GUINDASTE GIRATÓRIO DE COLUNA PARA OPERAÇÃO EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO - Luan Costa

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PROJETO DE GRADUAÇÃO II

Título do Projeto:

GUINDASTE GIRATÓRIO DE COLUNA PARA


OPERAÇÃO EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Autor:

LUAN DE OLIVEIRA COSTA

Orientador:

STELLA MARIS PIRES DOMINGUES

Data: 17 de setembro de 2021.


Luan de Oliveira Costa

GUINDASTE GIRATÓRIO DE COLUNA PARA


OPERAÇÃO EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal Fluminense, como requisito
parcial para obtenção do grau de Engenheiro
Mecânico.

Orientador:
Prof. Stella Maris Pires Domingues

Niterói,
2021.
PROJETO DE GRADUAÇÃO II

AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

Título do trabalho:

GUINDASTE GIRATÓRIO DE COLUNA PARA OPERAÇÃO EM UM CENTRO


DE DISTRIBUIÇÃO

Parecer do professor orientador da disciplina:

-Grau final recebido pelos relatórios de acompanhamento:

-Grau atribuído ao grupo nos seminários de progresso:

-Parecer do professor orientador:

-Nome e assinatura do professor orientador:

Prof.: Stella Maris Pires Domingues Assinatura:

Parecer conclusivo da banca examinadora do trabalho:

 Projeto aprovado sem restrições.


 Projeto aprovado com restrições.

Prazo concedido para cumprimento das exigências: / /

Discriminação das exigências e/ou observações adicionais:


PROJETO DE GRADUAÇÃO II

AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO


(CONTINUAÇÃO)

Aluno: Luan de Oliveira Costa

Grau:

Composição da banca:

Prof. DSc Stella Maris Pires Domingues Assinatura:

Prof. DSc Juan Manuel Pardal Assinatura:

Prof. DSc Raul Bernardo Vidal Pessolani Assinatura:

Data de defesa do trabalho:

Departamento de Engenharia Mecânica, 17/09/2021


D EDICATÓRIA
Ao meu tio Olival (em memória), uma das pessoas mais criativas que tive o prazer de
conhecer. Criatividade esta, que foi inspiração para mim, no momento em que pensei cursar
Engenharia Mecânica.
"Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande.
Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de
qualquer jeito.”

(Martin Luther King Jr)


A GRADECIMENTOS
A Deus, que me deu força e resiliência ao longo da minha vida e, sobretudo, durante
esses últimos longos anos.

À minha família, que me amparou das mais distintas maneiras, fazendo com que
conseguíssemos encerrar esse ciclo nas nossas vidas. Em especial, aos meus pais, Marilene
Fernandes de Oliveira e Wilson Lopes da Costa, pessoas fortes e sábias, que me concederam
parte dessa força e sabedoria para que eu pudesse romper barreiras. À minha irmã, Laila de
Oliveira Costa, conselheira e grande amiga. Ao meu avô, João Fernandes de Oliveira, que me
mostrou, e continua dando exemplos, de como um ser humano pode ser forte, física e
mentalmente.

Aos grandes amigos da escola, que permanecem comigo mesmo depois de tantos anos,
sendo refúgio e fonte de felicidade para mim. Em especial, Lucas Cardoso, Laryssa Ribeiro e
Vitória Mendonça.

Aos Amigos da Vida, pessoas difíceis de descrever, não só pela quantidade de atributos
de cada um, mas pela complexidade desse grupo. Ainda é um mistério para mim, compreender
como seres tão diferentes têm uma energia tão homogênea quando estão juntos. Vocês fazem
parte da minha história, e é ótimo saber que a recíproca é verdadeira.

Aos companheiros de trabalho que se tornaram irmãos, ajudando no meu


desenvolvimento profissional e pessoal. Em especial, a Ana Carolina Ribeiro, Guilherme
Varella e Raphael Palmeira. Vocês foram essenciais na formação do ser humano que sou hoje.

Aos colegas de curso e de UFF, que tanto me ajudaram ao longo de toda minha vida
acadêmica. Em especial, Caio Siqueira, Fabio Sousa, Gabriel Dias, Ighor Koelblinger, Igor
Rodrigues, João Paulo Cardoso, Julianna Braga, Kadu Pereira, Milena Azeredo, Victor Tayar,
Victória Januário e Yuri Quintana. Além do companheirismo nas horas difíceis, os momentos
de alegria e descontração permanecerão gravados em imagens e na minha memória. Para mim,
sempre foi importante manter registros de cada um, pois recorro a eles com frequência para não
esquecer como me tornei quem sou.

Agradeço à dupla Fabiano Martins e Gabriel Cazagrande. Vocês são exemplos para mim.
Difícil recordar algum momento em que não tenham me dado suporte quando precisei.
Ao Luiz Felipe Santos e Leonardo Ferreira. Pessoas que conheci, entre tantas outras, na
rotina agitada de uma república de estudantes, mas que fiz questão de pinçar e manter do meu
lado, talvez por partilharmos trajetórias semelhantes. Seja como for, vocês foram e são
essenciais nessa caminhada.

Aos meus melhores amigos, Edmagno Santos e Isabel Oliveira. Sorte minha, poder
contar com duas pessoas tão especiais. Obrigado por tudo.

À minha professora orientadora e grande amiga, Stella Domingues. Obrigado pelos


ensinamentos transmitidos ao longo da graduação, pela paciência e suporte na elaboração deste
projeto.
R ESUMO
O presente trabalho consiste no dimensionamento e análise de um guindaste giratório
de coluna, inserindo o equipamento em um contexto operacional de um centro de distribuição.
O projeto segue as diretrizes da norma técnica NBR 8400 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), visando a otimização das dimensões do guindaste, para que ele possa atender
à nova dinâmica de trabalho dos centros de distribuição, oferecendo agilidade, precisão e
segurança ao operador.A estrutura foi avaliada através de cálculos analíticos de cada elemento
(viga, coluna, tirante, juntas aparafusadas e juntas soldadas), e os mecanismos foram escolhidos
através de catálogos de fornecedores. Uma análise de custo foi apresentada, comparando o custo
do equipamento projetado com os preços do mercado atual.

Palavras-chave: Guindaste giratório, Dimensionamento, NBR 8400.


A BSTRACT
This paper consists in designing and the analysis of a column-mounted slewing jib crane,
inserting the equipment in an operating place of a distribution center. The design was be based
on the guidelines of the technical standard NBR 8400 of the “Associação Brasileira de Normas
Técnicas” (ABNT), optimizing the dimensions of the crane, so that it can meet the new work
dynamics of distribution centers, offering agility, precision, and safety to the operator. The
structure was conceived by analytical calculations of each element (beam, column, tie, bolted
joints and welded joints), and the mechanisms were chosen through supplier catalogues. A cost
analysis was presented, comparing the projected equipment cost with current market prices.

Keywords: Jib Crane, Design, NBR 8400.


L ISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1-1: Vendas globais de varejo de e-commerce 2014-2023 ............................... 26
Figura 1-2: Correia transportadora ............................................................................... 30
Figura 1-3: Guindaste fixo ............................................................................................ 30
Figura 1-4: Carrinho para transporte de cargas ............................................................ 31
Figura 1-5: Rampa de triagem ...................................................................................... 31
Figura 1-6: Pallets de madeira ...................................................................................... 32
Figura 3-1: Desenho esquemático do equipamento a ser projetado ............................. 34
Figura 3-2: Modelo renderizado do equipamento ........................................................ 35
Figura 5-1: Diagrama de forças da viga (SL) ................................................................ 44
Figura 5-2: Diagrama de esforço cortante (SL) ............................................................. 46
Figura 5-3: Diagrama de momento fletor (SL).............................................................. 46
Figura 5-4: Dimensões perfil W ................................................................................... 48
Figura 5-5: Diagrama de forças da viga (SG) ............................................................... 49
Figura 5-6: Diagrama de esforço cortante (SG) ............................................................ 50
Figura 5-7: Diagrama de momento fletor (SG) ............................................................. 50
Figura 5-8: Malha utilizada para a análise da viga no Ansys ....................................... 55
Figura 5-9: Condições de contorno para análise da carga de serviço ........................... 56
Figura 5-10: Tensão normal devido à carga de serviço ................................................ 56
Figura 5-11: Tensão cisalhante devido à carga de serviço ........................................... 57
Figura 5-12: Condições de contorno para análise do peso próprio da viga .................. 58
Figura 5-13: Tensão normal devido ao peso próprio da viga ....................................... 58
Figura 5-14: Tensão cisalhante devido ao peso próprio da viga .................................. 59
Figura 5-15: Combinação de esforços sobre a coluna .................................................. 60
Figura 5-16: Fator de multiplicação.............................................................................. 63
Figura 5-17: Coeficiente de flambagem em função da esbeltez para laminados em aço
de 37 daN/mm² ......................................................................................................................... 64
Figura 5-18: Malha utilizada para a análise da coluna no Ansys ................................. 65
Figura 5-19: Condições de contorno para análise da força compressiva ...................... 66
Figura 5-20: Tensão normal devido à força compressiva ............................................. 66
Figura 5-21: Condições de contorno para análise do momento fletor .......................... 67
Figura 5-22:Tensão normal devido ao momento fletor ................................................ 68
Figura 5-23: Forças aplicadas sobre o apoio do tirante ................................................ 69
Figura 6-1: Coleta de carga em uma esteira transportadora ......................................... 85
Figura 6-2: Sistema de um manipulador a vácuo ......................................................... 86
Figura 6-3: Esquema de ventosa manipulador Jumbo Flex 50 ..................................... 87
Figura 6-4: Gancho simples .......................................................................................... 88
Figura 6-5: Sistema de elevação com gancho e cinta .................................................. 88
Figura 6-6: Gancho simples Berg-Steel 500 kg ............................................................ 89
Figura 6-7: Modelos de trolleys Vonder ....................................................................... 89
Figura 6-8: Limitadores de fim de curso ...................................................................... 90
Figura 6-9: Cantoneira limitador de fim de curso ........................................................ 91
Figura 6-10: Ponteira para tubo .................................................................................... 91
Figura 6-11: Ponteira de proteção escolhida ................................................................ 92
Figura 6-12: Botão de proteção contra sobrecarga térmica .......................................... 92
Figura 6-13: Suporte do manipulador a vácuo ............................................................. 93
L ISTA DE TABELAS
Tabela 3-1: Especificação de serviço............................................................................ 36
Tabela 3-2: Propriedades mecânicas alumínio ASTM B308 liga 6061-T6 .................. 36
Tabela 3-3: Propriedades mecânicas aço ASTM A36 .................................................. 37
Tabela 3-4: Classe de utilização ................................................................................... 37
Tabela 3-5: Estado de carga .......................................................................................... 38
Tabela 3-6: Classificação da estrutura em grupos ........................................................ 39
Tabela 3-7: .................................................................................................................... 39
Tabela 4-1: Valores do coeficiente dinâmico ............................................................... 41
Tabela 4-2: Tensões admissíveis à tração (ou compressão) ......................................... 42
Tabela 5-1: Dados obtidos até o momento ................................................................... 43
Tabela 5-2: Reações nos apoios da viga (SL) ............................................................... 45
Tabela 5-3: Reações nos apoios da viga (SG) .............................................................. 49
Tabela 5-4: Tensões máximas sobre a viga .................................................................. 52
Tabela 5-5: Valores dos erros absolutos e relativos ..................................................... 57
Tabela 5-6: Valores dos erros absolutos e relativos ..................................................... 59
Tabela 5-7: Valores dos erros absolutos e relativos ..................................................... 67
Tabela 5-8: Valores dos erros absolutos e relativos ..................................................... 68
Tabela 5-9: Classes de resistência de parafusos de aço ................................................ 73
Tabela 5-10: Tensões de comparação máximas admissíveis em cordões de solda ...... 79
Tabela 6-1: Tabela de dados do manipulador modelo Jumbo ...................................... 86
Tabela 8-1: Levantamento de preços ............................................................................ 97
L ISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS
(xSG)max Ponto de maior deflexão devido ao peso próprio da viga

(xSL)max Ponto de maior deflexão devido a carga de serviço

(ySG)max Deflexão máxima devido ao peso próprio da viga

(ySL)max Deflexão máxima devido a carga de serviço

(σadm)barra Tensão admissível à tração da barra roscada

(σadm)coluna Tensão admissível à tração da coluna

(σadm)conexao Tensão admissível à tração da conexão “cabeça de forquilha”

(σadm)parafuso Tensão admissível à tração do parafuso

(σadm)viga Tensão admissível à tração da viga

(σMF)max Tensão normal máxima devido ao momento fletor

(σSL)max Tensão normal máxima devido à carga de serviço e ao peso da


viga

(τadm)coluna Tensão admissível ao cisalhamento da coluna

(τadm)viga Tensão admissível ao cisalhamento da viga

(τV)max Tensão cisalhante máxima devido à força cortante

a Distância do suporte até a extremidade direita da viga

a Bitola a coluna, largura do suporte “U”

Aalma Área da seção transversal da alma

Abarra Área da seção transversal da barra roscada

Acoluna Área da seção transversal da coluna

Acordao Área do cordão de solda


AISI American Iron and Steel Institute

Aparafuso Área da seção transversal do parafuso

ASTM American Society for Testing and Materials

CD Centro de distribuição

D Diâmetro externo da coluna

d Diâmetro interno da coluna

Dbarra Diâmetro da barra roscada

Dparafuso Diâmetro do parafuso

E Módulo de elasticidade

e Espessura da parede da coluna, espessura do cordão de solda

EPI Equipamentos de proteção individual

FMF Força gerada pelo momento fletor

FS Fato de segurança

FTSG Reação vertical devido ao peso próprio da viga

FTSL Reação vertical devido à carga de serviço

g Aceleração da gravidade

h Altura do suporte “U”

H Comprimento da coluna

I Momento de inércial da seção transversal da viga

Ibarra Momento de inércial da seção transversal da barra roscada

Icoluna Momento de inércial da seção transversal da coluna

Iperfil Momento de inércial do perfil da viga

Iperfil B33170 Momento de inércial da viga modelo BB33170 (Metals Depot)

