporte e mercadorias. Nos dias atuais, as megalópoles concentram os
principais centros tecnológicos e polos econômicos do mundo.
É válido ressaltar que o termo foi criado no ano de 1960 pelo geógrafo Jean
Gottmann para classificar a região dos Estados Unidos que envolve as cidades
de Boston, Washington e Nova York.
No Brasil, existe somente uma megalópole, chamada de “Megalópole Rio-São Paulo”.
Ela envolve uma grande área: da Grande São Paulo a Grande Rio de Janeiro,
passando pelas regiões da Baixada Santista e do Vale do Paraíba. A área é
densamente urbanizada, industrializada e povoada. Grandes partes das riquezas do
país também se encontram nessa Megalópole.
Características das megalópoles
Entre as principais características encontradas em megalópoles, podemos citar:
● Alto nível de integração econômica entre as cidades;
● Desenvolvimento urbano intenso e áreas rurais praticamente ausentes;
● Forte circulação de mercadorias e serviços entre as cidades que formam a
megalópole;
● Sistemas de transporte que integram as diversas regiões da megalópole, como
trens expressos, autopistas e pontes aéreas;
● Formação de pólos (industriais, comerciais e residenciais), que são responsáveis
por atrair a população e investidores;
Uma megalópole é normalmente definida como uma extensa região urbanizada,
constituída por várias metrópoles e regiões metropolitanas conurbadas.
Esse tipo de região urbana só existe quando quando há um eixo econômico,
social, cultural e populacional que envolve duas ou mais metrópoles, geralmente
de nível internacional, formando uma urbanização contínua ligada por cidades de
médio e pequeno porte.
Megalópoles ao redor do mundo

BosWash

Com uma população de aproximadamente 50 milhões de habitantes, a


megalópole BosWash é a primeira megalópole do planeta. Localizada
no Nordeste dos Estados Unidos, essa megalópole abrange as seguintes
metrópoles:
● Boston;
● Nova Iorque;
● Filadélfia;
● Baltimore;
● Washington D.C.
BosWash

A região é o centro financeiro dos Estados Unidos, onde estão


localizadas as sedes dos maiores bancos e instituições financeiras
do país, como no distrito financeiro de Wall Street, em Nova Iorque.
A bolsa de Nova York é a maior bolsa de valores do mundo em valor
de mercado. Em 2021, o volume de negociações chegou a US$
26,64 trilhões, segundo a Federação Mundial de Bolsas de Valores.
A média mensal de negociação na bolsa é de US$ 1,452 trilhão.
BosWash, vista à noite de uma estação espacial.
Chipitts

Também conhecida como Megalópole dos Grandes Lagos, essa


aglomeração urbana está localizada ao Norte dos Estados
Unidos e é formada por:
● Cleveland;
● Detroit;
● Chicago;
● Pittsburgh.
Tokkaido

Localizada no Sudeste do Japão, a megalópole Tokkaido possui a


maior concentração urbana do mundo, com mais de 80 milhões
de habitantes. É composta pelas seguintes metrópoles:
● Tóquio;
● Kawasaki;
● Nagoya;
● Quioto;
● Kobe;
● Nagasaki;
● Osaka.
Megalópoles brasileiras

