CSMRCNC Modelos de Remuneracao rT0W9JX01 - 0126 - REV - 001

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Custos em Saúde - Modelos de Remuneração,

Credenciamento e Negociação de Contratos

Modelos de Remuneração
Índice
Abertura Modelos de Remuneração............................................................................. 3

Situação-problema........................................................................................................5

Modelos de Remuneração.............................................................................................6

Fee for Service (FFS)...................................................................................................... 11

Modelos de Remuneração Baseados em Valor............................................................ 13


1. 1. Diárias Globais............................................................................................... 13
2. 2. Pagamento por Desempenho (Pay for Performance - P4P)........................ 14
3. 3. Capitation.......................................................................................................16
4. 4. Orçamentação................................................................................................17
5. 5. Diagnosis Related Groups (DRG)...................................................................18
6. 6. Bundles...........................................................................................................20

Modelos de Remuneração na Prática........................................................................... 22

Conectando os Pontos...................................................................................................26

Materiais Complementares........................................................................................... 27

Referências.....................................................................................................................28

2
Abertura Modelos de Remuneração

Seja bem-vindo(a) à Unidade - Modelos de Remuneração.

Nesta unidade iremos discutir os modelos de remuneração praticados nos serviços de saúde.

Esses modelos devem considerar a sustentabilidade nanceira das instituições, mas de uma
forma que todos (Operadoras e Prestadores) quem de acordo com o modelo praticado, e
que tenham condições de manter suas atividades.

Não existe "melhor modelo", mas um modelo que melhor atende as necessidades das
instituições.

No vídeo a seguir, a Profª. Glauce Brito apresentará os temas que serão discutidos neste
conteúdo.

Abertura Modelos de Remuneração


https://player.vimeo.com/video/642759150?id=122963&h=ef9193b4b9

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Ao final da unidade, você estará apto a:

1 Conhecer os modelos de remuneração praticados nos serviços de saúde.

2 Avaliar as vantagens e desvantagens do modelo de remuneração fee for service.

3 Analisar e comparar entre si os modelos de remuneração baseados em valor.

4
Situação-problema

S I T U A ÇÃ O- PROB L E M A

Sabemos que a sinistralidade consiste na relação entre o custo e a receita obtidos com o
plano de saúde, ou seja, o principal indicador dos contratos de plano de saúde equivale à
relação entre as despesas e a utilização dos serviços médicos.

Quando esse percentual fica acima do estipulado pela seguradora, é sinal de que os custos
da manutenção do plano estão ficando elevados e o prêmio cobrado por eles não está
acompanhando esses reajustes de preços.

Devemos identificar que procedimentos foram realizados e quais os recursos utilizados em


nossas auditorias, controlar os desperdícios e melhorar a experiência do cliente, ou gerenciar
fraudes e procedimentos desnecessários, observando que o modelo de remuneração fee for
service é analisado por outro viés, o de entrega de valor em saúde.

Considerando a situação-problema apresentada, reflita:

1 Como mudar esse cenário e diminuir..a sinistralidade?

Como garantir a qualidade dos prestadores com ajuste e manutenção de


2
custos?

5
Modelos de Remuneração

Você conhece os modelos de remuneração praticados


nos serviços de saúde?

Em 24 de agosto de 2001, foi emitida a Medida Provisória nº. 2.177-44, que altera a Lei nº. 9656,
que adota as seguintes definições:

Plano Privado de Assistência à Saúde



Prestação de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preços pré
ou pós- estabelecidos, por prazo indeterminado. Eles tem a finalidade
de garantir, sem limite financeiro a assistência à saúde, livremente
escolhidos, integrantes ou não da rede credenciada, contratada ou
referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica,
a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora
contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador,
por conta ou ordem do consumidor.

6
Operadora de Plano de Assistência à Saúde

Pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou
comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere
produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo.

Carteira

O conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de
serviços de assistência à saúde em qualquer modalidade de que
tratam o inciso I e o § 1º. deste artigo, com todos os direitos e
obrigações nele contido. O que mudou nas coberturas contratuais
com a Lei 9656/98? Nos Planos Ambulatoriais há a cobertura de
consultas médicas ilimitadas e de serviços de apoio diagnóstico e
tratamento.