Iperfil W Momento de inércial de um perfil W


K Fator de multiplicação

L Distância da extremidade esquerda da viga até o suporte

Lviga Comprimento da viga

M Momento fletor

m Massa linear da coluna

M(x)max Momento fletor máximo

Mx Coeficiente de majoração

NBR Norma Brasileira

P 50% da carga de serviço

Pbarra Peso da barra roscada

Pcarga Peso da carga de serviço

Pcoluna Peso da coluna

Pviga Peso da viga

Px Componente x do peso da barra roscada

Py Componente y do peso da barra roscada

r Raio de giração

R Razão entre a tensão mínima e máxima

rx Erro relativo

SG Solicitações devido peso próprio dos elementos

SL Solicitações devido às cargas de serviço

V Esforço cortante

V(x)max Esforço cortante máximo

W Módulo de resistência à flexão

w Peso linear da viga


x Distância a partir da extremidade esquerda da viga

ybarra Distância do ponto mais externo do perfil da viga à linha neutra

ycoluna Distância do ponto mais externo do perfil da viga à linha neutra

ymax Deflexão máxima causada na viga

ySG Deflexão causada pelo peso próprio da viga

ySL Deflexão causada pela carga de serviço

yviga Distância do ponto mais externo do perfil da viga à linha neutra

εx Erro absoluto

λ Esbeltez

σ Tensão normal

σadm Tensão admissível à tração

σC Tensão de compressão sobre a coluna

σCG Tensão de compressão devido ao peso próprio da coluna

σCL Tensão de compressão devido ao peso da carga de serviço

σCV Tensão de compressão devido ao peso da viga

σMF Tensão devido ao momento fletor sobre a coluna

σML Tensão devido ao momento fletor da carga de serviço

σMV Tensão devido ao momento fletor causado pelo peso da viga

σxa Tensão limite de fadiga

τ Tensão cisalhante

τadm Tensão admissível ao cisalhamento


τG Tensão cisalhante devido ao peso próprio da viga

τL Tensão cisalhante devido à carga de serviço

ѱ Coeficiente dinâmico

𝜔 Coeficiente de flambagem
S UMÁRIO
Dedicatória ...................................................................................................................... 6

Agradecimentos .............................................................................................................. 8

Resumo ......................................................................................................................... 10

Abstract ......................................................................................................................... 11

Lista de ilustrações ....................................................................................................... 12

Lista de tabelas ............................................................................................................. 14

Lista de siglas e símbolos ............................................................................................. 15

Sumário ......................................................................................................................... 20

1 Introdução............................................................................................................... 25

1.1 Evolução dos centros de distribuição.............................................................. 25

1.2 Processos internos em um centro de distribuição ........................................... 28

1.2.1 Processos básicos de armazenamento ....................................................... 28

1.2.2 Movimentação interna............................................................................... 29

1.2.3 Tipos de equipamentos para movimentação interna ................................. 29

1.3 Motivação e equipamento escolhido............................................................... 32

2 Metodologia ........................................................................................................... 33

3 Equipamento a ser projetado .................................................................................. 34

3.1 Objetivo .......................................................................................................... 34

3.2 Desenho esquemático ..................................................................................... 34

3.3 Especificação de serviço ................................................................................. 36

3.4 Classificação da estrutura ............................................................................... 37

3.4.1 Classe de utilização ................................................................................... 37

3.4.2 Estado de carga ......................................................................................... 38

3.4.3 Classificação da estrutura e elementos estruturais em grupos .................. 38

4 Introdução ao dimensionamento do guindaste ....................................................... 40

4.1 Solicitações ..................................................................................................... 40


4.1.1 Solicitações principais............................................................................... 40

4.1.2 Solicitações devido aos movimentos verticais da carga ........................... 40

4.1.3 Casos de solicitação .................................................................................. 41

5 Dimensionamento da estrutura e dos elementos estruturais................................... 43

5.1 Viga ................................................................................................................. 44

5.1.1 Cálculo analítico ....................................................................................... 44

5.1.1.1 Solicitações devido à carga de serviço ............................................... 44

5.1.1.1.1 Reações nos apoios ..................................................................... 44

5.1.1.1.2 Esforço cortante e momento fletor .............................................. 45

5.1.1.1.3 Módulo de resistência à flexão.................................................... 47

5.1.1.1.4 Momento de inércia do perfil ...................................................... 47

5.1.1.2 Solicitações devido ao peso próprio................................................... 48

5.1.1.2.1 Reações nos apoios ..................................................................... 48

5.1.1.2.2 Esforço cortante e momento fletor .............................................. 49

5.1.1.3 Análise do critério de falha ................................................................ 51

5.1.1.3.1 Cálculo das tensões máximas ...................................................... 51

5.1.1.3.2 Verificação pelo critério de Von Mises ...................................... 53

5.1.1.4 Deflexão da viga ................................................................................ 53

5.1.2 Cálculo numérico ...................................................................................... 55

5.1.2.1 Malha ................................................................................................. 55

5.1.2.2 Solicitações devido à carga de serviço ............................................... 56

5.1.2.2.1 Condições de contorno ................................................................ 56

5.1.2.2.2 Resultados numéricos ................................................................. 56

5.1.2.2.3 Validação dos dados.................................................................... 57

5.1.2.3 Solicitações devido ao peso próprio................................................... 58

5.1.2.3.1 Condições de contorno ................................................................ 58

5.1.2.3.2 Resultados numéricos ................................................................. 58


5.1.2.3.3 Validação dos dados.................................................................... 59

5.2 Coluna ............................................................................................................. 60

5.2.1 Cálculo analítico ....................................................................................... 60

5.2.1.1 Tensões de compressão e devido ao momento fletor ......................... 61

5.2.1.2 Coeficiente de flambagem ................................................................. 62

5.2.1.3 Análise do critério de falha ................................................................ 64

5.2.2 Cálculo numérico ...................................................................................... 65

5.2.2.1 Malha ................................................................................................. 65

5.2.2.2 Tensões de compressão ...................................................................... 65

5.2.2.2.1 Condições de contorno ................................................................ 65

5.2.2.2.2 Resultados numéricos ................................................................. 66

5.2.2.2.3 Validação dos dados.................................................................... 67

5.2.2.3 Momento fletor .................................................................................. 67

5.2.2.3.1 Condições de contorno ................................................................ 67

5.2.2.3.2 Resultados numéricos ................................................................. 68

5.2.2.3.3 Validação dos dados.................................................................... 68

5.3 Tirante ............................................................................................................. 69

5.3.1 Solicitações devido à carga de serviço e ao peso da viga ......................... 69

5.3.1.1 Diâmetro do tirante ............................................................................ 70

5.4 Juntas aparafusadas ......................................................................................... 71

5.4.1 Base ........................................................................................................... 71

5.4.1.1 Parafusos de fundação ........................................................................ 72

5.4.2 Viga ........................................................................................................... 73

5.4.2.1 Suporte da coluna ............................................................................... 73

5.4.2.1.1 Parafuso de sustentação .............................................................. 74

5.4.2.1.2 Parafuso de articulação ............................................................... 75

5.4.2.2 Suporte do tirante ............................................................................... 76


5.4.3 Tirante ....................................................................................................... 76

5.4.3.1 Parafusos das extremidades ............................................................... 76

5.4.3.2 Parafuso de articulação ...................................................................... 77

5.4.3.3 Conexão ............................................................................................. 78

5.5 Juntas soldadas ................................................................................................ 79

5.5.1 Suportes ..................................................................................................... 80

5.5.1.1 Cordões submetidos à tração longitudinal ......................................... 81

5.5.1.2 Cordões submetidos à tensão cisalhante ............................................ 82

5.5.1.3 Cordões submetidos à tração transversal ........................................... 82

5.5.1.4 Verificação contra fadiga ................................................................... 82

5.5.2 Flange da base ........................................................................................... 83

5.5.2.1 Verificação contra fadiga ................................................................... 84

6 Seleção dos mecanismos ........................................................................................ 85

6.1. Dispositivos de elevação .................................................................................... 85

6.1.1. Manipulador a vácuo ................................................................................ 85

6.1.2 Gancho simples ......................................................................................... 87

6.2 Trolley ............................................................................................................. 89

6.3 Equipamentos adicionais ................................................................................ 90

6.3.1 Limitadores de fim de curso...................................................................... 90

6.3.2 Ponteira para a coluna ............................................................................... 91

6.3.3 Botão de proteção contra sobrecarga térmica ........................................... 92

6.3.4 Suporte do manipulador a vácuo ............................................................... 92

7 Operação, manutenção e inspeção ......................................................................... 94

7.1 Operação ......................................................................................................... 94

7.2 Manutenção ..................................................................................................... 95

7.3 Inspeção .......................................................................................................... 95

8 Análise de custos .................................................................................................... 97


9 Conclusão ............................................................................................................... 99

10 Referências bibliográficas ................................................................................ 101

11 Anexos .............................................................................................................. 104


1 INTRODUÇÃO

1.1 EVOLUÇÃO DOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO

A evolução do comportamento do cliente está causando muitas mudanças na indústria


da cadeia de suprimentos, e o ritmo da mudança está acontecendo tão rápido que está
deslocando muitas empresas estabelecidas e partes da economia. Essas mudanças estão
afetando os locais de trabalho em todo o mundo, e os centros de distribuição (CDs) não estão
isentos (BLUEYONDE, 2018).

As cadeias de suprimentos estão, atualmente, voltadas para o aumento da eficiência das


redes de distribuição, fazendo com que o simples se torne uma parcela inteligente e estratégica
da cadeia, ao mesmo tempo em que cuida dos efeitos ambientais e diminui a demanda por mão-
de-obra. Há, também, a necessidade do foco no crescimento da receita e na melhoria da margem,
levando à necessidade de desenvolver soluções logísticas melhoradas (BLUEYONDE, 2018).

Os centros de distribuição de hoje fornecem muito mais do que apenas armazenamento


de curto prazo. Ao se aproximar das áreas urbanas, aproveitar a tecnologia e adicionar
comodidades para atrair trabalhadores qualificados, os CDs estão se transformando para
acomodar as demandas de e-commerce e expectativas rápidas de entrega (KROLL, 2019).

Nos últimos anos, o e-commerce tornou-se uma parte indispensável do quadro global
de varejo. Como muitas outras indústrias, o cenário do varejo passou por uma transformação
substancial após o advento da internet, e graças à digitalização contínua da vida moderna,
consumidores de praticamente todos os países agora lucram com as vantagens das transações
online. Como mostrado na Figura 1.1, em 2019, as vendas no varejo de comércio eletrônico em
todo o mundo somaram 3,53 trilhões de dólares, e esse número deve crescer para 6,54 trilhões
de dólares em 2023. As compras online são uma das atividades online mais populares em todo
o mundo (SABANOGLU, 2020).

25
Figura 1-1: Vendas globais de varejo de e-commerce 2014-2023
FONTE: (SABANOGLU, 2020)

Velocidade, agilidade e precisão. Todos esses fatores são mais importantes do que nunca,
e à medida que as expectativas dos consumidores mudam, as empresas também estão sendo
forçadas a mudar. Em outras palavras, há muito tempo são os dias em que um armazém era
apenas um grande edifício para armazenar o inventário; hoje e, no futuro, essas instalações
servirão de muitas maneiras como a força vital de algumas das empresas mais bem-sucedidas
do mundo – não apenas paradas ao longo da cadeia de suprimentos, mas, crucialmente, ligações
importantes em sistemas complexos que movem mercadorias de forma rápida e fácil
(ARIZONA STATE UNIVERSITY, 2018?).

Nos atuais centros de distribuição, os sistemas oferecem um design consideravelmente


mais compacto, operação mais rápida e fornecem um nível muito maior de flexibilidade. Os
novos sistemas oferecem algumas grandes vantagens. Dentre elas, as principais são:

• Produtividade do operador: eliminação do tempo de deslocamento, melhora do


posicionamento da carga para uma coleta mais fácil e rápida;
• Ergonomia: como um benefício adicional, o melhor posicionamento do produto e do
recipiente de carga contribuem significativamente para a ergonomia do operador. Tanto
o equipamento de coleta quanto recipiente podem ser colocadas em uma altura e ângulo
que minimizam a tensão e o movimento, ao mesmo tempo em que elimina
completamente o manuseio das cargas;

26
• Redução de espaço: os sistemas atuais são compactos, e minimizam qualquer espaço
morto entre os locais de armazenamento. Eles também são capazes de melhor utilização
de altura clara. A combinação desses aspectos de design melhora significativamente a
capacidade armazenamento em relação aos sistemas dos CDs anteriores;
• Operações aprimoradas: com as capacidades de throughput mais altas atuais, controles
aprimorados e recursos de integração de manuseio de materiais, esses sistemas podem
ser mais bem aproveitados para priorizar inteligentemente cargas de trabalho, fornecer
recursos de planejamento melhorados e rotas de forma eficiente através de toda uma
operação;
• Capacidade de armazenamento: utilizando as informações coletadas sobre as
características dos produtos, os requisitos de armazenamento para cada item são
desenvolvidos;
• Integração do sistema: os centros de distribuição atuais usam estratégias que integram
as várias etapas de manipulação da carga. Desde a chegada, seleção e transferência, o
caminho que os produtos passam é mapeado e otimizado. A movimentação de pessoal
também é levada em conta, assim como, manutenção geral e acesso a componentes-
chave do sistema para reparos e reparo preventivo.

Os centros de distribuição estão cada vez mais dinâmicos, com a utilização de


equipamentos que prezam pela agilidade e produtividade, além de conforto e segurança do
operador. Atualmente, o que tem colocado em prática é a utilização da análise de dados, para a
auxiliar na tomada de decisões e definição de estratégias. Em um futuro próximo, o principal
avanço será na automação e implementação da inteligência artificial nos processos dentro dos
CDs. A inteligência artificial promete revolucionar os centros de distribuição. As operações
serão cada vez mais ágeis e eficientes, por meio do uso das informações para realizar análises
e otimizar os processos. O armazém do futuro vai se apoiar no desenvolvimento de softwares,
na sua conexão com a internet das coisas e no uso de dados para promover uma análise sobre a
empresa para aperfeiçoar os processos de supply chain (OTIMIS, 2019).

