Violencia Familiar para Idoso
Violencia Familiar para Idoso
Violencia Familiar para Idoso
RESUMO - A pesquisa analisou os significados da violência familiar na perspectiva de idosos usuários de uma Unidade
Básica de Saúde. Trata-se de um estudo qualitativo, ancorado na Teoria Fundamentada Empiricamente, no qual participaram
nove idosos, identificados por profissionais da saúde como vítimas de violência familiar. Os dados oriundos das entrevistas
semiestruturadas evidenciaram que o significado de violência familiar contra o idoso está associado a comportamentos de
familiares que geram: privação de autonomia, desrespeito por parte dos netos, abandono ou negligência. Alguns tipos de
violência não foram reconhecidos pelos participantes em seus próprios relacionamentos com familiares, uma vez que o
significado mostrou-se alicerçado na ideia da violência que ocorre “no outro idoso”, o frágil e dependente, condição com a
qual não se identificaram.
ABSTRACT – In this study the meanings of family violence from the perspective of elderly users of a primary care health
unit were analyzed. In this qualitative study, based on grounded theory, nine seniors participated who were identified by health
professionals as victims of family violence. Data from semi-structured interviews revealed that the meaning of family violence
against the elderly is associated with family behaviors that generate: deprivation of autonomy, disrespect by their grandchildren,
abandonment or neglect. Some types of violence were not recognized by participants in their own family relationships, since
for them the meaning of violence is something that occurs “with other elderly people”, the frail and dependent, persons with
which they did not identify themselves.
Encontrar um consenso sobre o que vem a ser violência é A família é um dos principais contextos em que a am-
um grande desafio para as ciências uma vez que ao longo do bivalência nas relações se manifesta, tendo em vista que
tempo os significados associados à palavra são construídos oferece os primeiros vínculos afetivos e a possibilidade
e reconstruídos socialmente, com múltiplas perspectivas de crescimento de capacidades, potenciais e habilidades
de análise e de acordo com os contextos sócio-histórico- necessárias para a autonomia, mas paradoxalmente tam-
-culturais particulares. O campo de estudo da violência se bém é um lugar onde ocorrem sofrimentos e violências.
depara constantemente com as ambiguidades decorrentes Por essa razão, a família vem se constituindo foco de
desse fenômeno, em função das múltiplas significações que pesquisas (Fuster, 2002; Minayo, 2003; Ravazzola, 2005)
adquire, principalmente, quando se trata de analisá-lo na diante do desafio de se compreender e combater princi-
perspectiva das relações interpessoais. A violência, nesse palmente os maus-tratos contra crianças, adolescentes,
contexto, é facilmente reconhecida e condenada quando se mulheres e idosos.
expressa de forma extrema, mas as violências sutis tendem Especificamente, no que diz respeito à temática da
a permanecer na invisibilidade, e quando o agressor é uma violência contra o idoso, estudos demonstram que a maior
pessoa desconhecida ou distante, o ato é mais facilmente parte das violências sofridas pelos mesmos ocorre nos la-
reconhecido do que aquele praticado por uma pessoa das res, sendo os principais agressores os filhos homens, noras,
relações próximas. Nesse mesmo sentido, a violência está genros e cônjuges, havendo forte associação com o uso de
associada à ambivalência humana na medida em que todas álcool e drogas, relação de dependência financeira entre pais
as pessoas trazem em si o potencial para amar e odiar, cons- e filhos, história de violência na família, sofrimento mental
truir e destruir, pois dosar sentimentos, ações e limites, é um e psiquiátrico, entre outros (Collins, 2006; Minayo, 2007).
desafio constante nas relações interpessoais. Apesar da certeza de sua ocorrência, levantar a extensão do
problema é um grande desafio para pesquisadores do Brasil
e do mundo face às diferentes conceituações de violência
1 Endereço para correspondência: Rua Sydney Rangel Santos, 238 empregadas nos estudos, uso de diferentes metodologias e
Curitiba-PR, CEP: 82010-330. E-mail: [email protected]. maneiras de acessar os idosos. Cooper, Selwood e Livings-
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de tempo que o entrevistado deveria dispor, para que assim, ação que ocorre no contexto de uma relação na qual há uma
pudesse decidir e organizar suas atividades pessoais. expectativa de confiança e que causa danos ou perturbações
Na fase inicial da entrevista, disponibilizou-se um tempo à pessoa idosa” (Minayo, 2007, p. 200). De acordo com os
para introdução do assunto em discussão e buscou-se igual- tipos de violência definidas por Faleiros (2007), a violência
mente, uma acomodação mútua à situação de entrevista, psicológica foi a mais frequente, encontrada em seis casos, se-
facilitando o rapport, que para a psicologia clínica significa o guida da violência física em quatro casos, violência financeira
estabelecimento de confiança e cooperação em uma relação. em três casos e um caso de negligência e outro de violência
Estruturou-se o roteiro de entrevista para alcançar os objeti- sexual. Com exceção de três casos, houve associação entre
vos da pesquisa, mas seguindo a ordem dos temas mais gerais dois tipos de abusos sofridos.