O aumento no uso dos serviços médico-assistenciais tem sido uma das preocupações das
operadoras de planos de saúde, pois se estabelecia como parâmetro, conforme a Organização
Mundial de Saúde, quatro consultas por usuário por ano, e atualmente percebe-se que esta
relação aumentou para mais de seis por ano.

O parâmetro das internações hospitalares, que era de 0,9% da população por ano,
atualmente está em torno de 1,2%. Portanto, houve um aumento acentuado do consumo,
facilmente observável nas estatísticas das operadoras.

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O sistema de saúde privado é uma rede complexa integrada pelas operadoras de planos de
saúde, prestadores jurídicos e físicos, clientes e fornecedores de materiais, medicamentos e
equipamentos e o governo que tem a função de fiscalizar as ações deste sistema, as quais

precisam estar em sintonia com as determinações legais

Desta forma, iniciamos esta Unidade com as seguintes provocações:

Qual será o impacto nos custos da operadora com


planos de saúde quando houver um aumento da
faixa etária e da expectativa de vida de seus
beneficiários? E quando o número de aposentados
aumentar?

Segundo a ANAP, 2019:

1 40% a 50% das consultas médicas são desnecessárias.

2 25% a 65% dos exames e procedimentos são desnecessários.

3 55% das emergências hospitalares não são urgentes.

4 70% das doenças são decorrentes do estilo de vida das pessoas.

5 20% a 30% dos exames não são retirados (tempo de conectividade e acesso on
line?).

80% a 90% dos resultados dos exames têm resultados dentro do padrão de
6
normalidade (tempos de prevenção?).

8
7 85% das “campanhas” não causam impacto epidemiológico.

8 Os recursos administrativos, securitários, judiciais e outros que “orbitam” o setor


custam tanto quanto a assistência direta.

Em dezembro de 2020, houve aumento das despesas assistenciais superior ao aumento


dos valores pagos pelos beneficiários relativos às contraprestações, ou mensalidades, em

relação ao mês de novembro. A consequência foi o aumento do índice de sinistralidade,


que ficou ligeiramente superior ao nível histórico do 4º trimestre quando comparado com os
indicadores trimestrais dos últimos anos.

Vivemos uma época de grandes desafios na saúde em todo o mundo. No caso do Brasil, as

mudanças demográficas e epidemiológicas, os custos crescentes da saúde e o aumento da


expectativa de vida vêm mudando todo o comportamento de custos.

Com um modelo de remuneração adequado, é possível alcançar um novo equilíbrio


contratual entre as partes envolvidas, que oferecerá controle de custos baseados na
gestão de saúde e na entrega de valor para o beneficiário, sendo fundamental para a
sustentabilidade do setor.

A importância dos modelos de remuneração baseados em valor no atual contexto da saúde


suplementar e a implementação de novos formatos alternativos ao fee for service - FFS,

modelo de conta aberta - têm extrema relevância quando falamos dos modelos que
consideram na sua composição os resultados em saúde e as formas de gestão organizacional,
sendo processos cujo desafio será engajar a alta direção das instituições e a relação
Operadora-Prestador. Além disso, há o processo de adaptação às mudanças decorrentes da
passagem de um modelo de FFS para um modelo baseado em valor.

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou em 29/08/2019, durante o II Fórum


sobre Qualidade da Atenção, o projeto Modelos de Remuneração Baseados em Valor,
iniciativa esta que selecionou dez projetos-piloto de operadoras de planos de saúde
fundamentados em experiências que levaram em conta os resultados em saúde. Todos os

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selecionados foram acompanhados pela ANS e todas as operadoras com projetos aprovados
receberam no mesmo ano um bônus no resultado do Índice de Desempenho da Saúde
Suplementar (IDSS).

“O foco dos modelos de remuneração baseados em valor


deve ser alcançar bons resultados em saúde para os
pacientes com um custo mais acessível tanto para os
pacientes quanto para os planos de saúde, evitando-se
focar somente a simples redução dos gastos. ”

- Harold D Miller

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.177-44, DE 24 DE AGOSTO DE 2001


Conheça a MP que dispõe sobre os planos privados de assistência à saúde.
Clique no botão ao lado para acessar o conteúdo.