27
1.2 PROCESSOS INTERNOS EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

1.2.1 Processos básicos de armazenamento


Em um CD, a armazenagem precisa ser executada de maneira simples, rápida, mas,
acima de tudo, de forma eficiente e com baixo custo (CARNEIRO, 2012). Desde sua chegada,
até o envio para o consumidor final, as mercadorias e produtos passam por uma série de etapas.
Esses processos são essenciais para a correta operação do centro de distribuição:

• Agendamento: determinação da janela logística, que é um intervalo de tempo negociado


antecipadamente entre a empresa transportadora e a recebedora/expedidora, utilizado
para efetuar as entregas ou carregamentos;
• Recebimento/Conferência/Check-in: ato de dar recebimento da mercadoria no sistema
de controle do estoque;
• Controle de qualidade: pode ser feito por amostragem na sua totalidade ou até antes da
mercadoria definitiva chegar, como no caso de vestuários, denominado de processo
piloto de qualidade;
• Armazenamento: operação realizada na sequência do recebimento e conferência das
mercadorias, e que tem por objetivo colocar as mercadorias recebidas nos espaços
físicos a elas destinados;
• Picking: é o ato de recolher as mercadorias na área de armazenamento, seguindo um
romaneio ou pedido preestabelecido;
• Separação: encaminhar as mercadorias obtidas com o picking para serem conferidas e
separadas por destino;
• Empacotamento ou embalamento: ato de embalar ou paletizar os volumes, evitando
interromper a movimentação normal das demais mercadorias dentro do armazém;
• Reserva: em alguns armazéns são reservados espaços físicos de consolidação, que
servem para agilizar o processo de despacho, já que o veículo de transporte não deve
ficar parado por muito tempo na porta do armazém.
• Expedição da Nota Fiscal: emissão e impressão da Nota Fiscal antes da data de saída da
mercadoria do armazém;
• Carregamento e liberação das mercadorias: após terem sido executados os processos
anteriores a carga deve ser carregada no veículo de transporte e este liberado para iniciar
a viagem.

28
1.2.2 Movimentação interna
Para que os materiais passem pelas etapas que exigem a presença física dos mesmos,
eles precisam ser transportados pelas diversas áreas do centro de distribuição. Esse
descolamento é feito pela movimentação interna. Com a utilização de estágios bem definidos,
e o auxílio de equipamentos, esse processo tem, como objetivo, fazer com que esse transporte
seja feito da forma mais fluida e eficiente possível.

Uma das atividades mais críticas nas operações de armazéns é a movimentação de


materiais, porque está diretamente associada à eficiência das operações de armazenagem e
fornece apoio para manutenção de estoques (CARNEIRO, 2012).

Considerando todas as atividades desempenhadas dentro dos depósitos, o manuseio de


materiais é aquela que mais consome mão de obra. A mão de obra necessária para separação e
para manuseio de produtos representa um dos componentes de custo de pessoal mais alto no
sistema logístico (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Os equipamentos de movimentação interna de materiais devem ser selecionados


obedecendo a um plano geral de administração do fluxo de materiais e de produtos, para que,
no final dos investimentos, obtenha-se um todo coerente capaz de atender bem às necessidades
da empresa. A escolha de um equipamento ideal de movimentação de cargas depende de vários
fatores operacionais, como: tipo e estado do piso do local onde serão utilizados, cargas em
paletes ou não, do peso da carga a ser movimentada, do volume das mercadorias movimentadas,
da velocidade com que será movimentada, da altura de elevação máxima, do tipo das estruturas
de armazenagem, do local da operação e do ambiente – interno ou externo - onde será utilizado
(CARNEIRO, 2012).

1.2.3 Tipos de equipamentos para movimentação interna


Podemos definir equipamento como sendo qualquer instrumento mecânico que auxilie
o homem na execução de trabalhos pesados ou não. Equipamentos de movimentação de cargas
são todos aqueles que de alguma forma facilitam o trabalho humano de carregamento e
movimentação de volumes, otimizando as operações e minimizando os custos logística
(CARNEIRO, 2012).

Esses equipamentos podem ser classificados em cinco categorias:

• Transportadores: correias (Figura 1.2), fitas metálicas, roletes, rodízios, roscas e


vibratórios;

29
Figura 1-2: Correia transportadora
FONTE: (WARBEL)

• Guindastes, talhas e elevadores: guindastes fixos e móveis (Figura 1.3), pontes rolantes,
talhas, guinchos, monovias, elevadores;

Figura 1-3: Guindaste fixo


FONTE: (VETTER)

• Veículos industriais: carrinhos de todos os tipos (Figura 1.4), tratores, trailers e veículos
especiais para transporte a granel;

30
Figura 1-4: Carrinho para transporte de cargas
FONTE: (CIDERAL)

• Equipamento de posicionamento, pesagem e controle: plataformas fixas e móveis,


rampas (Figura 1.5), equipamentos de transferências;

Figura 1-5: Rampa de triagem


FONTE: (CONVEYOR)

• Contêineres e estruturas de suporte: vasos, tanques, suportes e plataformas, estrados,


pallets (Figura 1.6), suportes para bobinas e equipamentos auxiliares de embalagem.

31
Figura 1-6: Pallets de madeira
FONTE: (SB PALLET)

Podemos classificar os equipamentos de movimentação interna em dois grupos, segundo


o meio de tração dos mesmos: motorizados e manuais. Os motorizados utilizam motores
elétricos ou de combustão interna, para serem acionados durante a operação. Já os de
funcionamento manual, o operador transporta a carga nos braços, em carrinhos, paleteiras, etc.

1.3 MOTIVAÇÃO E EQUIPAMENTO ESCOLHIDO

Analisando o contínuo crescimento na demanda das transportadoras de bens, tracionado


principalmente pela evolução e difusão do e-commerce, podemos verificar a mudança na
estrutura dos centros de distribuição. A operação nesses espaços está cada vez mais dinâmica,
com a utilização de processos e equipamentos que oferecem agilidade e eficiência. Além disso,
esses aparelhos utilizados para movimentação interna de carga prezam pela ergonomia e
segurança do operador.

Por essas razões, esse trabalho visa contribuir com o avanço e aperfeiçoamento dessa
área da indústria, realizando o dimensionamento e análise de um equipamento que atende às
novas exigências de produtividade dos novos centros de distribuição: um Guindaste Giratório
de Coluna.

32
2 METODOLOGIA

O primeiro passo para o desenvolvimento desse trabalho, é a classificação do


equipamento conforme a NBR 8400, que apresenta as diretrizes básicas para o cálculo das partes
estruturais e componentes mecânicos dos equipamentos de levantamento e movimentação de cargas .
De acordo com as especificações de serviço, o guindaste é classificado segundo fatores como
classe de serviço e estado de carga.

A partes da estrutura são, então, submetidas às análises estáticas relacionadas aos


esforços que estarão submetidas em situações críticas de operação. Esse estudo é realizado de
acordo com cálculos analíticos, baseados nos conceitos de resistência dos materiais. Além disso,
análises numéricas para viga e coluna foram realizadas, a fim de validar os dados analíticos.

Estando o equipamento e seus acionamentos definidos, recomendações de operação,


manutenção e inspeção são apresentadas, a fim de garantir a segurança de pessoas e bens.

Por fim, uma análise de custos é apresentada para que seja discutida a viabilidade
financeira do projeto, frente a outros equipamentos semelhantes disponíveis no mercado.

33
3 EQUIPAMENTO A SER PROJETADO

3.1 OBJETIVO

Com base em guindastes comumente utilizados para movimentação de cargas leves, o


equipamento deste projeto é um Guindaste Giratório de Coluna, com capacidade máxima de
levantamento de 100 kg, comprimento de lança de 3 metros, e faixa de giro de 180°.

O foco deste projeto é dimensionar as partes que compõem o mecanismo de


levantamento e movimentação de carga, seus mecanismos de fixação, de acordo com as normas
técnicas em vigência.

3.2 DESENHO ESQUEMÁTICO

Na Figura 3.1 é apresentado um desenho esquemático do equipamento a ser projeto,


destacando seus principais elementos e dimensões.

Figura 3-1: Desenho esquemático do equipamento a ser projetado


FONTE: Do autor (2021)

34
Já a Figura 3.2, mostra uma renderização simples do equipamento, feita no software
SolidWorks.

Figura 3-2: Modelo renderizado do equipamento


FONTE: Do autor (2021)

35
3.3 ESPECIFICAÇÃO DE SERVIÇO

Na fase inicial de desenvolvimento, especificamos os parâmetros que irão determinar a


classificação do equipamento segunda à NBR 8400, além do tipo de aplicação do mesmo. Esses
dados definem a especificação de serviço do guindaste (Tabela 3.1).

Tabela 3-1: Especificação de serviço

Especificação do guindaste Valor UM


Tipo escolhido Giratório de coluna –
Capacidade de carga nominal 100 kg
Comprimento da coluna 3,8 m
Comprimento de lança 3 m
Faixa de giro 180 °
Velocidade de elevação 1 m/s
Altura da borda inferior 3 m
Peso 168 kg
Regime de trabalho 20 ciclos/hora
Vida útil 20 anos
Nº de ciclos total 1.24.8000 ciclos
Tipo de perfil da viga W (wide flange) –
Material da viga Alumínio ASTM B221-08 liga 6061-T6 –
Material da coluna Aço ASTM A36 –
Ambiente de trabalho Indoor –

FONTE: Do autor (2021)

Os materiais da coluna e da viga, assim como o perfil utilizado, foram escolhidos com
base no histórico de utilização de equipamentos semelhantes, presentes atualmente no mercado.

O alumínio ASTM B308 liga 6061-T6 auxilia na aplicação a qual o equipamento se


destina, pois suas propriedades mecânicas atendem aos requisitos de operação, mantendo a
estrutura leve e de fácil manuseio (Tabela 3.2).

Tabela 3-2: Propriedades mecânicas alumínio ASTM B308 liga 6061-T6

Propriedade Valor UM
Limite de resistência à tração 310 MPa
Limite de escoamento 276 MPa
Módulo de elasticidade 69 GPa

FONTE: Do autor (2021)

36
Já o aço ASTM A36, é um dos aços estruturais mais utilizados na indústria, pelo seu
custo e características. Ele é categorizado como um aço carbono de média resistência mecânica
e com boa soldabilidade (Tabela 3.3). Como o projeto em foco visa o dimensionamento de um
guindaste para pequenas cargas, ele apresenta as características necessárias para atender os
requisitos especificados.

Tabela 3-3: Propriedades mecânicas aço ASTM A36

Propriedade Valor UM
Limite de resistência à tração 520 MPa
Limite de escoamento 250 MPa

FONTE: Do autor (2021)

3.4 CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURA

Segundo a norma NBR 8400, as estruturas do equipamento são classificadas em grupos,


conforme suas aplicações. Dessa forma, conseguimos determinar as solicitações que devem ser
levadas em consideração, na elaboração do projeto. Para determinarmos o grupo a que pertence
a estrutura, levamos em conta dois fatores: classe de utilização e estado de carga.

3.4.1 Classe de utilização


A classe de utilização caracteriza a frequência de uso dos equipamentos. Consideramos
o número de ciclos aos quais a estrutura será submetida ao longo de sua vida útil (Tabela 3.4).

Tabela 3-4: Classe de utilização

FONTE: (NBR 8400)

37
Em um centro de distribuição, é comum haver trabalho em dois turnos, e até 6 vezes por
semana. Dessa forma, consideramos que o equipamento será utilizado 312 dias ao ano, 10 horas
por dia, e percorrendo 20 ciclos de operação por hora. É esperado, ainda, que a vida útil do
mesmo seja de 20 anos. Assim, chegamos ao total de 1,248 x 106 ciclos que o guindaste deverá
suportar, ao longo de sua vida útil. Isso o classifica como a categoria D, dentro da classe de
utilização da NBR 8400.

3.4.2 Estado de carga


De acordo com a NBR 8400, estado de carga caracteriza em que proporção o
equipamento levanta a carga máxima, ou somente uma carga reduzida ao longo de sua vida útil.
A Tabela (3.5) mostra essa classificação.

Tabela 3-5: Estado de carga

FONTE: (NBR 8400)

As cargas que serão movimentadas pelo guindaste – usualmente caixas de remessa –,


raramente irão atingir a carga nominal do equipamento. Dessa forma, o estado de carga será
classificado como 1 (leve).

3.4.3 Classificação da estrutura e elementos estruturais em grupos


Após a determinação da classe de utilização e do estado de carga, o grupo da estrutura
é definido, segundo a Tabela (3.6).

38
Tabela 3-6: Classificação da estrutura em grupos

FONTE: (NBR 8400)

O equipamento pertence ao grupo 5. Dessa forma, podemos determinar o coeficiente


de majoração (Mx), através da Tabela (3.7).

Tabela 3-7:

FONTE: (NBR 8400)

Para o equipamento foco desse trabalho, o coeficiente de majoração é, então, 1,12.

39
4 INTRODUÇÃO AO DIMENSIONAMENTO DO GUINDASTE

O dimensionamento de um equipamento deve levar em conta diversos fatores, como os


tipos de solicitações, condições de operação, características do ambiente em que o elemento
está instalado, entre outros.

Nesse trabalho, as etapas do dimensionamento serão divididas de acordo com os


elementos analisados. Dessa forma, após a determinação das solicitações a serem consideradas
no projeto, os tópicos serão organizados da seguinte forma:

1) Dimensionamento da estrutura e dos elementos estruturais: viga; coluna; haste;


base; barra; juntas soldadas; juntas aparafusadas e rebitadas.
2) Dimensionamento e seleção dos mecanismos: manuseador a vácuo; equipamentos
de segurança.

4.1 SOLICITAÇÕES

Segundo a NBR 8400, o cálculo da estrutura do equipamento é feito com base na análise
das tensões atuantes durante seu funcionamento. Elas serão divididas em duas categorias:
solicitações principais e solicitações devido aos movimentos verticais da carga. E, por último,
será definido o caso de solicitação em que o equipamento se enquadra.

Como o equipamento é direcionado para operações indoor, as solicitações devido ao


vento serão desconsideradas, por serem desprezíveis dentro em um CD.

4.1.1 Solicitações principais


Nessa etapa, são analisadas as solicitações exercidas sobre a estrutura do equipamento
suposto imóvel, no estado de carga mais desfavorável. São elas: devido peso próprio dos
elementos (SG); devido às cargas de serviço (SL).

