Nota Técnica 02

O modelo Entrecomp

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Ficha Técnica
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Charles Bonani de Oliveira
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Manoela Cordeiro Alexandre
Roselaine Monteiro Moraes

Editoração e Diagramação
Giovane Carlos da Silva

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Sumário

1. Introdução 6

2. O modelo Entrecomp 6

2.1. Competências Empreendedoras 6

2.2. Histórico do surgimento do modelo Entrecomp 7

2.3. As 15 competências do Entrecomp 10

3. Conclusão 14

4. Para saber mais 15

3
Sebrae Notas Técnicas

O Sebrae consolidou um conjunto de documentos para contribuir com a discussão no

ecossistema de educação sobre a importância de proporcionar aos estudantes e
professores ferramentas para o desenvolvimento de competências empreendedoras
de maneira transversal no currículo escolar. Com a inserção da dimensão
socioemocional na Base Nacional Comum Curricular, dentre as competências a
serem trabalhadas nos espaços de aprendizagem, percebe-se que há cada vez mais
a necessidade de fundamentação teórica que instrumentalize professores e gestores
escolares na tradução de conceitos em práticas diárias junto aos estudantes e corpo
docente. Sendo as competências empreendedoras importantes aliadas nesse
objetivo.

Na Nota Técnica 1 foram apresentados vários frameworks que trabalham com

competências socioemocionais no contexto educacional. Eles são importantes
direcionadores para as instituições de ensino que querem incluir essa abordagem no
currículo.

Para tanto, o Sebrae buscou nesta Nota Técnica 2 conceituar competências

empreendedoras e apresentar o modelo Entrecomp que foi desenvolvido pela
European Comission e está sendo utilizado como referência por várias iniciativas
educacionais no continente Europeu.

Na Nota Técnica 3 será apresentada uma análise que busca entender como o
modelo Entrecomp dialoga com a BNCC. O objetivo de relacionar Entrecomp e
BNCC é mostrar como esse framework pode ser útil para os educadores que
pretendem trabalhar com as competências empreendedoras em suas práticas
pedagógicas. A análise foi feita observando a possível relação entre as
competências gerais da BNCC e as competências empreendedoras do Modelo
Entrecomp.

Na Nota Técnica 4, serão apresentados como o Sebrae do Rio Grande do Sul e a

Faculdade Sebrae estão utilizando o modelo do Entrecomp na formulação de suas
estratégias e ações junto ao público, tanto de professores quanto de estudantes, no
intuito de demonstrar como essas competências podem ser desenvolvidas no âmbito
educacional.

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Sobre o Sebrae

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é

reconhecido no Brasil como uma instituição que produz conhecimento e atua na área
de empreendedorismo, na gestão de pequenos negócios e em defesa da educação
empreendedora no Brasil. Com mais de 25 anos de experiência e envolvimento no
desenvolvimento de soluções de empreendedorismo para a educação formal, é hoje
reconhecida como uma das maiores referências do país nessa área.

A missão do Sebrae é fomentar o empreendedorismo e contribuir para a construção

de uma cultura empreendedora no país por meio do desenvolvimento de
competências que permitam aos indivíduos mobilizar conhecimento/saberes, atitudes
e habilidades/procedimentos para uma ação protagonista e que gere valor - para si e
para a sociedade, em diferentes situações – pessoal, profissional ou social. Assim, a
instituição distancia-se do ensino fundamentado em conteúdos disciplinares para
centrar-se no processo de aprendizagem da pessoa e do profissional, ao mesmo
tempo em que propicia a sua atuação consciente e responsável na sociedade como
agente de mudança.

Sendo assim, o Sebrae se coloca como parceiro das redes de ensino e das escolas
do país para colaborar na implementação da BNCC e das Diretrizes Curriculares do
Ensino Médio, no que tange à proposição de Itinerários Formativos com foco no Eixo
Estruturante Empreendedorismo, como conteúdo principal ou integrado a outros
eixos estruturantes propostos nesse documento normativo.

