Geografia Urbana
Geografia Urbana
Geografia Urbana
No Brasil, existem somente duas cidades globais: São Paulo e Rio de Janeiro.
Megalópole ( conurbação de metrópoles)
Classifica-se como megalópole as grandes zonas urbanas, que são densamente
povoadas, urbanizadas. Essas formações são constituídas pelo conjunto de grandes
metrópoles e outras cidades que estão interligadas entre si. Além disso, uma
megalópole apresenta também uma rede de grande interação de serviços,
normalmente de boa qualidade ou, ao menos, que obedecem a uma grande demanda,
como transporte e mercadorias. Nos dias atuais, as megalópoles concentram os
principais centros tecnológicos e polos econômicos do mundo.
É válido ressaltar que o termo foi criado no ano de 1960 pelo geógrafo Jean
Gottmann para classificar a região dos Estados Unidos que envolve as cidades
de Boston, Washington e Nova York.
No Brasil, existe somente uma megalópole, chamada de “Megalópole Rio-São Paulo”.
Ela envolve uma grande área: da Grande São Paulo a Grande Rio de Janeiro,
passando pelas regiões da Baixada Santista e do Vale do Paraíba. A área é
densamente urbanizada, industrializada e povoada. Grandes partes das riquezas do
país também se encontram nessa Megalópole.
Características das megalópoles
Entre as principais características encontradas em megalópoles, podemos citar:
● Alto nível de integração econômica entre as cidades;
● Desenvolvimento urbano intenso e áreas rurais praticamente ausentes;
● Forte circulação de mercadorias e serviços entre as cidades que formam a
megalópole;
● Sistemas de transporte que integram as diversas regiões da megalópole, como
trens expressos, autopistas e pontes aéreas;
● Formação de pólos (industriais, comerciais e residenciais), que são responsáveis
por atrair a população e investidores;
Uma megalópole é normalmente definida como uma extensa região urbanizada,
constituída por várias metrópoles e regiões metropolitanas conurbadas.
Esse tipo de região urbana só existe quando quando há um eixo econômico,
social, cultural e populacional que envolve duas ou mais metrópoles, geralmente
de nível internacional, formando uma urbanização contínua ligada por cidades de
médio e pequeno porte.
Megalópoles ao redor do mundo
BosWash
A partir dos avanços técnicos realizados desde a década de 1970, o Brasil passa por forte
reestruturação territorial e pela divisão social do trabalho: a indústria se dispersa, a agricultura se
mecaniza e se cientificiza e o setor terciário centraliza decisões e cria atividades altamente
especializadas.
Neste contexto, iniciou-se a formação de uma região concentrada, altamente densificada quanto
ao estabelecimento de redes voltadas à fluidez espacial (transportes, informações, energia). Esta
região concentrada encontra-se em processo de expansão de sua área, e corresponde às
regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo o local de maior desenvolvimento econômico e social.
É diante deste cenário mais amplo do território brasileiro, no espaço mais industrializado e denso da
região concentrada, que se estabelecem as condições para a formação da primeira megalópole
brasileira, que conecta as maiores metrópoles do país: São Paulo e Rio de Janeiro.
A megalópole Rio-São Paulo liga o complexo metropolitano expandido do estado de São
Paulo (conurbação de várias metrópoles localizadas ao redor da Grande São Paulo), e a região
metropolitana do Rio de Janeiro. Essa megalópole envolve diferentes centros metropolitanos
localizados na região Sudeste do Brasil.
Possuindo área de 82.616 km² (o que corresponde à 0,97% do território brasileiro), a megalópole Rio-São
Paulo é composta por cerca de 232 municípios de três estados distintos: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais.
A megalópole Rio-São Paulo inclui as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, se estende
de Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio de Janeiro até Campinas, no interior de São Paulo,
passando por Juiz de Fora, cidade localizada na Zona da Mata de Minas Gerais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a megalópole Rio-São Paulo é o lar
de cerca de 42 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 23% do total da população
brasileira. Os principais centros urbanos que compõem essa megalópole são:
● São Paulo;
● Rio de Janeiro;
● Campinas;
● Jundiaí;
● Piracicaba;
● Santos;
● São José dos Campos;
● Sorocaba;
● Duque de Caxias;
● Volta Redonda;
● Petrópolis;
● Niterói.
Imagem de satélite da megalópole Rio-São Paulo vista à
noite.