4.1.2 Solicitações devido aos movimentos verticais da carga


São aquelas provenientes do içamento relativamente brusco da carga de serviço, durante
o levantamento, e de choques verticais devido ao movimento sobre o caminho de rolamento.
Para determiná-las, é preciso conhecer o coeficiente dinâmico (ѱ). Esse parâmetro é um
multiplicador, que nos permite considerar as oscilações provocadas pelo levantamento brusco
da carga.

40
A Tabela (4.1) estabelece a relação entre o coeficiente dinâmico e a faixa de velocidade
de elevação da carga, para dois grupos de equipamentos.

Tabela 4-1: Valores do coeficiente dinâmico

FONTE: (NBR 8400)

Conforme apresentado na Tabela (3.1), a velocidade de elevação definida para o projeto


é de 1 m/s. Dessa forma, o coeficiente dinâmico do guindaste tem o valor de 1,3.

4.1.3 Casos de solicitação


São previstos nos cálculos, três casos de solicitações:

Caso I: serviço normal sem vento;

Caso II: serviço normal com vento limite de serviço;

Caso III: solicitações excepcionais.

Neste projeto, será considerado o Caso I, para a realização das análises. Nesse cenário,
consideram-se as solicitações estáticas devido ao peso próprio (SG) e as solicitações devido à
carga de serviço (SL), multiplicadas pelo coeficiente dinâmico (ѱ). O conjunto destas
solicitações deve ser multiplicado pelo coeficiente de majoração (Mx). Dessa forma, o critério
de falha deve ser verificado através da Eq. (4.1), em que o as contribuições dessas solicitações
devem ser menores ou iguais à tensão admissível (σadm).

𝑀𝑥 (𝑆𝐺 + ψ𝑆𝐿 ) ≤ 𝜎𝑎𝑑𝑚 ( 4.1 )

41
A tensão admissível à tração pode ser determinada, para cada caso, através das equações
presentes na Tabela (4.2), que relacionam as tensões de escoamento com o fator de segurança
(FS).

Tabela 4-2: Tensões admissíveis à tração (ou compressão)

FONTE: (NBR 8400)

Dessa forma, obtemos o fator de segurança (1,5), e já podemos calcular a tensão


admissível para a viga e a coluna:

276𝑀𝑃𝑎
(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 = = 184 𝑀𝑃𝑎 ( 4.2 )
1,5

250𝑀𝑃𝑎
(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 = = 167 𝑀𝑃𝑎 ( 4.3 )
1,5

Já a tensão admissível ao cisalhamento, é dada pela Eq. (4.4).

𝜎𝑎𝑑𝑚
𝜏𝑎𝑑𝑚 = ( 4.4 )
√3

184𝑀𝑃𝑎
(𝜏𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 = = 106 𝑀𝑃𝑎 ( 4.5 )
√3

167𝑀𝑃𝑎
(𝜏𝑎𝑑𝑚 )𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 = = 96 𝑀𝑃𝑎 ( 4.6 )
√3

42
5 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA E DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Como foi dito anteriormente, a estrutura do equipamento será dividida entre as partes
que a compõem. Todos os elementos da estrutura devem ser verificados contra os seguintes
casos:

a) Verificação contra o escoamento;

b) Verificação contra flambagem (global ou local) para elementos em compressão;

c) Verificação contra fadiga (para juntas soldadas).

Até este ponto, os valores conhecidos são apresentados na Tabela (5.1). Eles serão
utilizados como base para as etapas do dimensionamento dos elementos.

Tabela 5-1: Dados obtidos até o momento

Classe de utilização D
Estado de carga 1 (leve)
Grupo 5
Coeficiente de majoração 1,12
Coeficiente dinâmico 1,3
Caso de solicitação Caso I (serviço normal sem vento)
Fator de segurança 1,5
Tensão normal admissível da viga 184 MPa
Tensão normal admissível da coluna 167 MPa
Tensão de cisalhamento admissível da viga 106 MPa
Tensão de cisalhamento admissível da coluna 96 MPa

FONTE: Do autor (2021)

43
5.1 VIGA

5.1.1 Cálculo analítico


Conhecendo os valores do coeficiente de majoração, coeficiente dinâmico e das tensões
admissíveis da viga (normal e de cisalhamento) – todos estes, apresentados na Tabela (5.1) –,
é preciso determinar as solicitações devido à carga de serviço (SL) e as solicitações estáticas
devido ao peso próprio (SG). Após calculadas essas solicitações, o critério de falha da Eq. (4.1)
poderá ser verificado.

Através de uma busca por fornecedores de vigas de alumínio, não foram encontradas
empresas nacionais que fabricam o perfil escolhido. Dessa forma, essa procura se estendeu a
fornecedores de fora do país. O catálogo utilizado como base, para a escolha da viga que atenda
aos critérios do projeto, foi o da plataforma Metals Depot. Este catálogo é apresentado no
Anexo A.

5.1.1.1 Solicitações devido à carga de serviço


5.1.1.1.1 Reações nos apoios
Como ponto de partida, devemos analisar os esforços que atuam ao longo da viga. Como
apresentado na Figura 3.1, a viga é sustentada em sua extremidade esquerda por um pino e por
um segundo suporte, a uma distância de 2 m desta mesma extremidade. Dessa forma, teremos
reações nesses dois pontos devido ao esforço exercido pela carga de serviço (carga útil acrescida
da carga dos mecanismos de içamento) – que deverá ser considerada em sua posição mais
crítica: 3 m. Um resumo dessas solicitações é mostrado abaixo:

• Reações nos apoios, considerando um modelo bi-apoiado (em vermelho);


• Carga na extremidade direita (carga de serviço), representando a pior situação possível
para a viga (em verde);
O diagrama de forças da viga é apresentado na Figura 5.1.

Figura 5-1: Diagrama de forças da viga (SL)


FONTE: Do autor (2021)

44
Para a análise, foram considerados os dados listados abaixo. Os resultados obtidos são
apresentados na Tabela (5.2).

• Peso da carga útil: 980 N


• Peso do trolley: 50 N
• Peso do manuseador: 70 N

Tabela 5-2: Reações nos apoios da viga (SL)

Reações calculadas Valor UM


Reação vertical na extremidade esquerda da viga (0 m) 550 N
Reação vertical no suporte (2 m) 1650 N

FONTE: Do autor (2021)

5.1.1.1.2 Esforço cortante e momento fletor


Com o conhecimento das reações, é feita a análise do esforço cortante (V) e do momento
fletor (M) ao longo da viga. Para isso, a viga é dividia em 2 seções: uma à esquerda do suporte
e outra à direita do mesmo. As equações que descrevem esses esforços ao longo das seções são
apresentadas abaixo:

• 0m≤x≤2m

𝑉(𝑥) = −550 𝑁 ( 5.1 )

𝑀(𝑥) = −550𝑥 ( 5.2 )

• 2m≤x≤3m

𝑉(𝑥) = 1100 𝑁 ( 5.3 )

𝑀(𝑥) = 1100𝑥 − 3300 ( 5.4 )

45
Os gráficos do esforço cortante e do momento fletor são apresentados nas Figura 5.2 e
Figura 5.3, respectivamente.

1200
1000
800
Esforço cortante (N)

600
400
200
0
0 1 2 3
-200
-400
-600
Distância na viga (m)

Figura 5-2: Diagrama de esforço cortante (SL)


FONTE: Do autor (2021)

200

0
0 1 2 3
Momento fletor (Nm)

-200

-400

-600

-800

-1000

-1200
Distância na viga (m)

Figura 5-3: Diagrama de momento fletor (SL)


FONTE: Do autor (2021)

46
Observando esses diagramas, podemos verificar que, tanto o esforço cortante quanto o
momento fletor, apresentam seus valores máximos em um ponto imediatamente depois da
posição 2 m da viga. Dessa forma, conseguimos determinar esses valores através das Eq. (5.3)
e (5.4), para x = 2 m.

𝑉(𝑥)𝑚𝑎𝑥 = 1100 𝑁 ( 5.5 )

𝑀(𝑥)𝑚𝑎𝑥 = 1100(2) − 3300 = −1100 𝑁𝑚 ( 5.6 )

5.1.1.1.3 Módulo de resistência à flexão


Conhecendo o valor do momento fletor máximo (M(x)max) e a tensão admissível da viga
((σadm)viga) – obtida na Eq. (4.2) –, podemos determinar o módulo de resistência à flexão (W)
necessário para que a estrutura suporte as solicitações consideradas. Esse valor é encontrado
através da Eq. (5.7).

|𝑀(𝑥)𝑚𝑎𝑥 | |−1100|
𝑊= = = 5,98 x 10−6 𝑚3 ( 5.7 )
(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 184 x 106

5.1.1.1.4 Momento de inércia do perfil


O módulo de resistência à flexão também pode calculado através da razão entre o
momento de inércia da seção do perfil (Iperfil) e a distância do seu ponto mais externo à linha
neutra (y) (Eq. 5.8). Sendo assim, podemos determinar o momento de inércia mínimo, que o
perfil buscado precisa possuir, para que ele possa atender às condições do projeto, através da
Eq. (5.9).

𝐼𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙
𝑊= ( 5.8 )
𝑦

𝐼𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 = 𝑊𝑦 = (5,98 x 10−6 )(38,1 x 10−3 ) = 228 x 10−9 𝑚4 ( 5.9 )

Em que o valor de y utilizado foi baseado no perfil da viga B33170, o primeiro do


catálogo da Metals Depot.

47
Como o perfil B33170 foi utilizado como referência, para determinação da Eq. (5.9),
podemos calcular o valor do momento de inércia desse perfil, e verificar se ele atende à essa
grandeza. O cálculo é feito através da Eq. (5.10), que estabelece a relação entre as dimensões
de um perfil W e seu momento de inércia.

𝑎ℎ3 𝑏
𝐼𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 𝑊 = ( ) + ( ) (𝐻 3 − ℎ3 ) ( 5.10 )
12 12

Onde as dimensões apresentadas na equação são mostradas na Figura 5.4.

Figura 5-4: Dimensões perfil W


FONTE: Do autor (2021)

Dessa forma, o momento de inércia do perfil B33170 é dado pela Eq. (5.11).

𝐼𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 B33170 = 778 x 10−9 𝑚4 ( 5.11 )

Como Iperfil B33170 > Iperfil, podemos considerar este modelo de viga para o projeto.

5.1.1.2 Solicitações devido ao peso próprio


5.1.1.2.1 Reações nos apoios
Após selecionado o modelo da viga, podemos realizar a análise das solicitações devido
ao peso próprio da estrutura. As etapas serão semelhantes às apresentadas na seção 5.1.1.1,
porém, com a substituição da carga de serviço na extremidade direita da viga, pelo
carregamento distribuído, que se estende por todo comprimento. A massa linear da viga B33170
é de 2 lb/ft, resultando em um peso linear de 29 N/m. O diagrama de forças é apresentado na
Figura 5.5, com o carregamento em azul.

48
Figura 5-5: Diagrama de forças da viga (SG)
FONTE: Do autor (2021)

Os resultados obtidos são apresentados na Tabela (5.3).

Tabela 5-3: Reações nos apoios da viga (SG)

Reações calculadas Valor UM


Reação vertical na extremidade esquerda da viga (0 m) 21,75 N
Reação vertical no suporte (2 m) 65,25 N

FONTE: Do autor (2021)

5.1.1.2.2 Esforço cortante e momento fletor


As equações de V(x) e M(x) ao longo das seções são apresentadas abaixo:

• 0m≤x≤2m

𝑉(𝑥) = −29𝑥 + 21,75 ( 5.12 )

𝑀(𝑥) = −14,5𝑥 2 + 21,75𝑥 ( 5.13 )

• 2m≤x≤3m

𝑉(𝑥) = −29𝑥 + 87 ( 5.14 )

𝑀(𝑥) = −14,5𝑥 2 + 87𝑥 − 130,5 ( 5.15 )

49
Os gráficos do esforço cortante e do momento fletor são apresentados nas Figura 5.6 e
Figura 5.7, respectivamente.

40

30

20
Esforço cortante (N)

10

0
0 1 2 3
-10

-20

-30

-40
Distância na viga (m)

Figura 5-6: Diagrama de esforço cortante (SG)


FONTE: Do autor (2021)

Figura 5-7: Diagrama de momento fletor (SG)


FONTE: Do autor (2021)

50
Assim como na seção 5.1.1.1.2, os valores máximos ocorrem em um ponto
imediatamente depois da posição 2 m da viga. Eles são apresentados nas Eq. (5.16) e (5.17).

𝑉(𝑥)𝑚𝑎𝑥 = −29(2) + 87 = 29 𝑁 ( 5.16 )

𝑀(𝑥)𝑚𝑎𝑥 = −14,5(2)2 + 87(2) − 130,5 = −14,50 𝑁𝑚 ( 5.17 )

5.1.1.3 Análise do critério de falha


Com os valores máximos de esforço cortante e momento fletor determinados para as
solicitações consideradas, é possível realizar a verificação do critério de falha.

5.1.1.3.1 Cálculo das tensões máximas


Primeiro, é preciso determinar as tensões provenientes desses esforços. A tensão normal
pode ser calculada através da Eq. (5.18). Como estamos lidando com um perfil W, uma boa
aproximação do valor máximo da tensão de cisalhamento na seção transversal pode ser obtida
dividindo-se o esforço cortante pela área da seção transversal da alma (BEER, JR, et al., 2011).
Dessa forma, a tensão cisalhante é obtida através da Eq. (5.19).

𝑀𝑦
𝜎= ( 5.18 )
𝐼

𝑉
𝜏= ( 5.19 )
𝐴𝑎𝑙𝑚𝑎

Onde:

σ – Tensão normal;

M – Momento fletor;

y – Distância do ponto mais externo do perfil da viga à linha neutra;

I – Momento de inércia da seção transversal;

τ – Tensão cisalhante;

V – Esforço cortante;

Aalma – Área da seção transversal da alma.

51
Com os valores de V e M encontrados nas Eq. (5.5) e (5.6), podemos calcular as tensões
máximas geradas pela carga de serviço. Já as resultantes do peso próprio da viga, são calculadas
através dos resultados das Eq. (5.16) e (5.17). A área da seção transversal da alma (Aalma), a
distância do ponto mais externo do perfil da viga à linha neutra (y) e o momento de inércia (I)
foram baseados no modelo de viga B33170, presente no Anexo A. Essas tensões são resumidas
na Tabela (5.4).