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1. Introdução
Nesta Nota Técnica será apresentado o conceito de competências empreendedoras
e na sequência um framework desenvolvido pela European Comission conhecido
como Modelo Entrecomp e utilizado por um número crescente de instituições e
iniciativas educacionais que pretendem desenvolver empreendedores.

2. O modelo Entrecomp

2.1. Competências Empreendedoras

Aproximando o conceito de competências e a aprendizagem sobre
empreendedorismo, é possível afirmar que as competências relativas ao
empreendedorismo podem ser ensinadas e aprendidas na educação formal (LOPES,
2010). A autora argumenta que a educação para o empreendedorismo pode ocorrer
por meio do desenvolvimento ou fortalecimento de crenças, valores, atitudes,
conhecimentos e habilidades, desde cedo, passando pelos ensinos infantil e
fundamental e atingindo os níveis posteriores (MORAES, 2019).

A revista American Association of Collegiate Schools of Business - AACSB

International (2014) apresentou artigos sobre como as escolas inspiram inovação e
empreendedorismo e como os modelos baseados em competências podem
revolucionar o ensino superior. Nesse sentido, como proposto por Alfred North
Whitehead, a experiência humana é influenciada por experiências anteriores e vice-
versa, ou seja, uma experiência representa um processo de aprendizagem, sendo
que, em futuras experiências, se aprende a como reagir em razão do aprendizado
obtido na experiência anterior (MORAES, 2019).

Neste sentido, há convergências entre diversos estudiosos sobre aprendizado

baseado em competências, já que o conceito de competências é uma definição que
parece consolidada pela academia.

Entende-se por como definição e competência tríade: conhecimento, habilidade e

atitude. Para Fleury e Fleury o conceito de competência é: “um saber agir
responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,

6
recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social
ao indivíduo” (FLEURY; FLEURY, 2001, p.188).

2.2. Histórico do surgimento do modelo Entrecomp

A Comissão Europeia vem desenvolvendo estudos sobre a importância da educação
para o empreendedorismo, desde 2003 quando foi lançado o Livro Verde Europeu,
intitulado O espírito empresarial na Europa, definido como:

uma atitude mental que engloba a motivação e capacidade de

um indivíduo, isolado ou integrado num organismo, para
identificar uma oportunidade e para concretizá-la com o
objetivo de produzir um novo valor ou um resultado
econômico. (COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS,
2003).

Mais tarde, em dezembro de 2006, por recomendação do Parlamento Europeu e do

Conselho, foi apresentado um estudo sobre as competências essenciais para a
aprendizagem ao longo da vida (Lifelong Learning), que versava sobre oito
competências essenciais. Assim, identificou-se o “sentido de iniciativa e
empreendedorismo” como sendo uma das oito competências essenciais a serem
aprendidas. (COMISSÃO EUROPEIA, 2007).

O objetivo do Parlamento Europeu era que os indivíduos aprendessem as seguintes

competências:

1. Comunicação na língua materna

2. Comunicação em línguas estrangeiras

3. Competência matemática e competências básicas em ciências e tecnologia

4. Competência digital

5. Aprender a aprender

6. Competências sociais e cívicas

7. Espírito de iniciativa e espírito empresarial

8. Sensibilidade e expressão culturais

7
 Assim, o sentido de iniciativa e empreendedorismo é uma competência transversal-
chave, definida pela Comissão Europeia (2018) como: “a capacidade de um indivíduo
para transformar ideias em ação. Ele inclui a criatividade, a inovação e a assunção
de riscos, bem como a capacidade de planejar e gerir projetos com vista a alcançar
objetivos” (MORAES, 2019).

Bacigalupo, Kampylis, Punie e Brande (2016) embarcaram nas iniciativas desse

estudo e detalharam tais competências vinculadas ao empreendedorismo. Os
autores propuseram um grupo de 15 competências empreendedoras, as quais
denominaram de Framework Entrecomp (MORAES, 2019).