aos mais específicos, ou seja, aqueles em que se buscavam Durante a realização das entrevistas, seis participantes
os sentimentos e experiências pessoais do entrevistado em assumiram ter sofrido violência familiar, sendo que um
relação à violência familiar contra idosos. deles assumiu somente ao final da entrevista e outros três
Foi realizada uma entrevista com cada idoso e decidiu- negaram a experiência de qualquer tipo de violência. Uma
-se o número de participantes em função da saturação de das entrevistadas identificou em suas experiências um tipo
dados (Strauss & Corbin, 2008), obtida na entrevista com de violência e não outro, que ficou evidente para as pesquisa-
o sexto participante, quando se observou regularidades nas doras em seu relato. As razões para que parte dos idosos não
informações e reincidência temática referentes aos objetivos tenha feito referência às violências sofridas serão analisadas
do presente estudo. Realizaram-se 10 entrevistas a fim de no decorrer deste estudo.
confirmar a recorrência dos dados obtidos. Contudo, uma Quanto ao tempo de ocorrência da violência, para qua-
das entrevistas foi descartada pelo fato de o idoso demonstrar tro, ela acontecera no passado e afirmaram já ter superado o
sinais de declínio cognitivo que comprometeram o desenrolar problema. Nos outros cinco casos a violência ainda ocorria
da mesma. Assim, computaram-se os dados de nove entre- quando da realização da entrevista. Os agressores indicados
vistas com idosos para a análise. ou percebidos eram filhos, em cinco casos; noras, em três
O trabalho de campo teve início após a aprovação do casos; maridos, em dois casos; sobrinho, em um caso; em
projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade cinco situações, identificaram-se mais de um familiar. A
Federal de Santa Catarina e da Secretaria Municipal de Saúde partir dos dados contidos nas narrativas dos idosos foram
do município onde a pesquisa foi realizada. Todo o processo estabelecidas cinco categorias, cada uma delas com suas
de pesquisa atendeu às normas da Resolução 196/96 do Con- respectivas subcategorias e elementos de análise, possibi-
selho Nacional de Saúde, que correspondem às exigências litando uma leitura transversal dos dados, como também
referentes à ética nas pesquisas com seres humanos. uma análise em profundidade do conteúdo emergente
nas entrevistas. Todos os dados gravitaram em torno do
fenômeno central da pesquisa, qual seja, os significados
Análise dos Dados construídos por idosos usuários de uma UBS acerca da
violência familiar.
Para a análise dos dados foi utilizada a Grounded Theory A categoria ‘significados atribuídos à violência e à violên-
(Teoria Fundamentada Empiricamente), proposta por Strauss cia familiar contra os idosos’ foi selecionada para responder
e Corbin (2008), que permitiu trabalhar, comparar, integrar e ao objetivo do presente artigo e congrega as subcategorias:
categorizar os dados obtidos. Concluída a coleta dos dados, (a) percepção de diferentes tipos de violências, (b) descrição
foram realizadas sucessivas leituras das entrevistas, seguido de comportamentos de familiares em relação ao idoso e (c)
do processo de desmembramento, exame, comparações e avaliação da experiência vivenciada na própria família.
categorização dos dados, etapa denominada de codificação
aberta, permitindo a identificação dos aspectos em comum,
bem como características diferenciais e pontos inéditos en- Discussão
tre todos os dados obtidos. A partir desse ponto, emergiram
pontos nucleares que se mantiveram na diversidade e na com- A categoria significados atribuídos à violência e à violên-
plexidade dos dados recolhidos e que guiaram a construção cia familiar contra o idoso abordou o processo de formação
das categorias principais, subcategorias e seus respectivos de imagens, ideias e pensamentos sobre o tema violência de
elementos de análise, etapa denominada codificação axial. forma ampla e da violência familiar contra o idoso em parti-
Finalmente, o processo de codificação seletiva permitiu in- cular, que incluiu considerações sobre acontecimentos sociais
tegrar e refinar o conjunto de dados obtidos proporcionando e análise de experiências pessoais. A primeira subcategoria,
uma compreensão integrada do fenômeno central. percepção de diferentes tipos de violência, assinalou como os
idosos explicaram a sua compreensão da palavra violência.
A violência física foi mencionada por todos os partici-
Resultados pantes que a ilustraram com diversos exemplos e, apesar
de no início definirem a violência como agressão física,
Foi possível visualizar, e caracterizar, nas entrevistas frequentemente externavam clareza em relação à existência
realizadas, situações de violência sofrida pelos participantes de outros tipos de agressão. A violência física apareceu como
tomando como base a definição de violência contra o idoso ponto de partida para esclarecerem o significado de violência,
proposta pela Rede Internacional para Prevenção dos Maus porém a violência verbal ou psicológica foi apontada por oito
tratos contra Idosos, qual seja, “ato único, repetido ou falta de participantes como tanto ou mais danosa.