Tabela 5-4: Tensões máximas sobre a viga

σ (MPa) τ (MPa)
Tensão máxima (SL) 53,90 3,77
Tensão máxima (SG) 0,71 0,01

Agora, o critério de falha pode ser verificado. Essa análise é feita em duas etapas: na
primeira, cada carga é analisada separadamente, através de uma comparação com as tensões
admissíveis (Eq. 4.2 e 4.5); a segunda, é feita utilizando o critério de Von Mises.

5.1.1.3.1.1 Verificação de cada tensão máxima


Todas as tensões devem ser multiplicadas pelo coeficiente de majoração (Mx). Além
disso, as devido à carga devem ser multiplicadas pelo coeficiente dinâmico (ѱ). Levando esses
pontos em consideração, e realizando uma comparação das tensões normais da Tabela (5.4)
com a encontrada na Eq. (4.2), verificamos que ambas atendem ao critério:

𝑀𝑥 ѱ𝜎𝑆𝐿 ≤ (𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 ( 5.20 )

(1,12)(1,3)(53,90) ≤ 184 𝑀𝑃𝑎 ⇒ 78,48 𝑀𝑃𝑎 ≤ 184 𝑀𝑃𝑎 ( 5.21 )

𝑀𝑥 𝜎𝑆𝐺 ≤ (𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 ( 5.22 )

(1,12)(0,71) ≤ 184 𝑀𝑃𝑎 ⇒ 0,79 𝑀𝑃𝑎 ≤ 184 𝑀𝑃𝑎 ( 5.23 )

52
O critério também é atendido pelas tensões cisalhantes:

𝑀𝑥 ѱ𝜏𝑆𝐿 ≤ (𝜏𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 ( 5.24 )

(1,12)(1,3)(3,77) ≤ 106 𝑀𝑃𝑎 ⇒ 5,49 𝑀𝑃𝑎 ≤ 106 𝑀𝑃𝑎 ( 5.25 )

𝑀𝑥 𝜏𝑆𝐺 ≤ (𝜏𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 ( 5.26 )

(1,12)(0,01) ≤ 106 𝑀𝑃𝑎 ⇒ 0,01 𝑀𝑃𝑎 ≤ 106 𝑀𝑃𝑎 ( 5.27 )

5.1.1.3.2 Verificação pelo critério de Von Mises


Por último, a verificação a partir do critério de escoamento de Von Mises:

(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑣𝑖𝑔𝑎 ≥ √𝜎 2 + 3𝜏 2 ( 5.28 )

184 𝑀𝑃𝑎 ≥ 79,84 𝑀𝑃𝑎 ( 5.29 )

Dessa forma, confirmamos que a viga escolhida satisfaz às condições de projeto.

5.1.1.4 Deflexão da viga


Segundo a NBR 8400, a contraflecha deve ser projetada quando a deflexão máxima
gerada na viga for maior que 5 mm. Esse valor é calculado considerando a deflexão ocasionada
por 50% da carga de serviço máxima, mais a gerada pelo peso próprio da viga. Dessa forma, as
equações das linhas elásticas devido a carga de serviço e ao peso próprio foram determinadas,
e são apresentadas nas Eq.(5.30) e (5.31), respectivamente.

𝑃𝑎𝐿2 𝑥 𝑥 3
𝑦𝑆𝐿 = [ −( ) ] ( 5.30 )
6𝐸𝐼 𝐿 𝐿

𝑊 𝐿𝑥 3 𝑥 4 𝐿3 𝑥
𝑦𝑆𝐺 = [ − − ] ( 5.31 )
𝐸𝐼 18 24 72

53
Onde:

P – 50% da carga de serviço (550 N);

a – Distância do suporte até a extremidade direita da viga (1 m);

L – Distância da extremidade esquerda da viga até o suporte (2 m);

E – Módulo de elasticidade (69 GPa);

I – Momento de inércia da seção transversal da viga (778 x 10-9 m4);

w – Peso linear da viga (29N/m);

x – Distância a partir da extremidade esquerda da viga.

O ponto em que a deflexão gerada pela carga de serviço é máxima, é encontrado


igualando a derivada da Eq. (5.30) a zero (dySL/dx = 0). O valor encontrado foi (xSL)max = 1,73
m. A deflexão nesse ponto é (ySL)max = 1,49 mm.

O cálculo da deflexão gerada pelo peso próprio da viga é feito de forma semelhante,
através da Eq. (5.31). Os valores encontrados foram: (xSG)max = 0,72 m e (ySG)max = 27 x 10-3
mm.

Como os pontos não coincidem, devemos analisar a superposição das flechas no ponto
de maior valor, ou seja, (xSL)max = 1,73 m. Nesse ponto, a deflexão gerada pelo peso próprio da
viga é ySG = 5,34 x 10-3 mm. Somando esse valor ao (ySL)max, a deflexão máxima na viga
considerando seu peso próprio e 50% da carga máxima de serviço é ymax = 1,49534 mm. Como
esse valor é menor que os 5 mm especificados pela NBR 8400, a contraflecha será
desconsiderada nesse projeto.

54
5.1.2 Cálculo numérico
Através do método dos elementos finitos, podemos realizar uma análise numérica dos
esforços aplicados sobre a viga. Esse método propõe uma subdivisão da estrutura analisada em
pequenas partes, que podem possuir diversas formas – triangular, quadrilateral, etc. Essas partes
são unidas entre si por pontos (nós), formando uma malha. Assim, as equações matemáticas
que descrevem o comportamento físico da estrutura podem ser resolvidas de forma aproximada.
O resultado se aproxima do real à medida que a malha é refinada (variando a forma e tamanho
dos elementos), e as condições de contorno são corretamente inseridas.

Para a análise deste projeto, o software utilizado foi o Ansys Workbench. Assim
como nas seções 5.1.1.1 e 5.1.1.2, a análise foi dividia em duas partes: solicitações devido à
carga de serviço e devido ao peso próprio da viga.

5.1.2.1 Malha
A malha da viga foi gerada automaticamente pelo software, e refinada posteriormente,
para elementos quadrados com lados de 10 mm. O resultado é apresentado na Figura 5.8.

Figura 5-8: Malha utilizada para a análise da viga no Ansys


FONTE: Do autor (2021)

55
5.1.2.2 Solicitações devido à carga de serviço
5.1.2.2.1 Condições de contorno
As condições de contorno para a análise da carga de serviço foram aplicadas conforme
a análise da seção 5.1.1.1.1, com um apoio na extremidade esquerda e outro a 2 m dessa mesma
extremidade. Além disso, a força de 1100 N foi inserida na extremidade direita do elemento (a
3 m). A Figura 5.9 mostra as condições de contorno.

Figura 5-9: Condições de contorno para análise da carga de serviço


FONTE: Do autor (2021)

5.1.2.2.2 Resultados numéricos


Os valores encontrados para máxima tensão normal e cisalhante são apresentados abaixo.

Figura 5-10: Tensão normal devido à carga de serviço


FONTE: Do autor (2021)

56
Figura 5-11: Tensão cisalhante devido à carga de serviço
FONTE: Do autor (2021)

5.1.2.2.3 Validação dos dados


A verificação dos dados é feita através da análise do erro absoluto (εx) e relativo (rx),
calculados através das Eq. (5.32) e (5.33), respectivamente.

𝜀𝑥 = |𝑋 − 𝑋̅| ( 5.32 )

|𝑋 − 𝑋̅|
𝑟𝑥 = ( 5.33 )
|𝑋|

O resumo dessa verificação é apresentado na Tabela (5.5).

Tabela 5-5: Valores dos erros absolutos e relativos


Solicitação Analítica Numérica εx rx
Tensão normal máxima (MPa) 53,90 50,86 3,04 5,64 %
Tensão cisalhante máxima (MPa) 3,77 4,26 0,49 12,99%

FONTE: Do autor (2021)

57
5.1.2.3 Solicitações devido ao peso próprio
5.1.2.3.1 Condições de contorno
As condições de contorno são apresentadas na Figura 5.12. Agora, no lugar de uma força
concentrada na extremidade direita, uma carga distribuída é aplicada ao longo da viga,
resultando em um esforço de 87 N.

Figura 5-12: Condições de contorno para análise do peso próprio da viga


FONTE: Do autor (2021)

5.1.2.3.2 Resultados numéricos


Os resultados são apresentados abaixo.

Figura 5-13: Tensão normal devido ao peso próprio da viga


FONTE: Do autor (2021)
58
Figura 5-14: Tensão cisalhante devido ao peso próprio da viga
FONTE: Do autor (2021)

5.1.2.3.3 Validação dos dados


Novamente, a verificação dos dados é feita através da análise do erro absoluto e relativo,
que são resumidos na Tabela (5.6).

Tabela 5-6: Valores dos erros absolutos e relativos


Solicitação Analítica Numérica εx rx
Tensão normal máxima (MPa) 0,71 0,62 0,09 12,68 %
Tensão cisalhante máxima (MPa) 0,01 0,011 0,001 10,00 %

FONTE: Do autor (2021)

Conforme dito anteriormente, a precisão dos dados aumenta conforme a malha é refinada.
Com o tipo mais simplificado usado nesta análise, os resultados apresentados podem ser
considerados satisfatórios.

59
5.2 COLUNA

5.2.1 Cálculo analítico


O estudo da coluna é baseado na análise da flambagem sofrida por esse elemento. Os
esforços exercidos pela carga de serviço e pelos pesos próprios – da coluna e da viga – devem
ser considerados. Como resultado, a coluna estará sujeita a uma combinação de compressão e
flexão, como apresentado no diagrama simplificado da Figura 5.15.

Figura 5-15: Combinação de esforços sobre a coluna


FONTE: Do autor (2021)

De acordo com a NBR 8400, as seguintes equações devem ser verificadas, para os
elementos submetidos a esforços não centrados que causam um momento provocando uma
flexão:

𝜎𝐶 + 𝜎𝑀𝐹 ≤ (𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 ( 5.34 )

𝜔𝜎𝐶 + 0,9𝜎𝑀𝐹 ≤ (𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 ( 5.35 )

Onde:

𝜎𝐶 – Tensão de compressão sobre a coluna;

𝜎𝑀𝐹 – Tensão devido ao momento fletor;

𝜔 – Coeficiente de flambagem.

60
5.2.1.1 Tensões de compressão e devido ao momento fletor
Para a base dos cálculos, iremos utilizar um perfil de tubo quadrado, do fabricante Tuper,
com bitola (a) de 110 mm, espessura (e) de 3,75 mm e 12,42 kg/m de massa linear (m). Este
tubo é apresentado na página 15 do catálogo de tubos estruturais da Tuper. Tal página está
disponível no Anexo B.

Das Eq. (5.36) e (5.37), podemos analisar as tensões de compressão e devido ao


momento fletor da seguinte forma:

𝜎𝐶 = 𝑀𝑥 (𝜎𝐶𝐺 + 𝜎𝐶𝑉 + ѱ𝜎𝐶𝐿 ) ( 5.36 )

𝜎𝑀𝐹 = 𝑀𝑥 (𝜎𝑀𝑉 + ѱ𝜎𝑀𝐿 ) ( 5.37 )

Onde:

𝜎𝐶𝐺 – Tensão de compressão devido ao peso próprio da coluna;

𝜎𝐶𝑉 – Tensão de compressão devido ao peso da viga;

𝜎𝐶𝐿 – Tensão de compressão devido ao peso da carga de serviço;

𝜎𝑀𝑉 – Tensão devido ao momento fletor causado pelo peso da viga;

𝜎𝑀𝐿 – Tensão devido ao momento fletor causado pelo peso da carga de serviço.

Nos esforços causados pela carga de serviço, consideramos, também, o coeficiente


dinâmico (ѱ).

Os cálculos seguem abaixo:

𝐴𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 = 𝑎2 − (𝑎 − 2𝑒)2 = 1,59 x 10−3 𝑚2 ( 5.38 )

𝑎4 − (𝑎 − 2𝑒)4
𝐼𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 = = 3,00 x 10−6 𝑚4 ( 5.39 )
12

61
𝑚𝐻𝑔 (12,57)(3,8)(9,81)
𝜎𝐶𝐺 = = = 0,29 𝑀𝑃𝑎 ( 5.40 )
𝐴𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 1,59 x 10−3

𝑃𝑣𝑖𝑔𝑎 87
𝜎𝐶𝑉 = = = 0,55 𝑀𝑃𝑎 ( 5.41 )
𝐴𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 1,59 x 10−3

𝑃𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 1100
𝜎𝐶𝐿 = = = 0,69 𝑀𝑃𝑎 ( 5.42 )
𝐴𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 1,59 x 10−3

𝜎𝐶 = (1,12)[0,29 + 0,55 + (1,3)(0,69)] = 1,95 𝑀𝑃𝑎 ( 5.43 )

𝐿𝑣𝑖𝑔𝑎 3
𝑃𝑣𝑖𝑔𝑎
𝜎𝑀𝑉 = 2 𝑦𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 = (87)(2)(0,055) = 2,39 𝑀𝑃𝑎 ( 5.44 )
𝐼𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 3 x 10−6

𝑃𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝐿𝑣𝑖𝑔𝑎 𝑦𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 (1100)(3)(0,055)


𝜎𝑀𝐿 = = = 60,50 𝑀𝑃𝑎 ( 5.45 )
𝐼𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 3 x 10−6

𝜎𝑀𝐹 = (1,12)[2,39 + (1,3)(60,50)] = 90,76 𝑀𝑃𝑎 ( 5.46 )

5.2.1.2 Coeficiente de flambagem


O coeficiente de flambagem é encontrado em função do valor de esbeltez (λ), em tabelas
presentes na NBR 8400. O valor de esbeltez, por sua vez, é uma função do raio de giração (r).
Tais parâmetros são determinados através das equações abaixo:

𝐼𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎
𝑟=√ ( 5.47 )
𝐴𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎

𝐾𝐻
𝜆= ( 5.48 )
𝑟

Onde:

K – Fator de multiplicação

62
O fator de multiplicação é determinado através da Figura 5.16. Para o caso deste projeto,
consideramos a condição em que a extremidade está sujeita a rotação e translação. Dessa forma,
K = 2,1:

Figura 5-16: Fator de multiplicação


FONTE: (NBR 8400)

Realizando os cálculos das Eq.(5.45) e (5.46):

3 x 10−6
𝑟=√ −3
= 43,40 x 10−3 𝑚 ( 5.49 )
1,59 x 10

(2,1)(3,8)
𝜆= = 183,87 ≈ 184 ( 5.50 )
43,40 x 10−3

Através do valor de esbeltez encontrado, analisamos a Figura 5.10 em busca do


coeficiente de flambagem. O valor encontrado foi de 5,72.