Cidades Globais
Segundo classificação desenvolvida pela Globalization and World Cities (GaWC),
rede de pesquisas da globalização e das cidades globais sediada no Departamento
de Geografia da Universidade de Loughborough (Reino Unido), em 2012, havia 182
cidades globais. Essa pesquisa classificou-as em três níveis (alfa, beta e gama),
com seus subníveis de acordo com a densidade e a qualidade da infraestrutura, a
oferta de bens e serviços e,consequentemente, a capacidade de polarização de
cada uma delas sobre os fluxos regionais e mundiais. As duas cidades mais
influentes, que mais polarizam os fluxos de pessoas, investimentos e informações.
Adaptado de:
GLOBALIZATI
ON AND
WORLD
CITIES
(GaWC). The
World
According to
GaWC 2012.
Loughborough,
jan. 2014.
Disponível em:
<www.lboro.ac.
uk/
gawc/world201
2t.html>.
Acesso em: 28
mar. 2016.
Há outras classificações para as cidades globais, entre as quais a da
instituição de pesquisa The Mori Memorial Foundation, sediada em
Tóquio (Japão). Para elaborar uma lista de 40 cidades globais, seus
pesquisadores consideraram mais de vinte indicadores distribuídos
em seis categorias: ambiente econômico, capacidade de pesquisa
e desenvolvimento (P&D), opções culturais, qualidade de vida,
ecologia e meio ambiente, facilidade de acesso. Como mostra o
gráfico da página ao lado, quanto maior a pontuação nesses
indicadores, melhor a posição da cidade na rede urbana mundial.
Perceba que a classificação japonesa, não tão extensa e
hierarquizada, equivale aproximadamente às cidades alfa da
classificação britânica.
Megacidade
As desigualdades sociais se materializam na paisagem urbana, como vimos nas fotos da introdução do
capítulo. Quanto mais acentuadas forem as disparidades de renda entre a população, maiores são as
desigualdades de moradia, de acesso aos serviços públicos e, portanto, de oportunidades culturais e
profissionais. Consequentemente, a segregação socioespacial, isto é, a separação das classes sociais em
bairros diferentes em função do desigual poder aquisitivo, e os problemas urbanos são maiores também.
O medo da violência urbana vem impulsionando a criação de condomínios fechados, sobretudo nas
metrópoles, mas isso também ocorre nas médias e até nas pequenas cidades. Buscando maior segurança e
tranquilidade, muitas pessoas de alto e médio poder aquisitivo se mudam para esse tipo de conjunto
residencial. Esse fenômeno acentua a segregação socioespacial e reduz os espaços urbanos públicos, uma
vez que propicia o crescimento de espaços privados e de circulação restrita. Além disso, muitos bairros, ao
perderem habitantes, sofrem um processo de deterioração urbana, caso de algumas áreas do centro de
grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém, entre outras. Muitas prefeituras
buscam recuperar as áreas degradadas das cidades por meio de incentivos fiscais para atrair comerciantes e
prestadores de serviços.
As desigualdades sociais se materializam na paisagem
urbana. Quanto mais acentuadas forem as disparidades de
renda entre a população, maiores são as desigualdades
de moradia, de acesso aos serviços públicos e, portanto,
de oportunidades culturais e profissionais.
Consequentemente, a segregação socioespacial, isto é, a
separação das classes sociais em bairros diferentes em
função do desigual poder aquisitivo, e os problemas
urbanos são maiores também.
Segregação
socioespacial
e macrocefalia
urbana.
Moradias precárias
As maiores cidades dos países em desenvolvimento não tiveram condições econômicas de absorver a grande
quantidade de pessoas que em pouco tempo migraram da zona rural e das cidades menores; por isso, aumentou o
número de desempregados. Para sobreviver, muitas pessoas se submetem ao subemprego e à economia informal.
Como os rendimentos, mesmo para os trabalhadores da economia formal, em geral são baixos, muitos não têm
condições de comprar nem de alugar um imóvel em bairros com infraestrutura adequada (rede de esgoto, água
encanada, boa oferta de serviços), pois são itens que encarecem o imóvel. Por causa disso, formaram-se aglomerados
subnormais (ver nota na tabela da página ao lado) em várias cidades, principalmente nas maiores. Essa é a face mais
visível do crescimento desordenado das cidades e da segregação socioespacial.