A partir dos avanços técnicos realizados desde a década de 1970, o Brasil passa por forte
reestruturação territorial e pela divisão social do trabalho: a indústria se dispersa, a agricultura se
mecaniza e se cientificiza e o setor terciário centraliza decisões e cria atividades altamente
especializadas.
Neste contexto, iniciou-se a formação de uma região concentrada, altamente densificada quanto
ao estabelecimento de redes voltadas à fluidez espacial (transportes, informações, energia). Esta
região concentrada encontra-se em processo de expansão de sua área, e corresponde às
regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo o local de maior desenvolvimento econômico e social.
É diante deste cenário mais amplo do território brasileiro, no espaço mais industrializado e denso da
região concentrada, que se estabelecem as condições para a formação da primeira megalópole
brasileira, que conecta as maiores metrópoles do país: São Paulo e Rio de Janeiro.
A megalópole Rio-São Paulo liga o complexo metropolitano expandido do estado de São
Paulo (conurbação de várias metrópoles localizadas ao redor da Grande São Paulo), e a região
metropolitana do Rio de Janeiro. Essa megalópole envolve diferentes centros metropolitanos
localizados na região Sudeste do Brasil.
Possuindo área de 82.616 km² (o que corresponde à 0,97% do território brasileiro), a megalópole Rio-São
Paulo é composta por cerca de 232 municípios de três estados distintos: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais.
A megalópole Rio-São Paulo inclui as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, se estende
de Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio de Janeiro até Campinas, no interior de São Paulo,
passando por Juiz de Fora, cidade localizada na Zona da Mata de Minas Gerais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a megalópole Rio-São Paulo é o lar
de cerca de 42 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 23% do total da população
brasileira. Os principais centros urbanos que compõem essa megalópole são:
● São Paulo;
● Rio de Janeiro;
● Campinas;
● Jundiaí;
● Piracicaba;
● Santos;
● São José dos Campos;
● Sorocaba;
● Duque de Caxias;
● Volta Redonda;
● Petrópolis;
● Niterói.
Imagem de satélite da megalópole Rio-São Paulo vista à
noite.
Cidades Globais
Segundo classificação desenvolvida pela Globalization and World Cities (GaWC),
rede de pesquisas da globalização e das cidades globais sediada no Departamento
de Geografia da Universidade de Loughborough (Reino Unido), em 2012, havia 182
cidades globais. Essa pesquisa classificou-as em três níveis (alfa, beta e gama),
com seus subníveis de acordo com a densidade e a qualidade da infraestrutura, a
oferta de bens e serviços e,consequentemente, a capacidade de polarização de
cada uma delas sobre os fluxos regionais e mundiais. As duas cidades mais
influentes, que mais polarizam os fluxos de pessoas, investimentos e informações.
Adaptado de:
GLOBALIZATI
ON AND
WORLD
CITIES
(GaWC). The
World
According to
GaWC 2012.
Loughborough,
jan. 2014.
Disponível em:
<www.lboro.ac.
uk/
gawc/world201
2t.html>.
Acesso em: 28
mar. 2016.
Há outras classificações para as cidades globais, entre as quais a da
instituição de pesquisa The Mori Memorial Foundation, sediada em
Tóquio (Japão). Para elaborar uma lista de 40 cidades globais, seus
pesquisadores consideraram mais de vinte indicadores distribuídos
em seis categorias: ambiente econômico, capacidade de pesquisa
e desenvolvimento (P&D), opções culturais, qualidade de vida,
ecologia e meio ambiente, facilidade de acesso. Como mostra o
gráfico da página ao lado, quanto maior a pontuação nesses
indicadores, melhor a posição da cidade na rede urbana mundial.
Perceba que a classificação japonesa, não tão extensa e
hierarquizada, equivale aproximadamente às cidades alfa da
classificação britânica.
Megacidade

O conceito de megacidade foi desenvolvido pela Organização das


Nações Unidas (ONU) para fazer referência a toda e qualquer
aglomeração urbana com população superior a dez milhões de
habitantes. Portanto, o grupo de megacidades envolve as maiores áreas
urbanas habitadas do planeta. A maioria delas é constituída por
municípios de países emergentes e subdesenvolvidos, embora a maior
seja Tóquio, capital do Japão.
Algumas dessas megacidades de países subdesenvolvidos
vêm apresentando elevados índices de crescimento
populacional, tanto pelo aspecto migratório quanto pelas
elevadas taxas de natalidade, como é o caso de Lagos, na
Nigéria, e Karachi, no Paquistão. O principal desafio dessas e
de outras grandes cidades é o provimento de infraestruturas
sociais que permitam uma mínima qualidade de vida a seus
habitantes em face de um crescimento acelerado e
desordenado.
Outro aspecto considerado negativo existente nas
megacidades abrange os problemas ambientais. Eles
acontecem pelos elevados índices de poluição, remoção da
vegetação, degradação de cursos d'água e outros,
gerando problemas ambientais gerais e específicos, tais
como as ilhas de calor e a inversão térmica. Por esse
motivo, é preciso descentralizar os serviços existentes e
promover uma maior democratização nas estruturas sociais
para garantir a todos os cidadãos o direito à cidade.
Principais Megacidades
● Tóquio (Japão) - 38.140.000 habitantes;
● Xangai (China) - 34.000.000 habitantes;
● Jacarta (Indonésia) - 31.500.000 habitantes;
● Déli (Índia) - 27.200.000 habitantes;
● Seul (Coréia do Sul) - 25.600.000 habitantes;
● Cantão (China) - 25.000.000 habitantes;
● Pequim (China) - 24.900.000 habitantes;
● Manila (Filipinas) - 24.100.000 habitantes;
● Mumbai (Índia) - 23.900.000 habitantes;
● Nova Iorque (EUA) - 23.876.155 habitantes;
● Shenzhen (China) - 23.300.000 habitantes;
● São Paulo (Brasil) - 21.242.939 habitantes;
● Cidade do México (México) - 21.157.000 habitantes;
● Lagos (Nigéria) - 21.000.000 habitantes;
● Keihanshin (Japão) - 20.337.000 habitantes;
● Cairo (Egito) - 19.128.000 habitantes;
● Wuhan (China) - 19.000.000 habitantes;
● Los Angeles (EUA) - 18.788.800 habitantes;
● Daca (Bangladesh) - 18.237.000 habitantes;
● Chengdu (China) - 18.100.000 habitantes;
Os problemas sociais urbanos
Desigualdades e segregação socioespacial
Em qualquer grande cidade do mundo, o espaço urbano é
fragmentado. Sua estrutura assemelha-se a um
quebra-cabeça em que as peças, embora formem um todo,
têm sua própria forma e função. As grandes cidades
apresentam funções comerciais, financeiras, industriais,
residenciais e de lazer. Entretanto, é comum que funções
diferentes coexistam, além do centro, em alguns bairros que,
com isso, polarizam seus vizinhos. Por isso, essas cidades
são policêntricas.
Essa fragmentação, quase sempre associada a um intenso crescimento urbano, impede os habitantes de
vivenciarem a cidade como um todo. Em vez disso, eles se atêm apenas aos fragmentos que fazem parte do
dia a dia. O local de moradia, trabalho, estudo ou lazer é onde se estabelecem as relações pessoais e sociais.
Entretanto, em uma metrópole, esses locais tendem a não ser coincidentes, o que provoca grandes deslo-
camentos e o aumento dos congestionamentos. Pode-se dizer, então, que a grande cidade não é um lugar,
mas um conjunto de lugares, e que as pessoas a vivenciam parcialmente.