63
Figura 5-17: Coeficiente de flambagem em função da esbeltez para laminados em aço de 37
daN/mm²
FONTE: (NBR 8400)

5.2.1.3 Análise do critério de falha


Com os valores encontrado para 𝜎𝐶 , 𝜎𝑀𝐹 e 𝜔, é possível verificar as condições das
Eq.(5.36) e (5.37):

1,95 + 90,76 ≤ 167 ⟹ 92,71 𝑀𝑃𝑎 ≤ 167 𝑀𝑃𝑎 ( 5.51 )

(5,72)(1,95) + (0,9)(90,76) ≤ 167 ⟹ 92,84 MPa ≤ 167 MPa ( 5.52 )

Dessa forma, foi possível concluir que os coeficientes de segurança estão bem definidos
e a estrutura não sofrerá falha por flambagem na coluna.

64
5.2.2 Cálculo numérico
A análise numérica da coluna foi realizada de forma semelhante à utilizada para a viga,
com um ajuste inicial na malha e uma verificação dos esforços após a adição das condições de
contorno.

5.2.2.1 Malha
A malha utilizada é apresentada na Figura 5.18.

Figura 5-18: Malha utilizada para a análise da coluna no Ansys


FONTE: Do autor (2021)

5.2.2.2 Tensões de compressão


5.2.2.2.1 Condições de contorno
Como condições de contorno para análise dos esforços compressivos, a base foi tratada
como um suporte fixo, e a soma das forças geradas pela carga de serviço, peso da viga e peso
próprio da coluna foi inserida na face superior do elemento. Essas condições são apresentadas
na Figura 5.19.

65
Figura 5-19: Condições de contorno para análise da força compressiva
FONTE: Do autor (2021)

5.2.2.2.2 Resultados numéricos


O valor encontrado para máxima tensão normal é apresentado abaixo.

Figura 5-20: Tensão normal devido à força compressiva


FONTE: Do autor (2021)

66
5.2.2.2.3 Validação dos dados
Novamente, a verificação dos dados é feita através da análise do erro absoluto e relativo,
que são resumidos na Tabela (5.7).

Tabela 5-7: Valores dos erros absolutos e relativos


Solicitação Analítica Numérica εx rx
Tensão normal máxima (MPa) 1,53 1,74 0,21 13,72 %

FONTE: Do autor (2021)

5.2.2.3 Momento fletor


5.2.2.3.1 Condições de contorno
Para verificação dos esforços gerados pelo momento fletor, além da base fixa, uma soma
dos momentos aplicados pelo peso da viga e pela carga de serviço foi aplicada na face superior
da coluna, conforme Figura 5.21.

Figura 5-21: Condições de contorno para análise do momento fletor


FONTE: Do autor (2021)

67
5.2.2.3.2 Resultados numéricos
Na Figura 5.22 podemos observar a tensão máxima gerada pelo momento fletor.

Figura 5-22:Tensão normal devido ao momento fletor


FONTE: Do autor (2021)

5.2.2.3.3 Validação dos dados


Ao analisarmos a comparação dos resultados encontrados pelos dos cálculos analíticos
e pelo método dos elementos finitos, verificamos a abordagem adotada. A Tabela (5.8) resume
essa comparação.

Tabela 5-8: Valores dos erros absolutos e relativos


Solicitação Analítica Numérica εx rx
Tensão normal máxima (MPa) 62,89 66,44 3,55 5,64 %

FONTE: Do autor (2021)

68
5.3 TIRANTE

O tirante está sujeito, exclusivamente, à tração exercida pela carga de serviço e pelo
peso próprio da viga. Dessa forma, é necessário analisar o comportamento mecânico desse
componente, verificando se ele atende às necessidades do projeto dentro do fator de segurança
previamente determinado.

5.3.1 Solicitações devido à carga de serviço e ao peso da viga


A verificação é feita, novamente, através da Eq. (4.1). Durante o dimensionamento da
viga, obtivemos os valores dos esforços verticais aplicados sobre o apoio onde é fixado o tirante
– as solicitações devido à carga de serviço e ao peso próprio da viga. Os resultados são
apresentados abaixo, e foram tirados da Tabela (5.2) e Tabela (5.3), respectivamente.

Reação vertical no suporte (2 m), devido à carga de serviço (FTSL): 1650 N

Reação vertical no suporte (2 m), devido ao peso próprio da viga (FTSG): 62,25 N

Essas forças estão sendo aplicadas verticalmente, no ponto de fixação do tirante. Para
encontrarmos o módulo de cada uma, devemos utilizar o valor do ângulo entre o tirante e a viga,
que é de 20º, conforme apresentado na Figura 5.23.

Figura 5-23: Forças aplicadas sobre o apoio do tirante


FONTE: Do autor (2021)

69
Os módulos das respectivas forças são determinados através das Eq. (5.53) e (5.54).

1650
𝐹𝑇𝑆𝐿 = ⟹ 𝐹𝑇𝑆𝐿 = 4824 𝑁 ( 5.53 )
sin(20°)

62,25
𝐹𝑇𝑆𝐺 = ⟹ 𝐹𝑇𝑆𝐺 = 182 𝑁 ( 5.54 )
sin(20°)

O tipo de barra escolhida foi a roscada de seção transversal circular, por se tratar de um
elemento versátil e com grande oferta no mercado nacional. Além disso, atendem à necessidade
do projeto, pois são projetadas para resistir à tensão e seus desenhos possibilitam a inserção de
porcas por ambos os lados. Para a base dos cálculos, iremos utilizar a página 20a do catálogo
do fabricante Ciser, que é apresentada no Anexo C. As barras são fabricadas em aço inox AISI
304, que possui um limite de escoamento à tração de 215 MPa (143 MPa, utilizando o fator de
segurança de 1,5). A tensão admissível ao cisalhamento é dada pela Eq. (4.4), resultando em
um valor de 83 MPa.

5.3.1.1 Diâmetro do tirante


Com posse do esforço aplicado e dos limites de escoamento do material escolhido,
podemos determinar o diâmetro mínimo que a barra precisa possuir para atender aos critérios
do projeto. Essa determinação é feita através da equação Eq. (5.55).

(𝐹𝑇𝑆𝐿 + 𝐹𝑇𝑆𝐺 )
𝑀𝑥 ѱ𝜎𝑆𝐿 ≤ (𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 ⟹ 𝑀𝑥 ѱ = (𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 ( 5.55 )
𝐴𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎

Onde:

𝐴𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 – Área da barra roscada;

(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 – Tensão admissível da barra roscada.

4824 + 182
(1,12)(1,3) ( ) ≤ 143 𝑀𝑃𝑎 ( 5.56 )
𝐷𝐵𝑎𝑟𝑟𝑎 2
𝜋 4

70
Onde:

𝐷𝐵𝑎𝑟𝑟𝑎 – Diâmetro da barra roscada.

Como a carga de serviço e o peso da viga geram esforços no tirante durante a


movimentação da carga, as duas forças são consideradas, no cálculo acima.

Isolando o diâmetro da barra roscada na Eq. (5.56), encontramos um valor de 8,06 mm.
Verificando as dimensões disponíveis, no catálogo do Anexo C, encontramos o diâmetro de 3/8”
(9,52 mm), que atende às necessidades do projeto.

5.4 JUNTAS APARAFUSADAS

Neste projeto, juntas aparafusadas foram escolhidas para a fixação da base do guindaste,
e para a união da viga e do tirante – entre si e com a coluna. Dessa forma, o dimensionamento
consiste no cálculo dos elementos que irão suportar os esforços aplicados nessas junções.

5.4.1 Base
A base é composta por um flange de 4 furos passantes, conforme a Figura 5.24. A análise
é feita considerando os esforços aplicados sobre os parafusos que serão colocados nesses 4
furos.

Figura 5-24: Flange da base


FONTE: Do autor (2021)

Devido ao momento fletor aplicado pela carga e peso da viga, os dois parafusos da frente
estarão sujeitos à compressão, enquanto os da parte de trás sofrerão um esforço de tração. Uma
visão de cima da estrutura, como apresentada na Figura 5.25, traz esse detalhe. Nossa análise
se baseará nos elementos submetidos à tração.

71
Figura 5-25: Esforços sobre os parafusos da base
FONTE: Do autor (2021)

Assim como calculado na seção 5.2.1.1, a tensão causada pelo momento fletor é de
90,76 MPa, e é aplicada sobre a área da coluna, de 1,59 x 10−3 𝑚2 . Portanto, a força gerada
por essa tensão é obtida através da Eq. (5.57).

𝐹𝑀𝐹 = (90,76 x 106 )(1,59 x 10−3 ) = 144 𝑘𝑁 ( 5.57 )

Cada parafuso estará sujeito a 1/4 desta força (36,10 kN).

5.4.1.1 Parafusos de fundação


De acordo com a NBR 8400, os esforços aplicados sobre os parafusos submetidos à
tração não podem ultrapassar 65% de sua tensão admissível:

𝜎 ≤ 0,65(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.58 )

A classe de resistência escolhida é a 8.8, apresentadas na Tabela (5.9), que possui as


limite de escoamento de 64,0 kg/mm² (627 MPa). Utilizando o fator de segurança do projeto,
(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 = 416 MPa. Logo, a tensão por parafuso deverá ser de até 270,40 MPa.

72
Tabela 5-9: Classes de resistência de parafusos de aço

FONTE: (INDUFIX, 2020)

A tensão sobre cada parafuso sujeito à tração é dada pela Eq. (5.59).

36,10 𝑥 10³ 36,10 𝑥 10³


≥ 270,40 ⟹ ≥ 270,40
𝐴𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 2 ( 5.59 )
𝜋 4

Isolando o diâmetro do parafuso na Eq. (5.59), obtemos 13,05 mm. Portanto, os


parafusos escolhidos são da classe M14, que possuem 14 mm de diâmetro, atendendo às
necessidades do projeto.

5.4.2 Viga
A viga está fixada com juntas aparafusadas na coluna, em sua extremidade esquerda, e
no tirante, no suporte. Portanto, a análise será dividida em duas etapas.

5.4.2.1 Suporte da coluna


Na união com a coluna, dois parafusos deverão ser analisados: o parafuso responsável
pela articulação, que permite o movimento giratório da viga; e o parafuso de sustentação, que
liga a viga ao conector. O conector escolhido é do tipo clevis, apesentado na Figura 5.26.

73
Figura 5-26: Conector tipo clevis
FONTE: (AMERICANAS, 2020)

O esquema das conexões é mostrado na Figura 5.27.

Figura 5-27: Esquema de conexões entre viga e coluna


FONTE: Do autor (2021)

5.4.2.1.1 Parafuso de sustentação


Considerando a força exercida pela alma da viga, e as realizadas por cada aba do
conector, o parafuso de sustentação irá experimentar um cisalhamento duplo. De acordo com a
NBR 8400, nos parafusos submetidos ao cisalhamento duplo, a tensão calculada não deve
ultrapassar 80% da de sua tensão admissível (Eq. 5.70).

74
𝜏 ≤ 0,80(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.70 )

Dessa forma, o critério para escolha do diâmetro do parafuso é dado pela Eq. (5.71).

𝑀𝑥 (𝜏𝐺 + ѱ𝜏𝐿 ) ≤ 0,80(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.71 )

Nos itens 5.1.1.1.1 e 5.1.1.2.1, as reações no apoio devido a carga de serviço e ao peso
da viga foram calculadas, resultado em forças de 21,75 N e 550 N, respectivamente. Portanto,
inserindo tais valores na Eq. (5.71), e multiplicando a área por 2, por ser tratar de um
cisalhamento duplo, obtemos:

21,75 ѱ550
𝑀𝑥 ( + ) ≤ 0,80(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.72 )
𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ² 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ²
2𝜋 2𝜋
4 4

Assim como foi feito no dimensionamento dos parafusos da base, utilizamos a Tabela
(5.9) para determinarmos a classe de resistência. Para essa conexão, a classe escolhida é a 5.6,
que possui as limite de escoamento de 30,0 kg/mm² (294 MPa). Utilizando o fator de segurança
do projeto, (𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 = 196 MPa. Logo, a tensão no parafuso deverá ser de até 157 MPa.

Isolando o valor do diâmetro na Eq. (5.72), obtemos 2 mm. O parafuso escolhido é o


M4, que possui 4 mm de diâmetro, atendendo às necessidades do projeto e é mais facilmente
encontrado no mercado.

5.4.2.1.2 Parafuso de articulação


O parafuso da articulação está sujeito à tração e, dessa forma, o critério de escolha é
dado pela Eq. (5.58):

21,75 ѱ550
𝑀𝑥 ( + ) ≤ 0,65(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.73 )
𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ² 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ²
𝜋 𝜋
4 4

Utilizando novamente parafusos 5.6, encontramos um diâmetro de 3,21 mm na Eq.


(5.73). Portanto, o parafuso escolhido também será o M4.

75
5.4.2.2 Suporte do tirante
O suporte escolhido para unir a viga ao tirante é do tipo “U”, como o apresentado na
Figura 5.28. Os parafusos serão posicionados nos dois furos mais externos.

Figura 5-28: Suporte tipo "U"


FONTE: (AMAZON, 2020)

Os parafusos estarão sujeitos a tração, ocasionada pelas forças apresentadas nas tabelas
Tabela (5.2) e Tabela (5.3). Dividindo cada força (FTSL = 1650 N e FTSG = 62,25 N) pelo número
de parafusos (2), obtemos o esforço aplicado sobre cada um (825 N e 32,62 N). O critério de
escolha é dado pela Eq. (5.74):

32,62 ѱ825
𝑀𝑥 ( + ) ≤ 0,65(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.74 )
𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ² 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ²
𝜋 𝜋
4 4

Utilizando parafusos de classe 5.6, encontramos um diâmetro de 3,52 mm. Portanto, o


parafuso escolhido também será o M4.