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Ah, a violência, tem a de forma verbal, não seria necessaria- geralmente fazendo referência ao idoso fragilizado física e
mente de forma física. Às vezes o próprio familiar não respeita, mentalmente, como nos exemplos a seguir.
não trata como o idoso deveria ser tratado. É violência, é tudo
aquilo que agride a pessoa, que leva a pessoa a ficar triste, ficar Isso a gente está vendo direto na televisão. Quantas vezes apa-
chateada com isso. (Opala) rece, as pessoas estão filmando e as pessoas batem no sujeito
com Alzheimer, Parkinson, que nem entende mais nada, gente
Exemplos de violência comunitária, como o aumento da com 80, 90 anos, eles batem, dão soco, já viu na televisão? Isso
criminalidade e de assaltos nas cidades, o desrespeito dos é um absurdo. (Topázio)
mais jovens em relação aos idosos nos transportes coletivos
e a violência no trânsito, também foram utilizados por quatro Ao comentar sobre o asilamento da pessoa idosa, o de-
entrevistados como meio de significar a palavra violência, poimento a seguir enfatiza os maus-tratos físicos praticados
como no seguinte depoimento. em certas instituições.
Ah, não tem nem como explicar, né. Porque a violência tá tão Esses filhos que põem lá em orfanatos, em clínicas particulares,
variada que você não sabe como. Você sai na porta ... Meu ma- que batem, maltratam, judiam, chegam até morrer, né. Essa
rido anda devagar, se arrastando, não é por causa da doença, parte aí que eu acho que é violência para o idoso e bastante,
ele anda se arrastando porque ele foi assaltado três vezes. E né. (Pérola)
uma vez ele foi assaltado aqui na frente da porta. Ele vinha
chegando da padaria e eles não sabiam que ele morava aqui. A agressão verbal foi citada nas entrevistas por meio de
Dois rapazes, um pegou ele assim pelas pernas e o outro foi diferentes exemplos de maus-tratos verbais dirigidos aos
examinar. ‘Não se mexa, não grite, não reclame que nada te idosos, como o falar de forma ríspida ou expressar conteúdos
acontece’. (Esmeralda) que abalam psicologicamente o idoso.
Percebe-se que o entendimento inicial associado à Ah, eu acho muito ruim, muito ignorante essa pessoa, porque
palavra violência diz respeito às ações que causam pri- a pessoa de idade é muito frágil. Como é que vai lutar com
meiramente, dano físico ao outro, e depois, dano psico- uma pessoa, se defender?(...) Às vezes nem entendem se vem
lógico. Entretanto, as falas envolvendo outras formas de uma pessoa assim e fala meio grosso com eles, meio bravos
manifestação da violência, como a sexual e a comunitária assim, então eles ficam frágeis, eles não sabem o que responder.
remeteram implicitamente, à imagem de um dano corporal. (Alexandrita)
A violência física também apareceu como contraponto para
a ampliação do significado original, ou seja, empregaram Os tipos mais recorrentes de violência física e psicológica
essa denominação para esclarecer que ela não causa somen- contra os idosos, indicados pelos participantes, coincidem
te danos físicos, mas também, psicológicos ou em outras com os descritos na literatura. As narrativas também evi-
áreas. Dessa forma, o significado de violência, mesmo se denciaram que os diferentes tipos não podem ser categori-
relacionando a diferentes manifestações, ancorou-se nas zados isoladamente, pois, geralmente aparecem associados
agressões física e psicológica. (Faleiros, 2007)
Pesquisadores que averiguaram a concepção de violên- A negligência ou abandono foram apontados por três
cia entre idosos usuários do sistema básico de saúde como pessoas como atitudes violentas dos familiares em relação
Silva, Oliveira, Joventino e Moraes (2008), encontraram aos idosos e notou-se que os dois termos apareceram indis-
em referências iniciais as formas de violência estrutural, tintamente nas falas dos participantes. Para Minayo (2006),
institucional e/ou comunitária, com presença irrelevante de a negligência é caracterizada pela recusa ou omissão dos
questões familiares. Diferentemente, na presente pesquisa, cuidados necessários aos idosos pelos familiares ou respon-
entre os exemplos disponibilizados pelos idosos, constaram sáveis institucionais. O abandono, por sua vez, representa
violências sociais, comunitárias e violência familiar e aborda- a ausência ou deserção dos mesmos, compreendido como
ram aspectos envolvendo violência estrutural e institucional. uma diferença de grau entre um tipo e outro. Ao mencio-
Essas diferenças podem indicar que a metodologia utilizada nar a falta de cuidados, observou-se um certo titubeio ou
e os objetivos estão provavelmente implicados, já que no incerteza inicial, por parte de alguns entrevistados, em
estudo anteriormente citado foi utilizado grupos focais. Essa apontá-los como uma forma de violência, por configurarem
escolha possivelmente dificultou ou atrasou comentários de situações sem agressões físicas ou verbais como nos casos
questões pessoais. Outro dificultador é que os pesquisadores anteriormente apontados.
