6 Corpo Saude e Doenca Paradigma Atual
6 Corpo Saude e Doenca Paradigma Atual
6 Corpo Saude e Doenca Paradigma Atual
Doença: um
paradigma atual
Guedes, F. L. ; Pereira, L. Q.
SST Corpo, Saúde e Doença: um paradigma atual / Fabiana
de Lima Guedes; Loren Queli Pereira -
Ano: 2021
nº de p. : 10
Apresentação
Neste momento, teremos como foco principal corpo, saúde e doença. Propõe-se
aqui uma reflexão sobre o conceito de saúde e as diversas variáveis que envolvem
essa temática. Veremos que o conteúdo busca abordar os conceitos de saúde-
doença, corpo e visão de ser humano integral nas diversas sociedades.
Um dos estudiosos que impulsionou o início dos estudos anatômicos foi Andréa
Vesalius (1514-1564), um cirurgião renascentista que mostrava grande interesse
pela anatomia e pregava que, para conhecer o corpo humano, era necessário
dissecá-lo. O corpo vesaliano era explicado como sendo constituído por
diversas repartições, e que a constante movimentação delas ocasionava o bom
funcionamento do corpo. Até hoje seus estudos influenciam de certa forma a visão
de corpo anatômico.
3
Curiosidade
Podemos dizer que a anatomia é o estudo da estrutura do corpo, de
como suas células, seus tecidos e seus órgãos são constituídos.
4
Atenção
Na contemporaneidade, o corpo é fortemente influenciado por
diversos meios: indústria cultural, meios de comunicação, internet,
revistas, cinema, televisão, entre outros. Isso acaba por determinar
padrões estéticos para os corpos.
Para Silva (2017), é possível que essa seja uma diferença fundamental da sociedade
contemporânea, se comparada a outras épocas, no que diz respeito aos padrões
estéticos. Pois, se no passado determinadas qualidades eram consideradas como
mais belas do que outras conforme a cultura de um determinado povo, na atualidade,
a indústria cultural tem o poder de divulgar os padrões estéticos para uma faixa mais
ampla de pessoas, extrapolando os limites geográficos das nações.
O que é saúde?
Quando falamos de saúde, dificilmente encontraremos uma única definição ou
resposta. Isso porque saúde engloba muitas variáveis, assim como muitas culturas.
Reflita
Por exemplo, a visão de saúde no ocidente é bem diferente de sua
compreensão no oriente. Trazendo isso para algo mais próximo de
nós, a visão de saúde que temos como brasileiros se difere muito
da visão de saúde dos estadunidenses.
5
É possível compreender como a saúde é influenciada fortemente pela cultura
de cada povo. Mais do que isso, saúde envolve ainda o entendimento do ser
humano sobre o modo de enxergar o corpo e como lidar com ele. Isso envolve as
significações culturais que as diferentes sociedades determinam na visão de seus
corpos.
Bem-estar social:
Bem-estar físico:
autocuidado, nutrição.
Bem-estar emocional:
Bem-estar espiritual:
Bem-estar intelectual:
Vimos até aqui que saúde é um conceito amplo, relacionado com aspectos que
ultrapassam meramente a variável física. Assim, a saúde para cada um se difere e
pode se relacionar até mesmo com a capacidade de o indivíduo lidar com limitações,
fragilidades, capacidade de escolhas e autonomia próprias. É um pensamento mais
holístico, considerando assim o ser humano como um ser integral.
6
Assim, saúde e doença são variáveis distintas. O conceito de doença constituiu-
se a partir de uma redução do corpo humano, pensado a partir de constantes
morfológicas e funcionais, as quais se definem por intermédio de ciências, como
a anatomia e a fisiologia. É uma visão que reduz a compreensão de saúde como
mera ausência de doenças. Há nesse contexto uma desconexão e redução do corpo,
deixando de lado todas as relações que constituem os significados da interação
do corpo com a vida. Ainda, desconsidera que a medicina se relaciona com um ser
integral e não apenas com estruturas físicas, como órgãos e funções.
Atenção
O discurso da saúde pública e as perspectivas de mudança das
práticas de saúde, a partir das duas últimas décadas, vêm se
associando ao redor da ideia de promoção da saúde. Promoção é
um conceito tradicional, definido por Leavell e Clarck (1976) como
um dos elementos do nível primário de atenção em medicina
preventiva. Um dos princípios básicos do discurso da promoção da
saúde é fortalecer a ideia de autonomia dos sujeitos e dos grupos
sociais (GUEDES, 2017).
7
Corpo, saúde e práticas alternativas
No contexto da área da saúde, as práticas alternativas foram introduzidas por meio
da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC).
A construção da PNPIC no SUS iniciou-se a partir do atendimento das diretrizes e
recomendações de várias conferências nacionais de saúde e das recomendações
da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em junho de 2003, representantes
das Associações Nacionais de Fitoterapia, Homeopatia, Acupuntura e Medicina
Antroposófica reuniram-se com o Ministro da Saúde (Humberto Costa). Nessa
ocasião, por solicitação do próprio ministro, foi instituído um grupo de trabalho para
discussão e implementação das ações no sentido de se elaborar a Política Nacional,
coordenado pelo Departamento de Atenção Básica e pela Secretaria de Atenção
à Saúde (SAS), com a participação de representantes das Secretarias de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos e de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde/
MS; Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); e Associações Brasileiras
de Fitoterapia, Homeopatia, Acupuntura e Medicina Antroposófica. Em fevereiro de
2006, o documento final da política, com as respectivas alterações, foi aprovado
por unanimidade pelo Conselho Nacional de Saúde e consolidou-se, assim, a PNPS
no SUS, publicada na forma de Portarias Ministeriais, n 971, 3 de maio de 2006, e n.
1.600, de 17 de julho de 2006.
Atenção
A implementação dessa política no SUS envolve justificativas de
natureza política, técnica, econômica, social e cultural. Essa política
atende, sobretudo, à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar
e implementar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na
rede pública de muitos municípios e estados, entre as quais se
destacam aquelas no âmbito da Medicina Tradicional Chinesa
(MTC), da acupuntura, da homeopatia, da fitoterapia, da medicina
antroposófica e do termalismo-crenoterapia.
8
Fechamento
Ao longo desta unidade, estudamos a visão de corpo, saúde e práticas alternativas
envolvendo muitas formas de ver e compreender o ser. Para se pensar em saúde,
variáveis como cultura e meio social não podem ser vistas como coisas separadas.
Aprendemos que buscar uma perspectiva ampla em saúde é capaz de ampliar o
contexto biológico. Uma mudança de paradigma importante no campo da saúde
ocorre com a efetiva inclusão do cidadão no processo de desenvolvimento e controle
da promoção da saúde. Além disso, estudamos muitos indícios de que a área da
saúde busca um olhar mais amplo para a incorporação das práticas em saúde, que
considere a magnitude do processo de promoção da saúde, para além das variáveis
fisiológicas.
9
Referências
CZRESNIA, D.; FREITAS, C. M. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências.
Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
VIGARRELO, G.; PORTER, R. Corpo, saúde e doenças. In: CORBIN, A.; COURTINE, J.;
VIGARELLO, G. História do corpo: da Renascença às luzes. Petrópolis: Vozes, 2008.
v. 1. p. 441-486.
10