5.4.3 Tirante
O tirante estará unido no suporte da viga e na coluna. Como a força será transmitida nas
duas extremidades da barra roscada, podemos analisar o uso de parafusos semelhantes, assim
como, conexões nas pontas da barra.

5.4.3.1 Parafusos das extremidades


Na extremidade da viga, o tirante estará ligado através do suporte “U”, e na extremidade
da coluna, em um conector clevis. Dessa forma, os parafusos estarão submetidos a cisalhamento

76
duplo, pelas forças geradas pela carga de serviço e peso da viga, conforme calculado nas Eq.
(5.53) e (5.54). Assim como na Eq. (5.71), o critério será verificado através do seguinte cálculo:

182 ѱ4824
𝑀𝑥 ( + ) ≤ 0,80(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.75 )
𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ² 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ²
2𝜋 2𝜋
4 4

Utilizando parafusos 5.6, o diâmetro mínimo encontrado é de 6,01 mm, sendo viável o
uso de parafusos M8.

5.4.3.2 Parafuso de articulação


O parafuso de articulação, posicionado no conector clevis, está sujeito à tração e
cisalhamento simples, gerados pelas componentes da força aplicada pelo tirante, conforme
Figura 5.29.

Figura 5-29: Forças aplicadas sobre o parafuso da articulação


FONTE: Do autor (2021)

A NBR 8400 orienta que, para os parafusos sujeitos a uma combinação de tração e
cisalhamento simples, devem ser verificadas as seguintes condições:

𝜎 ≤ 0,65(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.76 )

𝜏 ≤ 0,60(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.77 )

77
O critério do esforço trativo é verificado pela Eq. (5.78), onde os módulos das forças
foram obtidos nas Eq. (5.53) e (5.54).

𝐹𝑇𝑆𝐺 cos(70°) ѱ𝐹𝑇𝑆𝐿 cos(70°)


𝑀𝑥 ( + ) ≤ 0,65(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.78 )
𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ² 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ²
𝜋 𝜋
4 4

O valor obtido para o diâmetro mínimo, utilizando como base a classe 5.6, foi de 5,55
mm. Portanto, um parafuso M6 irá atender às necessidades de projeto considerando a tração
aplicada.

É necessário, agora, verificar se esse diâmetro também atende ao critério de tensão


cisalhante, através da Eq. (5.79).

𝐹𝑇𝑆𝐺 sin(70°) ѱ𝐹𝑇𝑆𝐿 sin(70°)


𝑀𝑥 ( + ) ≤ 0,60(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ( 5.79 )
𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ² 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ²
2𝜋 2𝜋
4 4

O diâmetro encontrado foi de 6,77 mm, que ultrapassa os 6 mm de um parafuso M6. E,


dessa forma, o parafuso métrico que atende às necessidades do projeto é o M8.

5.4.3.3 Conexão
Conforme dimensionado na seção 5.3.1.1, a barra roscada do tirante possuirá 3/8” de
diâmetro. Dessa forma, as conexões das extremidades precisam possuir o mesmo diâmetro de
rosca, e estarão sujeitas à tração gerada pelas forças calculadas nas Eq. (4.53) e (5.54). O tipo
de conexão escolhida foi a “cabeça de forquilha”, que possui o layout apresentado na Figura
5.30.

Figura 5-30: Conexão "cabeça de forquilha"

78
FONTE: (ROLPEDRA, 2020)

Realizando o cálculo da tensão ao qual a conexão estará submetida (Eq. 5.80), podemos
determinar o material que atenda a esse critério.

𝐹𝑇𝑆𝐺 ѱ𝐹𝑇𝑆𝐿
𝑀𝑥 ( + ) = 102 𝑀𝑃𝑎 ( 5.80 )
𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ² 𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 ²
𝜋 𝜋
4 4

Observando o catálogo de conexões da empresa Dunlop, presente no Anexo D, podemos


escolher uma cabeça de forquilha de aço 230M07Pb, que é equivalente ao aço AISI 12L14 e
possui limite de escoamento de 448 MPa. Utilizando o fator de segurança do projeto,
(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑐𝑜𝑛𝑒𝑥𝑎𝑜 = 299 MPa. Logo, 0,65(𝜎𝑎𝑑𝑚 )𝑐𝑜𝑛𝑒𝑥𝑎𝑜 = 194 MPa, atendendo às necessidades
do projeto, pois é um valor superior à tensão de 102 MPa calculada anteriormente.

5.5 JUNTAS SOLDADAS

Neste projeto, juntas soldadas foram escolhidas para a união dos suportes das conexões
clevis e na união da base com seu flange. Portanto, o dimensionamento dos cordões de solda
será dividido nessas duas partes.

Segundo a NBR 8400, as tensões de comparação máximas devem seguir os valores


apresentados na Tabela (5.10). Serão considerados os valores da coluna destacada.

Tabela 5-10: Tensões de comparação máximas admissíveis em cordões de solda

79
FONTE: (NBR 8400)

5.5.1 Suportes
Suportes em “U”, como mostrado na Figura 5.31, são soldados na coluna para servirem
de base para as conexões clevis – eles possuem uma base de 56 mm por 25 mm. Uma visão
esquemática desse conjunto é apresentada na Figura 5.31.

Figura 5-31: Cordões de solda dos suportes


FONTE: Do autor (2021)

80
Nesse esquema, podemos observar a vista lateral da coluna e uma visão frontal dos
suportes, assim como, seus respectivos cordões de solda. As forças aplicadas nos cordões
devido aos esforços verticais (itens 7 e 8 da tabela) também são apresentadas. As análises serão
voltadas para o suporte 1, pois este sofre um esforço consideravelmente maior, durante a
operação do guindaste.

5.5.1.1 Cordões submetidos à tração longitudinal


Podemos observar forças de tração longitudinais (item 10 da tabela) sendo aplicadas nos
cordões laterais do suporte. Recorrendo à Tabela (5.10), verificamos que a tensão de
comparação admissível para este caso é de 160 MPa (16,0 daN/mm²). Utilizando o fator de
segurança do projeto, a tensão verificada deverá ser de 107 MPa. Assim, a condição da Eq.
(5.81) deve ser verificada.

𝐹𝑇𝑆𝐺 cos(70°) ѱ𝐹𝑇𝑆𝐿 cos(70°)


𝑀𝑥 ( + ) ≤ 107 𝑀𝑃𝑎 ( 5.81 )
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜 𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜

Onde:

𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜 – Área do cordão de solda.

As dimensões do cordão de solda são mostradas na Figura 5.32.

Figura 5-32: Dimensões do cordão de solda


FONTE: Do autor (2021)

Notamos que a área do cordão lateral pode ser encontrada através da Eq. (5.82).

𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜 = ℎ𝑒 ( 5.82 )

Onde:

81
ℎ – Altura do suporte “U”;

e – Espessura do corão de solda.

Substituindo a Eq. (5.82) na Eq. (5.81) e isolando o valor da espessura, encontramos o


valor mínimo que atende às necessidades de projeto, para o cordão submetido ao esforço
longitudinal: e = 1 mm. Agora, essa verificação precisa ser feita para o cordão submetido à
força cisalhante.

5.5.1.2 Cordões submetidos à tensão cisalhante


Semelhante ao que foi realizado na seção anterior, devemos verificar o critério, através
da Eq. (5.81), para o cordão superior e inferior. Recorrendo novamente à Tabela (5.10), a tensão
de comparação que deve ser utilizada é de 113 MPa (75,33 MPa, considerando o fato de
segurança do projeto). A área de interesse agora, é a do cordão de solda inferior: Acordao = ae (a
= 25 mm).

O valor encontrado para a espessura do cordão de solda foi de 0,60 mm.

5.5.1.3 Cordões submetidos à tração transversal


Por fim, deve ser verificada a espessura necessária para que o cordão de solda suporte a
força normal aplicada – item 6 na tabela da Figura 5.31. Novamente, a tensão de comparação
deverá ser de 113 MPa, pois estamos considerando uma solda em ângulo. A verificação é feita
através da Eq. (5.83).

𝐹𝑇𝑆𝐺 sin(70°) ѱ𝐹𝑇𝑆𝐿 sin(70°)


𝑀𝑥 ( + ) ≤ 75,33 𝑀𝑃𝑎 ( 5.83 )
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜 𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜

Utilizando a maior espessura encontrada até então (1 mm), para o cálculo da área na
equação acima, podemos verificar se tal espessura atende também a esse critério. Realizando
esse procedimento, encontramos um valor de 41 MPa para a tensão aplicada. Dessa forma,
podemos considerar um cordão de solda de 1 mm para os suportes 1 e 2.

5.5.1.4 Verificação contra fadiga


De acordo com a NBR 8400, para realizarmos o teste de fadiga, é necessário
conhecermos as tensões máxima e mínima aplicadas sobre o elemento, o grupo da estrutura e o
tipo de solda utilizada.

82
A tensão máxima foi calculada na seção anterior, e possui um valor de 41 MPa. Já a
tensão mínima, é encontrada desconsiderando a carga de serviço, como apresentado na Eq.
(5.84).

𝐹𝑇𝑆𝐺 sin(70°)
𝑀𝑥 ( ) = 1,15 𝑘𝑃𝑎 ( 5.84 )
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜

O grupo da estrutura foi determinado na seção 3.4.3 (Grupo 5). Já o tipo de solda
recomendado, é determinado através da Tabela 62 da NBR 8400, como o caso K2 (risco médio
de ruptura), e referência 2,33.

A razão entre a tensão mínima e máxima (R) deve ser calculada, através da Eq. (5.85).

0,00115
𝑅= = 28 x 10−6 ( 5.85 )
41

Como o valor é muito pequeno, podemos considerá-lo como zero para esta análise.

Com posse dessas informações, recorremos à Figura 30 da NBR 8400, que nos informa

a tensão limite de fadiga (σxa): 100 MPa. Como este valor é significativamente maior que o a
tensão máxima (41 MPa), podemos considerar que a solda resistirá à fadiga.

5.5.2 Flange da base


O cordão de solda da base estará sujeito à tração e compressão. Verificando a Tabela
(5.10), notamos que a tensão de comparação para cordões submetidos à tração deve ser de 113
MPa. Para os que experimentam compressão, esse valor deve ser de 130 MPa. Dessa forma,
podemos assumir o menor valor (113 MPa) para realizar a verificação.

Conforme calculado na Eq. (5.57), a força gerada pelo momento fletor sobre a coluna é
de 144 kN. Essa força é propagada, também, para o cordão de solda. Portanto, a verificação
deve ser feita através da Eq. (5.86).

144 𝑥 10³
𝑀𝑥 ( ) ≤ 75,33 𝑀𝑃𝑎 ( 5.86 )
𝐴𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎𝑜

Calculando a área na Eq. (5.86), e considerando as dimensões da coluna, encontramos


uma espessura mínima de 0,3 mm que deve ser aplicada no cordão de solda do flange.

83
5.5.2.1 Verificação contra fadiga
Novamente, para analisar se o elemento está suscetível a fadiga, é preciso conhecer a
tensão máxima e mínima, o grupo da estrutura e o tipo de solda utilizada.

A tensão máxima pode ser considerada como a soma das tensões de compressão e
devido ao momento fletor, aplicadas sobre a coluna. Ele valor pode ser obtido através das Eq.
(5.43) e (5.46): 92,71 MPa.

Já a tensão mínima, desconsidera os esforços causados pela carga de serviço (σCL e

σML), também nas Eq. (5.43) e (5.46). O valor encontrado é de 3,62 MPa.
A razão entre a tensão mínima e máxima é calculada através da Eq. (5.87).

3,62
𝑅= = 0,04 ( 5.87 )
92,71

A solda é do caso K1 (risco moderado de ruptura) e referência 1,31, de acordo com a


Tabela 62 da NBR 8400. Recorremos novamente à Figura 30 da NBR 8400, que nos informa a

tensão limite de fadiga (σxa): 120 MPa. Como este valor é maior que o a tensão máxima (92,71
MPa), podemos considerar que a solda resistirá à fadiga.

84
6 SELEÇÃO DOS MECANISMOS

Além dos elementos estruturais, dimensionados no capítulo anterior, os mecanismos são


parte fundamental do equipamento. Eles precisam ser escolhidos levando em conta fatores
operacionais, de segurança, econômicos e de eficiência.

Como o objetivo do equipamento é ser inserido em um contexto operacional de um


centro de distribuição, os mecanismos precisam oferecer alta produtividade ao operador,
promovendo agilidade e uma ergonomia adequada. A seleção dos mecanismos será separada
na escolha do manipulador, do trolley e, por último, dos equipamentos de segurança.

6.1. DISPOSITIVOS DE ELEVAÇÃO

O dispositivo de elevação é um equipamento chave na busca por uma operação ágil e


eficiente. Ele precisa ser de fácil utilização, proporcionando uma coleta precisa dos objetos.
Neste projeto, será feita uma seleção de dois tipos de dispositivos. Caberá ao operador,
selecionar o mecanismo que mais se adequa ao tipo de carga de trabalho.

6.1.1. Manipulador a vácuo


O manipulador a vácuo tem como principal objetivo, proporcionar uma rápida coleta e
expedição dos produtos, reduzindo os impactos gerados ao operador e a mercadoria, fatores que
são essenciais na indústria da logística. Em um centro de distribuição, essa dinâmica é
indispensável em locais como esteiras transportadoras, conforme Figura 6.1.

Figura 6-1: Coleta de carga em uma esteira transportadora


FONTE: (SCHMALS, 2020)

85
Existe uma grande variedade de conexões para manipuladores a vácuo, que variam de
acordo com a capacidade de operação e tipo de superfície da carga. De maneira geral, eles
funcionam com uma ventosa na extremidade de contato com a carga, e possuem um controle
com gatilhos para que o operador possa acionar a coleta ou expedição da carga. O vácuo é
gerado por uma bomba, que é conectada na origem do sistema. Um exemplo é mostrado na
Figura 6.2.

Figura 6-2: Sistema de um manipulador a vácuo


FONTE: (SCHMALS, 2020)

Para este projeto, iremos considerar manipuladores indicados para operação com caixas
de papelão, por se tratar da carga mais comum em um centro de distribuição.