CLIQUE AQUI

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Fee for Service (FFS)

Como discutido anteriormente, o Fee For Service, também conhecido como modelo de conta
aberta, é o modelo hegemônico de remuneração de prestadores de serviços, especialmente
de profissionais de saúde, e é muito utilizado no setor privado brasileiro.

Esse modelo pressupõe a existência de uma tabela com o valor estabelecido para cada
procedimento ou itemutilizado. Nele, a remuneração se dá pelo somatório discriminado de
cada um desses procedimentos ou itens utilizados (materiais, medicamentos, honorários
profissionais, diárias hospitalares e serviços intermediários, tais como exames
complementares).

A operacionalização do FFS requer uma lista de procedimentos diagnósticos e terapêuticos,


que devem ser identificados separadamente. Os valores de remuneração dos itens são
determinados ex-ante, ou seja, é uma modalidade de remuneração na qual o valor do
procedimento é estabelecido previamente para serviços posteriormente prestados.

Desse modo, os pagamentos são realizados após a execução dos serviços.

O FFS é caracterizado essencialmente pelo estímulo à competição por usuários e pela


remuneração por quantidade de serviços produzidos. Uma das principais críticas a este
modelo reside no fato de a demanda ser induzida pela oferta, ou seja, há produção
excessiva de procedimentos pelos prestadores de serviços. Tais procedimentos nem
sempre são necessários para o paciente.

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Desse modo, há estímulo à sobreutilização de serviços, principalmente os que proporcionam
remuneração mais elevada. Consequentemente, a atenção dos pacientes é afetada
negativamente, seja porque pode gerar efeitos adversos, seja por submeter o paciente a
desconfortos evitáveis e indesejáveis, levando ao aumento desnecessário no custo da
assistência à saúde.

O modelo não considera os resul tados em saúde nem a qualidade dos serviços
prestados.

O FFS continua sendo o método de pagamento predominante na Atenção Especializada fora


do Brasil, em conjunto ou não com outros modelos de remuneração, em países como Bélgica,
Áustria, Dinamarca, França, Holanda, México e Suíça, dentre outros (OECD, 2016).

No entanto, alguns países, como a Suécia e o Reino Unido, incorporaram formas mistas, como
Orçamentos Globais e Pagamento por Desempenho (P4P) por meio de bônus.

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Modelos de Remuneração Baseados em
Valor

1. Diárias Globais
Esse modelo é específico para remuneração de internações hospitalares e se constitui de
valores estabelecidos por dia de permanência do paciente a partir da estimativa de seus
custos, correspondente ao número de diárias – ou seja, ao somatório do tempo de
permanência dos pacientes internados no período em questão multiplicado por um valor
unitário atribuído a cada diária.

Comumente a diária hospitalar inclui somente a “hotelaria” do hospital, a depender de o


paciente estar internado em quarto, enfermaria ou UTI.

À diária hospitalar são acrescidos os gastos com materiais, medicamentos, Serviços de Apoio
Diagnóstico e Terapias - SADT - e honorários médicos.

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Diária Global

Trata da preci cação única de um conjunto de serviços hospitalares e engloba a maioria


dos itens relacionados à internação do paciente, seguindo a lógica do pacote, porém, não
inclui procedimentos de centro cirúrgico e normalmente é utilizada para casos clínicos.
Na diária Global, cobra-se o número de diárias de acordo com a permanência do paciente
e a acomodação utilizada, e para os demais itens da internação é realizada a cobrança por
conta aberta.

Diária Semi-Global

Seguindo a mesma metodologia da cobrança da diária global, esta diária inclui, além da
diária, a estadia do paciente, alguns itens como serviços de enfermagem, materiais de
consumo, dieta do paciente e outros itens.

Não inclui as despesas globais do paciente internado em uma determinada acomodação,


apenas algumas taxas e insumos; para os demais itens da internação é realizada a
cobrança por conta aberta. Esse modelo já facilita a padronização de alguns itens e a
preparação para a implantação da diária global.

2. Pagamento por Desempenho (Pay for


Performance - P4P)
O pagamento por desempenho ou Pay For Performance (P4P) tem sido apontado como
alternativo ao Fee For Service - modelo padrão de remuneração de prestadores de serviços -,

embora não constitua, em si mesmo, um modelo de remuneração.