É interessante compreender que a escolha das competências que estariam

presentes no Entrecomp foi fruto de um rigoroso processo de validação. Após um
levantamento bastante abrangente de várias iniciativas que abordavam o
empreendedorismo pela Europa, Bacigalupo, Kampylis, Punie e Van Der Brande
(2016) identificaram que existiam, pelo menos, 96 competências diferentes que eram
trabalhadas para desenvolver empreendedores. Naturalmente, muitas competências
eram semelhantes, tendo apenas nomes distintos. Entretanto, outras eram
diferentes. Partindo do princípio que era um número muito grande de competências
para ser desenvolvido, foram feitos workshops com especialistas e várias consultas
aos stakeholders até chegar ao modelo aqui apresentado.

O Entrecomp é um modelo que contempla três áreas de competências: ideias e

oportunidades, recursos e ação. Para cada uma dessas três áreas, os autores
definiram um conjunto de cinco competências que, juntas, criam o conceito de
competência para o empreendedorismo e que podem ser aprendidas na educação
formal, não formal e informal. As competências são ainda divididas em resultados de
aprendizagem, que no total somam 442 (MORAES, 2019).

A Lei das Pequenas Empresas de 2008 para a Europa, a Comunicação de 2012

sobre Repensar a Educação, o Plano de Ação para o Empreendedorismo 2020 de
2013 e, mais recentemente, a Nova Agenda de Habilidades para a Europa
mantiveram a necessidade de promover a educação para o empreendedorismo e a
aprendizagem empresarial em destaque. Isso levou a uma série de iniciativas em
toda a Europa.

8
A educação empreendedora, para a União Europeia – UE (2018) auxilia no
desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes necessários para que os
indivíduos atinjam as metas que elaboraram para si. Além disso, a instituição afirma
que o empreendedorismo é uma habilidade que pode ser aprendida em todos os
níveis da educação e que pode contribuir para a formação de pessoas mais bem
preparadas para atuar na sociedade com responsabilidade e no mundo do trabalho,
seja como intraempreendedores, seja com empresários.

Nesse sentido, o modelo Framework Entrecomp se apresenta como um moderno

conceito no que tange a introdução do empreendedorismo na educação formal em
todos os níveis de ensino, uma vez que dialoga com importantes frameworks para a
educação.

Frente a isso, pode-se afirmar que há uma relação direta e imbricada com: os
Quatros Pilares da Educação - UNESCO (1998); as Competências para o Século 21
- National Research Council (2012); os Quatro Cs da Educação - Associação
Nacional de Educação (NEA) dos Estados Unidos (2010); a Base Nacional Comum
Curricular - MEC (2017) e os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ONU
(2015).

Assim, o Framework Entrecomp é um modelo que pode ser adotado para atuação no
Sebrae com a Educação Empreendedora, visto que seu estudo foi embasado com
estudantes do ensino formal e está muito aderente à linguagem educacional que já
reconhece a aprendizagem baseada em competências.

É possível verificar que o modelo Entrecomp está alinhado com uma mudança na
percepção de quem é o empreendedor e qual é o seu papel na sociedade. A primeira
onda de educação empreendedora nasceu e se desenvolveu principalmente dentro
de cursos de ensino superior de gestão e de engenharia e com grande foco no
desenvolvimento de pessoas que viriam a criar ou gerenciar empresas de forma
inovadora.

Com o passar dos anos o conceito de empreendedor foi sendo ampliado, levando à
necessidade de um novo olhar também sobre a educação empreendedora, onde o
modelo Entrecomp:

Define o empreendedorismo como uma competência

transversal, que se aplica a todas as esferas da vida: desde o
9
 desenvolvimento pessoal até à participação ativa na
sociedade, à (re) entrada no mercado de trabalho como
trabalhador assalariado ou independente e também para dar
início a novos empreendimentos (culturais, sociais ou
comerciais). (BACIGALUPO, KAMPYLIS, PUNIE E VAN DER
BRANDE, 2016 p. 10; tradução: TRINDADE; MOREIRA &
JARDIM, 2020).

2.3. As 15 competências do Entrecomp

O Modelo Entrecomp é um modelo que contempla 15 competências distribuídas em
três áreas: Ideias e Oportunidades, Recursos e Ações. Para cada uma dessas três
áreas, foi definido um conjunto de cinco competências que, juntas, criam o conceito
de competência para o empreendedorismo e que podem ser ensinadas, praticadas e
aprendidas na educação formal, não formal e informal, ao longo da vida.