Observando a tabela de dados da empresa Schmals, apresentada na Tabela (6.1), o


manipulador escolhido foi o Jumbo Flex 50.

Tabela 6-1: Tabela de dados do manipulador modelo Jumbo

FONTE: (SCHMALS, 2020)

86
Ele possui capacidade para trabalhar com cargas de até 50 kg, e uma conexão com 1
ventosa, conforme apresentado na Figura 6.3.

Figura 6-3: Esquema de ventosa manipulador Jumbo Flex 50


FONTE: (SCHMALS, 2020)

Mesmo que a capacidade nominal do manipulador seja de 50 kg, ele só deve ser utilizado
em caixas com capacidade igual ou maior que tal carga, pois, caso contrário, a operação estaria
suscetível a acidentes, causados pelo rompimento da caixa.

Vale ressaltar, também, que a instalação da bomba a vácuo na estrutura do guindaste


(como apresentado na Figura 6.2), não é indicada para o guindaste deste projeto, pois tal esforço
não foi considerado durante a análise.

6.1.2 Gancho simples


Para a operação com cargas gerais, que não se aplicam ao manipulador a vácuo – caixas
com superfícies irregulares, caixas que não resistem à coleta através da parte superior, etc –,
uma alternativa é a elevação dessa carga com um gancho simples, conforme apresentado na
Figura 6.4. Este equipamento torna a operação menos ágil, porém, tem uma aplicação mais
geral, e pode ser utilizado em caráter de exceção.

87
Figura 6-4: Gancho simples

FONTE: (ELEVATEC, 2020)

O uso dos ganchos normalmente é associado a outros equipamentos, como cintas. Eles
podem formar configurações semelhantes à mostrada na Figura 6.5.

Figura 6-5: Sistema de elevação com gancho e cinta

FONTE: (ELEVATEC, 2020)

O guincho escolhido foi o da fabricante Berg-Steel, que possui capacidade de até 500
kg. O equipamento é apresentado na Figura 6.6.

88
Figura 6-6: Gancho simples Berg-Steel 500 kg

FONTE: (BERG-STEEL, 2020)

6.2 TROLLEY

O trolley é responsável pela translação da carga ao longo da viga. Para esse projeto, ele
possui movimentação manual e deve ter largura e altura que atendam às dimensões da viga, que
possui 76,20 mm de altura e 59,18 mm de largura, como determinado na seção 5.1.1.1.4.

Após uma busca por trolleys de menor capacidade, não foi encontrado um modelo que
atendesse às especificações do projeto. Dessa forma, o modelo selecionado foi o TM 050, da
fabricante Vonder. Como mostrado na Figura 6.7, as rodas possuem 60 mm de diâmetro e, de
acordo com o site, o ajuste de largura (M) pode variar entre 50 mm e 152 mm, atendendo à
especificação do projeto.

Figura 6-7: Modelos de trolleys Vonder

FONTE: (VONDER, 2020)

89
6.3 EQUIPAMENTOS ADICIONAIS

Além dos mecanismos descritos até aqui, outras peças devem ser incorporadas ao
sistema do guindaste, pois têm papel importante em uma correta operação do equipamento.
Esses mecanismos serão descritos nesta seção.

6.3.1 Limitadores de fim de curso


Os limitadores de fim de curso são instalados nas extremidades da viga, em ambos os
lados, com o objetivo de evitar que o trolley se mova além do limite estabelecido em projeto.
Para este projeto, limitadores como cantoneiras foram escolhidos. Um exemplo de tais
elementos é mostrado na Figura 6.8.

Figura 6-8: Limitadores de fim de curso

FONTE: (ERGONOMIC PARTNERS, 2020)

90
O modelo escolhido é apresentado na Figura 6.9, e foi encontrado na loja Bruta Online.

Figura 6-9: Cantoneira limitador de fim de curso

FONTE: (BRUTA, 2020)

6.3.2 Ponteira para a coluna


As ponteiras possuem a função de proteger o interior do tubo contra elementos que
possam entrar nos mesmos, como insetos, umidade, água proveniente de algum vazamento no
teto sobre equipamento, etc. Elas são feitas de plástico, e funcionam como uma tampa para a
coluna. Um exemplo de tubo com a tampa inserida é apresentado na Figura 6.10.

Figura 6-10: Ponteira para tubo

FONTE: (ALLUWEB, 2020)

A ponteira escolhida é apresentada na Figura 6.11, e foi encontrado na loja LF Tools.

91
Figura 6-11: Ponteira de proteção escolhida

FONTE: (LF TOOLS, 2020)

6.3.3 Botão de proteção contra sobrecarga térmica


De forma opcional, pode-se incluir um botão de proteção contra sobrecarga térmica,
vinculado a bomba do manipulador a vácuo. Através desse botão, a bomba pode ser ligada ou
desligada, protegendo-a contra sobrecorrente. Um exemplo é mostrado na Figura 6.12.

Figura 6-12: Botão de proteção contra sobrecarga térmica

FONTE: (SCHMALS, 2020)

6.3.4 Suporte do manipulador a vácuo


Também de forma opcional, um suporte para o manipulador pode ser acoplado à coluna,
para que sua extremidade não fique exposta nos momentos em que o equipamento não estiver
sendo utilizado. Na Figura 6.13, é apresentado um modelo de suporte para o manipulador.

92
Figura 6-13: Suporte do manipulador a vácuo

FONTE: (SCHMALS, 2020)

93
7 OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO

Para correta utilização do equipamento, preservação da sua vida útil e, sobretudo,


cuidado com a segurança, é preciso que os responsáveis pela operação estejam devidamente
capacitados e instruídos acerca das normas de trabalho e regras de utilização dos mecanismos.
Este capítulo apresenta orientações gerais que devem ser seguidas, sobre o uso do equipamento.
Cabe ao responsável pela operação, adequar tais medidas para o contexto operacional do CD
sobre sua administração.

7.1 OPERAÇÃO

A operação do equipamento exige cuidados antes, durante e após sua execução.


Aspectos relacionados à integridade do equipamento, condições do operador e modo de
trabalho devem ser levados em consideração. As orientações gerais são apresentadas abaixo:

• Apenas operadores formalmente treinados devem assumir a utilização do


equipamento;
• A área de produção deve ser devidamente delimitada, com faixas no piso que
compreendam o espaço completo de ação do guindaste;
• Certificar que o perímetro de ação do equipamento esteja livre de pessoas e
obstruções;
• Verificar e eliminar possíveis pontos cegos do operador;
• A utilização de EPIs é obrigatória para todos no local de operação;
• O operador deve verificar sua postura durante o ciclo de trabalho, para evitar
problemas ergonômicos;
• Cargas não devem ser içadas ou abaixadas, em hipótese alguma, sobre pessoas;
• A capacidade nominal do equipamento nunca deve ser excedida;
• O tipo de carga deverá ser verificado, assim como, o tipo de manipulador usado;
• As áreas de coleta e despejo dos objetos devem ser devidamente posicionadas e
compreendidas dentro do espaço de operação previamente demarcado;
• A operação do equipamento deve ser imediatamente interrompida após a
verificação de uma falha, e esta deverá ser reportada para o supervisor da
operação;
• O operador deve se certificar do desligamento das conexões elétricas após o uso
do equipamento.
94
7.2 MANUTENÇÃO

Após encontrada uma falha, ou quando o período de manutenção preventiva informado


pelo fabricante se aproxima, a equipe de manutenção deverá ser acionada. Orientações sobre a
manutenção também devem ser seguidas, conforme apresentado abaixo:

• Apenas funcionários formalmente treinados devem assumir a manutenção do


equipamento;
• O equipamento ou mecanismos não podem ser reparados/substituídos durante o
uso;
• Manutenções preventivas devem ser devidamente agendadas de modo a não
coincidirem com a operação;
• A área que o técnico utilizará para reparar o equipamento deve ser previamente
inspecionada e demarcada;
• Adaptações não devem ser feitas, e apenas peças descritas pelos fabricantes
devem ser utilizadas.

7.3 INSPEÇÃO

A inspeção do equipamento deve ser feita de maneira regular, de modo a prevenir falhas
durante a operação, e determinar os prazos de manutenção preventiva dos mecanismos. As
orientações acerca da inspeção são apresentadas abaixo:

• A integridade da estrutura e dos mecanismos deve ser minuciosamente


verificada;
• Por se tratar de uma operação em ambiente interno e não agressivo, os
revestimentos aplicados no equipamento não necessitam de características
especiais (como resistência a atmosfera ácida/alcalina, umidade, etc). Porém,
recomenda-se um revestimento que proteja a estrutura dos efeitos corrosivos
inerentes a utilização de metais e, dessa forma, tal revestimento deve ser
inspecionado para prevenir falhas ocasionadas pela corrosão.
• As condições físicas e psicológicas dos funcionários responsáveis pela operação
devem ser verificas;
• O ambiente deve possuir iluminação adequada, que não prejudique a operação e
as condições dos funcionários.

95
• A umidade do ambiente deve ser devidamente controlada, para evitar
danificações na carga e no equipamento. O responsável pela operação deve
analisar tal fator antes de implementar a utilização do guindaste, assim como,
avaliar a necessidade de utilização de desumidificadores.

96
8 ANÁLISE DE CUSTOS

Realizar uma análise de custos é essencial para todo projeto de engenharia. Através de
um levantamento dos preços dos elementos estruturais, peças e mecanismos selecionados,
conseguimos verificar se o que foi desenhado possui viabilidade econômica.

Neste projeto, os valores das partes que compõem o equipamento foram conseguidos
através de uma pesquisa de mercado – nacional e internacional. Os preços encontrados são
apresentados na Tabela (8.1).

Tabela 8-1: Levantamento de preços

Item Quantidade Especificação Fornecedor Preço (R$)


Tubo quadrado (110 mm x 110 mm,
Coluna 1 esp. 3,75 mm, comp. 3,8 m) aço ASTM Tuper 461,70
A36
Viga W (3" x 2,33" x 0,170", comp. 3
Viga 1 Metals Depot 2.028,00
m) alumínio ASTM liga 6061-T6
Barra roscada (3/8", comp. 2,15 m) aço
Barra roscada 1 Ciser 138,27
inox AISI 304

Cantoneira 4 Cantoneira alumínio Bruta 8,00

Suporte "U" (56 mm x 25 mm) aço


Suporte "U" 3 Gazechimp 110,00
ASTM A36
Conector tipo
2 Conector clevis MagiDeal 170,00
clevis
Conexão "cabeça Conexão "cabeça de forquilha" (3/8")
2 Unifort 97,44
de forquilha" aço AISI 12L14

Fixadores – – Parafusofacil 89,54

Trolley 1 TM 050 500 kgf Vonder 338,56

Manipulador a
1 Jumbo Flex 50 Schmalz 15.570,00
vácuo
Ponteira para Quadrada Reta (100 mm x 100mm)
1 Tubo Metalon 24,00
coluna Interna de Embutir
Total 19.035,51

FONTE: Do autor (2021)

97
O valor total apresentado é aproximado, pois os custos relacionados à logística, mão-
de-obra para fabricação, montagem, ajustes e testes não foram contabilizados, pois fogem do
escopo deste projeto. As taxas de câmbio utilizadas para conversão de valores referem-se ao dia
05/09/21.

Um guindaste semelhante (da empresa Ultimate Lifting Solutions) pode ser encontrado
por cerca de R$22.000,00, o que valida o custo financeiro do projeto.

98
9 CONCLUSÃO

Este trabalho teve, como objetivo, o dimensionamento e análise de um guindaste


giratório de coluna, inserindo o equipamento em um contexto operacional de um centro de
distribuição. Para atender à dinâmica de trabalho desses ambientes, buscou-se o projeto de um
equipamento de fácil operação, oferecendo agilidade, segurança e ergonomia para o operador.

Com o aumento da demanda do setor logístico, o objeto deste projeto torna-se de grande
utilidade no atual cenário econômico, pois contribui para o aumento da eficiência dos CDs, que
são pontos-chave na operação de distribuição de bens, principalmente do e-commerce.

O dimensionamento foi baseado nas diretrizes da NBR 84400. Separando entre as partes
que compõem o guindaste, a otimização das dimensões foi realizada de forma satisfatória,
verificando os critérios de falha da estrutura e mecanismos do equipamento. Com o apoio do
software Ansys Workbench, os cálculos analíticos da viga e da coluna puderem ser verificados,
através da análise numérica utilizando o método dos elementos finitos.

Orientações gerais de operação também foram listadas, assim como, diretrizes acerca
da manutenção e inspeção do equipamento. Seguir tais instruções é indispensável para o bom
funcionamento do guindaste e para segurança do operador.

Por último, uma análise de custos foi realizada. Ela mostrou que o projeto é viável
economicamente, em comparação com equipamentos semelhantes no mercado. Além disso, o
custo de produção desde projeto pode ser reduzido, com a utilização de peças de geometria mais
baratas e mecanismos de utilização mais simples.

Para trabalhos futuros, as seguintes propostas podem ser implementadas:

• Já existem, no mercado, vigas de alumínio mais leves e com perfis próprios para
aplicação em guindastes de pequeno porte. Dessa forma, a realização de novos
cálculos com a utilização de tais perfis podem gerar resultados ainda mais
positivos;
• A fim de validar os demais cálculos analíticos apresentados neste projeto,
recomenda-se a realização de uma simulação numérica, com uma malha mais
refinada, da estrutura inteira, assim como dos mecanismos solicitados aos
esforços;

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• Tipos diferentes de manipuladores podem ser buscados no mercado, para tornar
o uso do equipamento ainda mais versátil;
• Uma análise de custo mais detalhada pode ser feita, buscando alternativas para
redução do custo do projeto atual.
• A versão da norma NBR 8400 utilizada neste projeto foi publicada em 1984.
Com a sua atualização – divulgada em 2019 –, este trabalho pode ser revisado
utilizando as novas considerações do documento.

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11 ANEXOS

ANEXO A – CATÁLOGO DE VIGAS PERFIL W (METALS DEPOT)

104
ANEXO B – CATÁLOGO TUBOS ESTRUTURAIS (TUPER)

105
ANEXO C – CATÁLOGO BARRAS ROSCADAS (CISER)

106
ANEXO D – CATÁLOGO “CABEÇA DE FORQUILHA” (DUNLOP)

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