buscavam a concepção de violência contra idosos de forma O seguinte entrevistado iniciou seu depoimento falando
mais ampla, enquanto o presente estudo enfoca a violência acerca da violência física a que os idosos dependentes estão
familiar. Outra hipótese a se considerar sobre essa diferença sujeitos e na sequência amplia seu discurso apontando o iso-
é que no decorrer das entrevistas desta pesquisa, parte dos lamento ou descuido, que pode ser compreendido como uma
idosos admitiu ser vítima de violência familiar. negligência dos familiares, ao não atenderem a necessidade
A segunda subcategoria, ‘descrição de comportamentos de atenção que os idosos possuem.
de familiares em relação ao idoso’, descreveu como os par-
ticipantes percebem as agressões contra os idosos existentes (...) É só quando é problema de gente doente que eles maltratam
nas relações familiares. A agressão física foi novamente assim para valer. Quando a pessoa está saudável, não vou dizer
a forma de violência mais indicada pelos participantes, que tenha agressão, mas tem o desprezo, né. A pessoa fica num
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canto lá e ninguém dá bola. Isso é o que acontece muito no Os comportamentos de familiares descritos pelos
dia-a-dia, é desprezo, que não deixa de ser uma violência. Não participantes como violência contra o idoso, incluíram as
deixa de não ser uma violência ... (Topázio) agressões físicas e psicológicas, como também o abandono,
a negligência, desrespeito pelos netos e o tirar a autono-
A participante a seguir aponta a negligência de um dos mia dos mais velhos. Esses dados apresentam pequenas
filhos de uma amiga sua, que no seu entender, deixa a mãe variações entre os estudos que levantaram a concepção
passar por privações financeiras. Apesar do conteúdo de de violência contra os idosos por pessoas também idosas.
sua fala corresponder à negligência como um dos tipos de Flanders (2006) apontou a negligência psicológica, o
violência contra os idosos, no seu depoimento é nomeada abandono e o abuso físico como as violências mais cita-
como abandono. das por idosos. Silva e cols. (2008) descreveram como as
principais referências dos idosos as formas de violência
Eu vejo essa minha amiga, não é violência, mas o abandono física e psicológica e conflitos entre idosos e seus netos.
que ela tem. É viúva, tem dois filhos e um faleceu. Mas esse que Araújo e Lobo Filho (2009) encontraram expressões como
é advogado, isso e aquilo, pouco se importa com a mãe. Ele abandono, desrespeito, negligência e agressão física entre
dá uma ajudazinha, não quero dizer que não dá. Mas a ajuda as explanações de idosos acerca da violência familiar.
dele é um real. (...) É uma violência. Abandona ela, ela chora Os dados apresentados indicam que os idosos participan-
‘faz três semanas que não vejo meu filho, que não sei do meu tes, por se verem como pessoas ativas e participativas, com
filho’, com dez telefones ali na mesa dele. Essa é uma violência saúde e independentes, não se percebiam como parte de uma
muito grande. (Esmeralda) construção social que significa a velhice como fase de depen-
dência e isolamento. Os exemplos descritos ilustram o que foi
Três participantes entenderam que a retirada da autonomia exposto por Mercadante (2005) quanto às construções sociais
é uma forma de violência por parte dos familiares quando acerca do que é ser velho, ou estar na velhice ser carregadas
não respeitam a capacidade do idoso em gerenciar a própria de preconceito e, portanto, a pessoa que envelhece muitas
vida, como ilustrado a seguir no comentário de Esmeralda vezes procurar distanciar-se desse estereótipo, colocando o
sobre suas amigas. idoso como “o outro”, não se identificando ou se incluindo
naquilo que tem esse significado. Nesse mesmo sentido, os
Essa outra também tem dois anos menos e essa outra tem a exemplos de violências sofridas diziam respeito a um “outro
minha idade, mas essa tem a independência dela, tem o dinheiro idoso”, aquele mais frágil e dependente e não àquele que fala,
dela, ela trabalhou, está aposentada, não é fortuna, mas dá mesmo que posteriormente admitisse ser vítima de algum
pra ela viver. Mas também reclama dos mandões que querem tipo de maltrato.
mandar nela, ‘todo mundo quer mandar em mim, todo mundo Cabe observar que os primeiros elementos de análise
quer que eu faça isso, todo mundo quer que eu faça aquilo, da subcategoria por hora discutida repetem a concepção
como é que eu vou fazer tudo que os outros querem? Eu tenho trazida na subcategoria anterior, ou seja, quando convidados
que fazer aquilo que eu quero e que eu posso.’ É assim mesmo a falarem sobre a violência contra o idoso especificamente,
e cada vez vai ficar pior. (Esmeralda) os comportamentos descritos iniciam com a ideia central de
violência física e psicológica.