Na figura 1, as competências empreendedoras estão agrupadas por cores, sendo

que cada cor representa uma área.

1. Área azul - Ideias e Oportunidades;

2. Área laranja – Recursos;

3. Área verde – Ações.

Para cada área, há um conjunto de cinco competências. É o agrupamento dessas

cinco competências de cada área que constitui as bases do empreendedorismo
como competência para todos os cidadãos. (MORAES, 2019)

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Figura 1 - Áreas e competências do modelo conceptual Entrecomp

Fonte: BACIGALUPO, KAMPYLIS, PUNIE E VAN DER BRANDE, 2016, versão traduzida).

Ainda para Bacigalupo, Kampylis, Punie e Van Der Brande (2016), as 15

competências empreendedoras podem ser desenvolvidas no meio educacional
desde cedo, da educação básica à superior, sendo que podem ser progressivas na
medida em que podem ser classificadas por níveis de proficiência que variam entre
básico, intermediário, avançado e especialista (MORAES, 2019).

Nesse sentido, com a finalidade de compreender tais níveis, é necessário conhecer

os parâmetros que indicam o alcance de cada nível e que sinalizam a maturidade em
termos de apreensão das competências empreendedoras.

O quadro 1 demonstra as três áreas, as 15 competências e os parâmetros descritos

em cada nível de proficiência, conforme página a seguir. É importante notar, no
quadro, que o nível especialista não é abordado, isso acontece no trabalho original
também, uma vez que para Bacigalupo, Kampylis, Punie e Van Der Brande (2016),
este nível caracteriza alguém acima da média e é altamente dependente do contexto.

11
Quadro 1 – Áreas, competências e níveis de proficiência do modelo Entrecomp

Competência Fundação Intermediário Avançado

Reconhecer
Encontrar oportunidades Podem aproveitar e
Identificar oportunidades para resolver remodelar oportunidades
Oportunidades para gerar valor necessidades para responder a desafios
para outros. ainda não e criar valor para outros.
atendidas.
Desenvolver
Testar e redefinir Transformar ideias em
múltiplas ideias
Criatividade ideias que criam soluções que criam valor
que geram valor
valor para outros. para outros.
para outros.
Usar sua visão para guiar
Criar uma visão
Imaginar um estrategicamente o
Visão inspiradora para
futuro desejável processo de tomada de
Ideias e engajar pessoas.
decisão.
oportunidades
Entender que
ideias podem ter Desenvolver estratégia
Entender e
Valorizar as diferentes tipos de para aproveitar ao
apreciar o valor
ideias valor, que podem máximo o valor gerado
de ideias.
ser usadas de pelas ideias.
maneiras distintas.
Reconhecer o
impacto de suas
Ao tomar decisões, Agir de modo a garantir
Pensamento escolhas e
são direcionados que suas metas éticas e
ético e comportamentos
pela ética e pela sustentáveis sejam
sustentável na comunidade e
sustentabilidade. atingidas.
para o meio
ambiente.
Confiar em suas Compensar seus pontos
Aproveitar ao
próprias fracos se juntando às
Autoconsciência máximo seus
habilidades para outras pessoas e
e auto eficácia pontos fortes e
gerar valor para desenvolvendo mais seus
pontos fracos.
outros. pontos fortes.
Predispõe-se a
Seguir seus usar recursos e se Permanecer focado em
Motivação e sonhos e criar esforçar para seus sonhos e continuar a
perseverança valor para seguir seus sonhos criar valor, mesmo em
outros. e criar valor para situações de fracasso.
outros.
Encontrar e usar Reunir e gerenciar Definir estratégias para
Recursos
recursos de diferentes tipos de mobilizar recursos
Mobilizar fontes
maneira recursos para criar necessários para gerar
responsável valor para outros. valor para outros.
Identifica opções
Desenvolver de financiamento Fazer planos para a
Alfabetização
orçamento para e administra o sustentabilidade
financeira e
atividades orçamento em sua financeira da atividade de
econômica
simples. atividade de criação de valor.
criação de valor.
Comunicar suas Podem persuadir Inspirar outros e
Mobilizar
ideias de envolver e inspirar convencê-los a fazer
pessoas
maneira clara e outras pessoas em parte de atividades de

