RESENHA PSICOTERAPIA BREVE - Carolinne Maia
RESENHA PSICOTERAPIA BREVE - Carolinne Maia
RESENHA PSICOTERAPIA BREVE - Carolinne Maia
Psicoterapia Breve
“Nenhuma análise é igual a outra”. A frase que inicia o texto do livro apresenta a ideia
de que nenhuma psicoterapia é igual à outra, na medida que nenhuma pessoa é igual à outra.
As características e história de vida de cada um os tornam únicos e, portanto, não há uma
forma única de se fazer psicoterapia. Embora o nome seja Psicoterapia Breve, ela pode se dar
em algumas sessões ou em alguns meses: não tem tempo definido. Ela pode ser psicanalítica,
egóica, psicodramática, comportamental-cognitiva e pode ser individual ou em grupo. O autor
promove uma discussão, inicialmente, sobre o tempo que se faz necessário para que uma
terapia seja realizada. Além disso, promove uma reflexão entre tempo e a profundidade da
psicoterapia.
A principal ideia trazida pelo autor com relação a profundidade está diretamente
relacionada com a focalização. Para o autor, o foco irá depender da vertente teórica que o
psicoterapeuta segue. Para ele, a questão do foco tem a ver com as características relacionadas
a personalidade, ligadas principalmente ao motivo da consulta, observando se o paciente está
ou não em crise. Questiona, assim como questiona a questão do tempo, o que é profundidade?
A quê ela está relacionada? Defende, por fim que a psicoterapia breve tem um foco e que as
questões apresentadas em terapia são trabalhadas em profundidade – e isso depende da
qualidade da psicoterapia, não de outros fatores como tempo ou foco das sessões.
Falando em tempo, a ideia principal defende que o tempo não é proporcionalmente
ligado à profundidade ou à eficácia da psicoterapia. O termo “breve” acaba sendo inadequado.
Além disso, o autor expõe que o hábito de propor tempo ilimitado para as terapias está tão
arraigado, é tão natural, que muitos não acreditam possível haver outra forma de atendimento.
Defende que limitar o tempo modifica a relação entre paciente-terapeuta, no entanto, a
psicoterapia breve requer uma prévia programação acerca da quantidade e tempo das sessões,
no entanto, precisa abrir a possibilidade de o cliente continuar o processo de analise sem a
presença física do seu terapeuta.
A próxima ideia defendida pelo autor é sobre os preconceitos que circundam a questão
da Psicoterapia Breve. Ele ressalta que a psicoterapia breve precisa escapar destes
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Acadêmica de Psicologia – 9º Período. Disciplina – Psicoterapia Breve e Emergência Psicológica.
preconceitos, no entanto, que não deve ser encarada como a resolução de todos os problemas;
além disso, não deve refletir a pressa e superficialidade que a correria do mundo moderno
exige das pessoas. O autor critica aqueles que utilizam dessa correria como uma justificativa
para a superficialidade moderna. Continuando nesta ideia, o autor defende que a psicoterapia
breve deve se justificar por si só. Conforme o autor, para que haja estabelecida uma
psicoterapia breve, é necessário que duas condições estejam preenchidas: finalidade
terapêutica (o que é diferente de uma conversa informal) e a intervenção terapêutica (que
indica uma resolução para o problema, a longo prazo). Além disso, o nome terapia breve não
indica tempo, mas sim questões referentes aos objetivos que são limitados como objetos da
psicoterapia.
Quando o autor cita psicoterapia breve psicanalítica, ele aponta a articulação entre a
teoria psicanalítica e a psicoterapia breve. Não obstante, o autor apresenta diversas questões e
dúvidas que permeiam o debate acerca da psicanálise e da psicologia breve. A primeira
ideia apresentada pelo autor, neste sentido, é contrastar o tratamento padrão da psicanálise
(que geralmente é realizado com um divã, com sessões semanais e tempo ilimitado), com a
psicoterapia breve. O tratamento padrão propicia a devida realização da regressão, da neurose
de transferência e das resistências. Isto porque, o autor defende, quando há um tempo pré
estabelecido para a finalização das psicoterapias, o sujeito acaba ficando mais interessado em
resolver seu conflito que lidar com questões secundárias (que exigiria maior quantidade de
tempo para deliberação). O autor defende a ideia de que o limite de tempo imposto pela
psicoterapia breve altera a condição da terapia psicanalítica ao passo que castra o indivíduo
que acaba ficando inibido no processo. Fazendo uma breve citação à origem da psicoterapia
breve, o autor apresenta que o início deste estilo de psicoterapia tem surgimento justamente na
psicanálise, que no início, era de curta duração.
Como toda teoria, alguns autores se destacam como fundamentais na estruturação da
psicoterapia breve. Os primeiros, por volta de 1946, Alexander e French, propuseram
variações na psicanálise clássica apresentando temas como planejamento da psicoterapia,
flexibilidade do terapeuta, manejo da transferência e do ambiente e a eficácia do contato
breve. Malan, contribui no que tange ao estabelecimento de um prazo específico para o
término da psicoterapia. Gilliéron contribui discutindo como o término pré-fixado da terapia
influencia o conjunto terapeuta-paciente. Fifneos desenvolve uma psicoterapia breve de apoio
voltada para o alívio de tensões e ansiedade. Fiorini contribui afirmando que o terapeuta
assume um lugar de saber, diferente da postura psicanalítica. E assim a psicoterapia breve se
molda.
Eis que considerando todas as ideias apresentadas pelo autor, ele propõe quatro tarefas
para fins de determinar se a psicoterapia breve é ou não apropriada à determinado paciente:
primeiramente, a necessidade de formular uma intervenção inicial baseada na angústia que
levou o paciente a buscar auxílio, depois, reconhecer se este paciente está ou não em crise.
Depois, distinguir o foco e, por fim, decidir pela indicação ou não da psicoterapia breve.
Defende que o terapeuta deve avaliar as questões trazidas pelo paciente: ele quer algo que
esteja economicamente mais acessível? Se for um paciente mais complicado, neste caso, ela é
adequada? Cada caso é um caso e a psicoterapia breve se encaixa a depender da demanda –
social, econômica e psicológica do paciente. Depende da personalidade do paciente, da
possibilidade de estar ou não em crise, do estilo pessoal, da demanda, e da necessidade.
Ressalta, em se tratando da psicanálise, que a psicoterapia breve contribui quando salienta a
importância do enquadre, discute as questões da alta, dos resultados terapêuticos, do
atendimento na crise, por exemplo.
O autor finaliza indicando que a a Psicoterapia Breve pode ser um instrumento útil
para terapeutas e pacientes, no entanto, assim como as outras formas de psicoterapia, ela não
deve ser vista como capaz de resolver todos os problemas decorrentes do sofrimento humano.
Além disso, defende o ponto de que ter acesso a uma Psicoterapia Breve com qualidade é
mais eficiente que ficar esperando em uma fila interminável por uma psicoterapia longa que
demora para acontecer. Indica, por fim, que ela não deve responder à superficialidade do
mundo moderno e sim à demanda do paciente que deseja e necessita utilizar de tal método
para aliviar os seus sofrimentos.