A autonomia garante ao idoso a possibilidade de se De acordo com Gergen (2009), os significados se cons-
autogovernar, a liberdade individual, a privacidade e a livre- troem nas relações sociais e demandam a presença do outro
-escolha (Neri, 2001) e é uma condição fundamental para para haver a suplementação dos significados. Dessa maneira,
garantir o exercício de funções e a reciprocidade nas relações detectou-se na fala dos participantes, referência à discussão
com os integrantes da rede social. Portanto, faz sentido que com outras pessoas do seu círculo social, de casos de violên-
o ser privado de exercer a autonomia tenha sido considerado cia física contra idosos dependentes, veiculados em canal de
como uma violência contra os idosos. televisão com repercussão local. Esse meio de comunicação
O desrespeito dos netos surgiu na fala de uma das par- intervém nas relações sociais, uma vez que os assuntos
ticipantes que denota casos de conflitos intergeracionais. abordados nos noticiários são frequentemente debatidos nas
conversas entre familiares e conhecidos. Em relação ao tema
(...) Então a gente vê netos que não respeitam os avós, não desta pesquisa, pode-se inferir que a televisão, ao mesmo
é o meu caso por que eu não tenho netos ainda, mas a gente tempo em que alerta sobre a existência da violência familiar
ouve. Inclusive ontem eu tive uma audiência com a juíza, e orienta sobre medidas cabíveis, contribui para reforçar o
a respeito do meu filho, e uma das reuniões, lá, foi falado conceito de violência, associado às agressões físicas contra
sobre isso, sobre os maus tratos com os avós, com os idosos, idosos fragilizados.
eles dizem que tem uma grande incidência de avós que tem Em contrapartida, quando os entrevistados encontra-
procurado o serviço, de violências domésticas, pra pedir ram espaço na conversação, possibilitou-se a ampliação
ajuda.(Opala) dos significados. Esse fato foi observado em exemplos
em que inicialmente, apresentaram novos significados
Santos, Silva, Carvalho e Menezes (2007) confirmam manifestando incerteza quanto à sua credibilidade, mas,
essas ocorrências e ressaltam que os netos despontam como após a concordância da entrevistadora, imprimiram um
agressores e homicidas de seus avôs. Reafirmam assim, a tom de certeza ao enunciado. Gergen (1996) contribui
violência que ocorre nos lares, principalmente, quando os para o entendimento desse fato ao assumir que os signi-
netos dependem deles financeiramente. ficados estão sujeitos à reconstituição contínua através
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da expansão do domínio da suplementação, isto é, os Outras três idosas não avaliaram a situação vivida como
significados mantêm-se como uma realização temporária, violência. Entre elas, uma reconheceu um tipo de violência
sujeitos a acréscimos e alterações concebidos por meio de sofrida e outro não. No primeiro caso, a participante, ao longo
significações suplementares. da entrevista, demonstrou o seu descontentamento pelo fato
A terceira subcategoria, avaliação da experiência viven- de a sobrinha, que morava na casa ao lado, parecer não respei-
ciada na própria família, discutiu o significado da violência tar o seu desejo de manter objetos e pertences que considerava
familiar contra o idoso a partir do julgamento feito pelo ainda poderem ser úteis ou que lhe traziam recordações do
entrevistado das experiências vividas nas próprias relações passado. Comentou que a sobrinha não compreendia e não
com seus familiares. Entre os nove entrevistados, seis ao respeitava seu modo de viver, por isso a entrevistada lutava
comentarem a situação a avaliaram como violência, como para manter a sua autonomia. Ao falar sobre o significado de
exemplificado no seguinte depoimento: violência comentou sobre os familiares tirarem a autonomia
dos idosos, citando exemplos de amigas suas, que passavam
Sim, eu já sofri agressão, né, da parte deles [filhos], tanto é que por isso. Quando questionada se em alguma situação ou
eu resolvi me mudar e ficar sozinha pra ter maior liberdade. momento sentiu sofrer algum tipo de violência ela negou e
Eu já tive envolvimento com polícia, tanto é que agora precisei esclareceu dizendo que em sua família não existia violência.
prender o meu próprio filho, solicitar a ajuda da polícia, por Fazendo menção à violência física, comentou:
que ele chegou drogado, embriagado, quebrou a porta, entrou
e tal ... então, a gente passa por essas dificuldades. (Opala) Não, graças a Deus, não. Minha família, minha mãe nos criou
sem pai, porque o nosso pai faleceu quando eu tinha um ano e
Um dos participantes negou, ao longo da entrevista, haver oito meses. Minha mãe criou no duro mesmo, mas criou todos
qualquer violência na sua família, mas no final, ao encerrar direitinho. Minha mãe nunca bateu nos filhos. Ela falava e os
o encontro, comentou: filhos obedeciam porque ela estava falando uma coisa certa.