12
 Competência Fundação Intermediário Avançado
com entusiasmo atividades de criação de valor.
criação de valor
Vontade de
resolver Podem iniciar Procurar oportunidades
Tomar a
problemas que atividades de para criar ou aumentar o
iniciativa
afetam sua criação de valor. valor.
comunidade.
Podem criar
Definir metas planos de ação,
Refinar prioridades e
para uma que define
Planejar e planos para se ajustar às
atividade simples prioridades e
gerenciar mudanças nas
de criação de marcos críticos
circunstâncias.
valor para atingir seus
objetivos.
Podem avaliar os
benefícios e riscos
Lidar com a Podem ponderar os riscos
Não ter medo de de várias
Em Ação incerteza, e tomar decisões, mesmo
cometer erros ao alternativas e
ambiguidade e em situações de incerteza
tentar inovar. tomar decisões
risco. e ambiguidade.
que reflitam a sua
preferência.
Podem trabalhar Criar um time e uma rede
Trabalhar em junto com uma de contatos baseados nas
Trabalhar com
equipe para criar gama de pessoas e necessidades da sua
pessoas
valor. grupos para criar atividade de criação de
valor. valor.
Reconhecer os Podem refletir e
Melhorar suas
Aprender por aprendizados avaliar suas
habilidades de criar valor
meio da obtidos ao fazer conquistas e
por meio de suas
experiência parte de fracassos e
experiências anteriores e
atividades de aprender com
da interação com outros.
criação de valor. eles.

Fonte: BACIGALUPO, KAMPYLIS, PUNIE E VAN DER BRANDE, 2016, versão traduzida.

Nota-se que no modelo Entrecomp proposto há uma mudança no paradigma

tradicional de ensino e, também, da prática empreendedora que é derivada de
abordagens de gestão, em especial do planejamento estratégico. Segundo essa
abordagem, é preciso fazer uma análise da situação e um planejamento antes de
tomar qualquer ação.

Na visão do modelo Entrecomp a mobilização de recursos precede o planejamento,

ou seja, o empreendedor deve mobilizar recursos e agir, antes mesmo que tenha um
planejamento formal. Isso não diminui a importância do planejamento, mas enaltece
a importância da ação em um primeiro momento para o empreendedor, até mesmo
para conseguir levantar as premissas que irão compor o seu planejamento e, ter um
melhor embasamento para sua tomada de decisão.

13
Essa forma de pensar o empreendedorismo, a partir do modelo Entrecomp, parece
estar alinhada com outros conceitos modernos de gestão, como a Startup Enxuta,
por exemplo, que aproxima, sobretudo, a criação de empresas a partir de uma
experiência de aprendizado, baseado na resolução de problemas. Nessa
perspectiva, se constrói um modelo inicial de empresa com a finalidade de resolver
um problema real por meio de um MPV “Minimum Viable Product” (ou Produto
Mínimo Viável), se mede seus resultados e se aprende com eles. Isso sugere um
melhor desempenho empresarial.

É possível inferir que processos como esse (Startup Enxuta) facilita, a criação de
empresas inovadoras, com base no aprendizado gerado, uma vez que o
empreendedor tem a chance conhecer suas limitações, admitindo que não conhece
tudo para iniciar o seu negócio fazendo dessa autodescoberta, uma aponte para sua
aprendizagem ao longo do tempo. Dessa experimentação, pode nascer um processo
sistemático e planejado, para projetos que extrapolam, inclusive, o processo de
abertura de um negócio, podendo se tornar um hábito na vida de quem exercita esse
tipo de processo. Ou seja, o modelo não é o planejamento de uma empresa em si
(como propõem as metodologias com muita ênfase no plano de negócios, tão
tradicionais no ensino de empreendedorismo), e sim o processo de aprendizagem
envolvido, que propõe e pensamento empreendedor focado em resolução de
problemas na direção dos objetivos e resultados almejados, independentemente do
tipo de projeto (empreendedorismo de negócios ou intraempreendedorismo).