As desigualdades sociais se materializam na paisagem urbana, como vimos nas fotos da introdução do
capítulo. Quanto mais acentuadas forem as disparidades de renda entre a população, maiores são as
desigualdades de moradia, de acesso aos serviços públicos e, portanto, de oportunidades culturais e
profissionais. Consequentemente, a segregação socioespacial, isto é, a separação das classes sociais em
bairros diferentes em função do desigual poder aquisitivo, e os problemas urbanos são maiores também.

O medo da violência urbana vem impulsionando a criação de condomínios fechados, sobretudo nas
metrópoles, mas isso também ocorre nas médias e até nas pequenas cidades. Buscando maior segurança e
tranquilidade, muitas pessoas de alto e médio poder aquisitivo se mudam para esse tipo de conjunto
residencial. Esse fenômeno acentua a segregação socioespacial e reduz os espaços urbanos públicos, uma
vez que propicia o crescimento de espaços privados e de circulação restrita. Além disso, muitos bairros, ao
perderem habitantes, sofrem um processo de deterioração urbana, caso de algumas áreas do centro de
grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém, entre outras. Muitas prefeituras
buscam recuperar as áreas degradadas das cidades por meio de incentivos fiscais para atrair comerciantes e
prestadores de serviços.
As desigualdades sociais se materializam na paisagem
urbana. Quanto mais acentuadas forem as disparidades de
renda entre a população, maiores são as desigualdades
de moradia, de acesso aos serviços públicos e, portanto,
de oportunidades culturais e profissionais.
Consequentemente, a segregação socioespacial, isto é, a
separação das classes sociais em bairros diferentes em
função do desigual poder aquisitivo, e os problemas
urbanos são maiores também.
Segregação
socioespacial
e macrocefalia
urbana.
Moradias precárias