Mamãe não mentia. (Esmeralda)
Ah … para não dizer que eu achei que isso foi violência, foi o
que um sobrinho fez, sou padrinho dele, chegou um dia: ´Tio, Ao ser questionada sobre os acontecimentos do presente
me ajuda, podia me avalizar para comprar um carro?´ largou e as atuais relações familiares também negou sofrer qualquer
tudo para mim pagar. (...) Isso aí é violência. Olha a sacanagem. tipo de violência e não mencionou o fato de sentir que lhe
Teve coisa que eu não paguei, não tinha de onde tirar para tiravam a autonomia. Também não fez qualquer referência à
pagar. Assinei … e teve coisa que eu comprei no meu nome insuficiência de cuidados recebidos por parte de familiares,
para ele, e ele sumiu e largou tudo nas minhas costas. Esses uma vez que ela e o marido sofriam visíveis limitações físicas,
dias mesmo eu acabei de pagar um troço no cartão, fiquei dois o que caracterizaria a situação como negligência familiar,
anos pagando conta dele. (Topázio) motivo pelo qual seu caso foi sugerido por profissionais da
UBS para a presente pesquisa.
Ao relatarem suas experiências pessoais de violência A fala a seguir, ilustra o posicionamento de outra entre-
familiar, os entrevistados não estabeleceram relação com vistada que ao responder sobre o significado de violência,
o fato de serem idosos, o que pode ser relacionado ao dado complementa a frase com o comentário de que o filho a
anteriormente apresentado de o significado da palavra agredia verbalmente, mas no seu entender isso não era
“idoso” os remeterem às pessoas de idade mais avançada, violência.
fragilizadas e dependentes, impedindo-os de fazer associação
consigo. Outro aspecto relevante, como já vinham lidando Da parte dele não, eu acho, eu fico sentida e magoada, porque
com a violência nas relações familiares há anos, a experiên- ele não tem respeito por mim, aonde a vida toda eu corri, paguei
cia não foi associada à velhice, inclusive duas participantes as contas dele, a vida toda eu paguei conta dele, ele ganhava
relataram a separação de seus companheiros agressores por era só pra comprar livro. (Pérola)
violência conjugal.
Dessa forma é possível compreender porque ao serem A entrevistadora reformulou o questionamento sobre se
questionados sobre a violência familiar contra o idoso não essa situação se caracterizava, ou não, como violência. Ela
tenham associado às próprias experiências imediatamente, então deixou clara a sua concepção de violência.
pois ainda não se viam incluídos no assunto em questão.
Como pessoas capazes de gerir a própria vida, não se ade- Não, aí se ele me agredisse, me batesse seria, pra mim seria
quavam aos significados atribuídos aos idosos, tampouco uma violência. Mas quando ele diz esses horrores só falta eu
a sua experiência familiar na categoria “violência familiar me deitar e dizer que quero morrer, porque eu fico abalada (...)
contra o idoso”. Então pra mim, não seria violência, mas seria uma coisa que
A única exceção foi o participante que sofreu um epi- me magoa profundamente e me tira dez anos de vida. (Pérola)
sódio de abuso financeiro já na velhice e narrou o fato da
seguinte maneira: A terceira entrevistada que negou ser vítima de violência
foi indicada como uma possível participante desta pesquisa
Olha essa do meu sobrinho aí, se eu fosse no Ministério Público, por ser responsável financeiramente por uma filha adulta, por
com o código do idoso ele ia se lascar, porque isso ai … tem uma neta adolescente e por um bisneto recém nascido. No
um termo jurídico aí … ele usou de má fé, passou o idoso para entender da agente comunitária que a encaminhou, tratava-se
trás.(...) (Topázio) de um caso de exploração financeira, que poderia ser carac-
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terizado como violência, mas para Turmalina a sua situação ou seja, quando um significado em comum é construído,
de vida tinha outro significado, como sua fala esclarece: se restringem as possibilidades de nova significação. Se
violência é agressão física e/ou psicológica, os demais
Eu tenho a minha própria vida. Quer dizer, eu me prendo, como fatores capazes de causar danos ou sofrimento às pessoas
eu estava te falando, por causa do neném, porque eu cuido dele ficam obscurecidos.
de noite. Mas eu faço isso espontaneamente, faço porque eu O não reconhecimento da violência como tal, mesmo que
quero e não porque elas me obriguem. A partir do momento que as situações vivenciadas sejam geradoras de sofrimento, pode
me obrigassem talvez eu não fizesse. (...) (Turmalina) impedir as pessoas de buscarem uma solução ou um enfren-
tamento mais efetivo. Além de dificultar o enfrentamento, a
Ao discorrer sobre o que entende por violência, exem- naturalização dessas situações pode ser a consequência, ou
plificou com a sua relação com a filha, assumindo que havia seja, o idoso encontra uma explicação que justifica e dá um
alguns conflitos entre elas, como segue. sentido para a violência sofrida.