Dado o exposto, compreende-se que o modelo Entrecomp propõe um olhar ampliado

e conectado com as diversas competências necessárias para o século 21, visto que
este modelo pressupõe uma visão educacional sobre tais competências, dado que
essas aprendizagens podem ser exercitadas ainda em idade escolar, fazendo disso
um processo de aprendizagem ao longo da trajetória escolar.

3. Conclusão

Nesta Nota Técnica foi apresentado o modelo Entrecomp em mais detalhes. Foi
possível conhecer o histórico e a motivação que precedem sua criação na União
Europeia. Na sequência foram apresentadas as 15 competências sugeridas no
modelo Entrecomp como competências empreendedoras. Ao final faz-se um paralelo
entre o Entrecomp e outras teorias e ferramentas modernas do empreendedorismo,

14
demonstrando como existe relação entre esse novo framework de competências e o
pensamento dos empreendedores contemporâneos.

4. Para saber mais

Site Educação Empreendedora Sebrae

https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/educacaoempreendedora

Sobre o Entrecomp

Os estudos, que usam o Entrecomp como referência, continuam sendo realizados

pela União Europeia e demonstram em especial como esse modelo pode ser
aplicado na prática nos mais diversos ambientes de conhecimento. A seguir
apresentaremos alguns desses estudos:

Tradução do documento base do Entrecomp para Português (Portugal)

https://empreendedorismosocial.porvir.org/wp-
content/themes/sintropika/assets/pdf/PUB_ENTRECOMP_FINAL.pdf [EVB1]

Dez estudos de caso de ensino de empreendedorismo analisados a fundo e que

serviram de inspiração para criação do modelo Entrecomp

https://ec.europa.eu/jrc/en/publication/entrepreneurship-competence-overview-
existing-concepts-policies-and-initiatives-depth-case-studies

Análise profunda dos modelos teóricos e práticos de ensino de empreendedorismo

existentes na Europa. Serviu de base para a criação do Entrecomp

https://ec.europa.eu/jrc/en/publication/entrepreneurship-competence-overview-
existing-concepts-policies-and-initiatives-final-report

Documento principal que apresenta as 15 competências empreendedoras e o

modelo Entrecomp

https://ec.europa.eu/jrc/en/publication/eur-scientific-and-technical-research-
reports/entrecomp-entrepreneurship-competence-framework

15
Documento que apresenta exemplos práticos de como algumas instituições
trabalham na prática para desenvolver as competências empreendedoras

https://ec.europa.eu/jrc/en/publication/eur-scientific-and-technical-research-
reports/entrecomp-action-get-inspired-make-it-happen-user-guide-european-
entrepreneurship-competence

Documento que apresenta 10 estudos de caso que mostram como o Entrecomp

pode ser utilizado para desenvolvimento da força de trabalho, treinamentos
empresariais, apoio a startups e planos de desenvolvimento pessoal.

https://ec.europa.eu/jrc/en/publication/entrecomp-work

Documento que apresenta várias práticas, ferramentas e exemplos de como usar o

Entrecomp no ambiente de trabalho.

MORAES, Roselaine Monteiro. Educação Empreendedora no Ensino Fundamental:

Uma Investigação sobre o Programa de Educação Empreendedora Sebrae – Jovens
Empreendedores Primeiros Passos – JEPP em Pejuçara, RS / por Roselaine
Monteiro Moraes, 2019. 160 f. : il. ; 30 cm. Disponível em:
http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/8980/Roselaine%20
Monteiro%20Moraes_.pdf?sequence=1&isAllowed=y

COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA A APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA

QUADRO DE REFERÊNCIA EUROPEU Luxemburgo: Serviço das Publicações
Oficiais das Comunidades Europeias 2007 – 12 p. – 17,6 x 25 cm
https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/competenciasessenciaisalv2006.p
df

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