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O P4P caracteriza-se pela remuneração ajustada pelo desempenho dos prestadores de
serviços, entretanto é uma espécie de “guarda-chuva”, que deve estar associado a outro
modelo específico. Desse modo, o P4P ajusta o montante de recursos a ser pago ao prestador
de serviços de saúde segundo o seu desempenho através de algum método já existente, em
geral por orçamento global ou por Capitation e, em alguns casos, por Diagnosis Related
Group (DRG), pelo próprio FFS ou ainda por outras propostas inovadoras.

Para ser considerado um modelo P4P, deve haver a previsão de avaliação do


desempenho do prestador, e é fundamental a mensuração de indicadores de qualidade
da atenção de uma dada população, que podem ser de estrutura, de processo ou de
resultados e, ainda, quantitativos ou qualitativos.

Em alguns países tem sido incorporada também ao P4P a preocupação em relação ao tipo de
tecnologia a ser adotada para a utilização racional e custo-efetiva dos recursos disponíveis. O
P4P tem como objetivo a busca pela redução dos custos globais do sistema de saúde e o
aumento da qualidade na atenção à saúde, bem como da efetividade dos serviços.

Esse modelo vem sendo implementado em vários países europeus, como Reino Unido,
França, Finlândia, Polônia, Portugal e outros, desde o final dos anos 1990, e de forma
crescente nos EUA, principalmente no âmbito das recentes reformas empreendidas no
sistema de saúde americano conhecido como “ObamaCare”.

Alguns exemplos de modulações do P4P:

1 Selecionar e definir objetivos e metas para o modelo, considerando a melhoria da


linha de base.

2 Monitorar indicadores de processo e de resultado.

3 Buscar o maior envolvimento dos atores do setor e incentivar a comunicação


entre as partes durante as fases de desenvolvimento, implementação e avaliação
do novo modelo.

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4 Disponibilizar o maior montante de informações sobre o programa.

5 Estabelecer um modelo uniforme de P4P para todas as fontes pagadoras.

6 Focar a melhoria da qualidade do cuidado em saúde, não a redução dos custos


assistenciais.

Alguns estudos evidenciaram que existe impacto positivo no sistema de pagamento por
desempenho sobre a qualidade da atenção à saúde, entretanto em menor escala do que o
esperado.

Esses resultados podem ser explicados em parte porque o P4P tem sido aplicado
considerando-se indicadores de processo e não de resultados sobre a saúde da
população; já os efeitos do P4P em relação à efetividade clínica e à equidade na atenção
primária e em hospitais de agudos constataram efeitos positivos na equidade e custo-
efetividade, além da ocorrência mínima de consequências não previstas.

3. Capitation
Um dos modelos mais amplamente discutidos é o chamado Capitation, que é de nido como
um modelo de remuneração de médicos ou outros prestadores de serviços de saúde, por
meio do estabelecimento de um valor xo por paciente cadastrado (per capita) para o
fornecimento de serviços de saúde previamente contratados, dada uma população de nida,
em um período de tempo especi cado.

O prestador recebe um montante de recursos periodicamente, geralmente anual, que


equivale ao número de indivíduos a ele adscritos, multiplicado por um valor per capita.

Este valor unitário é frequentemente ajustado por risco, considerando, pelo menos, o sexo e a
idade da população. A remuneração independe da quantidade de serviços prestados, e esse
valor xo é pago antecipadamente.

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Os elementos principais de um sistema de Capitation típico são:

1 O pagamento está vinculado a um grupo de pacientes definido.

2 O cuidado é pré-pago por um valor predeterminado.

3 Há um risco para o prestador de serviço, caso as despesas excedam os


pagamentos.

4. Orçamentação
A orçamentação consiste no estabelecimento de um montante de recursos estimado por
meio de uma programação orçamentária com valores geralmente baseados em
pagamentos anteriores, série histórica, e ajustados por um fator de inflação para um período
de tempo.

O estabelecimento dos valores é feito de forma negociada entre prestador e fonte pagadora.
Desse modo, as transferências de recursos não estão vinculadas à efetiva produção de
serviços.

A orçamentação é uma forma de remuneração prospectiva, na qual o estabelecimento de


saúde estima, anualmente, suas necessidades de gastos e as apresenta ao ente financiador e,
em contrapartida, compromete-se com o cumprimento de metas de desempenho, baseadas
em métricas de eficiência e qualidade da prestação de serviço.