Esses exemplos ilustram também a dificuldade em se
Violência é também quando a pessoa discute, às vezes se você objetivar e definir os casos de violência, já que estão em
diz uma coisa e a pessoa retruca com outra na mesma altura. constante construção e significação, tanto pelos indivíduos
Então eu procuro evitar, quando tem esse tipo de violência, que a sofrem como pelos membros da sociedade. Nesses
vamos dizer. Mas aí é uma coisa assim passageira. Ela também casos, as situações vividas pelos idosos foram interpretadas
já se arrepende, já vem me pedir coisa. E às vezes eu também como envolvendo violência por parte de pelo menos um
digo pra ela que ela deveria procurar um lugar pra morar. profissional de saúde, mas não pelos idosos, o que levanta o
Mas o que mais interfere agora é o neném, eu sinto assim que questionamento de como é possível atuar profissionalmente
ela tem ciúme da criança. Então ela acha assim ‘ah, você não diante dessas situações.
deve fazer isso, porque quem sabe sou eu, eu que sou a avó do
neném’, é uma questão de ciúmes. (Turmalina)
Considerações Finais
Segue um pequeno trecho da entrevista onde a entrevista-
dora indagou a participante sobre quando se pode dizer que há A partir dos dados apresentados pode-se considerar que o
violência nas relações entre familiares, ao que ela responde: significado de violência tanto de forma geral como a violência
contra os idosos está alicerçado na ideia de agressões física
T: Ah, quando bate um no outro, não é assim? e psicológica. A partir desses conceitos centrais, o significa-
P: Quando chega ao ponto de ser uma agressão física? do se ampliou ao longo das entrevistas, indicando diversos
T: É. comportamentos de familiares, considerados inaceitáveis
P: Se for só verbal, se for só falar coisas um pro outro não? e contrários aos valores de família e de suas expectativas,
T: Não, também é violência. Agora, quando é agressão física ampliando a significação de violência familiar contra os
aí é grave. E como existe! Filho que mata a mãe, um monte idosos. Portanto, consideraram violência privar o idoso de
de coisas. sua rotina de vida que lhe confere autonomia, o que denota
a importância que atribuem a essa condição. Outro tipo de
Entre as entrevistadas que negaram sofrer violência, violência citada foi o desrespeito dos netos, uma vez que a
Safira vivia em um apartamento com um filho dependente reciprocidade de atenção e cuidados foi por eles valorizada.
químico que segundo ela, era agressivo quando se encontra- Da mesma forma, denominaram violência abandonar ou
va sob efeito de drogas. Safira possuía mais um filho que, negligenciar o idoso quando se torna frágil e dependente,
influenciado pela esposa, achava que a melhor solução seria pois esperam que a família ofereça cuidados quando o idoso
a venda do apartamento, assim a afastaria do filho agressor. se apresenta nessa condição.
O filho dependente químico também a pressionava, pois Ao pensarem as próprias relações familiares, a opinião
achava que seria uma forma de disporem de algum capital, de parte dos idosos não coincidiu com a avaliação das pes-
uma vez que passavam por dificuldades financeiras naquele quisadoras e dos profissionais que os indicaram, ou seja,
momento. A possibilidade de venda do apartamento era fonte situações envolvendo negligência, perda de autonomia,
de angústia para Safira, pois os filhos falavam na venda, mas abuso psicológico e financeiro não foram identificadas por
não onde e como viveriam depois de concretizá-la. Ao ser alguns participantes como violência familiar. Entende-se que
interrogada sobre sofrer algum tipo de violência, ela admitiu essas experiências não foram concebidas como violência por
a violência psicológica, mas não fez nenhuma menção à estar o significado de violência, se tomada de forma ampla,
violência financeira. ancorado nas agressões físicas e psicológicas e o signifi-
A partir desses exemplos deduz-se que o significado de cado de violência contra o idoso, na ideia de fragilidade e
violência, ancorado na ideia de agressões físicas e psicoló- dependência. Nesse sentido, os participantes ao avaliarem
gicas, impede que os idosos visualizem outras condições as próprias relações familiares, nem sempre identificaram
que também poderiam ser caracterizadas como tal. No caso situações de violência por não refletirem os tipos citados de
de Pérola, o significado estava restrito à violência física, o agressão e, uma vez que também não se viam como idosos
que a impediu de nomear sua experiência como violência frágeis e dependentes, não fizeram a aproximação do conceito
psicológica. às vivências pessoais. Da mesma maneira, quando assumiram
Nesse sentido, Gergen (1996) afirma que os suplementos as violências sofridas não a relacionaram ao fato de serem
atuam tanto para criar como para restringir o significado, idosos, por não se verem como tal e porque algumas vezes
Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2012, Vol. 28 n. 4, pp. 435-442 441
AC Wanderbroocke & C Moré
essas violências eram decorrentes da etapa anterior do ciclo Cooper, C., Selwood, A., & Livingstone, G. (2008). The prevalence
de vida e não associadas à etapa da velhice. of elder abuse and neglect: A systematic review. Age and
Os significados construídos acerca do termo violência Aging, 37, 151-160.
contra o idoso especificamente, podem indicar caminhos para Espíndola, C. R., & Blay, S. (2007). Prevalência de maus-tratos na
se trabalhar com a questão, uma vez que diante de uma cons- terceira idade: Revisão sistemática. Revista de Saúde Pública,
trução comum de significados, que adquirem certo consenso 41(2), 301-306.
entre as pessoas de um determinado contexto social, outros Faleiros, V. P. (2007). Violência contra a pessoa idosa. Ocorrências,
são restringidos ou não são identificados (Gergen, 1996). vítimas e agressores. Brasília: Universa.
