0600438-11.2020.6.21.0057 Sentença Desaprovação
0600438-11.2020.6.21.0057 Sentença Desaprovação
0600438-11.2020.6.21.0057 Sentença Desaprovação
03/11/2024
Número: 0600438-11.2020.6.21.0057
Classe: RECURSO ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Relatoria Jurista 1
Última distribuição : 07/03/2022
Processo referência: 0600438-11.2020.6.21.0057
Assuntos: Prestação de Contas - De Candidato, Cargo - Vereador, Contas - Desaprovação/Rejeição
das Contas
Segredo de Justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
ANDERSON SENNA DE CASTRO (RECORRENTE)
CLAUDIA MARIA QUINTANA CASTRO (ADVOGADO)
ELEICAO 2020 ANDERSON SENNA DE CASTRO
VEREADOR (RECORRENTE)
CLAUDIA MARIA QUINTANA CASTRO (ADVOGADO)
Outros participantes
Procurador Regional Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
44937377 03/02/2022 Sentença Sentença
11:22
JUSTIÇA ELEITORAL
057ª ZONA ELEITORAL DE URUGUAIANA RS
SENTENÇA
I – RELATÓRIO
Trata-se de prestação de contas de campanha do candidato não eleito para o cargo de Vereador Anderson
Senna de Castro referente às eleições municipais de 2020.
Publicado o edital (ID 88023341), decorreu o prazo legal sem impugnação (ID 96844956).
Expediu-se relatório preliminar (ID 96876638) relacionando várias falhas e solicitando a apresentação de
documentação comprobatória.
Devidamente intimado (ID 97044999), o prestador quedou-se inerte e o prazo decorreu sem manifestações
(ID 98637596).
Concluída a análise técnica, emitiu-se parecer conclusivo (ID 101051177) elencando várias impropriedades
e irregularidades e recomendando a desaprovação das contas.
A prestação de contas à Justiça Eleitoral decorre de imperativo constitucional, art. 17, III da Constituição
Federal, o qual impõe aos partidos políticos a observância de vários preceitos, dentre os quais, a prestação
de contas à Justiça Eleitoral.
Nesse sentido, a Resolução TSE nº 23.607/19, que dispõe sobre a arrecadação e os gastos de recursos por
partidos políticos e candidatos e sobre a prestação de contas nas eleições 2020, em seus artigos 45 e 46,
determina que devem prestar contas todos os candidatos e órgãos partidários vigentes após a data prevista
para o início das convenções partidárias e até a data da eleição em segundo turno, se houver.
Analisando os documentos acostados aos autos, considero que as falhas apontadas, com exceção da
existência de dívidas de campanha, não se revestem de gravidade suficiente para amparar a rejeição das
presentes contas. Muito embora haja omissões por parte do prestador, a juntada dos extratos eletrônicos do
Sistema Odin e da nota fiscal relativa à doação estimável do PSDB-RS supre quaisquer dúvidas a respeito
da movimentação financeira efetivada, bem como da ausência de movimentação de recursos públicos.
Por outro lado, a existência de dívidas de campanha sem comprovação de quaisquer providências para o
adimplemento da mesma ou para sua assunção pelo órgão partidário compromete a totalidade das contas,
posto que resta comprometida a fiscalização da origem dos recursos que serão utilizados para o seu
adimplemento.
Ocorre que tanto o valor absoluto da dívida (R$ 1.226,00) quanto o valor percentual que ela representa
(89,42 % das despesas totais de campanha ou, simplesmente 100% das despesas financeiras) desautorizam a
aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, ensejando a desaprovação das presentes
contas. Neste sentido, colaciono recente jurisprudência do TRE-PA:
(TRE-PA - RE: 060058768 BAIÃO - PA, Relator: JUIZ EDMAR SILVA PEREIRA, Data de Julgamento:
29/07/2021, Data de Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 151, Data 09/08/2021, Página
15)
Trata-se, portanto, de irregularidade grave que compromete a lisura das contas e a fiscalização pela Justiça
Eleitoral, motivo pelo qual a desaprovação das contas, na forma dos art. 74, inciso III, da Resolução TSE
23.607/19, é medida que se impõe.
Saliento, outrossim, que o julgamento das contas apresentadas está adstrito às informações declaradas pelo
prestador de contas e à movimentação financeira apurada nos extratos bancários vinculados à campanha
eleitoral, não afastando a possibilidade de apuração por outros órgãos quanto à prática de eventuais ilícitos
antecedentes e/ou vinculados, verificados no curso de investigações em andamento ou futuras, conforme
previsto no artigo 75 da Resolução TSE 23.607/19.
III – DISPOSITIVO
Isso posto, e com base no art. 74, III da Resolução TSE 23.607/19, julgo DESAPROVADAS as contas de
ANDERSON SENNA DE CASTRO relativas às eleições de 2020.
Registre-se.
Publique-se.
Intime-se, inclusive o Ministério Público Eleitoral.