A orçamentação pode ser de dois tipos:

ORÇA M E N T A ÇÃ O G L OB A L ORÇA M E N T A ÇÃ O PA RCI A L

Envolve todos os serviços prestados.

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ORÇA M E N T A ÇÃ O G L OB A L ORÇA M E N T A ÇÃ O PA RCI A L

Inclui apenas parte dos serviços prestados como a orçamentação para


cuidados ambulatoriais, ou cuidados hospitalares, ou produtos
farmacêuticos ou ainda a das unidades de saúde.

A Orçamentação possibilita ao órgão financiador a previsão dos seus gastos, e à unidade de


saúde a previsibilidade de suas receitas. Entretanto, na prática, quando aplicado
isoladamente, sem monitoramento e avaliação da qualidade, esse modelo, por si só, não se
traduz em nenhum incentivo ao bom desempenho do prestador de serviços, nem em termos
quantitativos, nem qualitativos.

5. Diagnosis Related Groups (DRG)


O Diagnosis Related Groups (DRG) não foi concebido originalmente com o objetivo de
compor um modelo de remuneração.

Os DRGs constituem-se em um sistema de classificação de pacientes construído na


perspectiva de instrumentalizar a gestão hospitalar, viabilizando a mensuração e avaliação
do desempenho dos hospitais.

Essa classificação, desenvolvida na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, no final da

década de 60 e ao longo da década de 70, teve o objetivo de definir o produto hospitalar para
fins de monitoramento da utilização de serviços, bem como de avaliação e gerência de
qualidade da atenção hospitalar.

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O sistema tem como foco a definição da produção final do hospital, caracterizada como o
conjunto de bens e serviços prestados aos pacientes para tratar problemas de saúde
específicos.

Este sistema de classificação tem por objetivo subsidiar não só a gestão econômica
(custo das internações), mas também a gestão clínica (perfil clínico dos casos
tratados), constituindo grupos que se pretendem homogêneos do ponto de vista do
custo.

A partir dessa classificação, o prestador de serviços de saúde é remunerado por episódio de


tratamento, e no caso do hospital, por internação, com valores diferenciados segundo o
diagnóstico do paciente. Trata-se de um modelo de remuneração baseado no tipo de caso ou
doença tratada por meio de um valor previamente acordado estabelecido prospectivamente,
independentemente dos custos reais do paciente. Como exemplo, nas internações
hospitalares, o pagamento independe da duração da estadia do paciente no hospital.
Entretanto, o sistema requer classificação de casos, o que é uma tarefa complexa e demorada.

Tendo em vista que o sistema remuneração dos hospitais segundo valores pré-fixados

independe do custo efetivo de cada internação, essa forma de pagamento pode levar a uma
mudança nas prioridades dos prestadores, de forma que os objetivos meramente financeiros
se sobreponham à preocupação com a qualidade da assistência prestada, como por
exemplo:

Redução dos insumos e serviços intermediários



Utilizados em cada internação (necessários ou não),com o intuito de se diminuir o custo das
internações.

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Aumento das reinternações

O que sugere altas precoces, com o intuito de reduzir custos e/ou gerar novas internações a
serem remuneradas.

Atribuição de DRG aos pacientes internados



Que não correspondiam exatamente ao seu perfil, e sim a grupos de mais alta pontuação, o
que configura o fenômeno denominado de DRG creep.

6. Bundles
Este modelo pode levar a cuidados coordenados de melhor qualidade a um menor custo.

Desse modo, é exigido que o prestador assuma os riscos financeiros do custo dos serviços que
envolvem uma determinada condição de saúde ou um tratamento, bem como os custos de
possíveis complicações que poderiam ter sido evitadas.

Requer uma base de dados sobre o histórico do paciente e da população. A modalidade é

denominada “Bundles” porque os pagamentos dos serviços podem ser realizados para
diferentes prestadores e podem ser “agrupados” em um único pagamento, que pode ser
prospectivo ou retrospectivo, e esse valor é rateado entre os prestadores.

Bundled Payments significam, em linhas gerais, o estabelecimento de um valor único para

todos os serviços prestados no cuidado de um caso como infarto agudo do miocárdio, por
exemplo.

20
Para isso, seria alocado um único valor global que incluiria a remuneração de todos os
prestadores envolvidos no cuidado.