Isto quer dizer que ao serem propostos trabalhos voltados Flanders, W. B. (2006). Perspectives on elder abuse and neglect in
para idosos vítimas de violência ou serem feitas divulgações Brazil. Educational Gerontology, 32, 63-72.
na mídia sobra a violência contra os idosos, cabe pensar na Fuster, E. G. (2002). Las víctimas invisibles de la violencia familiar.
grande diversidade de condições em que as pessoas se en- El extraño iceberg de la violencia doméstica. Buenos Aires:
contram na velhice e que nem sempre, como os dados desta Paidós.
pesquisa indicaram, se identificam como idosos ou com as Gergen, K. J. (1996). Realidades y relaciones: Aproximaciones a
questões atribuídas a essa fase no ciclo de vida. la construción social. Barcelona: Paidós.
Embora o caminho utilizado nesta pesquisa para acessar Gergen, K. J. (2009). An invitation to social construction (2nd.
idosos vítimas de violência possa apresentar limitações ed.). London: Sage.
inerentes ao processo de pesquisa, a oportunidade de ouvir McNamee, S., & Gergen, K. J. (1998). A terapia como construção
a experiência dessas pessoas foi relevante para a reflexão e social. Porto Alegre: Artes Médicas.
discussão sobre os significados da violência, e reconhecer Melo, V. L., Cunha, J. O. C., & Falbo Neto, G. H. (2006). Maus-
que se trata, como se mostrou ao longo deste trabalho, de tratos contra idosos no município de Camaragibe, Pernambuco
um fenômeno impreciso, mutante e subjetivo. Com base nos [Suplemento 1]. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil,
dados apresentados, considera-se fundamental sensibilizar 6, 543-548.
os profissionais da saúde, principalmente os da atenção Mercadante, E. F. (2005). Velhice: Uma questão complexa. In
primária, a reconhecer a fluidez do conceito, uma vez que é B. Corte, E. F. Mercadante, & I. Arcuri, (Eds.), Velhice,
necessário que haja contextualização das histórias de vida, o envelhecimento e complex(idade) (pp. 23-34). São Paulo: Vetor.
que constitui o primeiro passo para a efetivação das políticas Minayo, M. C. S. (2003). Violência contra idosos: Relevância
públicas direcionadas ao enfrentamento da violência contra para um velho problema. Cadernos de Saúde Pública, 19(3),
idosos. Esse processo de sensibilização gera condições de 783-791.
maior clareza sobre a violência, o que possibilita incre- Minayo, M. C. S. (2006). Violência e saúde. Rio de Janeiro: Editora
mentar medidas de rastreamento por meio de instrumentos Fiocruz.
específicos, como também do olhar e da escuta atentos do Minayo, M. C. S. (2007). Violência contra a pessoa idosa: o
profissional em relação ao usuário, nos diversos serviços e direito pelo avesso. In M. Papaléu Netto (Ed.), Tratado de
atividades oferecidos à população. gerontologia (2ª. ed., pp. 199-210). São Paulo: Atheneu.
Considera-se que os dados apresentados contribuem Moraes, C. L., Apratto Jr, P. C., & Reichenheim, M. E. (2008).
como subsídios para uma melhor compreensão e ampliação Rompendo o silêncio e suas barreiras: Um inquérito
da temática abordada. Por sua vez, reconhece-se a sua com- domiciliar sobre a violência doméstica contra idosos em área
plexidade, pela diversidade de aspectos que necessariamente de abrangência do Programa Médico de Família de Niterói,
precisam convergir para melhor análise da questão. Portanto, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 24(10),
novos estudos são necessários para a aproximação e com- 2289-2300.
preensão dos desafios que envolvem lidar com a violência Neri, A. L. (2001). Palavras-chave em gerontologia. Campinas:
familiar contra idosos. Sugere-se como temas para futuras Alínea.
pesquisas as formas de enfrentamento utilizadas por idosos Ravazzola, M. C. (2005). Histórias infames: Los malostratos en
que sofrem violência familiar e as limitações enfrentadas las relaciones. Buenos Aires: Paidós.
pelos profissionais que atuam com idosos em manejar casos Santos, A. C. P., Silva, C. A., Carvalho, L. S., & Menezes, M.
de violência familiar detectados. R. (2007). A construção da violência contra idosos. Revista
Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 10(1), 129-140.
Silva, M. J., Oliveira, T. M., Joventino, E. S., & Moraes, G. L. A.
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