Os governos de muitos países em desenvolvimento têm grande parcela de responsabilidade nesse processo, porque
não implantaram políticas públicas adequadas, especialmente no setor habitacional, para enfrentar o problema. Nos
países em que as políticas públicas foram adequadas, paralelamente ao aumento da oferta de empregos e à elevação
da renda, o que possibilitou uma melhoria das condições de vida, as aglomerações subnormais foram bastante
reduzidas ou até mesmo erradicadas.
Um dos melhores exemplos disso aconteceu em Cingapura. De acordo com o Banco Mundial, em 1965, quando o país
se tornou independente, 70% de sua população vivia em condições muito precárias: a renda per capita era de 2 700
dólares ao ano, e o desemprego atingia 14% da População Economicamente Ativa (PEA).
Após cinco décadas de elevados investimentos públicos em habitação, em infraestrutura urbana e em serviços públicos
de qualidade, houve crescimento econômico sustentado, elevação e melhor distribuição da renda, erradicação das
submoradias e, consequentemente, melhoria da qualidade de vida da população. Em 2014, segundo o Banco Mundial,
Cingapura tinha uma renda per capita de 55 150 dólares, e o desemprego atingia 3% da PEA. A carência de habitações
seguras e confortáveis é um problema no mundo todo. Segundo o Programa das Nações Unidas para Assentamentos
Humanos (agência da ONU sediada em Nairobi, Quênia, mais conhecida como UN-Habitat), em 2012, havia 863 milhões
de pessoas vivendo em aglomerados subnormais.
A África subsaariana é a região com maior número absoluto de moradores em submoradias.
Embora a China e a Índia tenham reduzido significativamente a quantidade de pessoas que
moram em habitações precárias, ainda são os países que apresentam os maiores números
absolutos. O Brasil é o quarto país com maior contingente de moradores em aglomerados
subnormais. Observe a tabela abaixo.
O maior número relativo de moradores em aglomerados subnormais também aparece
na África subsaariana.
Na Nigéria, país com o maior número de habitantes em submoradias nessa região, o
percentual de pessoas que vivem em habitações precárias chega a 63% da população
urbana. Mas nesse subcontinente há países com percentuais bem mais altos, como a
República Centro-Africana, onde 96% da população vive em aglomerados subnormais.
Não há um conceito único para definir as moradias precárias; a publicação Slums of
the World da UN-Habitat apresenta descrições e definições para trinta cidades
espalhadas pelo mundo. A própria agência da ONU reconhece que o termo inglês slum
é utilizado para definir uma grande diversidade de tipos de assentamento urbano
precário espalhados por vários países. São Paulo e Rio de Janeiro, as duas regiões
metropolitanas com maior número de pessoas que vivem em aglomerados subnormais
– 2,2 milhões e 1,7 milhão, respectivamente –, aparecem entre as trinta cidades da
lista da UN-Habitat e em ambas constam a definição dada pelo IBGE: “Aglomerado
subnormal: grupo de cinquenta ou mais moradias, construídas de maneira
adensada e desordenada, em terreno pertencente a terceiros, e carente de
infraestrutura e serviços públicos”. De acordo com a UN-Habitat, uma ou mais das
seguintes características define esse tipo de moradia precária:
Na tentativa de encaminhar soluções para diversos problemas urbanos, entre os
quais o das moradias precárias, foi realizada em Istambul, na Turquia, em 1996, a
Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos – Habitat II. A
primeira reunião, Habitat I, aconteceu em Vancouver, Canadá, em 1976; e a Habitat III
foi realizada em Quito, Equador, em 2016. A Habitat II reuniu representantes dos
países-membros da ONU e de diversas ONGs. Foi discutida, entre outros problemas
urbanos, a questão da moradia. Ficou decidido que os governos deveriam criar
condições para que o acesso à moradia segura, habitável, salubre e sustentável
fosse universalizado. Porém, diversos governos, entre os quais o
norte-americano e o brasileiro, foram contra a proposta de que a habitação
fosse considerada um direito universal do cidadão e que, portanto, deveria ser
garantida pelo Estado. Em diversas cidades do mundo, tanto nos países em
desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, pessoas sem-teto se organizam para
lutar pelo direito à moradia urbana adequada e por melhores condições de vida. Uma
ou outra dessas organizações tem atuação nacional, como o Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), no Brasil, mas a maioria delas tem atuação local.
Há também organizações com atuação internacional, como a TETO (ou TECHO, em
espanhol), ONG criada em 1997, no Chile, que atua em quase toda a América Latina.