As maiores cidades dos países em desenvolvimento não tiveram condições econômicas de absorver a grande
quantidade de pessoas que em pouco tempo migraram da zona rural e das cidades menores; por isso, aumentou o
número de desempregados. Para sobreviver, muitas pessoas se submetem ao subemprego e à economia informal.
Como os rendimentos, mesmo para os trabalhadores da economia formal, em geral são baixos, muitos não têm
condições de comprar nem de alugar um imóvel em bairros com infraestrutura adequada (rede de esgoto, água
encanada, boa oferta de serviços), pois são itens que encarecem o imóvel. Por causa disso, formaram-se aglomerados
subnormais (ver nota na tabela da página ao lado) em várias cidades, principalmente nas maiores. Essa é a face mais
visível do crescimento desordenado das cidades e da segregação socioespacial.
Os governos de muitos países em desenvolvimento têm grande parcela de responsabilidade nesse processo, porque
não implantaram políticas públicas adequadas, especialmente no setor habitacional, para enfrentar o problema. Nos
países em que as políticas públicas foram adequadas, paralelamente ao aumento da oferta de empregos e à elevação
da renda, o que possibilitou uma melhoria das condições de vida, as aglomerações subnormais foram bastante
reduzidas ou até mesmo erradicadas.
Um dos melhores exemplos disso aconteceu em Cingapura. De acordo com o Banco Mundial, em 1965, quando o país
se tornou independente, 70% de sua população vivia em condições muito precárias: a renda per capita era de 2 700
dólares ao ano, e o desemprego atingia 14% da População Economicamente Ativa (PEA).
Após cinco décadas de elevados investimentos públicos em habitação, em infraestrutura urbana e em serviços públicos
de qualidade, houve crescimento econômico sustentado, elevação e melhor distribuição da renda, erradicação das
submoradias e, consequentemente, melhoria da qualidade de vida da população. Em 2014, segundo o Banco Mundial,
Cingapura tinha uma renda per capita de 55 150 dólares, e o desemprego atingia 3% da PEA. A carência de habitações
seguras e confortáveis é um problema no mundo todo. Segundo o Programa das Nações Unidas para Assentamentos
Humanos (agência da ONU sediada em Nairobi, Quênia, mais conhecida como UN-Habitat), em 2012, havia 863 milhões
de pessoas vivendo em aglomerados subnormais.
A África subsaariana é a região com maior número absoluto de moradores em submoradias.
Embora a China e a Índia tenham reduzido significativamente a quantidade de pessoas que
moram em habitações precárias, ainda são os países que apresentam os maiores números
absolutos. O Brasil é o quarto país com maior contingente de moradores em aglomerados
subnormais. Observe a tabela abaixo.
O maior número relativo de moradores em aglomerados subnormais também aparece
na África subsaariana.
Na Nigéria, país com o maior número de habitantes em submoradias nessa região, o
percentual de pessoas que vivem em habitações precárias chega a 63% da população
urbana. Mas nesse subcontinente há países com percentuais bem mais altos, como a
República Centro-Africana, onde 96% da população vive em aglomerados subnormais.
Não há um conceito único para definir as moradias precárias; a publicação Slums of
the World da UN-Habitat apresenta descrições e definições para trinta cidades
espalhadas pelo mundo. A própria agência da ONU reconhece que o termo inglês slum
é utilizado para definir uma grande diversidade de tipos de assentamento urbano
precário espalhados por vários países. São Paulo e Rio de Janeiro, as duas regiões
metropolitanas com maior número de pessoas que vivem em aglomerados subnormais
– 2,2 milhões e 1,7 milhão, respectivamente –, aparecem entre as trinta cidades da
lista da UN-Habitat e em ambas constam a definição dada pelo IBGE: “Aglomerado
subnormal: grupo de cinquenta ou mais moradias, construídas de maneira
adensada e desordenada, em terreno pertencente a terceiros, e carente de
infraestrutura e serviços públicos”. De acordo com a UN-Habitat, uma ou mais das
seguintes características define esse tipo de moradia precária:
Na tentativa de encaminhar soluções para diversos problemas urbanos, entre os
quais o das moradias precárias, foi realizada em Istambul, na Turquia, em 1996, a
Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos – Habitat II. A
primeira reunião, Habitat I, aconteceu em Vancouver, Canadá, em 1976; e a Habitat III
foi realizada em Quito, Equador, em 2016. A Habitat II reuniu representantes dos
países-membros da ONU e de diversas ONGs. Foi discutida, entre outros problemas
urbanos, a questão da moradia. Ficou decidido que os governos deveriam criar
condições para que o acesso à moradia segura, habitável, salubre e sustentável
fosse universalizado. Porém, diversos governos, entre os quais o
norte-americano e o brasileiro, foram contra a proposta de que a habitação
fosse considerada um direito universal do cidadão e que, portanto, deveria ser
garantida pelo Estado. Em diversas cidades do mundo, tanto nos países em
desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, pessoas sem-teto se organizam para
lutar pelo direito à moradia urbana adequada e por melhores condições de vida. Uma
ou outra dessas organizações tem atuação nacional, como o Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), no Brasil, mas a maioria delas tem atuação local.
Há também organizações com atuação internacional, como a TETO (ou TECHO, em
espanhol), ONG criada em 1997, no Chile, que atua em quase toda a América Latina.

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