Esse modelo pressupõe a existência de uma entidade responsável por gerenciar o


pagamento de todos os prestadores envolvidos como um microssistema constituído.

Por meio da utilização dos “Bundles”, os prestadores de serviços de saúde poderiam eliminar
redundância e aumentar a eficiência, uma vez que há uniformização e padronização de
protocolos.

Por outro lado, os “Bundles” teriam a desvantagem de não necessariamente se aplicarem a


todos os casos clínicos; eles devem ser testados levando-se em consideração o esforço
operacional que exigem, devido à necessidade de controle e coleta de dados para
implementação.

21
Modelos de Remuneração na Prática

Como vimos, são diversos os modelos de remuneração existentes, embora o Fee for Service
ainda seja o mais utilizado. Isso se dá pela necessidade de melhor desenvolvimento e
estruturação dos novos modelos, além da necessidade de mudança nos contratos e nas
regras que o mercado impõe.

Para colocar em prática novos modelos, tem-se um paradigma totalmente diferente, que é o
pagamento baseado em valor.

22
Nesta direção, faz-se uma ampla proposta de redesenho da política de remuneração,
tendo como foco o paciente, além de:

Abordar as necessidades de cuidados de saúde especí cas por uma equipe de


prestadores de serviços que concordaram em trabalhar juntos para fornecer serviços de
alta qualidade, com e ciência e alcançar resultados especí cos e viáveis para essas
necessidades.

Permitir que os pacientes escolham a equipe de prestadores de serviços, usando como


base os padrões de qualidade e os resultados que cada equipe se compromete a atingir, e
com base no valor total que o paciente e sua seguradora pagarão por todos os serviços
que o paciente receberá.

Disponibilizar à equipe de prestadores de serviços recursos adequados e exibilidade


su ciente para que prestem serviços de alta qualidade, alcançando os melhores
resultados possíveis, dada a natureza e a gravidade da necessidade do paciente.

Oferecer pagamento adequado e exível em troca da responsabilidade da equipe de


prestadores de serviços, que deve atingir os padrões de qualidade e alcançar os
resultados esperados para cada paciente.

23
A partir das descrições dos modelos, conclui-se que cada um dos modelos de remuneração
existentes provoca diferentes incentivos e desincentivos.

Dessa forma, a utilização de um mix desses modelos tem sido considerada uma alternativa
na perspectiva da redução de eventuais distorções, tais como o incentivo aos prestadores de
serviços a m de que sejam selecionados pacientes saudáveis, a produção excessiva de
procedimentos desnecessários, altas hospitalares precoces ou muito prolongadas, dentre
outras.

Nessa direção, alguns países têm adotado sistemas de remuneração mistos, ou


complementados pelo ajuste por desempenho dos prestadores, e sistemas diferenciados de
acordo com o nível de atenção do prestador: ambulatorial ou hospitalar, para os quais a
remuneração baseada em valor deve ser bem de nida, uma vez que essa expressão tem sido
utilizada de forma indiscriminada.

O valor em saúde prioriza a melhoria da atenção à saúde e, como consequência, a


sustentabilidade do serviço.

Para o Instituto Coalizão Saúde, valor em saúde é o equilíbrio entre três aspectos da
assistência:

I. Experiência assistencial do paciente.

II. Desfechos clínicos de alta qualidade.

III. Custos adequados em todo o ciclo de cuidado, com vistas à sustentabilidade do


sistema de saúde.

24
Em 2012, em publicação do Center for Healthcare Quality and Payment Reform, foi feita uma
análise do impacto do Fee For Service no sistema de saúde americano, e a similaridade com
os problemas do sistema de saúde suplementar brasileiro são evidentes:

1 Os prestadores de serviços de saúde são remunerados principalmente com base


na quantidade de procedimentos realizados, isto é, no volume de serviços, não
na qualidade desses serviços ou em sua capacidade de melhorar a saúde de um
paciente, ou seja, são pagos por volume e não por valor.

2 A realização de mais procedimentos e maiores gastos podem não levar a


melhores resultados em saúde. Na verdade, ocorre exatamente o oposto. Os
prestadores de serviços de saúde podem ser penalizados financeiramente por
prestarem serviços de melhor qualidade, uma vez que a redução de erros e
complicações pode reduzir os gastos com saúde, mas também pode reduzir as
margens operacionais dos prestadores de serviços e sua capacidade de
permanecerem financeiramente viáveis. Desse modo, a remuneração dos
prestadores de serviços pode cair se o paciente se mantiver saudável.

3 Cada médico, laboratório, hospital e outros profissionais de saúde envolvidos no


cuidado de um paciente são pagos separadamente, podendo resultar na
duplicação de exames e serviços para o mesmo paciente.

Muitos serviços importantes, como procedimentos preventivos ou de


4
coordenação do cuidado, não são remunerados ou são insu cientemente
remunerados.

A atenção primária é mal remunerada, o que contribui para a escassez de


5
médicos nessa área.

25
Conectando os Pontos

Podemos dizer que, apesar das grandes críticas ao modelo de remuneração Fee for Service,
no momento ele é o que mais atende aos serviços de saúde e que, para implementação de
novos modelos - baseados em valor -, são necessárias muitas análises de custo-efetividade,
além de intensa adaptação da forma de se avaliarem os custos assistenciais.

26
Materiais Complementares

Caro(a) aluno(a),

Veja, a seguir, algumas sugestões de materiais que ajudarão a aprofundar seus


conhecimentos sobre Modelos de Remuneração, tema desta unidade.

Guia para Implementação de Modelos de Remuneração baseados em


valor
O conteúdo apresenta a consolidação dos aspectos técnicos relacionados
aos principais modelos de remuneração, além de fornecer uma ampla gama
de proposições e orientações que podem servir como guia para operadoras
e prestadores de serviços que desejam implementar modelos de
remuneração inovadores e alternativos ao tradicional pagamento por
volume.
Clique no botão ao lado para acessar ao conteúdo.

CLIQUE AQUI

Webinar: Projeto Modelos de Remuneração Baseados em Valor - Edital


2.0
Assista ao webinário que abordou os modelos de remuneração baseados
em valor.
Clique no botão ao lado para acessar a gravação.
CL IQUE AQUI

27
Referências

Araújo AAS, Silva JRS. Análise de tendência da sinistralidade e impacto na diminuição do


número de operadoras de saúde suplementar no Brasil. Ciências & Saúde Coletiva. [Internet].
2018. [citado 2023 jun 14]; 23(8):2763-70.Disponível em:
https: //www.scielo.br/j/csc/a/zmVZr3B95wgTph7zcBJMSCc/?lang=pt&format=pdf

Associação Brasileira dos Enfermeiros Auditores, organizadora. Auditoria de Enfermagem.


Associação Brasileira dos Enfermeiros Auditores. Fortaleza; Grá ca LCR, 2020. p.168.

Associação Brasileira dos Enfermeiros Auditores, organizadora. Auditoria e faturamento de


contas hospitalares. Fortaleza; Grá ca LCR, 2019. p. 286.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento


Nacional de Auditoria do SUS – DENASUS. Auditoria do SUS: orientações básicas.
[Internet].Brasília: Ministério da Saúde, 2011. [citado 23 mai 23] Disponível em: https: //
www.gov.br/saude/pt-br/composicao/audsus/sna/publicacoes/auditoria-do-sus-
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Sistema Único de Saúde (SUS):princípios e


conquistas.[Internet]. Brasília; 2000. [citado 2023 jun 14]. Disponível em:
https: //pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lis-17038

Buzzatti CV, Chianca TC. Auditoria em enfermagem: erros e custos envolvidos nas
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28
Fernandes IA. Análise comparativa da auditoria aplicada pela enfermagem. Revista Gestão &
Saúde. [Internet] 2013. [citado 2023 jun 14]; 8(1):13-24.Disponível em:
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Maia CA. Gestão dos riscos em planos de Saúde. Revista Federação Nacional dos Planos de
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https: //pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-612318

29
Glauce Roseane de Almeida Brito​
Lattes

Caroline Pimenta

Bacharel em administração de empresas pela Faculdade Paulista.


Analista de custo pleno do hospital Israelita Albert Einstein, pós
graduação em contabilidade, controladoria e finanças pela faculdade
FI
FIPECAFI.

e
ALBERT EINSTEIN
INSTITUTO ISRAELITA DE
ENSINO E PESQUISA
CENTRO DE EDUCA<;AO EM SAUDE
ABRAM SZAJMAN

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